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Poema com (muito) Manjericão

então no domingo de manhã


depois de preparar o desjejum
lavar a louça suja tirar a mesa
da chuva & varrer a poeira da sala

fui arrumar as roupas acumuladas


bagunçadas espalhadas pelo quarto
& dentre tantas camisetas cuecas
pequeninas meias sem seus pares
encontrei uma blusinha sua
nela senti seu cheiro &
toda a saudade que eu (em vão)
tentava não sentir de uma vez
desabou sobre mim

então eu pensei que o olfato


— assim como a música —
são as formas mais práticas &
acessíveis de se deslocar pelo
continuum do espaço/tempo

pois eu quero dormir dentro do


teu peito numa noite de chuva cheia
sentindo as gotas batendo nas telhas
escorrendo pelas madeiras
meu coração pingando na tua alma

pois cada mínimo detalhe do teu corpo


— cílio escápula cicatriz —
é um pequeno pedaço de paraíso
perdido esperando para ser descoberto
sob o sol quente o vento gélido
deste delicioso outono melancólico
pois tentando te sentir teu pensamento
maravilhado (& com medo)
— nabokov m’entenderia —
te vejo lava líquida
rosa hibisco
manjericão

bagadefente_29.3.XV

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