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Estudo Da Interação Solo-Estrutura em Edifícios - Patricia Priebe
Estudo Da Interação Solo-Estrutura em Edifícios - Patricia Priebe
Trabalho de Graduação
Pelotas, 2014
2
Pelotas, 2014
3
Banca examinadora
Agradecimentos
Resumo
Abstract
The structural design analyzes the buildings into three parts: superstructure,
infrastructure and soil mass. In practice, the structure is calculated separately. The
superstructure is considered nondisplaceable and the infrastructure is designed
considering only the responses from the superstructure and the foundation ground.
This simplification is still routine, despite a number of tools and computing resources
on the market. The soil-structure interaction usually needs the use of electronic
computers, which are increasingly common in engineering offices. Even so, the
consideration of this interaction is still not routine in practice. This paper presents a
comparison between a structural calculation routine without taking into account the
ISE, and a calculation considering the soil-structure interaction (SSI). For this, a
version of TQS software that allows the calculation of the structure with and without
the SSI was used. It was found through the analysis of settlements, support pillars
reactions and moments, a redistribution of charges in the building. One advantage in
considering the SSI is the visualization of that redistribution and, therefore, the shape
and intensity of the differential settlements, making designs more efficient and reliable.
Lista de figuras
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
1.1 Justificativa ................................................................................................... 13
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 14
1.3 Estrutura do trabalho .................................................................................... 15
2 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA ................................................................. 16
2.1 Estudos desenvolvidos................................................................................. 16
2.2 Fundamentação ........................................................................................... 18
2.3 Modelagem da interação solo-estrutura ....................................................... 28
2.4 Softwares e ISE ........................................................................................... 31
2.4.1 Sistema TQS ................................................................................................ 33
2.4.1.1 SISEs/TQS................................................................................................ 33
3 FUNDAÇÕES .................................................................................................. 37
3.1 Métodos de previsão de capacidade de carga de fundações ...................... 43
3.2 Métodos de estimativa de recalques de fundações ..................................... 49
3.3 Movimentações das fundações .................................................................... 52
3.3.1 Danos provocados pelas movimentações .................................................... 54
3.4 Medição e controle dos recalques em edifícios ............................................ 55
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 56
4.1 Projeto arquitetônico .................................................................................... 56
4.2 Solo considerado ......................................................................................... 57
4.3 Projeto estrutural .......................................................................................... 58
4.3.1 Critérios do projeto estrutural ....................................................................... 58
4.3.2 Software a ser utilizado ................................................................................ 58
4.3.3 Sistema Interação solo-estrutura - SISEs/TQS ............................................ 59
4.3.4 Procedimentos ............................................................................................. 60
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1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
1.2 Objetivos
Geral
O objetivo geral deste trabalho é exemplificar quantitativamente a influência
da ISE no cálculo de um edifício estruturado. Foram utilizados como referência os
valores obtidos através do software CAD/TQS sem a consideração da ISE e para
comparação, os valores de recalques, momentos em pilares e cargas em pilares
obtidos com a ISE, através do mesmo software.
Específicos
Analisar um edifício sobre fundações profundas, utilizando um perfil de
solo da região de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul;
Verificar os valores de recalques, que representam o deslocamento
vertical de cada ponto de apoio, que acrescentados dos momentos de
pilares e cargas em pilares irão representar, quando houver, a
redistribuição de esforços.
15
2 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA
2.2 Fundamentação
Onde:
𝐾𝑠𝑠 é a rigidez estrutura-solo;
𝐸𝑐 é o módulo de elasticidade do material da estrutura;
𝐼𝑣 é a inércia a flexão das vigas da edificação;
𝐸𝑠 é o módulo de Young do solo;
𝑙 é vão entre colunas.
Mas, é melhor definida por Meyerhof (1953 apud ANTONIAZZI, 2011), que
explica que pode ser entendida como a relação entre a rigidez da superestrutura e a
rigidez do solo:
𝐸𝑠𝑢𝑝 .𝐼
𝐾𝑒 𝑛. ∑ 𝑙4
𝐾𝑠𝑠 = =
𝐾𝑠 𝐸 (2)
Onde:
𝐾𝑠𝑠 é a rigidez estrutura-solo;
𝐾𝑠 é a rigidez do solo;
𝐾𝑒 é a rigidez da superestrutura;
𝑙 é vão entre colunas;
𝑛 é o número de pavimentos;
𝐼 é a inércia da seção transversal de cada viga;
𝐸𝑠𝑢𝑝 é módulo de elasticidade da superestrutura;
𝐸 é o módulo de elasticidade do solo.
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Número de pavimentos
Gusmão (1990) avalia essa influência em relação à uniformização dos
recalques, analisando um pórtico plano com diferentes números de pavimentos e
diferentes valores de rigidez relativa estrutura-solo. Foi observado que, para uma
determinada rigidez relativa, ao aumentar o número de pavimentos, diminui a razão
de uniformização dos recalques, ou seja, ao aumentar o número de pavimentos os
recalques diferenciais passam a diminuir.
Antoniazzi (2011) afirma que, segundo Goshy (1978) e Moura (1995), existe
uma contribuição muito maior por parte dos primeiros pavimentos, em especial nos
momentos fletores de vigas e pilares.
Figura 4 - Efeitos da sequência construtiva (Fonte: GUSMÃO & GUSMÃO FILHO, 1994)
Edificações vizinhas
Reis (2000) e Antoniazzi (2011) citam Costa Nunes (1956) como um dos
primeiros a estudar a influência das construções vizinhas na configuração de
recalques e desaprumos de prédios. Ele distinguiu quatro tipos de movimentos devido
a carregamentos vizinhos, de acordo com a data da construção.
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Figura 7 - Terceiro prédio construído entre dois prédios pré-existentes (adaptado de Reis, 2000)
Influência do tempo
De acordo com Reis (2000), a maioria dos trabalhos considera o solo com
comportamento elástico linear, e a partir disso, desenvolvem propostas de solução
para a ISE.
Almeida (2010) apresenta resumidamente os métodos utilizados para a
simulação do maciço de solo, e alguns trabalhos desenvolvidos com cada
metodologia. A Figura 10 apresenta as modelagens citadas por Almeida (2010).
Soluções de Mindlin
Mindlin (1936) apresenta uma solução para as equações tridimensionais da
elasticidade, considerando um sólido homogêneo e isotrópico e um carregamento
pontual atuando no interior de um sólido semi-infinito (Figura 11).
Tal solução é utilizada para o cálculo de recalque imediato, embora solo não
seja um material perfeitamente elástico, homogêneo e isotrópico (IWAMOTO, 2000).
Modelo de Winkler
O solo é representado como um sistema de molas de resposta linear.
Segundo este modelo, as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos.
E este modelo pode ser usado para carregamentos verticais e horizontais.
No caso dos carregamentos verticais, o Modelo de Winkler prevê que as
pressões de contato são proporcionais aos recalques:
𝑞 = 𝑘𝑣 𝑤 (3)
30
Onde:
𝑞é o carreagamento previsto;
𝑤 é o recalque;
𝑘𝑣 é o coeficiente de reação vertical ou coeficiente de mola
Tabela 1 - Valores em kgf/cm³ (Fonte: TERZAGHI, 1955 apud VELLOSO et al, 1998)
31
𝑞̅ 1,0 (4)
𝑘𝑣 = =
𝑤
̅ 𝑤
̅
Mas estes softwares não levam em consideração a ISE. Para isso, diversos
trabalhos da literatura (GUSMÃO, 1990; HOLLANDA JR, 1998; REIS, 2000; entre
outros) desenvolveram métodos para a resolução de determinadas situações da ISE,
mas esses trabalhos possuem restrições quanto a sua aplicabilidade: alguns não
permitem a inclusão dos elementos de fundação; outros só consideram ações verticais
no edifício; um grupo representa a não-homogeneidade e a camada indeslocável, mas
não considera o edifício com efeito de 2ª ordem ou de geometria qualquer. (TQS
Informática Ltda, 2006)
Tais trabalhos acabam tendo pouca aplicabilidade e praticidade para uma
aplicação real de projeto. Além das restrições, estes trabalhos não avaliam de maneira
completa os elementos estruturais quanto aos Estados Limites de Serviço e Último
referentes as normas ABNT NBR 6118/2014 - Execução de Concreto Armado e ABNT
NBR 6122/2010 - Execução de Fundações (COVAS & ALMEIDA, 2006).
Almeida (2010) sugere a utilização do Modelo de Winkler, via software
comercial, para fazer a análise de ISE. O usuário estima os valores de rigidez
(coeficiente de molas) do solo e os insere manualmente estes valores no sistema.
33
2.4.1.1 SISEs/TQS
O módulo de interação solo-estrutura consiste em um modelo numérico que
acopla o edifício 3D, a infraestrutura e o maciço de solos.
A superestrutura é baseada as normas técnicas de concreto armado e na
metodologia usual de elaboração e representações de projetos estruturais no Brasil.
É possível considerar os efeitos de 2ª ordem e a não-linearidade física no pórtico
espacial.
Os elementos de fundação simulam as fundações diretas ou profundas e o
maciço de solos pode ser representado por um meio não-homogêneo com a cota do
indeslocável prescrita pelo usuário.
O SISEs/TQS acaba sendo um sistema computacional bastante abrangente
para a análise da ISE, e aproveita todas as ferramentas de cálculo, lançamento e
editoração já existentes no CAD/TQS.
O manual teórico do programa apresenta uma “filosofia” básica do
SISEs/TQS:
O modelo básico lançado pelo engenheiro estrutural envolvendo os
diversos materiais, a geometria e os carregamentos são passados ao
engenheiro geotécnico;
O engenheiro geotécnico alimenta no sistema as diversas sondagens
realizadas no terreno;
São selecionados os tipos de fundações (rasa e/ou profunda) mais
adequados para o projeto, podendo haver tipos de elementos diferentes
num mesmo projeto: estacas, radiers e tubulões;
As dimensões dos elementos de fundação são pré-dimensionadas pelo
geotécnico;
Estes elementos são lançados no SISEs/TQS junto aos respectivos
pilares advindos do modelo estrutural;
34
3 FUNDAÇÕES
Figura 13 - (a) deslocamentos, (b) ruptura do solo, (c) colapso do elemento estrutural (Fonte:
VELLOSO & LOPES, 1998)
Viga de fundação
ou baldrame Isolada
Sapatas Associada
Superficiais ou
Placa ou
Rasas Corrida
radier
Blocos
Fundações
Grelha
Tubulão
Com
deslocamento
Profundas Estacas
Sem
deslocamento
Caixão
Figura 16 - Tipos de fundações (baseado emABNT NBR 6122/2010; Alves, 2010, 2014)
Fundações profundas
Conforme definido anteriormente, as fundações profundas são aquelas que o
carregamento é transferido através das laterais e da base.
Seu mecanismo de ruptura de base não surge na superfície do terreno como
apresentado na Figura 19 (VELLOSO & LOPES, 2010).
42
Onde:
I é a zona ativa de Rankine (∝= 45° + ∅⁄2);
II é a zona de Prandtl ;
III é a zona passiva de Rankine (∝= 45° − ∅⁄2);
𝜃é o ângulo entre H e
L, no plano da sapata
Vesic (1975 apud ALVES, 2014) apresenta equações para sapata camada
fraca sobre camada resistente, levando em consideração o puncionamento e coesões
não-drenadas.
Meyerhof e Hanna apresentam soluções para sapata com camada resistente
(granular) sobre camada fraca (argilosa), considerando punção, forma e capacidade
de carga.
Meyerhof (1956 apud ALVES, 2014) apresenta também fórmulas empíricas
baseadas em sondagens de simples reconhecimento (SPT).
De acordo com o método utilizado, seja ele analítico ou semi-empírico,
acompanhado ou não de ensaios de prova de carga, a ABNT NBR 6122/2010
regulamenta os valores dos fatores de segurança a compressão.
Fundações profundas
Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de
trabalho, isto é, coeficiente de segurança maior ou igual a dois, são em geral
desprezíveis. Entretanto, caso se julgue conveniente proceder-se a estimativas
desses recalques, pode-se recorrer tanto a métodos teóricos quanto a procedimentos
empíricos turfosos (TEIXEIRA, GODOY, 1998).
Alves (2014) apresenta três métodos baseados na teoria da elasticidade:
Solução de Antunes Martins (1945) para o acréscimo de tensões ao redor
das estacas;
Poulos & Davis (1980);
Randolph & Wroth (1978).
E um método numérico:
Aoki& Lopes (1975) onde as tensões transmitidas pela estaca são
substituídas por um conjunto de cargas concentradas, os acréscimos de
52
Recalque absoluto(𝑺)
É o deslocamento vertical descendente de um ponto da fundação. Se o
deslocamento vertical for ascendente, denomina-se levantamento (GUSMÃO, 1990).
O recalque absoluto máximo é representado por 𝑆𝑀Á𝑋 , de acordo com a ABNT NBR
6122/2010 (Figura 30).
Recalque diferencial(𝜹𝒔)
De acordo com Caputo (1985 apud Souza e Reis, 2008), há pontos da
estrutura que recalcam mais do que outros. Surgem, então, os chamados recalques
diferenciais, que tendem a ser mais importantes que os recalques absolutos.
O recalque diferencial é a diferença entre os recalques absolutos de dois
pontos e indica o movimento relativo entre os mesmos (GUSMÃO, 1990) (Figura 30).
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Rotação(𝜽)
Rotação relativa entre dois pontos, é usada para descrever a mudança de
gradiente de reta entre dois pontos da fundação ou terreno (GUSMÃO, 1990; ABNT
NBR 6122/2010) (Figura 30).
Figura 30 - Recalque absoluto, recalque diferencial e rotação (adaptado de: Gusmão, 1990; ABNT
NBR 6122/2010)
Inclinação(𝝎)
Descreve a rotação de corpo rígido da estrutura (ou parte dela), pode ser dito
como desaprumo do edifício quando se comporta como corpo rígido (GUSMÃO, 1990;
ABNT NBR 6122/2010) (Figura 31).
Figura 31 - Inclinação e rotação relativa (adaptado de Gusmão, 1990; ABNT NBR 6122/2010)
Deflexão relativa(∆)
É o deslocamento vertical máximo em relação à uma reta de referência,
normalmente uma reta que une dois pontos extremos da edificação (GUSMÃO, 1990)
(Figura 32).
4 METODOLOGIA
Define-se também:
A resistência característica à compressão;
Módulo de deformação longitudinal;
Valores mínimos e máximos de SPT que serão utilizados;
O modelo teórico para determinação do coeficiente de reação vertical
(CRV), coeficiente de reação horizontal (CRH) e a propagação de
tensões;
Método de cálculo que será utilizado para determinação da capacidade
de carga do solo.
4.3.4 Procedimentos
Para a consideração do SISEs, o software exige uma ordem de
processamentos conforme indica a Figura 34.
Processamento global da estrutura pelo
método tradicional
5 Resultados e discussões
Figura 36 - Pórtico 3D
5.1 Recalques
500.00
6 onsiderações finais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOKI, N; LOPES, F. R. Estimating stress and settlements due to deep foundation. In:
Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, V,
1975, Buenos Aires, Anais do evento. Argentina, 1975. v. 1, p.377-386.
SOUZA, Rafael Alves de; REIS, Jeselay Hemetério Cordeiro dos. Interação solo-
estrutura para edifícios sobre fundações rasas. Revista Acta Scientiarum
Technology [da] Universidade Estadual de Maringá, v. 30, n.2, p. 161-171, 2008.
TQS Informática Ltda. TQS Informática Ltda, São Paulo. Disponível em:
<http://www.tqs.com.br/ >. Acesso em: 11 dez. 2014.
ANEXOS