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2017v2n1p53
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RESUMO
O uso de Metodologias Ativas nos 23 cursos de graduação do Unileste foi impulsionado a partir
de mudanças curriculares e atividades de formação docente (curso na modalidade híbrida e
oficinas). Objetiva-se, assim, apresentar uma análise, na perspectiva dos docentes, sobre o uso
de Metodologias Ativas durante o ano de 2017. Para tanto, foi aplicado um questionário online
para os docentes, com duas questões dissertativas e cinco objetivas, disponível por quinze dias em
dezembro de 2017. As questões versaram sobre: as metodologias que utiliza; frequência de uso;
fatores dificultadores; avaliação sobre o seu uso; percepção sobre o comportamento dos alunos
e os impactos na aprendizagem. Dos 190 professores, 63% responderam. O Estudo de Caso foi a
metodologia mais utilizada pelos docentes, seguida por PBL e Metodologia da Problematização
pelo Arco de Maguerez, Aprendizagem por Projetos, Peer Instruction, Rotação por Estações e
Gamificação, Júri Simulado, Fórum Virtual e Bola de Neve. A frequência das metodologias ativas nas
práticas dos docentes apresentou-se da seguinte forma: 43,3% utilizam frequentemente, 46,7% às
vezes, 9,2% raramente e 0,8% não utilizam. Quanto aos fatores dificultadores, a maior ocorrência foi
a resistência dos alunos em relação às mudanças de práticas, infraestrutura e recursos. Os impactos
na aprendizagem, segundo os docentes, permearam os domínios cognitivo, afetivo e psicomotor
de acordo com Bloom. Os resultados demonstraram que o uso das metodologias ativas no Unileste
alcançou resultados relevantes quanto à adesão de docentes e discentes, à frequência da aplicação
de diferentes metodologias, bem como quanto aos impactos na aprendizagem dos discentes.
The use of Active Methodologies in the 23 undergraduate courses of Unileste was driven by
curricular changes and teacher training activities (hybrid course and workshops). The purpose of
this study was to present an analysis of the use of Active Methodologies during the year 2017.
From this perspective, an online questionnaire was applied to teachers, with two essay questions
and five objective questions available for fifteen days in December 2017. The questions dealt
with: the methodologies used; frequency of use; difficult factors; evaluation of its use; perception
about student behavior and impacts on learning. Of the 190 teachers, 63% answered. The Case
Study was the methodology most used by the teachers, followed by PBL and Methodology of the
Problematization by the Arch of Maguerez, Learning by Projects, Peer Instruction, Rotation by
Stations and Gamification, Simulated Jury, Virtual Forum and Snowball. The frequency of active
1 Mestre em Educação Tecnológica 1. Professora Graduação 1. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais 1. mafgomes@p.
unileste.edu.br
2 Mestre em Educação 2. Professora Graduação 2. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais 2. cidasouza@p.unileste.edu.br
3 Doutora em Botânica 3. Professora Graduação 3. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais 3. icaldeira@p.unileste.edu.br
4 Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais 4. Professor Graduação 4. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais 4. fabricio.
dias@p.unileste.edu.br
methodologies in teachers’ practices was as follows: 43.3% used frequently, 46.7% sometimes, 9.2%
rarely and 0.8% did not. As for the factors that made it difficult, the greatest occurrence was the
students’ resistance to changes in practices, infrastructure and resources. According to the teachers,
the impacts on learning permeated the cognitive, affective and psychomotor domains according to
Bloom. The results showed that the use of the active methodologies in Unileste achieved relevant
results regarding the adherence of teachers and students, the frequency of application of different
methodologies, as well as the impacts on student learning.
1 INTRODUÇÃO
por meio de oficinas e palestras com intuito de oferecer subsídios para planejar estratégias e
instrumentos capazes de captar/identificar as competências dos estudantes.
Em 2017, surge a necessidade de identificar e dimensionar o uso das metodologias ativas em
sala de aula, bem como avaliar os impactos na aprendizagem discente.
Assim, o principal objetivo deste trabalho é apresentar uma análise, na perspectiva dos
docentes do Unileste, sobre o uso de metodologias ativas e seus impactos na aprendizagem dos
estudantes, durante o ano de 2017.
Isso não se constitui em uma tarefa fácil porque exige protagonismos estudantil e docente. O
protagonismo estudantil se efetiva por meio de atividades ativas, com aprendizagens significativas
que coadunam no enfrentamento de problemas reais – de seu cotidiano e do mundo do trabalho-
com propostas de intervenções para mitigar ou eliminá-los. Já o protagonismo docente se efetiva
por meio de um professor reflexivo – que indaga constantemente sua prática pedagógica –, parceiro
na construção do conhecimento e, consequentemente, que faça uso de metodologias ativas e
técnicas variadas para instigar o protagonismo estudantil.
Nunca é demais ressaltar que o exercício do protagonismo envolve competências e habilidades
de mais alto nível da taxonomia de Bloom, publicada em 1956 e revisada 2001(ANDERSON et
al., 2001 apud FERRAZ; BELHOT, 2010, p. 424) – criar, avaliar analisar, aplicar-. E, também, que
as competências e habilidades socioafetivas – cooperar, colaborar, trabalhar em equipe – ou
psicomotoras, são tão importantes quanto às primeiras.
tivesse que reduzir toda psicologia educacional a um único princípio, diria isto: O fator
isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já
conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos. (AUSUBEL;
NOVAK; HANESIAN, 1980, p.132).
As metodologias ativas inserem-se no contexto da aprendizagem ativa, uma vez que são meios
para o desenvolvimento de uma aprendizagem com sentido e contextualizada. É, a partir delas, que
se promove a aprendizagem ativa. Segundo Bonwell e Eison (1991 apud BASTOS; MOURA 2013),
diversas estratégias podem ser utilizadas para atingir os propósitos da aprendizagem ativa. Bastos
e Moura (2013) reiteram que todo método ou estratégia que promova a participação ativa, que
considera o aluno como protagonista do processo de desenvolvimento do conhecimento, contribui
para formar ambientes ativos de aprendizagem.
Pode-se afirmar que a história das Metodologias Ativas remonta aos anos de 1910, quando
Dewey descreve a escola como “oprimida pela multiplicação das matérias [...], sobrecarregada de
de situações problematizadoras, com vistas a levar o estudante a fazer escolhas e a propor soluções
eficientes e eficazes. Dessa forma, está apoiada na aprendizagem significativa, que valoriza o
“aprender a aprender”.
Essa metodologia se inicia a partir do contato dos alunos com um problema proposto pelo
professor, que em linhas gerais segue os seguintes passos:
Como pode ser visto, a ABP impõe novas funções ao professor e ao estudante, diferentemente
do modelo convencional de ensino baseado em aulas expositivas. O professor tem funções mais
amplas e complexas como: “mediar discussões; atuar para manter grupos de alunos focados em
um problema ou questão específica; motivar alunos a se envolverem com as tarefas requeridas no
processo de busca de solução; estimular o uso da função de pensar, observar, raciocinar e entender”.
(BARBOSA; MOURA, 2013, p.60).
Para o estudante, a ABP possibilita exercitar a capacidade de pensar e analisar situações
complexas, que envolvem diferentes facetas da realidade. Para isso, o estudante deve ativar
conhecimentos prévios, discutir com os colegas e propor soluções adequadas para equacionar o
problema, sustentado nos conhecimentos do campo de estudo. Dessa forma, estará construindo o
conhecimento, e não o recebendo pronto.
O estudante é visto como corresponsável pelo processo de ensino-aprendizagem. A
responsabilidade pela aprendizagem deve ser atribuída a ele de forma explícita, sem que isso diminua
a responsabilidade do professor. O que se quer dizer é que o estudante deve ter a consciência de
seu compromisso com a própria aprendizagem.
Observa-se que a aplicação de Metodologias Ativas “pode requerer adequação de mobiliário
e equipamentos próprios que permitam trabalhos e discussões em grupos informais e mobilização
de espaços fora da sala de aula, como laboratórios, bibliotecas ou mesmo no ambiente externo à
escola.” (BARBOSA; MOURA, 2013, p.60).
3 Metodologia
Foi aplicado questionário online para todos os docentes dos vinte e três cursos de graduação
do Unileste. O questionário, com duas questões dissertativas e cinco questões objetivas, ficou
disponível por quinze dias no mês de dezembro de 2017. As questões versaram sobre (i) as
metodologias que utiliza; (ii) a frequência de uso das metodologias; (iii) os fatores dificultadores;
(iv) a avaliação sobre o uso das metodologias; (v) a percepção sobre o comportamento dos alunos;
(vi) os impactos na aprendizagem.
4 Resultados e Discussão
no momento em que se realiza a pesquisa. Para Barbosa et al (2013, p. 93) trata-se de uma proposta
pedagógica que possibilita a produção da ação reflexão do conhecimento buscando aprofundar o
conhecimento e nele intervir contribuindo para o avanço dos saberes.
A Metodologia pela Problematização utilizando-se o Método de Maguerez foi a segunda
mais utilizada pelos docentes. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que essa metodologia
foi utilizada como referência na oficina do Curso de Formação Docente ministrado em 2015 no
Unileste. Durante o desenvolvimento do Método de Maguerez a aprendizagem é concebida como
resposta natural do aluno ao desafio de uma situação problema (BORDENAVE; PEREIRA 1991,
p. 10). O estudante participa ativamente do processo de construção do conhecimento, além de
estabelecer o diálogo constante entre professor e aluno.
As demais metodologias, Aprendizagem por Projetos, Peer Instruction Rotação por Estações,
Gamificação, Júri Simulado, Fórum Virtual e bola de neve apresentaram-se em menores índices.
Importante destacar que há uma variedade significativa de metodologias em uso na rotina de
aulas dos docentes do Unileste. Tais resultados demonstram coerência entre as práticas pedagógicas
e os pressupostos presentes nos documentos oficiais que preconizam:
Quando analisada a frequência no uso verifica-se que a maioria dos docentes utiliza
metodologias ativas em suas aulas às vezes (46,7%), seguido de frequentemente (43,3%), raramente
(9,2%) (figura 1). A frequência no uso de metodologias ativas permite ao estudante criar o percurso
de aprendizagem contínuo e de desenvolvimento de competências do mais alto nível da revisada
taxonomia de Bloom.
A frequência no uso das metodologias ativas em aula torna-se importante porque desenvolve
o processo de aprendizagem com espírito de continuidade por meio reorganizações permanentes
(BARBOSA 2008, p. 63).
Quando questionados sobre “como avaliam o uso de metodologias ativas em sua sala de aula”,
43,3% dos docentes consideram muito bom, seguido de bom, 37,5%, excelente, 13,3% (figura 2). Os
resultados encontrados nessa questão corroboram com as percepções das questões anteriores. A
variedade de metodologias aplicadas bem como a frequência na aplicação das mesmas converge
para a percepção dos docentes com relação a avaliação sobre as metodologias ativas.
O compromisso dos docentes na implantação de uma proposta de formação, e também no
planejamento de atividades em sala de aula são imprescindíveis ao aprendizado. Lucindo Júnior;
Câmara (2015) afirmam que o docente deve acreditar no potencial de aprendizagem pessoal, na
capacidade de evoluir, de integrar novas experiências e dimensões do cotidiano. Educadores com
uma visão construtivista da vida, contribuem para que os alunos se sintam motivados a continuar, a
querer aprender, e a se aceitar melhor (LUCINDO Júnior; CÂMARA 2015, p. 62).
Dentre os fatores dificultadores na aplicação das metodologias ativas pelos docentes foram
destacadas a falta de tempo com maior incidência (38) seguida de infraestrutura (22), falta de
interesse e conteúdos (17), resistência (14), turmas muito grandes (11), a rede wifi (9) (figura 4).
As dificuldades encontradas no presente estudo foram descritas por Mesquita et al (2016). As
autoras identificaram que as principais dificuldades elencadas pelos docentes foram agrupadas
problemas curriculares; resistência do docente; e dificuldade de compreensão da aplicabilidade
das metodologias ativas de ensino/aprendizagem na prática docente. As autoras destacam que as
dificuldades favorecem ao uso de metodologias que não contribuem para a formação de profissionais
transformadores a realidade social. Freire (1967) descreve que os docentes devem possuir alguns
saberes no que se refere ao ato de ensinar. A rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes
do educando; exige-se criticidade; reflexão constante sobre a prática. O exercício docente bem
como a aplicação das metodologias ativas exige do docente planejamento, ações práticas, visão
crítica, organização e planejamento (LUCINDO JÚNIOR; CÂMARA, 2015, p.60).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados demonstraram que o uso das metodologias ativas no Unileste tem alcançado
resultados relevantes quanto à adesão de docentes e discentes, à frequência da aplicação de
diferentes metodologias, bem como quanto aos impactos na aprendizagem dos discentes. De acordo
com os docentes é possível identificar que ocorre um processo de desenvolvimento de competências
de nível superior nos cursos de graduação do Unileste por meio do uso de metodologias ativas. Vale
destacar que a formação docente foi determinante para os resultados aqui encontrados.
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, David Paul; NOVAK, Joseph; HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1980.
BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
BORDENAVE, J.D.; PEREIRA, A.M. Estratégias de Ensino e Aprendizagem. Ed Vozes Petrópolis. 1991
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). PBL na escola de Economia de São Paulo. 2014. Disponível
em: http://eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/file/PBL_Final_2014.pdf>. Acesso em: 20 abr 2017.
LIBÂNEO, J. C.. Organização e gestão escolar: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 1994.
PRADO, Marta Lenise. Arco de Charles Maguerez: refletindo estratégias de metodologia ativa
na formação de profissionais de saúde. 2012. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452012000100023>. Acesso em: 28 fev. 2018.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2005.