Especial

Autárquicas
outubro 2020 este caderno é parte integrante do jornal Expresso das Ilhas,
edição no 986, não podendo ser vendido separadamente

Nesta edição: praia | ribeira Grande de Santiago | Santa Catarina de Santiago

Santa Cruz | São Domingos | São Lourenço dos orgãos | São Miguel
São Salvador do Mundo | Tarrafal de Santiago
 2\\ Autárquicas 2020 N0 986 • 21 de outubro de 2020

Informar
para
escrutinar

Com a publicação do terceiro

caderno sobre as eleições autárquicas
de 25 de Outubro, o Expresso das
Ilhas conclui a série de três edições
especiais dedicadas ao poder local.
Esta semana, o caderno é
totalmente dedicado aos municípios
da ilha de Santiago.
Ao longo das últimas semanas,
percorremos todos os municípios do
país, procurando ouvir as propostas
das diferentes candidaturas.
Depois da contagem dos votos,
estes cadernos, disponíveis em
papel, mas também online, no site do
jornal, contribuirão para um melhor
escrutínio do nível de cumprimento
das promessas e compromissos
assumidos nas plataformas eleitorais.
Informar é isto.
Últimos cartuchos
A campanha eleitoral para as elei-
ções autárquicas de 25 de Outubro
termina esta sexta-feira, 23. Do-
mingo, os mais de 300 mil eleitores
inscritos nos cadernos, distribuídos
por 864 mesas de voto, exercerão o
seu direito democrático.
A campanha, que se aproxima do
fim, fica marcada, para já e ao con-
trário do esperado, por vários ajun-
tamentos, bem como, em muitos ca-
sos, pela não utilização de máscaras
de protecção. Situações que apon-
tam para uma possível violação, tan-
to das normas legais vigentes, como
do Código de Conduta subscrito pe-
las candidaturas.
“Demonstrando a dificuldade dos
candidatos em ajustarem as tradi-
cionais e enraizadas actividades de
porta-a-porta, reuniões e encontros
ao contexto das restrições decorren-
tes da situação pandémica causada
pela covid-19”, disse na última sex-
ta-feira a presidente da Comissão
Nacional de Eleições, Maria do Ro-
sário Pereira.
A presidente da CNE lembrou
às candidaturas independentes e
aos partidos políticos que a liber-
dade de acção em campanha deve
ser compatibilizada com outros
direitos, no caso, o direito constitu-
cional à saúde e à vida dos cidadãos.  cumpriram com a paridade, as res-
Paridade
As autárquicas deste ano são o
primeiro teste à chamada Lei da
Paridade, que obriga a que seja ga-
rantida uma quota mínima de can-
didatos de cada sexo. Nenhum dos
sexos poderá ter menos de 40% de
representação nas listas apresenta-
das a escrutínio popular.
Sabe-se agora que mais de 20%
das listas concorrentes às assem-
bleias e câmaras municipais não
cumprem a lei. As contas foram fei-
tas pela Comissão de Seguimento da
Lei da Paridade.
“Apenas 78,47% das listas às As-
sembleias e Câmaras Municipais
tantes 21,53% não cumpriram. A lei
da paridade estabelece uma apre-
sentação mínima de 40% de cada
um dos sexos nas listas de candida-
tura”, referiu a presidente do órgão,
Lúcia Passos.

Nuno Andrade Ferreira

Coordenador dos cadernos
“Autárquicas 2020”

MENSAGEM DA prESIDENTE DA CNE

NOTA DA REDACÇÃO
Apesar dos esforços da redacção,
ao longo de várias semanas, por todas
as vias possíveis, não foi possível
agendar e realizar a entrevista ao
cabeça-de-lista da candidatura do
Movimento Para Justiça e Trabalho
(MJT) à Câmara Municipal da Praia.
PREZADO (E)LEITOR,  Ao apoiar a produção e divulgação destes cadernos,
Esta é terceira e última edição dos cadernos especiais
produzidos e editados pelo Expresso das Ilhas, com o
apoio da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Ao longo das últimas três semanas, o objetivo destes
cadernos foi disponibilizar aos eleitores informações
úteis, objeto de tratamento jornalístico, sobre as várias
candidaturas dos diferentes municípios do país.
a CNE quis contribuir para um voto mais esclarecido e
informado, potenciando uma escolha mais consciente,
nas eleições autárquicas de 25 de outubro 2020, acto para
o qual estamos todos convocados.
Desejamos-lhe uma ótima leitura. Participe!
A Presidente da Comissão Nacional de Eleições,
Maria do Rosário Pereira
N0 986 • 21 de outubro de 2020
AMÂNDIO BARBOSA VICENTE, PP
“O nosso programa pretende trazer
uma mais valia à Praia”
O candidato do PP à Câmara Municipal da Praia garante que colocará o cidadão no centro da atenção
do poder político, com apostas na promoção social, no ambiente e na protecção civil.
Lourdes Fortes*
O líder do Partido Popular
(PP), Amândio Barbosa Vi-
cente, 57 anos, concorre mais
uma vez à Câmara Municipal
da Praia (CMP). Vicente afir-
ma que, com esta candidatu-
ra, pretende “revolucionar” a
forma como é gerida a coisa
pública no município.
“Resolvi candidatar-me na
decorrência da oposição que
fizemos ao longo dos quatro
anos do último mandato, que
teve uma gestão que peca em
vários sectores. Fizemos uma
oposição acirrada da actua-
ção da CMP e, seguindo a
coerência, apresentámos a
nossa candidatura”, explica.
O candidato do PP, que
está em campanha com o
lema “esperança pâ Praia”,
fala num mandato “medío-
cre”.
“Nós passámos o mandato
a criticar a gestão do presi-
dente, é uma gestão medíocre
em todos os sentidos. Prome-
teu muito e fez pouca coisa.
Numa avaliação de 0 a 10,
não terá mais de três pontos”,
assegura.
O candidato à autarquia
praiense, nas autárquicas de
25 de Outubro, estabelece
a resolução dos problemas
urbanísticos do município
como a principal prioridade,
base para solucionar outros
problemas do concelho, como
saneamento, segurança e ha-
bitação.
“O nosso programa foi fei-
to com base nesse diagnós-
tico. Se formos à questão da
praia
“A nossa proposta, se for-
mos eleitos, é priorizar a ha-
bitação e o nosso plano vai co-
meçar pelo anel rodoviário da
Praia, para fazer assentamen-
tos sob forma de aforamento,
para que todos tenham uma
habitação digna para morar,
já com um plano de rede de
esgotos, água, electrificação”,
sustenta.
O Partido Popular apre-
senta uma plataforma elei-
toral focada em quatro eixos
centrais, nomeadamente os
recursos financeiros, huma-
nos, os processos internos e a
vertente “cliente-cidadão”.
“Com base numa metodo-
logia que agrega os recursos,
não esquecemos os recursos
humanos da câmara munici-
pal porque, directa ou indi-
rectamente, a qualidade dos
serviços que são prestados
depende dos funcionários, do
nível de motivação”.
Na dimensão financeira,
o candidato autárquico quer
“
combater a fuga de receitas.
“Na Câmara Municipal da
Praia há muita fuga de re-
ceitas, falta de prestação de
contas. A vertente financei-
O bem-estar das pessoas passa ra não é esquecida no nosso
plano. Se formos detalhar,
pela reorganização da cidade em encontraremos acções como
termos de urbanização a bancarização de todos os
pagamentos na autarquia”,
avança.
O candidato do PP quer
implementar o conceito de
habitação, há um défice de dos níveis actuais”, estabele- Câmara Móvel, com unidades
habitação na cidade da Praia ce. que se desloquem aos vários
de quatro mil e tal famílias. A implementação de um bairros que compõem o mu-
A nossa meta é, até 2024, ter plano urbanístico que ante- nicípio.
promovido habitação digna cipe a demanda habitacional “Definimos que a câmara
para as famílias mais caren- é outra proposta de Amândio tem que ser móvel, não pode
ciadas, uma melhoria de 30% Barbosa Vicente. ser uma câmara cuja estrutu-
//3
ra fica em cima da Praia, na
Fazenda. Têm que existir uni-
dades flexíveis, móveis que
se deslocam e trabalham em
Alto da Glória ou no Fundo
de Jamaica, por exemplo”,
ilustra.
No âmbito da promoção
social, o PP compromete-se
a criar casas de acolhimento
e de tratamento de pessoas
com deficiência, além de criar
mais dois lares de idosos, nos
bairros de Cobom e Safende.
A nível económico, Vicente
promete, em caso de vitória,
que os sectores industrial e
do comércio irão ser traba-
lhados para dinamizar a eco-
nomia local.
“Iremos humanizar a acti-
vidade do comércio ambulan-
te dentro da cidade, dando to-
tal liberdade aos vendedores
ambulantes, desde que não
obstruam as vias, nem obsta-
culizem os outros comercian-
tes com lojas fixas. Incenti-
var e promover a instalação
e exploração de unidades de
produção agro-pecuária, tais
como aviários, pocilgas, gran-
jas, para satisfação das neces-
sidades colectivas a nível mu-
nicipal - nas zonas rurais da
cidade”, complementa.
A recuperação dos terre-
nos que estão em situação de
litígio será outra “missão” de
Amândio Barbosa Vicente,
caso seja eleito no dia 25 de
Outubro.
Juvenal Lopes Furtado, re-
formado, 60 anos, é a propos-
ta do Partido Popular para
presidir à Assembleia Muni-
cipal da Praia.
*com Ailson Martins
 4\\
ANA REIS, LSCP
“A nossa mensagem é de
esperança, paz e equidade”
Combate à pobreza e à desigualdade social, aposta na educação e formação profissional, melhoria dos
indicadores no acesso à água e saneamento são algumas das propostas da LSCP.
Lourdes Fortes*
Ana Reis, conhecia por
‘Anny’ Reis, lidera a candi-
datura da Liga da Sociedade
Civil Praia (LSCP) à Câmara
Municipal da Praia (CMP),
nas eleições de 25 de Outubro.
A candidata, de 42 anos,
actualmente directora e pro-
motora da Escola Profissional
das Tecnologias e Artes, na
capital, afirma que o seu prin-
cipal objectivo é “promover o
bem-estar dos cidadãos”.
O projecto autárquico
que encabeça nasceu a par-
tir de um estudo que indi-
cava que “a maioria dos
praienses gostaria de ver
uma mulher à frente do
município”.
“Que fosse competen-
te e engajada, mas tam-
bém que fosse uma can-
didatura fora do círculo
dos partidos políticos”,
explica.
Ana Reis indica que
as linhas orientadoras
do projecto da LSCP têm
por base a resolução dos
problemas que afectam a
maior cidade do país.
“Tem a ver com a questão
mais crítica, o ordenamento
do território e a parte da ha-
bitação social. A questão da
equidade. Não podes ter duas
realidades num espaço pe-
queno. A Praia, em termos de
extensão territorial, é peque-
na, não é grande, não pode
ter tanta discrepância assim”,
refere.
Sob o lema “Paz, Equidade
praia
“
Todos juntos construímos essa
Praia melhor, inclusiva para
todos
e Desenvolvimento”, a candi- tunidades iguais para todos.
data quer promover o desen- “Se fizer uma ronda por aí,
volvimento igualitário entre encontra uma Praia bonita,
os vários bairros que com- com rede de esgoto, bem or-
põem o município, com opor- ganizada, mas noutros bairros
a realidade é diferente. Todos
queremos ter uma Praia boni-
ta, no geral, não apenas numa
parte só. Uma Praia com paz,
segurança. Acima de tudo,
com desenvolvimento em to-
dos os bairros”, sustenta.
A candidata independente
propõe um projecto que acre-
dita ser realizável, desde que
“trabalhado em conjunto”.
“É uma candidatura de um
grupo de cidadãos, de for-
ças vivas, de pessoas que, no
dia-a-dia, estão a lidar direc-
tamente com os problemas.
Juntos construímos esse so-
nho, que é ter uma Praia me-
lhor para todos, em todas
as franjas da sociedade.
A nossa mensagem é de
esperança, mas, acima de
tudo, de paz e equidade”,
resume.
A protecção social
está entre os sectores
que merecerão atenção
prioritária da LSCP, em
caso de vitória.
“O sentimento das
pessoas é que os parti-
dos políticos não que-
rem saber de nós, só se
interessam pelas pes-
soas nas vésperas das
campanhas eleitorais e o
resultado está à vista, com a
chuva que veio”, nota.
‘Anny’ Reis promete apos-
tar na educação e formação
dos munícipes, para constru-
ção de uma cidade inclusiva e
próspera.
“As prioridades são muitas,
mas sobretudo têm a ver com
pessoas, com a dignidade das
pessoas, habitação, ordena-
mento do território. Acima de
tudo, têm a ver com o levantar
N0 986 • 21 de outubro de 2020
a auto-estima das pessoas, de
forma geral. A franja que está
marginalizada e que precisa
de socorro será a nossa priori-
dade primeira”, sublinha.
Preocupada com o desem-
prego jovem, acredita que a
solução poderá passar pela
formação profissional.
“Há um número muito
grande de jovens que estão ac-
tualmente desempregados, o
que acarreta vários problemas
sociais. Por isso, defendemos
que se dê prioridade à educa-
ção e à formação profissional,
para que possam ingressar no
mercado de trabalho, porque o
Estado não tem trabalho para
todos. Cabe a cada um de nós
reinventar novas formas de
estar empregado, mas, acima
de tudo, qualificar-se, porque
sem uma qualificação torna-
-se mais difícil”, sublinha.
A candidata da LSCP à Câ-
mara Municipal da Praia quer
promover uma “mudança de
mentalidade”.
“Cada um de nós, muníci-
pes, tem o direito e o dever de
participar na vida política, no
caso, da nossa cidade. Juntos
teremos, de certeza, melhor
resultado. Então, estamos
aqui juntos, para arregaçar as
mangas e fazer com que os de-
safios gritantes no nosso mu-
nicípio sejam menorizados”,
antecipa.
O empresário Amarílio Al-
berto Barros dos Santos, ‘Zeca
Barros’, é a escolha da candi-
datura para a Assembleia Mu-
nicipal da Praia. O candidato
já foi vice-presidente da Asso-
ciação de Jovens Empresários
de Cabo Verde – AJEC.
*com Ailson Martins
N0 986 • 21 de outubro de 2020
CARLOS LOPES, LUTA
“Sou movido pela injustiça social, pela
pobreza extrema e sinto uma obrigação
moral de dar o meu contributo”
‘Romeu di Lurdes’ revela que
o seu projecto autárquico
está traçado para melhorar
a qualidade de vida dos
munícipes e tem como
meta o desenvolvimento
económico sustentável.
Lourdes Fortes*
Carlos Lopes lide-
ra a candidatura do
movimento Lide-
rança União Traba-
lho e Amor (LUTA)
à Câmara Munici-
pal da Praia. Mais
conhecido por ‘Ro-
meu di Lurdes’, Carlos Ma-
nuel Tavares Lopes, nasceu a
3 de Setembro de 1989. É na-
tural da capital, licenciado em
gestão do património cultural
e mestrando em artes visuais.
O candidato à presidência
da autarquia praiense apre-
senta uma candidatura que
julga “necessária”, com “no-
vas visões e ideias” para o de-
senvolvimento do município.
“Sou movido pela injustiça
social, pela pobreza extrema
e sinto uma obrigação moral
de dar o meu contributo nes-
te sentido, porque nós somos
praienses e cabo-verdianos.
Temos o direito de dar o nos-
so contributo na área em que
nos sentimos como uma mais-
-valia. Por isso, escolhi dar o
“
Estou disponível para ser o
empregado dos praienses
meu contributo neste sentido,
como um jovem adepto de
mudança e que acredita que
um desenvolvimento integra-
do é a melhor forma de não
deixar as pessoas de fora”, ex-
plica.
O candidato autárquico
acredita ser a escolha certa
para transformar a Praia num
espaço de oportunidades.
“Entrei na política activa
porque percebi que a política
é um instrumento que, se apli-
cado com nobreza, com amor
e com muito respeito, muda e
melhora a vida das pessoas. É
a política que decide o desen-
volvimento e o sucesso da so-
ciedade”.
Num balanço das realiza-
ções da actual equipa camará-
ria, o cabeça-de-lista do LUTA
reconhece que “há trabalho
feito”, mas acrescenta que as
pessoas não estiveram no cen-
tro da governação.
“Não vou dizer que não foi
praia
feito nada, porque temos uma
visão aberta das coisas. Con-
tudo, lamento muito, porque
as pessoas, a juventude, a ha-
bitação, o desenvolvimento
local, o emprego jovem e o fi-
nanciamento de projectos não
estiveram no centro”, nota.
Caso seja eleito, ‘Romeu di
Lurdes’ aponta que a imple-
mentação de políticas inclusi-
vas e focadas nas pessoas es-
tará no topo das prioridades.
“A Praia poderia apos-
tar fortemente na produção
agrícola, pecuária, transfor-
mação ou conservação de
pescado, porque temos um
mercado grande e crescente
e que consome muito. São
sectores que geram mui-
tos postos de trabalho.
A Praia tem todo o
potencial para ser um
grande centro de pro-
dução”, antevê.
A habitação será
outra batalha do can-
didato do LUTA, que
quer garantir a melhoria dos
indicadores do município
nesta matéria, com ganhos no
bem-estar das famílias.
“Nós vamos mudar total-
mente a política de distribui-
ção de terrenos, de licencia-
mento de construção. Vamos
fazer uma política de aquisi-
ção de terrenos para a juven-
tude, para as famílias, porque
a habitação é a base. Aqueles
que não podem, vamos criar
condições de aquisição”, ex-
plica.
A nível do saneamento,
promete uma política focada
na família, nas pessoas e em
cada comunidade.
“O nosso projecto é ter um
depósito em cada zona e pe-
quenas carrinhas destinadas à
//5
recolha nas casas das famílias,
para colocar no depósito”, re-
sume.
Para ‘Romeu di Lurdes’,
muitos dos problemas sociais
que afectam o município ad-
vêm da falta de emprego. O
cabeça-de-lista promete com-
bater o problema na sua ori-
gem.
“Por detrás do desempre-
go está o vandalismo, está a
violência, a desigualdade, a
pobreza. Portanto, o emprego
é uma estratégia chave de re-
cuperação da auto-estima e de
marchar a nossa cidade num
outro sentido. É claro que não
conseguimos emprego para
todos de uma só vez e é por
isso que temos que ter uma
política de financiamento de
ideias, principalmente para os
jovens”, explica.
Carlos Lopes acrescenta
que o seu projecto autárquico
está traçado para melhorar a
qualidade de vida dos muní-
cipes, tendo como meta o de-
senvolvimento sustentável da
Praia.
A implementação de uma
nova dinâmica cultural é ou-
tra aposta.
“A Praia precisa de valori-
zar os agentes culturais. Vejo
agentes culturais a viver uma
depressão de oportunidades,
porque a partir do momento
em que polarizam a cultura,
ou que agrupamos a activida-
de cultural, há sempre alguém
que fica de fora”, sublinha.
Para a liderança da Assem-
bleia Municipal, o movimento
Liderança União Trabalho e
Amor aposta na estudante de
relações publicas e diploma-
cia, também activista social,
Jónica Brito, de 26 anos.
*com Ailson Martins
 6\\
DENISE TAVARES, DSB
“Votar no Dja Sta Bom é uma forma de
mostrar que os praienses estão indignados”
Movimento Dja Sta Bom
diz que a sua candidatura
tem o objectivo de
despertar a sociedade
para a necessidade de
uma mudança profunda
no sistema político-social.
Lourdes Fortes*
Denise Tavares é a ca-
beça-de-lista do movimen-
to Dja Sta Bom (DSB) à
Câmara Municipal da
Praia. A técnica auxi-
liar de farmácia, de 26
anos, promete, caso
vença as eleições de 25
de Outubro, projectos “es-
truturantes e inovadores”,
que “mudem o estado das
coisas” na capital, em sinto-
nia com o resto do país.
“O Djá Sta Bom engloba o
país inteiro, não só na capi-
tal. Acredito que temos uma
plataforma com muitas pro-
postas que irão ajudar a mu-
dar as coisas na Praia e outras
que poderão englobar Cabo
Verde, em geral. Votar no Dja
Sta Bom é uma forma de mos-
trar descontentamento, de
mostrar aos partidos que os
praienses estão indignados,
precisamos de mudança”, su-
blinha.
O movimento assume-se
como uma voz crítica.
“Vamos criticar tudo o que
está errado e que precisa de
ser melhorado. Se as pessoas
praia
“
Vamos criticar tudo o que está
errado e que precisa de ser
melhorado
estiverem connosco, teremos
mais força para fazer a mu-
dança, mas também temos
propostas viáveis que, se im-
plementadas com seriedade,
vão contribuir para o desen-
volvimento socioeconómico
da capital e de Cabo Verde”,
concretiza Denise Tavares.
O grupo defende “urgên-
cia” na implementação de re-
formas profundas no sistema
político-social do município,
com impacto na melhoria das
condições de vida dos mais
vulneráveis.
“Olhando para o lado mais
frágil da população é que ve-
mos que é preciso mudar o
estado das coisas. Não é só
com infra-estruturas gran-
des, construção de parques,
de bancos. É preciso prestar
atenção aos bairros sem con-
dições e eu moro em Pensa-
mento, um dos bairros onde
nunca é feito nada”, aponta.
Sobre o mandato do actual
executivo camarário, Denise
Tavares assegura que foi fei-
ta “alguma coisa”, mas que
“não beneficiou os mais ca-
renciados”.
“Fizeram algumas coisas,
mas quem precisa de mais
atenção é a população esque-
cida, que só é lembrada nos
períodos eleitorais. Falo das
vendedeiras, dos guardas.
Ninguém se preocupa com
eles, mesmo quando
apresentam projectos
para o próximo manda-
to, não estão incluídos”,
nota.
A nível da habitação,
considerado um proble-
ma “grave” no concelho da
Praia, o movimento Dja Sta
Bom explica que o objectivo é
criar políticas que “facilitem”
a aquisição de terrenos, bem
como a concessão de apoio
aos mais vulneráveis.
“Falam de habitação social,
mas como é que uma vende-
deira ou um guarda, que re-
cebem um salário de 13 mil
escudos, vão comprar um ter-
reno que poderá custar 400
contos, para fazerem as suas
casas? Propomos a venda de
terrenos a preço acessível,
com pagamento em parcelas,
por exemplo”, destaca.
A nível da juventude, o
movimento independente
defende a aposta na criação
N0 986 • 21 de outubro de 2020
de oportunidades e de inves-
timentos voltados para esta
faixa etária.
“Os jovens não têm oportu-
nidades. Temos talento que,
se levado em conta, é um be-
nefício para o país inteiro. Te-
mos jovens capazes, mas estão
deixados de lado e acho que
isso é a maior causa do de-
semprego. Vamos implemen-
tar muitos projectos que irão
beneficiar os jovens. É tudo
uma questão de oportunida-
des”, preconiza.  
Para o desenvolvimento e
reforço da economia da capi-
tal, a ideia é potencializar re-
cursos já existentes.
“Aproveitar as nossas ener-
gias renováveis, através do
mar, do sol e do vento, por
exemplo, para redução dos
custos de dessalinização de
água, o que irá diminuir o
preço de água para agricultu-
ra e gerar rendimento para os
produtores”, assinala Denise
Tavares.
A candidata do DSB pro-
mete, caso vença as eleições,
mudar os indicadores do con-
celho a nível da saúde, habita-
ção, emprego e infra-estrutu-
ração, tornando a Praia uma
cidade “mais inclusiva”.
“É esse o nosso propósi-
to. Temos muitos projectos
estruturantes que irão bene-
ficiar os praienses e os cabo-
-verdianos, em geral. São
propostas que vão, sobretudo,
gerar emprego. Entendemos
que, tal como os que estão no
poder, o simples cidadão tam-
bém tem direito a uma vida
digna”, comenta.
Miguel Nunes de Barros, de
23 anos, licenciado em eco-
nomia e gestão de empresas,
é o candidato do Dja Sta Bom
à presidência da Assembleia
Municipal da Praia.
*com Ailson Martins
N0 986 • 21 de outubro de 2020
FRANCISCO CARVALHO, PAICV
“É preciso fazer um caminho
alternativo”
Descentralização da câmara municipal, habitação, saneamento e promoção do
desenvolvimento económico. Eixos prioritários da candidatura do PAICV à capital do país.
Lourdes Fortes*
Francisco Carvalho, licen-
ciado em sociologia e douto-
rando em sociologia e econo-
mia históricas, é candidato do
Partido Africano da Indepen-
dência de Cabo Verde (PAI-
CV) à presidência da Câmara
Municipal da Praia (CMP).
O candidato autárquico, de
50 anos, membro da Comis-
são Política Nacional do seu
partido, entra nesta corrida
por “discordar” do rumo que
a cidade da Praia está a se-
guir.
Sob o lema “Praia para to-
dos”, Francisco Carvalho su-
blinha que propõe um projec-
to com uma “nova visão” para
a capital do país, para uma
Praia “inclusiva”.
“Não concordamos com a
abordagem, nem com a linha
que está a ser seguida. É uma
linha com um enfoque dema-
siado centrado nas ruas, nos
calcetamos, nos jardins, esca-
das pintadas. É tudo impor-
tante, mas precisamos de um
outro enfoque, centrado nas
pessoas e no desenvolvimen-
to”, sustenta.
“É preciso fazer um cami-
nho alternativo”, acrescenta.
Para o candidato do PAI-
CV, a gestão do município tem
sido focada “no pontual”.
“Há ausência de uma plani-
ficação sistemática e de fundo.
Esta câmara está há 12 anos a
repetir as mesmas coisas. Não
há inovação. Está mais do que
na hora de mudar de rumo”,
assegura.
praia
concretização do sonho de ha-
bitação condigna.
“Temos uma CMP com au-
sência de política de habita-
ção. Não faz sentido. É preciso
ter uma política de habitação
definida pela câmara munici-
pal. É fundamental garantir
acesso aos solos, ter uma po-
lítica de habitação para que
as pessoas não tenham neces-
sidade de construir clandes-
tinamente. As casas clandes-
tinas são uma consequência
de ausência de políticas de
habitação. Ninguém quer mo-
rar debaixo de rochas ou nas
ribeiras”, recorda.
Carvalho propõe a identi-
ficação e preparação de zo-
nas de expansão, para, desse
modo, combater o surgimento
de bairros clandestinos.
“Se não fizermos isso,
comprometemos o futuro da
Praia”, alerta.
Na mesma linha, o cabeça-
“
-de-lista aponta como priori-
tária a questão do saneamento.
“É uma área que vai mere-
cer a nossa máxima atenção.
Começa logo pela questão de
acesso a casas de banho. Te-
A Praia está longe de conseguir mos problemas de rede de es-
aproveitar a riqueza da sua diversidade goto, problemas de recolha de
lixo”, enumera.
O candidato do PAICV quer
aproveitar a diversidade social
do concelho para o desenvol-
vimento local.
Caso seja eleito, o candida- O município tem de ser um “A Praia está longe de con-
to do PAICV propõe liderar facilitador de processos, que seguir aproveitar a riqueza da
uma equipa capaz de perceber faz com que as coisas flores- sua diversidade. Temos pes-
os sinais da sociedade. çam na cidade e nos bairros”, soas de todas as ilhas, do es-
“Chega de uma câmara au- aponta. trangeiro e de diferentes pon-
tista, isolada, fechada sobre si A nível da habitação, sector tos da ilha, que representam
mesma, que pensa que tem to- com grande défice, Francisco uma enorme riqueza cultural.
das as ideias, que tem todas as Carvalho afirma que a Câmara Acho que devemos fazer um
melhores ideias. Isso é errado. da Praia deve ser parceira na novo caminho”, destaca.
//7
A promoção do emprego,
segundo o candidato, passa-
rá pelo reforço da aposta na
atracção de investimentos.
“Vamos abrir novas linhas
de investimento. Temos di-
versas propostas e em muitas
áreas, mas há uma questão
que considero central: a Praia
pode ser o ponto central do
turismo em Cabo Verde”, as-
segura.
Noutra frente, Francisco
Carvalho defende a definição
de uma política “clara” para
a redinamização do sector in-
formal.
“O sector informal é o sec-
tor mais pujante da cidade e,
com efeito, determinante na
estabilização das famílias. O
sector informal merece um
processo de dignificação, para
que sejam criadas mais opor-
tunidades, para que quem
queira ascender possa fazê-lo,
tendo a câmara como parcei-
ra”, explica.
A candidatura do PAICV
também promete recolocar o
pescador no centro do proces-
so de desenvolvimento.
“Verificamos um abando-
no total dos pescadores. É um
processo doloroso, de afas-
tamento dos pescadores de
áreas que tradicionalmente
sempre ocuparam. Precisa-
mos de criar melhores condi-
ções de trabalho para a clas-
se”.
Maria Clara Rodrigues, 66
anos, licenciada em estudos
cabo-verdianos e portugueses
e em ciências de educação é a
aposta do PAICV para liderar
a Assembleia Municipal da
Praia.
*com Ailson Martins
 8\\
FRANCISCO SILVA, UCID
“É preciso que a Praia tenha um novo
paradigma em termos de planeamento”
Francisco Silva propõe um mandato com foco no desenvolvimento económico e inclusivo, planeamento,
requalificação urbana, educação e segurança.
Lourdes Fortes*
Francisco Silva lidera a can-
didatura da União Caboverdia-
na Independente e Democráti-
ca (UCID) à Câmara Municipal
da Praia (CMP). O gestor de
empresas turísticas, de 57 anos,
que concorre pela segunda vez
ao cargo de presidente da edi-
lidade, defende que nestas elei-
ções não está em causa a UCID,
mas sim a Praia, que “pretende
que seja para todos”.
Francisco Silva, que é
actualmente director de
uma agência de viagens
e turismo, quer liderar
a CMP, sobretudo, para
promover o equilíbrio
social no desenvolvi-
mento do município.
“Quando falamos
de equilíbrio, vamos
vê-lo em três dimen-
sões: social, econó-
mico e ambiental.
O planeamento da
Praia, de certa for-
ma, grita por um me-
lhor planeamento, para que
a Praia seja amiga de todos”,
explica.
Sob o lema, “unidos pela
Praia e Praia para todos”, o
candidato da UCID quer ven-
cer as eleições autárquicas
para garantir igualdade de
oportunidades aos praienses.
“Da gestão camarária dos
dois partidos do arco do po-
der, vimos que houve uma
divisão do município, em que
surge uma Praia com melho-
res oportunidades e melhor
planeada, por um lado, e por
praia
cessíveis, que não conse-
guem comunicar-se entre si.
Automaticamente, devido a
essas condições, isso provo-
ca uma situação contra o in-
vestimento, porque nenhum
investidor vai investir num
espaço que não tem condi-
ções de acessibilidade, que
não esteja organizado para
que a actividade económica
se processe normalmente”,
esclarece.
Francisco Silva sublinha a
necessidade de planificação
da cidade da Praia, de modo
a permitir a implementação
de projectos “estruturantes”
para a dinâmica económica,
segurança e criação de em-
prego.
“Pretendemos apresen-
tar um conjunto de pro-
jectos estruturantes para
a Praia, que passam pelo
planeamento e requalifi-
cação urbana, com atri-
buição de espaços para
“
cada tipo de actividade,
em que as coisas fluam
naturalmente, tendo em
conta uma visão tempo-
ral”, aponta.
O chapéu da nossa candidatura O candidato autárquico
apostará na qualificação do
será a promoção do equilibro, município para captação de
social, ambiental e económico investimentos, tendo como
consequência a geração de
empregos qualificados.
“É preciso que a Praia te-
nha um novo paradigma em
outro, pode ser a nossa per- Para este candidato, a dis- termos de planeamento, para
cepção, parece que há uma paridade social existente no trazer segurança e confor-
promoção dos bairros clan- concelho é fruto da sua má to aos munícipes, e, dentro
destinos da periferia, preci- governação e planificação ao daquilo que é a nossa visão
samente para os partidos ti- longo dos anos. do futuro, para que consiga
rarem benefícios, sobretudo “O mau planeamento fez atrair investimentos que pro-
nos períodos de campanha”, com que tenhamos bairros movam a criação de postos
lamenta. diferentes, com guetos ina- de trabalho e a melhoria das
N0 986 • 21 de outubro de 2020
condições de vida das popula-
ções”, defende.
Segundo Francisco Silva, a
ideia é que a própria dinâmica
económica seja capaz de pro-
mover o bem-estar social.
“A Praia, por si só, atrai vá-
rias pessoas, devido à má po-
lítica económica do país, mas
não tem capacidade de absor-
ção em termos de promoção
de emprego para todas essas
pessoas, num curto prazo. É
preciso uma reorganização
que permita atrair investi-
mento e desenvolver o sector
privado, para que esse sector
absorva a mão-de-obra que
imigra para aqui”, diz.
O candidato da UCID suge-
re a criação de condições para
um ambiente propicio ao em-
preendedorismo e emprego
jovem.
“Queremos e vamos ence-
tar um conjunto de parcerias
público-privadas para criar
condições de investimento
que criem empregos. A nossa
política parte da criação de
uma consciência jovem, para
que eles [os jovens] tenham
capacidade de identificar os
desafios e reclamar, junto do
poder local, projectos que lhes
são benéficos”, avança.
A educação e segurança,
saúde, acção social, cultura e
desporto são outras áreas que
deverão merecer a atenção da
UCID, em caso de vitória a 25
de Outubro.
Para liderar a Assembleia
Municipal, a UCID apresenta
a votos Jusceliano Vieira, de
34 anos, despachante oficial,
que também conta com uma
formação técnica em TIC.
*com Ailson Martins
N0 986 • 21 de outubro de 2020 praia //9

ÓSCAR SANTOS, MPD

“A Praia mudou e mudou muito”

MpD quer tempo que sinto orgulho e
quero dar continuidade. Não
relançar o podemos correr o risco de
debate sobre o perder tudo isso. Não é tem-
po de experimentações, es-
Estatuto Especial tamos a viver num ambiente
de covid-19, um ambiente de
e discutir o retracção da actividade eco-
desenvolvimento nómica, sofremos a tempes-
tade de 12 de Setembro, que
de uma nos coloca um conjunto de
grande região desafios a nível da resiliência
urbana”.
metropolitana. Caso seja reeleito, o actual
Óscar Santos presidente da CMP aponta o
relançamento do debate so-
tenta novos bre o Estatuto Especial da
Praia, a par da consolida-
quatro anos ção e execução de “grandes
à frente da investimentos”, como eixos
fundamentais para o próxi-
edilidade da mo mandato.
capital. “A tempestade de 12 de
Setembro veio provar que, de
facto, a Praia, enquanto ca-
pital, precisa do seu estatu-
to especial, para resolver os
problemas fundamentais da
cidade. Também pretende-
Lourdes Fortes* mos criar a região metropo-
litana da Praia, no sentido de
relançar todo o tipo de turis-
mo em Santiago, a partir da
a falar da asfaltagem da li-
gação Paiol - Moinho - Vila
Nova, Paiol - Zona Quatro -
Ponta D’Água, Várzea - Ter-
ra Branca, entre outras liga-
ções”, conta.
O sector da habitação será
uma das bandeiras de uma
possível gestão do MpD, que
pretende resolver o défice
habitacional do concelho.
“O nosso grande problema
tem a ver com a habitação e o
crescimento desorganizado,
mas estamos a trabalhar com
planos, em parceria com o
governo, com empresas pri-
vadas, para permitir que as
pessoas construam as suas
casas de forma disciplinada”,
declara.
A resposta autárquica
passará pela consolidação
do programa Praia Habitat,
já lançado, que consiste na
cedência de projectos e li-
cenças para as pessoas que
queiram construir a sua ha-
bitação, fazendo-o de acordo
com as regras urbanísticas
municipais.
A promoção do desenvol-
vimento no concelho, com

Óscar Santos volta a li-
derar a lista do Movimento
para a Democracia (MpD) à
Câmara Municipal da Praia
(CMP). O economista, de 60
anos, entra nesta corrida à
boleia do lema “Praia ka podi
pára”.
O autarca, que concorre
para um segundo mandato,
depois da vitória em 2016,
faz um balanço positivo do
trabalho feito nos últimos
quatro anos, assegurando
que a Praia deu um “salto de
gigante” a todos os níveis.
“A avaliação que se faz do
desempenho é altamente po-
sitiva. É só ver que a Praia
mudou e mudou muito, em
termos de infra-estruturas,
“
Não podemos correr o risco de
perder tudo isso. Não é tempo de
experimentações
acessibilidades, limpeza ur-
bana. A Praia é uma cidade
mais organizada, mais qua-
lificada, mais dinâmica e in-
clusiva”, afirma.
O candidato do MpD des-
taca o trabalho feito a nível
social, no apoio às famílias e
aos grupos mais vulneráveis,
nomeadamente através dos
centros de emergência e de
idosos e do projecto Anjos da
Noite.
Para Óscar Santos, os gan-
hos do mandato são “eviden-
tes” no ambiente urbano e na
melhoria das condições de
vida das pessoas.
“É de toda esta conquista
que fizemos ao longo desse
Praia, que funcionará como
um trampolim para alavan-
car todo o desenvolvimento
da ilha”, explica.
“Já fizemos a proposta ao
governo, queremos um aero-
porto moderno, um hospital
central, já fizemos a cedência
de terreno a uma empresa
que vai fazer esse investi-
mento, porque queremos
um hospital de referência na
Praia”, acrescenta.
A nível da melhoria das
acessibilidades, Óscar San-
tos destaca a execução de
projectos de asfaltagem que
vão permitir melhor mobili-
dade urbana.
“Temos grandes projectos
de asfaltagem das principais
vias da cidade, para tornar a
Praia mais moderna e com
mais acessibilidades. Estou
foco na criação de emprego,
de acordo com Óscar Santos,
será um ponto central.
“Temos vários projetos
aprovados e em curso que
vão transformar completa-
mente a cidade e vão dar, so-
bretudo, emprego aos jovens.
Estou a falar de hotéis na
costa litoral, que é onde está
a nossa riqueza e que sem
investimento não tem valor.
Estou a falar de investimen-
tos superiores a mil milhões
de dólares nos próximos cin-
co anos”, contabiliza.
Como cabeça-de-lista para
a Assembleia Municipal, o
MpD apresenta Ana Lima
Barber, licenciada em Direi-
to. A candidata foi CEO da
CV TradeInvest, de 2016 a
Março de 2020.
*com Ailson Martins
 10\\
DOMINGOS MENDES, MPD
“A nossa ambição é tornar a Cidade
Velha numa plataforma da história e
da cultura universais”
Desemprego, acessibilidades, saneamento, acesso à água e valorização do património histórico-cultural são
os principais desafios a que Domingos Mendes pretende dar resposta através de seis eixos estratégicos.
António Monteiro
O economista Domingos
Veiga Mendes, 48 anos, nasci-
do em Beatriz Pereira, fregue-
sia de São João Baptista, é o
candidato do Movimento para
a Democracia (MpD) à Câmara
Municipal de Ribeira Grande
de Santiago, nas eleições au-
tárquicas de 25 de Outubro. O
até à data vereador, responsá-
vel pelos pelouros do Turismo,
Cultura e Economia Munici-
pal, propõe, como projecto
de maior envergadura da sua
candidatura, a materialização
da Cidade Nova, um novo pólo
administrativo e residencial, a
nova centralidade urbana do
município.
O candidato faz um balan-
ço “muito positivo” da gestão
da câmara cessante, corrobo-
rando a sua afirmação com os
projectos materializados pelo
edil Manuel de Pina, nomea-
damente o projecto de requali-
ficação da orla marítima, mas
também do polidesportivo, do
estádio municipal, a requalifi-
cação urbana de várias locali-
dades, a recuperação de todas
as infra-estruturas do muni-
cípio, a construção de casas
sociais, o reforço do transpor-
te escolar e do apoio social, a
aposta no empreendedoris-
mo jovem e na promoção dos
projectos locais, privilegiando
o empoderamento feminino
e a equidade de género, entre
muitas outras acções desenvol-
vidas ao longo dos anos.
ribeira Grande de Santiago
dos pela pandemia da covid-19,
com principal destaque para o
setor económico”, sustenta.
A plataforma eleitoral de
Domingos Mendes pretende
dar resposta a desafios como
o desemprego, acessibilidades,
saneamento, acesso à água e
valorização do património his-
tórico-cultural, através de seis
eixos estratégicos: desenvol-
vimento económico do conce-
lho; boa governação e descen-
tralização; cuidar das pessoas;
integração, solidariedade e
coesão social; planeamento e
infra-estruturas; requalifica-
ção urbana.
Domingos Mendes pretende
valorizar o património históri-
co e cultural da Ribeira Gran-
de de Santiago promovendo a
sua divulgação, conservação e
dinamização, como factores de
desenvolvimento do concelho.
“As soluções passam por de-
finir como pilares económicos
estratégicos novas áreas com
impacto, sobretudo, nas vidas
dos jovens e dos mais vulnerá-
“
veis, promovendo uma gestão
autárquica participativa”, su-
blinha.
Visão
As soluções passam por definir
Se for eleito, Domingos
como pilares económicos Mendes garante que tem
estratégicos novas áreas com uma visão clara e bem defini-
da: projectar um novo futuro
impacto nas vidas dos jovens e para Cidade Velha, Patrimó-
dos mais vulneráveis nio Mundial da Humanidade,
aproveitando o seu legado his-
tórico-cultural.
“Não obstante todo o traba- gestão municipal, subsistem “Em 2024, Cidade Velha
lho desenvolvido pela anterior ainda alguns desafios, agrava- será uma plataforma histórica
N0 986 • 21 de outubro de 2020
e cultural universal, uma ci-
dade com qualidade urbana,
saudável, acessível e inclusiva,
com uma economia pujante e
de elevado valor acrescentado,
tendo o património como uma
referência de orgulho para a
população, num município
onde reina a felicidade para to-
dos e a prosperidade comparti-
lhada”, ambiciona.
Neste sentido, a expectativa
do candidato é tornar a Cidade
Velha numa plataforma da his-
tória e da cultura universais,
com particular enfoque na
promoção desse legado, como
forma de promover o desen-
volvimento económico local.
Mas o projecto de maior
envergadura da candidatura
de Domingos Mendes é a ma-
terialização da Cidade Nova,
na zona de Forte São Filipe e
Calabaceira de Cidade Velha.
Esta nova centralidade irá fun-
cionar como um pólo adminis-
trativo e residencial, visando a
criação de instalações de ser-
viços públicos e administrati-
vos, bem como a edificação de
áreas residenciais para resi-
dentes que almejam construir
casa própria sem as restrições
impostas pela classificação do
centro histórico.
A lista do MpD para a As-
sembleia Municipal da Ribeira
Grande de Santiago é encabe-
çada por António Monteiro,
natural de Santana, freguesia
de São João Baptista. Licen-
ciando em ciências políticas,
Monteiro é actualmente presi-
dente da Assembleia Geral da
Concelhia do MpD.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
NELSON MOREIRA, PAICV
“Vamos inaugurar uma nova era de
governação na Ribeira Grande”
Mais emprego e formação
profissional para os jovens, mais
habitação social e potencialização
turística da Cidade Velha como
Património Mundial são as
principais propostas de Nelson
Moreira.
António Monteiro
Nelson Vaz Moreira, 39
anos, é a aposta do Partido
Africano da Independência
de Cabo Verde (PAICV) para
conquistar a Câmara Mu-
nicipal de Ribeira Grande
de Santiago, depois de
12 anos de mandato do
MpD. Nelson Moreira,
nascido na localidade de
Bota Rama, é licenciado em
gestão de empresas e trabalha
há 13 anos no sector bancário.
O estreante em lides eleito-
rais diz que pretende introdu-
zir uma nova forma de fazer
política, baseada em valores
e princípios defendidos pelo
PAICV.
O candidato autárquico é
complacente no balanço que
faz da gestão da câmara ces-
sante, embora reconheça que
a situação poderia estar me-
lhor.
“Não requeremos entrar
muito em detalhes na avalia-
ção da governação anterior,
mas reconhecemos que no úl-
timo mandato de Manuel de
Pina foram executadas algu-
mas obras, mas a maior parte
ribeira Grande de Santiago
nómicos ou mesmo a popula-
ção local pretendem fazer al-
gum investimento, como não
têm o registo da propriedade,
às vezes esta situação dificulta
o acesso ao crédito bancário
para financiamento dos seus
negócios”, aponta.
A alta taxa de desemprego
jovem é outra das preocupa-
ções. Nelson Moreira preten-
de dar atenção especial a esta
problemática, criando condi-
ções para que os empresários
possam investir no conce-
lho, o que irá criar novos
postos de trabalho e,
desta forma, ajudar
a colmatar o desem-
prego e potencia-
lizar a economia
local.
“Iremos dar uma
atenção especial à
formação para os
“
jovens, mas aten-
dendo às necessi-
dades do município.
Ou seja, não só formar
por formar, mas em
áreas que lhes permitirá a sua
Iremos dar uma atenção especial integração no mercado de tra-
à formação para os jovens, mas balho”, promete.
O défice habitacional é um
atendendo às necessidades do problema compartilhado com
município vários outros concelhos do
país, embora no município
atinja proporções maiores.
Nelson Moreira promete dar
uma atenção especial ao pro-
blema, mas reconhece que
está ainda em curso”, observa, tas zonas que estão encrava- não é possível resolver a si-
alegando que, pelo menos, in- das ou em que o acesso não é tuação apenas com os parcos
dicam que algum trabalho foi dos melhores. recursos dos municipais. Por
feito. Aliás, a questão do acesso e isso, propõe dialogar com o
Para Nelson Moreira, um acessibilidades e o deficitário governo e atrair operadores
dos principais impasses para nível de registos de proprie- que queiram investir na área.
o desenvolvimento do conce- dades são dois dos principais
lho de Ribeira Grande tem a problemas que o candidato do Visão
ver com a questão dos acessos PAICV aponta como entraves
e acessibilidades, pois, nas ao desenvolvimento local. Caso vença as eleições, o
suas palavras, há ainda mui- “Quando operadores eco- candidato do PAICV quer di-
//11
namizar o desenvolvimento
económico local nos próxi-
mos quatro anos, com base
nas suas potencialidades: o
sítio histórico da Cidade Ve-
lha, enquanto Património
Mundial; a inscrição da Cida-
de Velha no roteiro de Turis-
mo Cultural da UNESCO e o
programa A Rota dos Escra-
vos.
“Iremos tirar proveito des-
tas marcas para podermos
potencializar o turismo na
Ribeira Grande de Santiago”,
considera.
Além do sítio histórico,
Nelson Moreira lembra que
o concelho de Ribeira Gran-
de tem diversas localidades
onde será possível potenciar
o turismo rural e de monta-
nha.
Educação e inovação, em-
prego e empregabilidade,
agricultura e pecuária são ou-
tras prioridades da candida-
tura do PAICV.
“Sabemos que só gerindo
os recursos que o Estado dis-
ponibiliza não é suficiente.
Por isso, temos que dialogar
com o governo, mas também
com o sector privado, no sen-
tido de fazer um djunta mon.
Sabemos que os desafios para
mudar a Ribeira Grande são
enormes, por isso, as respon-
sabilidades têm de ser parti-
lhadas”, anuncia o candidato.
José Gomes Veiga é o can-
didato do PAICV à presidên-
cia da Assembleia Municipal
da Ribeira Grande de San-
tiago. O coronel na reforma,
licenciado em ensino da ma-
temática, nasceu a 27 Janei-
ro de 1950, em São Lourenço
dos Órgãos. Foi presidente da
Comissão Instaladora do Mu-
nicípio de Ribeira Grande de
Santiago.
 12\\
ARMINDO FREITAS, PAICV
“Vamos transformar Santa Catarina
num município de oportunidades”
Candidato do PAICV quer transformar Santa Catarina no “celeiro de Santiago e de Cabo Verde”, com a
modernização e empresarialização do sector primário.
Fretson Rocha*
O Partido Africano da In-
dependência de Cabo Verde
(PAICV) escolheu o primeiro
secretário de Santa Catarina
de Santiago, Armindo Freitas,
para encabeçar a lista à câ-
mara municipal do concelho.
O candidato, de 34 anos, é li-
cenciado em geografia, mes-
tre em gestão do território e
especialista em planeamento
e ordenamento do território.
É professor do ensino supe-
rior e secundário, militante e
membro do Conselho Nacio-
nal. Candidata-se às eleições
de 25 de Outubro sob o lema
“uma nova visão para Santa
Catarina”.
Armindo Freitas começa
por fazer um balanço negati-
vo do mandato do MpD que
agora termina, considerando
que o município tinha tudo
para fazer mais e melhor.
Entende que Santa Catarina
é um concelho pobre, apesar
das suas potencialidades, com
muitas famílias sem acesso a
electricidade, rede de água e
com dificuldades no acesso à
assistência médica e medica-
mentosa.
“Os santa-catarinenses não
sentiram o desenvolvimen-
to de que tanto se fala. Não é
verdade que Santa Catarina
está no caminho certo. Quan-
do saímos para as zonas rurais
e para todas as localidades,
encontramos a população em
estado de abandono. Então o
nosso balanço da equipa an-
terior é bastante negativo”,
avalia.
Santa Catarina de Santiago
tivações que o levaram a en-
trar na corrida autárquica.
A visão do PAICV para este
município da ilha de Santiago
assenta na história, no legado
e nas potencialidades do con-
celho. Neste sentido, na sua
plataforma eleitoral, o partido
aponta a estruturação e inte-
gração do sector económico
como o principal eixo. A ideia
é transformar Santa Catarina
num município economica-
mente forte, através da aposta
na modernização e empresa-
rialização da agricultura, da
pecuária, da pesca, dos servi-
ços e dos transportes.
“Portanto, o eixo de estru-
turação e integração do sector
económico tem como ambição
transformar Santa Catarina
num município altamente
produtivo e exportador e num
celeiro de Santiago e de Cabo
Verde”, aponta.
“Queremos transformar o
município numa plataforma
“
de produção, transformação
e distribuição de produtos e
serviços a nível de Santiago”,
ambiciona.
Outra proposta da candida-
Queremos transformar o tura passa pelo investimento e
fortalecimento do tecido em-
município numa plataforma presarial, através de um tra-
de produção, transformação balho “forte” com os empre-
sários e parceiros locais. Para
e distribuição de produtos e atrair investidores, o PAICV
serviços a nível de Santiago aposta na construção de es-
tradas de desencravamento,
na requalificação urbana, na
infra-estruturação do municí-
“Queremos implementar ção de novas oportunidades pio e na criação de mais equi-
políticas públicas com impac- para os santa-catarinenses, pamentos sociais. Promete
to na vida das pessoas e traba- mais emprego, mais rendi- instrumentos de apoio e um
lhar com as famílias no centro mento para as famílias e maior fundo de promoção do sec-
da nossa atenção”, propõe. qualidade de vida e bem-estar tor privado, para o fomento
O candidato aponta a cria- social como as principais mo- das actividades económicas.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
Igualmente, propõe-se reor-
ganizar os serviços na autar-
quia, para ajustar as respostas
aos desafios de desenvolvi-
mento.
“Por exemplo, a estrutura-
ção e montagem de um gabi-
nete de promoção económica.
Vai ser um gabinete que estu-
da potencialidades do municí-
pio, que estrutura e apresenta
projectos para empresários,
para quadros, para emigran-
tes, que orienta os jovens na
elaboração dos seus projectos
e que busca linhas de financia-
mento”, idealiza.
“Vamos transformar Santa
Catarina num município de
oportunidades para o sector
privado, um município alta-
mente infra-estruturado, fa-
cilitador e promotor de inves-
timentos estruturantes, que
cria mais rendimentos, mais
emprego e que traz mais qua-
lidade de vida para os santa-
-catarinenses”, garante.
Outra grande aposta passa
pelo desenvolvimento e inclu-
são social, com foco no com-
bate à pobreza.
“Vamos empoderar a juven-
tude, mulheres e famílias de
Santa Catarina. Vamos criar
infra-estruturas a nível do
desporto, de ensino, formação
e qualificação”, promete.
Para as próximas eleições,
o PAICV aposta em Ermelin-
do Fernandes, 59 anos, como
candidato à presidência da
Assembleia Municipal de
Santa Catarina de Santiago.
O candidato é licenciado no
ensino da história e mestre
em ciência política e relações
internacionais.
*com Ailson Martins
N0 986 • 21 de outubro de 2020
JOSÉ ALVES FERNANDES, MPD
“Ambicionamos um município
desenvolvido, com qualidade de vida e
com rendimento para as famílias”
O cabeça-de-lista
do MpD à Câmara
Municipal de
Santa Catarina
de Santiago
quer continuar
“a caminhada
do progresso”
do município e
aponta as pessoas
como prioridade.
Fretson Rocha*
José Alves Fernandes, ‘Beto’
Alves, 44 anos, é o candidato do
Movimento para a Democracia
(MpD) à Câmara Municipal de
Santa Catarina de Santiago. Li-
cenciado em ciência política,
pós-graduado em direito das
autarquias locais, ‘Beto’ Alves,
candidata-se a um segundo
mandato, depois de ter assumi-
do a presidência da edilidade
em 2016. Antes, de 2012 a 2016,
exerceu funções de vereador, no
mandato de Francisco Tavares.
Anteriormente, havia sido di-
rector de saneamento. O can-
didato à sua própria sucessão
quer dar continuidade ao tra-
balho desenvolvido durante os
últimos quatro anos.
Entende que, pelos projectos
em curso e por realizar, a sua
equipa ainda não concluiu a sua
caminhada.
“Já estamos a caminhar e
temos que chegar ao destino.
Estamos aqui para mais um
Santa Catarina de Santiago
primeira delegação municipal
são outras realizações elenca-
das. No domínio da habitação,
o candidato recorda que a sua
equipa camarária já reabilitou
“centenas” de casas de famílias
pobres.
Sobre as obras em curso,
José Alves Fernandes cita como
exemplo o campo de futebol rel-
vado de Chã de Tanque, a pri-
meira fase do campo de Rincão,
a requalificação do polivalente
de Achada Lém, intervenções
no Estádio de Cumbém e traba-
lhos de electrificação em várias
localidades.
“Todas essas obras num qua-
dro de estreita parceria e arti-
culação com o Governo. Aliás,
é uma parceria que dá gosto,
porque se tem traduzido em re-
sultados concretos, ou seja, na
melhoria da qualidade de vida
das famílias. A relação entre
os municípios e o governo é de
muita confiança”, refere.
“
Para a nova candidatura, o
cabeça-de-lista do MpD aponta
a segurança sanitária, a reabili-
tação das casas das famílias, a
redução do défice quantitativo
A nossa ambição é atingir 100% e qualitativo das habitações e
o acesso à água e saneamento
de famílias com casas de banho e como prioridades.
casas reabilitadas, 100% do concelho “Para o novo mandato a nos-
sa ambição é atingir 100% de
electrificado e 100% de cobertura de famílias com casas de banho
abastecimento de água e casas reabilitadas, 100% do
concelho electrificado e 100%
de cobertura de abastecimento
de água”, comenta.
“Também é nossa prioridade
mandato, para a conclusão da- as obras já realizadas, aponta a a modernização da pesca e da
quilo que é a caminhada do pro- requalificação da cidade e dos agricultura – uma agricultura
gresso, de desenvolvimento de bairros, assim como o desen- moderna, virada para o merca-
Santa Catarina”, diz. cravamento de várias localida- do, com novas tecnologias e que
‘Beto’ Alves faz um balanço des. A requalificação da frente permita a produção em quanti-
“bastante positivo” do último marítima de Ribeira da Barca, dade e em qualidade, que possa
exercício, com “grandes reali- a instalação de uma dessaliniza- atingir sobretudo o mercado tu-
zações para o concelho”. Entre dora na localidade e a criação da rístico”, estabelece.
//13
Caso seja eleito, o candida-
to traça ainda como uma das
prioridades a criação do Parque
Industrial de Santa Catarina,
promovendo investimentos no
concelho e a consequente cria-
ção de riqueza e rendimentos.
Também promete continuar
a infra-estruturação da cidade
e do município, o desencrava-
mento das localidades, assim
como investimentos a nível da
promoção das actividades eco-
nómicas e turísticas, com o ob-
jectivo de reduzir o desemprego
jovem. Também para a juven-
tude, propõe mais formação e
uma aposta no empreendedo-
rismo.
“Nós ambicionamos um mu-
nicípio desenvolvido, com qua-
lidade de vida, com rendimento
para as famílias, que se traduza
na felicidade das famílias. Vai
ser um concelho que nos orgu-
lha a todos, um concelho prós-
pero, dinâmico, desenvolvido,
capaz de atrair investimento,
sobretudo, no sector privado,
para que haja mais emprego
e geração de riqueza. A nossa
prioridade são as pessoas”, ga-
rante.
A candidatura do MpD pro-
mete reforçar a Loja Social e a
Casa da Sopa, dar continuida-
de ao atendimento das famí-
lias mais necessitadas, mobili-
zar recursos e instituições que
possam colaborar e investir
no concelho para gerar rendi-
mento.
Para encabeçar a lista à As-
sembleia Municipal, o MpD
volta a apostar no político, pe-
dagogo e professor João Euri-
co Gonçalves da Moura, de 63
anos. O candidato foi deputado
municipal de 1996 a 2000 e de
2004 a 2008.
*com Ailson Martins
 14\\
FÉLIX CARDOSO, SAT
“Até 2024 vamos transformar Santa
Catarina na maior economia de Cabo Verde”
Félix Cardoso promete
transformar Santa Catarina num
polo de investimento e na maior
cidade comercial de Cabo Verde.
Considera ser necessária uma
mudança de paradigma.
Fretson Rocha*
João Félix Tavares Ro-
drigues Cardoso, 52 anos,
apresenta-se como cabeça-
-de-lista do movimento
Santa Catarina Acima de
Tudo (SAT) à Câmara
Municipal de Santa Ca-
tarina de Santiago. Com
15 anos de magistratura
no Ministério Público, o
candidato independente
é licenciado em direito,
pós-graduado em direito do
trabalho e mestre em ciências
jurídico-forenses. Neste mo-
mento, é doutorando em ciên-
cias jurídico-criminais. Des-
vinculou-se da magistratura
para “servir Santa Catarina”
e responder a um convite de
um grupo de “mais de 3.500
cidadãos”.
O candidato à liderança da
autarquia, onde já desempe-
nhou funções de assessor ju-
rídico, considera que o man-
dado que agora termina foi de
desemprego e fraca qualifica-
ção de jovens, pobreza, inse-
gurança habitacional e insufi-
ciente requalificação urbana.
“Há uma regressão por
inacção e omissão em matéria
de planeamento urbanístico,
há uma requalificação urbana
Santa Catarina de Santiago
local, a gestão deixou muito a
desejar”, avalia.
A “candidatura da cida-
dania” apresenta uma plata-
forma eleitoral que abarca os
mais diversos sectores, a co-
meçar pela juventude. Enten-
de que os jovens não têm me-
recido a devida atenção por
parte do município, nomea-
damente a nível da formação
e do emprego.
“Para resolver essa situa-
ção, vamos apostar for-
temente na formação
profissional. Em parce-
ria com universidades,
vamos assumir a nossa
missão na formação de
quadros de Santa Ca-
tarina. Vamos criar um
mercado de trabalho
com base na industriali-
zação do município, por
forma a criar serviços e
oportunidades de empre-
go em Santa Catarina”,
propõe.
A infra-estruturação eco-
nómica e social, o turismo, a
segurança, a economia e de-
“
senvolvimento local, a saú-
de, o desporto e a cultura são
apontados como eixos fun-
damentais para o desenvol-
vimento harmonioso do mu-
nicípio. Félix Cardoso quer
Vamos apostar fortemente Santa Catarina de Santiago
na formação profissional. Em como um novo destino turís-
tico, com uma agricultura in-
parceria com universidades, teligente e como um sector de
vamos assumir a nossa missão oportunidades para os jovens,
resultado de uma agro-indús-
na formação de quadros de tria desenvolvida.
Santa Catarina” “Temos que transformar
Santa Catarina num polo de
investimento e na maior cida-
de comercial de Cabo Verde”,
defende.
O candidato independente
e acessibilidades de valor limi- ramos que há uma descapita- às eleições de 25 de Outubro
tado, a infra-estruturação des- lização de recursos humanos. quer apostar na formalização
portiva não avançou, a gestão Também em matéria de de- da economia e no desenvolvi-
desportiva regrediu. Conside- senvolvimento da economia mento empresarial, na trans-
N0 986 • 21 de outubro de 2020
formação do município num
centro de ciências e tecnolo-
gias de Santiago Norte e na
promoção da transição para a
economia azul. Também pro-
mete investir nas indústrias
criativas, no desenvolvimento
do capital humano e na gestão
e ordenamento do território,
como parte do desenvolvi-
mento urbano.
“É necessário mudar de pa-
radigma e modelo de gestão
camarária para poder inverter
a situação actual. Até 2024,
vamos transformar Santa Ca-
tarina de Santiago na maior
economia de Cabo Verde, com
elevado nível de desenvolvi-
mento humano, transforman-
do Assomada numa cidade de
referência a nível nacional e
alternativa à Praia”, garante.
“Santa Catarina exige, mais
do que nunca, uma equipa
competente porque, se não, va-
mos ficar vítimas de má gestão
e vítimas da covid-19”, avalia.
“A nossa prioridade serão
as pessoas”, diz.
No capítulo do saneamen-
to, Felix Cardoso propõe au-
mentar a frota de carros de
recolha de lixo, apostar na
melhoria das condições da-
queles que trabalham no sec-
tor e levar a rede de esgotos a
todas as localidades. Habita-
ção social, requalificação das
diversas localidades, por for-
ma a garantir um desenvolvi-
mento equilibrado, são outros
eixos estratégicos do movi-
mento Santa Catarina Acima
de Tudo.
Para a Assembleia Muni-
cipal a escolha do SAT re-
cai sobre Alcides Fernandes
da Moura, natural de Fonte
Lima, Santa Catarina. O can-
didato é mestre em sociologia
e doutor em ciências da edu-
cação.
*com Ailson Martins
N0 986 • 21 de outubro de 2020
NEIDA ROMPÃO, UCID
“A nossa lista tem tudo o que Santa
Catarina precisa para se desenvolver
economicamente”
A candidata da UCID à Câmara
Municipal de Santa Catarina
promete alavancar a economia
do município e trabalhar para
a inclusão social.
Fretson Rocha*
Neida Teresa Semedo Vare-
la Rompão, 32 anos, concorre
pela lista da União Cabover-
diana Independente e Demo-
crática (UCID) à presidên-
cia da Câmara Municipal de
Santa Catarina de Santiago.
A candidata, licenciada em
enfermagem, especialista em
neurociência clínica, exerce
funções na Delegacia de Saú-
de de Santa Catarina há 14
anos. Além disso, é fundado-
ra, pesquisadora e secretária
da assembleia geral do Centro
de Estudos Africanos para o
Desenvolvimento. Apresenta-
-se às eleições de 25 de Ou-
tubro com o lema “por uma
Santa Catarina mais inclusiva
e com mais oportunidades”.
A enfermeira considera
que o município de Santa Ca-
tarina poderia estar mais de-
senvolvido.
“Porque Santa Catarina
não é só Assomada. É um con-
celho amplo, com várias difi-
culdades e especificidades. O
município deveria estar mais
avançado. A Câmara Munici-
pal deveria ter feito mais”, diz.
Neida Rompão entende
que falta uma política pública
mais virada para a saúde, para
Santa Catarina de Santiago
Câmara Municipal de Santa
Catarina de Santiago prome-
te trabalhar para que haja
inclusão social para todos os
santa-catarinenses. Na sua
plataforma eleitoral, aponta o
turismo rural, agricultura, pe-
cuária, pesca, juventude, edu-
cação e o desencravamento
das localidades como as prin-
cipais linhas de acção.
“A nossa plataforma é viá-
vel, já estudámos o município.
Conheço o concelho de ponta
a ponta, sei quais são as ne-
cessidades e potencialidades
e é por isso que trabalhamos
com essas linhas para a plata-
forma. A nossa lista tem tudo
o que Santa Catarina precisa
para se desenvolver economi-
camente”, acredita.
Caso seja eleita, a candi-
data promete também apos-
tar na juventude e no desen-
cravamento das localidades.
Neida Rompão considera
“
que a pandemia de covid-19
agravou a situação socioeco-
nómica no município, porque,
para além das remessas dos
emigrantes, a maior parte das
famílias vive da agricultura e
Santa Catarina não é só Assomada. da pecuária, sectores fustiga-
É um concelho amplo, com várias dos pela seca dos últimos anos
e agravados pelo confinamen-
dificuldades e especificidades to. A candidata da UCID tem
definidas propostas para ala-
vancar a economia local.
“A nossa aposta começa pe-
las parcerias com os empresá-
os vendedores ambulantes e e também garantir água para rios locais, para que a econo-
para o abastecimento de água. os agricultores. Propomos mia possa funcionar e fluir”,
“A solução que propo- criar um novo mercado, onde resume.
mos para resolver esses pro- se possam criar espaços para “Propomos capacitar os
blemas é, em parceria com legumes, para os vendedores agricultores e criadores de
empresas ou com câmaras ambulantes, para roupa, para gado ao nível de transforma-
mais desenvolvidas, a nível artesanato e para vendedores ção dos seus produtos, para
internacional, conseguir le- de comida”, propõe. que possam ter rendimento e
var água potável para todo o A única mulher a lançar-se criar negócio”, aponta.
município de Santa Catarina na corrida à presidência da No sector das pescas, a
//15
aposta passa pela criação
da Casa do Peixe, disponi-
bilizando botes adequados
e com motores de qualidade
que possam garantir uma boa
captura.
“Outra coisa é aproveitar
os pescadores para desen-
volver o turismo. Temos be-
las encostas e vamos usar os
botes, não só para pesca, mas
também para fazer turismo,
através de viagens pelas en-
costas”, sugere.
A aposta dos democratas-
-cristãos em Santa Catarina
de Santiago também passa
pela construção de diques em
algumas localidades e edifi-
cação de currais para que os
criadores de gado possam
criar os seus animais em me-
lhores condições.
No capítulo da habitação
social, Neida Rompão prome-
te apostar na reabilitação das
casas degradadas e construir
residências para pessoas sem
condições financeiras. Sanea-
mento é outra prioridade da
candidatura, através da liga-
ção das habitações à rede de
esgotos e criação de condições
para que cada família tenha
uma casa de banho.
“Saneamento dignifica a
vida humana. A saúde pública
depende de um bom sanea-
mento básico”, afirma.
A nível da requalificação
urbana, as propostas do par-
tido passam pela construção
de esplanadas e miradouros,
a par da preservação do patri-
mónio.
Para a liderança da Assem-
bleia Municipal, a escolha da
UCID recai sobre Adelgisa
Monteiro, 26 anos, licenciada
em agronomia.
*com Ailson Martins
 16\\
CARLOS SILVA, PAICV
“Queremos transformar Santa Cruz numa
cidade capital do agro-negócio de Cabo Verde”
Ao longo dos últimos quatro anos, Carlos Silva liderou os destinos de um dos concelhos mais pobres de Cabo
Verde. O mandato que cumpriu à frente da Câmara Municipal de Santa Cruz “foi altamente positivo”, apesar da seca.
André Amaral
Os quatro anos que Carlos
Silva cumpriu à frente da Câ-
mara Municipal de Santa Cruz
foram “positivos embora não
da forma como nós quería-
mos”.
“Nós queremos sempre
mais, mas vendo pelo contexto
foi um mandato em que prati-
camente não choveu e Santa
Cruz é um concelho de voca-
ção agrícola”, aponta o candi-
dato que o Partido Africano da
Independência de Cabo Verde
(PAICV) apoia para manter a
liderança da Câmara Munici-
pal de Santa Cruz.
“De um modo geral, consi-
dero que foi um mandato alta-
mente positivo. Conseguimos
dinamizar muitas actividades,
garantimos alguns postos de
trabalho, na perspectiva de
combater os efeitos dos maus
anos agrícolas e da pandemia
da COVID-19”, resume Carlos
Silva.
O candidato aponta as
obras municipais “na área da
saúde, educação, desporto,
cultura, requalificação urbana
e ambiental e turismo” como
sendo a face mais visível do
trabalho realizado ao longo
dos últimos quatro anos e que
“garantiram algum rendimen-
to às famílias”.
O cabeça-de-lista do PAI-
CV afirma, em conversa com o
Expresso das Ilhas, que se não
fossem os sucessivos maus
anos agrícolas e a pandemia,
o concelho “estaria melhor do
que está agora”.
Santa Cruz
podermos combater os anos
de seca”, aponta o candidato,
que durante os últimos quatro
anos esteve à frente da única
autarquia liderada pelo PAI-
CV na ilha de Santiago.
Para resolver os problemas
económicos de Santa Cruz,
Carlos Silva recorda que, no
mandato que agora termina,
foi definida “uma agenda eco-
nómica” que, diz, está a ser
implementada “numa parce-
ria forte com o governo”.
“Para se desenvolver o mu-
nicípio de Santa Cruz, é preci-
so apostar no agro-negócio e
isso obriga a que se definam as
grandes prioridades. Na nos-
sa plataforma eleitoral, o que
consta é transformar Santa
Cruz numa cidade capital do
agro-negócio de Cabo Verde”,
avança.
Mas para que essa transfor-
mação aconteça é preciso criar
mecanismos, como “um fundo
“
municipal de desenvolvimen-
to local, que já está em curso,
continuar a construção das es-
tradas de penetração nas ribei-
ras agrícolas e turísticas, apos-
De um modo geral, considero tar na mobilização de água,
dinamizar o potencial agrícola
que foi um mandato altamente da Cooperativa Justino Lopes,
positivo que já foi o maior produtor e
exportador de Cabo Verde, res-
tabelecer uma ligação em me-
lhores condições entre Santa
Cruz e Assomada criando um
Sair da pobreza “A forma como ainda se corredor no meio da ilha”.
pratica a agricultura é pouco
Santa Cruz é um dos con- resiliente, temos de aumen- Futuro
celhos mais pobres de Cabo tar a nossa resiliência no sec-
Verde, situação agravada pela tor. Temos de apostar forte- Outro dos grandes projec-
falta de chuva e consequentes mente na sua modernização tos de Carlos Silva é “resta-
maus anos agrícolas. e nas novas tecnologias para belecer uma ligação marítima
N0 986 • 21 de outubro de 2020
diária entre Pedra Badejo e o
Maio e, porque não, uma vez
por semana para a Boa Vista”.
“Estamos em fase de insta-
lação de uma central de com-
pras que inclui um parque
industrial, um mercado abas-
tecedor e um pavilhão de feira
de banana”, acrescenta.
No âmbito da “cooperação
forte” que o candidato do PAI-
CV diz existir com o governo,
foi feita “a proposta de cons-
trução de um cais acostável
em Santa Cruz”.
“Vamos mobilizar todo o
potencial da pesca”, garante.
Para Carlos Silva, o turis-
mo tem um papel essencial no
combate à pobreza e na gera-
ção de rendimentos para as
famílias do município.
“Queremos continuar a di-
namizar todo o potencial tu-
rístico do município fazendo
um programa que se vai cha-
mar ‘Cada Família Um Turis-
ta’”, que será implementado
nas zonas de Porto Madeira e
Achada Igreja.
A nível cultural, o candida-
to do PAICV quer “transfor-
mar o município numa refe-
rência do resgate, preservação
e promoção da cultura sendo
o Centro Cultural Sema Lopi
uma referência”. Um projecto
que “já está em obras e prati-
camente na recta final. Vai ser
um centro de referência a ní-
vel da região com capacidade
para a promoção e realização
de grandes eventos”.
A lista do PAICV à Assem-
bleia Municipal de Santa Cruz
é encabeçada pelo jurista Gil-
son Cardoso.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
PEDRO ALEXANDRE ROCHA, MPD
“Santa Cruz continua a ser um concelho com um
índice de subdesenvolvimento muito elevado”
Desemprego,
pobreza, más
condições
habitacionais são
alguns dos problemas
que o concelho de
Santa Cruz enfrenta
e que levam Pedro
Alexandre Rocha,
que já cumpriu dois
mandatos como
autarca naquele
concelho, a reprovar
a actual gestão
camarária.
André Amaral
Pedro Rocha é um vetera-
no do Movimento para a De-
mocracia (MpD). Deputado à
Assembleia Nacional durante
vários anos, candidata-se agora
à Câmara Municipal de Santa
Cruz onde quer acabar com o
reinado do Partido Africano da
Independência de Cabo Verde
(PAICV).
Para o candidato do MpD, a
sua candidatura tem “a percep-
ção exacta”, de que “Santa Cruz
continua a ser um concelho com
um índice de subdesenvolvi-
mento muito elevado”.
“Nós temos uma população
extremamente pobre, mais de
60% da nossa população é po-
bre”, contabiliza.
Os problemas sociais, con-
sidera, são grandes, com o de-
semprego jovem “a rondar os
Santa Cruz
Santa Cruz não tem tido ne-
nhum papel no sentido de en-
contrar uma solução”.
A actuação do actual presi-
dente da Câmara também é alvo
de críticas por parte do candi-
dato do MpD.
“Não esteve junto das comu-
nidades, é insensível aos pro-
blemas, é um autarca passivo,
que se limita a receber alguns
apoios do governo central e que
não tem uma acção concertada,
actuante e interventiva junto
das comunidades, sobretudo
das comunidades rurais”, acu-
sa Pedro Rocha, que critica o
facto de haver “famílias que fo-
ram praticamente abandonadas
pela Câmara Municipal, que em
anos de seca severa, como estes
últimos três anos, não teve ne-
nhuma mão solidária e limitou-
-se a fazer políticas de assisten-
cialismo”.
Aposta na formação
para reduzir pobreza
“
“Nós temos políticas para
reverter esta situação”, garante
Pedro Rocha.
“Vamos rapidamente execu-
tar políticas para a juventude,
vamos dar oportunidade aos
Vamos rapidamente executar políticas jovens de ter acesso à formação
para a juventude, vamos dar oportunidade profissional, à formação técni-
ca”, assegura, dizendo que para
aos jovens de ter acesso à formação a sua candidatura o investimen-
profissional, à formação técnica to nos recursos humanos vai
permitir à população de Santa
Cruz “especialmente os jovens,
terem um emprego digno, um
salário justo”.
As políticas direccionadas às
40%”, o parque habitacional nível superior. Outros nem con- famílias são outra das priorida-
degradado, com casas com “os cluem o 12º ano e abandonam des da candidatura liderada por
tectos a cair”, o que “constitui o sistema de ensino, porque os Pedro Rocha e suportada pelo
um perigo” para a vida de quem pais estão desempregados e não MpD, tudo para que “os chefes
lá mora. conseguem garantir-lhes os es- de família possam ter um em-
O município, explica o can- tudos ao nível secundário”. prego e as famílias possam ter
didato, tem uma população jo- A juventude de Santa Cruz, o pão de cada dia sobre as suas
vem “sem perspectivas de futu- defende Pedro Rocha, “vive na mesas”.
ro, jovens que concluíram o 12º desilusão, no desencanto, por- “Vamos trabalhar no sentido
ano e não têm possibilidade de que não tem perspectivas de de ter políticas para que a acti-
prosseguir os seus estudos de vida e a Câmara Municipal de vidade económica que se desen-
//17
volve em Santa Cruz, que é um
concelho agrícola, conduzam à
sua modernização, ao aumen-
to do rendimento do trabalho
agrícola e à melhoria de condi-
ções de vida dos nossos agricul-
tores, dos nossos criadores de
gado, dos nossos pescadores”.
Políticas que vão passar “pelo
acesso ao crédito” por parte dos
agricultores, pescadores, co-
merciantes, empresários.
“Vamos trabalhar com o go-
verno, com a cooperação inter-
nacional, junto dos bancos, no
sentido de haver uma política
de abertura e de facilitação de
acesso ao crédito, para que os
operadores económicos possam
ter meios financeiros para in-
vestirem na sua actividade eco-
nómica e poderem tirar maior
rendimento”, antecipa.
Projectos
Sobre o futuro de Santa Cruz,
o candidato do MpD volta a fri-
sar que, em caso de vitória nas
eleições de dia 25, a sua primei-
ra aposta vai ser “no homem,
nas pessoas. Vamos apostar na
formação”.
“Queremos transformar o
centro de formação profissio-
nal de Achada Fátima numa
grande escola de formação téc-
nica e profissional. Junto das
universidades nacionais e es-
trangeiras, nomeadamente da
Europa e dos Estados Unidos
da América, vamos criar meios
e condições para que nos próxi-
mos quatro anos possamos ter
um polo universitário, para que
possamos albergar os nossos jo-
vens estudantes que concluem
o 12º ano, para que não fiquem
em casa e tenham acesso ao
ensino superior aqui no conce-
lho”, conclui.
À Assembleia Municipal de
Santa Cruz, o MpD apresenta
Orlando Dias, médico e actual
deputado à Assembleia Nacio-
nal como primeiro da lista.
 18\\
CLEMENTE GARCIA, MPD
“Reabilitar 500 casas durante o próximo
mandato é perfeitamente alcançável”
Clemente Garcia não tem dúvidas. Os quatro anos que passou à frente da Câmara Municipal de São
Domingos foram positivos, mesmo com os três anos de seca que afectaram o país.
André Amaral
“Conseguimos cumprir
mais de 70% do que tínhamos
programado” em 2016 e, por
isso, “temos razões para querer
seguir em frente e concluir os
projectos”.
São Domingos, apesar do
balanço positivo que o autarca
faz, “é um município
 que continua a ter proble-
mas e dificuldades».
“Temos problemas de água,
temos de continuar a trabalhar
para resolver este problema.
Temos de levar a água à tor-
neira de cada casa, de cada
pessoa”, uma meta que, diz o
candidato do Movimento para
a Democracia (MpD), “é per-
feitamente atingível”.
Outro problema que Cle-
mente Garcia reconhece existir
no município de São Domin-
gos é a habitação social. “São
Domingos não foi contempla-
do com o Casa Para Todos e
isso cria-nos imensas dificul-
dades e há muitas casas que
precisam de uma intervenção
urgente”. A meta, defende
Garcia, é “reabilitar à volta de
500 casas” durante o próximo
mandato, um número que o
candidato diz ser “perfeita-
mente alcançável”-
Os problemas não acabam
aqui. “Em São Domingos,
como no resto do país, temos
um problema de desempre-
go jovem a que queremos dar
combate muito forte”, diz o
candidato que explica que a so-
lução para este problema passa
por “atrair empresas para que
estas se instalem em São Do-
São Domingos
“
Temos um problema de
desemprego jovem a que
queremos dar combate muito forte
mingos” gerando empregos e
receitas. “São os privados que
criam empregos”, defende
Clemente Garcia nesta entre-
vista ao Expresso das Ilhas. O
interesse dos privados existe,
garante, “e não fosse a pande-
mia já teríamos uma grande
empresa do ramo da agricultu-
ra e pecuária, que tinha como
previsão iniciar os trabalhos,
criando cerca de 200 empre-
gos, portanto, tudo isto são
questões a que temos de dar
resposta proximamente”.
Assim, água, habitação e
emprego são áreas a que Cle-
mente Garcia promete, em
caso de reeleição, “dar um im-
pulso forte”.
Potencial turístico
Com um potencial turísti-
co reconhecido, o concelho de
São Domingos não tem con-
seguido, ao longo dos anos,
transformar esse potencial em
rendimento. Clemente Garcia
promete que o próximo man-
dato será de mudança no que
respeita a este sector. “Vamos
continuar a infra-estruturação.
Falta dar conteúdo a esse po-
tencial. Primeiro está a ques-
tão do acesso. Já se deu início
ao processo de asfaltagem da
estrada para Praia Baixo, que
é fundamental para vender o
segmento de praia e sol”.  var toda a memória histórica
Além deste trabalho de
acesso à praia de Praia Baixo,
o autarca de São Domingos
garante que “já está concluído
o projecto relacionado com a
requalificação da orla maríti-
ma de Praia Baixo, um projec-
to muito importante”, que já
poderia estar em andamento,
mas que acabou por ser sus-
penso, “mais uma vez por cau-
sa da pandemia que provocou
um corte no orçamento”. Mas,
assegura Clemente Garcia, “as-
sim que consigamos ultrapas-
sar esta fase, daremos início
aos trabalhos”.
Mas os trabalhos de requa-
lificação, garante, não se vão
ficar por aqui. Caso ganhe as
eleições do próximo fim-de-se-
mana, também “a orla maríti-
ma de baía de Alcatrazes” vai
ser requalificada, porque “é a
nossa zona histórica”. Em Rui
Vaz, os trabalhos de requalifi-
N0 986 • 21 de outubro de 2020
cação já foram iniciados, mas
“vamos trazer um outro ser-
viço importante que vai trazer
um novo conteúdo a este seg-
mento importante” que é o tu-
rismo.
Além do turismo de sol e
praia de Praia Baixo, do turis-
mo de montanha em Rui Vaz,
também o turismo religioso
é uma aposta da candidatura
liderada por Clemente Garcia.
Na zona da baía dos Alcatra-
zes, onde está a igreja de Nos-
sa Senhora dos Alcatrazes, “já
há um projecto em articulação
com a Diocese para construir
ali um santuário que vai ser
muito importante para dina-
mizar o turismo religioso e
temos prevista a construção,
no mesmo local, de um cen-
tro interpretativo para preser-
da baía dos Alcatrazes”. Uma
ideia que ainda não saiu do
papel porque “os arqueólogos
ingleses que estavam ali a fa-
zer os trabalhos não puderam
viajar durante muito tempo
por causa da pandemia”. “Pro-
jectos estruturantes”, diz Cle-
mente Garcia, que podem vir a
marcar “a vida turística e cul-
tural de São Domingos”.
Não conseguindo ter uma
maioria absoluta nas eleições
de domingo, Clemente Garcia
começa por dizer que não quer
antecipar cenários, mas adian-
ta estar “convencido que essa
questão não se coloca. Estamos
a trabalhar para ter uma maio-
ria absoluta e governar bem”.
Admilson Moniz , licenciado
em Gestão Empresarial, inte-
gra a candidatura do MpD ao
município de São Domingos,
liderando a lista concorrente à
Assembleia Municipal.
N0 986 • 21 de outubro de 2020 São Domingos //19

ISAÍAS VARELA, PAICV

“O balanço que eu faço é o mesmo que

fazem todos os habitantes do concelho.
Quatro anos muito negativos”
Isaías Varela é a aposta do
não é apenas as estradas. Para
PAICV para ganhar a Câmara o candidato do PAICV, “temos
Municipal de São Domingos. de falar também das infra-es-
truturas sociais, como jardins
A actual equipa autárquica e outros que estão em péssi-
deixou o concelho “numa mas condições. Mas vamos
falar também do desporto que
situação muito mais frágil está abandonado. Tudo isto
são pontos que merecem mais
que aquela que encontrou”. atenção no futuro”.
Propostas
André Amaral
Como solução para os pro-
blemas que afectam São Do-
mingos, Isaías Varela aponta
Os últimos quatro anos a “construção de um ambien-
de governação do Movimen- te favorável e que una todos
to para a Democracia (MpD) os habitantes do concelho à
em São Domingos foram volta do objectivo de desen-
prejudiciais para o concelho. volver São Domingos. Tudo
“O balanço que eu faço é o o que precisa ser implemen-
mesmo que fazem todos os tado tem de ser na base de
habitantes do concelho de São uma parceria público-pri-
Domingos. Quatro anos muito vada, para podermos criar
negativos, de uma equipa que valor e envolver todos os
terminou recentemente a go- munícipes no processo de
Ainda no sector primário, a
promessa é de apostar “na for-
mação dos agricultores e criar
incentivos financeiros aos
agricultores e pescadores”.
Mas as promessas do can-
didato do PAICV não se ficam
por aqui. “Vamos ter uma
atenção muito especial a nível
da gestão camarária. Vamos
formar os colaboradores, criar
um clima organizacional mui-
to saudável, que permita aos
colaboradores da autarquia
darem o melhor de si para po-
dermos satisfazer as vontades
das populações do concelho”.
Ainda a nível da Câmara
Municipal, as promessas do
candidato apoiado pelo PAICV
passam pela aposta “na quali-
ficação, melhorar os salários,
regularizar a situação junto do
INPS e apostar na formação
dos quadros, para que estes se
sintam motivados” e para que
possam “responder à altura

vernação” e em que o concelho
“ficou numa situação muito
mais frágil que aquela que en-
controu” em 2016, acusa Isaías
Varela que, apoiado pelo Parti-
do Africano da Independência
de Cabo Verde (PAICV), quer
conquistar a Câmara do conce-
lho vizinho da capital.
“Temos mais problemas de
água, assistimos à destruição
do nosso desporto, temos agri-
cultores e criadores de gado
abandonados. A habitação
social não teve a atenção que
merecia”, começa por apontar
Isaías Varela, que acusa ainda
a equipa liderada por Clemen-
te Garcia de não ter qualquer
plano nas áreas da reabilitação
urbana, “entre outras ques-
tões” que, no seu ver, deixam
São Domingos, “quando com-
“
Vamos ter uma atenção muito
especial a nível da gestão camarária
parado com outros concelhos
do país, muito atrás”. Tudo por
culpa, continua o candidato do
PAICV, do autarca, que “nun-
ca conseguiu acompanhar o
ritmo de desenvolvimento de
Cabo Verde nos últimos quatro
anos”.
A pobreza da população e
o desemprego são os grandes
problemas que afectam o mu-
nicípio que Isaías Varela quer
passar a liderar a partir do dia
25 de Outubro. “Mas podemos
também falar da água, da ha-
bitação social, das estradas
de penetração para as zonas
de potencialidade turística,
como é o caso das estradas
de Praia Baixo, Milho Branco
Móia Móia, falamos da ligação
a Água de Gato, de todas as es-
tradas de penetração”.
O problema, no entanto,
desenvolvimento do nosso
concelho”.
A questão da água é outro
dos pontos que Varela prome-
te resolver em caso de vitória
na eleição de domingo. “Nós
sabemos que a água, hoje, é
administrada pela AdS, mas
vamos fazer uma intervenção
junto da empresa para melho-
rar essa situação. Não só na
água de consumo, mas tam-
bém para a agricultura”.
No sector agrícola, Isaías
Varela promete “trabalhar na
questão do desassoreamento
dos diques” de retenção das
águas pluviais e com o gover-
no central e privados “para
mobilizar água através da des-
salinização de água do mar”,
que será depois entregue aos
agricultores.
do futuro bem-estar da popu-
lação de São Domingos”.
A vitória nas eleições de do-
mingo é, para Isaías Varela,
algo perfeitamente ao alcance
do PAICV. Mas a existência de
três candidaturas pode ser uma
condicionante e impedir que se
consiga alcançar uma maioria
absoluta. “Nós somos pessoas
que procuram o diálogo e es-
tamos abertos, principalmente
com o grupo independente. Se
não conseguirmos, vamos tra-
balhar, conversar e criar um
clima que nos permita gover-
nar com estabilidade”, conclui
Isaías Varela.
Felismina Moreno, licen-
ciada em Filosofia, é cabeça-
-de-lista do PAICV à As-
sembleia Municipal de São
Domingos.
 20\\
MILTON PAIVA, AMI É SAN DOMINGOS
“São Domingos é uma terra
esquecida e abandonada”
A equipa camarária
que liderou a
autarquia de São
Domingos motivou
o desagrado de um
grupo de cidadãos
que avançou para
uma candidatura
independente,
liderada por Milton
Paiva, deputado do
MpD à Assembleia
Nacional.
André Amaral
“Se o balanço não fosse ne-
gativo, não haveria motivo
para nos apresentarmos” na
corrida autárquica que termi-
na este domingo, avança Mil-
ton Paiva.
“A nossa análise é objectiva,
baseada em números, no índi-
ce de desenvolvimento de São
Domingos e no depoimento
das pessoas que visitámos nas
localidades” do concelho, ga-
rante Milton Paiva, candidato
à sucessão de Clemente Garcia
como presidente da Câmara
Municipal de São Domingos.
Segundo este candidato,
líder do movimento indepen-
dente Ami é San Domingos,
das promessas feitas em 2016,
que levaram à continuidade do
Movimento para a Democracia
(MpD) à frente daquela autar-
quia “e que estão gravadas no
debate feito na altura, nenhu-
ma foi realizada” e foi o gover-
no “que lançou uma pedra da
asfaltagem da estrada entre
Nazaré e Praia Baixo. Está lá a
São Domingos
“
O vale da São Domingos é
historicamente a fonte de
alimentos da Praia, mas até
isso vem perdendo dinâmica
placa, está lá a primeira pedra,
mas como o mandato da câ-
mara já terminou, o presidente
está suspenso, já não estará a
tempo de, neste mandato, fa-
zer mais do que ter lançado a
primeira pedra”.  melhoria de recolha de resí-
As restantes promessas fei-
tas, 11 no total, segundo Mil-
ton Paiva, “encontram-se por
fazer.
“Desde a requalificação de
Praia Baixo, a estrada Milho
Branco - Chã de Coqueiro -
Baía, disse que ia trazer um
grande investidor para fazer
uma grande infra-estrutura
náutica, a construção de um
centro cultural, de um museu,
duos, estão todas por cum-
prir», exemplifica.
Por outro lado, assegura
Milton Paiva, a voz das pessoas
“nas localidades é que São Do-
mingos é uma terra esquecida
e abandonada e as localidades
a mesma coisa. Não há repara-
ção de estradas, não há sinal de
internet, não há serviços, não
há desenvolvimento e não há
presença”.  cificidades de São Domingos,
Para o líder desta candida-
tura independente, a equipa
camarária que geriu o municí-
pio de São Domingos até agora
“não esteve a tempo inteiro na
Câmara, por terem optado por
regimes de não profissionaliza-
dos e regimes de part-time. No
final do mandato estavam qua-
se todos, mas, na prática, só a
vereadora das infra-estruturas
é que terminou o mandato,
sendo vista com o presidente
nas visitas de pré-campanha”.
O empreendedorismo, na
visão de Milton Paiva, não
existe. “O centro não tem con-
teúdo, só fez umas formações
que são da esfera do IEFP e,
mesmo assim, foi uma forma-
ção ou duas no máximo”.
Mais uma crítica: São Do-
mingos não tem boas relações
com os empresários, garante
Milton Paiva nesta entrevista
ao Expresso das Ilhas. “Os em-
presários são a força que cria
emprego e que ajuda o Esta-
do e as instituições públicas a
alavancar o desenvolvimento.
Falámos com vários empresá-
rios e eles sentem que não são
bem-vindos a São Domingos,
os seus assuntos ficam pen-
dentes e não são resolvidos”.
Soluções
São Domingos “podia fun-
cionar como uma zona de ex-
tensão da Praia. Nós temos, na
nossa plataforma, vinte pro-
postas para mudar o futuro de
São Domingos”.  renunciar ao mandato”.
Propostas que, defende o
candidato, “criem uma cidade
efectiva e não apenas aquilo
que é actualmente, uma cidade
no papel e por decreto e para
N0 986 • 21 de outubro de 2020
criar localidades com condi-
ções de vida”.
As propostas apresentadas
pela candidatura Ami é San
Domingos partem “das espe-
que tem de ter uma estratégia
diferente da Praia, da Asso-
mada ou da Cidade Velha. A
primeira é trabalhar a ideia de
sermos parte da Grande Área
Metropolitana da Praia, pen-
sar em complementaridades
com a capital. O vale da São
Domingos, por exemplo, é
historicamente a fonte de ali-
mentos da Praia, mas até isso
vem perdendo dinâmica”.
(In)elegibilidade
Milton Paiva é deputado
pelo MpD à Assembleia Na-
cional e depressa surgiram co-
mentários e apelos à sua ine-
legibilidade. “Não abandonei
o cargo e tenho um parecer da
Comissão Nacional de Elei-
ções em como os deputados
que se candidatam às autar-
quias não são obrigados a sus-
pender o mandato e que só o
devem fazer se precisarem de
mais tempo para se dedicarem
à campanha”.
Além disso, defende Milton
Paiva, “já há um precedente
jurídico e uma prática sobre
isso. O presidente da UCID
também é deputado e candi-
dato a presidente da Câmara
de São Vicente e já se apresen-
tou a eleições autárquicas an-
teriores como deputado e sem-
pre houve esse entendimento
da Assembleia e dos tribunais
em como a única incompati-
bilidade é no caso de ser eleito
presidente da câmara tem de
 
Ana Bela Teixeira, licencia-
da em Turismo, encabeça a
lista do movimento Ami é San
Domingos à Assembleia Mu-
nicipal de São Domingos
N0 986 • 21 de outubro de 2020
ANTÓNIO FERNANDES, PAICV
“O município não se consegue afirmar
enquanto autarquia local”
A aposta do PAICV para
recuperar a Câmara
Municipal de São Lourenço
dos Órgãos, o único concelho
do país que não tem uma
ligação com o mar, recaiu
sobre António Fernandes.
André Amaral
Antigo deputado e dirigen-
te nacional do Parido Afri-
cano da Independência de
Cabo Verde (PAICV), António
Fernandes não tem dúvidas
em dar um cartão vermelho à
gestão camarária liderada por
Carlos Vasconcelos.
Para o candidato, o balanço
dos quatro anos de mandato
da anterior equipa, que agora
termina o mandato à frente
da Câmara Municipal de São
Lourenço dos Órgãos, “é mui-
to fraco e, em alguns aspectos,
desastroso para o município”.
“Nota-se que, de 2016 a
esta data, o desemprego au-
mentou, há perda de rendi-
mento das famílias, o nível de
massa salarial desceu global-
mente no município, sobre-
tudo com a redução do salário
dos trabalhadores da Câmara
Municipal”, acusa António
Fernandes que diz que em São
Lourenço dos Órgãos “há uma
percepção de ameaças perma-
nentes”.
Mas as críticas não se fi-
cam por aqui. Olhando para
os quatro anos de mandato do
seu oponente, António Fer-
nandes acusa o autarca de São
Lourenço dos Órgãos de não
investir no desenvolvimento
daquele que é o único municí-
pio do país que não tem liga-
São Lourenço dos orgãos
“O plano urbanístico foi
deixado à sua sorte” e como
consequência de todos estes
problemas “o município não
se consegue afirmar enquanto
autarquia local”.
Para dar suporte a este
chumbo à governação actual
daquele município do inte-
rior de Santiago, Fernandes
recorda que São Lourenço dos
Órgãos, enquanto município,
“nasceu em 2005 como o mais
pobre do país. Em 2015, já ti-
nha quatro municípios atrás,
houve uma evolução. Mas nos
últimos quatro anos inverteu
pela negativa”.
Desempenho do
presidente
Se globalmente o desempe-
nho de toda a equipa camará-
ria é negativo, para António
Fernandes a responsabilidade
é toda do seu oponente, a quem
“
acusa de aumentar a depen-
dência de São Lourenço dos
Órgãos em relação ao Estado.
“Temos sinais claros de perda
de autonomia da autarquia.
O desemprego aumentou, há perda Isso vê-se pelas realizações em
que não se vai muito para além
de rendimento das famílias, o nível de daquilo que tinha sido planea-
massa salarial desceu globalmente do e que vinha na continuida-
de do mandato que terminou
em 2016. E depois, quando se
olha para as novas realizações,
elas são absolutamente enqua-
ção directa com o mar. altas. Temos tido chuva, mas dradas no PRRA que é um pro-
“Não há parcerias para o as pragas acabam por dizimar grama do governo”.
desenvolvimento local, para todas as culturas e os criado- Para António Fernandes,
além daquilo que foi herdado res de gado estão deixados à a actuação do presidente ces-
da governação anterior” e a sua sorte”. sante levanta “sérias dúvidas
consequência é a desertifica- Outro ponto negativo, de- sobre aquilo que é efectiva-
ção populacional daquele con- fende, está na ausência de “in- mente a concretização de
celho. vestimentos em São Lourenço uma plataforma eleitoral que
A agricultura, diz Fernan- dos Órgãos. Investimentos de foi sufragada nas eleições de
des, é o grande potencial de natureza estritamente econó- 2016. O que estava, na altura,
desenvolvimento do municí- mica e os investimentos do na plataforma eleitoral não se
pio, no entanto, “os agriculto- PRRA tiveram pouco impacto vê” e exemplifica: “É o caso dos
res estão desacompanhados, económico e no dia a dia das Paços do Concelho, do campo
sobretudo aqueles das zonas pessoas”. relvado que o presidente disse
//21
que não se recandidatava se
não estivesse concluído”.
Projectos
Mas e o que quer António
Fernandes para São Lourenço
dos Órgãos? “Para mim, te-
mos de colocar o foco naqui-
lo que são os fundamentos da
economia local”, responde.
“Um município como São
Lourenço dos Órgãos, do in-
terior, que não tem mar, com
uma economia baseada na
agricultura e em que o turis-
mo pode ser potencializado”.
Para o candidato apoiado
pelo PAICV há em São Lou-
renço dos Órgãos “todo um
ecossistema para alavancar
a agricultura. Construiu-se
a barragem de Poilão, temos
o centro pós-colheita, temos
uma escola que foi criada para
dar formação na área da trans-
formação alimentar, temos o
centro de fomento pecuário
e outras instituições, como o
INIDA, a Escola de Ciências
Agrárias e Ambientais tam-
bém estão alojados aqui”.
Desta forma, defende, “há,
por isso, condições para pro-
porcionar um desenvolvimen-
to da agricultura”. Como?
“Mobilizando investimento
para a agricultura e a pecuária
pela via da inovação, da infra-
-estruturação e mobilização
de água”, mas também pela
aposta “no aumento do núme-
ro de jovens e de adultos com
qualificação para trabalhar de
uma forma muito consistente
na agricultura gerando em-
prego e empreendedorismo
na área da agricultura”.
Para a eleição de 25 de Ou-
tubro, o engenheiro e ex au-
tarca, Victor Baessa, é o ca-
beça-de-lista do PAICV para a
Assembleia Municipal de São
Lourenço dos Órgãos.
 22\\
CARLOS VASCONCELOS, MPD
“Está à vista de todos o trabalho
que temos desempenhado”
Aposta na continuidade, Carlos Vasconcelos, apoiado pelo MpD, quer continuar mais quatro anos à frente
da Câmara Municipal de São Lourenço dos Órgãos.
André Amaral
Assegurando que os últi-
mos quatro anos foram “fran-
camente positivos”, o candi-
dato do Movimento para a
Democracia (MpD) à lideran-
ça de um dos municípios mais
pobres do país reconhece que
ainda há muito por fazer,
mas acredita que os muníci-
pes de São Lourenço dos Ór-
gãos avaliam positivamente
o trabalho feito desde 2016.
Para Carlos Vasconcelos, “o
balanço destes anos de go-
vernação é francamente posi-
tivo”, isto “tendo em conta a
situação em que encontrámos
a Câmara Municipal de São
Lourenço dos Órgãos, que ti-
nha mais de 350 mil contos
de dívida e que mal conseguia
pagar os salários dos mais de
270 funcionários que tinha”.
Carlos Vasconcelos defen-
de que a esquipa que esco-
lheu para liderar a Câmara
Municipal de São Lourenço
dos Órgãos, quando ven-
ceu as autárquicas de 2016,
“trabalhou afincadamente”,
conseguiu estabelecer “uma
grande parceria com o gover-
no central e começamos a tra-
balhar no intuito de ajudar as
famílias mais carenciadas do
município”.
“Por isso, hoje, está à vista
de todos o trabalho que temos
desempenhado, que a nos-
so ver é bastante positivo. Os
próprios munícipes avaliam-
-nos positivamente ao longo
destes quatro anos de manda-
to”, acrescenta.
São Lourenço dos orgãos
seu mandato “foram investi-
dos mais de 500 mil contos só
em obras públicas”.
“Brevemente, vamos inau-
gurar um centro de saúde
construído de raiz, já desen-
cravámos várias localidades,
já requalificámos várias zo-
nas e já ajudámos muitas fa-
mílias a reabilitar as suas ca-
sas. Introduzimos o sistema
de transporte escolar para os
alunos universitários e para
os que estudam no liceu. Es-
tamos conscientes e conven-
cidos de que fizemos um bom
trabalho”.
As dificuldades e os proble-
mas de um município como
São Lourenço dos Órgãos
“ainda não estão resolvidos”,
admite Carlos Vasconcelos.
“Continuamos a ter um muni-
cípio pobre e um bom número
de pessoas que não trabalham
e estes três anos de seca tive-
ram um impacto negativo”,
complementa o candidato.
O desencravamento de lo-
calidades, a construção de um
“
edifício onde funcionem os
Paços do Concelho são alguns
dos “desafios enormes” que
Carlos Vasconcelos se propõe
a resolver no próximo manda-
Há a capacidade para transformarmos to. “Estamos a avançar com a
recandidatura para podermos
São Lourenço dos Órgãos num grande juntos resolver os problemas
centro abastecedor de carnes que do município e das pes-
soas” de São Lourenço dos
Órgãos.
Nesta conversa com o Ex- Órgãos é “um município que
presso das Ilhas, Carlos Vas- investe e que ganhou credibi- Futuro
concelos aponta que quando lidade, não só junto dos muní-
chegou à Câmara de São Lou- cipes, mas também junto dos Num município com falta
renço dos Órgãos encontrou nossos empresários”. de receitas, com desemprego
problemas a diversos níveis. O autarca, que se candidata elevado, encravado no interior
Carlos Vasconcelos garante à sua sucessão com o apoio do de Santiago e em que a aposta
que hoje São Lourenço dos MpD, explica que ao longo do no turismo de sol e praia não
N0 986 • 21 de outubro de 2020
é uma possibilidade, Carlos
Vasconcelos defende que a
aposta deve passar pelos “sec-
tores chave da economia de
São Lourenço dos Órgãos”,
como é o caso do turismo de
montanha. “Nós propomos
para o próximo mandato, e já
estamos em conversações com
o governo, transformar casas
que estão abandonadas, como
é o caso de São Jorge dos Ór-
gãos, em unidades hoteleiras,
queremos aproveitar a indús-
tria turística para atrair inves-
timentos”.
Além do turismo, defende
o autarca cessante, caso seja
reeleito, a aposta vai passar
“pela agricultura e pela pe-
cuária”.
“Nós estamos a propor aos
munícipes a criação de dez
ou quinze pequenas e médias
empresas para a produção
de carnes aqui no município.
Suinicultura, aviários. Há a
capacidade para transformar-
mos São Lourenço dos Órgãos
num grande centro abastece-
dor de carnes, não só da ilha
de Santiago, mas também das
outras ilhas, de todo o país”,
explica Carlos Vasconcelos.
São Lourenço dos Órgãos é,
defende Carlos Vasconcelos a
concluir, “um município que
tem tudo para dar certo. Es-
tamos munidos de uma gran-
de ferramenta que é o Plano
Estratégico Municipal de De-
senvolvimento Sustentável,
um documento que traça me-
tas que prevemos atingir até
2030”.
Emanuel Gonçalves, mé-
dico, encabeça a lista do MpD
para a Assembleia Municipal
de São Lourenço dos Órgãos.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
HERMÉNIO FERNANDES, MPD
“São Miguel está no caminho certo.
Agora é só aumentar a velocidade”
Esta é uma candidatura de
continuidade, para consolidar
caminho e impulsionar a
visão de um município Verde,
empreendedor e sob forte
dinamização económica.
Sara Almeida
Herménio Fernandes,
com 36 anos, é já um vete-
rano na política. Foi presi-
dente da Juventude para
a Democracia (JpD),
candidato a deputado
Nacional pelo círculo
de Santiago Norte, em
2011, e é membro da Co-
missão Política Nacional
do Movimento para a
Democracia (MpD). Foi
também eleito, em 2016,
como presidente da Câ-
mara Municipal de São
Miguel, após ter sido ve-
reador da autarquia. Agora,
o micaelense, licenciado em
administração de empresas e
contabilidade, concorre à sua
própria sucessão, motivado e
confiante de que fez um bom
trabalho e de que São Miguel
está no caminho certo.
Balanço
Foram três anos de seca,
seguidos de um ano de pan-
demia. Mas essas adversida-
des não colocaram em causa
o “extraordinário” trabalho
realizado em São Miguel, no
mandato 2016-2020, avalia
‘Meno’ Fernandes.
“As realizações que alcan-
çámos contribuíram larga-
mente para melhorar a com-
petitividade do município, a
São Miguel
saneamento e recolha de resí-
duos, a lista elencada é gran-
de. Melhor qualidade de vida
é expressão recorrente.
Mas o destaque vai para o
desenvolvimento económico,
promoção de empreendedo-
rismo e dinamização do co-
mércio local.
“Durante este mandato,
implementámos projectos
de inclusão económica que
permitiram gerar algum em-
prego para várias famílias”,
sublinha.
Dinamização
económica
‘Meno’ não fala em pro-
blemas, mas em desafios.
E o maior desafio do mu-
nicípio é, no seu enten-
der, a dinamização das
actividades económicas.
Este é aliás, o pilar cen-
tral do plano estratégi-
co municipal de desen-
volvimento sustentável
aprovado. E continuará
“
a ser, até porque activida-
des económicas vitalizadas
irão garantir, acredita, uma
maior inclusão social, além de
fixarem a população em São
Miguel.
A nossa maior prioridade é ter um Na senda desse desenvol-
município dinâmico do ponto de vista vimento económico local está
prevista, entre outros, a cria-
económico para gerar mais emprego ção do parque empresarial do
município, bem como de um
gabinete que funcione como
um ecossistema de financia-
qualidade de vida dos muníci- todas, o município conheceu mento dos novos empreendi-
pes e hoje temos também uma avanços significativos”, con- mentos, investimentos e ne-
melhor capacidade para rece- sidera. gócios.
ber os visitantes e quem tra- Desencravamento de loca- O gabinete juntará num só
balha em São Miguel”, aponta. lidades, electrificação rural e espaço a atenção à formação
O candidato do MpD enu- iluminação pública na cida- profissional, ao financiamen-
mera uma lista de interven- de da Calheta (“passámos de to no micro-emrpeendedo-
ções, programas e iniciativas 207 luminárias para 1200”), rismo e ao financiamento dos
que potencializaram áreas requalificação urbana, am- investimentos, também consi-
como a agricultura, as pescas, biental e das orlas marítimas, derando a inovação e o digital
a pecuária, o turismo, bem criação de espaços verde e es- como elementos fundamen-
como a área dos serviços. “Em paços de lazer, melhoria no tais,
//23
“No primeiro mandato
avançámos com o balcão úni-
co, que veio melhorar a oferta
de serviços do município, e
neste mandato iremos avan-
çar com este gabinete” que é
uma grande inovação, garan-
te. “Isto faz parte também da-
quilo que nós apelidamos da
boa governança” considera.
Município Verde
O próximo mandato, caso o
conquiste, irá trazer uma ino-
vação na área ambiental, com
vista à valorização e qualifica-
ção do território municipal.
“Vamos implementar a po-
lítica dos 3 R’s: reduzir, reci-
clar e reutilizar”, adianta. Irá
começar a ser feita a sepa-
ração de resíduos e a reutili-
zação das águas residuais da
ETAR.
“Vamos trabalhar para au-
mentar as ligações domiciliá-
rias de rede de esgoto, para
aumentar o caudal, para po-
dermos ter mais água para os
espaços verdes, mas também
vamos estimular a agricultura
familiar com a utilização das
águas residuais”, acrescenta.
Associando áreas verdes à
qualidade de vida e atractivo
turístico, o candidato consi-
dera que, apesar de todo o
trabalho já feito nessa área, é
preciso inovar mais.
Política de eficiência ener-
gética nos edifícios munici-
pais, construção de matadou-
ros em “praticamente todas as
localidades” e outras inicia-
tivas para promover as boas
condições ambientais e sani-
tárias estão também contem-
pladas.
Fernandes volta a fazer du-
pla, nestas eleições, com a en-
fermeira Leocádia Furtado, de
49 anos, que se recandidata ao
cargo de presidente da Assem-
bleia Municipal.
 24\\
JOÃO CARVALHO, PAICV
“Se não for para ter o foco nas
pessoas, não vale a pena”
“Por São Miguel, com Amor” é o lema da candidatura de João Carvalho, que apresenta uma proposta de
governação participativa, onde cada munícipe tenha “voz e vez”.
Sara Almeida
João Carvalho é assumida-
mente “fidju” de São Miguel,
embora tenha nascido em São
Filipe, cidade para onde o pai,
então funcionário dos Correios,
tinha sido transferido. Em 77,
com três anos de idade, regres-
sou a Santiago, dividindo a sua
infância e adolescência entre
Ribeireta (concelho de São Mi-
guel) e Praia. Foi no Brasil que
se licenciou, tendo escolhido a
área de engenharia electrotéc-
nica. Várias outras formações
se seguiram e também vários
cargos, entre os quais se des-
taca o de inspector-geral do
Trabalho, em 2011. Com dois
prémios internacionais na ba-
gagem, muitos anos de docên-
cia (actualmente é docente no
ensino superior) e também de
consultoria, e muitas viagens
e contactos pelo mundo afora,
João Carvalho não duvida de
que tem algo a oferecer ao seu
concelho.
Por amor
O candidato apoiado pelo
PAICV, que não é filiado no
partido, salienta ter entrado,
não tanto na política, mas neste
projecto, “por São Miguel, com
amor”.
“Enquanto inspector geral do
Trabalho, sempre tive a preo-
cupação de tentar melhorar a
qualidade de vida dos trabalha-
dores e, consequentemente, das
famílias, a nível nacional. Recebi
o convite [do PAICV] e achei por
bem dar uma atenção especial
ao meu concelho”, conta.
Do nacional, então, para o
São Miguel
“Quis-se transformar São Mi-
guel num Dubai e houve um total
esquecimento das pessoas e das
potencialidades do município a
nível da agricultura, pesca, cria-
ção de gado e própria natureza e
turismo. Então, o nosso projecto
é um projecto de centralização
daquilo que realmente importa
para o município, que é a poten-
cialização dos recursos, tendo
sempre as pessoas em primeiro
lugar”, destaca.
Desafios
Para João Carvalho, entre os
problemas actualmente vividos
no município, o desemprego é o
maior. “É uma aflição que a ju-
ventude tem sempre apontado”,
diz. Outro desafio ainda não
superado é o empoderamento
das famílias. “O nível de pobre-
za tem aumentado em São Mi-
guel”, acusa.
Assim, trabalhar esse em-
poderamento, nomeadamente
através de projectos para projec-
“
ção da capacidade agrícola, pe-
cuária e das pescas, capazes de
gerar mais empregos e riqueza,
é um objectivo da candidatura.
Mas tendo em conta o lema e
Não adianta dizer que São Miguel prioridade dada à “voz” dos mu-
nícipes, pretende-se que estes
está a caminhar bem se nós ainda colaborem nos planos estraté-
dependemos de outros municípios gicos para estes sectores, que já
estão delineados, mas não fe-
chados, por forma a “chegar aos
anseios e necessidades de todos
estes sectores”.
municipal. E este é o momento Desfoque Pretende-se, pois, uma go-
certo para dar o seu contributo, vernança participativa, numa
considera. Em meio da pande- Na opinião do candidato câmara aberta e com uma pre-
mia de covid-19, mais do que apoiado pelo PAICV, o mandato sidência próxima das pessoas.
nunca, a atenção tem de estar 2016-2020 [sob presidência do Todas elas: “o nosso projecto
centrada nas pessoas, com uma MpD] teve uma gestão marcada abarca todo o concelho de São
aposta numa Câmara mais pró- por “um desfoque daquilo que é Miguel e não apenas algumas
xima dos micaelenses. mais importante”. localidades”, frisa.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
Assim, todas as localidades
dispersas e afastadas serão tra-
tadas por igual, com projectos
que apostam na educação, do
pré-escolar ao acompanhamen-
to e incentivo aos estudos supe-
riores.
Trazer para São Miguel um
centro de emprego e formação
profissional é também uma das
apostas da candidatura.
Tribunal em
São Miguel
Entretanto, uma das situa-
ções contra a qual João Carva-
lho se insurge é o facto de São
Miguel não ter ainda um tribu-
nal, o que obriga os micaelen-
ses a dirigir-se à Comarca do
Tarrafal, com acrescidos custos
e transtornos na resolução dos
seus problemas. Outro proble-
ma é a qualidade da água forne-
cida à população, que considera
imprópria para consumo. Mes-
mo que esta não seja directa-
mente da responsabilidade da
Câmara Municipal, é sua obri-
gação promover os interesses
dos munícipes junto às outras
entidades.
“Vamos procurar resolver
mesmo as questões sobre as
quais não temos total poder de
decisão. Aí, iremos fazer uma
magistratura de influência para
que São Miguel se transforme
num município com todas as
valências necessárias, dando as-
sim vazão às necessidades e an-
seios dos micaelenses”, vaticina.
Para presidir à Assembleia
Municipal de São Miguel, o PAI-
CV aposta na activista e docente
universitária Carla Carvalho,
que nas autárquicas anteriores
concorreu à presidência da Câ-
mara.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
ÂNGELO VAZ, MPD
“Tomaremos como bandeira a
ligação de água”
Candidato do MpD
promete, além do
desencravamento
de localidades e
habitação social,
priorizar o acesso
à água em São
Salvador do
Mundo.
Sheilla Ribeiro
Fez todo o seu percurso
académico entre Cabo Verde
e Portugal, onde se formou
em Direito. Hoje, aos 40 anos,
Ângelo Vaz concorre a um se-
gundo mandato como presi-
dente da Câmara Municipal
de São Salvador do Mundo
(SSM). Caso seja reeleito, no-
vamente pelas listas do Mo-
vimento para a Democracia
(MpD), pretende, entre outras
questões, priorizar o acesso à
água no município.
Olhando para os últimos
quatro anos, em que liderou
a Câmara Municipal de SSM,
Ângelo Vaz diz que o balanço é
positivo, não obstante os três
anos de seca e, neste último
ano, a covid-19. O candida-
to aponta ganhos em vários
sectores, nomeadamente no
desencravamento de locali-
dades, na habitação social, no
apoio ao empreendedorismo
jovem, nas infra-estruturas
desportivas, no turismo e no
apoio aos agricultores e cria-
dores de gado.
“O nosso principal desafio
em SSM é a questão do aces-
so e distribuição de água com
São Salvador do Mundo
Projectos
Quanto aos projectos, Ân-
gelo Vaz refere que estes fo-
ram pensados para transfor-
mar SSM num município alta-
mente atractivo.
“Somos um município lin-
díssimo do ponto de vista
paisagístico, com miradouros
naturais, com vales verdejan-
tes e uma cultura muito forte.
Vamos aproveitar essas po-
tencialidades para atrair in-
vestimentos turísticos. SSM
tem de ser um município de
paragem obrigatória, mesmo
que seja por uma noite, mas
deixar aqui divisas e assim
contribuir para a melhoria
da qualidade de vida das pes-
soas”, completa.
Vaz fala no desencrava-
mento das localidades para
as zonas altas do município,
com potencialidades ao nível
da agricultura e do turismo,
por forma a facilitar o acesso
de turistas.
“
“Já conseguimos, junta-
mente com o governo, um fi-
nanciamento na ordem de 33
mil contos para desencadear
uma política de ‘cada família
Governamos em parceria com as um turista’ a partir da zona
de Mato Dentro. Já lá estive-
comunidades, nunca tomamos uma ram o ministro do Turismo e o
decisão a partir do gabinete dos ministro da Agricultura e Am-
biente”, concretiza.
vereadores A juventude, declara o can-
didato, sempre foi a priorida-
de da sua equipa, porque, se-
gundo diz, quando se investe
qualidade, em quantidade su- pio. Mas, associado a isso, por no desencravamento aquilo
ficiente. Somos o município uma questão de dignidade, que se pretende é facilitar o
de Cabo Verde e de Santiago levar a todas as famílias uma acesso à escola de crianças e
que tem menor cobertura de casa de banho”, promete. jovens, bem como ao trabalho
ligação domiciliar, rondamos, Ângelo Vaz diz não esque- e rendimento.
segundo os dados mais recen- cer que ainda há desafios a ní- “Nós herdámos um muni-
tes, menos de 30%. Para este vel do desencravamento, por- cípio com dezoito comuni-
mandato, tomaremos como que a sua equipa herdou um dades, mas com uma única
bandeira a ligação de água município com 86% do seu placa desportiva, em Acha-
em todas as casas do municí- território encravado. da Igreja. A equipa anterior,
//25
em 11 anos, não conseguiu
construir sequer uma placa,
porque a única que nós tí-
nhamos vinha já do tempo de
Santa Catarina. Nós já vamos
construindo quatro placas
desportivas em quatro anos,
tudo para dar condições dig-
nas aos jovens de acesso ao
desporto”, explica.
O candidato fala ainda no
auxílio ao nível da formação
profissional e também no
apoio, em parceria com o Go-
verno, na atribuição de kits
para promover o auto-empre-
go jovem, assim como na for-
mação superior.
“Já demos também vários
apoios a nível do pagamento
de propinas àqueles jovens
que, por uma dificuldade ou
outra, tiveram de acumular
dívidas. A câmara, juntamen-
te com as famílias, também
já resolveu vários problemas
desta natureza”, acrescenta.
Vaz, que faz dupla com a
advogada Elsa Rodrigues, que
encabeça a lista para a Assem-
bleia Municipal, afirma ainda
que os últimos quatro anos
foram de “intenso trabalho” e
“muitas conquistas”.
“Mas ainda há muito por
fazer e obviamente que em
quatro anos não se pode fa-
zer tudo, não é possível fazer
tudo, mas já mudámos o es-
tado de coisas do município,
que estava num sono profun-
do, para um município que
hoje respira vivacidade, respi-
ra dinâmica”, remata.
“Governamos em parceria
com as comunidades, nunca
tomamos uma decisão a partir
do gabinete dos vereadores”,
frisa Ângelo Vaz, concluindo
que a sua equipa tem obras
em todas as zonas do municí-
pio e que cada localidade tem
a sua prioridade.
 26\\
JOÃO ALBERTO BARROS, PAICV
“O principal problema do São Salvador
do Mundo é a falta de liderança”
Candidato do PAICV a São Salvador do Mundo diz que a actual governação local não tem sabido aproveitar
as potencialidades locais para alavancar o município.
Sheilla Ribeiro
Com 45 anos, o professor
João Alberto Barros é a apos-
ta do Partido Africano da In-
dependência de Cabo Verde
(PAICV) para ganhar a Câma-
ra Municipal de São Salvador
do Mundo, onde já foi verea-
dor da Educação. Este, que é
natural de Jalalo Ramos, cri-
tica a actual gestão camarária
e diz que a sua equipa tem
potencialidades para fazer o
concelho avançar.
O candidato, que faz dupla
com Nasolino Carvalho, can-
didato à presidência da As-
sembleia Municipal, frisa que
há no município condições
criadas no passado, mas que
não foram aproveitadas.
“Temos a barragem de Fa-
veta, temos um furo carrega-
do de água, basta fazer uma
ligação para Achada Igreja
para disponibilizar água para
a população. Temos furos que
precisam de ser melhorados.
Há condições, é preciso inves-
tir um pouco mais”, completa.
Para João Alberto Barros, a
requalificação urbana é “fun-
damental” na sede do municí-
pio que, no seu ponto de vista,
precisa de uma rua alternati-
va. Defende igualmente que
é preciso asfaltar as vias de
acesso às comunidades, so-
bretudo onde há maior fluxo
de trânsito.
“Temos de criar todas as
condições de recolha de pro-
dutos e é necessário melhorar
o saneamento. É preciso que
todas as casas tenham uma
casa de banho. Hoje as casas
de banho não são luxo e sim
São Salvador do Mundo
tros factores secundários que
podem interferir”, defende.
Exemplificando, Barros cita
apostas no saneamento bási-
co, na habitação social, na for-
mação, na capacitação indus-
trial e em pequenas indústrias
familiares.
Para este candidato é
preciso apoiar a agricultura,
para que quando as pessoas
cheguem ao concelho, turistas
ou não, encontrem produtos
para consumo. O candidato
defende a concessão de apoio
a artesão, para que possam ter
produtos para vender aos tu-
ristas, assim como auxílio aos
músicos locais.
“Temos de criar uma dinâ-
mica de tocatinas nos espaços
públicos, onde as pessoas pas-
sam, param e quando param
comam uma carne assada ou
alguma outra coisa. É neces-
sária uma nova liderança e
nova visão de desenvolvimen-
to local. Caso não, vamos con-
“
tinuar estagnados e, se calhar,
retrairemos cada vez mais,
quando não há capacidade lo-
cal para fazer as coisas aconte-
cerem”, diz.
Retrairemos cada vez mais se não Projectos
houver no município capacidade local
“Queremos fazer com que
para fazer as coisas acontecerem os produtos agrícolas e pe-
cuários cheguem mais longe
e com maior valor. Temos
um conjunto de agricultores e
uma prioridade. Mas é preciso estratégia, juntamente com a criadores em todas as comuni-
também colocar água em falta de capacidade de gestão. dades, estão organizados, mas
todas as casas”, acrescenta. Temos grande vocação para precisam de apoio para dina-
agro-pecuária e temos muita mizar mais as suas actividades
Problemas potencialidade no turismo ru- comunitárias”, prossegue.
ral. Para que um turista, por João Alberto Barros prome-
“O principal problema do exemplo, encontre um espaço te apostar nos homens e mu-
São Salvador do Mundo é a para poder parar é preciso de- lheres do campo, ajudando-os
falta de liderança, de visão, de senvolver um conjunto de ou- a se organizar para resolver os
N0 986 • 21 de outubro de 2020
problemas da comunidade.
“Então produzem juntos
e muita produção. Isto por-
que há a barragem de Faveta
e outros incentivos que tere-
mos de introduzir para a rega
gota-a-gota, hidroponia, para
outras técnicas de implemen-
tação, modernização de rega.
Quando investimos nisso, au-
menta a produção. Temos de
juntar [os produtores] numa
cooperativa agrícola e pecuá-
ria para podermos fazer com
que levem os produtos num
lugar, para colocar no frio e
se estiver barato demais não
vendem e sim quando o preço
aumentar”, acrescenta.
Barros defende apoio aos
desportistas, completando
que, se for eleita, a sua equipa
irá relvar o campo de Acha-
da Leitão e criar uma rede
de placas desportivas em São
Salvador de Mundo, além de
levar fitness parks a outras
localidades e implementar um
ginásio municipal.
Mas, mais do que apostar
em infra-estruturas desporti-
vas, o candidato do PAICV ad-
voga que é preciso alavancar
um pouco mais a formação
de atletas e treinadores, bem
como reforçar a capacitação
de árbitros e investir mais no
desporto escolar e feminino.
Ainda no que toca a pro-
jectos, João Barros promete
criar um cordão económico de
São Salvador do Mundo, com
pontos turísticos, pontos de
vendas de produtos agrícolas
e pecuários.
“Vamos criar condições
para desenvolver a cultura,
um conjunto de outros projec-
tos que Picos merece”, finali-
za.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
CELSO RIBEIRO, MPD
“Tarrafal tem verificado um avanço
significativo, mas carece de um grande
toque de qualidade”
Candidato reconhece
trabalho feito e diz
que a sua equipa
é aquela que está
melhor preparada
para dar o “toque de
qualidade” de que
Tarrafal precisa para
avançar muito mais
rapidamente.
Sheilla Ribeiro
Nascido a 7 de Junho de
1972, em Ponta Lagoa, Celso
Soares Ribeiro é a escolha do
Movimento para a Democracia
(MpD) para encabeçar a lista
do partido à Câmara Municipal
do Tarrafal, o concelho mais a
norte de Santiago. Licenciado
e mestre em estatística e ges-
tão de informação, também
especializado em marketing
e estudo de mercado, além
de doutorando em economia
aplicada, o candidato preten-
de, caso seja eleito, apostar no
sector primário, dando avanço
qualitativo à prática tradicio-
nal, rumo ao semi-industria-
lismo.
O escolhido pelo MpD co-
meça por fazer um balanço
positivo da actual equipa ca-
marária, afirmando que esta,
ao lado do Governo, conseguiu
dar resposta à altura aos vários
problemas decorrentes de três
anos de seca. Entende mes-
mo que se tem verificado um
“avanço considerável”.
“
Se nós pensamos no desenvolvimento
do turismo, temos de pensar,
forçosamente, na qualidade
Principais problemas
Celso Ribeiro, que tem a nu-
tricionista Maria Rosa Semedo
a encabeçar a lista para a As-
sembleia Municipal, defende
que se acelere o processo de
infra-estruturação do municí-
pio, referindo que o concelho
é 100% electrificado, mas que
carece de melhorias na qua-
Tarrafal de Santiago
lidade do serviço. Para este
candidato faltam mais espaços
iluminados.
“Junto com o Governo,
numa parceria forte, a solução
seria reverter essa realidade e
acelerar, sobretudo, investi-
mentos que tragam emprego e,
consequentemente, rendimen-
to. Podemos dizer que o Tarra-
fal tem verificado um avanço
significativo, mas carece de um
grande toque de qualidade por
forma a tornar visível e mais
atractivo o nosso concelho”,
defende.
Na plataforma do MpD, diz,
há cinco pontos cruciais para o
desenvolvimento e afirmação
local, sendo eles a agricultura,
a pesca, a pecuária, a cultura e
o turismo. O foco, acrescenta,
são as pessoas e particular-
mente a juventude.
“Temos potencialidade, por-
que se nós pensamos no desen-
volvimento do turismo, temos
de pensar, forçosamente, na
qualidade. E qualidade vem,
nomeadamente, da criação de
um centro de certificação de
produtos de pesca, de agricul-
tura, por forma a que a nossa
produção interna abasteça a
nossa própria cadeia turística
no concelho”, acrescenta.
O candidato fala ainda no
Campo de Concentração, uma
infra-estrutura que, juntamen-
te com o Governo, pretende
transformar num museu, con-
ferindo-lhe um valor económi-
co, já a pensar na candidatura
a Património Mundial da Hu-
manidade.
“Depois, temos a grande
escola de olaria, no Trás dos
Montes. Torná-la não só numa
oficina, mas sim numa escola-
-oficina. E hoje, no concelho,
temos um Centro de Forma-
ção Profissional que já é uma
realidade. Então, para nós, os
jovens têm uma enorme opor-
tunidade neste momento. Por-
que pensamos que a câmara
não deve ser uma instituição
de assistência, mas sim um
parceiro. E nessa parceria que-
remos apoiar os jovens, aque-
les que optarem por formação
profissional e também nunca
//27
descurar da importância do
ensino superior”, completa.
Celso Ribeiro Soares desta-
ca a comparticipação da câma-
ra, tanto a nível do pagamento
de propinas, como no trans-
porte escolar.
Parceria
público-privada
“O nosso foco é parceria
público-privada. Este é o ca-
minho (…). Hoje temos várias
linhas de financiamento, Pró-
-Empresa, bancas, pode ser
que um jovem, por si só, não
consiga aceder ao financia-
mento, mas se formos com
eles, se dermos a cara por ele,
então será muito mais fácil
conseguir o seu financiamento
e, a partir dai, implementar o
seu negócio”, discorre.
Segundo Soares, a candi-
datura do MpD acredita que a
matriz fundamental de qual-
quer câmara é o relaciona-
mento humano. Neste sentido,
defende que, como servidor
público, tem de estar próximo
da população, ouvir as pessoas
e implementar programas e
projectos que vão ao encontro
das suas necessidades.
“Esta vai ser a linha orien-
tadora da nossa actuação nos
próximos anos. Esperamos
que a população de Tarrafal,
tanto no concelho, no país e
na diáspora, se reveja no nosso
projecto e na nossa equipa. Te-
mos uma equipa 100% renova-
da, constituída por jovens que
já fizeram um percurso profis-
sional, que têm muito amor a
Tarrafal e que estão disponí-
veis para dar a sua contribui-
ção para que o Tarrafal que
todos nós almejamos seja uma
realidade”, conclui.
 28\\
CLÁUDIO SOUSA, MIT
“O principal problema do Tarrafal
é a actual câmara municipal”
Candidato independente diz
que os últimos quatro anos
reflectem os 28 em que o
MpD esteve no poder, com
um “resultado fraco”, em que
praticamente “nada foi feito”.
Sheilla Ribeiro
Tem 28 anos, é agricul-
tor de profissão e também
historiador. Cláudio Sou-
sa assume-se como “um
jovem militante da causa
do Tarrafal”. Há cerca de
oito anos tem estado a
fazer trabalhos de acti-
vismo social e político
no concelho que o viu
nascer. Agora, quer
continuar a dar o seu
contributo, candida-
tando-se ao cargo de
presidente de câma-
ra, encabeçando a
lista do Movimento
Independente Tarra-
fal (MIT).
“Os últimos quatro anos
reflectem os 28 anos em que
o MpD esteve no poder. Um
resultado fraco, nada foi feito
praticamente para favorecer a
satisfação dos tarrafalenses. É
triste ver um poder local tra-
balhar neste ritmo. Uma ins-
tituição com recursos, meios
técnicos (…) mas nenhum tra-
balho foi feito. Se tivesse um
resultado positivo, hoje não
teríamos razão de existir”, re-
fere.
O candidato afirma que
são essas, precisamente, as
motivações do MIT. Cláudio
Tarrafal de Santiago
para a Assembleia Municipal,
o principal problema do Tar-
rafal é a actual equipa cama-
rária. Segundo argumenta,
o concelho tem uma popula-
ção que está preparada para
abraçar qualquer projecto de
desenvolvimento, mas que se
encontra condicionada por
um poder local que é “lento”,
que não consegue tomar uma
decisão a tempo, o que, do seu
ponto de vista, atrasa muita
coisa.
“Temos uma exclusão ju-
venil grave, exploração da
mulher, porque a mulher
ainda está oprimida den-
tro da nossa sociedade,
as crianças estão aban-
donadas, não exis-
tem espaços públicos
‘respeitadores’, não
há políticas voltadas
para a terceira ida-
de. Não se aposta
nos sectores chave,
como agro-pecuária
e pesca”, adianta,
complementado que
o Tarrafal tem tudo
“
por fazer, porque o
poder local ignorou
praticamente todas
as necessidades do
município.
Cláudio Sousa explica que o
Nós estamos cercados pelo Tarrafal é uma cidade portuá-
mar, podemos aproveitar a ria, mas que não tem nenhum
investimento ligado à pesca
dessalinização da água do mar que o dignifique. Na agricul-
para a agricultura tura, diz o candidato, o conce-
lho tem grandes extensões de
terra que estão a secar porque
não há nenhuma política vol-
Sousa acredita que a solução do continente africano como tada para a disponibilização
não está naqueles que estão da Europa. de mais água a preço reduzi-
no poder. Por esse motivo, os do.
mentores do movimento re- Problemas “O único caminho aberto
solveram criar uma alterna- para os jovens de Tarrafal é o
tiva formada essencialmente Para este cabeça-de-lista, caminho da marginalidade e é
por jovens, até com pessoas de que tem a seu lado o professor por isso que nós, jovens, acor-
outras nacionalidades, tanto Adelino Silva a liderar a lista dámos, para tentar dar um
N0 986 • 21 de outubro de 2020
outro sentido”, garante. “A
solução são os jovens”, insiste.
Projectos
Conforme explica Cláudio
Sousa, os projectos do MIT,
assentes em 14 pilares, estão
ligados a sectores fundamen-
tais, como agricultura, pesca
ou criação de gado.
“No ramo de agricultura,
vamos fazer toda a questão de
ter mais água. Tarrafal é a ter-
ceira cidade no país com mais
água subterrânea. Mas nós
não queremos explorar muito
o que temos no subsolo, por-
que é um recurso que um dia
se pode esgotar. Vamos explo-
rar com ecologia, no sentido
de preservar, de modo a durar
mais. Nós estamos cercados
pelo mar, podemos aprovei-
tar a dessalinização da água
do mar para a agricultura,
construir uma barragem es-
tratégica, de que há muito se
fala, mas que nada foi feito”,
aponta.
Para este candidato, Tar-
rafal tem necessidade de um
porto de pesca que poderá
servir, não apenas para pesca,
mas também para facilitar li-
gações entre as ilhas.
No sector da educação,
acredita, há muito para ser
feito.
“O que mais ganhamos com
a nossa candidatura é instituir
a liberdade de expressão. Aqui
há o bipartidarismo, se fores
de um partido e o outro está no
poder, sofres abusos. És obri-
gado a escolher um lado, ainda
que sejas independente. Os jo-
vens vão cultivar a liberdade de
expressão, independentemen-
te do resultado, porque viemos
democratizar a democracia e a
partir daí o desenvolvimento
vai acontecer”, finaliza.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
DOMINGOS SEMEDO, UT
“Tarrafal andou no esquecimento dos
sucessivos governos centrais”
Candidato independente afirma que governação do concelho tem sido marcada por actos de covardia e
conflitos alimentados por políticos que deixaram Tarrafal em último plano.
Sheilla Ribeiro
Nasceu na localidade de
Achada Morão, em 1966, e
fez o seu percurso académico
entre Cabo Verde e França.
Agora, o mestre em engenha-
ria informática, Domingos Se-
medo, é o cabeça-de-lista do
movimento Unidos por Tar-
rafal (UT) à câmara municipal
local. Se for eleito, promete
uma gestão assente em princí-
pios da legalidade, com uma
equipa coesa e forte.
“Simplesmente nega-
tivo”. É desta forma que
classifica o desempenho
da actual gestão autár-
quica, “marcado por
actos de covardia e con-
flitos com a equipa ca-
marária, alimentados
por políticos que se
preocupam mais em
servir ao partido, a si
próprios e só depois
Tarrafal”.
“Basta analisarmos
o concelho no seu todo para
verificarmos que nunca se fi-
nanciou um projecto estrutu-
rante, à semelhança de outras
ilhas e concelhos. Tarrafal
apresenta vários problemas”,
frisa.
Problemas
Quanto a esses problemas,
Domingos Semedo fala no de-
semprego e na falta de oportu-
nidades, principalmente para
a camada juvenil, na escassez
de água para a agricultura e
pecuária e também na falta de
moradias.
O candidato aponta dificul-
Tarrafal de Santiago
outros problemas, são tam-
bém apontados pelo cabeça-
-de-lista do UT.
Tarrafal tem tido, resume,
uma gestão camarária “assen-
te sempre em conflitos” pela
disputa de poder e “prestação
de serviço ao partido”, em de-
trimento da população.
Soluções
“Atendendo ao momen-
to de crise que vivemos e da
imprevisibilidade da situação
provocada pela covid,
temos de pensar num
programa urgente e
útil para esse con-
texto, através de
pequenos investi-
mentos munici-
pais, com o ob-
jectivo, primeiro,
de minimizar o
sofrimento das
pessoas e pro-
“
porcionar-lhes
algum confor-
to. Tudo isso
será pensado
e implementa-
Basta analisarmos o concelho no do logo após as eleições”, pro-
mete.
seu todo para verificarmos que Domingos Semedo entende
nunca se financiou um projecto que é preciso mudar a forma
de administrar o concelho e os
estruturante seus recursos.
“Aproveitamento dos qua-
dros tarrafalenses, dentro e
fora do concelho, reconquis-
tar a confiança dos munícipes
dades na arrecadação de re- completamente destruídos. e toda a família tarrafalense,
ceitas, a falta de investimento A falta de infra-estruturas para que, em união, se possa
e comparticipação em empre- para a actividade pesqueira, trilhar um novo rumo, uma
sas lucrativas e uma deficiente como por exemplo um cais, vida nova e alcançar novos pa-
infra-estruturação urbanís- assim como um arrastador, tamares do desenvolvimento.
tica, sanitária e viária, com barcos semi-industriais, lo- Fazer nova política e ter mais
localidades encravadas, com cais de conserva e transfor- respeito e comprometimento
“péssimas” estradas de pe- mação e até de produção e com o município no seu todo”,
netração e caminhos vicinais armazenamento de gelo, entre aponta.
//29
O candidato, que faz dupla
com o professor Luís Pina,
primeiro da lista à Assembleia
Municipal, defende a imple-
mentação de novas carteiras
de projectos que visem a me-
lhoria das condições de vida
da população, em áreas como
a agricultura, pecuária, pesca
e turismo.
“Exigir do governo central
os financiamentos e projec-
tos estruturantes que sirvam
o município no seu todo, à
semelhança do que acontece
com outras ilhas e concelhos”,
completa.
Em relação aos projectos
que pretende implementar em
Tarrafal, Domingos Semedo
diz que “são muitos”.
“Desde logo, sendo um
município rural, cercado pelo
mar, com montanhas ma-
ravilhosas, rico em história,
com longa tradição na área de
agricultura, pecuária, pesca e
turismo, os projectos estão vi-
rados para essas áreas e suas
potencialidades”, explica.
Domingos Semedo pre-
tende, em caso de vitória nas
eleições de dia 25, fomentar
a valorização económica das
actividades agrícolas, em par-
ceria com o governo central,
no sentido de disponibilizar
mais água e mais espaços para
a agricultura, com melhor
orientação dos agricultores,
visando o aumento da produ-
ção e a melhoria da qualidade
dos produtos.
De entre várias promessas,
promete apoio reforçado aos
pequenos agricultores, apos-
tando na renovação da mão-
-de-obra jovem. Apostará no
tecido social das zonas rurais e
no reforço de estratégias e par-
cerias intercomunitárias.
 30\\
HOLDEN DUARTE, UCID
“Iremos investir nos jovens”
Holden Duarte critica “muito
investimento” em formação sem que
haja uma política de acompanhamento
para que os jovens sejam introduzidos
no mercado do trabalho.
Sheilla Ribeiro
Nasceu em Santa Catarina,
vive actualmente na Praia,
por questões profissionais,
mas passou boa parte da sua
vida no Tarrafal. Aos 31 anos,
Holden Duarte é a escolha da
União Caboverdiana Inde-
pendente e Democrática
(UCID) para encabeçar a
candidatura à autarquia
tarrafalense. Formado
em hospitalidade e ges-
tão do turismo faz ago-
ra a sua estreia política
na corrida à presidên-
cia da Câmara Munici-
pal do Tarrafal.
“Tarrafal tem sido
governado pelo MpD e
eu acredito que a situação
actual não é a melhor. Não
têm apresentado ganhos vi-
síveis, tanto em termos de
desenvolvimento local como
em termos de políticas para
habitação social. A actual go-
vernação está muito aquém
do que é esperado”, declara
Duarte em declarações ao
Expresso das Ilhas.
Prosseguindo, o candida-
to, que faz dupla com Rosa
Lopes, que encabeça a lista
para a Assembleia Munici-
pal, afirma que o principal
problema de Tarrafal de San-
tiago é o desemprego jovem.
Diz ainda que, segundo os
dados na posse do seu parti-
do, cerca de 16,4% dos jovens
no município estão desem-
pregados.
“O problema número dois
é a falta de política de habi-
Tarrafal de Santiago
Principais soluções
Falando em soluções para
Tarrafal, o candidato sugere
que, em primeiro lugar, te-
riam de existir políticas de
habitação social, assim como
aquelas que promovam o em-
preendedorismo jovem no
concelho.
Este candidato a presi-
dente da Câmara do Tarrafal
acrescenta, citando o caso da
construção do Centro de For-
mação Profissional, que tem
havido muito investimento
na formação, sem que haja
depois uma política de
acompanhamento e fisca-
lização para que esses jo-
vens sejam introduzidos
no mercado do trabalho.
“Temos jovens que
vão fazer a formação,
vão ter um diploma,
isto é muito bom, mas
depois não há mercado
de trabalho. Se eu esti-
vesse no actual Gover-
no, ao invés de construir
uma escola de formação
profissional, eu construiria
“
uma escola de hotelaria e tu-
rismo, que é algo que eu pos-
so dizer que dá mais lucro a
curto prazo”, advoga.
Caso seja eleito, o can-
didato da UCID diz que a
Temos enfermeiros, empresários, sua equipa irá investir mais
gerentes de grandes empresas que na acção social, destacan-
do funcionários municipais
vão trazer uma grande dinâmica, para trabalharem no terre-
uma nova visão no, perto das famílias e das
associações comunitárias, no
sentido de se fazer um levan-
tamento de todas as zonas
que precisam de atenção es-
tação social. Há pessoas que O cabeça-de-lista da UCID pecial.
vivem em condições desuma- refere que há muitas locali-
nas e nem o Governo, e muito dades que continuam isola- Exploração de
menos a Câmara Municipal, das e com problemas de sa- potencialidades
conseguiram criar políticas neamento e iluminação pú-
para que possam dar o me- blica. Exemplificando, Hol- “Tarrafal é muito conhe-
lhor alojamento a essas pes- den Duarte cita a localidade cido por causa do festival
soas”, prossegue. de Achada Morrão. do Santo Amaro. O que nós
N0 986 • 21 de outubro de 2020
vemos no festival, basica-
mente, é o que considero
desperdício de dinheiro. É
claro que os artistas são pa-
gos, faz-se muita coisa, mas
porque não aproveitar este
festival, por exemplo, para
fazer um festival de em-
preendedorismo, onde os jo-
vens podem aprender mais
sobre as ferramentas para
a empregabilidade, podem
aprender mais a respeito
de como iniciar o seu negó-
cio?”, questiona.
Holden Duarte avança
que, se for eleito, irá apos-
tar na área do artesanato. A
propósito, recorda que o con-
celho é muito conhecido por
produzir ‘produtos da terra’,
pelo que os jovens poderiam
aprender esses ofícios.
“Se for ao Campo de Con-
centração, não há nenhum
guia turístico, ninguém para
fazer essa promoção do es-
paço como sendo um lugar
com uma história tão impor-
tante para o país. Dali você
sai sem muito conhecimento.
Então porque não ensinar a
um jovem acerca da cultura,
da história do espaço e, com
isso, conseguir mais receitas
para o município?”, propõe.
Duarte fala em “grandes
nomes de Tarrafal”, como
Gracelino Barbosa, Maria
Fernandes e Elizabeth More-
no.
“Temos enfermeiros, em-
presários, gerentes de gran-
des empresas, que vão tra-
zer uma grande dinâmica,
uma nova visão, pessoas que
conviveram e convivem dia-
riamente com a juventude
e sabem realmente do que é
que os jovens precisam. São
pessoas que vão trazer para o
município de Tarrafal ideias,
projectos que vão impulsio-
nar o desenvolvimento do
município”, antecipa.
N0 986 • 21 de outubro de 2020
JOSÉ DOS REIS, PAICV
“A minha motivação é
simplesmente Tarrafal”
Candidato do
PAICV defende
necessidade
de se construir
um Tarrafal
melhor, com
mais e melhores
oportunidades
para os seus filhos
e todos aqueles
que o visitam.
Sheilla Ribeiro
Aos 42 anos de idade, José
dos Reis Lopes Varela concor-
re pela segunda vez consecu-
tiva à presidência da Câmara
Municipal do Tarrafal de San-
tiago pelo Partido Africano da
Independência de Cabo Verde
(PAICV). Este filho de Tarra-
fal, diz que assume esta can-
didatura com um sentido de
desafio, manifestado toda a
sua disponibilidade para ser-
vir o município ao mais alto
nível, numa lógica de mobili-
zação de parcerias, nacionais
e internacionais, e de todos os
filhos do concelho.
“Temos a necessidade de
construir juntos um Tarrafal
melhor e eu acredito nessa
conjugação de esforços entre
os filhos de Tarrafal. Sou uma
pessoa que vive diariamente
aqui no Tarrafal, conheço bem
os problemas sociais do meu
município e sinto-me prepa-
rado, política e tecnicamente,
para servir Tarrafal. Conside-
ro-me uma pessoa próxima do
Tarrafal de Santiago
Problemas
José dos Reis, que faz du-
pla com o professor Adilson
Fortes, que encabeça a lista
para a Assembleia Munici-
pal, indica que o município
tem problemas a nível social,
porque há défice de políticas
sociais capazes de criar opor-
tunidades para a juventude e
para as famílias. Acrescenta
que a situação do desempre-
go é alarmante.
“Os jovens não têm pers-
pectiva de futuro, porque a
equipa camarária, durante
todo esse tempo, não tem sa-
bido criar políticas capazes
de garantir oportunidades
de rendimento e de emprego
produtivo para a juventude.
Por isso, temos problemas a
nível social e a nível econó-
mico”, completa.
Este candidato afirma ain-
da que a actual equipa ca-
marária não tem conseguido
apresentar políticas que ga-
“
rantam oportunidades às fa-
mílias. O candidato também
cita casos de localidades que
ainda carecem de abasteci-
mento de água, problemas
Temos a necessidade de construir de urbanização, de habitação
social, abandono de idosos e
juntos um Tarrafal melhor e eu acredito pessoas vulneráveis que não
nessa conjugação de esforços conseguem ver na câmara
uma instituição que dê res-
posta efectiva aos seus pro-
blemas.
“Por isso, nós defendemos
uma agenda económica à al-
povo, um candidato do povo, rios, porque a sua motivação é tura daquilo que é o sonho e
para servir o povo do municí- simplesmente Tarrafal. a vontade dos tarrafalenses,
pio”, refere. O candidato do PAICV clas- uma agenda económica capaz
José dos Reis acrescenta sifica a actual equipa camará- de trazer mais investimentos,
que é nesta perspectiva que ria, liderada pelo Movimento capaz de apostar fortemente
se colocou à disposição para para a Democracia (MpD), no sector de turismo enquan-
servir de corpo e alma o con- como sem visão, sem projec- to sector estratégico, mas
celho. Ainda nas suas decla- to, sem alternativa para servir que precisa de qualificação e
rações, o cabeça-de-lista do Tarrafal e colocar o concelho diversificação em termos de
PAICV afirma que o projecto em primeiro lugar a nível do oferta, porque precisamos de
que lidera não está voltado Santiago Norte e num lugar explorar o turismo a nível ru-
para servir interesses partidá- cimeiro no plano nacional. ral, a nível ecológico, temos
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de passar um pouco [além]
de ter um turismo de sol e
praia”, exemplifica.
Projectos
O PAICV, diz o seu candi-
dato, tem projectos no domí-
nio do urbanismo, ambiente e
qualidade de vida, bem como
a nível da modernização ad-
ministrativa.
“Nós propomos, a nível de
modernização administrati-
va, uma forte aposta na mo-
dernização de infra-estrutu-
ras, equipamentos e serviços
municipais, com recurso às
tecnologias de informação.
Também queremos apostar
na criação de um portal da
câmara municipal, interac-
tivo, para permitir ligação
directa ao presidente e aos
eleitos municipais. Quere-
mos ter uma administração
e câmara de proximidade,
capaz de dar sessões, au-
diências nas localidades e fa-
cilitar a vida da população”,
acrescenta.
José dos Reis explica que a
sua equipa pretende, caso seja
eleita, apostar “fortemente”
na criação de um gabinete
municipal de investimento,
para poder atrair investi-
mentos privados, nacionais e
internacionais. O candidato
quer criar vias para que os
emigrantes possam investir
mais e melhor no Tarrafal.
“Existem também outros
projectos, sobretudo a nível
do turismo, que é uma área
estratégica para o desenvol-
vimento do concelho. Propo-
mos uma aposta forte na cria-
ção de uma escola de turismo
municipal, adequada ao mer-
cado de trabalho local, isto é,
capaz de promover formação
de guias turísticos, camarei-
ras, assistentes, recepcionis-
tas e outros”, conclui.
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