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Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos

pecadores. Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos
da ira de Deus por meio dele! Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele
mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos
por sua vida! (Romanos 5:8-10)

A carta aos Romanos é considerada por muitos comentaristas como o Evangelho da Salvação.
Paulo demonstra claramente em toda a carta que a graça de Cristo evidencia um propósito
maior para a humanidade, que foi formado no coração de Deus desde antes de sermos
criados.

Deus nos fez para o relacionamento. Somos seres relacionais. Recebemos de Deus um corpo,
para habitar em um mundo físico, preparado cuidadosa e detalhadamente para nós.
Recebemos uma alma, para que nos relacionássemos uns com os outros, de diversas maneiras,
de acordo com a natureza do relacionamento, e também recebemos um espírito, para que
pudéssemos nos relacionar com o Pai, o Criador, uma vez que Ele, sendo Espírito, somente se
relaciona espiritualmente.

Logo, nossa essência é relacional, e somente somos completos quando nos relacionamos
plenamente, com Deus, e com as pessoas.

E o pecado veio destruir exatamente essa nossa capacidade de relacionamento. Deixamos de


nos relacionar horizontalmente tal como fomos formados para ser, no momento em que, por
meio do pecado, começamos a olhar para nós mesmos e não para o próximo.

Assim, o homem até se relaciona com os demais, desde que isso não o tire de sua zona de
conforto, desde que tal relacionamento não o prejudique, ou mesmo incomode.

De igual modo, por causa do pecado, o relacionamento com Deus também se perdeu, e o que
era para ser um relacionamento de amor, transformou-se em inimizade.

Alan Clarke, renomado teólogo e erudito bíblico britânico do século XVIII afirma que “em todo
coração humano há certa inimizade com a santidade e, consequentemente, com o autor dela.
Os homens raramente suspeitam disso; pois uma propriedade do pecado é cegar o
entendimento, para que os homens não conheçam seu próprio estado”

Em 2Co 4.4, Paulo afirma que O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para
que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

Portanto, além de inimigos de Deus, por causa do pecado, os seres humanos são incapazes de
se reconciliarem com Ele, por causa da cegueira do entendimento.

E é nesse pondo que Paulo aponta a solução, dada por Deus, para nossa reconciliação, no
texto que lemos.

O texto que lemos

1. Ele nos amou, e de forma incondicional


Ele morreu por nós. Essa frase é tão falada que às vezes não nos damos conta de sua
profundidade. E Paulo explica muito bem a profundidade dessa afirmação, nos versículos
6,7 do capítulo 5.: “De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu
pelos ímpios. Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez
alguém tenha coragem de morrer”.

Ele morreu pelos ímpios, ou seja, pelos que não praticavam a justiça, e muito menos a
bondade. Morreu pelas pessoas que, por meio do pecado, se perderam da comunhão e do
relacionamento com Deus.

E Paulo continua dizendo que “dificilmente alguém morreria por um justo, mas talvez
alguém tivesse coragem de morrer por um homem bom.

Na sabedoria popular judaica, havia três classes de homens:

Os ímpios, ou pecadores, os justos, que eram aqueles que cumpriam a lei, como os fariseus,
e os bons, que eram aqueles que iam além da lei, e de fato se destacavam por serem
piedosos e por amarem as pessoas.

Paulo usa esse conceito popular, e fala de ímpios, justos e bons, afirmando que pelos justos
(fariseus), dificilmente alguém morreria, e pelos bons, pode ser que alguém morresse.

Mas pelos ímpios, era inconcebível que alguém desse sua vida, devido à falta de
merecimento.

E é justamente por esses que Jesus morreu, demonstrando assim amor incondicional,
acima de nossos atos.

Você pode encontrar amor assim em algum outro lugar, ou em alguma outra pessoa?
Alguém que ama o mais perverso dos homens a ponto de dar a sua vida em lugar dele?
Alguém que morreu por você apesar de todos os pecados que você sabe que tem, apesar de
tudo o que você já fez, e ainda fará?

Sim, eu e você deveríamos morrer por causa dos nossos pecados. Não existe pena mais
branda na Lei de Deus para o pecado humano. Paulo afirma em Romanos 6.23 que o salário
do pecado é a morte. E é de fato o que merecemos. Mas Cristo morreu por nós, retirando de
nós essa sentença. E o fez mesmo quando ainda estávamos distantes, perdidos e mortos em
nossos delitos e pecados.

2. Ele pagou o preço, não medindo esforços, para restabelecer o relacionamento.


O salário do pecado continuou sendo a morte. Essa foi uma herança recebida lá no Jardim
do Éden, e que acompanha cada ser humano que pisou essa terra.

Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).


Assim, o preço da reconciliação não era baixo. A salvação dos ímpios só poderia vir através
do derramamento do sangue inocente.

Por isso Paulo afirma que a morte de Jesus por nós, enquanto ainda éramos pecadores, é a
prova do seu amor para conosco.

Se morrer por um homem bom já seria muito difícil, e por um justo, quase impossível, e
morrer por um ímpio algo inimaginável, quanto mais morrer por um ímpio antes que esse
demonstrasse qualquer sinal de arrependimento, ou de mudança de vida era algo que não
passaria em nenhuma mente humana.

E foi isso que Jesus fez. Não somente Ele morreu em favor de todas as pessoas, mesmo dos
ímpios, como o fez sem que houvesse nenhuma contrapartida, nenhuma garantia de
arrependimento, nem mesmo uma garantia de receber um “obrigado”.

Isso Jesus fez porque sabia que nós, cegados pelo pecado, e totalmente distantes do
Senhor, jamais teríamos condições de dar qualquer passo em direção à reconciliação.

Ele não mediu esforços por nós. E nós, será que temos ido a Ele sem medir esforços? Ou
será que às vezes achamos penoso servir a Cristo? Muitas pessoas infelizmente acham
penoso congregar, assumir o ou os ministérios que o Espírito de Deus colocou sobre elas...
há quem ache penoso abandonar determinados prazeres por amor a Ele, ou deixar
determinadas amizades ou companhias... muitos consideram extremamente penoso mudar
de vida, e com isso desdenham do sacrifício incondicional de Jesus por nós.

Conclusão – Não há automaticidade

O fundamento da reconciliação já foi executado. O Cordeiro já foi sacrificado. O preço já foi


pago, e o ministério da reconciliação com Deus está concluído.

Entretanto, é preciso que cada um assuma sua posição de pecador, de devedor eterno, e
aceite Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas.

E para aqueles que já o fizeram, mas por alguma razão estão distantes do Senhor,
independente de estarem longe ou próximo da igreja, é preciso também que haja
reconciliação. Não para salvação, mas para relacionamento.

Receba a graça de Cristo hoje, e viva, em nome de Jesus.

Que Deus nos abençoe.

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