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Thiago Araujo
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Araujo, Thiago Peixoto, Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil, tpeixoto@sc.usp.br
RESUMO
ABSTRACT
The use of images from orbital remote sensing has shown great utility in engineering geological
mapping surveys and researches. The advantage of employing such remote sensing technique is
due to its wider coverage area and to its high spatial resolution quality, allowing a range of
possibilities by means of operations among electromagnetic bands. The main purpose of this
paper is to do comparisons among images of TM e ETM+ sensors, by means of color
compositions that come from IHS-RGB transformation, and also compositions that come from
band ratios. For instance, ETM+ images presented better results in landslides studies due to its
better sharpness in comparison with TM images.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos vem havendo uma crescente demanda por informações geotecnológicas
aplicadas à geotecnia e outras áreas afins, principalmente onde se pretende realizar projetos de
implantação de unidades de conservação, intervenção ou recuperação ambiental de áreas
degradadas. A confecção de mapas georeferenciados confiáveis é uma etapa indispensável no
fornecimento de material técnico de análise aos planejadores e para subsidiar decisões regionais
importantes, onde se propõem, por exemplo, avaliações de sustentabilidade ambiental de um
empreendimento que devem levar em consideração aspectos físicos, econômicos e sociais, além
de seu impacto ambiental (Araujo, 2008).
Dados de sensoriamento remoto, através de sensores orbitais, podem ser utilizados para estudos
de movimento de massa gravitacional (MMG) tanto na detecção direta das conseqüências destes
processos (cicatrizes com exposição da rocha), como através da identificação de indicadores,
como: uso da terra, morfologia e dissecação do relevo (King e Delpont, 1993; Berger, 1996).
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12º Congresso Nacional de Geotecnia
Mudanças nas características espectrais da superfície, detectadas por sistemas sensores são
resultados da remoção de cobertura vegetal e das camadas superficiais do solo por processos
naturais ou antrópico.
McKean et al. (1991) e Gao e Lo (1995) dizem que em relação aos deslizamentos, a remoção da
cobertura vegetal e conseqüente exposição do solo ou rocha e deposição de material
transportado ao longo da vertente, produzem diferenças de tonalidade, cor, matiz e textura na
imagem, bem como observam-se formas específicas, permitindo assim, a interpretação direta
destas feições.
As formas das cicatrizes geradas por deslizamentos, segundo Hansen (1984) e Patton (1988),
são elípticas ou cônicas e quando recentes, observa-se desde a cabeceira até a base do
deslizamento. Essas feições se desenvolvem, normalmente, em vertentes côncavas, ao longo da
linha de drenagem ou próximo a locais com alterações antrópicas, como estradas por exemplo,
estendendo-se sobre alta ou média vertente e depositando o material removido em baixos vales,
onde ocorre a formação de tálus, o que altera a topografia local (Patton, 1988; Gao e Lo, 1995;
Sestini, 1999). Contudo, podem-se identificar locais susceptíveis a deslizamentos (MMG)
através da interpretação de elementos diretos e indiretos nas imagens orbitais.
2.1. Localização
As imagens utilizadas para este presente trabalho são do estado do Rio de Janeiro (Brasil),
sendo as cenas 217/76 e 218/76 dos satélites Landsat 5 e 7. O estado do Rio de Janeiro fica na
região sudeste do Brasil e faz divisa com os estados de São Paulo, Minas Gerais e Espirito
Santo, ambos também compõem a região sudeste do país. A figura 1 mostra o estado do Rio de
Janeiro no contexto da região sudeste.
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1º Encontro de Jovens Geotécnicos
2.2. Geomorfologia
De acordo com Silva (2001), o estado do Rio de Janeiro pode ser compartimentado em duas
unidades morfoestruturais: o Cinturão Orogênico do Atlântico e as Bacias Sedimentares
Cenozóicas.
2.3. Geologia
O estado do Rio de Janeiro, geotectonicamente, está contido na Província Mantiqueira, uma das
províncias estruturais definidas por Almeida et al. (1981), com uma extensa área de
aproximadamente 700.000km2, sendo a província estrutural, afetada pelo Ciclo Orogênico
Brasiliano, mais complexa.
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12º Congresso Nacional de Geotecnia
Figura 2 – Zonas de Cisalhamentos associadas ao Cinturão Paraíba do Sul em imagem do satélite Landsat
7, cena 218/76, bandas 7 – 4 – 3, Serra do Mar no município de Angra dos Reis – RJ (Araujo, 2008).
Na tabela 1, pode ser observado, segundo Silva (2001), diversas classes de uso e ocupação do
solo no estado do Rio de Janeiro. Neste estudo realizado por Silva (2001), a área ocupada pelas
diversas classes, foi calculada com base nos cartogramas digitais do estado do Rio de Janeiro.
Tabela 1 – Área do estado do Rio de Janeiro ocupada pelas Classes de Uso e Cobertura do Solo (Silva,
2001).
Porcentagem Relativa à
Classes Área Absoluta (km2)
Área Total do Estado
Pastagem 24.750 56,10
Mata 12.532 28,38
Áreas Urbanas 1.676 3,81
Solo Exposto 1.216 2,76
Áreas Agrícolas 1.037 2,35
Vegetação de Restinga 757 1,72
Corpos d´Água 752 1,70
Afloramento de Rocha 326 0,74
Campo Inundável 255 0,58
Manguezal 131 0,30
Coberturas Arenosas (Praias e Dunas) 97 0,22
Salinas 27 0,06
Extração de Areia 2 0,005
Área encoberta por nuvens 527 1,27
TOTAL 44.085 100,00
2.5. Clima
O estado do Rio de Janeiro é famoso pelo clima sempre quente (muito sol) e por suas belas
praias, no entanto, de acordo com o mapa de clima do IBGE (2002), o estado apresenta 3
grandes classes de clima, sendo os climas Quente (média > 18°C em todos os meses do ano),
como clima predominante em todo o estado, mas locais com clima Tropical Subquente (média
entre 15° e 18°C em pelo menos 1 mês) e Mesotérmico Brando (média entre 10° e 15°C).
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1º Encontro de Jovens Geotécnicos
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais
Para a realização deste trabalho foram utilizadas imagens dos satélites Landsat 5 e 7, através dos
sensores TM (Thematic Mapper) e ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus), respectivamente.
As cenas utilizadas foram 217/76, obtidas em 18/01/1988 pelo satélite Landsat 5 e em
28/10/2001 pelo satélite Landsat 7 e a cena 218/76, obtidas pelos satélites Landsat 5 em
22/06/1984 e pelo Landsat 7 em 15/05/2002. Essas imagens são obtidas gratuitamente na página
do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na internet. As características na aquisição
das cenas, de acordo com o relatório emitido e anexado às imagens, pelo INPE, são:
• Cena 217/76 – datum SAD 69; elipsóide de referencia SAD 69; unidade em metros; sistema
cartográfico UTM; zona -23 Sul; e Método de Quadro do Produto (Product Framing
Method), Path 217 e Row 076.
• Cena 218/76 – datum e elipsóide de referencia SAD 69; unidade em metros; sistema
cartográfico UTM; zona -23 Sul; e Método de Quadro do Produto (Product Framing
Method), Path 218 e Row 076.
3.2. Métodos
Os métos utilizados neste trabalho foram os de transformação IHS-RGB e a razão entre bandas,
ambos os procedimentos realizados pelo programa ENVI®.
4. RESULTADOS
A bandas eletromagnéticas nada mais são do que uma parcela do espectro eletromagnético
limitada por dois comprimentos de onda.
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12º Congresso Nacional de Geotecnia
no sensor ETM+ do satélite Landsat 7, foi o canal pancromática (banda 8), apresentando
resolução espacial de 15m.
Na tabela 2, está representado um quadro comparativo dos limites mínimos e máximos dos
comprimentos de onda (µm) das bandas espectrais dos sensores TM e ETM+, dos respectivos
satélites, Landsat 5 e Landsat 7.
Tabela 2 – Comparativo dos comprimentos de onda (µm) das bandas espectrais dos sensores TM e ETM+
(Modificado de Maia e Leal, 2005).
SENSOR 1 2 3 4 5 6 7 8
Min. 0,45 0,52 0,63 0,76 1,55 10,4 2,08 -
TM
Máx. 0,52 0,60 0,69 0,90 1,75 12,5 2,35 -
+ Min. 0,45 0,53 0,63 0,78 1,55 10,4 2,09 0,52
ETM
Máx. 0,52 0,61 0,69 0,90 1,75 12,5 2,35 0,90
Para entender melhor o conceito de IHS e RGB, devemos pensar nos mesmos como espaços de
cores (Figura 3).
Figura 3 – A esquerda observa-se o espaço de cores bidimensional (RGB); e a direita o espaço de cores
tridimensional (IHS) (Araujo, 2008).
I=
1
(R + G + B ) (1)
3
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1º Encontro de Jovens Geotécnicos
0,5[(R − G ) + (R − B )]
−1
H = cos 1
(2)
[ ]
(R − G )2 + (R − G ) ⋅ (G − B ) 2
S = 1−
3
[min(R, G, B )] (3)
(R + G + B )
4.3. Razão entre Bandas
A operação matemática razão entre bandas permite discriminar sutis diferenças existentes no
comportamento espectral de diferentes alvos, pois em bandas originais apenas diferenças
grosseiras são observadas. Assim, observando o comportamento espectral dos alvos de
interesse, para a aplicação da razão, as bandas são selecionadas visando seus valores máximos e
mínimos de reflectância, afim de que se expressem os gradientes da curva espectral dos objetos
de interesse, proporcionando o realce destes alvos (Sestini, 1999).
A razão entre bandas apresenta algumas vantagens e desvantagens, como descrito pode-se
observar:
• Já, como desvantagens, a razão entre bandas apresenta (Mather, 1987; Crosta, 1993; Drury,
1993):
Na figura 4, composição 4-7-3 RGB do satélite Landsat 5, pode-se observar locais que indicam
cicatrizes de deslizamentos com rocha exposta em vários locais ao longo das cidades do Rio de
Janeiro e Niterói. Já a figura 5, de mesma composição, porém do satélite Landsat 7, observa-se
também estas cicatrizes, mas devido a melhor nitidez da imagem, distingue-se também locais
onde há o aparecimento de vegetação em locais de antigos MMG`s.
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12º Congresso Nacional de Geotecnia
Figura 4 – Imagem Landsat 5, composição 4-7-3 (RGB) indicando cicatrizes com rocha exposta.
Figura 5 – Imagem Landsat 7, composição 4-7-3 (RGB) indicando cicatrizes com rocha exposta (A); e
capinzal (cobertura de gramínea) (B).
Na figura 6, razão entre bandas de composição 5/7-4/3-4/1 RGB (Landsat 5), da região de
Angra dos Reis, litoral sul do estado do Rio de Janeiro, nota-se que o processo de razão entre
bandas, resalta locais com rocha exposta, de MMG, que é muito frequente na região (A),
pastagem (B) e dois pontos de queimadas recentes (C). De mesma composição (5/7-4/3-4/1
RGB), porém do satélite Landsat 7, na figura 7, devido a uma maior nitidez da imagem, permite
observar, além das cicatrizes com exposição de rocha (A) e pastagens (B), observa-se
deslizamentos de terra (MMG), muito comuns naquela região (C).
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1º Encontro de Jovens Geotécnicos
Figura 6 – Imagem Landsat 5, composição 5/7-4/3-4/1 (RGB) indicando cicatrizes com rocha exposta
(A); pastagem (B); e locais de queimadas recentes (C).
Figura 7 – Imagem Landsat 5, composição 5/7-4/3-4/1 (RGB) indicando cicatrizes com rocha exposta
(A); pastagem (B); e deslizamentos de terra (C).
5. CONCLUSÃO
Atualmente, com inumeros satélites em orbita e com o grande avanço tecnológico, as imagens
ficam cada vez melhores, ou seja, com resoluções espaciais da ordem de 0,6m. Os satélites da
série Landsat, por serem mais antigos, ainda apresentam uma resolução espacial ruim, da ordem
de 30m, tornando essa a grande desvantagem em relação aos outros satélites, porém, há a grande
vantagem de suas imagens serem distribuidas gratuitamente e com todas as bandas
individualizadas. No Brasil, através da página do INPE na internet, é possivel se fazer um
cadastro e baixar as imagens que nessecitar, tornando assim, melhor a relação custo-benefício
dos dados gerados.
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12º Congresso Nacional de Geotecnia
Apesar da alta resolução espacial, apresentada pelas imagens Landsat, as imagens se mostraram
satisfatórias para diversos estudos, como de deslizamentos de terra (MMG), principalmente no
litoral do estado do Rio de Janeiro. As imagens do sensor TM (Landsat 5) apresentam pior
nitidez em relação às imagens obtidas através do sensor ETM+ (Landsat 7), que somada com a
resolução espacial de 30m, faz com que as imagens do sensor TM sejam menos adequadas para
alguns estudos. Este trabalho pôde mostrar que as imagens ETM+ apresentam melhorias nas
características geométricas, radiométricas e nitidez, em relação às imagens TM, sendo essas
imagens do Landsat 7 mais interessante para a geração de imagens com aplicações diretas em
estudos com escala de até 1:25.000.
REFERÊNCIAS
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