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TEMA

A INFLUÊNCIA DA HORA DO DIA NA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA APTIDÃO FÍSICA EM


ALUNOS ADOLESCENTES (15 a 18 anos, utilizando o protocolo FITESCOLA)

Autor do projeto: José Cândido Labrincha Silva

Faculdade de Ciências do Desporto

RESUMO

A hora do dia pode influenciar o desempenho dos alunos durante a prática desportiva. O
horário ideal para um melhor desempenho desportivo dependerá do tipo de atividade a ser
praticada, juntamente com o impacto dos seus componentes (físico/cognitivo) no
desempenho geral, uma vez que estes componentes atingem seu pico em diferentes horários
do dia. O objetivo deste estudo é verificar a influência da hora do dia no desempenho da
Aptidão Física de alunos do 11º e 12º anos. Cento e dozoito alunos do género masculino e
feminino (Masc-54; FEM-64) realizaram o experimento em dois horários diferentes, no período
da manhã (8:30- 10:15hs) e no período da tarde (16:30 – 18:15hs). Para a avaliação do
desempenho físico foram realizados os seguintes testes: Aptidão neuromuscular - flexibilidade
dos membros inferiores, flexibilidade dos ombros, abdominais, flexões de braços, impulsão
horizontal, agilidade, velocidade. Aptidão Aeróbia - vaivém e milha.

Palavras-chave: Ciclo circadiano. Aptidão Física. Fitescola.


1 Estado da Arte:

Aptidão física é a capacidade que uma pessoa possui de praticar atividades físicas em
segurança, evitando o risco de sofrer problemas de saúde ou lesões. Nieman(1986), aponta a
aptidão física como “um estado dinâmico de energia e vitalidade”, responsável pela
capacidade de executar atividades com vigor e com baixo risco de doenças.
Os diferentes horários de treino e competição podem influenciar o desempenho da capacidade
aeróbia e anaeróbia, a força e a potência muscular dos atletas (NUNES et al., 2000).
Entretanto, ainda não se sabe exatamente os mecanismos que modulam o efeito da hora do
dia sobre estas capacidades (DRUST et al., 2005).
A cronobiologia é a ciência que estuda as características temporais dos organismos vivos e os
ritmos biológicos caracterizados por intervalos regulares de eventos bioquímicos, fisiológicos e
comportamentais (MELLO et al., 2000). Estes ritmos refletem os efeitos combinados do relógio
biológico, sono, atividade física e mental (WATERHOUSE et al., 2005). Os ritmos podem ser
denominados de circadianos, referentes ao dia solar (24 ± 4 horas), ultradianos (ciclos de
menos de 24 horas) ou infradianos (ciclos de mais de 28 horas). O ciclo circadiano é regulado
por fatores endógenos (secreção hormonal) e exógenos como sono e exercícios (SOUZA et al.,
2012). O ciclo circadiano pode apresentar diferenças interindividuais. Essas diferenças
estariam relacionadas às variações na amplitude e na fase circadiana, podendo ser também
influenciadas por fatores genéticos (BAEHR et al., 2000). Assim os indivíduos podem ser
classificados em diferentes grupos de acordo com a fase circadiana do seu relógio biológico
(KERKHOF & VAN DONGEN, 1996): Matutinos, que acorda mais cedo, têm maior disposição
para atividades ao longo do dia e diminuem o estado de alerta ao anoitecer, dormindo mais
cedo; Vespertinos, com predisposição em desempenhar atividades à tarde, repousar
tardiamente, reduzindo o estado de alerta pela manhã; Indiferentes, que têm o ritmo biológico
intermediário entre o matutino e o vespertino, podendo desempenhar as atividades em vários
horários do dia (MARTINS & GOMES, 2010).
Reilly & Waterhouse (2009) identificaram três determinantes principais na contribuição do
ritmo circadiano no desempenho. Em primeiro as influências externas (ambientais) que são
geralmente incontroláveis. As influências internas (fisiológicas) que se originam dentro do
indivíduo ( ritmo biológico e sua capacidade de adaptação às mudanças). Por fim, as
influências de estilo de vida também determinam o horário preferencial para a realização das
atividades e sono. A capacidade anaeróbia, força e potência têm se mostrado, em vários
estudos, maiores no fim do dia (RACINAIS et al., 2009; SOUISSI et al., 2010). No entanto,
Racinais et al., (2004) não observaram diferenças significativas entre os horários (8:00, 13:00 e
17:00 horas), na força do salto, potência máxima anaeróbica e potência relativa. Também os
estudos de Arnett (2002) e Atkinson et al., (2005) demonstraram uma maior capacidade de
desempenho físico e VO2max no fim do dia em atletas. Outros estudos mostraram um maior
tempo de exercício até a exaustão no período da noite, quando comparado com o período da
manhã (BAXTER & REILLY, 1983; BURGOON et al., 1992).

2 METODOLOGIA

2.1 OBJETIVO

2.1.1 Objetivo geral.


O objetivo do presente estudo foi verificar a influência da hora do dia sobre o desempenho nos
testes de aptidão física, ou seja nas respostas neurofisiológicas de alunos do 11ºe 12º anos.

2.1.2 Objetivos Específicos


Verificar se existem diferenças sinificativas entre os testes de Aptidão Aeróbia e Anaeróbia e a
Aptidão Neuromuscular.

2.2. HIPÓTESES

H0- A hora do dia não interfere no desempenho físico, nas funções executivas e no
comportamento das variáveis fisiológicas.

H1- A hora do dia interfere no desempenho físico, nas funções executivas e no


comportamento das variáveis fisiológicas.

2.3. MATERIAL E MÉTODOS

2.3.1. Cuidados éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da referida faculdade e respeitou
todas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional da Saúde e Conselho Nacional de
Educação Física. Todos os voluntários assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), bem como os respetivos Encarregados de Educação, relatando estar cientes
dos objetivos e procedimentos realizados no presente estudo, bem como, os benefícios e
riscos relacionados à participação no mesmo.
2.3.2 Amostra

A amostra é composta por 118 alunos do 11º e 12º anos do sexo masculino e feminino com
idades entre 15 e 18 anos. Os voluntários não podem fazer uso de nenhum tipo de
medicamento, fazer uso de cafeína e álcool, 24h antes dos testes e realizar qualquer tipo de
treino físico nas 12 horas antecedentes aos testes.

Caraterização da amostra

Amostra Género Masculino Género Média de idades


Feminino
118 54 64 16,4

2.3.3. Variáveis avaliadas

Inicialmente serão descritas as variáveis analisadas no estudo e seus instrumentos para a


coleta.
Todas as variaveis ou os testes aplicados fazem parte da bateria de testes da plataforma
“FITESCOLA”e o seu protocolo encontra-se perfeitamente definido. Adiante será descrito em
detalhe o delineamento experimental.

Abdominais

O teste de Abdominais consiste na execução do maior número de abdominais a uma cadência


predefinida. Este teste tem como objetivo avaliar a força de resistência dos músculos da região
abdominal.

Impulsão Horizontal

O teste de Impulsão Horizontal consiste em atingir a máxima distância num salto em


comprimento a pés juntos. Este teste tem como objetivo avaliar a força explosiva dos
membros inferiores.

Teste de Agilidade (10 metros)


O teste de Agilidade (4x10 m) consiste na realização de um percurso pré-determinado,
combinando a velocidade máxima de execução, com a coordenação traduzida no movimento
de agarrar, transportar e colocar uma esponja num lugar pré-determinado. Avaliando a
agilidade do aluno, o teste tem como objetivo caraterizar a capacidade de aceleração, a
coordenação dos movimentos requeridos e a sua velocidade de execução.

Velocidade (40 metros)


A velocidade de deslocamento é a capacidade máxima de um indivíduo se deslocar de um
ponto para outro. A prova consiste em realizar uma corrida de 40 m, no menor tempo possível.
Este teste tem como objetivo mensurar a capacidade de aceleração e a velocidade dos alunos.

Teste do vaivem

O teste de Vaivém consiste na execução do número máximo de percursos realizados numa


distância de 20 m a uma cadência pré-determinada. Este é o teste recomendado para a
avaliação da aptidão aeróbia. O teste realiza-se em recinto interior ou exterior com espaço
suficiente para marcar um percurso de 20 m (mínimo de 22 m de comprimento).

Flexões de Braços
O teste de Flexões de Braços consiste na execução do maior número de flexões de braços
(movimento de flexão dos braços e extensão dos antebraços), a uma cadência pré-definida.
Este teste tem como objetivo avaliar a força de resistência dos membros superiores.

Flexibilidade dos ombros

O teste de Flexibilidade dos Ombros consiste no contacto dos dedos das duas mãos atrás das
costas. Este teste tem como objetivo avaliar a flexibilidade dos membros superiores.

Flexibilidade dos membros inferiores

O teste de Senta e Alcança consiste na flexão máxima do tronco na posição de sentado no


chão. Este teste tem como objetivo avaliar a flexibilidade dos membros inferiores. É necessária
uma caixa específica. A caixa requer 30 cm de altura apresentando na parte superior um
prolongamento de 22,5 cm. É sobre este prolongamento que se coloca uma régua que fica
com o zero na extremidade virada para o aluno e os 22,5 cm a coincidir com o início da caixa.
Teste da Milha

O teste de Milha consiste na realização de 1 milha (1609 m) no menor tempo possível. Este é o
teste alternativo para a avaliação da aptidão aeróbia. É necessário um cronómetro, fita métrica
e um percurso marcado (por exemplo, uma pista de atletismo ou um campo exterior) com a
distância de 1 milha (1609 m). A escolha do local de teste deve ter em consideração a distância
do percurso, de preferência uma pista de atletismo de 400 m para corresponder a 4 voltas
mais 9 m. O princípio e o final do percurso devem estar devidamente assinalados (por
exemplo, utilizar cones).

2.3.4. Procedimento experimental

Os testes de aptidão física do protocolo do FITESCOLA serão aplicados duas vezes, a todos os
alunos e em dois período do dia diferentes, 8:30-10:15 e 16:30-18:15. Num dia de manhã são
realizados os testes de abdominais, impulsão horizontal, agilidade e velocidade e o vaivém.
Quarenta e oito horas depois e também de manhã serão realizados os restantes, a saber,
flexões de braços, flexibilidade dos ombros e dos membros inferiores e o teste da milha. Os
mesmos testes serão repetidos uma semana depois mas da parte da tarde, também repartidos
por duas sessões.
A sua aplicação irá cumprir rigorosamente todas as normas exigidas pelo mesmo protocolo e
seus resultados serão registadas em documento próprio, para posterior tratamento.

2.3.5. Tratamento dos dados

Em relação à amostra específica e em função da natureza dos dados, designadamente quanto


à sua normalidade, homocedasticidade e escala, é que se determinarão as técnicas estatisticas
a utilizar. Em qualquer dos casos se dirá que seria adequado o uso da técnica T’Pares para
técnicas paramétricas e Wilcoxon para técnicas não paramétricas.

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