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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


Centro de Engenharias
Curso de Engenharia Civil

Trabalho de Graduação

Estudo da interação solo-estrutura em edifícios

Patrícia Priebe de Farias

Pelotas, 2014
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Patrícia Priebe de Farias

Estudo da interação solo-estrutura em edifícios

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Engenharias da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientadora: Dr.ª Maria Tereza Fernandes Pouey

Co-Orientador: Dr. Antônio Marcos de Lima Alves

Pelotas, 2014
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Patrícia Priebe de Farias

Estudo da interação solo-estrutura em edifícios

Banca examinadora

Engenheiro Civil Carlos Henrique Hernandorena Viegas

Prof. Msc. Rafael Hallal

Prof.ª Dr.ªMaria Tereza Fernandes Pouey (Orientadora)

Prof. Dr. Antônio Marcos Lima de Alves (Co-orientador)


4

Dedico este trabalho a minha


família e meu amado.
5

Agradecimentos

Agradeço a minha família, por todo apoio dado, amor e incentivo.


Ao meu amado por toda paciência nos momentos de tensão e nervosismo,
pela motivação quando continuar parecia impossível e por estar presente em todo o
processo.
À minha orientadora, Dr.ª Maria Tereza Pouey, pelo auxílio continuo desde o
início, facilitando minhas transições, pelo encorajamento e orientações ao longo do
período cursado na Universidade Federal de Pelotas.
Ao meu co-orientador, Dr. Antônio Alves, por ter participado da minha vida
acadêmica em ambas universidades cursadas e, pela dedicação na produção deste
trabalho.
Ao escritório Viegas & Cunha pela disposição do programa utilizado neste
trabalho e por todos os ensinamentos.
Aos amigos que compreenderam minha ausência e forneceram apoio das
mais diversas maneiras. Mas agradeço em especial a amiga Engenheira Civil Amanda
Manduca, pela disposição, auxílio e companheirismo em todas as etapas deste
trabalho e a amiga Agnese Camposilvan por sempre estar presente.
Minha gratidão a todos que participaram, direta e indiretamente, da minha
formação.
6

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se


você não fizer nada, não existirão resultados.”
(Mahatma Gandhi)
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Resumo

FARIAS, Patrícia Priebe de. Estudo da interação solo-estrutura em edifícios. 2014.


85f. Trabalho de Graduação – Centro de Engenharias, Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas, 2014.

O cálculo estrutural analisa as edificações em três partes: superestrutura,


infraestrutura e terreno de fundação. Na prática, a estrutura é calculada de modo
separado, sendo a superestrutura considerada com sua base indeslocável enquanto
a infraestrutura é projetada considerando apenas as reações provenientes da
superestrutura e o terreno de fundação. Essa simplificação ainda é rotineira, apesar
de haver uma quantidade de ferramentas e recursos computacionais no mercado. A
interação solo-estrutura está ligada à utilização de computação eletrônica na
engenharia, pois somente com ela é possível realizar os cálculos necessários para
essa análise. Mesmo o uso de microcomputadores já sendo comum aos engenheiros,
a consideração dessa interação ainda não é rotineira nos dimensionamentos. Este
trabalho apresenta, através de um exemplo, uma comparação entre um cálculo
estrutural rotineiro, sem levar em conta a ISE, e um cálculo com consideração da
influência solo-estrutura (ISE). Para isso, foi utilizada uma versão do software TQS
que permite o cálculo da estrutura sem e com o perfil de solo do terreno. Verificou-se
através da análise dos recalques, reações de apoio e momentos em pilares, uma
redistribuição de cargas na linha de simetria do edifício. Uma das vantagens em
considerar a ISE é a visualização desta redistribuição de esforços e,
consequentemente, a forma e a intensidade dos recalques diferenciais, tornando os
projetos mais eficientes e confiáveis.

Palavras-chave: interação solo-estrutura; SISEs/TQS; recalques


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Abstract

FARIAS, Patrícia Priebe de. Study of soil-structure interaction in buildings. 2014.


85f. Graduation Paper – Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas, 2014.

The structural design analyzes the buildings into three parts: superstructure,
infrastructure and soil mass. In practice, the structure is calculated separately. The
superstructure is considered nondisplaceable and the infrastructure is designed
considering only the responses from the superstructure and the foundation ground.
This simplification is still routine, despite a number of tools and computing resources
on the market. The soil-structure interaction usually needs the use of electronic
computers, which are increasingly common in engineering offices. Even so, the
consideration of this interaction is still not routine in practice. This paper presents a
comparison between a structural calculation routine without taking into account the
ISE, and a calculation considering the soil-structure interaction (SSI). For this, a
version of TQS software that allows the calculation of the structure with and without
the SSI was used. It was found through the analysis of settlements, support pillars
reactions and moments, a redistribution of charges in the building. One advantage in
considering the SSI is the visualization of that redistribution and, therefore, the shape
and intensity of the differential settlements, making designs more efficient and reliable.

Key-words: soil-structure interaction; SISEs/TQS; settlements


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Lista de figuras

Figura 1 - Partes constituintes de uma edificação (Fonte: GUSMÃO, 1990) ............ 19


Figura 2 - Hipóteses de projeto (Fonte: GUSMÃO, 1990) ......................................... 19
Figura 3 - Efeitos de interação (Fonte: GUSMÃO, 1990) .......................................... 20
Figura 4 - Efeitos da sequência construtiva (Fonte: GUSMÃO & GUSMÃO FILHO,
1994) ...................................................................................................... 23
Figura 5 - Carregamento simultâneo (adaptado de Reis, 2000)................................ 25
Figura 6- Carregamento não simultâneo (adaptado de Reis, 2000).......................... 25
Figura 7 - Terceiro prédio construído entre dois prédios pré-existentes (adaptado de
Reis, 2000) ............................................................................................. 26
Figura 8 - Dois prédios construídos ao lado de um já existente (adaptado de Reis,
2000) ...................................................................................................... 26
Figura 9 - Casos de ISE (Fonte: CHAMECKI, 1969 apud IWAMOTO, 2000) ........... 27
Figura 10 - Métodos de modelagem do maciço (adaptado de Almeida, 2010) ......... 28
Figura 11 - O problema de Mindlin (Fonte: MINDLIN, 1936) ..................................... 29
Figura 12 - Fluxograma geral de processamento e transferência de dados para
estacas ................................................................................................... 36
Figura 13 - (a) deslocamentos, (b) ruptura do solo, (c) colapso do elemento estrutural
(Fonte: VELLOSO & LOPES, 1998) ....................................................... 38
Figura 14 - Fundação superficial, transferência de carregamento (adaptado de
Gusmão, 2009)....................................................................................... 39
Figura 15 - Fundação profunda, transferência de carregamento (adaptado de
Gusmão, 2009)....................................................................................... 39
Figura 16 - Tipos de fundações (baseado emABNT NBR 6122/2010; Alves, 2010,
2014) ...................................................................................................... 39
Figura 17 - Fundação superficial, mecanismo de ruptura (adaptado de Velloso e
Lopes, 2010) .......................................................................................... 40
Figura 18 - Fundações superficiais (adaptado de Velloso e Lopes, 2010) ................ 41
10

Figura 19 - Fundação profunda, mecanismo de ruptura (adaptado de Velloso e


Lopes, 2010) .......................................................................................... 42
Figura 20 - Fundações profundas (adaptado de Alves, 2014) .................................. 42
Figura 21 - Ruptura geral (Fonte: ALVES, 2014) ...................................................... 44
Figura 22–Zonas de ruptura de Terzaghi (Fonte: ALVES, 2014) .............................. 44
Figura 24 - Correção da inclinação do carregamento (Fonte: ALVES, 2014) ........... 46
Figura 25 - Sapata sobre solo estratificado (Fonte: ALVES, 2014) ........................... 46
Figura 26 - Capacidade de carga das fundações profundas (Fonte: ALVES, 2014) . 47
Figura 27 - Recalques das fundações superficiais (Fonte: ALVES, 2014) ................ 49
Figura 28 - Solos homogêneos com camada finita (Fonte: ALVES, 2014) ............... 50
Figura 29 - Solos heterogêneos, estratificados e/ou com propriedades variáveis
(Fonte: ALVES, 2014) ............................................................................ 50
Figura 30 - Recalque absoluto, recalque diferencial e rotação (adaptado de:
Gusmão, 1990; ABNT NBR 6122/2010) ................................................. 53
Figura 31 - Inclinação e rotação relativa (adaptado de Gusmão, 1990; ABNT NBR
6122/2010) ............................................................................................. 54
Figura 32 - Deflexão relativa (adaptado de Gusmão, 1990; ABNT NBR 6122/2010) 54
Figura 33 - Corte esquemático do edifício em análise .............................................. 57
Figura 34 - Etapas de processamento SISEs/TQS ................................................... 60
Figura 35 - Fluxograma de processamento ............................................................... 61
Figura 36 - Pórtico 3D ............................................................................................... 63
Figura 37 - Locação de blocos e pilares .................................................................... 64
Figura 38 - Recalques da linha de pilares P1 a P8 ................................................... 65
Figura 39 - Recalques da linha de pilares P9 a P17 ................................................. 66
Figura 40 - Recalques da linha de pilares P18 a P24 ............................................... 66
Figura 41 - Recalques da linha de pilares P7, P16 e P23 ......................................... 67
Figura 42 - Bacia de recalques.................................................................................. 67
Figura 43 - Influência do SISEs nas reações de apoio dos pilares ........................... 68
Figura 44 - Cargas da linha de pilares P1 a P8 ......................................................... 69
Figura 45 - Cargas da linha de pilares P9 a P17 ....................................................... 70
Figura 46 - Cargas da linha de pilares P18 a P24 ..................................................... 70
11

Figura 47 - Cargas da linha de pilares P7, P16 e P23 .............................................. 71


Figura 48 - Sistema de coordenadas para esforços de momentos ........................... 72
Figura 49 - Momentos no topo do pilar 12 ................................................................. 73
Figura 50 - Momentos no topo do pilar 21 ................................................................. 73
Figura 51 - Momentos no topo do pilar 24 ................................................................. 74
12

Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
1.1 Justificativa ................................................................................................... 13
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 14
1.3 Estrutura do trabalho .................................................................................... 15
2 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA ................................................................. 16
2.1 Estudos desenvolvidos................................................................................. 16
2.2 Fundamentação ........................................................................................... 18
2.3 Modelagem da interação solo-estrutura ....................................................... 28
2.4 Softwares e ISE ........................................................................................... 31
2.4.1 Sistema TQS ................................................................................................ 33
2.4.1.1 SISEs/TQS................................................................................................ 33

2.4.1.2 Modelo mecânico do CAD/TQS ................................................................ 35

3 FUNDAÇÕES .................................................................................................. 37
3.1 Métodos de previsão de capacidade de carga de fundações ...................... 43
3.2 Métodos de estimativa de recalques de fundações ..................................... 49
3.3 Movimentações das fundações .................................................................... 52
3.3.1 Danos provocados pelas movimentações .................................................... 54
3.4 Medição e controle dos recalques em edifícios ............................................ 55
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 56
4.1 Projeto arquitetônico .................................................................................... 56
4.2 Solo considerado ......................................................................................... 57
4.3 Projeto estrutural .......................................................................................... 58
4.3.1 Critérios do projeto estrutural ....................................................................... 58
4.3.2 Software a ser utilizado ................................................................................ 58
4.3.3 Sistema Interação solo-estrutura - SISEs/TQS ............................................ 59
4.3.4 Procedimentos ............................................................................................. 60
13

4.3.5 Critérios adotados SISEs/TQS ..................................................................... 62


5 Resultados e discussões .............................................................................. 63
5.1 Recalques .................................................................................................... 65
5.2 Reações de apoio ........................................................................................ 67
5.3 Momentos nos pilares .................................................................................. 71
6 onsiderações finais ....................................................................................... 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 76
ANEXOS ................................................................................................................... 79
13

1 INTRODUÇÃO

Os engenheiros geotécnicos brasileiros vinham ao longo dos anos se


preocupado com os recalques em edifícios altos e suas consequências nas estruturas
mas, pouco interesse havia sobre a redistribuição de esforços na estrutura e, a
modificação dos recalques nas fundações por efeito da interação entre as fundações
e as estruturas. Foi na década de 80 que houve o reaparecimento do interesse nesse
tema, Fernando Barata aborda o tema em 1986, seguido de Alexandre Gusmão e
Francisco Rezende em 1990.
A interação solo-estrutura está ligada à utilização de computação eletrônica
na engenharia, pois somente com ela é possível realizar os cálculos necessários para
essa análise. Porém, o uso de microcomputadores já é comum aos engenheiros mas
a consideração dessa interação ainda não é rotineira aos dimensionamentos.
Este trabalho apresenta, através de um exemplo, uma comparação entre um
cálculo estrutural rotineiro e um cálculo com consideração da influência solo-estrutura
(ISE). Para que isso seja possível será utilizado um software que permite o cálculo da
estrutura sem e com o perfil de solo do terreno.

1.1 Justificativa

De acordo com Tschebotarioff (1978) toda fundação tende naturalmente a


acompanhar qualquer recalque do solo sobre o qual se apoia, e a superestrutura, por
sua vez, acompanha o recalque da fundação que a suporta. Porém, segundo Gusmão
(1990), na prática essa interação é comumente desprezada, com os projetos de
fundação e estrutural sendo desenvolvidos sem se levar em consideração tal relação.
Na análise estrutural é comum realizar os cálculos da estrutura considerando
apoios indeslocáveis em sua fundação, ignorando a presença da base deformável
abaixo dela. Essa prática surgiu pois, para haver a consideração das deformações do
solo na estrutura, são necessários extensos e complexos cálculos, o que tornava a
análise demorada e difícil execução.
14

Atualmente existem diversas ferramentas computacionais que facilitam essa


análise da interação entre solo e estrutura. Baseado nisso o tema desenvolvido neste
trabalho será a avaliação quantitativa da interação solo-estrutura (ISE) através do
software CAD/TQS.
Com auxílio do software pode-se estimar os efeitos da redistribuição de
esforços nos elementos estruturais e a intensidade dos recalques diferenciais com
mais facilidade. E, a partir dessas informações é possível analisar a viabilidade da
consideração da ISE nos projetos estruturais e o impacto que essa consideração tem
no projeto em termos de economia e segurança.

1.2 Objetivos

Os objetivos do trabalho estão divididos em geral e específicos e são


apresentados a seguir.

Geral
O objetivo geral deste trabalho é exemplificar quantitativamente a influência
da ISE no cálculo de um edifício estruturado. Foram utilizados como referência os
valores obtidos através do software CAD/TQS sem a consideração da ISE e para
comparação, os valores de recalques, momentos em pilares e cargas em pilares
obtidos com a ISE, através do mesmo software.

Específicos
 Analisar um edifício sobre fundações profundas, utilizando um perfil de
solo da região de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul;
 Verificar os valores de recalques, que representam o deslocamento
vertical de cada ponto de apoio, que acrescentados dos momentos de
pilares e cargas em pilares irão representar, quando houver, a
redistribuição de esforços.
15

1.3 Estrutura do trabalho

Este trabalho está divido em seis capítulos, onde são descritas as


fundamentações para a sequência das atividades em uma linha lógica de
apresentação de informações.
Neste primeiro capítulo, intitulado introdução, encontra-se a justificativa, os
objetivos e a estrutura do trabalho
A seguir, no segundo capítulo, é abordado o tema interação solo-estrutura.
São abordados alguns trabalhos desenvolvidos, os efeitos da ISE na estrutura, quais
as modelagens propostas para a sua consideração e os softwares disponíveis no
mercado que consideram a sua influência.
As fundações são tratadas no capítulo três, abordando quais os tipos, como
são classificadas, e suas movimentações devido a interação da superestrutura com o
terreno de fundação.
A seguir no capítulo quatro trata-se da metodologia empregada na execução
do trabalho. São apresentadas neste capítulo as modelagens de cálculo sem
(rotineira) e com consideração de ISE e o software, seu modelo mecânico e suas
considerações do sistema de ISE. Este capítulo apresenta também o projeto
arquitetônico e o perfil geotécnico do terreno.
Para finalizar apresentam-se os capítulos de comparações entre modelos,
demonstrando os valores obtidos e relação entre eles, e as considerações finais
concluindo este trabalho.
16

2 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

2.1 Estudos desenvolvidos

Segundo Gusmão (1990), Meyerhof publicou, em 1953, uma das primeiras


tentativas de se avaliar os efeitos da ISE nas edificações utilizando a teoria da
elasticidade para o solo e para a estrutura.
Chamecki (1956 apud IWAMOTO, 2000) apresentou um método iterativo para
considerar a rigidez da estrutura sem precisar realizar as simplificações propostas por
Meyerhof. O processo constitui-se em convergir os recalques e reações até um valor
desejado. Em 1974, Poulos desenvolveu uma técnica matricial para determinação de
recalques de fundações superficiais com influência da superestrutura (REIS, 2000).
Na literatura, há pouca informação sobre a ISE. A informação disponível é
teórica e se refere aos autores citados acima. Baseado nesses autores, diversos
outros propõem a consideração da ISE, sendo que nos últimos anos há uma expansão
do tema.
Almeida (2010) cita em seu artigo três métodos utilizados para a consideração
da ISE: as soluções de Mindlin, os métodos discretos de aproximação e o modelo de
Winkler. Segundo o autor, o modelo de Winkler é a opção mais adequada, levando a
resultados satisfatórios.
Dentre os trabalhos que utilizam métodos discretos de aproximação temos
Almeida (2003) que utiliza o método dos elementos de contorno (MEC) para o maciço
de solo e o método dos elementos finitos (MEF) para a estrutura, apresentando
exemplos e demonstrando como o emprego desses métodos tem se tornado mais
acessível à realidade dos escritórios.
Iwamoto (2000) apresenta diversos métodos de solução do problema ISE, e
mostra a importância das considerações do solo-estrutura na análise global da
estrutura. Através de exemplos numéricos considerando fundações profundas e
ajustes das rigidezes das mesmas, é utilizado processo iterativo até que ocorra certa
convergência nos recalques ou nas reações.
17

Reis (2000) estuda a ISE em um grupo de edifícios com fundações superficiais


sobre argila mole, através da combinação entre a metodologia de Chamecki (1956) e
modelo do solo como meio elástico estratificado de Aoki & Lopes (1975).
Também utilizando o modelo de Aoki & Lopes, Colares (2006) desenvolveu
um programa, que em conjunto com as equações de Mindlin (1936), efetua o cálculo
dos deslocamentos das fundações superficiais.
Seguindo a mesma linha de resolução, Mota (2009), desenvolve um código
computacional de análise estática linear e o valida comparando com resultados
obtidos com outras metodologias. Apresenta também um acompanhamento do
desempenho estrutural de um edifício com fundação profunda, em sua fase de
construção, monitorando recalques de fundação e medida indireta da solicitação
normal nesses elementos. Cruzando os dados obtidos no edifício com o seu modelo
numérico, verifica uma não redistribuição de esforços, atribuída à distribuição em
planta dos pilares e aos pequenos valores de recalques apresentados.
Holanda Jr. (1998) realiza a comparação de dois exemplos em fundações
superficiais, com e sem a consideração da ISE, e analisa também os efeitos da
sequência construtiva dos edifícios. Considerou uma camada indeslocável no interior
do maciço de solos, e observou mudanças significativas em momentos fletores em
pilares e vigas, mas não nas reações de apoio.
Antoniazzi (2011) exemplifica através de dois programas, um com base na
solução de Mindlin e outro que permite a representação da estrutura e fundação como
um modelo único, a importância da consideração da deformabilidade do solo em
substituição à hipótese de apoios indeslocáveis.
Gusmão (1990) faz uma análise quantitativa e qualitativa dos fatores que
influenciam o mecanismo de ISE e sua repercussão no desempenho das edificações.
O modelo de Poulos (1975a) é utilizado, considerando a edificação como um sistema
único, para estudar os fatores, e baseado em coleta de dados, são discutidos os
efeitos dessa interação. É apresentada uma ampla revisão bibliográfica sobre as
metodologias para análise da ISE.
São apresentadas recomendações práticas para a avaliação da ISE por
Souza e Reis (2008), ressaltando as diferenças significativas em esforços atuantes
em pilares apoiados em fundações superficiais. Através do programa CAD/TQS é
apresentada uma maneira simples, mas eficaz de considerar os efeitos de ISE,
conduzindo a análise mais realista do que a conduzida na prática comum.
18

Diversos foram os trabalhos encontrados considerando o efeito da ISE,


diversas são as combinações de situações, fundações superficiais ou profundas e
solos homogêneos ou não. Alterando considerações e metodologias de cálculo, todos
chegam à conclusão da importância dessa consideração no cálculo estrutural
convencional e nos efeitos que a edificação pode sofrer quando ocorrer a
redistribuição de esforços devido a essa interação.

2.2 Fundamentação

O cálculo estrutural analisa as edificações em três partes: superestrutura,


infraestrutura e terreno de fundação (Figura 1).
Sendo a superestrutura a parte superior ao nível solo, parte que será utilizada
após sua construção, a qual é constituída de paredes, pilares, vigas e lajes.
A infraestrutura é a parte abaixo do nível solo, que encontra-se enterrada e é
responsável por transmitir os carregamentos da superestrutura para o terreno de
fundação, que por sua vez, é a parte que tem como objetivo absorver tais esforços
(GUSMÃO, 1990).
Na prática, a estrutura é calculada de modo separado, sendo a superestrutura
considerada com sua base indeslocável pelo projetista estrutural, enquanto a
infraestrutura é projetada considerando apenas as reações provenientes da
superestrutura e o terreno de fundação. Essa simplificação ainda é rotineira, apesar
de haver uma quantidade de ferramentas e recursos computacionais bem maiores do
que havia anos atrás (ANTONIAZZI, 2011). Estas hipóteses de projeto são
apresentadas na Figura 2.
19

Figura 1 - Partes constituintes de uma edificação (Fonte: GUSMÃO, 1990)

Figura 2 - Hipóteses de projeto (Fonte: GUSMÃO, 1990)


20

Quando a infraestrutura é projetada, é utilizada a hipótese de que cada


elemento de fundação possa se deslocar independentemente dos demais, o que na
realidade não acontece (GUSMÃO, 1990).
Quando essas fundações forem carregadas pela superestrutura irão solicitar
o terreno, e este, irá se deformar gerando deslocamentos verticais (recalques) e
rotações até que se atinja um estado de equilíbrio. Com isso a hipótese de apoios
indeslocáveis não é mais válida, e a superestrutura por fim irá receber uma
redistribuição de esforços, como exemplificado na Figura 3 (COLARES, 2006).

Figura 3 - Efeitos de interação (Fonte: GUSMÃO, 1990)

O desempenho de uma edificação é na realidade governado pela interação


entre as três partes, num mecanismo denominado de ISE (GUSMÃO, 1990).
O termo interação solo-estrutura compreende um vasto campo de estudo que
abrange todos os tipos de estruturas em contato com o solo, como por exemplo,
estruturas de prédios, pontes, silos e muros de arrimos (COLARES, 2006).
Uma das vantagens em considerar a ISE é a possibilidade de estimar os
efeitos da redistribuição de esforços nos elementos estruturais, a forma e a
intensidade dos recalques diferenciais, tornando os projetos mais eficientes e
confiáveis (IWAMOTO, 2000).
De acordo com Gusmão (1990) e Antoniazzi (2011), o mecanismo ISE está
associado a uma série de fatores como a rigidez relativa estrutura-solo, o número de
pavimentos da edificação, a influência dos primeiros pavimentos, o processo
construtivo, forma em planta da edificação e as edificações vizinhas. Iwamoto (2000)
cita também a influência do tempo como fator a ser considerado.
21

Rigidez relativa estrutura-solo (𝑲𝒔𝒔 )


Meyerhof (1953 apud GUSMÃO, 1990), afirma que os recalques diferenciais
dependem também do tipo e rigidez da estrutura, fatores que são, ao mesmo tempo,
os mais difíceis de estimar e os mais importantes, pois podem afetar a estabilidade da
edificação.
Poulos (1975 apud GUSMÃO, 1990) apresenta a definição de rigidez relativa
como:
𝐸𝑐 . 𝐼𝑣
𝐾𝑠𝑠 = (1)
𝐸𝑠 . 𝑙 4

Onde:
𝐾𝑠𝑠 é a rigidez estrutura-solo;
𝐸𝑐 é o módulo de elasticidade do material da estrutura;
𝐼𝑣 é a inércia a flexão das vigas da edificação;
𝐸𝑠 é o módulo de Young do solo;
𝑙 é vão entre colunas.

Mas, é melhor definida por Meyerhof (1953 apud ANTONIAZZI, 2011), que
explica que pode ser entendida como a relação entre a rigidez da superestrutura e a
rigidez do solo:
𝐸𝑠𝑢𝑝 .𝐼
𝐾𝑒 𝑛. ∑ 𝑙4
𝐾𝑠𝑠 = =
𝐾𝑠 𝐸 (2)

Onde:
𝐾𝑠𝑠 é a rigidez estrutura-solo;
𝐾𝑠 é a rigidez do solo;
𝐾𝑒 é a rigidez da superestrutura;
𝑙 é vão entre colunas;
𝑛 é o número de pavimentos;
𝐼 é a inércia da seção transversal de cada viga;
𝐸𝑠𝑢𝑝 é módulo de elasticidade da superestrutura;
𝐸 é o módulo de elasticidade do solo.
22

Lopes & Gusmão (1991 apud ANTONIAZZI, 2011) confirmam o trabalho de


Meyerhof (1953) e concluem, também, que o aumento da rigidez relativa estrutura-
solo reduz os valores de recalques, sendo mais significativo nos recalques
diferenciais.

Número de pavimentos
Gusmão (1990) avalia essa influência em relação à uniformização dos
recalques, analisando um pórtico plano com diferentes números de pavimentos e
diferentes valores de rigidez relativa estrutura-solo. Foi observado que, para uma
determinada rigidez relativa, ao aumentar o número de pavimentos, diminui a razão
de uniformização dos recalques, ou seja, ao aumentar o número de pavimentos os
recalques diferenciais passam a diminuir.
Antoniazzi (2011) afirma que, segundo Goshy (1978) e Moura (1995), existe
uma contribuição muito maior por parte dos primeiros pavimentos, em especial nos
momentos fletores de vigas e pilares.

Primeiros pavimentos e processo construtivo


Como visto no item anterior, a medida que aumenta o número de pavimentos,
aumenta a rigidez da estrutura e reduzem-se os recalques diferencias. Mas é comum
na análise da ISE, simplificar esta condição e considerar que o carregamento atua
após o término da construção.
De acordo com Gusmão (1990), é importante notar que a tendência a
uniformização dos recalques não cresce de maneira linear com o número de
pavimentos, há uma maior influência dos primeiros pavimentos.
Segundo Goshy (1978 apud GUSMÃO, 1990), a contribuição dos primeiros
quatro ou cinco pavimentos de uma edificação na uniformização dos recalques
diferenciais é bem maior que a dos demais. Décourt (1998) também afirma que a
uniformização dos recalques é mais afetada pelos primeiros pavimentos.
Esses dados são confirmados por Gusmão e Gusmão Filho (1994), quando
foram monitorados prédios em Recife/PE e as leituras mostraram um aumento nos
recalques conforme as forças atuantes eram acrescidas. Mostraram também aumento
da rigidez da estrutura, da uniformização dos recalques e da redistribuição de cargas.
A Figura 4 apresenta os efeitos obtidos por Gusmão e Gusmão Filho (1994).
23

Figura 4 - Efeitos da sequência construtiva (Fonte: GUSMÃO & GUSMÃO FILHO, 1994)

Antoniazzi (2011) observa que Fonte et al. (1994a,b) concluíram, através de


seu estudo, que o modelo que não considerou a ISE superestimou a previsão de
recalques diferenciais e, o modelo que considerou a ISE, mas que aplicou o
carregamento de uma única vez, subestimou a previsão dos recalques. Logo, os
resultados mais próximos da realidade são aqueles em que há consideração da
rigidez através da ISE e do acréscimo de cargas ao longo do processo construtivo.

Forma em planta da edificação


Barata (1986 apud GUSMÃO, 1990; ANTONIAZZI,2011), mostram que,
quanto mais próxima de um quadrado for a planta, maior será a tendência de
uniformização dos recalques. Gusmão (1990) aborda o assunto em seu trabalho
também e ressalta que, para um dado terreno de fundação, o efeito da forma em
planta na uniformização dos recalques é mais significativa em estruturas flexíveis.

Edificações vizinhas
Reis (2000) e Antoniazzi (2011) citam Costa Nunes (1956) como um dos
primeiros a estudar a influência das construções vizinhas na configuração de
recalques e desaprumos de prédios. Ele distinguiu quatro tipos de movimentos devido
a carregamentos vizinhos, de acordo com a data da construção.
24

a) Caso 1: construções simultâneas. As tensões se superpõem na região


entre as edificações, aumentando os recalques e induzindo ao
tombamento em sentidos contrários (Figura 5);
b) Caso 2: construções em tempos diferentes. A primeira construção
provoca o pré-adensamento do solo e o prédio construído posteriormente
superpõe tensões com o primeiro, induzindo ao aumento do recalque. O
tombamento ocorrerá no mesmo sentido, visto que o recalque do lado
oposto ao vizinho é maior pois a segunda edificação foi construída em
solo pré-adensado (Figura 6);
c) Caso 3: uma nova edificação é construída entre duas existentes. A
edificação construída posteriormente provoca acréscimos de tensão no
maciço, induzindo recalques nos prédios existentes e,
consequentemente, seus tombamentos em sentidos contrários. Como o
diagrama de tensões é simétrico, a nova edificação não sofrerá
desaprumo (Figura 7);
d) Caso 4: dois novos prédios são construídos vizinhos a um existente. A
edificação existente prova o pré-adensamento do maciço, de forma que
as novas edificações sofrerão tombamento em sentidos contrários. O
diagrama, assim como no caso 3, será simétrico à edificação central, e
esta não sofrerá desaprumos (Figura 8).
25

Figura 5 - Carregamento simultâneo (adaptado de Reis, 2000)

Figura 6- Carregamento não simultâneo (adaptado de Reis, 2000)


26

Figura 7 - Terceiro prédio construído entre dois prédios pré-existentes (adaptado de Reis, 2000)

Figura 8 - Dois prédios construídos ao lado de um já existente (adaptado de Reis, 2000)


27

Influência do tempo

Figura 9 - Casos de ISE (Fonte: CHAMECKI, 1969 apud IWAMOTO, 2000)

Iwamoto (2000) e Antoniazzi (2011) apresentam os quatro casos possíveis


segundo Chamecki (1969):
a) Caso a: estruturas infinitamente rígidas apresentam recalques
uniformes. Devido à continuidade parcial do solo, há uma tendência do
solo deformar mais no centro que na periferia, a distribuição de pressões
de contato nos apoios são menores no centro e máximos nos cantos
externos. Edifícios muito altos e com fechamento das paredes
resistentes trabalhando em conjunto com a estrutura, podem apresentar
este comportamento (Figura 9a);
b) Caso b: uma estrutura perfeitamente elástica possui rigidez que não
depende da velocidade da progressão dos recalques, podendo ser mais
rápidos ou lentos. Os recalques diferenciais serão menores que os de
rigidez nula (caso d) e a distribuição de pressões varia muito menos
durante o processo de recalque. Este comportamento se assemelha às
estruturas de aço (Figura 9b);
c) Caso c:estrutura visco-elástica, como o concreto armado, apresenta
rigidez que depende da velocidade da progressão dos recalques
diferenciais. Se os recalques ocorrem em um curto espaço de tempo, há
um comportamento como no caso b, mas se esta progressão é bastante
lenta, a estrutura apresenta comportamento como um líquido viscoso e
28

tenderá ao caso d. Esta última característica acontece devido ao


fenômeno de fluência do concreto que faz a distribuição das tensões nas
outras peças de concreto armado menos carregadas, aliviando as
tensões locais (Figura 9c);
d) Caso d: seria o oposto ao caso a, a estrutura não apresenta rigidez aos
recalques diferenciais. Este tipo de estrutura se adapta perfeitamente as
deformações do maciço de solo. A distribuição de pressões de contato
não se modifica perante a progressão dos recalques. Estruturas
isostáticas e edifícios compridos ao longo do eixo horizontal, se
aproximam a este tipo de comportamento (Figura 9d).

2.3 Modelagem da interação solo-estrutura

De acordo com Reis (2000), a maioria dos trabalhos considera o solo com
comportamento elástico linear, e a partir disso, desenvolvem propostas de solução
para a ISE.
Almeida (2010) apresenta resumidamente os métodos utilizados para a
simulação do maciço de solo, e alguns trabalhos desenvolvidos com cada
metodologia. A Figura 10 apresenta as modelagens citadas por Almeida (2010).

Empregada de maneira isolada


calculando os recalques e as
tensões em qualquer ponto do
maciço
Considera solo
Homogêneo, isotrópico e
contínuo aplica-se a lei de Compatibilizando estas expressões
Hooke = Soluções de com as reações que a estrutura
Mindlin exerce no solo via interação pelos
elementos de fundação, obtendo os
esforços da super e infra estrutura,
os recalques e as tensões.

ISE Método das diferenças finitas


Métodos Não resolve diretamente
as equações regem o
maciço de solo Método dos elementos de contorno
empregando Métodos
discretos de aproximação
Método dos elementos finitos

Simula o solo mediante a representação de


cada ponto do solo como um conjunto de 3
molas translacionadas nas três direções =
Modelo de Winkler

Figura 10 - Métodos de modelagem do maciço (adaptado de Almeida, 2010)


29

Soluções de Mindlin
Mindlin (1936) apresenta uma solução para as equações tridimensionais da
elasticidade, considerando um sólido homogêneo e isotrópico e um carregamento
pontual atuando no interior de um sólido semi-infinito (Figura 11).
Tal solução é utilizada para o cálculo de recalque imediato, embora solo não
seja um material perfeitamente elástico, homogêneo e isotrópico (IWAMOTO, 2000).

Figura 11 - O problema de Mindlin (Fonte: MINDLIN, 1936)

Métodos discretos de aproximação


São métodos numéricos geralmente utilizados para estudar a ISE,
representam o solo e, ou, o elemento estrutural de fundação como um conjunto de
elementos isolados. (VELLOSO, MARIA, LOPES, 1998)
Os principais métodos numéricos utilizados em Engenharia são:
 Método das Diferenças Finitas (MDF);
 Método dos Elementos Finitos (MEF);
 Método dos Elementos de Contorno (MEC).

Modelo de Winkler
O solo é representado como um sistema de molas de resposta linear.
Segundo este modelo, as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos.
E este modelo pode ser usado para carregamentos verticais e horizontais.
No caso dos carregamentos verticais, o Modelo de Winkler prevê que as
pressões de contato são proporcionais aos recalques:

𝑞 = 𝑘𝑣 𝑤 (3)
30

Onde:
𝑞é o carreagamento previsto;
𝑤 é o recalque;
𝑘𝑣 é o coeficiente de reação vertical ou coeficiente de mola

O coeficiente de reação vertical pode ser obtido através de: (VELLOSO,


MARIA, LOPES, 1998)
 Ensaio de placa: é realizado o carregamento de uma placa contra o
terreno, obtêm-se então, uma curva pressão – recalque da placa, cuja
inclinação em seu trecho inicial é o coeficiente de reação vertical. Uma
limitação do uso deste ensaio vem do fato da placa solicitar um volume de
solo pequeno, enquanto a fundação real solicitará solos em maior
profundidade;
 Tabelas de valores típicos: são valores oferecidos pela literatura. Terzaghi
(1955 apud Velloso, Maria, Lopes, 1998) apresenta uma tabela com
valores de 𝑘𝑣 de uma placa quadrada de 1 pé;

Tabela 1 - Valores em kgf/cm³ (Fonte: TERZAGHI, 1955 apud VELLOSO et al, 1998)
31

 Cálculo do recalque da fundação real: 𝑘𝑣 é estimado a partir do cálculo do


recalque da fundação, supostamente submetida a um carregamento
unitário. A fundação é dada como rígida e o recalque obtido é o médio.
Com este valor se calcula o coeficiente através da fórmula:

𝑞̅ 1,0 (4)
𝑘𝑣 = =
𝑤
̅ 𝑤
̅

2.4 Softwares e ISE

No mercado competitivo em que nos encontramos, é inviável que engenheiros


calculistas não façam uso de softwares. Tal ferramenta proporciona ao engenheiro
maior rapidez na execução dos cálculos e dá a possibilidade de uso de modelos mais
complexos e próximos da realidade. Pode-se dizer também que, se utilizados de
maneira correta e responsável, provém mais segurança e economia ao projeto, uma
vez que, o engenheiro pode utilizar o seu tempo para análise da estrutura ao invés
dos cálculos extensos.
Atualmente existem diversas ferramentas computacionais para auxiliar os
projetistas estruturais no cálculo da superestrutura e da infraestrutura de forma
independentes, tais como:
 CAD/TQS: Voltado para projetos estruturais de edificações
tridimensionais de concreto armado e protendido. Inclui cálculo matricial
espacial de solicitações, deslocamentos, dimensionamento,
detalhamento e desenho de lajes, vigas, pilares, sapatas e blocos. As lajes
podem ser convencionais ou nervuradas (TQS Informática Ltda.).
 CypeCAD: É um software para projeto de estruturas de concreto armado
ou estruturas mistas (concreto/aço). Tem alto nível de automatização e
efetua a análise estrutural e o dimensionamento do concreto armado ou
de perfis metálicos. Faz detalhamento de forma e armadura e gera
pranchas completas com tabelas de ferro, quantitativos de materiais e
memória de cálculo. Além de pilares normais, calcula também pilares-
parede, poços de elevador e caixas de escada por elementos finitos.
Permite diversos tipos de vigas normais, invertidas, "T", rasas e treliçadas.
As lajes podem ser planas, cogumelo, pré-fabricadas, alveolares e lajes
32

inclinadas de rampas e escadas. Projeta reservatórios, piscinas e cortinas


de concreto sujeitas à pressão hidrostática e empuxos de terra. As
fundações incluem sapatas isoladas ou corridas, blocos sobre estacas,
vigas baldrame, radiers, vigas de equilíbrio, cintas de amarração e muros
tipo cortina (Multiplus Softwares Técnicos)
 SAP-2000: Introduzido no Brasil pela Multiplus, possui recursos de
geração automática de modelos estruturais complexos e interface 3D com
o AutoCAD. Efetua diversos tipos de análise como: análise estática,
dinâmica e análise não-linear. Possui ampla biblioteca de elementos,
abrangendo além de elementos de barras não-prismáticas, elementos
finitos de cascas espaciais, placas, chapas, sólidos tridimensionais,
assimétricos e estados planos, elementos de gap e hook, além de
elementos de barra (Multiplus Softwares Técnicos).
 Eberick: Possui um sistema gráfico de entrada de dados voltado à forma,
associado à análise da estrutura em um modelo de pórtico espacial, e a
diversos recursos de dimensionamento e detalhamento dos elementos,
além de visualização tridimensional da estrutura modelada (Altoqi).

Mas estes softwares não levam em consideração a ISE. Para isso, diversos
trabalhos da literatura (GUSMÃO, 1990; HOLLANDA JR, 1998; REIS, 2000; entre
outros) desenvolveram métodos para a resolução de determinadas situações da ISE,
mas esses trabalhos possuem restrições quanto a sua aplicabilidade: alguns não
permitem a inclusão dos elementos de fundação; outros só consideram ações verticais
no edifício; um grupo representa a não-homogeneidade e a camada indeslocável, mas
não considera o edifício com efeito de 2ª ordem ou de geometria qualquer. (TQS
Informática Ltda, 2006)
Tais trabalhos acabam tendo pouca aplicabilidade e praticidade para uma
aplicação real de projeto. Além das restrições, estes trabalhos não avaliam de maneira
completa os elementos estruturais quanto aos Estados Limites de Serviço e Último
referentes as normas ABNT NBR 6118/2014 - Execução de Concreto Armado e ABNT
NBR 6122/2010 - Execução de Fundações (COVAS & ALMEIDA, 2006).
Almeida (2010) sugere a utilização do Modelo de Winkler, via software
comercial, para fazer a análise de ISE. O usuário estima os valores de rigidez
(coeficiente de molas) do solo e os insere manualmente estes valores no sistema.
33

2.4.1 Sistema TQS


A TQS Informática Ltda possui um módulo de ISE (SISEs) em que, a partir da
escolha do tipo de solo, SPT e tipo de fundação, é escolhido o método de cálculo dos
coeficientes.

2.4.1.1 SISEs/TQS
O módulo de interação solo-estrutura consiste em um modelo numérico que
acopla o edifício 3D, a infraestrutura e o maciço de solos.
A superestrutura é baseada as normas técnicas de concreto armado e na
metodologia usual de elaboração e representações de projetos estruturais no Brasil.
É possível considerar os efeitos de 2ª ordem e a não-linearidade física no pórtico
espacial.
Os elementos de fundação simulam as fundações diretas ou profundas e o
maciço de solos pode ser representado por um meio não-homogêneo com a cota do
indeslocável prescrita pelo usuário.
O SISEs/TQS acaba sendo um sistema computacional bastante abrangente
para a análise da ISE, e aproveita todas as ferramentas de cálculo, lançamento e
editoração já existentes no CAD/TQS.
O manual teórico do programa apresenta uma “filosofia” básica do
SISEs/TQS:
 O modelo básico lançado pelo engenheiro estrutural envolvendo os
diversos materiais, a geometria e os carregamentos são passados ao
engenheiro geotécnico;
 O engenheiro geotécnico alimenta no sistema as diversas sondagens
realizadas no terreno;
 São selecionados os tipos de fundações (rasa e/ou profunda) mais
adequados para o projeto, podendo haver tipos de elementos diferentes
num mesmo projeto: estacas, radiers e tubulões;
 As dimensões dos elementos de fundação são pré-dimensionadas pelo
geotécnico;
 Estes elementos são lançados no SISEs/TQS junto aos respectivos
pilares advindos do modelo estrutural;
34

 São selecionados critérios de projeto para a simulação da presença do


solo junto aos elementos de fundação (capacidade de carga, métodos
para cálculo de recalques, etc);
 São calculados os coeficientes de influência do solo em cada ponto
discretizado da fundação e anexados ao modelo estrutural da fundação,
conforme as diversas metodologias disponíveis na literatura e
implementadas no SISEs/TQS;
 O SISEs/TQS cria um novo modelo estrutural contendo toda a
superestrutura em conjunto com os elementos de fundação, discretizados
convenientemente e com a influência do solo já integrada. Este novo
modelo é resolvido, possibilitando todos os recursos disponíveis no
CAD/TQS, como por exemplo a consideração da análise não-linear
geométrica;
 O engenheiro geotécnico analisa os resultados para todas as condições
de carregamentos para verificar a adequação dos elementos de fundação
adotados com as tensões de ruptura, a capacidade de carga do solo e os
recalques máximos mobilizados;
 Se necessário, ajustes nos elementos de fundação são realizados e o
processo é refeito até que a solução desejada do ponto de vista de
tensões de ruptura, recalques seja atingida;
 O novo modelo integrado solo-estrutura é repassado ao engenheiro
estrutural, o qual avalia as respostas nos elementos estruturais (vigas,
pilares, lajes, etc) e, caso necessite, altera alguma propriedade do
material ou geometria de qualquer elemento. Ele reprocessa o modelo
solo-estrutura até atingir uma configuração de projeto conveniente;
 O modelo pode ser repassado ao geotécnico, que reavalia a nova
distribuição de esforços e recalques na fundação. Esta interatividade,
totalmente automatizada no sistema TQS, entre os profissionais pode ser
feita até que uma condição ótima seja atingida para ambos.
35

2.4.1.2 Modelo mecânico do CAD/TQS


Devido a obrigatoriedade de se ter um sistema solo/estrutura com propósitos
genéricos no tocante a análise e projetos estruturais, o SISEs/TQS foi desenvolvido a
partir do modelo de Winkler. Além disso, se utilizado o MEF 3D ou o MEC, implicaria
em uma grande quantidade de dados para armazenamento e processamento,
somados aos existentes do modelo de edifício do CAD/TQS.
O programa estabelece uma relação pontual entre fundação-solo, mediante a
definição de uma constante de mola que representará a rigidez do maciço. Para isso
é necessário definir o valor do módulo de reação vertical e horizontal.
Para as fundações diretas, há três categorias de cálculo que o usuário pode
escolher para determinar estes módulos: valores padronizados (VP), ensaio de placa
(EP) e recalque vertical estimado (RV).
Para VP são considerados três métodos:
 Tipo de solo: Moraes (1981);
 SPT – Tensão Admissível: Morrison (1993);
 Tipo de Solo – tensão admissível: Cintra el al. (2003).

O ensaio de placa, ou métodos racionais, tem seus parâmetros de


deformabilidade obtidos in situ ou em laboratório mediante o ensaio de provas de
cargas em placas. Os ensaios utilizados são os apresentados nas tabelas de:
 Terzaghi: Velloso & Lopes (1996), Terzaghi (1955);
 Outros autores: Bowles (1997), Calavera (2000).

E para o RV é estimado o coeficiente vertical a partir do cálculo do recalque


da fundação sobre o maciço mobilizado por uma tensão unitária. Os métodos
utilizados nessa categoria são:
 Teoria da elasticidade/Valor típico: Teixeira & Godoy (1996), Poulos &
Davis (1974);
 Teoria da elasticidade/Schmertmann: Cintra et al. (2003), Schmertmann
(1978);
 Teoria da elasticidade/Teixeira & Godoy: Trofienkof (1974);
 Schultze & Sherif: Moura (1995), Schultze & Sherif (1973);
 Parry: Moura (1995), Parry (1971, 1978);
36

 Boussinesq: Moraes (1981), Poulos & Davis (1974);


 Rausch & Cestelli Guidi: Moraes (1981);
 Módulo edométrico – tabelas: Boussinesq (1885), Holl (1940), Poulos &
Davis (1974);
 Módulo edométrico – SPT: Schultze & Menzenbach (1961).

Para as estacas, a determinação do diagrama de transferência de carga ao


longo da estaca da estaca-solo depende de como o sistema se comporta no estado
de ruptura. Existem diversos métodos para a estimativa de ruptura do sistema estaca-
solo, o SISEs/TQS utiliza o método de Aoki-Velloso (1975) e Decóurt-Quaresma
(1978). Admite-se a distribuição parcial de carga à medida que vai vencendo a
resistência lateral máxima ao longo do fuste. Os módulos de elasticidade e os
coeficientes de Poisson para o cálculo de recalques são estimados através de
correlações empíricas a partir do ensaio SPT (Figura 12).

Nº SPT, tipo de estaca e solo + carga no topo da estaca

Método Aoki-Velloso para determinar a resistência do contato fuste e base da estaca

Distribuição parcial de carga pela resistência lateral

Cálculo de CRVgeral, CRVfuste, CRVponta

Figura 12 - Fluxograma geral de processamento e transferência de dados para estacas


37

3 FUNDAÇÕES

Para a elaboração do projeto de fundação e previsão de desempenho das


fundações é necessário ter posse dos dados relativos ao terreno, à estrutura e às
construções vizinhas (VELLOSO & LOPES, 1998). Os dados do solo são obtidos
através de investigações de campo e laboratório e reconhecimento geológico-
geotécnico, de acordo com as recomendações da ABNT NBR 6122/2010. Os dados
relativos à estrutura, como tipo e uso, sistema estrutural e plano de cargas da estrutura
é obtido através da distribuição das cargas atuantes no edifício (peso próprio dos
elementos, vento, cargas acidentais, etc.) nos pilares com ligação à fundação.
Além disso, o projeto deve atender a alguns requisitos básicos: (VELLOSO &
LOPES, 1998, 2010)
a) Deformações aceitáveis em condições de trabalho (verificação em
estado limite de utilização);
b) Segurança adequada ao colapso do solo de fundação (verificação em
estado limite último);
c) Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (verificação
em estado limite último).
Ou seja, deve ser garantida a segurança da fundação, tanto pelo ponto de
vista do solo, como da estrutura, e as deformações do terreno não devem provocar
danos à obra. (GUSMÃO, 1990)
As imagens da Figura 13 exemplificam as consequências do não atendimento
destes requisitos: deslocamentos, ruptura do solo e colapso do elemento estrutural.
38

Figura 13 - (a) deslocamentos, (b) ruptura do solo, (c) colapso do elemento estrutural (Fonte:
VELLOSO & LOPES, 1998)

As fundações podem ser classificadas, arbitrariamente, pela maneira em que


transmitem as cargas para o solo, em dois grupos.
 Superficial ou rasa: Quando a transferência é predominantemente através
da base da fundação e sua profundidade de assentamento em relação ao
terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação,
esta é considerada superficial (ou rasa), incluem-se neste tipo de
fundação as sapatas, os blocos, os radier, as sapatas associadas, as
vigas de fundação e as sapatas corridas (Figura 14).
 Profunda: Se a transferência é dada pela base (resistência de ponta) e a
superfície lateral (resistência de fuste), ou combinação das duas, e sua
profundidade de assentamento é superior ao dobro de sua menor
dimensão (e no mínimo 3m), esta é considerada profunda, neste tipo de
fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os caixões (Figura 15).
(ABNT NBR 6122/2010)
39

Figura 14 - Fundação superficial, transferência Figura 15 - Fundação profunda, transferência de


de carregamento (adaptado de Gusmão, 2009) carregamento (adaptado de Gusmão, 2009)

A Figura 16 apresenta os principais tipos de fundação de cada grupo, mas há


também a possibilidade de fundações mistas, onde são associadas estacas ou
tubulões à sapatas e radiers (VELLOSO & LOPES, 1998).

Viga de fundação
ou baldrame Isolada

Sapatas Associada

Superficiais ou
Placa ou
Rasas Corrida
radier

Blocos

Fundações
Grelha

Tubulão
Com
deslocamento
Profundas Estacas
Sem
deslocamento
Caixão

Figura 16 - Tipos de fundações (baseado emABNT NBR 6122/2010; Alves, 2010, 2014)

A escolha da fundação dependerá da combinação de fatores encontrados, tis


como, tipo de solo, tipo de carregamento, custos e possíveis danos aos vizinhos
(ALVES, 2014). Como por exemplo, se o solo for argila mole em profundidades
40

consideráveis, as estacas são as fundações que se impõe para resolver a situação.


Há situações em que podem ser utilizadas diversas soluções, nestes casos a
preferência irá, naturalmente, cair na alternativa com maior economia e menor prazo
de execução. (VELLOSO & LOPES, 1998; TSCHEBOTARIOFF, 1978)

Fundações superficiais ou rasas


Como citado anteriormente, são aquelas em que o carregamento é transferido
para o solo através das pressões distribuídas sob sua base, e que tem sua
profundidade de assentamento não maior que o dobro de sua base. São utilizadas
quando o solo apresenta alta resistência, sem restrição ao emprego de cargas
elevadas ou quando as cargas são relativamente pequenas e o solo de apoio não
possui grande resistência (VELLOSO & LOPES, 1998).
A Figura 17 apresenta o mecanismo de ruptura de uma fundação superficial,
onde tal mecanismo de ruptura da base atinge a superfície do terreno (VELLOSO &
LOPES, 2010).

Figura 17 - Fundação superficial, mecanismo de ruptura (adaptado de Velloso e Lopes, 2010)

Abaixo as definições, baseadas na ABNT NBR 6122/2010 e em Velloso &


Lopes (1998).
a) Viga de fundação ou baldrame: comum a vários pilares, cujos centros, em
planta, estão situados num mesmo alinhamento;
b) Sapatas: elemento de concreto armado, dimensionado de tal modo que
as tensões de tração sejam resistidas pelo emprego de armadura, pode
possuir altura constante ou variável e sua base em planta normalmente é
quadrada, retangular ou trapezoidal. A sapata isolada recebe apenas um
carregamento enquanto a corrida é sujeita a uma carga linearmente
distribuída. Sapata associada é comum a vários pilares, cujos centros não
estejam em um mesmo alinhamento;
41

c) Placa ou radier: elemento de fundação que recebe parte, ou todos, os


pilares da obra ou carregamentos distribuídos;
d) Bloco: elemento de concreto simples, dimensionado de maneira que as
tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto,
sem necessidade de armadura, pode ter suas faces verticais, inclinadas
ou escalonadas e apresentar normalmente em planta seção quadrada ou
retangular;
e) Grelha: conjunto de vigas que se cruzam nos pilares.

Figura 18 - Fundações superficiais (adaptado de Velloso e Lopes, 2010)

Fundações profundas
Conforme definido anteriormente, as fundações profundas são aquelas que o
carregamento é transferido através das laterais e da base.
Seu mecanismo de ruptura de base não surge na superfície do terreno como
apresentado na Figura 19 (VELLOSO & LOPES, 2010).
42

Figura 19 - Fundação profunda, mecanismo de ruptura (adaptado de Velloso e Lopes, 2010)

As fundações profundas podem ser divididas em três tipos: Tubulões, caixões


e estacas.

Figura 20 - Fundações profundas (adaptado de Alves, 2014)

De acordo com a ABNT NBR 6122/2010 e Alves (2010), temos as seguintes


definições para as fundações citadas na Figura 16 e exibidos na Figura 20:
a) Tubulões: elemento cilíndrico em que há descida de operário em alguma
fase da construção, pode ser construído a céu aberto ou sob ar
comprimido, pode ser de aço ou concreto e sua base pode ser alargada
ou não;
b) Caixões: elemento de forma prismática, concretado na superfície e
instalado por escavação interna, pode usar ou não ar comprimido e sua
base pode ser alargada ou não. Principalmente usado em obras
portuárias;
c) Estacas: as estacas podem ser classificadas em: com deslocamento e
sem deslocamento:
43

 Com deslocamento: quando a estaca ou molde é inserido no solo


através de prensagem ou percussão (com martelos), podem ser de
madeira, aço ou concreto. Neste caso há deslocamento lateral do solo
durante o processo executivo, provocando, geralmente, compactação
em solos granulares e geração de poro-pressão em solos coesivos;
 Sem deslocamento: quando há perfuração do solo e posterior
preenchimento com concreto ou argamassa. Fazem parte deste grupo
as estacas tipo broca, tipo Strauss, tipo raiz, escavadas, tipo hélice
contínua e tipo ômega. Neste caso não há praticamente nenhum
deslocamento lateral do solo durante o processo executivo, mas pode
haver alívio de tensões laterais.

3.1 Métodos de previsão de capacidade de carga de fundações

São inúmeras as teorias existentes para a determinação da capacidade de


carga de fundações. A maioria delas se constitui de extensões dos trabalhos clássicos
de Prandtl (1921) e Reissner (1924), sendo que as primeiras aplicações práticas,
relacionadas a solos foram feitas por Caquot (1934), Buisman (1935), Terzaghi (1943)
e Meyerhof (1951). (DÉCOURT, 1998)
A capacidade de suporte da fundação, ou seja, a sua capacidade de carga 𝑞𝑢
é igual a resistência oferecida ao deslocamento pelas zonas de ruptura.
Pode ser de ruptura (ou limite), de segurança e admissível.
Marangon (2013) as define como:
 Capacidade de carga de ruptura é a carga máxima a partir da qual a
fundação provoca a ruptura do terreno e se desloca (ruptura geral ou
localizada), o que pode provocar a ruína da superestrutura;
 Capacidade de carga de segurança à ruptura é a maior carga a que o
terreno resiste, com segurança, à ruptura, independentemente das
deformações. É a carga de ruptura dividida por um fator de segurança;
 Capacidade de carga admissível é a maior carga transmitida pela
fundação que o terreno admite, em qualquer caso, com adequada
segurança à ruptura e sofrendo deformações compatíveis com a
44

sensibilidade da estrutura aso deslocamentos da fundação. Deve ter valor


inferior à carga de segurança.

Fundações superficiais ou rasas - Teoria de Terzaghi e contribuições


(ALVES, 2014)
A teoria de Terzaghi foi desenvolvida a partir das seguintes considerações:
 A resistência ao cisalhamento do solo é representada pelo critério Mohr-
Coulomb;
 Peso específico constante abaixo do nível da sapata;
 Solo com comportamento elasto-plástco perfeito, homogêneo e isotrópico;
 Estado plano de deformação (sapata corrida);
 Solo incompressível (ruptura do tipo geral –Figura 21):
 Carga vertical centrada, terreno horizontal, sapata horizontal (Figura 22).

Figura 21 - Ruptura geral (Fonte: ALVES, 2014)

Figura 22–Zonas de ruptura de Terzaghi (Fonte: ALVES, 2014)


45

Onde:
I é a zona ativa de Rankine (∝= 45° + ∅⁄2);
II é a zona de Prandtl ;
III é a zona passiva de Rankine (∝= 45° − ∅⁄2);

Adaptando os resultados de PRANDTL (1920) para metais, Terzaghi obteve


uma fórmula para fundações corridas, onde há fatores de capacidade de suporte em
função do ângulo de atrito do solo.
A partir das conclusões de Terzaghi, Brinch Hansen (1970) e Vesic (1975)
contribuíram adicionando fatores de correção em função da excentricidade da carga
aplicada (Figura 23), forma e profundidade da sapata, bem como para a inclinação do
carregamento (Figura 24), base da sapara e superfície do terreno. Incluíram também
fatores de correção para a compressibilidade do solo, visto que a hipótese de Terzaghi
seria para um solo incompressível.

Figura 23 - Excentricidade da carga aplicada (Fonte: ALVES, 2014)


46

𝜃é o ângulo entre H e
L, no plano da sapata

Figura 24 - Correção da inclinação do carregamento (Fonte: ALVES, 2014)

Para sapatas sobre solos heterogêneos (estratificados) temos os trabalhos de


VESIC (1975), MEYERHOF (1974) e HANNA & MEYERHOF (1980) (ALVES, 2014)
(Figura 25).

Figura 25 - Sapata sobre solo estratificado (Fonte: ALVES, 2014)


47

Vesic (1975 apud ALVES, 2014) apresenta equações para sapata camada
fraca sobre camada resistente, levando em consideração o puncionamento e coesões
não-drenadas.
Meyerhof e Hanna apresentam soluções para sapata com camada resistente
(granular) sobre camada fraca (argilosa), considerando punção, forma e capacidade
de carga.
Meyerhof (1956 apud ALVES, 2014) apresenta também fórmulas empíricas
baseadas em sondagens de simples reconhecimento (SPT).
De acordo com o método utilizado, seja ele analítico ou semi-empírico,
acompanhado ou não de ensaios de prova de carga, a ABNT NBR 6122/2010
regulamenta os valores dos fatores de segurança a compressão.

Fundações profundas – Métodos diretos e indiretos


Como visto anteriormente, as fundações profundas tem sua transmissão de
carga para o solo através do atrito lateral e da resistência de ponta. Para estimar a
capacidade de carga dessas fundações, é preciso analisar estes dois fatores.

Figura 26 - Capacidade de carga das fundações profundas (Fonte: ALVES, 2014)

A carga Q aplicada à fundação é resistida pelo somatório da resistência de


ponta e todas as tensões cisalhantes que atuam ao longo da superfície de contato do
fuste (TSCHEBOTARIOFF, 1978) (Figura 26).
48

A capacidade de carga pode ser avaliada através de processos diretos e


indiretos. Nos processos ditos diretos, os valores das tensões limites de cisalhamento
ao longo do fuste e normal ao nível da base, são determinados através de correlações
empíricas e/ou semi-empíricas com algum tipo de ensaio "in situ". Nos processos ditos
indiretos, as principais características de resistência ao cisalhamento e de rigidez dos
solos são avaliadas através de ensaios "in situ" e/ou de laboratório e a capacidade de
carga é determinada através da utilização de formulação teórica ou experimental
(DÉCOURT, 1998; ABNT NBR 6122/2010)
Para determinação através dos métodos teóricos, utiliza-se a Teoria da
Plasticidade. Terzaghi despreza a zona de cisalhamento acima da base, mas há a
contribuição de Meyerhof considerando tal zona.
Berezantzev et al (1961) apresentam um método para o cálculo da
capacidade de carga de ponta em areia. Para levar em consideração a
compressibilidade do solo as teorias “clássicas” baseadas na Teoria da Plasticidade
são inadequadas, Vesic (1972) apresenta modificações e utiliza a Teoria de Expansão
de Cavidades. (ALVES, 2014; DÉCOURT, 1998). Tem-se também abordagem para
solos granulares com enfoque em tensões efetivas, e para solos argilosos, com
enfoque em tensões totais. (ALVES, 2014)
Pode-se citar os métodos de Aoki & Velloso (1975), Décourt & Quaresma
(1978, 1982) e de Almeida et al (1996) como alguns dos métodos semi-empíricos
utilizados. Nesses métodos as capacidades de carga são em função de resultados de
ensaios de campo (como CPT e SPT) (ALVES, 2104).
O método Aoki & Velloso (1975) é baseado em correlações entre os
resultados dos ensaios de penetração estática e dinâmica. Os autores partem de
correlações estabelecidas para os solos brasileiros entre o N e a resistência unitária
de ponta e por atrito lateral. Essas resistências são obtidas através de coeficientes
dependentes do tipo de solo. São consideradas também a diferença entre o
comportamento entre os diferentes tipos de estacas (MARANGON, 2013)
Décourt & Quaresma (1978) apresentaram um processo de avaliação de
capacidade de carga de estacas com base nos valores N do ensaio SPT. Esse
método, originalmente previsto para estacas de deslocamento, foi objeto de algumas
extensões, sendo adequado para outros tipos de estacas. São utilizados coeficientes
em função do tipo de solo. (DÉCOURT, 1998)
49

Almeida et al (1996) leva em consideração a resistência de ponta medida no


ensaio de piezocone (após compensação da influência da poro-pressão) (ALVES,
2014).

3.2 Métodos de estimativa de recalques de fundações

Em muitos problemas práticos, quando se aplicam tensões no maciço


ocorrem deformações cisalhantes ou de distorção que causam deslocamentos
verticais da fundação. Esse recalque que acontece quase que simultaneamente com
a aplicação da carga é denominado de recalque imediato, ou inicial, ou elástico, uma
vez que a sua grandeza é estimada com base na Teoria da Elasticidade. Outra parcela
do recalque decorre de deformações volumétricas ou por adensamento, com
diminuição do índice de vazios do solo, e é denominado de recalque primário. No caso
das argilas saturadas esse adensamento decorre da dissipação gradual das
sobrepressões neutras induzidas pelo carregamento da fundação. Após decorrido um
tempo suficiente para que as sobrepressões neutras se aproximem de zero, a argila
continua a diminuir de volume, fenômeno este denominado de compressão
secundária ou secular, o qual se processa linearmente com o logaritmo do tempo.
(TEIXEIRA, GODOY, 1998).

Fundações superficiais ou rasas


Como mostrado na Figura 27, o recalque total 𝑤𝑡 da fundação será a soma
dos recalques inicial 𝑤𝑖 e do recalque ao longo do tempo 𝑤𝑡 (primário e secundário)
(ALVES, 2014).

Figura 27 - Recalques das fundações superficiais (Fonte: ALVES, 2014)


50

Nos casos onde as sapatas se apoiam diretamente em solos densos e


resistentes predominam as deformações imediatas. No caso da existência de argilas
moles profundas em relação à cota de apoio da fundação, ou aterros lançados sobre
solos compressíveis, há predominância dos recalques por adensamento. A parcela de
recalque secundário é importante no caso dos solos orgânicos e turfosos (TEIXEIRA,
GODOY, 1998).
Na estimativa dos recalques imediatos devem ser levados em consideração
os seguintes fatores: rigidez, forma e profundidade de apoio da sapata e espessura
da camada deformável.
Para solos homogêneos em camada finita (Figura 28), pode-se utilizar a teoria
da Elasticidade, são empregados então, fatores de influência (dependentes da forma
da sapata). Jambu et al (1956) também apresenta equações para sapatas em solos
homogêneos e em camada finita (ALVES, 2014).

Figura 28 - Solos homogêneos com camada finita (Fonte: ALVES, 2014)

Para solos heterogêneos, estratificados e ou com propriedades variáveis ao


longo da profundidade (Figura 29) pode-se utilizar o artifício de Steinbrenner (1934)
em que considera-se o valor médio E da elasticidade do solo em cada camada.

Figura 29 - Solos heterogêneos, estratificados e/ou com propriedades variáveis


(Fonte: ALVES, 2014)
51

Segundo Teixeira & Godoy (1998):


 Para os recalques imediatos em areias, tem-se o método de
Schmertmann (1978), onde é considerado o efeito do embutimento e
baseia-se nos resultados de ensaios de penetração continua de cone
(CPT);
 Em relação aos recalques por adensamento de camada profunda, é
necessário o conhecimento do peso específico das camadas,
profundidade do lençol freático, índice de vazios, índice de compressão e
recompressão, tensão de sobreadensameto e espessura da camada
compressível;
 Os recalques secundários são decorrentes das deformações que
continuam se processando nos solos argilosos muito plásticos e orgânicos
após a dissipação das sobrepressões. São lentos e evoluem linearmente
com o logaritmo do tempo.

Alves, 2014 apresenta equações, para o cálculo dos recalques ao longo do


tempo, baseadas na teoria do adensamento.

Fundações profundas
Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de
trabalho, isto é, coeficiente de segurança maior ou igual a dois, são em geral
desprezíveis. Entretanto, caso se julgue conveniente proceder-se a estimativas
desses recalques, pode-se recorrer tanto a métodos teóricos quanto a procedimentos
empíricos turfosos (TEIXEIRA, GODOY, 1998).
Alves (2014) apresenta três métodos baseados na teoria da elasticidade:
 Solução de Antunes Martins (1945) para o acréscimo de tensões ao redor
das estacas;
 Poulos & Davis (1980);
 Randolph & Wroth (1978).
E um método numérico:
 Aoki& Lopes (1975) onde as tensões transmitidas pela estaca são
substituídas por um conjunto de cargas concentradas, os acréscimos de
52

tensões e deslocamentos são calculados pela solução de Mindlin e, para


solos estratificados, usa-se o artifício de Steinbrenner.

3.3 Movimentações das fundações

Ao transferir as cargas da infraestrutura para o terreno de fundação há uma


reestruturação do solo fazendo com que seu equilíbrio seja alterado e deslocamentos
e deformações (lineares e angulares) provocados. Estes efeitos de acomodação do
solo causam movimentações das fundações, podendo ser deslocamentos verticais,
horizontais ou rotacionais, isto é, efeitos da ISE. Quando esses valores ultrapassam
certos limites pode haver colapso da estrutura do solo devido ao surgimento de
esforços aos quais ela não está dimensionada. (VELLOSO & LOPES, 2010;
TEIXEIRA & GODOY, 1998)
Burland e Worth (1974 apud GUSMÃO, 1990) propõe uma série de definições
para descrever os tipos de movimentações. Estas movimentações são brevemente
abordadas pela ABNT NBR 6122/2010, cujas representações são as mesmas da
norma.
São descritas seis movimentações, a saber:

Recalque absoluto(𝑺)
É o deslocamento vertical descendente de um ponto da fundação. Se o
deslocamento vertical for ascendente, denomina-se levantamento (GUSMÃO, 1990).
O recalque absoluto máximo é representado por 𝑆𝑀Á𝑋 , de acordo com a ABNT NBR
6122/2010 (Figura 30).

Recalque diferencial(𝜹𝒔)
De acordo com Caputo (1985 apud Souza e Reis, 2008), há pontos da
estrutura que recalcam mais do que outros. Surgem, então, os chamados recalques
diferenciais, que tendem a ser mais importantes que os recalques absolutos.
O recalque diferencial é a diferença entre os recalques absolutos de dois
pontos e indica o movimento relativo entre os mesmos (GUSMÃO, 1990) (Figura 30).
53

Rotação(𝜽)
Rotação relativa entre dois pontos, é usada para descrever a mudança de
gradiente de reta entre dois pontos da fundação ou terreno (GUSMÃO, 1990; ABNT
NBR 6122/2010) (Figura 30).

Figura 30 - Recalque absoluto, recalque diferencial e rotação (adaptado de: Gusmão, 1990; ABNT
NBR 6122/2010)

Inclinação(𝝎)
Descreve a rotação de corpo rígido da estrutura (ou parte dela), pode ser dito
como desaprumo do edifício quando se comporta como corpo rígido (GUSMÃO, 1990;
ABNT NBR 6122/2010) (Figura 31).

Rotação relativa ou distorção angular(𝜷)


Gusmão (1990) ressalta que este conceito foi sugerido primeiramente por
Skempton e Macdonald (1956) e novamente por Burland e Wroth(1974), e define a
rotação relativa ou distorção angular como a rotação de uma reta que une dois pontos
da edificação descontando a sua própria inclinação, o valor será igual à rotação se
não houver inclinação da edificação (Figura 31).
54

Figura 31 - Inclinação e rotação relativa (adaptado de Gusmão, 1990; ABNT NBR 6122/2010)

Deflexão relativa(∆)
É o deslocamento vertical máximo em relação à uma reta de referência,
normalmente uma reta que une dois pontos extremos da edificação (GUSMÃO, 1990)
(Figura 32).

Figura 32 - Deflexão relativa (adaptado de Gusmão, 1990; ABNT NBR 6122/2010)

3.3.1 Danos provocados pelas movimentações


Segundo Velloso e Lopes (1998, 2010), os danos provocados por recalques
de fundações em edifícios vão desde danos estéticos até danos estruturais que
prejudicam sua utilização.
Os danos estéticos podem ser pequenos desaprumos e fissuras em paredes,
os funcionais, desaprumo acentuado e os estruturais, trincas em elementos estruturais
(GUSMÃO, 1990).
55

3.4 Medição e controle dos recalques em edifícios

O controle de recalque de um edifício ou de uma obra qualquer é a verificação


do desempenho global da fundação, permitindo observar o comportamento da
interação solo-estrutura do conjunto. Embora seja uma medida recomendada para
qualquer obra de maior responsabilidade, tem-se um certo entendimento equivocado
de que só se faz controle de recalques se a estrutura está com problemas ou possa
apresentá-los (NIYAMA, AOKI, CHAMECKI, 1998).
A norma NBR 6122/2010 recomenda a verificação do desempenho das
fundações por meio do monitoramento dos recalques, medidos na estrutura, sendo
obrigatório nos seguintes casos (VELLOSO & LOPES, 2010):
 Estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação a carga
total, tais corno silos e reservatórios;
 Estruturas com mais de 60m de altura em relação ao térreo;
 Estruturas com relação altura-largura (menor dimensão) superior a 4;
 Fundações ou estruturas não convencionais.

A metodologia utilizada num trabalho de controle de recalque é basicamente


a de topografia de precisão com o emprego de nível óptico, em geral dotado de
micrômetro, o que permite determinação de cotas com precisão de até a casa do
centésimo de milímetro.
O princípio do nivelamento geométrico consiste em se determinar em cada
campanha de leitura as cotas de todos os pinos de referência instalados em peças
estruturais (em geral pilares no piso térreo) a serem observadas, tendo como
referência uma cota que deve permanecer fixa indefinidamente ao longo do tempo.
Essa cota fixa é feita, na prática, por uma haste metálica de comprimento adequado
cuja extremidade inferior de base é apoiada sobre uma camada de rocha ou substrato
suficientemente resistente de forma a não sofrer um recalque próprio ao longo do
tempo. (NIYAMA, AOKI, CHAMECKI, 1998).
A medição dos deslocamentos pode ser feita por nivelamento ótico ou por
meio de nível d’água (nível de Terzaghi), com leituras com exatidão de ± 0,01 mm,
preferencialmente com poligonais fechadas. (ABNT NBR 6122/1996)
56

4 METODOLOGIA

A fim de atingir os objetivos propostos e verificar a viabilidade da consideração


da ISE na rotina dos escritórios de cálculo, o projeto de pesquisa deste trabalho
propõe duas alternativas de dimensionamento e a comparação entre os resultados,
de acordo com alguns parâmetros previamente estabelecidos.
As propostas de dimensionamento do edifício consideradas foram:
dimensionamento convencional, sem levar em conta a ISE e dimensionamento com
consideração da ISE. Para realizar a comparação entre estas alternativas de cálculo
e analisar a influência nos esforços da estrutura, foram estabelecidos os seguintes
parâmetros: valores de momentos nos pilares, recalques verticais e cargas em pilares
provenientes do software.
Para tanto, foram admitidos o projeto arquitetônico de um edifício de nove
pavimentos, um dado perfil de solo compatível com fundações profundas.

4.1 Projeto arquitetônico

O projeto arquitetônico utilizado como base para o desenvolvimento deste


trabalho, foi elaborado pela autora em grupo com colegas, na disciplina de Projeto de
Edificações do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pelotas, no
primeiro semestre de 2014.
É composto por reservatório, cobertura e 9 pavimentos tipo sobre pilotis com
pé-direito de 2,88m. As plantas baixas – pilotis, tipo e cobertura – são apresentadas
nos Anexos A, B e C e o corte esquemático na Figura 33.
57

Figura 33 - Corte esquemático do edifício em análise

4.2 Solo considerado

Foi utilizado um perfil de solo da região de Pelotas/RS. Tal perfil é proveniente


de uma sondagem SPT (Anexo D) e apresenta uma camada superficial de areia
compacta, seguida de camadas mais compressíveis.
Visando a simplificação das variáveis para um maior controle da saída de
dados, o terreno foi considerado homogêneo.
58

4.3 Projeto estrutural

Para a realização do projeto estrutural foi empregado o software CAD/TQS,


devido a sua praticidade de inserção de dados e facilidade de edição e análise, o que
faz com que venha sendo utilizado cada vez mais pelos engenheiros calculistas no
Brasil. (TQS Informática Ltda, 2006).
O software CAD/TQS e seu módulo SISEs/TQS foram disponibilizados pelo
escritório de cálculo estrutural Viegas & Cunha Engenheiros Associados para que este
trabalho pudesse ser desenvolvido.

4.3.1 Critérios do projeto estrutural


Também visando à simplificação e redução do número de variáveis para um
maior controle da saída de dados, foram feitas as seguintes considerações em relação
ao projeto estrutural:
 adotada uma planta de forma simétrica;
 desconsiderada a influência dos vizinhos;
 desconsiderada a ação do vento.
Os carregamentos permanentes foram definidos de acordo com o projeto
arquitetônico: alvenaria nas paredes de vedação, telhado, pisos e outros.
As cargas acidentais foram inseridas de acordo com os valores da ABNT NBR
6120/1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.
Segundo a ABNT NBR 6118/2003, foi definida a classe de agressividade
ambiental como moderada e consequentemente, definidos os cobrimentos de 25mm
para lajes e 30mm para vigas e pilares.
O projeto utilizou concreto de fck=30MPa para um melhor aproveitamento do
espaço, gerando peças mais esbeltas na superestrutura e de 25MPa na infraestrutura.

4.3.2 Software a ser utilizado


Todas as informações aqui apresentadas sobre o CAD/TQS e o SISEs/TQS
foram extraídas dos Manuais do Programa ou de Almeida e Covas (2006) e utilizadas
no processo de configuração de critérios.
59

4.3.3 Sistema Interação solo-estrutura - SISEs/TQS


O funcionamento do sistema foi apresentado no item 2.4.1.2.
Diversos são os parâmetros de projetos que podem ser escolhidos e/ou
informados no programa. Na fase inicial, são inseridas as informações básicas do
projeto como: número de pavimentos, pé-direito, resistência, cobrimentos mínimos, e
carregamentos.
O SISEs/TQS disponibiliza os seguintes tipos de elementos de fundação para
a modelagem da fundação:
 Sapatas Isoladas;
 Sapatas Associadas;
 Radiers;
 Estacas: circulares, quadradas, retangulares (Barrete) sob bloco rígido ou
flexível;
 Tubulão: fuste e base circular;

Destaca-se que todos os elementos de fundação são modelados pelo Método


de Elementos Finitos com elementos lineares com as funções de forma de flexão
(polinômio completo do 3º. grau), normal e torcional (ambos com polinômio completo
do 1º. grau) ou seja, um elemento finito de pórtico espacial convencional. (TQS
Informática Ltda.)
Para todos os elementos de fundação, no SISEs/TQS é necessário definir
certos parâmetros de projeto, como: suas dimensões, espessura, ângulo de inclinação
em planta ou em corte, valor da resistência do seu concreto de formação, sua cota
para assentamento e de arrasamento, dentre outros parâmetros de projeto, os quais
são detalhados no manual do sistema. O SISEs/TQS insere automaticamente todos
os elementos de fundação no modelo do edifício.
É possível acrescentar diversos perfis de sondagem, e dentro desses perfis é
possível inserir diversas camadas de solos. Podem ser associadas sondagens aos
elementos de fundação e pode-se escolher o critério de utilização:
 Média ponderada entre as duas sondagens mais próximas;
 Média ponderada entre todas as sondagens;
 Média entre todas as sondagens;
60

 Sondagem mais próxima;


 Sondagem especifica.

Define-se também:
 A resistência característica à compressão;
 Módulo de deformação longitudinal;
 Valores mínimos e máximos de SPT que serão utilizados;
 O modelo teórico para determinação do coeficiente de reação vertical
(CRV), coeficiente de reação horizontal (CRH) e a propagação de
tensões;
 Método de cálculo que será utilizado para determinação da capacidade
de carga do solo.

4.3.4 Procedimentos
Para a consideração do SISEs, o software exige uma ordem de
processamentos conforme indica a Figura 34.
Processamento global da estrutura pelo
método tradicional

Extração de cargas e momentos sem


Ativação da integração solo-estrutura
SISES

Configuração de critérios e inserção de


sondagens

Processamento dos CRV e CRH

Agregar a fundação discretizada do SISEs


no Pórtico-TQS

Processamento global do edifício

Extração de cargas, recalques e


momentos com SISEs

Figura 34 - Etapas de processamento SISEs/TQS


61

A “filosofia básica” do software, como mencionado em 2.4.1.1, separa as


etapas entre engenheiro estrutural e engenheiro geotécnico, seguindo este
pensamento tem-se a primeira etapa realizada pelo engenheiro estrutural e as demais
pelo geotécnico.
O fluxograma da Figura 35 e fornecido pela TQS Informática, e expõe o
processo iterativo que se dá devido à interação dos dois profissionais, gerando troca
de informações até que os dois estejam satisfeitos com os resultados.

Figura 35 - Fluxograma de processamento


62

4.3.5 Critérios adotados SISEs/TQS


Como mencionado em 4.3.3, diversos são os parâmetros que podem ser
escolhidos e/ou informados dentro do programa.
Após o processamento tradicional do edifício realizou-se a ativação do
sistema integração solo-estrutura, para que houvesse a processamento dos
coeficientes do solo.
Durante a edição dos critérios SISEs, foram mantidas as seguintes
configurações:
 Pré-dimensionamento da estaca pré-moldada de concreto através de
carga admissível, utilizando-se para o projeto estacas cravadas com 30cm
de diâmetro e 50tf de carga admissível estrutural;
 Para a capacidade de carga de estacas o software utiliza os parâmetros
de Aoki & Velloso;
 Coeficiente Global de segurança = 2
63

5 Resultados e discussões

Após o processamento do edifício sem SISEs, foi realizada a conferência de


seções de vigas, pilares e lajes, bem como do dimensionamento das fundações. O
pórtico 3D deste modelo é apresentado na Figura 36.

Figura 36 - Pórtico 3D

A planta de locação de pilares e blocos do projeto encontra-se na Figura 37 e


em maior escala, no Anexo E. A partir desta locação e das cargas geradas, foi feita a
análise da sondagem SPT e chegou-se a decisão de utilizar estacas de concreto pré-
moldado com capacidade de 50tf de carga admissível, cravadas e, através do método
de Aoki-Velloso, de utilizar 20m de profundidade.
64

Figura 37 - Locação de blocos e pilares


65

Foi realizada a comparação entre o modelo com apoio indeslocável


(tradicional) e o modelo com ISE, A análise comparativa foi fundamentada em três
pontos: reações de apoio, recalques e momentos no topo de pilares.

5.1 Recalques

No modelo tradicional de cálculo da superestrutura os recalques são


desconsiderados, uma vez que é feito o uso de apoios indeslocáveis. Entretanto
quando calculada a infraestrutura é feita uma verificação dos prováveis recalques,
causando uma incoerência de modelagem na compatibilização do cálculo estrutural.
Com a consideração da ISE, é necessária uma nova análise da
superestrutura, uma vez que os recalques provenientes da fundação causam uma
redistribuição de esforços em toda a superestrutura.
São apresentados a seguir os gráficos demonstrando nos eixos 1, 2, 3 e H os
recalques provenientes da análise do solo, bem como, a bacia de recalques (Figura
42), a qual demonstra uma visualização completa dos recalques da edificação.

Figura 38 - Recalques da linha de pilares P1 a P8


66

Figura 39 - Recalques da linha de pilares P9 a P17

Figura 40 - Recalques da linha de pilares P18 a P24


67

Figura 41 - Recalques da linha de pilares P7, P16 e P23

0.70 0.92 0.94 1.02 1.04 0.95 0.92 0.70

0.80 1.03 1.06 1.17 1.15 1.07 1.04 0.80


1.15
y (cm)

500.00

0.76 0.98 1.08 1.01 1.07 0.98 0.75


0.00
0.00 500.00 1000.00 1500.00 2000.00 2500.00
x (cm)

Figura 42 - Bacia de recalques

5.2 Reações de apoio

Como já observado por Antoniazzi (2011), ocorre a redistribuição significativa


de esforços nas reações de apoio quando considerado a interação solo-estrutura. No
presente trabalho essas reações, e suas variações, são visualizadas na Tabela 2.
68

Tabela 2 - Reações de apoio obtidas


Pilar SEM SISES (tf) COM SISES (tf) Diferença (%)
1 94,4 97,9 3,58
2 124,8 119,7 -4,26
3 100,4 104,1 3,55
4 135,6 137,3 1,24
5 147,8 140,7 -5,05
6 101 104,7 3,53
7 124,2 119,2 -4,19
8 94,5 98,1 3,67
9 152,3 152,9 0,39
10 210,1 202 -4,01
11 149,4 149,5 0,07
12 177,6 165 -7,64
13 154,6 150,1 -3,00
14 168,6 158,5 -6,37
15 148,8 149,3 0,33
16 215,8 205,9 -4,81
17 149,7 150,7 0,66
18 88,7 92,3 3,90
19 235 235,5 0,21
20 195,7 193,8 -0,98
21 110,9 117,8 5,86
22 192,3 191,1 -0,63
23 238,9 238,6 -0,13
24 86,6 90,7 4,52

Verifica-se, a partir dos dados obtidos, redistribuição de cargas com variações


de até 7,64%. Torna-se visível na Figura 43 um alívio de cargas na zona central e
acréscimo na periferia de acordo com o eixo de simetria, entretanto no outro eixo, não
foi possível uma análise conclusiva, fato decorrente da não simetria do mesmo.

Figura 43 - Influência do SISEs nas reações de apoio dos pilares


69

Complementando a Figura 43 apresentam-se nos gráficos da Figura 44,


Figura 45, Figura 46 e Figura 47 os quatro eixos 1, 2, 3 e H, para uma melhor
visualização das variações nas reações dos pilares.
Com isso, observa-se de modo claro o comportamento simétrico da
redistribuição de esforços, demostrada nitidamente na Figura 45. São visíveis também
os pilares que não seguiram o comportamento esperado, P4-P5 e P19-P23.
Por fim comprova-se na Figura 47 a não simetria de carregamentos nos eixos
verticais.

Figura 44 - Cargas da linha de pilares P1 a P8


70

Figura 45 - Cargas da linha de pilares P9 a P17

Figura 46 - Cargas da linha de pilares P18 a P24


71

Figura 47 - Cargas da linha de pilares P7, P16 e P23

5.3 Momentos nos pilares

Para uma análise do comportamento dos momentos foram observados os


pilares com maiores variações na reação de apoio: P21 entre os pilares de
extremidade, P24 entre os pilares de canto e P12 entre os pilares de centro.
A Figura 48 apresenta o sistema de coordenadas utilizado. A seguir a Tabela
3 apresenta os valores de momentos extraídos dos dois modelos, e os compara
gerando suas variações. Apesar dos valores serem quantitativamente pequenos,
pode-se observar variações grandes nos esforços.
Os gráficos da Figura 49 Figura 50 e Figura 51 apresentam essas variações
permitindo uma visibilidade melhor das mesmas.
72

Figura 48 - Sistema de coordenadas para esforços de momentos

Tabela 3 - Momentos nos topos dos pilares e suas variações


Mz (tf.m) My (tf.m)
Pilar Pav Sem Com Variação (%) Sem Com Variação (%)
SISEs SISEs SISEs SISEs
12 -0,2 -0,2 0,0 -0,5 -0,4 -25,0
11 0,8 0,7 -12,5 0,4 0,3 -33,3
10 0,6 0,5 -16,7 0,4 0,5 20,0
9 1,2 1 -16,7 -1,2 -0,9 -33,3
8 1,2 1,1 -8,3 -0,8 -0,5 -60,0
7 1,2 1,1 -8,3 -0,9 -0,6 -50,0
P12
6 1,2 1,1 -8,3 -0,8 -0,5 -60,0
5 1,1 0,9 -18,2 -1,1 -0,8 -37,5
4 1,1 0,9 -18,2 -0,3 0 -
3 1,2 1 -16,7 -0,8 -0,5 -60,0
2 1,1 0,9 -18,2 -0,8 -0,8 0,0
1 0,4 0 -100,0 0,3 0 -
10 0,006 -0,009 -250,0 -2,5 -3 16,7
9 -0,015 -0,028 86,7 -1,7 -2,2 22,7
8 -0,021 -0,035 66,7 -1,8 -2,3 21,7
7 -0,023 -0,037 60,9 -1,8 -2,3 21,7
6 -0,023 -0,036 56,5 -1,8 -2,3 21,7
P21
5 -0,025 -0,039 56,0 -1,8 -2,4 25,0
4 -0,03 -0,045 50,0 -1,5 -2 25,0
3 -0,03 -0,043 43,3 -2 -2,5 20,0
2 -0,02 -0,03 50,0 -0,4 -1,3 69,2
1 -0,008 -0,026 225,0 0,6 0,1 -500,0
10 0,4 0,6 50,0 -1,7 -1,8 5,6
9 0,3 0,5 66,7 -1,5 -1,6 6,3
8 0,3 0,5 66,7 -1,4 -1,6 12,5
7 0,3 0,5 66,7 -1,4 -1,6 12,5
6 0,3 0,6 100,0 -1,4 -1,6 12,5
P24
5 0,3 0,5 66,7 -1,4 -1,6 12,5
4 0,3 0,5 66,7 -1,2 -1,4 14,3
3 0,3 0,6 100,0 -1,5 -1,7 11,8
2 -0,1 0 - -0,7 -0,8 12,5
1 -0,2 1,7 -950,0 -2,5 -2,4 -4,2
73

Figura 49 - Momentos no topo do pilar 12

Figura 50 - Momentos no topo do pilar 21


74

Figura 51 - Momentos no topo do pilar 24


75

6 onsiderações finais

Tradicionalmente a ISE é desconsiderada devido a grande quantidade de


variáveis adicionadas ao cálculo estrutural. Com a introdução dos softwares de cálculo
em larga escala no Brasil, o estudo da ISE e suas influências nas estruturas vêm
sendo cada vez mais abordado.
É demonstrado, no desenvolvimento desse trabalho de graduação,
juntamente com a bibliografia consultada, como se desenvolve a redistribuição de
esforços numa estrutura, devido a consideração dos recalques obtidos através da ISE.
Observou-se a redistribuição de esforços através da análise das reações de
apoio, onde ocorreu um alívio de reações de apoio nos pilares centrais, esta
redistribuição ocorreu também nos pilares analisados, onde houve variação nos
valores de momentos nos pilares. Os resultados de recalques demostraram,
juntamente com as reações de apoio, um comportamento simétrico ao eixo do edifício.
O estudo dessa interação promove uma análise mais próxima da realidade do
comportamento das estruturas, tendo como alguns objetivos oferecer uma maior
segurança ao sistema bem como garantir um melhor funcionamento da estrutura no
estado limite de serviço, minimizando a aparência de fissuras e deformações não
previstas na metodologia tradicional.
Através do exemplo numérico desenvolvido neste trabalho é demonstrado o
aparecimento dos recalques devido a ISE na metodologia de cálculo. Com isso, torna-
se possível um estudo completo da edificação, considerando a redistribuição de
esforços na estrutura por conta desses recalques. Essa análise foi fornecida numérica
e graficamente ao longo do trabalho.
Para demonstração do funcionamento da ISE, foi utilizado o software TQS,
comumente utilizado para dimensionamento de estruturas em escritórios de
engenharia. Para uma análise mais profunda dessa interação seria interessante o uso
de métodos mais precisos para análise, como os métodos discretos de aproximação.
76

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ANEXOS

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