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e à mais antiga produção artística de que se tem conhecimento. A arte deste período situa-se
na Pré-História, no Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), e tem início há cerca de dois milhões
de anos estendendo-se até c. 8000 a.C.
São deste período instrumentos de pedra talhada, decoração de objectos, joias para diferentes
partes do corpo, pequena estatuária representando a figura feminina ou animais, relevos e
pinturas parietais com temática de caça e figuras isoladas de animais ou caçadores.
Contexto
Ver artigo principal: Paleolítico
Paleolítico Inferior (2 500 000 - 2 000 000 até 120 - 100 000 a.C.),
Paleolítico Médio (300 - 200 000 até 40 - 30 000 a.C.),
Paleolítico Superior (40 - 30 000 até 10 - 8 000 a.C.).
Considera-se que é no último período (Paleolítico Superior) que o Homem dá o mais
significativo passo na produção artística consciente, como resultado de uma necessidade
espiritual. No entanto é possível que este nível seja o culminar de um longo processo de
amadurecimento artístico e técnico, e que muito do que foi criado em épocas anteriores
simplesmente não tenha sobrevivido até aos nossos dias. Por esta razão subsistem ainda
muitas incógnitas e questões em aberto, podendo-se apenas especular sobre quais seriam as
verdadeiras motivações artísticas do Homem pré-histórico.
Para uma abordagem mais próxima às primeiras criações artísticas é essencial relacioná-las
com o seu plano de fundo cultural, geográfico e social. Indissociável do seu meio-ambiente, o
qual nem sempre é propício à vida humana, o Homem é por ele extremamente influenciado,
levando a que as suas decisões (deslocamentos a outros locais, etc) sejam ditadas por
condicionantes e factores naturais. Que os temas da arte paleolítica foquem, acima de tudo,
elementos do seu meio-ambiente (como o reino animal, principalmente o alvo da sua caça –
manadas de renas das planícies e vales) surge assim como uma consequência lógica.
Os achados arqueológicos americanos denotam bem a sua proveniência da Ásia oriental, mas
acabam também por evoluir para características próprias. No entanto, pouco se deixa
reconstruir da produção artística deste continente durante o Paleolítico devido à reduzida
informação arqueológica disponível. Quando a ligação natural à Austrália deixa de existir, a
comunicação de outros povos estabelecida até então com este continente leva o mesmo
caminho, e o isolamento que se segue resulta no “empobrecimento” da cultura aí presente.
É por estes diversos factores que a Europa e a Índia são as regiões que oferecem, até ao
momento, os melhores testemunhos de estudo da cultura paleolítica, a partir dos quais
melhor se pode compreender a interpretação que o Homem paleolítico faz do seu mundo. Na
França e norte de Espanha podem-se observar dos mais ricos exemplares de pintura rupestre,
com base nos quais se pode afirmar a existência de um importante florescer artístico nestas
áreas. Mesmo assim torna-se difícil precisar se terá tomado aqui lugar a origem do processo da
consciencialização humana e, consequentemente, se terá aqui iniciado a sua evolução
artística. A própria área actual dos achados a nível mundial não pode ser entendida como
definitiva, uma vez que a preservação das obras muito depende das boas condições dos locais
onde foram criadas.
O momento de transição
O Homem compreende que a arte lhe possibilita uma relação mais estreita com a natureza e
que ele próprio pode usar a sua representação para exercer influência sobre o mundo que o
rodeia. Através da imagem os factores essenciais à sua existência podem ser dominados e o
Homem pode revelar as experiências dos seus sentidos. Mais tarde, quando começa a reflectir
sobre si próprio e o mundo envolvente, passa progressivamente a representar imagens
idealizadas, ao invés de simplesmente imagens observadas. A partir deste momento começa a
aproximando-se cada vez mais da sintetização dos elementos e da sua esquematização
simbólica (como o caso das estatuetas femininas onde se realçam as características da
feminilidade em linhas simples).
Talvez existisse uma ténue linha divisória entre a realidade e a representação e que, ao se
pintar um animal, fosse necessário recriá-lo com o maior realismo possível, para que a caça
bem sucedida na pintura se transportasse para a realidade, ou ainda, que a criação pictórica de
uma manada resultasse na sua criação real, e que o Homem pudesse assim beneficiar de muito
alimento e prosperidade. Do mesmo modo se crê que as pequenas estatuetas femininas sejam
amuletos relacionados com o culto da fertilidade, factor crucial para a sobrevivência do grupo.
Porém é importante uma ressalva: precisamos pesar as ações do homem, no caso no campo
da representação em imagens, como não estritamente vinculadas à representações religiosas
ou a uma busca trancedental de "um algo maior". Assim como uma criança que brinca com
lápis de cor e papel com formas e cores de forma lúdica, não podemos descartar a arte
paleolítica como uma atividade lúdica, um descobrir formas sem maiores pretensões.
Vênus
Ver também: Lista de estatuetas de vênus
Da escultura paleolítica são famosas as estatuetas femininas de pequenas dimensões
designadas genericamente por vénus. Identificadas como possíveis ídolos para o culto da
fertilidade e sexualidade estas figuras apresentam características semelhantes entre si; são
representadas nuas, de pé e revelam os elementos mais representativos do corpo feminino em
linhas exacerbadas. O exagero destes elementos traduz-se num peito, ventre e ancas
voluminosos em oposição a braços e pernas delicados e cabeça pequena. A face, tratada com
linhas simples reduzidas ao essencial, onde não é possível reconhecer traços individuais,
transforma-se, com o tempo, num elemento cada vez mais estilizado e simbólico, assim como
todo o corpo da figura.
Estes ídolos surgem pela primeira vez durante o Paleolítico e são a origem dos ídolos da arte
cicládica de 2000 a.C.. A mais antiga estatueta conhecida é a Vénus de Tan-Tan encontrada em
Marrocos do período Acheulense e com 6 cm de altura. Entre as mais antigas, com 30 000
anos, contam-se as vénus encontradas na Europa, na área do Danúbio, como a Vénus de
Willendorf (Áustria), a Dame de Sireuil (França), a Mulher com corno de Bisonte (relevo na
rocha, França) de formas realistas, ou a Vénus de Vĕstonice (República Checa) de formas
estilizadas.
Pintura paleolítica
Aproveitando-se das irregularidades naturais das pedras, o homem do paleolítico chega, com
suas pinturas, próximo das formas reais da natureza. Utiliza para os seus trabalhos diversos
materiais como carvão, terra e sangue, além de pincéis e osso oco como instrumento de sopro
(ex.: para pulverizar o contorno da mão obtendo um negativo).