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Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (21pg) PDF
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (21pg) PDF
Resumo
Mensurações dos efeitos gerados pelo desenvolvimento socioeconômico das
populações sobre o meio ambiente ainda são escassas, já que as ferramentas existentes não
são numerosas e, muitas vezes, pouco desenvolvidas, devido à própria dificuldade em se fazer
tal mensuração, que requer uma abordagem multidimensional e interdisciplinar. No presente
estudo, são descritos três dos principais indicadores de sustentabilidade ambiental: Ecological
Footprint Method (Método da Pegada Ecológica), Dashboard of Sustainability (Painel de
Controle de Sustentabilidade) e Environment Sustainability Index (Índice de Sustentabilidade
Ambiental). Estes instrumentos são apresentados a partir de suas origens e concepção de
desenvolvimento sustentável. Descreve-se a operacionalização das ferramentas e as principais
vantagens e desvantagens de sua utilização. Apresentou-se, também, a evolução do tratamento
da questão ambiental no Brasil, sendo realizadas discussões sobre o contexto urbano-
industrial e o espaço rural. Por fim, concluiu-se que a ferramenta mais adequada, em relação à
aplicabilidade para a unidade de análise municipal brasileira e à capacidade de obtenção de
resultados satisfatórios e de fácil compreensão por parte do público em geral, é o Environment
Sustainability Index. Apesar do conhecimento de que a elaboração e aplicação de indicadores
de sustentabilidade ambiental são bastante complexas e, muitas vezes, imprecisas, sabe-se que
o esforço de avaliar a performance do processo de desenvolvimento sustentável é
imprescindível, a fim de proporcionar novos subsídios para orientar decisões governamentais
e a execução de políticas públicas mais eficientes, mitigando impactos ambientais nocivos às
populações, sem que a relevância do desempenho econômico seja descartada.
∗
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG –
Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.
♣
Estudante do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-bolsista
do Programa de Educação Tutorial (PET-Economia) da mesma instituição (período: ago/2005 a jan/2007).
♦
Professor adjunto e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR).
1
Meio ambiente e desenvolvimento sustentável no Brasil: uma
descrição de indicadores de sustentabilidade ambiental
aplicáveis à realidade brasileira∗
1. Introdução
Em 1972, foi realizada, em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano. A partir de então, a questão ambiental começou a alcançar uma maior
visibilidade no cenário global, sendo, relativamente, mais enfatizada na formulação de
políticas de instituições governamentais oficiais de várias nações. Assim, fundou-se no Brasil,
em 1973, a Secretaria Especial do Meio Ambiente, sendo criado o princípio de socialização
dos custos, que orientaria o estabelecimento de sistemas de licenciamento ambiental e o
controle de poluição.
∗
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG –
Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.
♣
Estudante do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-bolsista
do Programa de Educação Tutorial (PET-Economia) da mesma instituição (período: ago/2005 a jan/2007).
♦
Professor adjunto e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR).
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social muitas vezes encontra-se, erroneamente, associada à busca pelo padrão de consumo dos
países industrializados mais desenvolvidos.
A seção 3 trata do foco do presente estudo. Nela é realizada a descrição de três dos
principais indicadores de sustentabilidade ambiental utilizados atualmente para a avaliação do
desenvolvimento sustentável praticado desde uma localidade mais pontual até nações inteiras.
São apresentadas as origens, a concepção de desenvolvimento sustentável utilizada na
construção de cada ferramenta de análise, a operacionalização do indicador e as vantagens e
desvantagens mais relevantes, para cada um dos instrumentos descritos. A seção 4.1 refere-se
ao Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica), a seção 4.2 trata do
Dashboard of Sustainability (Painel de Controle de Sustentabilidade) e a seção 4.3 descreve o
Environmental Sustainability Index (Índice de Sustentabilidade Ambiental).
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Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica) e o Dashboard of Sustainability
(Painel de Controle de Sustentabilidade).
2. 1. Bissetorialismo preservacionista
Os primeiros antecedentes do ambientalismo no Brasil datam de 1958, quando foi
criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. O início do processo de
formação do ambientalismo brasileiro pode ser caracterizado como um movimento bissetorial,
em que a sociedade civil e o Estado articulam-se no debate a respeito da questão ambiental.
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ambiental. O caráter de cooperação ocorre por causa das diversas atuações integradas entre
Estado e sociedade civil e devido à articulação necessária entre as agências estatais de meio
ambiente e as associações ambientais.
O planejamento familiar nunca foi objeto de política pública no Brasil por diversos
fatores, entre os quais se destacam a resistência de certas camadas da sociedade civil (por
exemplo, a Igreja) e, principalmente, o fato de que as taxas de fecundidade brasileiras
começaram a decrescer de forma bastante expressiva, sem que houvesse intervenção estatal.
Já a não adoção do uso conservacionista dos recursos da natureza deveu-se à intenção, cada
vez mais evidente, de busca por elevadas taxas de crescimento econômico, o que fez com que
os recursos naturais do Brasil fossem considerados ilimitados, acreditando-se na necessidade
de ”explorá-los do modo mais rápido e intenso possível” (VIOLA e LEIS, 1995) a fim de se
alcançar tal objetivo.
É válido ressaltar que a recepção das entidades brasileiras, no que tange a essa
incorporação de elementos do ambientalismo internacional, foi acrítica, segundo Viola e Leis
(1995). Não foi pensada a especificidade da situação brasileira em relação ao tremendo atraso
de saneamento básico, uma questão que, em grande parte, já havia sido resolvida nos países
desenvolvidos.
Em 1973, fundou-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente, que tinha por intuito
atenuar a imagem negativa que o Brasil adquiriu no contexto internacional, após a
Conferência de Estocolmo. Surge o princípio de socialização dos custos, que orienta o
estabelecimento de sistemas de licenciamento ambiental e o controle de poluição.
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2. 2. Multissetorialismo orientado ao desenvolvimento sustentável
Durante a segunda metade da década de 1980, a progressiva disseminação da
preocupação pública, interna e externa ao Brasil, transforma o ambientalismo em um
movimento que adquire feição multissetorial e ampla.
Dessa forma, o ambientalismo brasileiro passa a ser constituído por cinco setores.
Alguns destes setores possuem maior dinamismo e influência do que outros, mas a articulação
entre eles, em maior ou menor grau, é decisiva para a caracterização da nova fase do
ambientalismo brasileiro. Os setores são: 1. associações ambientalistas; 2. agências estatais; 3.
socioambientalismo; 4. instituições científicas; 5. reduzido setor empresarial. (VIOLA e
LEIS, 1995)
_______________________________
1 Atualmente, a preocupação governamental com questões ambientais tornou-se mais evidente. Organizações
públicas estaduais que se concentram na temática do meio ambiente são muito mais freqüentes, podendo ser
citada como exemplo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), em Minas Gerais. A FEAM é um dos
órgãos seccionais de apoio do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e atua vinculado à
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). No âmbito federal, o órgão
integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
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Participam, destes movimentos, indígenas pela preservação e demarcação de reservas, e até os
reduzidos movimentos pacifistas, que buscam a conscientização pública sobre o programa
nuclear paralelo.
O setor empresarial é, relativamente, o mais fraco dos cinco setores. Entretanto, possui
uma significativa importância estratégica na passagem do ambientalismo brasileiro para uma
fase em que o desenvolvimento sustentável se transforme no foco principal de propostas
realistas, já que este é o setor em que mais se situa o debate ambiental no terreno do
desenvolvimento sustentável. Alguns empresários e gerentes, alinhados com a temática do
meio ambiente, pautam seus processos produtivos e investimentos pelo critério da
sustentabilidade ambiental. Além disso, muitos deles dão significativo apoio financeiro às
novas organizações ambientalistas profissionais.
Todavia, é mister agir com cautela quando da realização deste tipo de análise, já que
não se podem privilegiar os problemas ambientais urbanos em detrimento das, também
graves, questões referentes ao meio ambiente que ocorrem no espaço rural. Diversos
estudiosos e, particularmente, uma parcela significativa dos demógrafos, acreditam que a
dicotomia urbano/rural é falsa e em nada ajuda a enfrentar os problemas ambientais globais,
gerando, até mesmo, maiores dificuldades no processo de entendimento de tais fenômenos.
No entanto, é inegável que “esgoto a céu aberto, poluição da água e sua utilização,
favelização e formação de cortiços, aterros clandestinos, ocupação de encostas, enchentes e
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etc.” (TORRES, 1995, p.171) são problemas recorrentes em cidades do Terceiro Mundo, e,
inclusive, no Brasil. Com isso, percebe-se que os problemas ambientais urbanos têm um
impacto significativo no nível de variáveis clássicas da qualidade de vida (mortalidade infantil
e desnutrição, por exemplo). Demonstra-se, dessa forma, uma articulação entre meio
ambiente, urbanização e pobreza, na medida em que promover a melhoria da condição
ambiental implica prover a população de melhor qualidade de vida.
Um aspecto de alta relevância que deve ser salientado é o fato mencionado por Torres
(1995) de que não existem contradições entre melhorar o ambiente urbano e promover a
redução nos indicadores do nível de pobreza urbana:
Assim, percebe-se que deve ser dada ênfase não só às conseqüências diretas da
urbanização que provocam a degradação ambiental, mas também aos fatores indiretos gerados
por esta urbanização, e que afetam de forma mais efetiva a população, possuindo uma forte
ligação com a questão social da pobreza.
Assim, quando é debatida a questão dos espaços urbanos nacionais e sua relação com
o meio ambiente, Torres (1995) afirma que a Região Metropolitana de São Paulo deveria,
aparentemente, ser o foco de interesse. Entretanto as regiões periféricas, principalmente o
Nordeste, tendem a ter seus problemas intensificados, porque nelas haveria um “maior ritmo
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de crescimento urbano do que do Sudeste e do Sul e porque os desníveis regionais de renda se
refletiriam em graves desníveis na dotação de infra-estrutura urbana” (TORRES, 1995,
p.172).
A Mata Atlântica consiste no bioma que sofreu maior destruição antrópica no território
brasileiro, tendo suas extensões drasticamente reduzidas. Assim, em 1990, foi implementada a
lei que proíbe qualquer tipo de atividade que possa levar ao desmatamento nas regiões
caracterizadas por esse tipo de cobertura vegetal. Seroa da Motta (1996) ressalta que a
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distribuição regional da Mata Atlântica, a qual se encontra predominantemente nos estados do
sudeste, coincide com o padrão de desenvolvimento regional que foi caracterizado,
historicamente, pelo desenvolvimento agrário e industrial. O autor conclui, dessa maneira, que
“forest conversion has been a result of economic expansion, particularly in the last fifty years”
(SEROA DA MOTTA, 1996, p. 12).
In the last twenty years, the expansion of the agricultural frontier also took place,
following the same development model adopted in the southern regions, in the
central and northern regions of the country where the Cerrados and the Amazonian
Forests are located, respectively. That expansion resulted in large areas of forest
conversion. This was due first to the highly concentrated income and land tenure
distribution existing in the country, which encouraged migration. Second, and not
less important, occupation of these regions was determined by ambitious regional
development programmes (SEROA DA MOTTA, 1996, p. 12).
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O Ecological Footprint Method é descrito pelas pessoas que o desenvolveram como
uma ferramenta que transforma o consumo de matéria-prima e a assimilação de
dejetos, de um sistema econômico ou população humana, em área correspondente de
terra ou água produtiva. Para qualquer grupo de circunstâncias específicas, como
população, matéria-prima, tecnologia existente e utilizada, é razoável estimar uma
área equivalente de água e/ou terra (VAN BELLEN, 2004, p. 69).
É válido ressaltar, como o fazem os autores do método, que certos artigos de consumo
possuem diversas entradas. Tal fato torna os cálculos mais complexos, já que se deve estimar
a área necessária referente a cada entrada significante para se produzir determinado item. No
entanto, muitos dos dados utilizados na operacionalização do Ecological Footprint
encontram-se disponíveis em sites de ONG’s e sites governamentais, o que facilita o trabalho.
A maioria dos cálculos deste método utiliza médias de consumo nacionais e médias mundiais
de produtividade da terra, como afirma Van Bellen (2004), o que busca tornar possíveis
comparações entre países e regiões distintas. No entanto, tais parâmetros proporcionam uma
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enorme simplificação do instrumento e, como declaram os próprios autores da ferramenta,
análises locais e regionais resultariam em conclusões mais apuradas da realidade da
sustentabilidade ambiental de uma área mais específica.
Por sua vez, uma grande vantagem do método da pegada ecológica é a de que é
possível adaptar tal ferramenta para realidades locais (VAN BELLEN, 2004), ou seja, é
possível distinguir os sistemas sócio-econômicos em relação à utilização da capacidade de
carga da natureza, comparando-os. Dessa forma, o Ecological Footprint pode servir como um
bom instrumento orientador para a construção de políticas ambientais.
De acordo com Nilsson e Bergström (1995 apud VAN BELLEN, 2004), o conceito de
desenvolvimento sustentável adotado pelos criadores do Dashboard of Sustainability
relaciona-se com a teoria dos sistemas. De uma maneira mais generalizada considera-se que
haja dois sistemas: o humano e o ecossistema à sua volta. Mais especificamente, pode-se dizer
que existam o sistema humano, o econômico e o das instituições sociais. Assim, o cálculo do
indicador pode levar em consideração quatro dimensões: a ecológica, a econômica, a social e
a institucional (MARTINS, FERRAZ e COSTA, 2006), garantindo que o método adote uma
concepção de desenvolvimento sustentável mais abrangente ao buscar captar também as
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interações entre tais esferas e, talvez por isso, torne-se um instrumento mais condizente com a
realidade.
Figura 1
Dashboard of Sustainability (Painel de Controle de Sustentabilidade)
Para cada dimensão, um índice agregado deve incluir medidas do estado, do fluxo e
dos processos relacionados. O objetivo é medir a utilização de estoques e fluxos para
cada dimensão. (...) Estes índices podem representar o fluxo dentro da dimensão
ambiental do sistema. Os estoques ambientais podem ser representados pela
capacidade ambiental, uma medida incluindo estoque de recursos naturais e tipos de
ecossistema por área e qualidade. Os fluxos dentro da dimensão econômica podem
ser representados pelo próprio Produto Interno Bruto ou um novo índice de
performance econômica que inclua outros aspectos importantes, como desemprego e
inflação. Os bens de capital podem incluir bens de propriedade e infra-estrutura (...)
(VAN BELLEN, 2004, p. 77-78).
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A figura que representa o Dashboard of Sustainability é auto-explicativa. Observando-
se a Figura 1, nota-se que os mostradores apontam para a situação atual da dimensão
analisada pelo respectivo índice. Tal situação pode variar de um patamar mais crítico (cor
vermelha) até situações de caráter mais promissor (cor verde), permitindo que seja analisada a
performance de cada sistema considerado no momento atual. Além disso, também é
apresentado um gráfico que representa a evolução da situação de cada esfera considerada ao
longo do tempo e, dessa forma, é possível analisar a performance de cada sistema em um
intervalo temporal mais extenso. Ainda pode-se observar, como ocorre na Figura 1, que
existem medidores que apresentam as quantidades remanescentes de alguns recursos mais
escassos ou críticos, como enfatiza Van Bellen (2004). Um outro aspecto importante, mas que
não é observado no exemplo fornecido pela Figura 1, é que os indicadores de cada sistema
não precisam possuir, necessariamente, o mesmo grau de relevância para o tipo de análise a
ser efetuada. Assim, a importância de cada indicador é percebida de acordo com o tamanho
que tal indicador possui na representação visual, em relação aos outros indicadores
englobados pelo mesmo sistema (VAN BELLEN, 2004).
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ambiental com o intuito de comparar a capacidade dos vários países de proteger e perpetuar
seu meio ambiente, não somente durante os períodos atuais mas também no futuro.
Consoante com Martins, Ferraz e Costa (2006), o ISA é um índice agregado, assim
como o Dashboard of Sustainability, e, na construção de sua versão de 2005, foram utilizadas
76 variáveis relacionadas à sustentabilidade do meio ambiente, as quais foram agrupadas em
21 indicadores distintos que juntos formam o Environmental Sustainability Index. Os 21
indicadores que compõem o ISA são resumidos em 5 categorias temáticas com pesos
diferenciados, o que caracteriza a realização de uma análise de componentes principais. A
Tabela 1 apresenta cada um dos componentes e dos indicadores do Índice de Sustentabilidade
Ambiental (ISA). A descrição de todas as variáveis que compõem o ISA, e seus respectivos
indicadores, podem ser encontrados em Martins, Ferraz e Costa (2006). Na última versão do
ISA, que pode variar de 0, pior caso, até 100, melhor caso, foram calculados os índices
correspondentes a 146 países.
Consoante com Martins, Ferraz e Costa (2006), a partir dos resultados dos cálculos do
ISA, em sua última versão, para diversos países, pôde-se concluir que não existe uma relação
de conseqüência direta entre renda e qualidade ambiental, um fato já conhecido, mas que não
tinha sido provado plenamente, até então.
Os piores valores do ISA foram apurados para os países africanos mais pobres e os
países em desenvolvimento, já que estas nações, geralmente, não possuem uma elevada
capacidade sócio-institucional e a necessidade de prover as condições de subsistência e
condições mínimas de sobrevivência à população geram uma enorme pressão sobre os
recursos ambientais.
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É interessante notar que o Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) consegue captar
o fato de que a pobreza e o desenvolvimento sócio-econômico são importantes fatores
mediadores da relação entre sociedade e meio ambiente, o que inclui análises de padrões de
consumo e produção, entre outros aspectos.
Tabela 1
Componentes e Indicadores do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA)
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4. Conclusão
A questão ambiental no Brasil começou a ser mais expressiva no final dos anos de
1950, assumindo um caráter preservacionista dos recursos naturais e sendo caracterizado pela
articulação entre dois setores principais: associações ambientalistas civis e agências estatais
de meio ambiente. Durante a segunda metade da década de 1980, começou a haver uma
maior preocupação da opinião pública em relação às questões ambientais.
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realizam um maior direcionamento das necessidades mais urgentes e dos pontos mais críticos
a serem analisados.
É interessante notar que o Método da Pegada Ecológica realiza uma análise mais
instantânea do sistema, não sendo capaz de captar efeitos gerados por fenômenos que causem
uma modificação no curso dos acontecimentos, como avanços tecnológicos, que possam
alterar a capacidade de suporte de tal sistema, ao longo do tempo. Assim, o Painel de Controle
de Sustentabilidade e o ISA possuem uma enorme vantagem em relação ao Método da Pegada
Ecológica: o fato de serem capazes de realizar uma análise dinâmica, que leve em
consideração um maior intervalo temporal, ao invés de realizar um retrato da situação vigente.
O cálculo do Painel de Controle de Sustentabilidade pode levar em consideração as dimensões
ecológica, econômica, social e institucional, garantindo que o método adote uma concepção
de desenvolvimento sustentável mais abrangente ao buscar captar também as interações entre
tais esferas e, talvez por isso, torne-se um instrumento mais condizente com a realidade. O
Índice de Sustentabilidade Ambiental também realiza uma apreciação mais dinâmica, na
medida em que o conceito de desenvolvimento sustentável que permeia tal indicador
corresponde ao do Relatório Brundtland, que possui alto caráter intergeracional.
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Mas, vale ressaltar que o Método da Pegada Ecológica também possui suas vantagens
em relação aos outros indicadores, como o fato de internalizar às suas análises os fatores
culturais decorrentes de determinada população, quando delimita a área necessária à
manutenção indefinida da vida de uma população, e não o número de indivíduos que podem
ser mantidos em certa área.
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Enfim, há a pretensão de que o presente estudo sirva como base teórica para a
realização de um trabalho empírico futuro a partir da ótica dos municípios brasileiros, por
tratar-se de uma esfera em que as pesquisas empíricas na área de desenvolvimento e meio
ambiente são relativamente escassos. Além disso, a realização de estudos para esse tipo de
unidade de análise é fundamental para a tomada de decisões e formulação de políticas
públicas municipais voltadas à preservação do meio ambiente. Tal fato corrobora a
importância da realização deste tipo de estudo, no sentido de informar a sociedade de países
em desenvolvimento, como o Brasil, e orientar os governos para a efetivação de ações que
objetivem o desenvolvimento sustentável. O intuito inicial é de que possa ser realizada uma
pesquisa empírica da maneira descrita no “Apêndice A” do presente trabalho.
Referências
BARBOSA, S. R. C. S. Ambiente, qualidade de vida e cidadania. Algumas reflexões sobre
regiões urbano-industriais. In: HOGAN, D. J., VIEIRA, P. F (Org.). Dilemas sócio-
ambientais e desenvolvimento sustentável. 2. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995.
P.193-210.
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HOGAN, D. J., VIEIRA, P. F (Org.). Dilemas sócio-ambientais e desenvolvimento
sustentável. 2. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995.
MICKLIN, M. The ecological transition in Latin America and Caribbean: theoretical issues
and empirical patterns. In: BILSBORROW, R. E. e HOGAN, D (Org.). Population and
deforestation in the humid tropics. Liège, Bélgica: International Union for the Scientific
Study of Population (IUSSP), 1999. P. 1-36.
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