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Aula T1:

FILOSOFIA E
METODOLOGIA DA
SIMULAÇÃO
NUMÉRICA

Objectivos da aula:
 Conhecer os modelos de simulação existentes;
 Compreender a filosofia e metodologia da simulação
numérica;
 Conhecer as fases de criação de um modelo de simulação.

Nazaré Gonga Hebo


nazare.hebo@ucan.edu/nazaregongahebo@gmail.com
Introdução
A simulação de reservatório surgiu na década de 1950 pela necessidade
dos engenheiros de reservatório de fazerem uma simulação detalhada do
comportamento interno do reservatório. Com este feito eles puderam fazer
estudos e previsão da variação da pressão e da saturação dos fluidos com
o tempo em qualquer ponto no reservatório, assim como os caudais de
produção ou de injeção (no caso de gás e água) em cada poço. Isto foi
possível com recurso a modelagem numérica (modelo numérico). Todavia, o
modelo numérico não é o único usado para simulação do comportamento do
reservatório. Existem ainda o modelo analítico e o modelo físico.
Modelos analíticos, por exemplo, são usados para interpretação de testes
de poço (Well Tests) e para fazer a previsão do influxo (Water influx) da
água no reservatório.
Quanto ao modelo físico, está ligado a construção de meio poroso artificial
que represente as propriedades geométricas e físicas do reservatório. Isto é
chamado de Scaled Model. Aplicando este modelo na definição do poço é
possível reproduzir as condições de fluxo e de saturação que vão existir na
realidade, mas quase nunca é possível reproduzir as condições de pressão.
Apesar disso, os modelos físicos são considerados mais precisos do que os
modelos numéricos porque eles não requerem discretização do espaço
(subdivisão da rocha em blocos) nem do tempo (subdivisão do tempo em
instantes – Time Steps). Porém, são muito dispendiosos financeiramente e
lentos, e não são muito adequados para modelar processos que envolvem
trocas de massa entre as fases quando há presença de gás ou está dissolvido
no petróleo.
Este modelo passou ser substituído pelo modelo numérico, mas, há poucos
anos atrás, algumas companhias petrolíferas ainda usam o modelo físicos nos
estudos de secções de reservatórios cujos processos de produção seriam
muito complexos de serem estudados em modelo numérico.

O que é um Modelo de Simulação?


Um modelo de simulação é um modelo que representa todas as
características de um sistema real ou assemelha-se a este no seu
comportamento, mas muito mais simples de se realizar cálculos. Estes cálculos
podem ser feitos de forma analítica ou numérica. Na forma analítica significa
que as equações que representam o modelo podem ser resolvidas usando

Nazaré Gonga Hebo


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técnicas matemática de resolução de equações algébricas ou equações
diferenciais.

Filosofia e Metodologia da Simulação Numérica


Um modelo de simulação numérica é um modelo de malha de blocos de um
reservatório de hidrocarbonetos onde cada bloco representa uma parte local
do reservatório. Dentro de cada bloco as propriedades são uniformes
(porosidade, permeabilidade, permeabilidade relativa etc.) mas eles podem
mudar com o tempo a medida que os processos do reservatório ocorrem. Os
blocos geralmente estão conectados uns com os outros e o fluido pode escoar
de um bloco para outro bloco vizinho.

O modelo incorpora informações sobre os fluidos (PVT), informações sobre o


reservatório (porosidade, permeabilidades etc.) e sua distribuição no espaço.

No modelo numérico, o fluxo de cada fluido dentro do reservatório é descrito


pela equação geral de Darcy e a equação de continuidade descreve a
conservação de massa. O comportamento das fases e os volumes dos fluidos
são modelados pelos parâmetros PVT ou as equações de estado. As
condições iniciais de pressão e saturação são definidas por cada fluido em
todos os pontos do reservatório.

A incorporação da equação de Darcy na equação de continuidade


associada a equação de estado dos fluidos, resulta na equação que
descreve completamente o comportamento do reservatório. Entretanto, mais
adiante nos nossos estudos, poderemos ver que esta equação é uma equação
diferencial parcial de segunda ordem, com coeficientes que são funções de
pressão e saturação. As soluções numéricas destas equações são encontradas
através do processo da discretização do volume do reservatório, e do
aquífero (caso exista), em blocos vizinhos e discretização do tempo em séries
de tempo chamadas Time Steps.

Um procedimento típico na criação de um modelo numérico segue os seguintes


passos:
1. Definição do modelo geológico do reservatório e, se tiver, do
aquífero em termos de geometria, localização, distribuição espacial
das propriedades da rocha, pressões e saturações iniciais.
2. Especificação das propriedades termodinâmicas dos fluidos do
reservatório, incluindo possíveis variações horizontal e vertical.
Definição e normalização da permeabilidade relativa e curva da
pressão capilar.

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3. Configuração malha mais apropriada para a divisão do reservatório
em blocos e cálculos da transmissibilidade entre os blocos.
4. Inicialização do modelo: marcação dos valores iniciais dos parâmetros
petrofísicos, termodinâmicos e dinâmicos da rocha e do fluido para
cada bloco, e as saturações iniciais. Verificação das condições iniciais
de equilíbrio.
5. History Matching ou réplica do histórico de produção do reservatório.
O modelo é corrido, cada poço atinge o seu ponto máximo de caudal
de produção ou injecção, pressão, WOR e GOR programado para
cada poço e depois é comparado com as informações disponíveis do
histórico do reservatório. Sendo assim, a descrição do reservatório e o
modelo criado pode ser modificado e posto a correr novamente
quantas vezes forem necessárias até que se obtenha o match
satisfatório. Depois de se alcançar com sucesso uma history match do
modelo, aquela versão é validada.
6. Predição do comportamento do reservatório através de um programa
computacional que o engenheiro vai indicar. Quer dizer, usar
finalmente o modelo para fazer a previsão do comportamento do
reservatório. Isto é chamado de “forecast mode”.
Com base nos pontos acima, o facto importante a se ter em conta é que, a
validação de um modelo depende do history match, porém, não é
necessariamente a única condição. Um bom history match não significa que o
modelo representa realmente o reservatório. Apesar de o modelo numérico
ter sido validado, esta validação não garante que o modelo será capaz de
fazer correctamente a previsão do comportamento futuro do reservatório
pelo que, torna-se indispensável prestar atenção aos inputs dos parâmetros
básicos do modelo (permeabilidade vertical, permeabilidade relativa e
curvas de pressão capilar, a extensão e transmissibilidade do aquífero, a
presença e localização de falhas e limites de permeabilidade) porque estes
elementos podem gerar muitas incertezas. É necessário avaliar o efeito de
que cada diferente suposição dos parâmetros terá nos resultados ao correr
uma série de simulação com o modelo. O estudo de sensibilidades dos efeitos
dos parâmetros incertos, define o intervalo dos possíveis comportamentos do
reservatório de onde o engenheiro vai escolher o mais provável. De acordo
com as experiencias dos vários estudiosos e autores sobre esta temática, o
estudo de sensibilidade tem provado ser a mais realística aplicação do
modelo numérico na previsão (forecasting) do comportamento do
reservatório.

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Simulação de Reservatórios
Simulação de reservatórios é uma combinação de princípios físicos,
matemáticos, engenharia de reservatórios e programação de computadores
para desenvolver uma ferramenta para previsão da performance de
reservatórios sob varias condições de operação.
A simulação de reservatório é um método numérico, já que as soluções das
equações que descrevem a física dos processos que acontecem no
reservatório são resolvidas pelo método numérico.
Modelo de Simulação de Reservatórios é uma técnica baseada na
representação matemática dos princípios físicos da engenharia de
reservatório, e o uso de computadores em que o reservatório é dividido por
um número de células e as propriedades da rocha (porosidade,
permeabilidade e saturação), dos fluidos (propriedades de PVT,
viscosidade) são atribuídas a cada célula e utilizado para a previsão
dinâmica do reservatório.
A simulação de reservatórios e baseada nos princípios do balanço das três
forças principais que atuam sobre os fluidos no reservatório (viscosidade,
gravidade e capilaridade), e calcula o fluxo de fluidos de uma célula para
a célula vizinha baseado na lei de Darcy e conservação de massa. A forca
motriz para o fluxo de fluidos de uma célula para a outra (vizinha) e a
diferença de pressão entre as células adjacentes. O cálculo de fluxo de
fluidos de uma célula para outra é feito em espaços de tempos curtos, e no
fim de cada espaço a saturação e a pressão para cada célula são
calculados. A quantidade e os detalhes do input e o tipo de modelo de
simulação dependem do problema a ser investigado e objetivos do estudo.
O modelo de simulação é construído na maioria dos casos durante a fase de
desenvolvimento da vida do campo e são continuamente atualizados e mais
detalhados na medida que mais dados e informações se tornem disponíveis.
Depois do início da fase de produção, dados como pressão do reservatório,
produção de fluidos (GOR, Watercut) e movimento de contactos, são usados
para “History Match”, que é um processo de calibração do modelo de
simulação para replicar ou ajustar-se aos dados. Assim, o modelo de
simulação pode ser usado para uma previsão futura mais acertada da
performance do reservatório.

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Uso da Simulação de Reservatórios
Simulação de reservatórios é usado em diferentes fases da vida do campo,
desde a fase de planeamento do desenvolvimento, produção (gestão de
reservatório) e inclui:
 Determinar o melhor método de recuperação (injeção de gás, injeção
de agua, etc);
 Número e localização de poços produtores e injetores;
 Estimar a recuperação e o fator de recuperação;
 Previsão da produção para a proposta de desenvolvimento;
 Gestão de reservatório;
 Método de recuperação secundaria e terciaria.

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