Este suplemento é parte integrante do Jornal Expresso das Ilhas Nº 995 de 23 de Dezembro de 2020 e não pode ser vendido
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e-Fatura: um novo paradigma
Mais simples, mais rápido, mais
eficaz. A e-Fatura marca o início de
um novo paradigma nas relações
entre o Estado e o Contribuinte.
Chegou a e-Fatura. A Fatura Eletrónica, incluin-
do a Fatura-Recibo, é um documento de existência
apenas digital, emitido, arquivado e conservado
eletronicamente, cuja validade jurídica é garan-
tida pela assinatura digital do emissor e pela au-
torização de uso concedida pela Administração
Tributária em tempo real. São também emitidos
por via eletrónica os seguintes documentos fis-
calmente relevantes: talão de venda ou de serviço
prestado eletrónico, nota de débito eletrónica, nota
de crédito eletrónica, recibo eletrónico, documen-
to de transporte eletrónico.
São obrigados a processar fatura eletrónica e do-
cumentos fiscalmente relevantes eletrónicos todos
os sujeitos passivos, previamente credenciados pela
administração tributária.
Com a e-Fatura, procede-se à substituição dos
documentos comerciais e fiscais em papel por equi-
valentes eletrónicos. Ao mesmo tempo, permite-se
a redução do uso de papel com impacto positivo no
meio ambiente, além de se conseguir a eliminação
da digitação de dados de faturas emitidas, a redu-
ção de erros de escrituração resultantes de digitação
de faturas. Igualmente, alcança-se uma melhoria na
gestão de processos fiscais e comerciais, permitin-
do uma redução dos custos dos contribuintes e uma
redução do ciclo de tramitação da cobrança. ​Dá-se
a padronização dos relacionamentos eletrónicos en-
tre empresas e a massificação do uso dos certifica-
dos digitais – condição para a validade jurídica dos
documentos eletrónicos. ​O ambiente de negócios
do país sai a ganhar.
Um projeto estruturante
A apresentação do e-Fatura aconteceu no dia 14
de dezembro. Na ocasião, o secretário de Estado das
Finanças, Gilberto Barros, realçou que, a partir de
agora, as empresas já vão perder menos tempo a in-
teragir com a administração fiscal.
A partir de 4 de janeiro de 2021, as empresas po-
derão começar a aderir voluntariamente.
O número dois das Finanças lembrou ainda que
este projeto vai dar um importante contributo na
luta contra a fuga e evasão fiscais – o que, conse-
quentemente, aumentará as receitas fiscais de Cabo
Verde.
Uma outra grande vantagem da fatura eletró-
nica é que vai proporcionar os dados da economia
em tempo real, não somente à Direção Nacional
de Receitas do Estado (DNRE) como ao Instituto
Nacional de Estatística (INE).
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“A fatura eletrónica torna a
administração pública mais
eficaz e eficiente”
Liza Vaz
O que é que se pretende
com o e-Fatura?
O Projeto (e-Fatura) foi orien-
tado para introduzir mudan-
ças significativas no processo
de emissão e gestão das infor-
mações comerciais e fiscais.
Pretende-se, com o e-Fatura,
implementar um modelo que
venha substituir os documen-
tos comerciais e fiscais em
papel por equivalentes ele-
trónicos e disponibilizar um
emissor gratuito para os con-
tribuintes que não disponham
de contabilidade organizada,
emitir os seus documentos
fiscais eletrónicos (DFe’s) sem
custos com aquisição de soft-
ware – os contribuintes que
disponham de contabilidade
organizada podem também
utilizar esse emissor, sempre
DIVULGAÇÃO INSTITUCIONAL
O e-Fatura representa uma mudança de paradigma na relação entre Estado e
contribuintes, concorrendo para uma administração fiscal mais eficaz. A Diretora Nacional
das Receitas do Estado, Liza Vaz, apresenta as principais linhas do projeto.
que necessário. Neste âmbi-
to, qualquer contribuinte, in-
cluindo aquele que aufere ren-
dimentos da Categoria C ou
de atos isolados, pode aderir
ao regime da Fatura eletróni-
ca (Fe), a partir de janeiro de
2021, evitando, assim, gastos
na aquisição de cadernetas de
faturas. O referido modelo as-
segura a validade jurídica ga-
rantida pela assinatura digital
do emissor da fatura, porém,
simplifica as obrigações fiscais
dos contribuintes e, simul-
taneamente, permite o fisco
acompanhar, em tempo real,
as operações comerciais.
Para o contribuinte, quais
são as vantagens?
Redução de custos em: aqui-
sição de papel e impressão/
envio de documentos (con-
tribui para a preservação do
meio ambiente), e armaze-
nagem – dispensa de espaço
físico e dossiê de conservação
de documentos; eliminação
de digitação de dados de fa-
turas recebidas, evitando er-
ros de escrituração; melhoria
na gestão; simplificação de
procedimentos logísticos/ad-
ministrativos; poupança de
tempo – em várias esferas;
facilitação do cumprimento
das obrigações fiscais; redu-
ção do ciclo de tramitação da
cobrança; padronização dos
relacionamentos eletrónicos
entre empresas; melhorias de
oportunidades de negócios e
empregos na prestação de ser-
viços ligados aos DFe’s; uso do
“Business Provider” – prove-
dor de negócio pode acoplar
regras do seu próprio negócio
na estrutura dos seus DFe’s,
facilitando o manuseamento
das suas operações; outras en-
tidades também podem tirar
proveito dos seus investimen-
tos, feitos na infraestrutura da
fatura eletrónica, benefician-
do das funcionalidades que
permitam-nas reduzir gastos e
cargas administrativas.
E para a administração
pública, para o Estado,
que ganhos são alcança-
dos com este novo para-
digma?
A fatura eletrónica (Fe) torna
a administração pública mais
eficaz e eficiente, e menos one-
rosa, com decisões administra-
tivas mais expeditas. Porém, a
Fe evidencia dados de econo-
mia/estatística fiáveis e em
tempo real, que, por vezes são
fundamentais para a tomada
de decisões. Vislumbra, para o
Estado, uma série de ganhos:
maior justiça e equidade fiscal,
redução de evasão e fraude fis-
cais, aumento de arrecadação
de receitas fiscais, resultante
de facilitação de controlo de
informações, aumento de se-
gurança e confidencialidade
de informações, redução de
custos, receção prévia de in-
formações que facilitam o con-
trolo das obrigações fiscais,
entre outros.
Como é que será feita a
transição e que adapta-
ções terão que ser feitas
pelos contribuintes, no-
meadamente pelas em-
presas?
A transição contempla um
calendário escalonado, onde
todos os contribuintes come-
çam a aderir voluntariamente
(4/1/2021). A adesão obriga-
tória inicia-se com os impor-
tadores (1/7/2021), seguida
dos grandes contribuintes
(1/9/2021), contribuintes mé-
dios – não enquadrados no
grupo dos grandes contribuin-
tes ou dos micro e pequenos
– (3/1/2022) e da massifica-
ção, que abarca os REMPE,
Categoria B com contabili-
dade organizada, incluindo
atos isolados, e Categoria C
(2/6/2022). Cada contribuin-
te “pessoa coletiva” deve com-
Nº 995 • 23 de Dezembro de 2020
prar um certificado digital
para identificar a sua empre-
sa. Os contribuintes “pessoas
singulares” podem usar o CNI
para a identificação. Os contri-
buintes com sistema próprio
devem implementar, através
dos seus desenvolvedores de
softwares, as especificações
(estruturas e regras) da fatura
eletrónica para emissão e re-
cessão de documentos fiscais
eletrónicos.
Depois do e-Fatura, que
outras reformas se segui-
rão, no processo de mo-
dernização do fisco?
O e-Fatura permite uma infi-
nidade de possibilidades que
serão implementadas gra-
dualmente, de acordo com as
necessidades e maturidade
do projeto. Não obstante esse
imenso potencial, ainda por
explorar, pretendemos imple-
mentar as seguintes reformas:
Autopreenchimento das de-
clarações fiscais, cabendo ao
contribuinte apenas confirmar
os dados e as informações;
Simplificação e ou dispensa de
formulários para cumprimen-
to das obrigações tributárias,
nomeadamente a simplifica-
ção da declaração Modelo 1B,
e declaração anual de infor-
mação contabilística e fiscal;
Automatização e simplificação
dos processos de reembolsos
do IVA; Inventário das em-
presas em tempo real. Existe
também a possibilidade de
implementação do factoring
eletrónico.
Nº 995 • 23 de Dezembro de 2020 DIVULGAÇÃO INSTITUCIONAL //3

Paulo Paz Nádia Cardoso

Chefe de missão do Fundo Manager da BTOC Lda.,
Monetário Internacional, contribuinte piloto
instituição parceira

Que princípios estiveram na base do desenvolvimento do projeto
e-Fatura?
Desenvolver um produto 100% nacional, que modernizasse a relação fisco-
-contribuinte, favorecesse o ambiente de negócios no país, estimulasse o cum-
primento fiscal e permitisse incrementar a presença fiscal nos incumpridores.
 
Quais foram os principais desafios?
Eu citaria dois: transformar uma solução tecnologicamente complexa em um
produto simples e, principalmente, o desenvolvimento do projeto durante a
pandemia da covid-19. A talentosa equipa da DNRE transformou obstáculos
em alavancas, usando as videoconferências para qualificar a fatura eletró-
nica cabo-verdiana, com a participação de pessoas em cinco países, de três
continentes.
Que vantagens tem a e-Fatura?
Uma das principais vantagens está relacionada com a eficiência administra-
tiva, nomeadamente no processo de envio das faturas. Introduz a segurança
de dados, com mecanismos de segurança e privacidade, cumprindo os requi-
sitos legais, evitando correções fiscais pela não validade documental. É uma
porta de entrada para declarações automáticas.
 
Em​ que é que a sua relação com o Estado e a administração fiscal
fica facilitada, com a e-Factura?
Com a e-Fatura, todos os contribuintes, estarão em condições de emitir fa-
turas válidas, o que contribui para a igualdade fiscal, evitando fugas e evasão
fiscal. Diminuirá o tempo de interação com a Administração Fiscal e forne-
cerá dados económicos em tempo real.

Raul Zambrano Gabriel Lopes

Diretor de assistência técnica Diretor financeiro da
do Centro Interamericano de Companhia de Investimento
Administrações Tributárias, de Cereais de Cabo Verde,
instituição parceira contribuinte piloto
Que vantagens tem a e-Fatura?  Que vantagens tem a e-Factura? 
A e-Fatura aproveitou-se das experiências de outros países, particularmente Substituição de documentos comerciais e fiscais por equivalentes eletróni-
da América Latina, que iniciou na primeira metade da década de 2000. Entre cos, melhoria do ambiente de negócios, harmonização de documentos fis-
essas experiências destacam-se:  formato padrão, modelo operacional utili- cais emitidos pelas empresas e massificação do uso dos certificados digitais,
zado dentro da jurisdição, assinatura digital e protocolos de teste em parce- o que garante a autenticidade, integridade e não-repudio de informações;
ria com o setor privado.  Facilitação da relação entre o fisco e os contribuintes, etc. 
 
 
Em que é que a sua relação com o Estado e a administração fiscal
Em que é que a relação com o Estado e a administração fiscal fica
fica facilitada, com a e-Fatura? 
facilitada, com a e-Fatura? 
A e-Fatura facilita substancialmente a relação com o Estado e a administra-
A e-Fatura incrementa melhorias nos processos fiscais, a nível de controlo e ção fiscal, visto que as principais informações utilizadas no processo tribu-
capacidade de avaliar e confrontar operações com valores declarados, po- tário estarão disponíveis no site da administração fiscal, bem como o envio
rém, introduz melhorias nos processos de restituição de impostos e simplifi- das notificações.
cação do cumprimento de obrigações acessórias. 

Pedro Montez
Tax Techonolgy Manager da Primavera BSS
Que vantagens tem a e-Fatura?
A e-Fatura tem diversas vantagens, mas vou apenas destacar três: a redução de custos com a emissão, processamento e arquivo em
comparação com o processo normal. A dupla utilização de processos, uma vez que no ato de emissão da e-Fatura vou poder comuni-
car à Direção Nacional da Receita do Estado (DNRE) e ao mesmo tempo disponibilizar a consulta da fatura aos meus clientes. E, por
fim, destaco a diminuição do erro na emissão de faturas, que permitirá às empresas serem mais eficientes com os seus stakeholders,
sejam eles clientes, fornecedores ou Estado.
 
Em​que é que a relação com o Estado e a administração fiscal fica facilitada, com a e-Fatura?
A relação com Estado e a Administração Fiscal sairá claramente reforçada pois com a e-Fatura a relação será de win-win. As faturas serão validadas automati-
camente pela DNRE, que terá conhecimento online da faturação das empresas, mas também permitirá o conhecimento das faturas de compra que os fornece-
dores emitiram em nome da empresa, para além de outras funcionalidades. Esta relação será mais tecnológica, eficiente e de acordo com as melhores práticas
internacionais no que ao relacionamento entre o contribuinte e o Estado diz respeito.
 4\\ DIVULGAÇÃO INSTITUCIONAL Nº 995 • 23 de Dezembro de 2020

Os eixos da e-Fatura
O projeto e-Fatura está
construído em torno de cinco
eixos fundamentais: formato,
comunicação, segurança,
processamento e ferramentas.
Toda a sua filosofia visa a
simplificação do processo,
poupando tempo e recursos
ao contribuinte e garantindo
uma administração fiscal mais
eficaz e efetiva. Por ter o foco
no utilizador, a e-Fatura é
acessível a todos.

15 CCronograma
RONOGRAMA DE Ide Implementação
MPLEMENTAÇÃO DA FE da FE
• Até 31 dez. 2020, Fase Piloto;

• 4 de janeiro de 2021, Adesão voluntária ao regime de FE;

• 1 de julho de 2021, Adesão obrigatória para os sujeitos

passivos importadores;

• 1 de setembro de 2021, Adesão obrigatória para os grandes

contribuintes;

• 3 de janeiro de 2022, Adesão obrigatória para os contribuintes

médios;

• 2 de junho de 2022, Adesão obrigatória: REMPE ; categoria B

com contabilidade organizada, incluindo atos isolados; e
categoria C;
Saiba mais sobre a e-Fatura em efatura.cv