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Resumo:
Introdução:
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma breve reflexão sobre
o erotismo e sua presença em quadrinhos, principalmente os conhecidos como mangás (
história em quadrinhos em japonês), levantando também uma breve análise sobre a
representação feminina neste quadrinhos. Este estudo está dividido em 4 fases, sendo a
primeira um breve panorama sobre o erotismo em si, num segundo momento a presença
feminina nas histórias em quadrinhos, partindo para uma rápida explicação dos mangás
e suas classificações, para então adentrar no objeto de estudo propriamente dito, o
erotismo presente nos mangás.
O erotismo
Existem muitos estudos que tentam estabelecer (ou não) uma distinção
entre erotismo e pornografia, alguns autores defendem a similaridade, ou utilizam as
duas palavras como sinônimos, alguns diferem o erotismo da pornografia por um caráter
de conteúdo, sendo a pornografia o ato explícito e o foco nas genitálias, enquanto o
erotismo apenas sua insinuação. Ou ainda a diferença pode ser considerada através dos
meios de produção, sendo assim pornográfico tudo o que é produzido em larga escala,
diferindo do erotismo, sendo este produzindo em caráter individual, “em termos gerais
podemos dizer que a pornografia encontra-se dentro do campo semântico do erotismo.
O erotismo é um universo vasto de intensidade sensorial onipresente e que pode
expressar em certos contextos”. (SOUZA, 2009, pg. 52)
“O erotismo não tem por objeto o enfoque do ato sexual em si, mas a infinita
gama de matrizes sensuais que presidem a intimidade entre os sexos. É o despertar da excitação sexual e
o seu conseguinte prolongamento, privilegiando o estado de desejo sobre o ato sexual consumado, de
modo a envolver variadas etapas e matrizes da sexualidade que poderão ou não culminar no ato sexual.
Desse modo se entende que o erotismo seja um valor em si, independente da realização última do impulso
sexual.”(FRANCONI, 1997, pg. 17)
Esse valor e principalmente esse desejo sexual que não
necessariamente será consumado nos remete a grande diferença entre a sexualidade
humana da sexualidade animal. O fator erótico é um dos pilares para estabelecermos
essa diferença, enquanto aos animais são seres sexuais, nós humanos somos seres
exclusivamente eróticos. Bataille nos diz, a respeito da sexualidade que “É comum aos
animais sexuados e aos homens, mas aparentemente, apenas os homens fizeram de sua
atividade sexual uma atividade erótica.” Afirmando a nossa grande diferença a enorme
presença do erotismo, ainda fazendo referência também a obra de Bataille, o autor
Franconni diz
“No entanto, nesse campo fértil para a criação, certos conceitos sociais e valores morais acabam sendo
perpetuados numa relação paternalista entre produtor e consumidor. Assim, de um lado temos o
consumidor que prefere transitar por estruturas conhecidas a ter de se deparar com ‘novidades’ que
coloquem em xeque antigos posicionamentos com os quais está habituado; e, de outro, o produtor da
indústria cultural capaz de estabelecer regras/normas de homogeneização das histórias em quadrinhos
para ter uma maior aceitação do produto em diferentes mercados.”( Barcellos, s/d)
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Vampira, personagem dos quadrinhos
X-men – Colam que acentua suas bem desenhadas curvas.
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Personagem Elektra fonte: http://www.universohq.com/quadrinhos/index.cfm
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Personagem Vampira Fonte: http://www.universohq.com/quadrinhos/index.cfm
principalmente através dos corpos esculturais e os uniformes sensuais das personagens,
gerando assim um novo mundo de fantasias sexuais e novos fetiches.
“A palavra fetiche aparece pela primeira vez como conceito erótico, citado
por Alfred Binet, em seu ensaio Le fetichime dans l’amour.
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Capa da revista em quadrinhos da
Super Moça – Nota-se muito erotismo e sensualidade.
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Capa Revista Super Girl fonte: http://www.universohq.com/quadrinhos/index.cfm
Assim percebemos como as mulheres são representadas nesse
universo de quadrinhos, sempre cheias de muita sensualidade, “Heroínas ou vilãs
enchem hoje as revistas de sexualidade mais ou menos franca. Curvilíneas, com roupas
colantes (quando usam), elas capricham na liberalidade e no humor”
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Fonte: http://blogdofavre.ig.com.br/tag/quadrinhos/
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Fonte: http://www.barnaclepress.com/
“surgiu um novo tipo de personagem feminina nos quadrinhos norte-
americanos: a mulher decidida a viver uma vida repleta de aventuras, em todos os sentidos. Foi o período
em que apareceram Dale Arden, a princesa Narda, Ellen Dolan, Honey Dorian e outras “noivas eternas”
de heróis: heroínas como Sheena, Rulah, Tigrana, Camilla, Amazona dos Cabelos de Fogo, Mysta e
Futura, que viviam nos locais mais inóspitos da Terra ou do espaço; super-heroínas como a Mulher-
Maravilha (Wonder Woman, no original); combatentes do crime como Miss Masque, Loura Fantasma e
Phantom Lady.” (Lucchetti, 2010)
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Miss Masque Sheena
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Lady Fantasma
“ bad woman Grace Powers, sentada em um sofá, tentando seduzir com seus olhares
lânguidos o agente Phil Corrigan (Agente Secreto X-9, 1934), ou Aleta, a rainha das Ilhas das Névoas,
dançando descalça e com um sorriso de satisfação no rosto, sob o olhar de cobiça de um grupo de ferozes
tuaregues (Príncipe Valente, 1945); ou ainda Dale Arden, vestida sempre com trajes sedutores,
“desfilando” pelo exótico planeta Mongo”( 2010)
Lucchetti, 2010)
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Fonte: http://flameape.org/tag/public-domain/
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Fonte: http://hqquadrinhos.blogspot.com/
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http://www.cineclubecauim.org/jornal/NUMERO%205/sobdominio.html
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Dale Arden
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Fonte: http://flameape.org/tag/public-domain/
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http://omelete.com.br/
Dentro do universo DC Comics, uma personagem feminina que
merece destaque, é a Mulher Maravilha , foi criada por William Marstson em 1941. Na
história ela é a princesa da tribo das Amazonas, que vivem numa ilha grega isolada dos
homens, porem por compaixão decide se juntar ao mundo dos homens para ajudá-los.
Essa heroína veio para dividir espaço com Batam e Super Homem, conquistando assim
uma presença nesse universo masculino. Mas o que é importante ressaltar é que, apesar
de defender ideais de genrosidade e confiança, sendo totalmente auto suficiente em suas
lutas, ela não escapa de um certo esteriótipo masculino, já que também é dotada de uma
beleza estoneante e suas roupas se configuram de um sexy maiô e botas para combater o
crime.
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http://dccomicsarquivos.blogspot.com/2008/09/mulher-maravilha-01.html
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http://dccomicsarquivos.blogspot.com/2008/09/mulher-maravilha-01.html
15 volumes), seus temas, apesar de variados, se baseavam, assim como no Ocidente, na
vida cotidiana.
Podemos ver que seu histórico começa no século XI,
Como já foi dito os mangás são classificados pelo seu gênero bem
definido com público alvo bem específico, veremos então um pouco da divisão e das
características destas divisões
As revistas femininas: segundo Luyten, são conhecidas como Shojo
mangá, são de grande influencia possuindo muitos títulos diferentes. Seu sucesso
acontece pela forte identificação das leitoras com as historias e personagens, os temas
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http://conmangaancha2.blogspot.com/
abordados variam entre sonhos e romantismo. Um fato interessante é que essas histórias
são escritas por mulheres, o que facilita ainda mais sua identificação pelas leitoras.
“as historias das revistas para rapazes transpiram sexo pelas paginas, embora
não sejam classificadas como eróticas, ou pornográficas, havendo um mercado especifico para essa
categoria destinado aos adultos. Os temas alusivos ao sexo incluem sedução de jovens escolares em
uniformes de marinheiro ( em uso desde o século passado mantidos até hoje), estupro de donas de casa,
sexo sob coerção, muitas vezes sob protestos das garotas que gritam yamete ( “Pare! Não faça isso!”) ou
yada ( “Não quero!”), mas que acabam cedendo.”( Luyten, 2001, pg. 58)
“Para as cenas de beijo (que há alguns anos nem se quer existiam nos
mangás), nudez e insinuações do ato sexual, seja hétero ou homossexual, os artistas utilizam ao máximo
recursos cinematográficos, focalizando detalhadamente cada momento, num sem-número de quadrinhos e
páginas, como cenas de um filme em câmera lenta.”(Luyten, 2001, pg. 58)
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: www.animesubers.com/2009/08/hentai.html
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: www.animesubers.com/2009/08/hentai.html
Heróis e Heroínas:
“Não há lugar para super heróis no Japao, tal como soa caracterizados no
Ocidente: invencíveis, superpoderosos e justiceiros. Os heróis japonese não se enquadradam muito nessa
categoria. Sua ações se voltam mais para outra dimensão – a interior- expressa por meio de uma virtude
que é muito prezada e levada em consideração pelo povo nipônico: a sinceriadde emocional.”( Luyten,
2001, pg 70)
A representação feminina:
Fica claro que o erotismo que envolve o papel da mulher fica presente
nas revistas, mostrando mais uma vez a visão estereotipada da mulher como um objeto
de desejo, servindo para permear a imaginação masculina com fantasias eróticas. As
heroínas encontradas nestas revistas são então representações eróticas.
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http://iareawesomeness.wordpress.com/2008/08/03/naruto-manga-412-spoiler-
tsunade-week-tsunade-survey/
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http://www.animegalleries.net/img/119296
“Na expressão sexual japonesa aparecem muitas formas de dominação e
sadismo. Isso vem da dupla posição da mulher. Ela pode ser ao mesmo tempo mãe carinhosa e fêmea
sedutora. Esse comportamento origina-se na mitologia japonesa, na qual a mulher ocupa uma posição
preponderante. Não nos esqueçamos de que o sol é, para os japonês, uma deus – Amaterasu – que se
desvinculou dos afazeres celeste para gerar um ser humano, o primeiro imperador nipônico. Numa cultura
que não conhece o pecado original – representado pela tentadora Eva com sua maça- existe a mitologia
Amaterasu que somente pode ser anulada pela reação violenta.”( Luyten, 2001, pg. 230)
O que é importante ressaltar é que esse vasto erotismo não está apenas
presente nas revistas direcionadas para esse segmento, é um forte dado das revistas
japonesas. Principalmente as masculinas, e até as direcionadas para um publico juvenil.
Conclusão:
Bibliografia:
BATAILLE, Georges. O erotismo. Tradução de: Claudia Fares. São Paulo: Arx, 2004.
LUYTEN, Sonia Bipe. Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses. São Paulo: Hedra,
2001.
Imagens:
http://iareawesomeness.wordpress.com/2008/08/03/naruto-manga-412-spoiler-tsunade-
week-tsunade-survey/ ; Acesso em: 19 de junho 2010.