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Brasil.
2005
I
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
Brasil.
Rio de Janeiro
Agosto 2005
II
A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de altitude
Aprovada por:
Rio de Janeiro
2005
III
“ Ninguém deve surpreender-se com o fato de permanecerem obscuros
tantos pontos relacionados com a origem das espécies e variedades,
desde que se dê o devido desconto a nossa profunda ignorância quando
às inter-relações existentes entre todos os seres vivos que nos circundam.
Quem poderia explicar porque determinada espécie tem habitat amplo e
é muito numerosa, enquanto que outra espécie afim é mais rara e vive em
habitat restrito? Entretanto, tais relações são da mais alta importância,
pois determinam nossa situação atual e, conforme acredito, as futuras
modificações e adaptações positivas de todos os habitantes deste mundo.
(...)”
IV
Dedico essa Dissertação de Mestrado aos meu pais, Wanderson e Rita,
pelo incentivo, pelo apoio, por valorizar meu sonho e, sobre tudo, por
seu amor incondicional.
V
Agradecimentos
VI
de avaliação desta dissertação.
Ao Dr. Paulo José Guimarães pela revisão das identificações de espécies do gênero
Tibouchina.
Aos professores da Escola Nacional de Botânica, que me ensinaram a importância da
pesquisa.
Ao professor, orientador e amigo, José Fernando Baumgratz, pelo cuidado tanto com o
trabalho, como pela minha formação profissional e pelo modo paternal com o qual me mostrou o
“Mundo Maravilhoso” das Melastomataceae.
Ao Elisson, pelas discussões, companheirismo, atenção, carinho, paciência, por fazer com
que tudo ficasse mais fácil ao seu lado e por me fazer tão feliz.
A Deus, por estar aqui.
VII
Resumo
VIII
Abstract
The taxonomic study of Melastomataceae family in “campos rupestres” and “cerrados de altitude”
of Parque Estadual do Ibitipoca is presented. This area is located on Lima Duarte district, Minas
Gerais State, between 800-1.784mts. high and ranging 1.488 ha. The main objectives are the
knowledge of the taxonomic diversity and floristic aspects of this family in the landscape of these
altitude vegetation. It is observed that Melastomataceae constitutes one of the more diversified
group in the area and it´s represented by 10 genus and 28 species: Chaetostoma DC., Marcetia DC.
e Siphanthera Pohl (monospecifics); Cambessedesia DC., Lavoisiera DC., Microlicia D.Don e
Trembleya DC. (2 spp. each); Miconia Ruiz e Pav. (5 spp.); Leandra Raddi e Tibouchina Aubl. (6
spp.). The main morphological characteristics for the identification of these taxa are the size and
color of the leaves, the indument types, the color of the petals, the color and shape of the stamens
and the fruit types and seeds shapes. An analytical key is presented, followed by morphological
descriptions and illustrations, besides on geographical distribution data, comments and analysis of
the geographical distribution patterns. The species occur in three vegetation types recognized in the
area: “campos rupestres sensu stricto”, “campos rupestres arbustivos” and “cerrados de altitude”,
but the family is not exclusive of any one of them. Otherwise, some species are endemic of “campos
rupestres” or restricted to “campos rupestres” and “cerrados de altitude”. The “campo rupestre
arbustivo” includes the largest number of species (27), being 8 exclusive; “cerrado de altitude”, 17
species, and “campo rupestre senso stricto”, 7 species, where Leandra eichleri Cogn. is the only
exclusive species. Four distibution patterns are recognized: species widely distributed in Neotropic,
occuring in different vegetation types (14 species); disjuction between “campos rupestres/cerrados”
and “campos de altitude” (6 species); restricted to “campos rupestres” and “cerrados” (7 species);
and endemic of “campos rupestres” (5 species). Siphanthera arenaria Cogn. and Tibouchina
vauthieri Cogn. are the only species endemics of Minas Gerais State.
IX
Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Revisão de Literatura .................................................................................................................... 5
O Parque Estadual do Ibitipoca ................................................................................................ 10
Metodologia ................................................................................................................................ 13
Resultados e Discussão ............................................................................................................... 16
As Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca ......
.............................................................................................................................. 16
Tratamento Taxonômico ................................................................................................. 32
A Família Melastomataceae ................................................................................ 32
Chave de Identificação para as espécies de Melastomataceae ............................ 33
Cambessedesia .................................................................................................... 40
Cambessedesia espora ............................................................................. 40
Cambessedesia hilariana ......................................................................... 42
Chaetostoma ........................................................................................................ 44
Chaetostoma pungens .............................................................................. 44
Lavoisiera ............................................................................................................ 49
Lavoisiera compta ................................................................................... 49
Lavoisiera sp. ........................................................................................... 50
Leandra ............................................................................................................... 54
Leandra aurea ......................................................................................... 54
Leandra eichleri ...................................................................................... 57
Leandra erostrata ................................................................................... 59
Leandra foveolata .................................................................................... 61
Leandra pennipilis ................................................................................... 63
Leandra salicina ...................................................................................... 65
Marcetia .............................................................................................................. 73
Marcetia taxifolia .................................................................................... 73
Miconia ................................................................................................................ 76
Miconia chartacea ................................................................................... 76
Miconia corallina .................................................................................... 78
X
Miconia sellowiana .................................................................................. 80
Miconia theazans ..................................................................................... 82
Miconia sp ............................................................................................... 83
Microlicia ............................................................................................................ 91
Microlicia fulva ....................................................................................... 91
Microlicia isophylla ................................................................................. 93
Siphanthera ......................................................................................................... 95
Siphanthera arenaria ............................................................................... 95
Tibouchina ......................................................................................................... 100
Tibouchina collina ................................................................................. 100
Tibouchina frigidula .............................................................................. 103
Tibouchina heteromalla ......................................................................... 105
Tibouchina hieracioides ........................................................................ 107
Tibouchina martiusiana ......................................................................... 109
Tibouchina semidecandra ...................................................................... 111
Trembleya .......................................................................................................... 116
Trembleya parviflora ............................................................................. 116
Trembleya phlogiformis ......................................................................... 118
Padrões de Distribuição Geográfica .............................................................................. 121
Considerações Finais e Perspectivas ......................................................................................... 129
Lista de coleções ....................................................................................................................... 132
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 135
XI
Lista de Figuras
XII
Figura 24: Tibouchina semidecandra; Tibouchina frigidula; Tibouchina heteromalla;
Tibouchina hieracioides; Tibouchina vauthieri; Trembleya parviflora
...................................115
Figura 25: Ilustração: Trembleya parviflora; Trembleya phogiformis ...................................... 120
Figura 26: Mapa de Distribuição geográfica das espécies ......................................................... 126
XIII
I- Introdução
espécies no Brasil, tropicais e/ou subtropicais, distribuídas em 67 gêneros, sendo Leandra Raddi,
Miconia Ruiz & Pav. e Tibouchina Baill, os gêneros mais representativos na flora brasileira
diferentes ecossistemas brasileiros têm sido assinaladas em recentes estudos. Em áreas florestais
remanescentes, como no bioma Mata Atlântica, podem ser encontrados, ainda, importantes
grau de conservação das espécies (BAUMGRATZ & SOUZA 1995, BAUMGRATZ 1997,
GIULIETTI et al. 1987, LIMA & GUEDES-BRUNI 1994, LIMA & GUEDES-BRUNI 1997 e
têm sido identificandas como um tipo distinto de ecossistema ou fitocória (PRANCE 1994a, b).
Nesse contexto, destacam-se os campos rupestres, que se distinguem pela vegetação campestre,
XIV
constituída principalmente de gramíneas, ervas e subarbustos, associada a solos rasos, rochas
PRANCE (1982, 1989, 1994a, b) tem proposto uma divisão da América do Sul em
montanhas isoladas. Nessa categoria, distingue a fitocória Arquipélago Campo Rupestre, com
destacar o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA e MG), o Parque Nacional do Caraça
(MG), o Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG),
o Parque Nacional do Caparaó (MG e ES) e o Parque Estadual do Ibitipoca (MG). Alcançam seu
nível máximo de diversidade nas partes elevadas da Cadeia do Espinhaço. Contudo, não existe
Melastomataceae já tem sido assinalada como uma das mais importantes, tanto em número de
espécies como em caracterizações fitofisionômicas (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE
1988; HARLEY & SIMMONS 1986; HARLEY 1995; ROMERO & MARTINS 2002;
ROMERO & NAKAJIMA 1999). Podem ser observaros, também, diferentes estádios de
XV
Nesse contexto, são poucos os estudos sobre a família Melastomataceae na flora do estado
de Minas Gerais e, de modo geral, os resultados têm sido apresentados sob a forma de listas de
espécies (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY & SIMMONS 1986;
RODELA 1999; ROMERO & NAKAJIMA 1999) e raros no âmbito de estudos florístico-
sendo alguns táxons endêmicos de formações de campos rupestres (CAMPOS & SALIMENA
herbários.
determinada região onde, pois encontradas zonas de transição e variações dentro de uma mesma
formação vegetacional. Essas áreas transicionais podem ser observadas no Parque Estadual do
Ibitipoca, como também destaca RODELA (1999), que estudou o domínio Campo Rupestre,
altitude.
campos rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, onde trabalho nenhum
dessa natureza foi até o momento, desenvolvido. Nessa proposta, objetivou-se enfocar a
apresentando também uma chave analítica para identificação das espécies, bem como descrições
XVI
Essa família, além de ser muito numerosa, apresenta ainda diversos problemas relativos a
floras locais através da análise e descrições detalhadas dos táxons, incluindo exemplares tipo, e
elaboração de chaves analíticas para identificação, tem auxiliado na resolução dos problemas
região campestre, destaca sua importância na composição florística local e como divulga dados
inéditos sobre a flora do estado de Minas Gerais. Contribui também para uma avaliação do
brasileiro.
XVII
II- Revisão de Literatura sobre Estudos em Campos Rupestres
brasileira tiveram, normalmente, passagem obrigatória por Minas Gerais, revelando grande
admiração pela riqueza da flora da Cadeia do Espinhaço e suas disjunções, como Spix &
Martius, em 1823, Saint-Hilaire, em 1833 e Gardner, em 1846. Os estudos nesta área foram
reiniciados nos primórdios de 1900 e prosseguem até os dias atuais, podendo-se destacar o de
De acordo com GUEDES & ORGE (1998), o campo rupestre é uma vegetação aberta,
incluída geralmente no domínio cerrado, que ocorre em elevações acima de 1.000 m, nos estados
de Goiás, Bahia e Minas Gerais. Diferem do cerrado por ocorrerem em solos com afloramentos
rochosos quartizíticos, estarem em elevadas altitudes e possuírem uma flora com subarbustos.
controverso “campos alpinos”, que vinha sendo utilizado por diversos autores. Os campos
são encontrados endemismos específicos que refletem condições ecológicas diferentes daquelas
XVIII
De acordo com GIULIETTI et al. (1987), a vegetação dos campos rupestres é formada em
parte por espécies autóctones, selecionadas pelas condições do clima e especialmente dos solos
amplamente distribuídas. O maior ciclo de especiação das montanhas está relacionado com
condições edáficas, pois se sabe que rochas e areias expostas nos altos das montanhas estão entre
rupestres, são comparáveis a ilhas separadas pelas condições ecológicas muito diferentes que
existem nas terras baixas, atuando como barreiras para migração. Disto resulta um sistema ideal
e de grande interesse do ponto de vista biológico, no que concerne ao estudo da fauna e da flora
ambientes.
De acordo com esse autor, tais cadeias montanhosas atuam como moderadores das
adversos sob forma de uma ampla gama de habitats. Além disso, fornecem um gradiente
fisiográfico que permite a fragmentação e posterior fusão das populações causadas pelas
XIX
O complexo mosaico de tipos de vegetação que caracteriza a região dos campos rupestres
(GIULIETTI & PIRANI 1988; HARLEY & SIMMONS 1986) é resultado de variações na
ventos, além de altos níveis de insolação em certos locais, podem ser substituídos por condições
mais amenas em locais protegidos e, em algumas áreas, o impacto da estação seca pode ser
encontro da vegetação típica dos afloramentos rochosos dos campos rupestres com outros tipos
1994).
Ibitipoca jà havia chamado a atenção do naturalista Saint-Hilare que em 1822 percorreu a região
coletando inúmeras plantas, na grande maioria novas espécies para a Ciência. Os estudos
botânicos recentes na Serra do Ibitipoca foram iniciados por Leopoldo Krieger, professor do
(cerrados).
constituída pela ocorrência tanto de espécies da floresta estacional semidecídua, quanto dos
cerrados, além de uma expressiva vegetação endêmica de campos rupestres, que a qualifica
como área singular. Trata-se de uma localidade onde se diferenciam ou se misturam os cerrados
XX
e as florestas, em um mosaico complexo, com componentes das áreas periféricas entre as duas
Com base no trabalho de ARAÚJO (2003), observa-se que é evidente essa distribuição
dos gêneros Leandra, Miconia e Tibouchina, grupos com espécies geralmente de ampla
distribuição mais restrita. Nestes ambientes, também foram encontradas espécies de Leandra,
Miconia e Tibouchina, porém, menos representativas. ARAÚJO (l. c.), ainda menciona que, para
vegetação.
Espinhaço e serras adjacentes, tais como Microlicia, Marcetia e Tibouchina, sendo que os dois
mineiros, como exemplificado por PEDRALLI (1997), onde a família representa 8,22% das
Preto, no domínio de floresta estacional semidecidual submontana. De acordo com este autor,
este dado é condizente com o de outros estudos feitos para várias regiões de florestas em Minas
Gerais, como no Parque Nacional da Grota Funda, em Atibaia, na Estação Ecológica do Panga,
Esta família está representada no Parque Nacional da Serra da Canastra, MG, com 95
espécies, distribuídas em 17 gêneros, sendo que destas, nove são espécies novas para Ciência
XXI
(ROMERO 2000). Na Serra do Cipó essa família corresponde a terceira maior em número de
espécies, com 12 espécies distribuídas em seis gêneros (PIRANI et al., 1994). No levantamento
realizado no Morro do Pai Inácio e Serra da Chapadinha, Chapada Diamantina, BA, encontrram,
SIMMONS (1986) mencionam, para Flórula do Mucugê, que Melastomataceae é uma das mais
espécies. Na Flora do Pico das Almas (STANNARD, 1995) foram levantados 11 gêneros de
XXII
II.1- O Parque Estadual do Ibitipoca
Minas Gerais, abrangendo áreas dos municípios de Lima Duarte e de Santa Rita do Ibitipoca,
aproximadamente entre as coordenadas 21º 40’-44’ S e 43º 52’-55’ W, com 1.488 ha. (figura 1).
(SALIMENA 1996).
A Serra do Ibitipoca forma uma área montanhosa isolada das demais áreas de campo
rupestre, apresentando uma flora diferenciada da Cadeia do Espinhaço propriamente dita, sendo
considerada uma disjunção em relação a esta Cadeia (GIULIETTI & PIRANI 1988).
cujo relevo é caracterizado por escarpas altas ou colinas, com altitudes variando entre 1.200 e
1.800 m (CETEC 1983), e considerada uma parte isolada desta serra na região mineira. A
XXIII
Geologicamente, a Serra do Ibitipoca é formada por litotipos pertencentes ao Ciclo
Segundo MACIEL & ROCHA (2000), os solos da área do Parque pertencem às classes
além de afloramentos de rocha. DIAS (2003), resalva que a vegetação de complexo rupestre de
altitude apresenta maior porte em locais com condições pedoclimáticas mais favoráveis e solos
mais desenvolvidos.
Segundo RODELA (1999), dados meteorológicos detalhados ainda não foram obtidos para
a região do Parque, podendo ser caracterizada pelo clima Cwb segundo a classificação de
Köppen, ou seja, mesotérmico úmido com invernos secos e verões amenos. Dados
período de 1942 a 1993, indicam uma precipitação anual média igual a 1.532 mm (desvio padrão
= 351 mm).
A área apresenta expressiva diversidade não só da vegetação, como da fauna, das formas
de relevo, dos solos e dos microclimas (RODELA 1999). Em relação a vegetação, FONTES
(1997) distingue cinco tipos básicos - cerrado de altitude, campos rupestres, mata ciliar, capão de
mata e uma área de mata ombrófila, conhecida localmente como “mata-grande”. De acordo com
URURAHY & al. (1993), o Parque encontra-se inserido entre dois domínios regionais de
Atualmente, grande parte do entorno da região onde se situa o Parque é constituída por pastagens
XXIV
Estudos sobre a flora do Parque Estadual do Ibitipoca têm demonstrado sua riqueza e
diferentes famílias. Esses trabalhos, em colaboração com o IEF-MG, tem auxiliado à elaboração
de uma proposta de manejo sustentável para a Unidade de Conservação, uma vez que algumas
áreas já têm sofrido impacto de natureza antrópica (ARAÚJO 2003; CAMPOS & SALIMENA
XXV
Figura 1: Localização do Parque Estadual do Ibitipoca no estado de Minas Gerais.
Fonte: DIAS et al. 2002.
III- Metodologia
XXVI
Fonte: Dias et al. 2002.
Na elaboração desta dissertação utilizaram-se os procedimentos usuais para estudos
Tais trabalhos foram obtidos a partir de consultas em diversas bibliotecas nacionais, bem como,
via web, principalmente em portais como Periódicos CAPES, Google, Scielo e NCBI.
(SPF), Herbarium Bradeanum (HB) e Herbário da Universidade Federal de Viçosa (VIC), foram
Foram realizadas coletas bimestrais durante o período de doze meses, percorrendo todas as
complementou as coleções já representadas nos herbário CESJ e RB, obtidas desde a década de
pertinentes aos estudos taxonômicos. Amostras, tanto de partes vegetativas quanto florais e
frutíferas, foram fixadas em etanol a 70%, para posteriores estudos morfológicos e ilustrações.
XXVII
Anotaram-se dados relativos aos ambientes onde ocorrem as espécies, aspectos
fisionômicos das populações, época de floração e frutificação, coloração das partes vegetativas e
coleções botânicas examinadas. Adotaram-se os conceitos de RADFORD & al. (1974) para as
morfológica.
obtidas pelo maior eixo apresentado por cada amostra, incluindo, quando presente, o apículo.
Quando houver somente uma medida mencionada nas descrições, esta estará se referindo ao
comprimento da estrutura.
individualizam da nervura acródroma central acima da base foram obtidas do par mais interno de
XXVIII
Após a descrição morfológica de cada espécie, é listado o material examinado, ordenado
como se segue: município; localidade e ambiente em que o espécime foi encontrado no Parque;
exemplar no respectivo herbário); data de coleta; dados fenológicos, sendo as abreviações fl.
Uma chave para identificação das espécies foi elaborada, utilizando-se tanto caracteres
vegetativos quanto florais e frutíferos. Os táxons estão dispostos em ordem alfabética no texto.
A análise da distribuição geográfica dos táxons foi feita com base na literatura e em dados
trabalho de RODELA (1999) e em FONTES (1997), com modificações, e também com base em
Para todas as espécies são apresentadas ilustrações de hábito, detalhes dos ramos, folhas,
estruturas florais e de frutos e sementes, cujos desenhos originais foram feitos com auxílio de
Ibitipoca
claramente quais os tipos de vegetação ocorrentes no Brasil e seus limites. Tal esforço não é
XXIX
recente, sendo que as primeiras tentativas concretas de classificação da vegetação brasileira
ocorreram a partir do século XIX. Os atuais recursos tecnológicos de sensoriamento remoto têm
devido ao fato da transição entre tipos de vegetação ser freqüentemente de modo gradual e não
abrupto e poder ocorrer extensa variação dentro de um mesmo tipo vegetacional, há ainda
adequado, sem um número excessivo de categorias, mas que ao mesmo tempo corresponda à
em áreas amostrais mais restritas, como, por exemplo, o Parque Estadual do Ibitipoca, onde são
1999). Com base nesta autora que utilizou dados edáficos, de umidade, de microclima e de
de fisionomia campestre entremeadas entre si e situadas entre 800 e 1784 m de altitude (figura 2)
– o campo rupestre sensu stricto (CR), o campo rupestre arbustivo (CA) e o cerrado de altitude
(Ce).
com solos rasos e/ou sobre afloramentos de rochas, quanto em matas ciliares e interior de matas
XXX
No domínio de campo rupestre, incluindo o campo rupestre propriamente dito e cerrado de
florístico, estando entre as cinco famílias com maior riqueza de espécies e com expressiva
densidade de indivíduos (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY 1995;
HARLEY & SIMMONS 1986; RODELA 1999; ROMERO & MARTINS 2002). As espécies
variam de ervas a subarbustos até arvoretas, estando distribuídas por todas as fitofisionomias,
nervuras secundárias transversais e pelas flores geralmente vistosas, com corola simetricamente
dessa família, com hábito herbáceo a subarbustivo, não se destaca na paisagem por esses
atributos vegetativos, uma vez que possuem folhas com dimensões muito reduzidas,
geralmente lineares e apiculadas, adpressas aos ramos delgados e uninérveas, não só encontram-
ou Lythraceae.
cespitoso, ramos e entrenós curtos, delgados e decorticantes, folhas pequenas, espessas, pilosas e
XXXI
adensadas no ápice dos ramos, e flores relativamente grandes, geralmente isoladas, terminais,
vistosas e atrativas, ou pequenas e alvas, podendo liberar leve odor adocicado e comumente
Por apresentarem flores com um colorido peculiar, variando de alvas a amarelas e roséas à
púrpuras, estas plantas destacam-se na paisagem, contrastando com o tom cinza das rochas
frutificação, podem ser distinguidas pela cor dos frutos, sendo os carnosos de vinosos a
MANHÃES (2003) e Pedro Henrique Nobre (com. pess. Universidade Federal de Juiz de Fora),
os frutos carnosos de algumas Melastomataceae, como por exemplo, de Leandra aurea, Miconia
provavelmente como dispersores. Também de acordo com MANHÃES (2003), algumas espécies
Parque, não sendo, portanto, exclusivas de nenhuma em particular (figuras 2 e 3). Entretanto,
que algumas ocorrem de modo restrito a uma determinada fitofisionomia, enquanto outras
XXXII
Leandra eichleri CR
Leandra erostrata CA, Ce
Leandra foveolata CA, Ce
Leandra pennipilis CR, CA, Ce
Leandra salicina CA
Marcetia taxifolia CA
Miconia chartacea CA, Ce
Miconia corallina CA, Ce
Miconia sellowiana CA, Ce
Miconia theaezans CA, Ce
Miconia sp. CA, Ce
Microlicia fulva CA, Ce
Microlicia isophylla CA, Ce
Siphanthera arenaria CR, CA, Ce
Tibouchina collina CR, CA, Ce
Tibouchina frigidula CA, Ce
Tibouchina heteromalla CR, CA
Tibouchina hieracioides CA
Tibouchina martiusiana CA
Tibouchina semidecandra CR, CA, Ce
Trembleya parviflora CA, Ce
Trembleya phlogiformis CA
Os campos rupestres sensu stricto (incluindo campos sujos encharcáveis e campos com
cactáceas) possuem fisionomia com aspecto xeromórfico e composta por grande diversidade de
ervas, que se distribuem sobre afloramentos de rochas quartizíticas e solos incipientes, rasos e
arenosos, recebendo alta incidência solar. Porém, algumas áreas, durante o verão, tornam-se
encharcadas com as chuvas. Em poucos locais, nota-se uma concentração de cactáceas, que
também podem ocorrer nos campos rupestres arbustivos, mas de modo bem mais esparso e,
espécies de Melastomataceae (Tabela 1), sendo Leandra eichleri a única exclusiva e ocorrendo
em um microambiente restrito, com solos com pouca umidade. Entretanto, devido ao hábito
XXXIII
prostrado, ocorre sob a forração graminosa, estando protegida da alta incidência solar e do vento
constante. Seu reconhecimento no ambiente é facilitado não só pelo tipo de hábito, como pelas
folhas pilosas, com base cordada e margem ciliado-vinosa e flores alvas, com estames róseos.
alvo-vinoso na face abaxial das folhas, que reflete uma tonalidade geralmente prateada, além das
flores grandes, com hipanto verde-vinoso e pétalas roxas, porém alvas a vinosas na porção basal
Cambessedesia hilariana pode ser reconhecida pelo porte muito pequeno, folhas
superior vermelha a alaranjada). Seus indivíduos ocorrem também no campo rupestre arbustivo,
principalmente, em trilhas, estando, por essa razão, sujeitos periodicamente ao pisoteio. Tem
sido notada, nos últimos cinco anos, uma acentuada redução de suas populações na área,
provavelmente decorrente do uso mais freqüente das trilhas por um maior número de visitantes
As demais seis espécies são comuns as duas outras fitofisionomias campestres, sendo que a
paisagem.
com ramos decorticantes, com folhas rígidas, côncavas, imbricadas e ápice pungente, flores
róseas, com estames totalmente amarelos e estilete róseo, S. arenaria é facilmente reconhecida
pelo seu hábito herbáceo, porte extremamente pequeno, possuindo ramos e folhas vinosos, com
XXXIV
tricomas glandulares, flores tetrâmeras, róseas, com anteras amarelas e filetes e conectivos
róseos.
formam pequenas moitas, principalmente em locais com acúmulo de água ou próximas a cursos
d’água. Na época de floração, os indivíduos com flores hexâmeras, pétalas róseas e estames e
gineceu amarelos dão à paisagem um aspecto de um vasto “canteiro de jardim florido”. Além
disso, é o único gênero da família cujas cápsulas maduras abrem-se da base para o ápice,
ocorrendo desde as áreas em altitudes mais baixas até o ponto mais elevado da área, no Morro da
Lombada. Leandra pennipilis é reconhecida pelas folhas discolores, com a face adaxial verde
brilhante e a abaxial totalmente revestida por indumento de cor alva a creme. Como L. eichleri,
se destaca das demais Melastomataceae nessa formação vegetacional pelas flores pequenas e
semidecandra são identificadas pelas inflorescências paucifloras, flores grandes e muito vistosas,
com pétalas purpúreas, sendo a base ungüículada de alva a vinosa, e estames e gineceu alvos a
lilases. Tibouchina collina apresenta as folhas com a face adaxial bulada e base cordada e
conectivo dos estames ante-pétalos geniculado, enquanto T. semidecandra apresenta folhas com
a face abaxial reticulada e base aguda e conectivo dos estames ante-pétalos não geniculados.
onde arbustos e arvoretas existem em maior quantidade e com portes mais desenvolvidos,
XXXV
ausência de solo, ou este raso e arenoso e com maior espaçamento entre as plantas em geral,
Bip.].
Melastomataceae, representando todos os gêneros levantados para a área (Tabela 1), sendo seis
As espécies podem ser reunidas em dois grupos distintos: um constituído por espécimes
subarbustivos e arbustivos e outro pelos espécimes arbóreos (arvoretas), neste caso, representado
apenas pelas espécies de Miconia. No primeiro grupo, destacam-se as espécies de Leandra, pelas
flores alvas e pequenas e frutos carnosos e, as de Trembleya parviflora, com flores alvo-rosadas,
mas com anteras amarelas e vinosas e frutos secos. As demais possuem flores grandes e
Dentre as sete espécies restritas, Lavoisiera sp. apresenta os mesmo hábito que L. compta,
se diferindo desta pelo tamanho dos tricomas na margem das lacínias do cálice. Já Trembleya
phlogiformis é uma espécie amplamente distribuídas por toda a região de campo rupestre
arbustivo, pode ser identificada pelos numerosos tricomas glandulares que a tornam pegajosa ao
tato. Segundo informações locais, os ramos desta espécie são fervidos em água para a extração
de uma tinta amarelada, usada para tingir lã destinada à confecção de colchas e tapetes.
Leandra salicina é encontrada apenas às margens de cursos d´água, entre rochas, em áreas
de transição entre o campo rupestre arbustivo e matas ciliares. Mostra-se uma espécie adaptada a
substratos mais úmidos e alagados durante a estação chuvosa, quando pode ser parcialmente
recoberta pelas águas. As folhas discolores, com a face adaxial verde-escura e abaxial alvo-
XXXVI
esverdeada, contrastam nitidamente com o indumento castanho-vinoso e as flores alvas, com
estames róseos.
sombreados, com solos um pouco mais profundos. O indumento um tanto pegajoso ao tato, as
folhas diminutas e as flores dispostas nos ápices dos ramos, isoladas, axilares, tetrâmeras, com
ou rara no Parque, em locais sombreados, com solos mais profundos. A primeira, um arbusto
ramificado, possui folhas verdes e brilhantes, flores grandes e vistosas, com pétalas roxas,
estames e gineceu róseos, sendo muito semelhante a T. frigidula, mas diferenciando-se desta,
principalmente, pelos ramos muito ramificados nas porções apicais e menores dimensões dos
pequeno porte, com indumento constituído de tricomas longos e nigrescentes e por ser a única
espécie do gênero, que possui estames amarelos. Encontra-se geralmente camuflada pela
formação de gramíneas, o que dificulta sua visualização no campo, mesmo quando em floração.
Além dessas espécies exclusivas, são encontradas 13 espécies que ocorrem tanto nos
campos rupestres arbustivos quanto nos cerrados de altitude. Destas, Cambessedesia espora,
Microlicia fulva e M. isophylla se diferenciam na paisagem pelos ramos muito delgados e folhas
de dimensões muito reduzidas, pois as demais possuem um porte mais robusto, incluindo as
Cambessedesia espora ocorre freqüentemente nas vertentes erodidas que margeiam trilhas,
sendo, portanto, muito suscetível às ações antrópicas predatórias. Também tem sido notada uma
diminuição nas populações nos últimos cinco anos e muito provavelmente em decorrência dessa
XXXVII
sua localização na área. Destaca-se na vegetação pelo hábito subarbustivo, ereto, pouco
ramificado, não formando touceiras ou moitas e flores com pétalas totalmente amarelas.
Microlicia fulva e M. isophylla são subarbustos típicos de campos rupestres, que formam
touceiras, possuindo flores com pétalas róseas, estames amarelos e conectivos róseos. Ocorrem
Essas três espécies, juntamente com as Tibouchina e Trembleya parviflora são as que
trilhas, em solos mais profundos. Pode ser reconhecida na vegetação pelas folhas verdes e
brilhantes, com disposição geralmente ternada, às vezes também oposta, e flores com pétalas
róseas.
Trembleya parviflora, é representada por arbustos com pétalas alvas e estames amarelos e
espécie foi observada por J.F.A. Baumgratz (com. pess.) na região serrana de Macaé de Cima, no
As espécies de Leandra e Miconia são as únicas que possuem frutos carnosos, estando as
do primeiro gênero representadas por arbustos e as do segundo por arvoretas, neste caso, com um
Leandra aurea, L. erostrata e L. foveolata são espécies típicas de locais sombreados, com
solos mais profundos, possuindo flores com pétalas alvas e estames róseos e/ou alvos e frutos
arbusto de menor porte e menos freqüente do que as outras duas, estando muitas vezes encoberto
XXXVIII
pela vegetação graminosa. Devido à grande plasticidade fenotípica, principalmente de L. aurea,
que ocorre também nas áreas mais abertas e ensolaradas, esta espécie e L. foveolata mostram-se
mesmo porte, têm parte do indumento e características das superfícies foliares muito
distribuídas de modo disperso, com os indivíduos isolados uns dos outros, não formando moitas.
Em relação às espécies de Miconia, dois grupos podem ser distinguidos pela cor das
folhas: um representado pelas espécies com folhas discolores (M. chartacea, M. corallina e
Miconia sp.) e o outro, por folhas concolores ou subconcolores (M. sellowiana e M. theaezans).
No primeiro grupo, a face adaxial da lâmina foliar pode ser verde e/ou castanha e a abaxial
primeiras espécies ainda se destacam na paisagem pelos ramos com indumento de castanho a
ferrugíneo, cujas tonalidades tornam-se muito mais acentuadas com a incidência da radiação
solar. Além disso, M. chartacea e Miconia sp. podem ser reconhecidas pelos frutos maduros
atropurpúreos, enquanto em M. corallina estes são alaranjados. Para esta espécie, soma-se a
esses atributos, as folhas com base cordada, inflorescências com ramos espiciformes e flores
tetrâmeras que exalam um leve odor adocicado, sendo freqüentemente visitadas por coleópteros.
espécies ocorrem também em formações florestais do Parque e, neste caso, possuindo maior
XXXIX
Miconia sp. é comum, principalmente, em locais de transição entre o cerrado de altitude e a
mata de neblina, mas também foram observados alguns indivíduos em uma determinada região
de campo rupestre arbustivo, neste caso, com portes bem menores e aspecto arbustivo, porém
com fuste definido e delgado. É uma espécie facilmente reconhecida por suas folhas discolores
neblina, são encontradas também nos ambientes campestres. As folhas com margem serreada e
M. sellowiana na vegetação. Por sua vez, M. theaezans apresenta uma coloração vinosa nos
ramos jovens, pecíolos e nervuras na face abaxial das folhas, estas com margem serrada para o
ápice, e anteras com quatro poros. Quando em floração, foi observada a visitação por espécies de
e os campos rupestres, ocorrendo nos níveis superiores das serras, geralmente acima de 900m de
altitude, estando entremeado com formações de campos rupestres. No cerrado de altitude são
gêneros e espécies tanto de cerrado quanto de campo rupestre, além de endemismos específicos à
flora de campos rupestres mesclados a espécies de cerrado. Os solos são mais profundos, com
maior acúmulo de nutrientes e mais úmidos, proporcionando a ocorrência de arbustos com maior
XL
Todas as 13 espécies de Melastomataceae ocorrentes nesta formação campestre também
ocorrem nos campos rupestres arbustivos, sendo seis também encontradas nos campos rupestres
senso stricto (Tabela 1). De modo geral, essas espécies se apresentam com o mesmo tipo de
hábito, porém com portes mais desenvolvidos e são encontradas geralmente em condições
ambientais semelhantes aos descritos anteriormente, sejam áreas mais abertas e ensolaradas ou
espécies de Miconia.
agrupamentos de indivíduos ou ocorrerem de modo esparso, às vezes bem isolados, sendo mais
Miconia sp., quando ocorre de modo mais isolado na vegetação aberta, apresenta não só um
porte menor, como uma copa mais arredondada, com o sistema de ramificação adensando-se na
com algumas ocorrendo de modo muito restrito à determinada formação vegetacional, conforme
encontrados na área: (a) Espécies exclusivas de campo rupestre sensu stricto; (b) Espécies
exclusivas de campo rupestre arbustivo; (c) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e
campo rupestre arbustivo; (d) Espécies comuns ao campo rupestre arbustivo e cerrado de
altitude; (e) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e
cerrado de altitude;
XLI
Gráfico 1:
Porcentagem de ocorrência de Melastomataceae por padrão de distribuição em relação as
fitofidionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca
4%
21%
47%
21%
7%
espécies, correspondendo a 21% do total - Lavoisiera sp, Leandra salicina, Marcetia taxifolia,
Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e cerrado
de altitude somam 21% do total, estando representado por Chaetostoma pungens, Lavoisiera
semidecandra.
Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e campo rupestre arbustivo, totalizando
XLII
relação ao solo arenoso, raso e pobre nutricionalmente, além de áreas de afloramentos rochosos.
Entretanto, o campo rupestre arbustivo pode possuir, em certas áreas, solos mais profundos e
com maior acúmulo de serrapilheira, o que possibilita uma vegetação com indivíduos de maior
rupestres arbustivos, estas duas espécies ocorrem em locais abertos, estando expostas a uma
maior insolação, o que torna seus espécimes semelhantes àqueles encontrados nos campo
Miconia sp. nova, Microlicia fulva, M. isophylla, Tibouchina frigidula e Trembleya parviflora).
Este padrão de distribuição pode ser atribuído não só às semelhanças fisionômicas destas
subarbustivo, como a própria adaptação das espécies às variações ambientais, não exigindo
XLIII
Figura 2: Mapa de vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca. Fonte: ARAÚJO 2003.
XLIV
XLV
aa
c
Figura 3: Fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca: a- Campo Rupestre sensu stricto; b-
Cerrado de Altitude; c- Campo Rupestre Arbustivo.
XLVI
IV.2- Tratamento Taxonômico
simples e/ou ramificados, glandulares ou não, às vezes ausentes. Folhas simples, decussadas,
solitárias, terminais ou axilares. Brácteas e profilos presentes ou ausentes. Flores 4-6-meras, com
pilosa, cálice persistente ou caduco, lacínias uni ou bilobadas; pétalas de ápice agudo a
arredondado; estames iguais a desiguais em tamanho e/ou forma, anteras poricidas, conectivo
prolongado ou não abaixo das tecas, com apêndices variados na forma e tamanho ou
mais lóculos, poucos a numerosos óvulos, placentação axilar. Frutos capsulares, ou bacáceos de
XLVII
IV.2.2- Chave de identificação das espécies de Melastomataceae do P. E. do Ibitipoca
bacáceos polispérmicos.
theaezans
2. Lâmina foliar discolor, face adaxial verde ou castanha, face abaxial verde-pardacenta,
oligospérmicos.
4. Lâmina foliar com a face adaxial bulada, face adaxial com indumento revestindo
sp.
4. Lâmina foliar com a face adaxial plana, face abaxial com indumento revestindo
do cálice, 8 ou 10 estames.
XLVIII
acródromas suprabasais; tirsóides de glomérulos; flores sésseis; sementes com
papilosos).
pennipilis
tricomas papilosos.
XLIX
10. Arbustos eretos; tirsóides 7,5-9 cm compr.; flores pediceladas; pétalas
papilosos.
11. Face abaxial da lâmina foliar também viloso-hirtela ....... Leandra aurea
frutos secos.
loculicida.
L
16. Ramos pubescente-glandulosos nos nós, hipanto esparsamente piloso-
glanduloso, face abaxial das folhas glabra; folhas com 5-7 nervuras
fulva
............................................................................. Microlicia
isophylla
arenaria
LI
18. Indumento de outros tipos; flores 5-meras; ovário 3- ou 5-locular; sementes
20. Folhas discolores, face adaxial verde, face abaxial vinosa, base agudo-
LII
densamente revestida de tricomas glanduloso-papiliformes, margem
21. Indumento dos ramos e hipanto estriguloso, híspido, hirsuto, seríceo e/ou
testa granulosa.
LIII
estames antessépalos com tricomas setuloso-glandulosos; estilete
adaxial.
............................................................ Tibouchina
frigidula
..................................................... Tibouchina
martiusiana
faces.
LIV
15mm, pétalas 23-25 x 28-30mm; conectivo dos estames
nas porções basais, comoso-pubescentes nos entrenós, nodosos e áfilos para base. Folhas
reduzidos, sésseis a subsésseis, cartáceas, margem esparsamente denteada, face adaxial glabra; 3-
hipanto 10-estriado; zona do disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias reflexas
curvas, poro terminal-ventral, conectivos espessados, apêndice dorsal calcarado; ovário livre no
LV
Ambas as espécies integram a seção Cambessedesia por serem subarbustivas, com
indumento desprovido de tricomas estrelados e ovário com três lóculos (MARTINS 1984).
Cambessedesia espora ssp. ilicifolia (Schrank et Mart. ex DC.) A.B. Martins, Rev.
Figs.: 4- a; 5-a-h.
Subarbustos 15-60cm, eretos. Indumento nos ramos, na face abaxial das folhas,
entrenós 0,3-0,8mm. Folhas sésseis a ca. 0,3mm pecioladas; lâmina 3-4 x 1-2mm, verde
concolor, ovada a ovado-cordada, base truncada a cordada, ápice acuminado, margem denteada,
2 x 1mm, foliáceos. Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 4-5 x 3-4mm, tubuloso; lacínias do
cálice ca. 1 x 0,7mm, ápice acuminado, margem ciliado-glandulosa; pétalas ca. 6 x 3mm,
amarelas, ápice acuminado; estames subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes ca. 3mm,
anteras 4-3mm, conectivo prolongado 3-4mm, calcar dorsal ca. 0,5mm; ovário ca. 2 x 2mm,
estilete 7-8mm. Velatídios, 3-4 x 3-4mm, levemente urceolados; sementes ca. 0,5 x 0,3mm.
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, campo, U. Confúcio s.n.
30.IX.1970, fl., fr., (CESJ 9419); no caminho para a Gruta do Monjolinho, S. M. S. Verardo
CESJ 25377, 12.IX.1991, fl., fr., (CESJ); próxima a estrada para o Centro de Informações, B.
LVI
Cambessedesia espora é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados
de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, em ambientes preferenciais de campos
rupestres e cerrados.
solos arenosos, expostas ao sol, às vezes com presença de musgos. Exemplares com flores e
ramos axilares reduzidos e as pétalas amarelas representam características diagnósticas para esta
espécie. No fruto capsular do tipo velatídeo, o hipanto se mantém íntegro mesmo após a
Subarbustos 6-40cm, eretos a semi-prostrados. Indumento nos ramos, face abaxial das
glandulosos. Folhas sésseis a 1mm pecioladas; lâmina 3-18 x 1-6mm, discolor, face adaxial
verde, abaxial vinosa, ovada, elíptica a lanceolada, base agudo-atenuada a arredondada, ápice
agudo, margem denteada, não ciliada, revoluta. Dicásios simples ou compostos, de cimas 2-3-
flores 3-12cm, ou flores solitárias; profilos ca. 3 x 2mm, ovados, ápice agudo, margem denteada.
Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 5-8 x 3-4mm, campanulado; lacínias do cálice ca. 1 x
1mm, ápice agudo, margem inteira a denteada, não ciliada; pétalas 6-7 x 3-4mm, bicolores ½-
inferior amarelo e ½-superior vermelho a alaranjado, ápice agudo; estames de dois tamanhos,
LVII
dimórficos, menores antepétalos, filetes 6-7mm, anteras 4-6mm, maiores antessépalos, filetes 6-
7mm, anteras 6-8mm, ambos com anteras lobadas na base, conectivo prolongado ca. 3-4mm;
ovário ca. 3 x 2mm, estilete 10-15mm. Cápsulas loculicidas, 5-8 x 3-4mm, hipanto
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8567); J. A. Silva s.n., 12.V.1987, fr., (CESJ 14944); sobre a Ponte
de Pedra, M. Eiterer 30, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); próxima ao aceiro do Parque, F. S. Araújo et
al. 20, 09.II.2001, fl., (CESJ, RB); subida para o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 13, 01.XII.2001,
fl., fr., (CESJ); ao lado das Casas de Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 45, 03.II.2002, fl., fr.,
(CESJ); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al 49, 23.III.2002, fl., (CESJ); próxima
ao camping, B. Chiavegatto et al. 59, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha Ponte de Pedra – Cachoeira
Federal e nos estados de Goiás, Piauí, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná,
No Parque é encontrada sobre solos arenosos, com alta incidência solar, principalmente, ao
longo de trilhas, estando totalmente exposta ao pisoteio e atividades de rocio. Vem sendo
ações antrópicas, mesmo que involuntárias. Exemplares com flores e frutos foram coletados nos
Como observado na espécie anterior, as folhas opostas aparentam ser fasciculadas, devido
a presença de ramos reduzidos axilares. A característica mais diagnóstica nesta espécie são as
LVIII
pétalas ½-superior vermelho a alaranjado e ½-inferior amarelo, que a torna de fácil determinação
no campo.
Pode-se observar também, nos estames que o conectivo se prolonga além dos lobos livres
das tecas.
Figs.: 4- c; 5- o-w.
nas regiões intrapeciolares, glabro no restante. Folhas sésseis, 4-6 x 2-3cm, semi-amplexicaules,
pungente, margem serrulado-ciliada desde a base até 2/3-superiores, face adaxial com diminutos
e esparsos tricomas glandulares nas nervuras, face abaxial com nervura central calosa para o
ápice, glabra; 5-7 nervuras paralelódromas basais. Brácteas e profilos ausentes. Flores solitárias,
5-meras; pedicelo 1-1,5mm; hipanto 2-3 x 1-1mm, vinoso, campanulado, esparsamente piloso-
glanduloso, levemente estriado; zona do disco glabra; cálice vinoso, tubo 0,3-0,5mm,
LIX
esparsamente piloso-glanduloso, formando uma coroa de tricomas, lacínias ca. 3 x 1mm, eretas,
menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-3mm, ambos com anteras linear-subuladas, rostro
ca. 0,3mm, poro ventral, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndices ventrais lobados ou
truncados, assemelhando-se a uma bainha; ovário 2-3 x 1-2mm, livre no interior do hipanto, 3-4
locular, glabro; estilete 5-6mm, róseo, glabro; estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 4-5 x 4-
5mm, campanuladas, polispérmicas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm, oblongas, com porção distal
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, sobre arenito, L. Krieger
s.n., 15.V.1970, fl., (CESJ 8559); Morro da Lombada, L. G. Rodela Q3-60, 11.II.1996, fl.,
(CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 02, 03.XI.2000., fl., (CESJ);trilha para a
Lombada, R. C. Forzza et al. 1772, 08.II.2001, fl., (CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et
al. 60, 24.III.2001, fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 130, 22,VI.2001, fl., (CESJ); solo úmido, M.
A. Heluey et al. 150, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 14,
01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na Prainha, B. Chiavegatto et al. 29, 02.II.2002, fl., (CESJ); atrás da
Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 53, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); subida para o Pico
do Pião, R. C. Forzza et al. 3098, 10.III.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 97,
LX
Chaetostoma pungens é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Minas
Gerais, São Paulo e Paraná, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude, campo limpo e
cerrado, com preferência por solos rasos, pobres, arenosos e úmidos, em afloramentos rochosos.
No Parque ocorre em áreas de solos rasos, úmidos, arenosos, com alta incidência solar.
Espécie arbustiva que forma touceiras, apresentando folhas imbricadas. Chaetostoma pungens é
a única espécie do gênero que ocorre na área de estudo. Exemplares com flores e frutos foram
quantidade em um mesmo indivíduo, estando às vezes presente somente logo abaixo das lacínias.
considerado paralelódromo, onde as nervuras estão dispostas de modo paralelo entre si.
No fruto há rompimento do hipanto, mas não para a liberação das sementes. De acordo
com BAUMGRATZ (1985), os frutos de espécies de Chaetostoma são do tipo velatídio, em que
o ovário maduro fica protegido pelo hipanto. Já KOSCHNITZKE (1997) observou que os frutos
folhas subsésseis, porém nos espécimes ocorrentes no Parque as folhas são totalmente sésseis.
Embora assinalado pela autora, não se observa, para os espécimes da área, que os entrenós estão
revestidos por expansões semi-amplexicaules, conforme definido por MARTINS (1989) para o
gênero Marcetia. O que se nota é que após a queda das folhas, em virtude do processo de
medianos tornando-se mais profundos e as faces laterais salientes principalmente para o ápice,
LXI
a’
Pico das Almas possuem tricomas na face adaxial das folhas e lacínias, o mesmo pode ser
b’
LXII
Figura 4: a- Cambessedesia espora ssp ilicifolia; b-b’- Cambessedesia hilariana e detalhe da flor; c-
Chaetostoma pungens.
LXIII
c
b j
e’
i
d
e
a
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f g h
n’
l
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r u
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o t v
w
Figura 5: Cambessedesia espora ssp. ilicifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- estame
antessépalo; e-e’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; f- estilete e secção longitudinal do ovário; g-
cápsula loculicida; h- sementes (B.Chiavegatto et al. 10). Cambessedesia hilariana: i- ramo florífero; j- folha: face
abaxial; k- flor; l- hipanto e cálice; m-m’- estame antessépalo e detalhe do respectivo poro; n-n’- estame ante-pétalo
e detalhe do respectivo poro; (B.Chiavegatto et al. 59). Chaetostoma pungens: o- ramo florífero; p- folha: face
abaxial com entre-nó; q- flor; r- hipanto e cálice; s- estame antessépalo; t- estame ante-pétalo; u- secção longitudinal
do ovário; v- cápsula loculicida, com cálice removido; w- semente; (B.Chiavegatto et al. 97). Escalas - 1cm: a, i, o;
2mm: c, g, j, l, k, p, r, t, v; 1mm: b, d, p, u; 0,5mm: h, w.
LXIV
IV.2.5- Lavoisiera DC., Prodr. 3: 102. 1828.
base, com diminutos e esparsos tricomas setuloso-glandulosos nas regiões intra-axilares. Folhas
sésseis, coriáceas, ovadas, côncavas, imbricadas, ápice agudo a acuminado, mucronado, margem
inteira, calosa, ciliada; face abaxial com tricomas setosos sobre a única nervura acródroma
evidente. Brácteas e profilos ausentes. Flores 6-meras, solitárias, terminais, sésseis; hipanto
abaixo das tecas, apêndice dorsal; ovário 3/5- a 5/6-ínfero, 6-locular, glabro, prolongamento
apical presente, estilete glabro, estigma capitado. Ruptídios polispérmicos; sementes ovado-
Figs.: 6; 7- a-i.
Subarbustos 20-80cm. Ramos com entrenós 1,5-2mm. Folhas 5-7 x 4-5mm. Flores com
hipanto 2-2,5 x 2-2,5mm; cálice com tubo 1,5-2mm, lacínias 4-5 x 3-4, margem setuloso-
ciliolada, tricomas até ca. 0,3mm; pétalas 17-20 x 8-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes
3-4mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores
LXV
ante-sépalos, filetes 4-5mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongadado 3,5-
4mm; ovário 2,5-3 x ca. 3mm, prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 4-5 x
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8634); sobre arenito, L. Krieger s.n., 15.V.1970, fl., fr., (CESJ
8559); campo arenoso, L. Krieger s.n., 01.XI.1977, fl., (CESJ 13162); Monjolinho, F. R.
Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24666); J. A. Silva s.n., 12.III.1997, fl., fr., (CESJ 14939);
entre rochas, R. C. Forzza et al. 1791, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M.
A. Heluey et al. 103, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al 116, 19.V.2001, fl., fr.,
(CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A. Heluey et al. 137, 22.VI.2001, fr., (CESJ);
próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al.17, 01.XII.2001, fr., (CESJ); caminho para Lagoa
Seca, B. Chiavegatto et al. 26, 02.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na trilha para a Ponte de Pedra, B.
Chiavegatto et al. 48, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al.
62, 24.III.2002, fl., (CESJ); próximidades da Cantina, R. C. Forzza et al. 3086, 09.III.2004, fl.,
(RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 96, 16.VI.2004, fl., fr., (CESJ);
Lavoisiera compta é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude e cerrado.
No Parque, ocorre formando extensas populações em locais mais úmidos, com solos rasos,
arenosos, sob alta incidência solar. É também comum em solos encharcados sazonalmente.
LXVI
Lavoisiera sp.
Figs.: 7- j-q
Subarbustos 40-50cm; entrenós 2-3mm. Folhas 6-8 x 4-5 mm. Flores com hipanto 2,5-3 x
1,5-2mm; cálice com tubo ca. 1,5mm, lacínias 5-7 x 3,5-4mm, margem setoso-ciliada, tricomas
2-3mm; pétalas 14-18 x 7-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-2,5mm,
rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores antessépalos, filetes ca. 5mm,
anteras 2,5-3mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado 3,5-4mm; ovário 2,5-3 x 2-3mm,
prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 3-4 x 2-3mm; sementes ca. 1 x
0,5mm.
32690, XII.2000, fl., fr., (CESJ, RB); caminho para a Janela do Céu, N. Marquete et al. 357,
Lavoisiera sp. ocorre no Parque em ambientes mais úmidos, com solos rasos, arenosos, sob
alta incidência solar. Coletada com flores e frutos nos meses de novembro e dezembro.
A partir de uma análise mais detalhada, foi possível observar uma diferença significativa entre as
duas espécies, principalmente por Lavoisiera sp. possuir lacínias do cálice com margem
LXVII
a
c
a
LXVIII
d
e’ f’
e
f
a b h
g
j n o p
Figura 7: Lavoisiera compta: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- hipanto e cálice; e-e’- estame
antessépalo e detalhe do respectivo poro; f-f’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; g- secção
longitudinal do ovário; h- cápsula loculicida; i- sementes. (B.Chiavegatto et al. 96); Lavoisiera sp: j- ramo frutífero;
k- folha: face abaxial; l- flor; m- lacínea do cálice; n- estame ante-pétalo; o- estame antessépalo; p- ruptídio; q-
sementes. (N.Marquete et al. 357; flor, F.R.G.Salimena CESJ 32690). Escalas- 1cm: a, j; 4mm: c; 2mm: e, f, l;
1mm: b, d, e, g, h, k, m; 0,5mm: i, q.
LXIX
IV.2.6-Leandra Raddi in Mem. Mod. Fis. 18: 385. 1820.
profilos, hipanto e cálice, constituído de tricomas glandulares sésseis, vinosos, diminutos, cedo
caducos. Ramos cilíndricos. Folhas pecioladas; lâmina com nervuras primárias e secundárias
impressas na face adaxial e proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos persistentes. Flores
5-meras; cálice persistente, lacínias bilobadas, lobos externos maiores em comprimento que os
tamanho, filetes achatados, conectivo espessado no dorso ou não, prolongado abaixo das tecas,
antera com poro terminal ou terminal-dorsal; ovário parcialmente adnato ao hipanto, estilete
Leandra aurea (Cham.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 142-143. 1886.
Arbustos 1-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, brácteas, profilos, hipanto e cálice,
hirsuto, tricomas alvos a ferrugíneos. Folhas com pecíolo 0,5-1,5cm, sulcado na face abaxial;
lâmina 1,9-4 x 4-9,3cm, verde concolor, cartácea, elíptica, lanceolada, ovada ou oblonga, base
obtusa ou arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, ciliolada, face
adaxial plana a bulada, moderadamente setosa, face abaxial foveolado-reticulada ou não, esparsa
1mm suprabasal, par marginal tênue. Tirsóides 12-15cm, terminais ou axilares; pedúnculo 5-
7cm; brácteas 1-2 x 2-3mm, profilos 0,3-0,5 x 0,5mm, ambos elípticos, ápice agudo, margem
LXX
inteira, ciliolada. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 4-5mm, tubuloso a campanulado; zona do disco
setulosa; cálice com tubo 0,8-1mm, lacínias reflexas, as internas reduzidas, as externas filiformes
0,5-1 x 1-2mm, ápice apiculado; pétalas 2-3 x 3-4cm, oblongo-triangulares, eretas; estames
róseos, filetes 3-4mm, conectivo prolongado ca. 0,2mm, inapendiculado, anteras 3-5mm; ovário
1-2 x 2-3mm, 1/3-ínfero, 3-locular, setoso no ápice, estilete 7-8mm. Bacídios 5-7 x 5-9mm;
Márcio s.n., 16.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17395), campo rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fr.,
(CESJ 36542); campo rupestre, L. G. Rodela s.n., IX.1998, fr., (CESJ 36543); na borda da Mata
Grande, M. A. Manhães 39, IX.1999, fr., (CESJ); caminho para o Pião, N. Marquete et. al. 338,
29.IX.2001, fl., fr., (RB); estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 08,
01.XII.2001, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1052,
19.V.2002, fr., (CESJ); entre o Lago dos Espelhos e Prainha, L. Minini Neto et al. 32, 18.X.2003,
fl., fr., (RB); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3024, 09.III.2004, fr. (RB); trilha
Lanchonete – Ponte de Pedra, R. C. Forzza et al. 3298, 31.III.2004, fr., (RB); trilha Prainha –
Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 80, 15.VI.2004, fl., (RB); trilha Prainha – Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 81, 15.VI.2004, fl. (RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 108, 23.XI.2004, fl.,
(RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 109, 23.XI.2004, fl., (RB); na subida para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 111, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et
al. 112, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 113, fl., fr.,
(RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et. al. 117, 24.XI.2004, fl., fr., (RB);
na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 118, 24.IX.2004, fl. fr., (RB);
LXXI
Leandra aurea é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo nos estados
da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
interior e encosta de matas, beiras de estrada, locais abertos e ensolarados e, ainda, na Bolívia.
em áreas dessa formação limítrofes com as matas de neblina, geralmente em locais mais
sombreados por candeias ou outros arbustos e arvoretas de maior porte. Foram coletados
dimensões dos tricomas, forma, textura, dimensões e ondulações das superfícies foliares. Essa
variação morfológica torna muito difícil distingui-la de duas espécies muito afins, L. lacunosa
Cogn.e L. lancifolia Cogn., conforme já destacaram SOUZA & BAUMGRATZ (inédito). Estes
autores discutem esse complexo taxonômico e a variação gradativa desses caracteres vegetativos,
identificando não só dois padrões morfológicos extremos, como também padrões morfológicos
intermediários.
folhas mais largas, com a face abaxial foveolada, enquanto L. lancifolia poderia ser distinta,
particularmente, pelo formato lanceolado das folhas. Entretanto, no Parque observam-se também
espécimes com padrões morfológicos intermediários entre esses extremos, havendo combinações
entre essas características, o que evidencia a fragilidade desses atributos morfológicos como
“lacunosa” (Manhães 39 e Márcio s.n. CESJ 17395), apresentam a face abaxial da lâmina foliar
LXXII
Devido a essas semelhanças, NAUDIN (1851) considerou L. lacunosa e L. lancifolia
como três espécies distintas. Contudo, os dados obtidos no presente estudo refutam as hipóteses
destes dois autores e provavelmente, esses táxons correspondem a uma só espécie, L. aurea, cujo
De acordo com REIS et al. (2004), que estudaram a vascularização foliar e anatomia do
nas características morfoanatômicas do pecíolo dessas três espécies. De acordo com as autoras,
L. aurea e L. lacunosa possuem nervação acródroma basal, três nervuras primárias e quatro
nervuras secundárias, rede de nervação laxa, nervação última marginal em arco e auréolas
completas. Analisam ainda, que estas espécies possuem contorno do pecíolo elíptico, epiderme
com cutícula, tricoma tector ramificado, ausência de tricoma glandular e distribuição dos feixes
Leandra eichleri Cogn. in Mart; & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140, t. 1. 1886.
Figs.: 9; 14- a.
Subarbustos até 30cm, suberetos, rastejantes; raízes adventícias presentes. Indumento nos
ramos, folhas, inflorescências, hipanto e tubo do cálice, face abaxial das brácteas, profilos e
não, e inflorescência, hipanto e cálice, hirsuto, papiloso, vinoso nos ramos jovens. Folhas com
pecíolo 0,5-1cm; lâmina 2,8-5,5 x 1,8-4cm, verde concolor, cartácea, elíptica, largo-ovada a
ciliado-hirsuta, face adaxial levemente bulada, face abaxial levemente reticulada; 5 nervuras
LXXIII
acródromas basais a 2-2,5mm suprabasais. Cimóides de glomérulos, umbeliformes ou não, 3,5-
4,5cm, terminais, sésseis; brácteas foliáceas 1-2,8 x 0,5-2cm; brácteas crassas 4-5 x 6-8mm,
ciliada. Flores sésseis; hipanto 3-5 x 4-5cm, curto-tubuloso; lacínias do cálice patentes a eretas,
face adaxial glabra, as internas 1,8-2 x 1-1,5mm, largamante triangulares, ápice acuminado; zona
acuminado, assimétrico, unilateralmente unilobado, face abaxial papilosa; estames com filetes 2-
róseas, conectivo com cálcar dorsal 0,1-0,2mm; ovário 2-3 x 2-4mm, prolongamento apical ca.
encharcado, B. Chiavegatto et al. 16, 01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); entre a Gruta das Bromélias e
o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 120, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o
Material adicional: Rio de Janeiro, Itatiaia, nos campos, Glaziou 8694, 23.I.1873, fl., fr.,
(C - Holótipo).
Leandra eichleri é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
LXXIV
No Parque Estadual do Ibitipoca, ocorre somente no campo rupestre stricto sensu,
totalmente encoberta por gramíneas, sendo possível encontrá-las somente se estas forem
removidas. Local com solos rasos, úmidos, arenosos, mas, devido às gramíneas, sombreado.
Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro e novembro.
Nesta espécie, os cimóides estão constituídos de três eixos, sendo que o central (raque) é o
menos desenvolvido e com menos flores, podendo estar reduzido a um único glomérulo, ou flor.
Não há supressão de folha. Esta redução na inflorescência e até mesmo o aspecto umbeliforme
Apresenta tricomas papilosos glandulares com cabeça vinosa no sulco das nervuras
acródromas na face adaxial das folhas e brácteas, inserção das flores e profilos.
Sua coleta no Parque representa uma nova ocorrência para a espécie no Brasil.
Leandra erostrata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 139. 1886.
densamente furfuráceo-estrelado. Folhas com pecíolo 0,5-1 cm, cilíndrico; lâmina 3-5,5 x 2,5-
terminais, sésseis; brácteas foliáceas 3,5-5 x 1,5-2,5cm, nos primeiros e segundos nós proximais;
LXXV
profilos 3-4 x ca. 1mm, lineares, apiculados. Flores com pedicelo 0,5-1mm; hipanto 3-4 x 3-
4mm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas 1-
lobado; estames com filetes ca. 2mm, alvos, anteras ca. 2mm, róseas, conectivo prolongado ca.
0,2mm, apêndice dorsal calcarado; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 2-3-locular, piloso no ápice,
I.2000, fl., fr., (CESJ); subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 21, 02.XII.2001, fl.,
(CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 32, 02.II.2002, fl., (CESJ); subida para
Gruta das Bomélias, B. Chiavegatto et al. 44, 03.II.2002, fl., (CESJ); trilha Monjolinho – Lagoa
seca, F. M. Ferreira et al. 709, 30.III.2004, fr., (RB);na subida para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 110, 23.XI.2004, fr., (RB); na subida para Gruta das Bromélias, B.
nos estados do Amazonas e Minas Gerais, em ambientes de campos limpos, campos sujos e
Nos campos rupestres do Parque é encontrada encoberta por gramíneas de porte mais alto,
o que dificulta sua visualização. Ocorre principalmente nas área de campo rupestre arbustivo,
podendo ser também encontrada nos cerrados de altitude. Foram coletados exemplares com
LXXVI
Ocorre simpatricamente com L. aurea e L. foveolata, mas apresenta menor porte que estas,
folhas geralmente de menores dimensões e mais espessas, o que facilita sua identificação no
campo.
Leandra foveolata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 100-101. 1886.
caducos, tricomas simples não papilosos. Folhas com pecíolo 1-1,8cm, cilíndrico; lâmina 6-10 x
3-5cm, verde concolor, cartácea, elíptica, ou oblonga a ovada, base obtusa a arredondada, ápice
agudo a acuminado, margem levemente sinuosa, ciliolada, face adaxial esparsa a densamente
furfuráceo-estrelada, tricomas caducos; 5-7 nervuras acródromas basais ou até ca. 4mm
suprabasais. Tirsóides 5-15cm, terminais; pedúnculo 5-7cm; brácteas foliáceas 2,4-9 x 0,4-1mm;
profilos 3-4 x ca. 1mm, filiformes, apiculados. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 2-3mm, tubuloso;
zona do disco setulosa; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as externas 0,7-1 x 2-3mm,
triangulares, ápice apiculado, margem ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, reflexas, ovais, ápice
agudo; estames com filete 3-4mm, alvos, anteras 3-4mm, róseas, conectivo não prolongado,
apêndice dorsal obsoleto; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 3-locular, esparsamente setuloso,
LXXVII
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,
M. A. Manhães 74, I.2000, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto, F. R. G. Salimena CESJ 32759,
11.XII.2000, fl., (CESJ); estrada para o centro de informações, B. Chiavegatto et al. 05,
01.XII.2001, fr., (CESJ); na estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 09.
al. 35, 03.II.2002, fl., (CESJ); na estrada para Portaria, borda da mata, B. Chiavegatto et al. 58,
23.III.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3034, 09.III.2004, fr.,
(RB); mata em frente a entrada do Parque, R. C. Forzza et al 3075, 09.III.2004, fr., (RB);
bifurcação Monjolinho – Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 83, 15.VI.2004, fl., (RB); Janela
do Céu, B. Chiavegatto et al. 93, 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 94,
16.VI.2004, fl., fr., (RB); mata próxima às Casas de Pesquisa e Centro de Informações, B.
Chiavegatto et al. 104, 17,VI.2004, fl., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 115, 24.XI.2004, fl., fr., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.
nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, em formações de matas de altitude,
No Parque, esta espécie ocorre no campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude, em locais
sombreados e com solos mais profundos, simpatricamente com L. aurea e L. erostrata. Foram
las principalmente, pelo indumento da face abaxial da lâmina foliar setuloso-setoso, nunca
LXXVIII
viloso-hirtelo. Além disso, pode auxiliar essa distinção os tricomas vinosos das inflorescências e
face adaxial da lâmina foliar mostra-se extremamente escasso e até mesmo ausente (B.
Leandra pennipilis Cogn. in Mart & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140. 1886.
Arbustos 0,4-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial das folhas, brácteas,
profilos, hipanto e cálice, alvo pardacento, dendrítico-tomentoso, com tricomas não papilosos.
Folhas com pecíolo 0,5-1,2cm; lâmina 2,1-7 x 1-2,4cm, discolor, face adaxial verde brilhosa,
face abaxial alvo-esverdeada a creme, coriácea, estreiro-elíptica, oblonga a ovada, base obtusa a
10cm, terminais; pedúnculo 2-5cm, às vezes ausente; brácteas 4-5 x 12-15mm, crassas,
estrigosas, ápice agudo apiculado; profilos 1-2 x ca. 2mm, estreito-triangulares, ápice agudo
apiculado. Flores com pedicelo 0,3-0,5mm; hipanto 3-5 x 4-5cm, campanulado; tubo do cálice
apiculado, margem ciliolada, face adaxial glabra, as externas 2-4 x 1-2mm, crassas, ápice
acuminado apiculado; zona do disco setulosa; pétalas 2-4 x 1-4mm, reflexas, oblongo-
LXXIX
ca. 0,5mm, ½-1/3-ínfero, 3-locular, estrigoso no ápice, estilete 5-9mm. Bacídios 4-6 x 4-5mm;
Braga 1890, 28.IX.1970, fl., (RB); no campo arenítico, L. Krieger s.n., 03.XI.1973, fl. fr., (CESJ
13216, RB);trilha sobre a Ponte de Pedra, M. Eiterer s.n., 27.VIII.1991, fl., fr., (CESJ 24888,
RB); em cerrado de encosta, M. Brügger s.n., 30.XI.1991, fl., fr., (CESJ 26094); campo cerrado,
L. G. Rodela s.n., IX.1998, fl., (CESJ 36544); na borda da mata nebular, R. M. Castro et al. 214,
25.III.2001, fl., fr., (CESJ, RB); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 15, 01.XII.2001, fl.,
fr., (CESJ); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 18, 01.XII.2001, fl. fr., (CESJ); Janela do
Céu, B. Chiavegatto et al. 90 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 92,
16.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 101, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de
Pedra, B. Chiavegatto et al. 102, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 103,
17.VI.2004, fl., (RB); caminho para a Cantina, B. Chiavegatto et al. 105, 23.XI.2004, fl., (RB);
próxima à bifurcação Pião – Lagoa Seca, B. Chiavegatto et al. 126, 25.XI.2004, fl. (RB);
Leandra pennipilis é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia e Minas Gerais e
podendo estar exposta ao sol. Foram coletados materiais com flores e frutos durante todo o ano.
LXXX
Leandra salicina (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(4): 150-151. 1886.
hipanto e cálice, setoso-adpresso, castanho, tricmomas simples, não ramificados. Folhas com
pecíolo 0,4-0,7cm, cilíndrico; lâmina 3,5-7 x 0,5-1,8cm, verde discolor, face adaxial verde-
escura, brilhosa, plana, face abaxial alvo esverdeada a prateada, plana, cartácea, estreito-elíptica
a oblonga, base aguda, ápice agudo, margem inteira, ciliolada, revoluta; 3-5 nervuras acródromas
basais. Tirsóides ou botrióides 4-9cm, terminais; pedúnculo 2-5cm; brácteas ca. 5 x 1mm,
estreito-oblongas, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra; profilos 2-3 x 1-2mm,
triangulares, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 2-
3cm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as internas 1-
1,5 x 1mm, triangulares, ápice arredondado, margem inteira, as externas 2-2,4 x 0,5-1mm,
estreito-triangulares, ápice acuminado; pétalas 4-5 x 1-2mm, reflexas, elípticas, ápice agudo,
inapendiculado; ovário 2-3 x 2-3mm, prolongamento apical ca. 1mm, 4/5-ínferos, 3-locular,
glabro, estilete 7-9mm. Bacídios, 5-6 x 8-9mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.
LXXXI
Leandra salicina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo, em Floresta Ombrófila Densa, campos de altitude e campos rupestres,
próximas a cursos d´água, cujas áreas podem ser consideradas de transição entre o campo
rupestre arbustivo e matas ciliares. É provável que em períodos chuvosos do ano a espécie seja
parcialmente recoberta pela água. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de
novembro.
Leandra salicina possui ovário quase que totalmente adnato ao hipanto, estando livre
LXXXII
Figura 8: Leandra aurea a- ramo; b-b’indumento do ramo e variação; c- folha: variação da forma; d-d’- folha:
variação do indumento da face abaxial; e- hipanto e cálice; f- zona do disco e lacínias do cálice; g- pétala; h- estame;
i- secção longitudinal do ovário; (B.Chiavegatto et al. 108). Leandra erostrata j- ramo; k- indumento do ramo; l-
hipanto e cálice; m- zona do disco e lacínias do cálice; n- pétala, o- estame; p- secção longitudianl do ovário;
(M.A.Manhães 75). Escalas- 1cm: a, j; 2mm: b, c, d; 1mm: e, f, g, h, i, k, l, m, n, o, p.
LXXXIII
c
b a
j
g
h
m
l
k
Figura 9: Leandra eichleri: a- ramo; b- detalhe do indumento; c-d folha: face adaxial e abaxial; e- detalhe do
indumento; f- profilo; g- flor; h- zona do disco e lacínias do cálice; i- pétala; j- estames; k- secção longitudinal do
ovário, l- fruto, m- sementes; (B.Chiavegatto et al. 16). Escalas: 1cm: a; 2mm: c, d, g, l; 1mm: b, e, f, h, i, j, k.
LXXXIV
c
d
m
n
k
p j i
o
Figura 10: Leandra foveolata: a – ramo florífero; b – detalhe do indumento do ramo; c - hipanto e cálice; d - zona
do disco e lacínias do cálice; e - pétala; f - estame; g - secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 83).
Leandra salicina: h – ramo florífero; i – detalhe do indumento do ramo; j - hipanto e cálice; k - zona do disco e
lacínias do cálice; l - pétala, m - estame; n - secção longitudinal do ovário e estilete; o - fruto; p - semente (B.
Chiavegatto et al. 107). Escalas: 1cm: a, h; 2mm: b, c, o; 1mm: d, e, f, g, i, j, k, l, m, n; 0,5mm: p.
LXXXV
c
d
m
n
k
p j i
o
Figura 11: Leandra pennipilis: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - folha: variação da forma;
d-e - folha: faces adaxial e abaxial; f - detalhe do tricoma da face abaxial da lâmina foliar; g - profilo; h - flor; i -
zona do disco e lacínias do cálice; j - pétala; k - estame; l - bacídio; m - sementes (B. Chiavegatto et al. 126).
Escalas: 1cm: a; 2mm: b, g, h, i, l; 1mm: c, d, e, f, j, k, m.
LXXXVI
Figura 12: Leandra aurea: Variação morfológica da lâmina foliar
a a
b
LXXXVII
d
b
a b
e
d
Figura 14: a- Leandra eichleri; b- Leandra erostrata; c- Leandra pennipilis; d- Leandra foveolata; e-
Leandra salicina
LXXXVIII
IV.2.7- Marcetia DC., Prodr. 3: 124. 1828.
Rhexia taxifolia A.St.-Hil., in Humb. & Bompl., Monog. de Melast., Rhexies, 2: 150.
1823.
Fig: 15.
Subarbustos a arbustos 0,3-1m, eretos. Indumento nos ramos, folhas, profilos, pedicelo,
decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis ou até 0,3mm pecioladas; lâmina 6-7 x 2-3mm,
tênues em ambas as faces. Profilos 1,6-2 x 0,2mm, lineares, ápice acuminado, margem inteira,
ciliolada, revoluta, persistentes. Flores 4-meras, solitárias, axilares; pedicelo ca. 1,5mm; hipanto
2-3 x 2-3mm, tubuloso, levemente urceolado; zona do disco glabra; cálice verde, persistente,
tubo inconspícuo, lacínias 1-1,5 x ca. 0,5mm, unilobadas, triangulares, eretas, ápice acuminado,
margem inteira, ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, alvas, oblongo-elípticas, ápice curto-acuminado;
8 estames, isomórficos, de dois tamanhos, amarelos, menores ante-pétalos, filetes ca. 3mm,
glabros, anteras ca. 3mm, maiores antessépalos, filetes 3-4mm, anteras ca. 4mm, ambos com
bilobulado; ovário 1,5-2 x 1,5-2mm, livre no interior do hipanto ou até ¼-ínfero, 4-locular,
estilete 6-7mm, alvo, glabro, estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, levemente
s.n., 14.V.1970, fr. (CESJ 8582); no campo, L. Krieger s.n., 21.V.1970, fl., (CESJ 8632); sobre
LXXXIX
arenito, P. I. Braga s.n., 10 VII.1986, fl., (CESJ 21224); entre candeias, M. Eiterer s.n.,
08.VIII.1990, fl., (CESJ 25196); M. A. Heluey et al. 140, 22.VI.2001, fl. fr., (CESJ); próximo ao
Lago das Miragens, R. C. Forzza et al. 2450, 19.X.2003, fl., fr., (RB); janela de Céu, B.
Federal e nos estados de Roraima, Ceará, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, além da Colômbia, Guiana e
caatinga, mas pode apresentar uma ampla variação altitudinal, desde locais montanhosos até
No Parque, esta espécie foi encontrada somente no campo rupestre arbustivo, em regiões
mais úmidas, geralmente em locais sombreados por candeias ou outros arbustos maiores. Estes
ambientes possuem solos mais profundos e com maior riqueza de nutrientes. Foram coletados
Marcetia taxifolia apresenta flores isoladas, axilares, dispostas nos ápices dos ramos
De acordo com MARTINS (1989), esta espécie possui grandes variações morfológicas
para os espécimes da área, observou-se uma constância dessas estruturas. Ainda, neste trabalho,
XC
d’
d
c
e e’
b
f
a g
Figura 15: Marcetia taxifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d-d’- estame antepétalo e
detalhe do poro; e-e’- estame ante-sépalo e detalhe do conectivo; f- secção longitudinal do ovário; g-
fruto; h- sementes; ( P.I.Braga CESJ 21224). Escalas: 1cm: a; 1mm: b, c, d, e, f, g; 0,5mm: d’, e’, h;
XCI
IV.2.8- Miconia Ruíz & Pav. Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 102. 1871.
impressas, face abaxial com nervuras primárias e secundárias proeminentes. Brácteas e profilos
lacínias bilobadas, lobos internos maiores em comprimento que os externos; pétalas alvas,
subiguais em tamanho, filetes glabros, anteras com poro ventral; ovário parcialmente adnato ao
Miconia chartacea Triana, Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 119. 1871.
Arvoretas 2-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial da lâmina foliar,
ferrugíneo. Ramos achatados para o ápice, subcilíndricos para base, sulcados. Folhas com
pecíolo 1,2-2,5cm, estriado; lâmina 4-22 x 2,5-9,5cm, discolor, face adaxial verde a castanha,
face abaxial pardacenta a castanha, cartácea, elíptica, base agudo-cuneada, ápice acuminado,
cedo caducos, face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica,
de glomérulos 10,5-20,2cm, 2-4 ramos por nó, os acessórios, mais curtos, geralmente caducos na
frutificação; brácteas ca. 1 x 0,5mm, profilos ca. 0,5 x 0,5mm, ambos crassos, linear-oblongos,
ápice agudo, muito cedo caducos. Flores 5-meras, sésseis; hipanto 2-3 x 2-3mm, obcônico a
truncado, tubo e lacínias inconspícuos; pétalas 1-2 x 1-2mm, reflexas, obovadas, papilosas; 10
XCII
estames, alvos, filetes 1-2mm, reflexos, anteras 1-2mm, linear-obovadas; conectivo prolongado
1mm, apêndice dorsal calcarado, inconspícuo, ovário 0,8-1 x ca. 0,5mm, prolongamento apical
0,2mm, ¾-ínferos, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice, estigma truncado.
Bacáceos, 3-4 x 3-4mm, atropurpúreos; 1-2(3) sementes, 2-3 x 2-4mm, lenticulares, superfície
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, bosque próximo à área de
Camping, M. A. Manhães 03, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda da mata, F. R. G. Salimena s.n.,
11.XII.2000. fl., (CESJ 32676); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al.
11, 01.XII.2001, fl., (CESJ); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al.
1045, 18.V.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3040,
Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, em ambientes de cerrado,
áreas limítrofes com matas de neblina, sendo encontrada também nas bordas destas matas.
Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das folhas
XCIII
Miconia corallina Spring, Flora 20 (2): 77. 1837.
Arvoretas 1,5-3m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,
ápice e sub-cilíndricos para a base. Folhas com pecíolos 1,5-4cm, quadrangulares, sulcados na
face adaxial; lâmina 3,5-13,5 x 3,2-10,8cm, discolor, face adaxial verde, face abaxial alvo-
elíptica, ás vezes suborbicular, base arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, ás vezes
totalmente cobertas pelo indumento denso, crassas, largo-ovadas; profilos ausentes. Flores 4-
meras; pedicelo ca. 0,5mm; hipanto 1-2 x 1-2mm, obcônico-cuneado, 1/3-inferior glabro ou
subglabro; zona do disco glabra; cálice circuncisamente caduco, tubo e lacínias inconspícuos;
pétalas 1-2 x ca. 1mm, patentes, obovadas, papilosas no ápice; 8 estames, alvos a amarelos,
filetes 2-3mm, reflexos, sigmóides, anteras 1-2mm, eretas, conectivo prolongado ca. 0,5mm,
com inconspícuas projeções ventrais lobuladas na base; ovário ca. 1 x 1mm, prolongamento
apical 0,2mm, ½-ínfero, 8-costado, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice,
estigma truncado. Bacáceos 2-4 x 2-3mm, alaranjados; 2-3 sementes, 1-3 x 1-3mm,
XCIV
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,
M. A. Manhães 62, XI.1999, fl., (CESJ); Portaria, R. C. Forzza et al. 1817, 09.II.2001, fr.,
(CESJ, RB); no campo rupestre arbustivo, R. M. Castro et al. 205, 25.III.2001, fr., (CESJ, RB);
entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 07, 01.XI.2001, fl., (CESJ); entre
a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 43, 03.II.2002, fr., (CESJ); trilha para
Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 51, 23.III.2002, fr., (CESJ); próxima à estrada para
Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1046, 18.V.2002, fr. (CESJ); proximidades do Rio do
Miconia corallina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
encontrada também no campo rupestre sensu stricto, cerrado de altitude e em borda de mata
nebular e mata ciliar. Ocorre simpatricamente com M. chartacea. Foram coletados indivíduos
Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das
flores alvas.
As flores pequenas, adensadas nas inflorescências com pétalas reflexas possibilitam que os
coleópteros. O indumento está constituído por tricomas estrelados com raios longos e
entrelaçados entre si. As lacínias do cálice estão completamente revestidas pelos tricomas,
tornando-as quase indistinta na flor e as anteras apresentam um septo residual bem evidente na
região do poro.
XCV
Miconia sellowiana Naud., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 3- 16 (4): 206. 1851.
Arvoretas 2-4m. Indumento nos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e
cilíndricos, decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 0,5-1cm, caniculado na face
lanceolada, base aguda, ápice atenuado-acuminado, margem serreada, ambas as faces cedo
glabrescentes; 5 nervuras acródromas ca. 0,3mm suprabasais, par marginal tênue; domácias
marsupiformes, axilar-primária, no par mais interno membrana na face abaxial conspícua ou não.
Tirsóides 3,5-10cm, terminais, com dois ramos por nó; brácteas 1,5-2 x ca. 2mm, crassas,
lanceoladas, cedo caducas; profilos 0,5-1 x ca. 1mm, crassos, lineares, cedo caducos. Flores 5-
meras; pedicelo 1-2mm; hipanto 2-3 x 2-3mm, campanulado; cálice circuncisamente caduco,
tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas crassas, incosnpícuas, denticuladas, as internas 1-2
ápice; pétalas 2-3 x 2-3mm, patentes, obovadas; 10 estames, filetes 1-2mm, anteras 2-3cm,
amarelas, obovadas, uniporadas, base cuneada, poro ventral amplo, oblíquo, conectivo
3-4mm, espessado no ápice, estigma truncado. Bacáceos 3-6 x 3-6mm, 10-costados, amarelos
quando jovens, atropurpúreos quando maduros; 3-8 sementes, 1-2 x 1-2mm, obovado-angulosas,
15.V.1970, fl., fr., (CESJ 8648); na beira do mato, L. Krieger s.n., 27.IX.1970, fr., (CESJ 9243);
na mata de galeria, U. Confúcio s.n., 29.IX.1970, fl., (CESJ 9365); no campo arenítico ao lado da
XCVI
mata, L. Krieger s.n., 01.XI.1973, fl., (CESJ 13167, RB); no campo encharcável, M. A. Heluey et
al. 30, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ,RB); no campo rupestre, R. M. Castro et al. 201, 25.III.2001, fr.,
(CESJ, RB); em mata ciliar na Prainha, B. Chiavegatto et al. 20, 02.XII.2001, fr., (CESJ);
estrada para o Monjolinho próxima ao curso d’água, B. Chiavegatto et al. 24, 02.XII.2001, fr.,
(CESJ); mata ciliar próxima a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 50, 23.III.2002, fr., (CESJ);
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
florestais diversas.
Espécie muito comum no Parque sendo encontrada, principalmente, nas áreas de campo
rupestre arbustivo, nas áreas de transição entre campo rupestre arbustivo e áreas florestais e
também, no interior das matas ciliares, onde é encontrada em locais mais sombreados e
apresentando maior porte. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro
a maio.
Esta espécie pode ser facilmente identificada pelas domácias marsupiformes nas axilas das
nervuras acródromas, na face abaxial das folhas e pelas anteras com um poro amplo, oblíquo e
inclinado ventralmente.
Nas coleções analisadas para a área foram encontradas poucas sementes por fruto (4-8) e
muitas sementes abortadas (diminutas e atrofiadas até ca. 1mm), enquanto GOLDENBERG
XCVII
Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. in Mart & Eichler. Fl. bras 14(4): 419. 1888.
Arvoretas 2-4,5m. Indumento nos ramos, folhas, brácteas, profilos, inflorescência, hipanto
decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 1-1,5cm, vermelho-vinoso, sulcado na face
adaxial; lâmina 2-12 x 1,2-3,5cm, verde concolor, cartácea, oblongo-elíptica a obovada, base
face abaxial inconspícua ou ausente, axilar-primária. Tirsóides 8-16,5cm, terminais; brácteas ca.
1,5 x 1,5mm, crassas, lanceoladas, cedo caducas; profilos ca. 0,5 x 1mm, crassos, lineares, cedo
caducos. Flores 5-meras; pedicelo ca. 1mm, estrigoso; hipanto 1-2 x 1-2mm, urceolado; zona do
disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias eretas, crassas, as externas ca. 0,5 x
1mm, denticuladas, ápice agudo, as internas ca. 1 x 1mm, oblatas, ápice arredondado; pétalas 1-
1,5 x 1-1,5mm, patentes, obovadas, 10 estames, alvos, filetes 1-2mm, sigmóides, anteras 1-2mm,
obovadas, 4-poradas, poros terminais, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice dorso-
basalmente calcarado; ovário ca. 1 x 1mm, 1/3-ínfero, 5-locular, estilete ca. 3mm, espessado no
ápice, estigma capitado. Bacídios ca. 2 x 2-3mm, atropurpúreos, polispérmicos; sementes 0,3-
Confúcio s.n., 28.IX.1970, fl., (CESJ 9342); no bosque próximo à área de Camping, M. A.
Manhães 04, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto na Cachoeira do Cinema, F. R.
G. Salimena s.n., 11.XII.2000, fl., (CESJ 32758, RB); trilha para a Lombada, R. C. Forzza et al.
XCVIII
1786, 08.II.2001, fr., (CESJ, RB); trilha entre a Lombada e o Pico do Pião, R. C. Forzza et al.
3248, 11.III.2004, fl., fr., (RB); trilha da Lagoa Seca para o Monjolinho, R. C. Forzza et al.
América Central até Santa Catarina, em áreas brejosas, florestais, de campo rupestre e de
cerrado.
de altitude e também na borda de mata de neblina e mata ciliar. Foram coletados espécimes com
No campo é possível observar uma coloração vinosa nos ramos jovens, pecíolos e nervuras
das lâminas foliar. Foi observada a visitação por Diptera e Vespoidea durante o período de
floração.
Um caráter diagnóstico para esta espécie são as tecas biesporangiadas, formando anteras
tetraporadas.
Os tricomas glandulares são difíceis de ser visualizados nos ramos e face adaxial da lâmina
foliar devido a coloração escura das mesmas que se mesclam com a coloração do próprio
tricoma.
XCIX
Miconia sp. nova
Arvoretas 2,5-3m alt.; indumento dos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos,
hipanto, face adaxial das lacínias do cálice e frutos densa a esparsamente estrelado-tomentoso,
tricomas pedicelados e sésseis, caducos. Ramos jovens achatados, adultos cilíndricos. Pecíolo
0,7-1,4cm compr.; lâmina 4,6-16,5 x 2-7,3cm, discolor, face adaxial verde-escura a castanha,
basais ou as mais internas até 1mm suprabasais, estas e nervuras secundárias transversais
oblongas, pecioladas; brácteas não foliáceas crassas, ca. 12 x 3mm, involucrais, estreito-
ca. 3,5 x 2,5mm, crassos, involucrais, obovados, ápice obtuso a arredondado, persistentes ou
tardiamente caducos. Flores com pedicelo 2-3mm compr.; hipanto 4-4,5 x 4,5-5cm,
caduco, lacínias bilobadas, eretas, lobos externos ca. 0,5 x 0,5mm, inconspicuamente
denticulados, obscurecidos pelo indumento, lobos internos ca. 1,7 x 1,7mm, triangulares, ápice
agudo, face adaxial glabra; corola pentâmera, pétalas 3-3,2 x 2-2,5mm, alvas, reflexas, obovadas,
estames, alvos, subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes 3-4mm, filiformes, anteras 3-4mm
compr., oblongas, poro terminal-ventral, conectivo prolongado 1-1,5mm abaixo das tecas,
C
geralmente inapendiculados, às vezes com apêndice lateralmente bilobulado; ovário 2-2,5 x 2-
2,5mm, ½-ínfero, globoso, 3-locular, glabro; estilete 12-13mm, dilatado no ápice; estigma
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha entre a Lombada e
o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 3250, 11.III.2004, fr., (RB); trilha para o Monjolinho, B.
Chiavegatto et al. 85, 15.VI.2004, fl. (RB); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 87,
15.VI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 123, 25.XI.2004,
fl., (RB);
Miconia sp. nova é uma espécie restrita ao Parque Estadual do Ibitipoca, onde ocorre,
As principais características diagnósticas desta espécie são a face adaxial da lâmina foliar
a 19, além do conectivo inapendiculado na maioria das anteras e, às vezes, com dois lóbulos
laterais. Provavelmente, foi a superfície bulada da face adaxial da folha que induziu a
urophylla DC., uma espécie da seção Hypoxanthus (DC.) Hook. f. (= seção Chaenanthera
(Naudin) Cogn., Goldenberg 2004). Entretanto, suas inflorescências não em glomérulos, brácteas
e profilos não involucrais e a deiscência das anteras como um poro amplo, prolongado para a
CI
Por apresentar anteras oblongas, com base atenuada, uniporadas e conectivo geralmente
espécies desta seção, aproxima-se de M. cinnerascens Miquel pela lâmina foliar com margem
crenulada a denticulada, face abaxial com indumento constituído de tricomas estrelados e cinco
nervuras acródromas, inflorescências de glomérulos, flores com cinco lacínias no cálice e cinco
pétalas. Entretanto, esta espécie difere, principalmente, pela lâmina foliar com a face adaxial não
bulada e a face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica, brácteas e
profilos não involucrais, flores sésseis, cálice e corola 5-6-meros, 10-12 estames e menor
Entretanto, observa-se uma inconsistência das circunscrições das seções estabelecidas por
para esse gênero. Desse modo, pelas inflorescências com ramos não espiciformes, flores
base, poderia ser integrada à seção Miconia ser. Glomeratiflorae, próxima a Miconia
warmingiana Cogn., principalmente, pelos pecíolos curtos (0,7-1,4cm), lâmina foliar oblonga,
Entretanto, esta espécie difere pela face adaxial das folhas não bulada, brácteas e profilos não
involucrais, flores sésseis, pétalas de dimensões menores (1,5-2 x ca. 1mm), cálice pentâmero,
com lobos internos arredondados, estames em número de 10, menor comprimento dos filetes (ca.
CII
Figura 16: Miconia chartacea: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - flor; d - hipanto, cálice e
estilete; e - zona do disco e lacínias do cálice; f - estame; g - secção longitudinal do ovário; h - bacáceo; i - sementes
(B. Chiavegatto et al. 11; ramo, R.C. Forzza et al. 3044). Miconia corallina: j – ramo florífero; k - detalhe do
indumento do ramo; l - flor; m - hipanto, cálice e estilete; n - zona do disco e lacínias do cálice; o - estame; p -
secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 43). Escalas: 2cm: a; 1cm: j; 2mm: b, k; 1mm: c, d, e, f, g, h, i, l,
m, n, o, p.
CIII
d
e f
g
g’ h
b a i
m
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l
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p’
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r s
Figura 17: Miconia sellowiana: a - ramo florífero; b - folha: face abaxial com domácias; c - flor; d -
profilo, hipanto e cálice; e - zona do disco e lacínias do cálice; f- lacínias do cálice; g -g´- estame e detalhe do poro;
h-h’ - bacáceo; i - semente (B. Chiavegatto et al. 24). Miconia theaezans: j – ramo florífero; l-m - folha: face
abaxial - base e margem; n - profilo e flor; o - hipanto e cálice; p-p’ - estame e detalhe do poro; q - secção
longitudinal do ovário; r - bacídio; s- semente (R.C. Forzza et al. 1786). Escalas: 1cm: a, k; 1mm: b, c, d, e, f, h, i, j,
k, l, m, n, o, p, q, r; 0,5mm: g, s;
CIV
Figura 18: Miconia sp. nova: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c-d – folha: faces
adaxial e abaxial; e – detalhe de um glomérulo, com brácteas involucrais; f - profilo; g - flor; h - pétala; i - estame; j
– variação morfológica da base do conectivo; k - estigma; l - secção longitudinal do ovário; m - bacáceo; n -
sementes (B. Chiavegatto et al. 123). Escalas: 1cm: a; 2mm: b, c, d, f, g, h; 1mm: i, j, k, l, m; 0,05: p.
CV
a
d’ d
Figura 19: a- Miconia corallina; b- Miconia chartacea; c- Miconia sellowiana; d-d’- Miconia sp. nova
hábito e detalhe da inflorescência, respectivamente.
CVI
IV.2.9- Microlicia D. Don, in Mem. Wern. Soc. 4: 301. 1823.
decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis, cartáceas, eretas ou patentes, base atenuada.
Brácteas e profilos ausentes. Flores 5-meras, solitárias; zona do disco glabra; hipanto vinoso,
ventral espatulado, ápice truncado, amarelo, ambos com filetes vinosos, glabros, anteras com
ápice rostrado, poro ventral; ovário livre no interior do hipanto, 3-locular, glabro no ápice,
Rhexia fulva Spreng., Neve Entd. 1 301. Syst. Veget. 2. 308. 1825.
Subarbustos 20-40cm, não cespitosos; entrenós 4-6mm. Indumento nos ramos, folhas,
ascendentes, não adpressas, oblongas, elípticas, ápice obtuso, curto-apiculado, margem inteira,
ciliolada; 3 nervuras acródromas basais, ambas as faces com nervura central evidente e nervuras
laterais inconspícuas. Flores terminais; pedicelo 2-3mm; hipanto 2-3 x ca. 2mm; lacínias do
cálice 3-4 x 1-2mm, margem ciliada; pétalas 8-9 x 5-6mm; estames ante-pétalos com filetes ca.
CVII
2,5mm, anteras ca. 1,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames
antessépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice
ca. 1mm; ovário ca. 2 x 3mm, estilete 4-5mm. Cápsulas loculicidas 3-4 x 4-5mm; sementes ca.
0,5 x 0,5mm.
Monjolinho, F. R. Salimena s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24683); proximidade da Cantina, R.
C. Forzza et al. 3095, 09.II.2004, fl., fr., (CESJ); entre a Ponte de Pedra e o Camping, R. C.
Forzza et al. 3285, 30.III.2004, fl. fr., (RB); bifurcação Monjolinho e Ponte de Pedra, B.
Microlicia fulva é endêmica do Brasil, ocorre no Distrito Federal e nos estados da Bahia e
cerrado de altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com exposição direta do sol. Foram
depressões na epiderme. Os tricomas pubescentes são muito diminutos, sendo difícil sua
tricomas simples, maior largura das folhas e diferentes valores de comprimento dos entrenós em
CVIII
Microlicia isophylla DC. Prodr. 3: 120. 1828.
Subarbustos 60-80cm, cespitosos; entrenós 3-3,5mm. Folhas 3-5 x 1-2mm, imbricadas pela
levemente crenulada; 1 nervura acródroma basal, evidente em ambas as faces. Flores axilares, às
vezes terminais; pedicelo 1-2mm; hipanto 1-2 x 2-3mm; lacínias do cálice 1-1,5 x 2-3mm;
pétalas 3-4 x 5-7mm, estames ante-pétalos com filetes 2-3mm, anteras 1-1,5mm, conectivo
prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames ante-sépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras
ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2,5mm, apêndice ca. 1mm; ovário 2-2,5 x 2-2,5mm, estilete
4-5mm. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, vinosas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm.
s.n., 14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8650); sob candeia, R. C. Oliveira s.n., 08.VII.1990, fl., fr., (CESJ
25195); na trilha para a Ponte de Pedra, M. Eiterer et al. 18, 22.XI.1992, fl., (CESJ); campo
rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fl., fr., (CESJ 36545); aceiro leste, R. C. Forzza et al.
1808, 09.II.2001, fl., (RB); na estrada próxima a Gruta dos Coelhos, B. Chiavegatto et al. 28,
22.II.2002, fl., (CESJ); caminho para o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 2440, 18.X.2003, fl., fr.,
(RB); atrás do prédio da Polícia Florestal, L. Menini Neto et al. 100, 04.II.2004, fl., (RB);
Microlicia isophylla é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
cerrado.
CIX
No Parque, esta espécie pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo e cerrado de
altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com alta incidência solar. Foram coletados
glandulares sésseis. É reconhecida pelo padrão de distribuição das folhas ao longo dos ramos, em
que as folhas apresentam o mesmo comprimento ou são um pouco maiores que os entre-nós.
A flor terminal pode parecer corresponder a flor central de um dicásio, porque logo abaixo
das flores axilares adjacente ao pedicelo, o ramo continua seu crescimento indeterminado.
CX
IV.2.10- Siphanthera Pohl, Pl. Bras. Ic. 1: 102, t. 84, 85. 1827.
Siphanthera arenaria (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(3): 193. 1883.
Ervas 9-40cm, parcialmente prostradas e eretas, às vezes cespitosas; geralmente com raízes
adventícias. Indumento nas porções prostradas dos ramos a até cerca de 1/5-inferior da porção
ereta, densamente viloso, ferrugíneo, esparsamente piloso glanduloso vináceo, nas porções eretas
dos ramos, folhas, hipanto e cálice, cabeça glandular ás vezes caduca. Ramos tetragonais, 4-
subcostados. Folhas sésseis ou até 1,6mm pecioladas, neste caso restritas às porções prostradas
dos ramos até ca. 1/5-inferior da porção ereta; lâmina 3-16 x 1-10mm, discolor, ou não, face
adaxial verde, face abaxial vinosa, membranácea, ovada a elíptica, base arredonda a obtusa,
Tirsóides de cimeiras 5-18cm, terminais, bracteosos ou também com flores isoladas; pedúnculo
1,5-4cm; brácteas foliáceas 4-8 x 3-6mm, elípticas, ápice agudo, margem levemente serreada,
persistentes; profilos ausentes. Flores 4-meras; pedicelo 3-4mm, hipanto 3-4 x 3-4mm, vinoso,
tubuloso; zona do disco glabra; cálice vinoso, persistente, lacínias 2-3 x 3-4mm, largo-
estames, amarelos, de dois tamanhos, dimórficos, ante-pétalos menores, filetes ca. 2mm, glabros,
anteras ca. 2mm, ápice com rostro curto cilíndrico, poro terminal, conectivo prolongado ca.
1mm, apêndice ventral bilobulado, antessépalos maiores, filetes ca. 3mm, glabros, anteras ca.
3mm, ápice com rostro cilíndrico, poro terminal, conectivo inconspícuamente prolongado,
apêndice ventral bilobulado; ovário 2-3mm, livre no interior do hipanto, 2-locular, glabro,
CXI
estilete 4-5mm, amarelo, glabro, estigma capitado. Velatídios 4-5 x 4-5mm; sementes ca. 0,5 x
Salimena et al. s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24669); caminho para Cachoeira dos macacos, F.
R. S. Pires et al. s.n., 29.VI.1991, fl., (CESJ 25335); na trilha para Cachoeirinha, M. Eiterer et
al. 74, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ); no campo rupestre encharcável sazonalmente, L. G. Rodela
Q8-184, III.1996, fl., fr., (CESJ); na Lagoa Seca, M. A. Heluey et al. 12, 10.XII.2000, fl., fr.,
(CESJ); no campo encharcável, M. A. Heluey et al. 54, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima à
Lagoa Seca, R. C. Forzza et al. 1838, 10.II.2001, fl., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M. A.
Heluey et al.101, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 118, 19.V.2001, fl., (CESJ); M.
A. Heluey et al. 128, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A.
Heluey et al. 143, 19.V.2001, fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 63,
24.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 89, 16.VI.2004, fl., (RB); no
Siphanthera arenaria é uma espécie endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais,
sendo registrada pela primeira vez no Parque Estadual do Ibitipoca, onde são encontradas,
principalmente, em campo rupestre arbustivo, próximas aos cursos d’água, em solo raso,
arenoso, úmido, com alta incidência solar e também freqüentemente em locais encharcados
sazonalmente. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de dezembro a junho.
São, geralmente, plantas herbáceas, prostradas e eretas, podendo ser cespitosas, com ramos
CXII
Siphanthera arenaria apresenta propagação vegetativa formando clones, aparentemente
Esta espécie enquadra-se na seção Mesneria (DC.) Hooker, pelas flores pediceladas, com
oito estames, sendo quatro menores e pelo conectivo prolongado abaixo das tecas.
CXIII
Figura 20: Microlicia fulva: a – ramo florífero; b - folha; c - flor; d - hipanto e cálice; e-e’ - estame ante-pétalo e
detalhe do poro; f – estame antessépalo; g - secção longitudinal do ovário; h – cápsula loculicida (B. Chiavegatto et
al. 82). Microlicia isophylla: i – ramo florífero; j - folha; k - flor; l - profilo, hipanto e cálice; m - estame ante-
pétalo; n – estame antessépalo; o - fruto; p - semente (B. Chiavegatto et al. 28). Siphanthera arenaria: q - ramo
florífero; r - folha; s - flor; t - hipanto e cálice; u - estame ante-pétalo; v – estame antessépalo e detalhe do poro; w -
secção longitudinal do ovário; x - velatídio; y - semente (B. Chiavegatto et al. 97). Escalas: 1cm: a, i, q; 2mm: b, c,
d, o, 1mm: e, f, g, h, j, k, l, m, n, q, r, s, t, u, v, x; 0,5mm: p, y.
CXIV
a
b’
Figura 21: a- Microlicia fulva; b-b’- Siphanthera arenaria na paisagem e detalhe da flor,
respectivamente.
CXV
b
IV.2.11- Tibouchina Aubl. Pl. Gui. 1: 445. t. 177. 1775.
secundárias impressas na face adaxial, proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos caducos.
disco glabra; lacínias do cálice unilobadas; pétalas roxas, ás vezes róseo-arroxeadas, obovadas,
anteras rugosas, ápice subulado, não abruptamente estreitado, poro ventral, conectivo prolongado
abaixo das tecas, apêndices ventrais; ovário 5-locular parcialmente adnato ao hipanto através de
septos para o ápice. Frutos capsulares, dos tipos velatídio ou ruptídio, polispérmico; sementes
Tibouchina collina (Naudin) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 318. 1885.
Lasiandra collina Naudin, Ann. Sci. Nat., ser. 3, 13(3): 148. 1850.
pecíolos 2-3mm, sulcados na face adaxial; lâmina 8-28 x 6-29mm, subcoriácea a coriácea,
com depressões, não reticulada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimas de dicásios, dicásios
simples ou flores solitárias, terminais, sésseis, ou pedúnculo 5-11cm; brácteas 2-3 x 2-3cm,
CXVI
involucrais, vinosas, cuculadas, obovadas, face adaxial densamente hirsuto e pubescente-
glandulosa, cabeça glandular cedo caduca, face abaxial glabra. Flores com pedicelo ca. 2mm;
hipanto 4-5 x 8-10mm, região mediana estriguloso-glandulosa, cabeça glandular caduca; cálice
vinoso, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 4-5mm, triangulares, ápice agudo-apiculado, margem
caduca, para os bordos hirsuto-glandulosa, face abaxial glabra; pétalas 15-17 x 16-18mm,
anteras 3-4mm, oblongas, ápice arredondado, conectivo prolongado ca. 2mm, curvo, apêndice
glandulosos, anteras 3-4mm, oblongas, ápice obtuso, conectivo prolongado ca. 1mm, geniculado,
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671); nos campos altos, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ
14585, RB); M. Brügger s.n., 14.VII.1977, fl., (CESJ 17409); Morro da Lombada, L. G. Rodela
Q4-84, 16.II.1996, fl., (CESJ); área do Camping, M. A. Manhães 26, 06.VII.1999, fl., fr.,
(CESJ); próxima ao Pico do Pião, M. A. Heluey et al. 53, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no
campo encharcável, M. A. Heluey et al. 115, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no caminho entre o
Pico do Pião e a Pedra do Gavião, R. M. Castro et al. 366, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); acima da
entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 12, 01.XII.2001, fl., (CESJ); acima da
Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 40, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); em frenta a Casa de
Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 46, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na Ponte de Pedra, B. Chiavegatto
CXVII
et al. 56, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 88, 16.VI.2004, fl.,
(CESJ);
Material Adicional: Serra do Ibitipoca e Serra Negra, A. St-Hilaire 236, fl. (P, Síntipo),
Tibouchina collina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais e São
Amplamente distribuída por toda região de campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude
no Parque, ocorrendo em solos rasos e arenosos a até sobre solos mais profundos, com muita
inscidência solar ou raramente em locais sombreados. Foram coletados espécimes com flores e
No campo, T. collina pode se facilmente identificada pela base de suas folhas cordadas e
inflorescências com poucas flores grandes e vistosas. Foi observado que as pétalas são ingeridas
por pássaros.
qual se distingue pelo tipo de indumento glanduloso, face adaxial da lâmina foliar bulada,
Ibitipoca por St. Hilaire e Langsdorff de acordo com COGNIAUX (1883-88) na Flora
Brasiliensis.
Tibouchina collina é muito afim de T. vauthieri Cogn. sendo distinta por características
pouco consistentes, de limites frágeis que geralmente se sobrepõem, como por exemplo número
CXVIII
de nervuras acródromas e forma da base da lâmina foliar e tipo de indumento. As características
observadas nos espécimes do Parque estão de acordo com exemplares tipo de T. collina
analisados (P). Defende-se que essas duas espécies possam corresponder a um único táxon, mas
somente após análise da coleção tipo de T. vauthieri, poderá ser efetivada uma sinonimização.
Tibouchina frigidula (DC.) Cogn. in Mart. & Eicher, Fl. bras. 14(3): 328. 1885.
nervuras acródromas na face abaxial da lâmina foliar e porção basal e mediana das lacínias do
subcilíndricos ou 3-angulosos para base, simples, raramente ramificadas nas porções apicais.
Folhas freqüentemente ternadas, quando opostas próximas à base da inflorescência, sésseis a ca.
1mm pecioladas; lâmina 1,5-10 x 0,8-6,5cm, elíptica a oblonga, às vezes estreito-obovada, base
espessada, revoluta, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3(5) nervuras
acródromas basais, par marginal inconspícuo e confluente ou não ao par interno na base.
Tirsóides de dicásios, díades e/ou mônades 3,5-20cm, ramos opostos ou ternados, terminais,
cuculados, face abaxial glabra. Flores com pedicelo 3-4mm; hipanto 6-7 x 7-8mm; cálice
caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 8-16 x 7-10mm, oblongo-obovadas, ápice arredondado, estrigosa
na porção mediana, margem ciliolada; pétalas 10-23 x 8-18mm, margem levemente ciliolada;
estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 7-
8mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na face adaxial, anteras linear-
CXIX
subuladas, falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 5-6
x 5-6mm, ½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a Ponte de
Pedra, M. Eiterer et al. 44, 22.II.1992, fl., (CESJ); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto
et al. 22, 02.XII.2001, fr., (CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 31, 02.II.2002,
fl., (CESJ); subida para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 37, 03.II.2002, fl., (CESJ);
subida para Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 38, 03.II.2002, fl., (CESJ);subida para a
Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1049, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das
Bromélias, F. R. Salimena et al. 1050, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias,
Tibouchina frigidula é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná em ambientes de campo rupestre, cerrado e campo de altidude.
altitude, geralmente em solos mais profundos e locais sombreados. Foram coletados espécimes
do estame, gineceu e fruto. Entretanto, T. frigidula difere, a princípio, pela nítida ramificação dos
ramos nas porções apicais, principalmente quando em floração, cujo conjunto floral complexo
pode ser caracterizado como uma sinflorescência terminal, e pelas menores dimensões dos
profilos, lacínias do cálice e pétalas. Analisando-se outras coleções do herbário RB para as duas
CXX
espécies, pode-se reforçar o comentário acima, uma vez que essas características diagnósticas
A fragilidade nos limites das circunscrições dessas duas espécies também pode ser
como filotaxia e pilosidade, se sobrepõem. Por esta razão, futuros estudos com base em material
muito distinta, principalmente, pela densidade dos tricomas e pelo conjunto de brácteas. Esta
Involucrales.
Tibouchina heteromalla (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 336. 1885.
cálice, híspido-seríceo, tricomas adpressos, vinosos nos ramos jovens. Ramos tetragonais,
angulosos, ramificados. Folhas com pecíolos 0,3-2,8cm, sulcados; lâmina 5,5-12,5 x 3,0-6,5cm,
discolor, face adaxial verde-escura, face abaxial verde-clara, cartácea, elíptica, ápice agudo a
face adaxial bulada, densamente serícea a hispídulo-setulosa, tricomas alvos, vinosos adpressos
terminais; pedúnculo 10-12cm; brácteas 7-8 x 4-5mm, involucrais nos botões, lanceoladas,
côncavas, ápice agudo; profilos 3-4 x 2-3mm, cuculados, lanceolados, ápice agudo. Flores com
CXXI
pedicelo 3-4mm; hipanto 8-9 x 4-7mm, densamente seríceo-adpresso; tubo do cálice ca. 1mm,
lacínias 6-7 x 4-5mm, triangulares, ápice acuminado; pétalas 13-17 x 12-15mm, base
unguiculada, alva a vinosa, margem levemente ciliolada; estames roxos, antessépalos com filetes
6-7mm, anteras 6-7mm, conectivo prolongado ca. 1mm, setuloso-glandular, apêndice ventral
biauriculado, ante-pétalos com filetes 5-6mm, anteras 4-5mm, conectivo prolongado ca. 0,5mm,
apêndice ventral geniculado, inconspícuo bilobulado, ambos com filetes setulosos na base,
anteras linear-subuladas; ovário 7-9 x 3-6mm, 1/3-ínfero, seríceo no ápice, estilete 5-8mm,
setuloso, curvo na extremidade apical, estigma capitado. Ruptídios 10-15 x 6-8cm; sementes ca.
0,5 x 1mm.
s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8633); no campo, L. Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671);
lugares mais abrigados, M. Brügger s.n., 23.III.1978, fl., (CESJ 17410); no campo rupestre, F. R.
Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24675); trilha para a Cahoeirinha, M. Eiterer et al. 75,
23.II.1992, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela 2C1, VIII.1998, fl., (CESJ); campo
rupestre em solo arenoso com encharcamento sazonal, L. G. Rodela (1c-6), XII.1998, fr., (CESJ,
RB); F. S. Araújo et al. 16, 09.II.2001, fl., (CESJ); campo encharcado, F. S. Araújo et al. 35,
10.II.2001, fl., (CESJ); próxima à Cantina, B. Chiavegatto et al. 19, 02.XII.2001, fl., (CESJ);
próxima ao Camping, B. Chiavegatto et al. 34, 03.II.2002, fl., (CESJ); subida para o Lago dos
Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes
campestres e florestais.
CXXII
No Parque, esta espécie ocorre amplamente distribuída por toda região de campo rupestre e
cerrado de altitude, geralmente em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Foram
face abaxial das folhas, produzindo um reflexo prateado que, juntamente com os tricomas
enquanto T. holosericea possui folhas subsésseis e conectivo glabro, além de ter sido
Tibouchina hieracioides (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 389-390.
1885.
Ervas 28-40cm; raízes adventícias presentes. Indumento nos ramos, folhas, inflorescência,
Ramos tetragonais, costados, simples, não ramificados. Folhas sésseis até 4mm pecioladas;
lâmina 2,5-7 x 2,8-3,7cm, membranácea, elíptica a ovada, base subcordada a arredondada, ápice
agudo, margem inteira, hirsuto-ciliada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimóides de dicásios e
mônades, 4,8-9,5cm, terminais; pedúnculo 9-10cm, com invólucro de brácteas e/ou profilos
rosulados na base dos agrupamentos florais; brácteas foliáceas 15-20 x 8-15mm; profilos 4-5 x
2-3mm, lanceolados, margem inteira, ciliada. Flores com pedicelo ca. 4mm; hipanto 8-10 x 6-
CXXIII
7mm; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 3-4mm, vinosas a róseas, triangulares,
ápice acuminado, margem inteira, ciliada; pétalas 16-18 x 15-16mm, róseo-arroxeadas, margem
ciliolada; estames antessépalos com filetes 7-8mm, anteras 8-9mm, conectivo prolongado ca.
1mm, apêndice ventral biauriculado, estames ante-pétalos com filetes 7-8mm, anteras 6mm,
conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice ventral bilobado, ambos com filetes roxos, glabros,
anteras amarelas, linear-subuladas; ovário 3-4 x 3-4mm, 1/3-¼-ínfero, setuloso no ápice, estilete
14-15mm, flexuoso, roxo, glabro, estigma capitado. Ruptídios 10-12 x 6-7mm, urceolados;
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a gruta das
Bromélias, M. Eiterer et al. 15, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); acima da Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 42, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na subida para a Gruta das Bromélias, B.
Chiavegatto et al. 119, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B.
Material adicional: Minas Gerais, entre São João D’El Rey e Piedade, E. Pereira & Pabist
3175, 26.IV.1957, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schawacke 10031, XII.1893, fl., fr., (RB);
Carandaí, campo seco, A. P. Duarte s.n., 25.XI.1940, fl., fr., (RB 60427); Campos Posto 516,
XII.1916, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schwacke 9946, XII.1893, fr., (RB);
Tibouchina hieracioires é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio
rupestre arbustivo, mais especificamente, na trilha para a Gruta das Bromélias, sobre solos mais
CXXIV
profundos e em local sombreado. Geralmente está camuflada por gramíneas, o que dificulta sua
localização, sendo visível somente no período de floração, pelo contraste de suas pétalas roxas e
anteras amarelas com o verde da vegetação ao redor. Foram encontrados espécimes com flores
Planta herbácea, facilmente reconhecida por seu pequeno porte, indumento nigrescente e
Tibouchina martiusiana (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 327. 1885.
Arbustos 1-2 m. Indumento nos ramos, inflorescência, profilos, hipanto, face abaxial
sobre as nervuras acródromas das folhas e brácteas foliáceas e porção basal e mediana das
subcilíndricos para base e subtetragonais para o ápice, ramificados nas porções apicais. Folhas
opostas, sésseis a ca. 0,2mm pecioladas; lâmina 1,2-5 x 0,8-2,7cm, cartácea, elíptica a ovada,
raramente oblonga, base arredondada a subcordada, ápice agudo a obtuso, margem crenulada,
espessada, estriguloso-adpressa, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3-5 nervuras
x 4-15mm, persistentes ou tardiamente caducas, face adaxial glabra; profilos 5-6 x 4-5mm,
elíptico-ovados, côncavos, margem ciliada, face adaxial glabra. Flores com pedicelo 7mm;
hipanto 6-7 x 5-6mm; cálice caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 5-6 x 3-4mm, vinosas, ovado-
CXXV
oblongas, ápice arredondado, margem ciliolada; pétalas 10-12 x 10-12mm, margem ciliolada;
estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 7-
8mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na base, antera linear-subulada,
falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 4-5 x 4-5mm,
½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios 6-7 x 5-
14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8532, RB); na subida para a Pedra do gavião, R. M. Castro et al. 368,
19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 47,
Esta espécie é esporádica no Parque, em região apenas de campo rupestre arbustivo. Foram
Foi observado muito raramente, em outras coleções do RB, com espécimes não coletados
no Parque, folhas ternadas, e quando isto ocorre, estas estão nas porções mais basais dos ramos.
nesta espécie, foi também encontrado em outras espécies de Tibouchina BAUMGRATZ et al.
inédito)
CXXVI
Tibouchina semidecandra (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl.
Arbustos 1-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial das brácteas, hipanto e lacínias
angulosos, decorticantes quando adultos. Folhas opostas, pecíolos 0,3-0,8cm; lâmina 2-6,2 x 1-
3,2cm, discolor, face adaxial rósea a vinosa, face abaxial verde, elíptica a ovada, base obtusa a
par interno basal, par marginal suprabasal e confluente ao par interno. Flores isoladas, ás vezes
vinosas, cuculadas, ovadas a orbiculares, ápice arredondado, margem inteira ciliolada, face
adaxial glabra. Flores com pedicelo 7-8mm; hipanto 9-8 x 5-10mm; tubo do cálice ca. 2mm,
1mm, apêndice ventral biauriculado, não geniculado; ovário 8-9 x 3-5mm, ½-ínfero, setuloso no
CXXVII
ápice, estilete 23-25mm, lilás, setuloso-glanduloso para base, estigma capitado. Velatídios 10-12
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo ao Pico do Pião,
L. G. Rodela (Q8-180), 22.III.1996, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela (3d-2), IX.1998,
fr., (CESJ, RB); no campo encharcável, Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 69, 24.III.2001,
fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 121, 19.V.2001, fr., (CESJ, RB); solo úmido, M. A. Heluey et
al. 153, 23.VI.2001, fl., (CESJ); mata ciliar, no Piscinão, B. Chiavegatto et al. 54, 23.III.2002,
fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 61, 24.III.2002, fl., (CESJ); no Lago
dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 64, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha entre a gruta do Fugitivo e
Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, principalmente, em ambientes de campo rupestre e
campo de altitude.
No Parque, ocorre de modo esparso, em campo rupestre stricto sensu, geralmente acima
de 1000m/s.m., em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Pode ocorrer também em
áreas com encharcamento sazonal. Foram coletados exemplares com flores e frutos nos meses de
setembro a maio.
vauthieri.
CXXVIII
Figura 22: Tibouchina collina: a - ramo florífero; b – lâmina foliar: detalhe da face adaxial; c- botão floral e
brácteas; d - hipanto e cálice; e -e’ - estame antessépalo e detalhe do poro; f-f’ - estame ante-pétalo e detalhe do
poro; g - secção longitudinal do ovário; h - secção transversal do ovário; i - velatídio; j - semente (B. Chiavegatto et
al. 88). Tibouchina heteromalla: k – ramo florífero; l - botão floral e brácteas; m - flor; n - hipanto e cálice; o -
estame antessépalo; p – estame ante-pételo; q - estilete; r - ruptídio (B. Chiavegatto et al. 60). Tibouchina frigidula:
s– ramo florífero; t - botão floral e brácteas; u - hipanto e cálice; v - estame antessépalo; w– estame ante-pétalo (B.
Chiavegatto et al. 38). Escalas: 2cm: a, r; 1cm: j; 3mm: b, l; 2mm: c, d, e, f, g, g, i, k, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w.
CXXIX
d’
b
d
e
g
c
a f
i
m
o
k h
l q
r
t
Figura 23: Tibouchina martiusiana: a – ramo florífero; b - botão floral e brácteas; c - hipanto, cálice e estilete; d-
d’ - estame antessépalo e detalhe do poro; e – estame ante-pétalo; f - velatídio; f - semente (B. Chiavegatto et al. 47).
Tibouchina hieracioides: h – ramo florífero; i - bráctea; j - hipanto e cálice; k - estame ante-pétalo; l – estame
antessépalo; m - secção longitudial do ovário e estilete (B. Chiavegatto et al. 119). Tibouchina semidecandra: n –
ramo florífero; o – detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; p - bráctea; q - estame ante-pétalo; r –
estame antessépalo; s- velatídio; t - semente (B.Chiavegatto et al. 64). Escalas: 2cm: h; 1cm: a, n; 3mm: q, r; 2mm:
b, c, d, e, f, g, i, j, k, l, m, n, o, p, s,; 0,5mm: t.
CXXX
;
CXXXI
IV.2.12- Trembleya DC. Prodr. 3: 125. 1828.
decorticantes. Folhas face adaxial com nervuras acródromas impressas e secundárias pouco
evidentes, face abaxial com nervuras acródromas salientes. Inflorescências terminais; brácteas e
profilos persistentes. Flores 5-meras; zona do disco glabra; hipanto campanulado, membranáceo,
translúcido; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias unilobadas; pétalas obovadas, alvas a alvo-
filetes glabros, anteras com ápice rostrado, poro terminal, conectivo prolongado abaixo das teças,
apêndices ventrais; ovário 5-locular, livre no interior do hipanto, glabro, estilete glabro, estigma
punctiforme. Frutos capsulares dos tipos cápulas loculicida e ruptídio, polispérmicos; sementes
Trembleya parviflora (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 127. 1883.
Arbustos 0,5-2,5m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,
com pecíolos 7-11mm, sulcados na face adaxial; lâmina 13-58 x 8-23mm, discolor, elíptica, face
adaxial verde, face abaxial canescente, oblonga a obovada, cartácea, base aguda, ápice
arredondado a obtuso, margem inteira, revoluta, face abaxial também densamente revestida de
margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 3-4 x 3-4mm, 10-estriado; lacínias do
CXXXII
cálice 2-3 x 2-3mm, triangulares, ápice apiculado-acuminado; pétalas 5-6 x 5-6mm, ápice
ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, amarelo,
espatulado, ápice emarginado, estame antessépalo com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca.
2mm, vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice vinoso, bilobulado; ovário 3-4 x 2,5-
3mm, estilete ca. 3mm, vinoso. Cápsulas loculicidas 3-4 x 3,5-4,5mm; sementes ca. 0,05 x
0,1mm.
Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8670); campo, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ
14544); beira da mata e campo, L. Krieger CESJ, 14.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17411); sobre
arenito, P. I. Braga s.n., 10.VIII.1986, fl., fr., (CESJ 21222); na beira da mata, R. C. Oliveira
s.n., 08.VII.1990, fl., (CESJ 25197); Monjolinho, F. R. Salimena CESJ 24677, 19.V.1991, fl.,
(CESJ); trilha para o Pico do Pião, M. Eiterer et al. 54, 23.II.1992, fl., (CESJ); no campo
rupestre, F. R. Salimena s.n., 13.X.1993, fl., (CESJ 27412); campo cerrado, L. G. Rodela 7b-3,
IX.1998, fl., fr., (CESJ);próximo ao Pico do pião, M. A. Heluey et al. 49, 10.II.2001, fl., fr.,
(CESJ); no campo rupestre arbustivo, M. A. Heluey et al. 114, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); no
campo encharcável, M. A. Heluey et al. 108, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 122,
19.V.2001, fl., fr., (CESJ); solo úmido, M. A. Heluey et al. 155, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); na
borda da mata nebular, M. A. Heluey et al. 217, 25.III.2001, fl. (CESJ); à esquerda do atalho que
18.V.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 91, 16.VI.2004, fl., (RB);
CXXXIII
Tremblaya parviflora é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Goiás,
Distrito Federal, Minas Gerais, espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, em campo
altitude e, além de também em campos rupestres arbustivos e campo rupestre sensu stricto,
formando grandes populações. Apresenta propagação vegetativa formando clones por meio de
estruturas subterrâneas, possivelmente rizomas. Foram coletados espécimes com flores e frutos
sésseis a ca. 1mm pecioladas; lâmina 15-51 x 2,5-11mm, verde concolor, membranácea, linear-
elíptica, base aguda a obtusa, ápice agudo, margem serrulada para o ápice e inteira para base; 5
nervuras acródromas ca. 4mm suprabasais, par marginal tênue, evidente na base. Dicásio simples
15mm, sésseis; brácteas 5-7 x 1-3mm, elípticas, ápice agudo, margem inteira; profilos 1-3 x 1-
2mm, crassos, elípticos, ápice agudo, margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 2-3
estreitamente agudo; pétalas 7-8 x 3-4mm; estames ante-pétalos com filetes ca. 4mm, amarelos,
anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice espatulado, ápice
emarginado, amarelo, estames antessépalos com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm,
vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice bilobulado, vinoso; ovário 2-3 x 2-3mm,
CXXXIV
Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo arenoso, L.
Krieger s.n., 25.II.1977, fl., fr., (CESJ 14587); M. Eiterer et al. 122, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ);
Material adicional: Minas Gerais: Barreiro de Cima, Serra do Curral, L. Roth s.n.,
27.II.1955, fl., fr., (CESJ 1525); Antonio Carlos, L. Krieger s.n., 07.II.1972, fr., fr., (CESJ
11473).
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro São Paulo e Paraná.
arenosos, sob alta incidência solar. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de
fevereiro.
Os ramos são fervidos, extraindo-se tinta de cor amarela usada para tingir lã para
infrutíferas.
CXXXV
Figura 25: Trembleya parviflora: a - ramo florífero; b - detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; c -
flor; d - profilos, hipanto, cálice e estilete; e - estame ante-pétalo; f-f’ - estame antessépalo e detalhe do poro; g -
cápsula loculicida; h - semente; (L. Krieger CESJ 8670). Trembleya phlogiformis: i - ramo florífero; j - detalhe do
indumento da face abaxial da lâmina foliar; k – flor; l - profilo; m-m’ - estame antessépalo e detalhe do poro; n -
estame ante-pétalo; o - ruptídio jovem; p – semente (L. Krieger CESJ 14587). Escalas: 1cm: a, i; 2mm: d, g, k, m, n,
o, 1mm: b, c, e, f, j, l; 0,5mm: f’, h, m’, p.
CXXXVI
VI.3 - Padrões de Distribuição Geográfica
rupestres e cerrados de altitude tem sido feitas para algumas regiões da Bahia (HARLEY 1995) e
Minas Gerais (GIULIETTI & PIRANI 1988). Estes autores têm reconhecido cinco padrões de
distribuição: (a) espécies amplamente distribuídas nos Neotrópicos; (b) espécies disjuntas entre a
Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os tepuis do norte da América do Sul, nas Guianas, e na
Venezuela; (c) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e as restingas do
leste do Brasil; (d) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os campos
rupestres de Goiás; (e) espécies endêmicas da Serra do Espinhaço e/ou serras adjacentes.
podem ser reunidas em dois grupos. O primeiro é formado por espécies de Cambessedesia,
restritos às cadeias de montanhas do Brasil Central, que têm espécies também com distribuição
restrita. Neste grupo está a maioria das espécies com grande expressividade na flora dos campos
outro grupo é formado, principalmente, por espécies de Leandra, Miconia, Ossaea e Tibouchina,
freqüentemente com distribuição mais ampla no Brasil e América do Sul e Central, cuja maioria
das espécies apresenta também uma distribuição geográfica mais ampla, sendo encontradas,
Uma síntese da distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae que ocorrem nos
2. Observa-se que enquanto algumas espécies têm ampla distribuição no Neotrópico, podendo
CXXXVII
ocorrer também em outros países sulamericanos, como Venezuela, Guiana, Colômbia, Bolívia e
Argentina, outras têm distribuição mais restrita à determinada região do Brasil ou são endêmicas
de uma de suas unidades federativas, às vezes com ocorrência pontual somente no Parque
Estadual do Ibitipoca. Para essas espécies pode-se identificar seis padrões de distribuição (Tabela
3).
América do Sul, estando presentes também em formações florestais, além das campestres
Este padrão foi reconhecido também como um dos padrões gerais de espécies estudados
por HARLEY (1995) e GIULIETTI & PIRANI (1988) e pode, ainda, ser subdividido em dois
subpadrões:
1. Ampla distribuição na América do Sul: figura 26: a. espécies que ocorrem além
dos limites do território brasileiro, como Cambessedesia hilariana, Leandra aurea, L. erostrata,
as demais espécies não são típicas de ambientes campestres. De acordo com MARTINS (1987),
Marcetia taxifolia apresenta uma distribuição ampla e disjunta, ocorrendo em campos rupestres,
brasileiro, ocorrendo nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e/ou Sul, em mais de um
CXXXVIII
acordo com MARTINS (1995), T. parviflora ocorre em cerrados com disjunção nos campos
modo disjunto nestas formações campestres de altitude. Observa-se que os campos rupestres e os
cerrados de altitude, em áreas mais interioranas do país, podem estar distribuídos de modo
contínuo e, às vezes, entremeados entre si, como já assinalado por HARLEY (1995). Dois
As únicas espécies que apresentam este padrão são Chaetostoma pungens, Lavoisiera compta e
Tibouchina frigidula, ocorrendo nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
Paulo.
mais para o interior do país, como campos rupestres em Minas Gerais, quanto em campos de
altitude mais a leste e sul, nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. Este padrão tem sido
assinalado para espécies de Melastomataceae, como dos gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e
Restrito a campos rupestres e/ou cerrados: o campo rupestre e o cerrado podem ser
apenas Cambessedesia espora, Microlicia fulva e Tibouchina collina. Algumas espécies dos
CXXXIX
gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e Trembleya (MARTINS 1997) também apresentam este
endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais. Este padrão, além de já comentado por
ROMERO (2002) para espécies de Melastomataceae, foi observado também em outros gêneros,
como Behuria (TAVARES 2005), Huberia (BAUMGRATZ 1997), Marcetia (MARTINS 1984)
específicas a essas formações campestres, podendo ser classificadas numa categoria de espécies
“especialistas”. Outros táxons, por sua vez, são considerados como “generalistas”, habitando
diferentes formações florestais e, neste caso, podendo ocorrer não só além dos limites do
Semelhantes interpretações têm sido abordadas por LIMA (2000) e MORIM (2002), que
similaridades morfológicas das espécies estudadas, podem ser assinaladas como especialistas as
espécies de Melastomataceae com distribuição restrita aos campos rupestres e/ou cerrados,
porte, indumento de partes vegetativas e florais denso, ramos delgados, decorticantes, com
entrenós curtos, áfilos em direção à base, folhas imbricadas, com dimensões muito reduzidas,
CXL
espessas, com margem revoluta, e inflorescências paucifloras ou reduzidas a flores solitárias, de
cores chamativas e vistosas, com estames também coloridos. Além disso, a maioria possui frutos
secos, cuja dispersão das sementes pelo vento e/ou chuva é um fenômeno característico de
ambientes mais abertos, como o campestre. Excetuam-se nesse grupo de espécies Leandra
eichleri e L. pennipilis, principalmente pelas folhas nitidamente expandidas, flores com pétalas e
América do Sul ou no Brasil, podem ser caracterizadas como generalistas, adaptadas a diferentes
condições ecológicas.
CXLI
Figura 26: Mapas ilustrando a representação dos padrões de distribuição geográfica das espécies de
Melastomataceae ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca, MG. a – Ampla distribuição na América do
Sul; b – Ampla distribuição no Brasil; c – Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de
altitude; d – Disjunção entre campos rupestres e campos de altitude; e – Restrito a campos rupestres e
cerrados; f – Restrito a campos rupestres.
CXLII
Tabela 3: Padrões de distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos
campos rupestres do Parque Estadual do Ibitipoca, MG. *- Endêmica do Estado de Minas Gerais;
CR – campo rupestre stricto sensu; CA – campo rupestre arbustivo; Ce – cerrado.
CXLIII
Leandra foveolata X
Leandra pennipilis X
Leandra salicina X
Marcetia taxifolia X
Miconia chartacea X
Miconia corallina X
Miconia sellowiana X
Miconia theaezans X
Microlicia fulva X
Microlicia isophylla X
Siphanthera arenaria* X
Tibouchina collina* X
Tibouchina frigidula X
Tibouchina heteromalla X
Tibouchina hieracioides X
Tibouchina martiusiana X
Tibouchina semidecandra X
Trembleya parviflora X
Trembleya phlogiformis X
a 10 gêneros, incluindo-se uma nova espécie de Miconia. Tais dados indicam como estudos
CXLIV
Foram analisados 233 espécimes, incluindo amostras recém coletadas, exemplares-tipo e
de uma. Além disso, existem espécies, principalmente dos gêneros Miconia e Leandra, que
ocorrem também em áreas de transição com mata de neblina e matas ciliares e algumas poucas
altitudes, no qual características edáficas, climáticas e de vegetação são utilizados por RODELA
rupestres com cactáceas” tenham sido igualmente reconhecidas RODELA (1999) para o Parque,
estas mostram-se de limites muito frágeis para uma identificação precisa e segura no campo,
formações, ocorrendo de modo disperso nesses ambientes. Além disso, 17 espécies desta família
são comuns aos campos rupestres e cerrados de altitude, razão pela qual se depreende que essa
família não deve ser utilizada para se diferenciar fitofisionomias campestres no Parque.
fitofisionomias assinalado por RODELA (1999), deve ser interpretado com cuidado ou
restrições, uma vez que se observaram não só equívocos de identificação, como problemas
nomenclaturais em relação aos nomes de algumas espécies. Além disso, não se encontrou até o
CXLV
momento qualquer exemplar de algumas espécies citadas nas listagens desse trabalho, tanto em
risco ou ameaçada de extinção de acordo com as categorias da IUCN. Porém, para se consolidar
essa informação ainda é necessário realizar levantamentos florísticos em outras áreas de campos
Um dado muito importante e que deve ser discutido, refere-se à redução das populações de
Cambessedesia no Parque nos últimos cinco anos. Provavelmente, isto se deve ao fato dos
espécimes estarem muito próximos ou ao longo das trilhas e portanto, sujeitos ao pisoteio ou ao
trabalho de rocio para limpeza e manutenção da área. Isto, aliado a ausência de um Plano de
Manejo adequado e o constante aumento no número de visitantes, pode levar uma redução
campestres são formações vegetacionais abertas, com solos rasos e pobres nutricionalmente,
onde as plantas estão sujeitas freqüentemente à alta incidência solar e sob estresse hídrico.
períodos em que era professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e curador do Herbário
CESJ. Porém, essas coletas antecedem a criação do Parque Estadual do Ibitipoca e nas etiquetas
consta apenas à indicação Serra do Ibitipoca como local de coleta. Deste modo, a ausência
CXLVI
precisa da citação dessas localidades e a indisponibilidade de coletas recentes nas áreas
outras espécies que não foram até o presente coletadas dentro dos limites da área de estudo.
vegetacionais nele encontrado, os resultados ora obtidos representam um marco inicial para o
do Ibitipoca.
B. Chiavegatto et al. 10, Cambessedesia espora; 13, 45, 49, 59, Cambessesesia hilariana;
14, 29, 53, 97, Chaetostoma pungens; 17, 26, 48, 62, 96, Lavoisiera compta; 08, 80, 81, 108,
109, 111, 112, 113, 117, 118, Leandra aurea; 16, 120, 121, Leandra eichleri; 21, 32, 44, 110,
CXLVII
114, Leandra erostrata; 05, 09, 35, 58, 83, 93, 94, 104, 115, 116, Leandra foveolata; 15, 18, 90,
92, 101, 102, 103, 105, 126, Leandra pennipilis; 107, Leandra salicina; 95, Marcetia taxifolia;
11, Miconia chartacea; 07, 43, 51, Miconia corallina; 20, 24, 50, Miconia sellowiana; 85, 87,
123, Miconia sp; 82, Microlicia fulva; 28, Microlicia isophylla; 63, 89, Siphanthera arenaria;
54, 61, 64, Tibouchina semidecandra; 22, 31, 37, 38, Tibouchina frigidula; 19, 60, 34,
Tibouchina heteromalla; 42, 119, 122, Tibouchina hieracioides; 47, Tibouchina martiusiana; 12,
F. R. Salimena CESJ 24666, Lavoisiera compta; CESJ 32690, Lavoisiera sp.; 1052,
Leandra aurea; CESJ 32759, Leandra foveolata; CESJ 32676, 1045, 3040, Miconia chartacea;
1046, Miconia corallina; CESJ 32758, Miconia theaezans; CESJ 24683, Microlicia fulva; CESJ
24669, CESJ 25335, Siphanthera arenaria; 1049, 1050, 1051, Tibouchina frigidula; CESJ
24675, Tibouchina heteromalla; CESJ 27412, CESJ 24677, 1042, Trembleya parviflora;
L. G. Rodela Q3-60, Chaetostoma pungens; CESJ 36542, CESJ 36543, Leandra aurea;
CESJ 36544, Leandra pennipilis; CESJ 36545, Microlicia isophylla; 184, Siphanthera arenaria;
3d-2, 180, Tibouchina semidecandra; 2c1, 1c6, Tibouchina heteromalla; 84, Tibouchina collina;
L. Krieger CESJ 8567, Cambessesesia hilariana; CESJ 8559, CESJ 8634, CESJ 13162,
Lavoisiera compta; CESJ 13216, Leandra pennipilis; CESJ 8582, CESJ 8632, Marcetia
taxifolia; CESJ 8648, CESJ 9243, CESJ 13167, Miconia sellowiana; CESJ 8633, CESJ 8671,
Tibouchina heteromalla; CESJ 8532, Tibouchina martiusiana; CESJ 14585, CESJ 8671,
CXLVIII
Tibouchina collina; CESJ 8670, CESJ 17411, CESJ 14544, Trembleya parviflora; CESJ 14587,
Trembleya parviflora;
M. A. Heluey et al. 02, 60, 130,150, Chaetostoma pungens; 103, 116, 137, Lavoisiera
compta; 140, Marcetia taxifolia; 30, Miconia sellowiana; 12, 54, 101, 118, 128, 143,
Siphanthera arenaria; 69, 121, 153, Tibouchina semidecandra; 53, 115, Tibouchina collina; 49,
M. A. Manhães 39, Leandra aurea; 75, Leandra erostrata; 74, Leandra foveolata; 03,
Miconia chartacea; 62, Miconia corallina; 04, Miconia theaezans; 26, Tibouchina collina;
M. Brügger CESJ 17395, Leandra aurea; CESJ 26094, Leandra pennipilis; CESJ 17408,
Marcetia taxifolia; CESJ 17410, Tibouchina heteromalla; CESJ 17409, Tibouchina collina;
M. Eiterer 30, Cambessesesia hilariana; CESJ 24888, Leandra pennipilis; CESJ 25196,
Marcetia taxifolia; 18, Microlicia isophylla; 74, Siphanthera arenaria; 44, Tibouchina frigidula;
75, Tibouchina heteromalla; 15, Tibouchina hieracioides; 54, Trembleya parviflora; 122,
Trembleya phogiformis;
P. I. Braga 1890, Leandra pennipilis; CESJ 21224, Marcetia taxifolia; CESJ 21222,
Trembleya parviflora;
1791, 3086, Lavoisiera compta; 3024, 3298, Leandra aurea; 3034, 3075, Leandra foveolata;
2450, Marcetia taxifolia; 3044, 1817, Miconia corallina; 3043, Miconia sellowiana; 1786, 3248,
3554, Miconia theaezans; 3250, Miconia sp; 3095, 3285, Microlicia fulva; 1808, 2440,
CXLIX
R. C. Oliveira CESJ 25195, Microlicia isophylla; CESJ 25197, Trembleya parviflora;
R. M. Castro 214, Leandra pennipilis; 205, Miconia corallina; 201, Miconia sellowiana;
U. Confúcio CESJ 9419, Cambessedesia espora; CESJ 9365, Miconia sellowiana; CESJ
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Tabela 2: Distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos campos rupestres e cerrados de altitude do
Parque Estadual do Ibitipoca, mun. Lima Duarte, MG (Brasil, por siglas do Distrito Federal e estados; demais países, abreviados).
Espécies AM RO PI PB CE PE SE AL BA GO D MT MS MG ES RJ SP PR SC RS Ven Gui Col Bol Arg
F
Cambessedesia x x x x x
espora
C. hilariana x x x x x x x x x
Chaetostoma x x x x
pungens
Lavoisiera compta x x x x
Leandra aurea x x x x x x x x
L. erostrata x x x x x x x x x
L. foveolata x x x x
L. salicina x x x x
L. eichleri x x x
L. pennipilis x
Marcetia taxifolia x x x x x x x x x x x x x x x x x
Miconia chartacea x x x x x x
M. corallina x x x
M. sellowiana x x x x x x x
M. theaezans x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Microlicia fulva x x x
M. isophylla x x x
Siphanthera x
arenaria
Tibouchina collina x x
T. frigidula x x x x
T. heteromalla x x x x x x x x
T. martiusiana x x x
T. hieracioides x
T. semidecandra x x x x
Trembleya x x x x x
parviflora
T. phlogiformis x x x x x x x
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