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Maiakovisky - Niemöller - Brecht & Claudio Humberto

Vladimir Maiakovski

Vladimir Maiakóvski é o maior poeta russo moderno, aquele que mais completamente
expressou, nas décadas em torno da Revolução de Outubro, os novos e contraditórios
conteúdos do tempo e as novas formas que estes demandavam.

Maiakóvski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente, dos primeiros poemas,
nitidamente de pesquisa, aos últimos, de largo hausto, mas sempre marcados pela invenção.
"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária", era o seu lema, e nesse sentido
Maiakóvski é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar
do espírito criativo.

DESPERTAR É PRECISO

Na primeira noite eles aproximam-se

e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem;

pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Depois de Maiakovski . . .

Berthold Brecht

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto


de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus
trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo,
tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o Berliner
Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.

Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações
da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. Sua praxis é uma síntese dos
experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de
estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental
da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Seu trabalho como artista concentrou-se na
crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.

A Indiferença

Primeiro levaram os comunistas,

Mas eu não me importei

Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,

Mas a mim não me afetou

Porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,

Mas eu não me incomodei

Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez

De alguns padres, mas como

Nunca fui religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim

E quando percebi,

Já era tarde.

Bertolt Brecht

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso


Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Martin Niemoller

Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas,

Mas, como eu não era comunista, eu me calei.

Depois, vieram buscar os judeus,

Mas, como eu não era judeu, eu não protestei.

Então, vieram buscar os sindicalistas,

Mas, como eu não era sindicalista, eu me calei.

Então, eles vieram buscar os católicos e,

Como eu era protestante, eu me calei.

Então, quando vieram me buscar...

Já não restava ninguém para protestar.

Martin Niemoller

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.

Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.


No quarto dia, vieram e me levaram;

já não havia mais ninguém para reclamar.

Martin Niemöller – pastor luterano alemão

Cláudio Humberto

Parodiando o pastor protestante Martin Niemöller, símbolo da resistência nazista:

"Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,

Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;

Depois fecharam ruas, onde não moro;

Fecharam então o portão da favela, que não habito;

Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

"Claudio Humberto, 09 FEV 2007

Tudo que os outros disseram foi depois de ler Maiakovisky. Incrível é que após mais de cem
anos dessa lição, ainda nos encontremos tão desamparados, inermes, e submetidos aos
caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as
instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há
muito se tornou inútil.

Rui Barbosa

- De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ.
Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Postado por Ir.'. Humberto Siqueira Cardeal às 03:15

2 comentários:

Ariane21 de abril de 2017 13:58

Este comentário foi removido pelo autor.


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Ariane21 de abril de 2017 14:07

Olá, Humberto ou outro administrador do blog!

Fiquei intrigada com o mote da mensagem.

Foi citado um poema "Despertar é preciso" como sendo de autoria do poeta russo Maiakovski.
Você poderia citar a fonte, já que esse trecho faz parte de um poema do autor brasileiro
Eduardo Alves da Costa, intitulado "No caminho com Maiakóvski" (1968)?

Pois é sabido que, em 1970, a autoria desse poema foi atribuída, erroneamente, ao poeta
russo, colocando o poeta brasileiro como tradutor.

Cite a fonte e eu lhe agradecerei. Senão, fica o alerta para o cuidado necessário que todos
devemos ter com a veiculação de textos, principalmente de poemas e frases, que são mais
suscetíveis à atribuição de falsas autorias.

Um exemplo, são os textos que circulam na Internet como sendo de C. Lispector, M. Quintana,
V. de Moraes, P. Neruda, somente para citar alguns.

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