Os atuais questionamentos sobre o tamanho do Estado brasileiro estão
chegando ao Judiciário, ao Ministério Público e a outras estruturas. Tais discussões são, sempre, salutares, se feitas em ambiente democrático, sem açodamento e tendo por diretriz os sentimentos de justiça e eficiência, que devem permear qualquer debate público. Todo e qualquer gasto público está previsto em Orçamento, o qual é aprovado pelos Poderes Executivo e Legislativo. Os gastos do Judiciário e demais instituições que lhe são correlatas estão previstos na Lei Orçamentária. Daí a fundamental importância da atuação dos parlamentares – deputados estaduais e federais e senadores –, os quais, salvo raríssimas exceções, quanto a este assunto, se mostram apáticos e omissos. O custo do Judiciário brasileiro, segundo pesquisa feita por LUCIANO DA ROS (http://observatory-elites.org/wp-content/uploads/2012/06/newsletter- Observatorio-v.-2-n.-9.pdf - acessado às 11h41, no dia 04.09.2020), em 2013, era o equivalente a 1,30% do PIB. Senão a estrutura administrativa mais cara do mundo, uma das mais caras, certamente. Confira-se, pelo gráfico abaixo, o custo comparado com outros países:
Se se atualizar as informações para o ano de 2019, muito provavelmente, a
proporção do gasto do Judiciário, em relação ao PIB, deve ser parecida com 2013, senão maior. Não iremos, neste escrito, nos alongar sobre outros dados estatísticos, tais como os números de magistrados, de funcionários e de processos, para cada 100.000 habitantes. Porém, as informações demonstram a dimensão dessa questão. O CUSTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO No estudo já citado, LUCIANO DA ROS também analisou os gastos do Ministério Público, os quais, também, estão entre os maiores do mundo, proporcionalmente ao PIB, conforme se constata pelo gráfico abaixo:
Mostrando tais números, não se pretende minimizar, ou desvalorizar, a
importância que as instituições do Sistema Judiciário têm. Elas são de fundamental importância em uma sociedade democrática. No entanto, a relação custo/benefício, tendo em vista tratar-se de dinheiro público, precisa ser amplamente analisada e debatida, à luz dos princípios da racionalidade, da eficiência e da justiça. E, nesta discussão, cabe, também, por em xeque a atuação dos deputados estaduais, federais e senadores, bem como demais entidades representativas dos diversos segmentos sociais, destacando-se, dentre estas a OAB, os quais deixam muito a desejar. O que se espera é que o parlamentares e demais organizações se debrucem sobre este assunto e tratem-no à luz dos melhores princípios republicanos. À evidência, as partes envolvidas, qual seja, todos os órgãos do Sistema Jurídica Brasileiro, devem ser ouvidas. Não se pode chegar às melhores soluções sem um amplo debate.
Enfim, as estruturas estatais têm o tamanho, a eficiência, e a importância que
nós, sociedade, lhes damos, através das nossas ações, ou omissões. O preço a ser pago para manteros gastos públicos sob controle é a ETERNA VIGILÂNCIA, por parte da sociedade. Como disse o REI SOL – LUÍS XIV –, “estou indo embora, mas o Estado sempre permanecerá.”
*Advogado, ex-Presidente da OAB, Subseção de Cascavel, nas gestões 1991/1993 e 1998/2000.