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Saúde

e
segurança
do
consumidor
Saúde
e
segurança
do
consumidor
Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso
Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Sérgio Amaral
Presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial – Inmetro
Armando Mariante Carvalho
Diretor da Diretoria da Qualidade Industrial do Inmetro
Alfredo Carlos O. Lobo
Apresentação
O módulo Saúde e Segurança dados nas escolas.
do Consumidor integra a coleção A experiência internacional mostra que os
Educação para o Consumo países mais competitivos são exatamente aqueles
Responsável, destinada à formação que possuem consumidores mais exigentes. O
de multiplicadores dos conceitos de presente material representa uma importante con-
educação para o consumo, de tribuição ao processo já desencadeado de cresci-
maneira a atingir aos professores e mento do consumidor brasileiro, mantendo-o como
alunos da 5a à 8a séries do ensino parte efetiva do processo de melhoria da qualidade
fundamental de escolas públicas e das empresas brasileiras.
privadas. Além de conter informações relevantes, os
A coleção, elaborada pelo Idec módulos sugerem uma série de atividades
– Instituto Brasileiro de Defesa do capazes de estimular o debate sobre o tema do
Consumidor – sob a coordenação do consumo, a partir de enfoques múltiplos e diver-
Inmetro – Instituto Nacional de sificados, despertando nos jovens uma consciên-
Metrologia, Normalização e Quali- cia crítica dos padrões de consumo da sociedade
dade Industrial –, aborda cinco temas atual.
em quatro volumes: Meio Ambiente e É uma contribuição cuidadosamente elabo-
Consumo; Publicidade e Consumo; rada por especialistas e educadores para que os
Direitos do Consumidor e Ética no professores possam contar com material que lhes
Consumo; e Saúde e Segurança do permita abordar sem dificuldades os temas trata-
Consumidor. dos. Esse material se destina a ser reproduzido
O objetivo é contribuir para a para a realização de cursos de formação de mul-
formação de cidadãos conscientes tiplicadores de forma a introduzir a educação para
do seu papel como consumidores o consumo responsável no ensino fundamental
parti-cipativos, autônomos e críticos, de todos os estados e municípios.
a partir da sala de aula, como Lançamos esta coleção na esperança de
propõem os Parâmetros Curriculares contribuir para formar e informar o consumidor,
Nacio-nais elaborados pelo sempre na busca de um mercado mais saudável.
Ministério da Educação em 1998,
que introduziram o Consumo entre
os temas transversais a serem abor- Armando Mariante
Presidente do Inmetro
Sumário
Apresentação 3

Introdução 8

A segurança dos produtos


e serviços 9
Acidentes de consumo 9

O que garante a segurança


dos produtos e serviços 11
Regulamentos técnicos:
regras obrigatórias 12
Normas técnicas: condições mínimas
de segurança para os produtos 13
• Ainda falta muito 14
Análise de produtos pelo
Inmetro 15
Certificação: garantia de produtos
e serviços dentro das normas 16
Manual do usuário 17
Saúde e segurança do consumidor • Recall de produtos perigosos 17
Coleção Educação para o Consumo Responsável
© Copyright 2002
O que fazer 18
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial Segurança com alimentos 19
Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
As doenças veiculadas pelos
É proibida a reprodução, por quaisquer meios, sem a expressa
autorização dos detentores dos direitos autorais. alimentos 20
Coordenação e supervisão – Inmetro
• Perigos invisíveis 20
Coordenação: Angela Damasceno
• Dez regras de ouro na preparação
Supervisão: Márcia Andréia S. Almeida e
José Humberto Fernandes Rodrigues e consumo de alimentos 22
Execução editorial – Idec Alimentos transgênicos 23
Texto: Marilena Lazzarini
Consultores: Lynn Silver, Sílvia Vignola e Quem é responsável pela
Sezifredo Alves Paz
Coordenação: Glória Kok
qualidade dos alimentos? 23
Edição: Esníder Pizzo
Revisão: Maria Aparecida Medeiros
Rotulagem clara e completa 24
Projeto gráfico e direção de arte: Shirley Souza • Advertência obrigatória nos rótulos 25
Editoração eletrônica: Juliano Dornbusch Pereira
Capa: foto de Glória Flügel • O que é proibido nos rótulos 26
Foto de Gl ria Fl gel
Aditivos: quanto menos, melhor! 26
• Cuidados 27
• Os riscos das dietas para emagrecer
na adolescência 28

Segurança com
medicamentos 29
Os medicamentos essenciais 29
A lei dos genéricos 30
O consumo abusivo pelos jovens31 Medicamentos: cuidado com o
Falsificação de remédios 32 uso abusivo 55
Cuidados na compra de Os riscos do consumo na
medicamentos 33 adolescência 57
As drogas consentidas ou não 34 • O consumo de drogas 57
O que fazer 35, 36 • Gravidez e doenças
sexualmente transmissíveis 60
Problemas com gravidez e
Na sala de aula 61
doenças sexualmente
transmissíveis 37
Produtos para a prevenção 38
• Camisinha masculina e feminina 38
• Pílulas 39
• Diafragma 39
• DIU 39
• Outros métodos: injeções e
espermicidas 39
O que fazer 40

Glossário 41

Bibliografia 45

Sites na internet 48

Módulos didáticos 49
A segurança dos produtos
e serviços 50
Alimentos e a saúde
do consumidor 52
Saúde
e
segura
do
consum
É direito básico do consumidor:

e
“A proteção da vida, saúde e

segurança contra os riscos

provocados por práticas abusi-

vas no fornecimento de produ-

tos e serviços considerados

perigosos e nocivos.”
Art. 6o, inciso I do Código de
Defesa do Consumidor, 1990

ança “A criança e o adolescente têm

direito a proteção à vida e à

saúde, mediante a efetivação

de políticas sociais públicas

que permitam o nascimento e

desenvolvimento sadio e har-

monioso, em condições dignas

de existência.”

midor
Art. 7o do Estatuto da Criança e do
Adolescente, 1990
Saúde e segurança do consumidor

Introdução
S aúde é uma palavra de origem latina, salute,
que quer dizer salvação, conserva-ção da
vida. Segundo a definição da Organização
ção de produtos e serviços. É pre-
ciso estar sempre atento às infor-
mações disponíveis e ter bastante
Mundial de Saúde (OMS) de 1948: “Saúde é o cuidado ao consumir. A educação
estado de completo bem-estar físico, mental e para o consu-mo é a fórmula preven-
social e não apenas ausência de doença”,1 sendo tiva mais eficaz para garantir a saúde
considerada não apenas um bem individual mas e a segurança.
também coletivo. O espaço da escola poderá
A frágil dinâmica que se estabelece entre a desempenhar um papel decisivo na
saúde e a doença depende de múltiplos fatores discussão acerca da vulnerabilidade
que determinam os hábitos de vida de cada pes- do consumidor, principalmente dos
soa: o tipo de alimentação, a prática ou não de adolescentes, na prevenção de
exercícios físicos, os cuidados com o corpo, o cui- doen-ças e acidentes de consumo,
dado com produtos consumidos, a adoção de re- no conhe-cimento dos seus direitos e
gimes para emagrecimento sem necessidade ou responsa-bilidades, na identificação
sem orientação profissional, a adoção de medi- das informações importantes.
das que previnam os acidentes de consumo cau- Conhecendo e exercendo os seus
sados por produtos inseguros, entre outros. direitos, os alunos certamente influ-
Nossa saúde está direta ou indiretamente enciarão o comportamento da família
relacionada aos nossos hábitos de vida e de con- e dos amigos.
sumo, e a segurança dos produtos e serviços que
utilizamos é um fator importante a ser considera-
do. É por isso que o artigo 6o do Código de Defesa
do Consumidor (CDC) estabelece como primeiro
direito básico do consumidor “a proteção da vida,
saúde e segurança”.2
Neste volume, vamos discutir aspectos im-
portantes para assegurar a saúde e a segurança
no consumo de produtos e serviços, como alguns
hábitos de consumo que são nocivos ao consum-
idor. Trataremos de forma especial dos alimentos
e medicamentos, bem como de alguns produtos
1. Brasil, Secretaria da Educação Fundamental.
de maior importância para os jovens. Parâmetros curriculares nacionais, terceiro e quarto cic-
A saúde e a segurança do indivíduo estão los: apresentação dos temas transversais, Secretaria
de Edu-cação Fundamental, Brasília: MEC/ SEF, 1998,
cada vez mais ligadas ao consumo, seja pela p. 249.
2. Guia do consumo com segurança, São Paulo, Idec,
ingestão, contato, manipulação ou simples utiliza- agosto de 2000.

8
Introdução

A segurança
dos produtos
e serviços
O s produtos ou serviços não
podem causar prejuízos à saú-de
ou à segurança dos consumidores. E
O consumidor deve recusar botijões amassados e
com ferrugem aparente, verificar com espuma de
sabão se há vazamento na válvula, fechar a cir-
só podem ser comercializados se culação do gás para o fogão sempre que não
trouxerem, em seus rótulos, embala- estiver em uso e manter o botijão em local bem
gens e manuais, as informações ne- ventilado.
cessárias para a sua utilização de Os fogões a gás também podem apresentar
forma clara e precisa. muitos problemas ao consumidor: vazamento de
Além de medicamentos, produ- gás ou aquecimento excessivo do lado externo
tos de limpeza e outros produtos quí- quando o forno está ligado, podendo causar
micos, que representam perigos pre- queimaduras principalmente em crianças. Em
visíveis, também “moram” em nossas 1997, o Instituto Brasileiro de Defesa do
casas botijões de gás, eletrodomésti- Consumidor (Idec) testou cinco modelos das mar-
cos, fogões a gás, chuveiros elétricos cas de fogão mais vendidas no país e concluiu
e instalações elétricas antigas que que, na época, todos apresentaram problemas de
podem ameaçar a nossa saúde e aquecimento excessivo das paredes, além de
segurança. casos de vazamento de gás, mau funcionamento
Estima-se que existam cerca e tombamento.4
de 80 milhões de botijões de gás no
país. Uma pesquisa realizada pelo
Insti-tuto de Pesquisas Tecnológicas Acidentes de consumo
(IPT), em 1995, revelou que 87%
dos acidentes com botijões de gás Defeitos existentes nos produtos, como no
eram provocados por instalação ou caso dos fogões, ou na prestação de serviços
mani-pulação incorretas, enquanto podem causar danos a pessoas e a seus bens.
13% eram causados por defeitos nos Quando isso ocorre, estamos diante de um aci-
botijões3. Isso significa que muitos dente de consumo. Uma batida de carro provoca-
acidentes poderiam ter sido evitados da por defeito no freio é um caso típico de aciden-
se o consumidor tivesse tomado te de consumo. O prejuízo do consumidor não se
algumas medidas de segurança e se restringe apenas ao defeito do produto, mas
houvesse uma adequada orientação
3. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, número 22, agosto de 1997, p.9.
por parte das distribuidoras de gás. 4. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, número 22, agosto de 1997, p.9.

9
Saúde e segurança do consumidor

abrange danos mais amplos, como gastos médi- risco a vida das pessoas6. Esses
cos e hospitalares, o conserto do carro, etc. dados são confirmados pelo Instituto
Outro acidente desse tipo, comum em nosso Nacional de Metrologia,
país, é a ingestão de alimento deteriorado, cau- Normalização e Qualidade Industrial
sando problemas de saúde ao consumidor. (Inmetro), que, através do Programa
Também se considera acidente de consumo o de Análise de Produtos, testou, no
dano decorrente da falta ou inadequação da infor- período de 1996 a 2000, cerca de
mação a respeito do produto ou serviço. 1.500 marcas de produtos, das quais
Em qualquer um desses e de outros casos 33% não estavam de acordo com as
de acidente de consumo, o consumidor tem dire- normas e regulamentos em aspectos
ito a indenização por todos os danos materiais e diretamente ligados à saúde e segu-
morais que sofreu. rança.
Nos Estados Unidos, estatísticas oficiais Intoxicações
mostram que 15 milhões de pessoas por ano são
vítimas de acidentes com produtos destinados a A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz)
crianças, equipamentos de esportes e lazer, divulgou, em 1999, 66.584 casos de
instalações, móveis, utensílios domésticos, obje- intoxicação, registrados pelos 29
tos de uso pessoal, entre outros. Esses dados Centros de Controle de Intoxica-
são da Comissão de Segurança de Produtos ções.7 Mais da metade foi acidental,
(U.S. Consu-mer Product Safety Commission), sendo que 24,94% das vítimas eram
agência governamental norte-americana, criada crianças de 1 a 4 anos. Segundo da-
em 1972, que protege a população dos riscos de dos do Sistema Nacional de Informa-
acidentes com ferimentos ou mesmo mortes ções Tóxico-Farmacológicas
associados aos produtos de consumo. Cerca de (Sintox), a primeira causa de aci-
15 mil tipos de produ-tos estão sob a jurisdição da dentes são os medicamentos
agência, que também coordena um sistema para (28,27% dos casos), seguidos dos
coletar informações sobre os acidentes ocorridos produtos de limpeza (8,69%) e out-
com esses produtos5. ros produtos químicos industriais
Nos países europeus existe uma regula- (7,12%). Esses dados de-vem servir
mentação, a Diretiva no 92/59/CEE, de 29 de de alerta tanto para as empresas
junho de 1992, relativa à segurança geral de pro- que fabricam esses produtos quanto
dutos. Cada país criou internamente organismos para os consumidores. Se fossem
para implementar essa legislação e garantir maior tomadas medidas preventivas sim-
segurança aos consumidores. ples, como adotar embalagens com
No Brasil não se sabe oficialmente qual é a tampas à prova de crianças e
incidência de acidentes de consumo, pois não guardar esses produtos em lugares
existe um sistema estruturado para o registro de seguros, mais de 33 mil casos de
forma sistemática, exceto nos casos de informa- intoxicação infantil por ano poderiam
ções tóxico-farmacológicas (veja boxe). Análises ser evitados8.
feitas pelo Idec em mais de 2 mil produtos e 5. Site da Safety Comission: http://www.cpsc.gov
serviços revelaram que 30% deles tinham proble- 6. Guia do consumo com segurança, São Paulo, Idec,
agosto de 2000.
mas de segurança e mais de 20% colocavam em 7. www.fiocruz.br/cicit/sinitox/tabela
8. Guia do consumo com segurança, 2ª edição, São
Paulo, Idec, 2001, p. 50.
10
A segurança dos produtos e serviços

O que garante
a segurança dos
produtos e serviços
O fabricante é o responsável le-gal
pela colocação no mercado
de produtos seguros, que não acar-
observar as instruções de uso e manuseio do pro-
duto. Muitas vezes um produto é seguro se usado
para o fim a que se destina, podendo, no entanto,
retem riscos ao consumidor, exceto ocasionar acidentes se utilizado de forma incorre-
aqueles que sejam normais ou pre- ta ou para finalidade diferente daquela para a qual
visíveis, como é o caso, por exemp- foi fabricado. Imagine uma cadeira: ela pode ser
lo, de uma faca, que deve cortar para absolutamente estável e segura se for usada
cumprir a sua finalidade. A questão apenas para sentar, mas poderá ser muito
da segurança deve ser considerada perigosa se usada como escada.
desde o momento da concepção do Alguns produtos podem ser seguros para
produto, quando o fabricante deve fa- usuários de uma certa faixa etária, mas não ser
zer uma análise dos riscos potenci- recomendável para outros. É necessária a ade-
ais aos usuários e ao meio ambiente. quação do produto ao perfil do consumidor. Um
Essa análise envolve todo o proces- brinquedo destinado às crianças ainda bem
so produtivo — incluindo a escolha pequenas não deve conter peças que possam se
da matéria-prima utilizada, a segu- desprender e ser engolidas. Por isso, os brinque-
rança dos trabalhadores, a dos devem trazer na embalagem informações cla-
deposição dos dejetos industriais, ras sobre a faixa etária a que são recomendados.
etc. —, o transporte, o armazena- Os cuidados com o descarte também são
mento e a comercialização. Mas isso essenciais. Formas inadequadas de descarte
não é tudo. O fabricante deve con- po-dem provocar desde pequenos acidentes,
siderar também como o produto será como um ferimento leve provocado por uten-
usado e descartado pelo consumidor sílios de vidro quebrados ou explosões de
final. aerossóis jogados em incineradores, até situ-
O consumidor, por sua vez, na ações muito gra-ves, como foi o caso da cáp-
hora da compra, deve buscar infor- sula de Césio de um aparelho de raio X odon-
mações sobre os aspectos rela- tológico, em Goiânia, que provocou mortes e
cionados à segurança, verificando, enfermidades graves em pessoas que a
por exemplo, se o produto foi certifi- manusearam inadvertidamente. Outro caso
cado (veja informações sobre certifi- bastante divulgado foi o da cons-trução de um
cação na pág. 16). Durante o con- conjunto habitacional em Mauá, município da
sumo ou utilização, é importante Grande São Paulo, sobre um terreno contami-

11
Saúde e segurança do consumidor

nado com resíduos químicos tóxicos deposita- riscos à saúde e à segurança da


dos clandestinamente no local. população. A Regulamen-tação
Para prevenir acidentes de consumo, fabri- Técnica tem força de lei e é elabora-
cantes, governo e entidades de defesa do consu- da pelo governo, basicamente nas
midor devem atuar para que sejam estabelecidos áreas de saúde, segurança, meio
requisitos mínimos para a segurança dos produ- ambiente e defesa do consumidor.
tos (regulamentos e normas técnicas) e para que, São, portanto, documentos de
por meio de um processo de avaliação, se veri- cumprimento obrigatório.
fique se o produto foi fabricado de acordo com O Ministério da Saúde, por
essas normas. Além disso, os produtos devem exemplo, emite, por meio de decre-
estar sempre acompanhados de informações tos, portarias ou resoluções, regula-
adequadas em seus rótulos, embalagens, bulas mentos referentes a remédios, ali-
ou manuais de utilização. O trabalho de educação mentos industrializados, produtos de
para o consumo responsável é um complemento limpe-za, equipamentos médico-hos-
essencial a esse conjunto de ações. pitalares, prestação de serviços
pelos planos e seguros de saúde,
entre ou-tros. O Ministério da
Regulamentos técnicos: Agricultura, Pe-cuária e
regras obrigatórias Abastecimento atua na regulamen-
tação de produtos de origem animal,
Regulamentos técnicos são documentos de hortifrutigranjeiros e de bebidas.
que contêm as características técnicas que pro- O Ministério do Meio Am-biente trata
dutos e serviços devem respeitar para evitar de questões referentes aos agrotóxi-
cos, emissão de gases e partículas
poluentes por veículos automotores,
ruído provocado por indústria, veícu-
Fotos de Glória Flügel

los ou equipamentos eletrodomésti-


cos. Já o Ministério do Trabalho trata
dos regulamentos re-ferentes a
equipamentos de segurança utiliza-
dos pelos trabalhadores. O
Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, por
meio do Inmetro, regulamenta os as-
pectos que garantem a confiabili-
dade das medições realizadas nas
transa-ções comerciais e a segu-
rança de produtos que não sejam da
competência de outros ministérios.
Para elaborar um regulamento
técnico, o organismo governamen-
Brinquedos que soltam peças, que passam pelo gabarito da foto menor, são
perigosos para crianças de até 3 anos. Isso deve ficar claro na embalagem. tal responsável consulta as partes

12
A segurança dos produtos e serviços

interessadas — fabricantes, consu- pró-prio Ministério ou nas secretarias de Saúde


midores, entidades de pesquisa, estaduais. Para obter o regis-tro, os fornecedores
órgãos estaduais responsáveis precisam comprovar que seus produtos estão de
pela fiscalização do produto — e acordo com os regulamentos.
elabora uma proposta de regula- Um exemplo de regulamento técnico é o que
mento, que é submetida a consulta trata da segurança dos brinquedos. Por este reg-
pública. Ao mesmo tempo, notifica- ulamento, os brinquedos fabricados no Brasil ou
se a Orga-nização Mundial do importados devem demonstrar, por meio de tes-
Comércio para que os países que tes de laboratório, que atendem aos requisitos de
exportam ou pretendem exportar o segurança, que incluem advertências quanto à
produto em questão para o Brasil idade adequada para utilização, níveis de mate-
se posicionem quanto à proposta. riais potencialmente tóxicos, inflamabilidade, pre-
Um regulamento não pode ter req- sença de peças que possam ser engolidas, pon-
uisitos que, sem justificativa de tas perigosas, cordões, etc.
aspectos de seguran-ça, saúde ou
preservação ambiental, impeçam
ou dificultem o comércio entre as Normas técnicas: condições
nações. mínimas de segurança para
Durante a consulta pública, os produtos
qualquer segmento da sociedade po-
de se manifestar sugerindo mudan- No Brasil, as normas técnicas são elabo-
ças ao texto do regulamento técnico. radas pela Associação Brasileira de Normas
Após a consulta pública, o organis- Técnicas (ABNT), uma entidade civil sem fins
mo governamental emite um ato ofi- lucrativos que, por meio de seus associados,
cial que pode ser uma portaria, uma elabora normas para diversos setores industriais.
resolução ou um decreto, tornando As normas são elaboradas por Comissões de
obrigatório o regulamento, estabele- Estudo formadas por representantes das partes
cendo o prazo para as empresas se que têm interesse no produto ou serviço em estu-
adequarem à nova situação e indi- do. Assim, podem, e devem, participar de uma
cando como será feita a fiscalização. comissão de estudo representantes dos fabri-
Alguns órgãos tornam obrigatória a cantes, dos consumidores, de entidades governa-
inspeção das instalações dos fabri- mentais e de universidades e institutos de
cantes. Esse é o caso dos produtos pesquisa. Não é necessário ser sócio da ABNT
de origem animal, que devem ter a para participar de uma Comissão de Estudos.
marca do Sistema de Inspeção Nem toda norma está diretamente relaciona-
Fede-ral do Ministério da Agricultura, da ao item segurança. Algumas estabelecem
Pe-cuária e Abastecimento (SIF) ou como deve ser feito um determinado tipo de
do organismo estadual ou municipal ensaio la-boratorial, outras padronizam, isto é,
correspondente, para serem comer- uniformi-zam as dimensões ou a nomenclatura.
cializados. O Ministério da Saúde Normas de segurança são documentos que
costuma exigir que os produtos reg- estabelecem as condições mínimas a serem
ulamentados sejam registrados no observadas para que produtos e serviços não

13
Saúde e segurança do consumidor

ofereçam riscos aos consumidores. O fato de um cos que poderiam levar à ruptura no
produto estar de acordo com uma norma significa momento da sua utilização, expondo
que ele deve ser seguro se utilizado da forma a riscos seu usuário, além de impedir
para a qual foi concebido, observando-se as que seja usada para seu fim.
recomendações constantes do rótulo, da embal- Algumas vezes, a norma tem
agem ou do manual de instruções. que exigir que o produto contenha
Durante a elaboração de uma norma, uma dispositivos que impeçam a oper-
tarefa da Comissão de Estudo é considerar tanto ação em condições inseguras. Um
os riscos decorrentes do uso normal ao qual o exemplo típico é o das máquinas de
produto se destina quanto os do uso abusivo lavar roupa. Em geral, elas possuem
razoavelmente previsível. Deve-se identificar os dispositivos eletro-mecânicos que
riscos em potencial em todos os estágios e impedem seu funcionamento se a
condições de uso do produto, incluindo o trans- tampa não estiver fechada, evitando
porte, a armazenagem e o descarte para avaliar assim riscos de acidentes com o
se são toleráveis. Se o potencial de risco não é usuário O mesmo acontece com os
tole-rável, a norma deve estabelecer requisitos fornos de microondas.
para reduzir o perigo. No que diz respeito às normas
Para estabelecer padrões de segurança, as relacionadas ao descarte, um exem-
normas podem fazer exigências em termos de plo típico é o das latas de aerossol.
controle da qualidade de produtos prontos. A nor- Por conterem gás explosivo, é co-
ma NBR 10334, por exemplo, que trata da segu- mum exigir-se que a embalagem tra-
rança de chupetas, exige que os diferentes lotes ga um alerta ao consumidor no sen-
fabricados sejam submetidos a um ensaio que tido de não fazer o descarte em
simula a mordida ou a mastigação, de forma a locais sujeitos à chama para evitar
avaliar se a mesma não desprende partes que acidentes provocados pela inevitável
possam ameaçar a segurança da criança, devido explosão.
a uma eventual ingestão.
Algumas vezes, as normas têm que tratar da • Ainda falta muito
segurança do transporte dos produtos, prevendo Muitos produtos ainda não têm
embalagens que preservem a integridade de pro- normas ou as que existem podem
dutos perigosos, diminuindo o risco de queda no não atender a todos os requisitos de
transporte ou manuseio pelo consumidor. Nesse segurança esperados. Uma
sentido, a norma NBR 5991 exige que se sub- pesquisa feita pelo Idec em 1995
meta a garrafa cheia de álcool a um teste de mostrou que os playgrounds não
queda livre, não devendo haver ruptura da gar- possuíam norma de segurança para
rafa, o que levaria ao vazamento do produto e a tratar do projeto dos brinquedos e do
um iminente risco de incêndio. ambiente do parque. A NBR 14350-1
Outras normas tratam da forma de armaze- (segurança de brinquedos de play-
namento para a preservação do produto. Por ground) só foi estabelecida em 1999.
exemplo, a NBR 11861, relativa a mangueiras de E mais: com a evolução dos
incêndio, estabelece requisitos quanto à forma de produtos, do mercado de consumo e
enrolar a mangueira, evitado a formação de vin- das pesquisas, as normas também

14
A segurança dos produtos e serviços

podem ficar defasadas. Os preserva- As normas técnicas possuem uma natureza


tivos masculinos são um bom exem- voluntária, mas o Código de Defesa do
plo disso. Quando foram testados Consumidor (art. 39, incisoVIII) veda aos fornece-
pelo Idec, em 1992, de acordo com dores de produtos e serviços a colocação no mer-
as normas e regulamentos cado de consumo de produtos em desacordo com
brasileiros, todas as marcas apre- as normas expedidas pelos órgãos oficiais com-
sentaram resultados aceitáveis, mas petentes ou, na ausência destas, das normas da
testes posterio-res na Europa, de ABNT ou entidades credenciadas pelo Inmetro.
acordo com pa-drões internacionais, Um aspecto, porém, precisa ficar muito
mostraram re-sultados muito ruins. claro: exista ou não uma norma, seja ela adequa-
Por isso, a norma nacional foi aper- da ou não para garantir a segurança do consumi-
feiçoada. Em outro teste do Idec, em dor, o fornecedor será sempre o responsável e
1996, os produtos nacionais tiveram poderá ser acionado no caso de acidente de con-
bons resultados, mas os produtos sumo.
importados apresentaram proble-
mas. O teste provocou a alteração
no processo de avaliação de produ- Análise de produtos
tos importados e, em análises mais pelo Inmetro
recentes, os produtos disponíveis ao
consumidor brasi-leiro se mostraram O Programa de Análise de Produtos, criado
muito melhores e mais seguros. pelo Inmetro em 1996, analisou, em cinco anos,
153 produtos, o que corresponde a 1.483 marcas,
1.267 fabricantes e 196 prestadores de serviço.
Os resultados dessas análises são divulgados
perio-dicamente pela imprensa e objetivam mel-
horar a qualidade dos produtos e serviços
disponíveis no mercado e servir de base para
adequadas decisões de compra do consumidor.
Informações sobre os produtos analisados estão
disponíveis na internet em www.inmetro.gov.br. A
Fotos de Ana Lúcia Marcondes

seguir, descrevemos duas análises e seus


respectivos desdobramentos:

• Fósforos
Na análise de fósforos, os principais proble-
mas apresentados foram: explosão, fragmen-
tação ou separação das cabeças e pingos de
cinza quente durante o acendimento. Das seis
marcas anali-sadas, três não atenderam ao
ensaio que permite a classificação do produto
Playgrounds: em 1996,
o Idec encontrou brinquedos mal instalados e malcon- como fósforo de segurança, uma vez que acen-
servados. A norma de segurança só saiu em 1999.

15
Saúde e segurança do consumidor

deram quando os palitos foram riscados sobre


uma lixa. Os resultados dessa análise tiveram
como conseqüência a certificação compulsória

Foto de Glória Flügel


desse produto. Hoje, para serem comercializadas
no país, todas as caixas de fósforo devem trazer
a logomarca do Inmetro junto com a logomarca do
organismo certificador.
• Laboratórios de análises clínicas
Na avaliação dos laboratórios de análises
clínicas, três dos quatro laboratórios de São
Paulo apresentaram um ou mais erros nos diag-
nósticos. No Rio de Janeiro, sete dos dez labo-
ratórios ava-liados também erraram.
Nenhum dos laboratórios requisitou o pedi-
do médico aos clientes particulares para realiza-
ção dos exames e somente quatro dos 15 labo- Recipiente apropriado para descarte de agulhas,
ratórios analisados entregaram aos clientes seringas e outros materiais usados na coleta de
amostras para exames de laborat rio
instruções, por escrito, necessárias para a cole-
ta do material para realização do exame de
fezes com conservante. ros elementos da qualidade do pro-
A partir de 1998, o Inmetro disponibilizou um duto, como aspectos relacionados ao
sistema de credenciamento para laboratórios de seu desempenho, durabilidade e cus-
análises clínicas. tos de manutenção. Existem outras
formas de avaliação da conformidade
Certificação: garantia de como, por exemplo, a Etiquetagem,
produtos e serviços dentro em que se verifica um requisito do
das normas produto, a exemplo de consumo de
energia ou emissão de ruídos.
Avaliar a conformidade de um produto sig- A certificação dos produtos po-
nifica verificar se ele foi elaborado de acordo com de ser compulsória ou voluntária. A
uma norma ou regulamento técnico específico. certificação compulsória, de caráter
Por determinação de um órgão governamental obrigatório, é exigida para produtos
responsável, essa avaliação pode ser obrigatória. com impacto nas áreas de saúde, se-
Isso quer dizer que, para ser comercializado, o gurança e meio ambiente, e, em regra
produto tem de passar por ensaio em laboratório geral, deve ser executada por organ-
e as instalações do fabricante devem ser também ismo de certificação credenciado pelo
avaliadas. Isso é feito por um organismo creden- Inmetro. Os produtos certificados
ciado pelo Inmetro, para atestar que os requisitos compulsoriamente só podem ser co-
estabelecidos pelas normas ou regulamentos téc- mercializados se neles estiverem gra-
nicos foram cumpridos. vados ou afixados em etiqueta a mar-
Essa avaliação resulta, comumente, na certi- ca do Inmetro seguida do símbolo do
ficação do produto, que atesta a sua conformi- organismo certificador.
dade, mas não assegura, necessariamente, out-
16
A segurança dos produtos e serviços

São exemplos de produtos cer-


tificados compulsoriamente, no RECALL DE PRODUTOS PERIGOSOS
Recall é uma palavra inglesa que significa “chamar
Brasil, os preservativos masculinos
de volta”. É a comunicação ao público feita pelo
de látex, os botijões, mangueiras e
forne-cedor informando que vai retirar do mercado
reguladores de gás liquefeito de determinado produto ou componente dele que apre-
petróleo (GLP), fósforos, sentou defeito e que coloca em risco a saúde ou a
mamadeiras, pneus, emba-lagens segurança do consumidor. Nesse caso, o fornecedor
plásticas para álcool, fios e cabos é obrigado por lei (Código de Defesa do
elétricos, brinquedos e capace-tes de Consumidor) a avisar os consumidores, por meio dos
veículos de comunicação, e as autoridades compe-
motociclistas.
tentes. A mes-ma lei determina que o fornecedor
Já a certificação voluntária é
será obrigado a indenizar o consumidor em caso de
decisão exclusiva do fornecedor de acidente de consumo. Comum nos Estados Unidos,
produtos ou serviços, o que possi- o recall também é obrigatório no Brasil.9
bilita que exista no mercado o mes- O maior recall ocorrido em nosso país foi feito pela
mo tipo de produto ou serviço com e General Motors, para troca de uma peça de fixação
sem certificação, dependendo do do cinto de segurança de 1,3 milhão de veículos
Corsa e Tigre.10
fornecedor. É o caso, por exemplo,
de berços e cadeiras altas para danos à integridade física dos consumidores com a elab-
crian-ças. Para maior segurança, é oração de ma-nuais que orientem para o uso se-guro do
aconse-lhável que os consumidores, produto. Nem sempre é assim. Na maioria dos casos, os
na hora da compra, dêem preferên- ma-nuais limitam-se a dar instruções sobre como usar o
cia aos produtos certificados. produto de forma a obter dele sua melhor performance.
Porém, algumas normas exigem que os ma-nuais
Manual do usuário apresentem os requisitos básicos para a segurança dos
Os fabricantes de produtos usuários. Por exemplo, a norma relativa a garrafas térmi-
podem dar uma importante con- cas, a NBR 13282, exige que as instruções de uso inclu-
tribuição em termos de prevenção de am orientação para que o usuário não agite a garrafa com
líquido aquecido em seu interior, pois existe o risco de a
ampola de vidro se romper, causando lesões ao usuário. A
leitura atenta do manual antes da utilização do produto
contribui para diminuir os riscos advindos do uso errado
ou não apropriado.
Foto de Américo Vermelho

Avaliação feita em 1997 pelo Instituto Nacional de 9. Direitos do consumidor de A a Z, 2ª edição revisada e atualizada, São
Tecnologia, do Rio de Janeiro, a pedido do Idec, revel- Paulo, Idec, p.64.
ou problemas de segurança em berços. 10. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, nov/dez de 2000.

17
Saúde e segurança do consumidor

dosamente as instruções contidas nas embalagens


desses produtos antes de utilizá-los.
• Verificar se os produtos de higiene e limpeza trazem
a):
Professor( s a que crian
ças e ado -
o número do registro do Ministério da Saúde.
de acidente
r o número sujeitos em
Para reduzi vi vem estão
• Notificar o Centro de Controle de Intoxicação mais
idad e o n d e próximo sobre a ocorrência de um caso de into-
e a comun aten-
lescentes idado e a
ss á ri o re dobrar o cu xicação.
ia, é nece fereçam
seu dia-a-d u se rv iços que o
produto s o
rmos com létricas ve-
ção ao lida in stalações e
Eletrodomésticos e outros produtos
ões d e g á s,
como botij xi- • Ler os manuais de instrução antes de usar apare-
riscos, tais produtos tó
, e le tr o d o mésticos, lhos, máquinas, motores ou eletrodomésticos.
o
mau estad móveis.
lhas ou em ve n e nos e auto
• Checar as instalações elétricas da residência.
to s,
edicamen • Instalar os produtos corretamente em casa.
máveis, m que pra-
cos e infla iti r- lhes, para • Se houver danos, reclamar diretamente ao forne-
ental tr a n sm
, é fundam s seguinte
s cedor. A reclamação dever ser por escrito, com avi-
Para tanto fa miliares, o
a o s se u s so de recebimento, se enviada pelo correio, ou pro-
transmitam
tiquem e re tocolada, se entregue pessoalmente. Se não obti-ver
:
o lidar com um acordo amigável com o devido ressarcimento
cuidados a
pelos danos sofridos, procurar um órgão de defesa
do consumidor, como o Procon e, em último caso,
recorrer à Justiça.
• Ter à mão os números de telefones de emergência
O QUE FAZER (polícia, corpo de bombeiros, hospital, centro toxi-
cológico) de seu bairro ou de sua cidade.
• Verificar se o produto é de certificação compulsória
Produtos de limpeza, inseticidas e no site do Inmetro, endereço www.inmetro. gov.br, ou
medicamentos consultar o órgão público estadual de metrologia.
Nesse caso, a marca do Inmetro e a do organismo de
Foto de Ricardo Brito

• Guardar produtos de
limpeza, inseticidas e certificação são obrigatórias na embalagem ou no
medicamentos em lo- próprio produto.
cal fechado à chave,
longe do alcance de
crianças e de animais. PARA SABER MAIS
Não deixar detergentes Existe um projeto de lei para obrigar os
em cima da pia ou sa- fabricantes de medicamentos e de pro-
bão embaixo do tanque. dutos químicos, inclusive os de uso do-
méstico, a colocar embalagens especiais de
• No caso dos insetici- proteção à criança (EEPC) em seus produ-
das, dar preferência tos. A EEPC é projetada para impedir que
aos que têm cheiro bem uma criança com menos de 5 anos abra um
Lugar impr prio para frasco ou qualquer outra embalagem que
acentuado. Quando não
desinfetantes e inseticidas. contenha produto que pode ser nocivo a ela.
têm cheiro, a tendência
Nos EUA, as EEPCs são obrigatórias para
é de que as pessoas usem mais do que o necessário os medicamentos desde 1970. Naquele
e, com isso, fiquem mais sujeitas a intoxicações, país, estudos apontam que esse tipo de
principalmente as crianças. embalagem evitou, em um só ano, que se
registrassem 200 mil casos de ingestão aci-
• Inseticidas, produtos de limpeza, venenos e subs- dental por crianças. Em uma cidade ameri-
tâncias químicas não podem ser armazenados perto cana, o número de intoxicações caiu de 149
de alimentos. para 17. No Brasil, porém, o projeto de lei
que institui a EEPC está tramitando na
• Não utilizar embalagens de refrigerantes ou frascos Câmara dos Deputados desde 1994.11
de alimentos para guardar produtos de limpeza,
inseticidas ou produtos químicos. Manter a emba-
lagem original, que traz a composição do produto e
11. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, no 50, maio de
as instruções para primeiros socorros. Ler cuida- 2000, p.18.

18
Segurança
com alimentos CASOS DE CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS NO BRASIL

S egundo a Organização Mundial de


Saúde (OMS), estima-se que todo
dia no mundo 40 mil pessoas, princi-
• Dezenas de amostras de leite pasteurizado com resíduos de
agrotóxicos (piretróides) acima do limite, de acordo com aná-
lise feita pela Universidade Estadual Paulista, em 1998.*
• 44,9% do pão de queijo comercializado em Minas Gerais con-
palmente crianças, morrem por taminados com Staphylococcus aureus acima do limite, confor-
me análise da Fundação Ezequiel Dias, em 2000**.
desnutrição ou por doenças associa- • 11,8% das carnes preparadas em restaurantes industriais
das aos alimentos12. As doenças contaminadas com Staphylococcus aureus em desacordo –
Nutec, Rio de Janeiro.**
provocadas pela ingestão de alimen- • 30% do queijo fatiado e manipulado em supermercados con-
tos representam um grande perigo taminados com Staphylococcus aureus e coliformes fecais em
desacordo e 30% do filé de frango com Salmonella, em análi-
para a população e ocorrem em ses feitas pela Universidade Federal de São Paulo, em 2000**.
gran-de número, mesmo em países • Das 15 marcas de amendoim testadas pelo Inmetro, em
2000, seis estavam contaminadas por aflatoxina, um tipo de
desenvolvidos. Para se defender dos micoto-xina que, tanto em seres humanos quanto em animais,
riscos relacionados aos alimentos, o causa sérios danos à saúde, estando associada ao câncer
primário de fígado. Essa micotoxina foi encontrada em níveis
consumidor deve estar atento e infor- elevados, va-riando de duas a 20 vezes acima do limite máxi-
mado sobre os seus direitos e adotar mo permitido pelo Ministério da Saúde.
uma postura ativa, ou seja, exigir *Revista Época, Comida em pratos limpos, págs. 38–43, 16/11/1998).
**XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, livro de
que sejam respeitados, cobrando resenhas, Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Fortaleza, Ceará, 2000.
isso das empresas e do governo.
Inúmeras pesquisas realizadas
por órgãos públicos, universidades, Aproximadamente 20% dos produtos ali-
pelo Idec e pelo Inmetro mostram os mentícios testados pelo Idec nos últimos nove
altos níveis de contaminação quími- anos estavam em desacordo com a legislação
ca e microbiana dos produtos ali- sanitária e 40% deixavam de trazer informações
mentícios em geral. importantes para os consumidores.
As informações incorretas ou enganosas
nos rótulos, a grande quantidade de alimentos de
VOCÊ SABIA? alto risco sem inspeção sanitária, como as
carnes, o leite e seus derivados, e a falta ou inad-
No Brasil, mais de 50 milhões de
equação de programas específicos de monitora-
pessoas, ou 29% da população do
mento de resíduos de drogas veterinárias e
país, têm renda mensal inferior a
agrotóxicos são os principais problemas na área
R$80,00 per capita, o que não lhes
de segurança alimentar. Veja alguns exemplos
garante o consumo das necessida-
desse tipo de contaminação no quadro acima.
des calóricas mínimas fixadas pela
12. Fonte: Consumidores y Desarrollo – Boletim da Consumers
Organização Mundial da Saúde13.
International – mayo-junio 1997.
13. Fonte: Mapa do fim da fome, Fundação Getúlio Vargas, julho de 2001
(baseado em dados do IBGE de 1999).

19
Saúde e segurança do consumidor

As doenças veiculadas
pelos alimentos

Foto de Glória Flügel


As doenças transmitidas por alimentos são
muito mais graves e freqüentes do que se imagi-
na e podem até matar, sobretudo crianças, idosos
e pessoas debilitadas por alguma enfermidade.
Mesmo em países desenvolvidos, elas são um
sério problema e fonte de grande preocupação
para autoridades, como nos Estados Unidos, on-
de, no ano de 2000, 76 milhões de consumidores
adoeceram, 300 mil foram hospitalizados e mais
de 5 mil morreram por ingerir alimentos contami-
nados, conforme dados da U.S. Consumer Palmitos: todo o cuidado é pouco. É aconselhável dar
Product Safety Comission. No Brasil não existem preferência a produtos originários de plantas cultivadas,
conforme indicado no rótulo.
estatísticas exatas, mas é muito comum a ocor-
rência de surtos de diarréia e intoxicações moti- geral, os alimentos que mais causam
vados pelo consumo de alimentos contaminados doenças agudas são aqueles que se
por micróbios ou substâncias tóxicas, servidos em estragam mais rapidamente, os
festas, escolas, restaurantes e residências. perecíveis, como carnes, leite e
derivados e os pescados, além das
Perigos invisíveis preparações como maioneses e
A contaminação por produtos químicos po- bolos.
de trazer danos graves à saúde, porém, como os
sintomas ou as doenças demoram a aparecer,
nem sempre se faz uma relação com a ingestão VOCÊ SABIA?
de um determinado alimento. Um exemplo são as
subs-tâncias usadas na lavoura, como os Todo caso de doença transmitida
por alimentos deve ser imediatamente noti-
agrotóxicos, que podem causar intoxicações
ficado nos postos de saúde, para que as
crônicas e doenças graves a longo prazo. Outro
autoridades investiguem as causas e, se
exemplo são as drogas veterinárias, como os necessário, apreendam os produtos. O con-
antibióticos usados nas rações de suínos e aves sumidor deve colaborar com a vigilância
e no tratamento de doen-ças de todos os tipos de sanitária, que é o órgão de saúde que con-
animais que dão origem a alimentos para o ser trola os alimentos, fornecendo todas as
humano. O uso indiscriminado dessas substân- informações que tiver sobre o caso. Não se
deve jogar fora as sobras da refeição ou do
cias tem levado ao aparecimento de bactérias
alimento suspeito, pois elas podem ser
super-resistentes a antibióticos, o que vem sendo
analisadas em laboratório para identificar a
uma grande preocupação para médicos e con- causa da doença. O consumidor deve exi-
sumidores no mundo inteiro. gir um relatório final da investigação das
Na maioria das vezes, não se consegue autoridades, e, se for o caso, pedir na
observar a olho nu se um alimento está contami- Justiça a reparação dos prejuízos.
nado ou até mesmo estragado. De um modo

20
Segurança com alimentos

r(a):
Professo
i-
os princ
c a ra c te rísticas d
s as
os aluno veiculad
as
Mostre a e doenças
re s d
sado
ntes cau comuns
e as
pais age a s m a is
s sintom
entos, o
por alim
nção.
de preve
medidas

BACTÉRIA ALIMENTOS MAIS COMUNS PERÍODO DE INCUBAÇÃO SINTOMAS MAIS COMUNS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

StaphylococcusQueijos, bolos com cremes 1 a 6 horas Vômitos, náusea, cólicas eHigiene dos manipuladores,
aureus farofas e salgadinhos, diarréia curta, sem febre. refrigeração abaixo de 5ºC,
produtos de amido e carnes Quadro de intoxicação preparo próximo ao consumo
Salmonella spp Carnes, frutos do mar, 5 a 72 horas Diarréia severa, febre e Cocção acima de 65ºC,
maioneses e ovos infecção intestinal. conservar no frio abaixo
de 5ºC, evitar alimentos
sem inspeção sanitária
Bacillus cereus Carnes, cereais (arroz), 1a5 Dois tipos de Cocção acima de 65ºC,
vegetais, produtos de ou sintomatologia: conservar no frio
amido, pescados e leite 12 a 24 horas 1o) Diarréia, vômitos, abaixo de 5ºC, evitar
sem febre. Quadro de alimentos sem inspeção
intoxicação. sanitária, preparo próximo
2o) Diarréia, febre, ao consumo
infecção intestinal
Clostridium Carnes assadas e 8 a 15 horas Diarréia, cólicas, vômito, Higiene dos utensílios,
perfringens cozidas e pescados náusea e febre baixa cocção adequada, preparo
próximo ao consumo,
matéria-prima inspecionada
Clostridium Conservas vegetais, de 12 a 36 horas Envenenamento com Processamento térmico
botulinum carnes e mel. ou até 14 dias distúrbios neurológicos, adequado (esterilização),
visão dupla, dificuldade de acidificação e salga
falar, de se locomover adequadas de conservas
e respirar.
Shigella sp Carnes, aves, água e leite 1 a 7 dias Cólica, diarréia, febre, Higiene na preparação,
v mito, fezes com sangue conserva ªo adequada
e coc ªo a 70”C
Escherichia coli Todo tipo de alimento 12 a 72 horas DiarrØia, sangue, pus Coc ªo adequada, higiene
nas fezes e falŒncia renalna prepara ªo, conserva ªo
a frio abaixo de 5”C

Fonte: Elementos de apoio para o Sistema APPCC. Brasília, Senai/DN, 1999. 317p.
Série Qualidade e Segurança Alimentar. Projeto APPCC. Convênio Senai/CNI/Sebrae.

21
Saúde e segurança do consumidor

PARA SABER MAIS

Dez regras de ouro na preparação e para aquecer por igual, juntando água se pos-
consumo de alimentos propostas sível, para permitir a fervura, que mata os
pela Organização Mundial de Saúde micróbios.

1. Evitar alimentos clandestinos 6. Evitar o contato entre alimentos crus e cozidos


Embora muitos alimentos, como frutas e ver- Alimentos crus podem conter contaminações
duras, sejam melhores no estado natural, outros facilmente eliminadas no cozimento, mas que
só devem ser consumidos se tiverem sido podem ser perigosas se chegarem a um alimen-
processados e inspecionados, como ovos, leite, to que não será mais cozido. Evite tábuas de
carnes e pescados. Verifique as condições de corte de madeira, substituindo-as pelas de plás-
higiene do local onde são ofertados, a procedên- tico resistente.
cia, e exija, no caso dos alimentos de origem ani-
7. Lavar as mãos antes de cozinhar
mal, que tenham o carimbo da inspeção san-
Deve-se lavar as mãos antes de preparar os ali-
itária.
mentos e toda vez que realizar alguma operação
2. Cozinhar bem os alimentos que interrompa a manipulação dos mesmos, por
Carnes, peixes, ovos e derivados devem ser exemplo, ir ao banheiro, trocar fraldas ou fazer
cozidos em temperatura superior a 70º C. alguma limpeza na casa.

3. Consumir imediatamente os alimentos cozidos 8. Manter a cozinha limpa e organizada


Deve-se comer logo o alimento preparado e não Todas as áreas, superfícies, equipamentos ou
deixá-los esfriar à temperatura ambiente para utensílios de preparação dos alimentos devem
evitar que os micróbios se multipliquem. Se estar rigorosamente limpos. Os panos de prato
possí-vel, preparar somente o que vai ser con- devem ser limpos, lavados e fervidos diaria-
sumido numa refeição. Leite de mamadeiras não mente.
deve ser guardado para consumo posterior.
9. Proteger os alimentos de insetos e animais
4. Conservar adequadamente os alimentos Os insetos (como moscas e baratas), os ratos e
guardados os animais domésticos transportam micróbios
Alguns tipos de alimento que sobram de uma que podem causar doenças.
refeição podem ser guardados, mas sob refrige-
10. Utilizar água pura
ração igual ou inferior a 10ºC ou sob calor acima
Para beber ou cozinhar, utilize água tratada. Em
de 60ºC.
caso de dúvida, ferva-a por 15 minutos ou trate-
5. Aquecer bem os alimentos já cozidos a com água sanitária (uma gota para cada litro
Aqueça muito bem os alimentos já cozidos ou de água), aguardando 15 minutos para utilizá-la.
congelados ou refrigerados. Mexa, misture,

22
Segurança com alimentos

Alimentos a mídia para a liberação desses produtos. Veja


transgênicos mais informações nos sites: www.idec.org.br e
www.ctnbio.gov.br.
Alimentos transgênicos são
aqueles que foram geneticamente
alterados, em laboratório, para ad- Quem é responsável pela
quirir resistência a pragas, agrotóxi- qualidade dos alimentos?
cos ou outras finalidades. Por meio
de técnicas de engenharia genética, De acordo com o Código de Defesa do
é possível manipular as característi- Consumidor, os fornecedores de produtos — fa-
cas genéticas de um organismo, bricante, vendedor ou importador — respondem
introduzindo material hereditário de solidariamente pela qualidade ou quantidade que
ou-tras espécies. Entretanto, a pre- os tornem impróprios ou inadequados ao con-
sença de genes originários de out- sumo ou lhes tire valor. Da mesma forma respon-
ros seres vivos (vegetais ou ani- dem por disparidades entre o produto e as indi-
mais) nos alimentos, caso não seja cações constantes no recipiente, embalagem,
adequadamente avaliada, pode rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas
provocar ris-cos à saúde e ao meio as variações decorrentes da sua natureza. Não
ambiente, além de suscitar questões sendo sanado o erro no prazo de 30 dias, o con-
econômicas, sociais e éticas. sumidor poderá exigir a substituição do produto, a
Cientistas independentes e or- restituição da quantia paga ou o abatimento pro-
ganizações da sociedade civil estão porcional do preço.
exigindo maior rigor para a avaliação Na reparação de danos, o fornecedor só não
de riscos. Essa já é uma tendência terá responsabilidade se provar que não deu cau-
especialmente na Europa. A obriga- sa ao problema identificado. O consumidor tem
toriedade de informação nos rótulos 30 dias para reclamar de problemas aparentes
desses produtos também é outro em serviços ou produtos não-duráveis e 90 dias
ponto controvertido, pois ao mesmo para os duráveis. A reclamação formalizada par-
tempo que é exigida pelos consumi- alisa a contagem do prazo limite para reclamar.
dores, em muitos países ainda não é Ao comprar um alimento alterado, deteriora-
obrigatória. No Brasil, recente legis- do, adulterado ou fraudado14, o consumidor deve
lação obriga a informação no rótulo voltar ao estabelecimento onde fez a sua compra,
para produtos que contenham em procurar a gerência, mostrar-lhe a nota fiscal e o
sua composição 4% ou mais de ali- produto, e exigir a sua troca ou a de-volução do
mentos geneticamente modificados. que foi pago. Também pode recorrer ao Serviço
Na Europa, esse limite é de 1%.
Além disso, existem interesses
14. Alimento alterado: que apresenta alguma alteração numa característi-
econômicos de grandes empresas ca de identidade e qualidade, como o gosto, cor ou sabor, sem estar ne-
transnacionais produtoras de cessariamente deteriorado; Alimento deteriorado: que apresenta modifi-
cação visível na sua integridade, especialmente na cor, no odor e na tex-
sementes geneticamente modifi- tura, por ação microbiana, estando impróprio ao consumo; Alimento frau-
dado: que apresenta uma modificação nos seus componentes, não-per-
cadas, que exercem uma forte mitida pela legislação, com o objetivo deliberado de enganar o consum-
influência sobre os governos e sobre idor.

23
Saúde e segurança do consumidor

de Atendimento ao Consumidor do fabricante.

Foto de Glória Flügel


Deve, ao mesmo tempo, fazer a denúncia aos
órgãos governamentais (Vigilâncias Sani-tárias,
Procons, Tribunais Especiais), que deverão tomar
as providências que couberem ao caso.
Esse mesmo procedimento se aplica para
alimento com prazo de validade vencido, com em-
balagens violadas, alimentos sem inspeção, com
problemas de rotulagem e peso incorreto.

Rotulagem clara
e completa

Outra obrigação do fornecedor é informar


Suco de frutas: este rótulo informa que não tem con-
claramente ao consumidor o tipo e a composição servantes, mas não diz como deve ser conservado
depois de aberto.
do alimento e as eventuais restrições à sua
ingestão. Na rotulagem de alimentos, é obri-
gatório constar: gia, composto líquido pronto para
• A denominação de venda: nome que indi- consumo, embalagens recicladas,
ca a verdadeira natureza e característica do pro- gelo, sal, sal hipossódico, novos ali-
duto. Exemplo: biscoito recheado sabor limão. mentos e ou novos ingredientes,
• Para produtos nacionais: Indústria Brasileira. suplemento vitamínico e ou mineral e
• Para produtos importados: nome do fabri- vegetais em conserva (palmito). No
cante, país de origem e importador. caso de bebidas, a competência
• Marca registrada. para o regis-tro é do Ministério da
• Conteúdo líquido (ou conteúdo drenado, Agricultura, Pecuária e
quando for o caso, como nas frutas em conserva). Abastecimento. Os alimen-tos de
• Número de registro no Ministério da Saú- origem animal recebem um carimbo
de para as seguintes categorias: aditivos, ado- de inspeção (veja pág.13).
çantes, água mineral, água natural, águas purifi- • Endereço do fabricante.
cadas adicionadas de sais, alimentos adicionados • Lista de ingredientes, em or-
de nutrientes essenciais, alimentos com ale- dem decrescente, e dos aditivos. Os
gações de propriedades funcionais e ou de aditivos podem ser colocados com o
saúde, alimentos infantis, alimentos para controle nome por extenso ou o tipo seguido do
de peso, alimentos para dietas com restrição de código do Sistema Internacional de
nutrientes, alimentos para dietas com ingestão Numeração — INS. Exemplo: Nitri-to
controlada de açúcares, alimentos para dietas de Sódio — Conservador — INS 250.
enterais, alimentos para gestantes e nutrizes, ali- • Instruções para uso e preparo.
mentos para idosos, alimentos para praticantes • Modo de conservação.
de atividade física, alimentos de origem animal e • Data de fabricação, data de
bebidas não-alcoólicas, coadjuvantes de tecnolo- validade e lote.

24
Seguran a com alimentos

PARA SABER MAIS


• Contém fenilalanina – em alimentos com
aspartame. Exemplo: certos adoçantes, alguns
Uma porção de 50g de arroz branco produtos diet e/ou light, etc.
contém 180 kcal, o que corresponde • Diabéticos – contém... (especificar o mono
a 7% do valor diário a ser consumido ou dissacarídeo) – em alimento que apresente
para uma dieta de 2.500 calorias (o mono e/ou dissacarídeo.
recomendado para pessoas saudáveis).
• Este produto pode ter efeito laxativo – em
produtos com manitol, sorbitol, polidextrose ou
Arroz branco (cru)
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
outros polióis. Exemplo: algumas balas diet.
Porção de 50 g (1/4 de xícara) • Ao consumir este alimento, aumente a in-
Quantidade por porção gestão diária de água – em alimentos para cont-
Valor calórico 180 kcal %VD(*) role de peso (ou seja, alimentos para aumento,
Carboidratos 40 g 10% manu-tenção ou diminuição de peso).
Proteínas 3g 7% • Este produto não deve ser usado na ges-
Gorduras totais 0 0% tação, amamentação e por lactentes, crianças,
Saturadas 0 0% adolescentes e idosos, exceto sob indicação de
Colesterol 0 0%
nutricionista ou médico – em alimentos para cont-
Fibra alimentar 1g 3%
role de peso.
Cálcio 12 mg 1%
Ferro 1 mg 10 % • Este produto não deve ser usado como
Sódio 0 0% única fonte de alimentação de lactentes, salvo
sob orientação de nutricionista ou médico – em
*Valores diários de referência com base fórmulas infantis.
em uma dieta de 2.500 calorias. • Recomenda-se que os portadores de
Fonte: Virtual Nutri e USDA
enfermidades consultem médico e/ou nutri-
cionista antes de consumir este produto – em ali-
mentos para pra-ticantes de atividade física
• Informações em português. (repositores hidro-eletrolíticos).
• Informação nutricional sobre o • Consumir este produto conforme recomen-
valor calórico, carboidratos, proteí- dação e ingestão constante na embalagem – em
nas, cálcio, colesterol, ferro, fibra ali- alimentos vitamínicos ou minerais.
mentar, gorduras totais e saturadas, • Usar preferencialmente sob orientação de
sódio, bem como quanto em porcen- médico/nutricionista – em sal hipossódico (com
tagem cada nutriente representa teor de sódio reduzido) e repositores energéticos.
com base numa porção individual de • Pessoas sensíveis aos efeitos da cafeína
refe-rência para o consumidor.

• Advertências obrigatórias
nos rótulos
• Contém glúten – em produtos
que contêm aveia, trigo, cevada ou
malte. Exemplo: biscoitos, massas,
etc.

25
Saúde e segurança do consumidor

devem consumir o produto apenas em doses lim- eletrizante, em bebidas não-alcoóli-


itadas. Não ingerir com bebidas alcoólicas. Idosos cas prontas.
e portadores de enfermidades, consultar o médi- • A referência às normas ISO
co antes de consumir esta bebida – em bebidas 9000 ou 14000 só pode ser feita nos
não-alcoólicas prontas que contenham cafeína. rótulos, embalagens ou propagandas
• O que é proibido nos rótulos se indicar, claramente, que a certifi-
• Imagens, fotos ou frases que induzam a cação é em relação ao sistema de
substituição do leite materno, em produtos desti- gestão da empresa e que não está
nados à alimentação infantil. relacionada com a qualidade do pro-
• Expressões como anabolizante, body build- duto.
ing, hipertrofia muscular, queima de gordura, fat Aditivos: quanto
burners, aumenta a capacidade sexual ou simi- menos, melhor!
lares, em alimentos para praticantes de atividade
física. Aditivos são definidos pela le-
• Qualquer expressão que se refira ao uso gislação como as substâncias inten-
de suplementos vitamínicos e/ou minerais para cionalmente adicionadas pela indús-
prevenir, aliviar ou tratar enfermidade. tria aos alimentos com a finalidade
• Expressões como: energéticos, estimu- de conservar, intensificar ou modifi-
lantes, potencializador, melhora o desempenho, car suas propriedades, desde que
não prejudiquem seu valor nutritivo.
Eles podem conservar por mais tem-
po determinados alimentos, por agir
contra certos microrganismos, inclu-
PARA SABER MAIS sive perigosos, como o que causa o
envenenamento denominado botu-
É importante não confundir alimentos dietéti-
lismo. Também podem realçar o
cos (a palavra diet, inglesa, é muito usada no
sabor, a cor, diminuir a umidade, dar
Brasil) com alimentos leves (ou light, a grafia em
inglês usada também neste caso). volume e consistência ou substituir
Alimento diet: é o alimento isento de um deter- determinado ingrediente, como no
minado componente (que pode ser substituído caso dos edulcorantes (dão o sabor
por outro com a mesma finalidade), em geral doce), que substituem o açúcar.
destinado a dietas com restrição de nutrientes. É Os principais tipos de aditivo
o caso, por exemplo, das bebidas sem açúcar
usados são os conservantes, os
destinadas a diabéticos. Nem sempre, porém, a
corantes naturais e artificiais, os edul-
ausência de um ou mais componentes resulta
na diminuição do valor calórico total. corantes, os estabilizantes, os aroma-
Alimento light: é o alimento com valor calórico tizantes, os antioxidantes, os espes-
total reduzido em razão da diminuição da quan- santes e os umectantes e anti-umec-
tidade de carboidratos, lipídios, etc tantes. Antes de serem liberados para
consumo, passam por uma análise de
risco por especialistas da
Organização Mundial da Saúde e da
Organização para a Alimentação e

26
Segurança com alimentos

Agricultura (FAO), organismos da


Organização das Na-ções Unidas
(ONU) que definem se podem ser

Foto Glória Flügel


usados nos alimentos, em que produ-
tos podem ser usados e em que
quantidades. Também definem a
chamada Ingestão Diária Aceitável
(IDA), ou seja, quanto pode ser in-
gerido por dia, por uma pessoa em
relação ao seu peso, sem que haja
risco para a saúde.
Apesar de terem a aprovação
da OMS/FAO, não significa que al-
guns deles não possam trazer riscos
à saúde para determinadas pessoas
que apresentem alguma doença ou
sensibilidade no organismo. Também, Informações no rótulo devem incluir, quando for o caso, conservantes,
em alguns casos, se houver um antioxidantes e corantes, de maneira mais clara do que a do exemplo.

“exa-gero” no consumo de alimentos


com aditivos, mesmo pessoas com a bidas, pode produzir reações de into-lerância em
saú-de normal podem correr riscos. algumas pessoas.
Por-tanto, no caso dos aditivos, uma
regra deve ser seguida: quanto me- • Cuidados
nos, melhor! Assim, deve-se evitar alimentos com
Veja alguns exemplos:15 corantes artificiais que contenham tartrazina,
• O conservante dióxido de en- por exemplo, sobretudo as pessoas alérgicas.
xofre, usado no açúcar refinado, Da mesma forma, portadores de fenilcetonúria
coco ralado e geléias e bebidas (distúrbio hereditário no metabolismo da feni-
destrói grandes quantidades de vita- lalanina que provoca grave incapacidade men-
mina E e pode prejudicar a respi- tal) não devem consumir alimentos dietéticos
ração de pessoas asmáticas. que contenham fenilalanina. Os diabéticos (e
• Outro conservante, o nitrato até os que fazem regime com restrição de açú-
de sódio, usado em carnes curadas car) também não devem exagerar nos alimentos
e queijos, passa por um processo de e bebidas diet e light, pois podem, em alguns
transformação que pode levar a casos, extrapolar a IDA (ingestão diária aceitá-
subs-tâncias cancerígenas. vel). Veja o exemplo:
• O corante tartrazina, comum • Uma criança que pesa 30 kg pode ingerir
em balas e caramelos, pode produ- por dia, em relação aos edulcorantes (adoçantes
zir erupções cutâneas e problemas artificiais), no máximo 330 mg de ciclamato de só-
de respiração.
• O aromatizante vanilina, usa- 15. Baseado no livro Aditivos nos Alimentos, Ricardo Calil e Jeanice
do em produtos de confeitaria e be- Aguiar, São Paulo, Ed. do autor, 1999.

27
Saúde e segurança do consumidor

dio e 75 mg de sacarina. Uma lata de determina-


do refrigerante dietético contém 236,8 mg de OS RISCOS DAS DIETAS PARA EMA-
ciclama-to e 62,7 mg de sacarina. Logo, segundo GRECER NA ADOLESCÊNCIA
O culto ao corpo tem sido um tema constante
o que recomenda a OMS/FAO como IDA para
entre os jovens. A ca-da dia, o nœmero de pro-
ciclamato (11 mg/kg) e sacarina (2,5 mg/kg), essa dutos diet, light, low, etc. cresce no mercado,
criança poderia ingerir no máximo 1,4 lata, em com embalagens atraentes, incentivando as
pessoas a regimes de emagrecimento. O pro-
relação ao ciclamato, e 1,2 lata, em relação à
blema Ø que nem sempre esses produtos sªo
sacarina. Portanto, essa criança só pode con- o que prometem e, pior, podem p r em risco a
sumir 1,2 lata de refrigerante por dia. E nenhum saœde de quem os ingere.
Depois de uma anÆlise detalhada da rotulagem
outro alimento contendo essas substâncias.
de oito shakes dietØticos e de um kit de sopas
Este exemplo mostra como é importante ler e chÆs venda no mercado, em 1999, o Idec
com muita atenção os rótulos dos alimentos concluiu que esses produtos nªo fornecem
uma alimenta ªo saudÆvel, porque nªo ofere-
industrializados e, na composição, identificar quais
cem os nutrientes necessÆrios, podendo
os aditivos que contêm. Infelizmente, nem todos provocar uma queda de energia no organis-
os produtos trazem o nome dos aditivos por ex- mo. Por isso, nªo vale a pena o risco de um
tenso, pois hoje ainda se permite usar números emagrecimento temporÆrio. AlØm disso, as
informa ıes que esses produtos trazem nas
para indicar cada aditivo, como os do Sistema In- embalagens sªo inadequadas, porque os fa-
ternacional de Numeração (INS), padronizado no bricantes recomendam que esses produtos
mundo inteiro. Exemplo: dióxido de enxofre – substituam a refei ªo do dia.

Conservador – INS 200.

r(a):
Professo n o s qu e uma ali
menta-
ar aos alu
nte inform decres- Segundo a nutricionista Midori Ishii,
É importa in a r, e m ordem professora da Faculdade de Saúde
b
eve com
ibrada d ntos, con
- Pública da Universidade de São
ção equil e g u in tes alime Paulo, "uma boa nutrição baseia-se
de, os s
quantida entos: Gorduras, na combinação de 50% a 60% de
cente de e dos alim carboidratos, 30% a 35% de gor-
a pir â m id óleos e doces,
tabelece duras e 10% a 15% de proteínas em
forme es que fornecem relação ao consumo calórico diário.
energia ou calorias.

Leite e derivados,
que fornecem
proteínas, cálcio e
vitaminas docomplexo B

Carnes e ovos, que


fornecem proteínas

Legumes, verduras e frutas, que


fornecem vitaminas, sais minerais e fibras

Cereais (pães, macarrão, arroz e grãos), que


fornecem carboidratos, energia e fibras

28
Segurança

Foto de Glória Flügel


com medicamentos
O s medicamentos servem para
curar enfermidades e aliviar os
sintomas. Mas se forem ingeridos de
forma incorreta, podem ser nocivos à
saúde. Por isso, hoje procura-se
promover o uso racional dos medica-
mentos. Uso racional significa utilizar
o medicamento mais adequado para
cada problema, com a posologia cor-
reta para o paciente, durante um pe-
ríodo determinado. Dessa forma, os Criança e medicamentos, uma convivência perigosa, responsável pela
maior porcentagem – cerca de 30% – de casos de intoxicação entre cri-
remédios produzem resultados bené- anças de 1 a 4 anos.
ficos com menores riscos.
Influenciado pelas propagan- Os medicamentos essenci-
das, pelos conselhos de vizinhos, de ais
pessoas da família, de experiências
anteriores em consultas médicas ou A Organização Mundial da Saúde estabele-
de balconistas de farmácia, o brasi- ceu, em 11 de dezembro de 1999, uma nova
leiro tem o hábito de tomar medica- edição da lista de 308 princípios ativos, sob a
mentos por conta própria (autome- forma de 536 produtos farmacêuticos que aten-
dicação). O palpite de uma pessoa, dem à maior parte dos problemas de saúde da
apesar de bem-intencionada, pode população de todo o mundo. São os medicamen-
acarretar numerosos erros que agra- tos chamados essenciais. Dos outros milhares de
vam a doença ou mascaram os seus produtos à venda no mercado, relativamente
sintomas. A prática de automedica- poucos são realmente necessários para o restab-
ção quase sempre leva ao consumo elecimento da saúde das pessoas. O Ministério
de medicamentos inadequados, em da Saúde no Brasil vem editando a Relação
doses exageradas ou insuficientes. Nacional de Medicamentos Essenciais desde os
A seguir, apresentamos alguns anos 70, e o Brasil foi pioneiro nessa área. Pela
aspectos para o consumidor apren- legislação sani-tária, prestar assistência farma-
der a se proteger: cêutica à população é uma das responsabilidades
do Sistema Único de Saúde (SUS), e isso inclui
fornecer gratuitamente à população os remédios
essenciais. O Brasil está dando um exemplo
mundial com sua política de produzir e distribuir

29
Saúde e segurança do consumidor

gratuitamente os remédios para tratamento de


aids. Infelizmente, ainda faltam nas prateleiras

Foto Glória Flügel


dos centros de saúde muitos outros remédios
mais simples e baratos. Mas o cidadão tem dire-
ito de exigir que tais medicamentos estejam
disponíveis na sua comunidade. Se estiverem em
falta, a questão deve ser levada ao Conselho
Municipal de Saúde.
Para um medicamento ser considerado
essen-cial, é preciso que tenha os seguintes req-
uisitos:
a) eficácia comprovada;
b) segurança conhecida pelos efeitos colate-
rais e as reações adversas que possa Embalagem de medicamentos genéricos. A tarja e a
letra gê são obrigatórias pela Lei 9.787, de 1999.
causar;
c) se possível, não encontrar-se sob preço mais baixo que o produto orig-
regime de patente, podendo ser produzi- inal.
do como genérico (embora em alguns Medicamento genérico é o pro-
casos, como medicamentos novos para duto igual ou comparável ao de refer-
doenças novas como a aids, é preciso ência (ou inovador, ou ori-ginal, ou os
fazer exceções); chamados de marca) em quantidade
d) atender a uma necessidade de saúde de princípio ativo, concentração,
da população; forma farmacêutica, modo de adminis-
e) qualidade até o produto final, incluindo tração e qualidade. O medicamento
o processo de fabricação e embalagem; genérico pode substituir, na hora da
f) em geral, ter preço acessível; compra na farmácia, o produto de
g) encontrar-se disponível no mercado. referência, e vice-versa. Para ser
intercambiável, o fabricante precisa
comprovar que, ao tomar um medica-
A lei dos genéricos mento genérico, a substância ativa
torna-se disponível no organismo
A Lei 9.787 de 1999 é uma das estratégias humano na mesma quantidade e rapi-
da Política Nacional de Medicamentos formulada dez do produto original.
para assegurar à população maior acesso e o uso Medicamento de referência é
racional de medicamentos com boa qualidade, um produto inovador, o primeiro do
segurança, eficácia terapêutica e menor custo. tipo que consegue aprovação no
Isso porque o preço dos medicamentos tem país me-diante comprovação de
aumentado muito nos últimos anos. Um estudo do eficácia, se-gurança e qualidade.
Idec mostrou que, entre 1987 e 1998, o preço Exemplos: Tylenol é um produ-
médio dos medicamentos subiu, em dólares, até
700%, o que distanciou ainda mais a população
16. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, no 48, março de
dos remédios16. Os genéricos geralmente têm um 2000.

30
Segurança com medicamentos

to de referência – a substância ativa cado com seus respectivos preços.


do Tylenol tem o nome genérico Para-
cetamol. Os medicamentos genéricos
equivalentes ao Tylenol são vendidos O consumo abusivo pelos
como Paracetamol, assim como o jovens
ge-nérico da Novalgina pode ser
encontrado pelo nome Dipirona. Usar remédios por conta própria também faz
As vantagens da comercializa- parte dos há-bitos dos adolescentes, seja para
ção do genérico, segundo a Socieda- promover a cura de alguma doença, seja para
de Brasileira de Vigilância de Medi- alcançar o bem-estar pessoal ou ainda uma forma
camentos (Sobravime), são: física desejável. Embora alguns remédios, como
• facilitar a identificação do fár- um paracetamol para dor de cabeça, possam ser
maco; utilizados sem supervisão médica, no Brasil as
• evitar a confusão de nume- pessoas ingerem drogas de todos os tipos: cal-
rosos nomes comerciais; mantes, estimulantes, antidepressivos, as que
• reduzir a perigosa polime- dão estímulo sexual, etc. sem aconselhamento
dicamentação; médico. As indústrias farmacêuticas lançaram no
• reduzir a pressão comercial mercado uma variedade enorme de remédios e
que as empresas farmacêuti- tiveram lucro de bilhões de dólares. E, infeliz-
cas exercem sobre o médico; mente, muitos desses remédios estão ao alcance
• uniformizar exigências da co- dos jovens sem nenhuma exigência de prescrição
municação científica interna- ou acompanhamento médico adequado, embora
cional; a legislação exija a receita e que esta fique retida
• reduzir de maneira substan- na farmácia para controle das autoridades san-
cial os custos médicos.17 itárias.
No entanto, para identificar o Entre os medicamentos mais consumidos
medicamento e garantir ao consumi- pelos jovens encontram-se:
dor que está adquirindo um genérico, • Inalantes e tranqüilizantes.
a embalagem de todos os medica-
mentos desse tipo deve trazer o no-
me do princípio ativo do produto e a VOCÊ SABIA?
inscrição “Medicamento aprovado de
acordo com a Lei 9.787/99”, assim Uma pesquisa realizada em 1999 pelos
como uma tarja amarela. Dessa alunos do Curso de Ciências Farmacêuticas da
maneira, evita-se a confusão na Universidade de Brasília demonstrou que 40%
das famílias que vivem na periferia de Brasília
compra do genérico. Por outro lado,
dei-xaram de comprar pelo menos um remédio
toda farmácia tem a obrigação, por
receitado pelo médico devido ao preço18.
lei, de manter afixada em local visív-
el a relação de genéricos
disponíveis, a fim de que cada pes-
soa possa consultar e comparar os 17. Boletim 31 Sobravime – Sociedade Brasileira de Vigilância de Medi-
camentos, out./dez. 1998, p.1.
medicamentos disponíveis no mer- 18. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, no 48, março de 2000.

31
Saúde e segurança do consumidor

Foto de Oswaldo Maricato


VOCÊ SABIA?

A Organização Mundial de Saúde estima a


ocorrência de 12 mil casos diários de intoxicação
no Brasil causados por ingestão de medicamen-
tos ou substâncias químicas. As crianças são as
principais vítimas19.

• Medicamentos à base de anfetaminas:


drogas sintetizadas em laboratório, que fazem o
cérebro trabalhar mais rapidamente. É comum o
uso de anfetaminas e seus derivados em remé-
dios para emagrecer, industrializados ou vendidos
O consumo abusivo de medicamentos, sem orientação
em farmácias de manipulação, criando dependên- médica, representa um grave problema de saúde públi-
cia e com muitos efeitos adversos como nervosis- ca.

mo, insônia ou diarréia. Esses medicamentos são nosso país. O consumidor precisa se
fa-bricados e vendidos por diversos laboratórios, precaver contra a atuação das
com diferentes nomes de fantasia. O Brasil é o quadrilhas de falsificadores de
maior importador de anfetaminas do mundo20. medicamentos. Os tipos mais comuns
• Barbitúricos: medicamentos para tran- de falsificação vão desde a raspagem
qüilizar, induzir o sono e diminuir as dores. da frase “venda proibida”, no caso de
• Benzodiazepínicos: medicamentos indica- amostras grátis ou medicamentos dis-
dos para o controle de ansiedade e tensão ou
para ajudar as pessoas a dormir, como o Lexotan.
• Xaropes e gotas para tosse: alguns deles
VOCÊ SABIA?
têm em suas fórmulas a codeína, que é um
opiáceo natural. Um adulto precisa de uma dose
• Esteróides anabolizantes: drogas fabri- diária de 60 mg de vitamina C. O con-
cadas à base de hormônio masculino, a testos- sumo excessivo dessa vitamina pode
terona. Para melhorar a aparência física e mode- causar problemas respiratórios, gastrin-
lar o corpo, jovens as usam de forma indevida, em testinais e cálculos renais. A quantidade
necessária é facilmente ingerida com
alguns casos induzidos por preparadores físicos e
uma alimentação que inclui cítricos ou
instrutores de academia, colocando em risco seu
tomates, por exemplo.
bem-estar.

Falsificação
19. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, no 18, abril de
de remédios 1997, pp.18-22.
20. Saúde, Vida, Alegria! Manual para Educação em
Saúde de Adolescentes, Claudius Ceccon e Dra.
Essa é uma situação muito freqüente em Evelyn Eisenstein, Porto Alegre, Artmed, 2000, p.161.

32
Segurança com medicamentos

tribuídos pela rede do SUS, até a mis- serviço de saúde ou os serviços de defesa do
tura dos medicamentos líquidos com consumidor mais próximos, levando a embal-
água ou outro diluidor. Houve casos agem do medicamento adquirido ou o ende-reço
em que os falsificadores mudaram as do local onde você observou o medicamento sus-
embalagens: retiraram as peito.
Quanto à propaganda dos remédios, o mel-
VOCÊ SABIA?
hor é ignorar o que diz a televisão, o rádio ou a
Os medicamentos que trazem mídia impressa. Geralmente, os anúncios trazem
na embalagem uma tarja vermelha mais desinformação do que informação, chegan-
ou preta não podem ser comercial- do a ser francamente enganosos. É melhor procu-
izados sem receita médica. A tarja rar orientação com seu médico.
preta indica altíssimo potencial de
As mulheres grávidas devem redobrar o
dano ao consumidor.
cuidado com os remédios. O Grupo de Prevenção
do Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), da
pílulas das cartelas e as colocaram Universidade Federal do Ceará, trabalhando com
em frascos, para evitar o controle de o Idec, avaliou 255 remédios vendidos no Brasil
validade. Outros venderam produtos que oferecem riscos para gestantes e lactantes.
totalmen-te falsos e ineficazes, feitos Desse total, 93 podem causar problemas ao feto,
de substâncias baratas, como a farin- sendo que apenas 77 trazem informações pre-
ha, moldadas na forma de comprimi- cisas sobre esses riscos21.
dos. Para inibir a ação dos criminosos,
foi aprovada uma lei que condena a
até 30 anos de prisão os falsificadores
de medicamentos.
PARA SABER MAIS

Cuidados na compra Uma pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de


de medicamentos Informações sobre Medicamentos, do Conselho
Federal de Farmácia, junto com o projeto de colabo-
Na compra de um medicamen- ração do Idec com a Universidade de Brasília, em
que foram avaliadas 93 propagandas dirigidas a
to, é preciso estar atento para ver se
médicos (61 folhetos e 32 revistas não-científicas),
o remédio é falso ou não. Compre
revelou que 84% dos anúncios de medicamentos
apenas em farmácias e na presença não traziam as informações necessárias para uma
do farmacêutico. Nunca aceite uma prescrição adequada. A maioria das propagandas
bula em “xerox”, não compre não citava informações que podem restringir a indi-
medicamentos em feiras e camelôs e cação do remédio, como contra-indicações (73%),
verifique na embalagem do remédio reações adversas (70%), precauções (74%) e
advertências (84%)22.
a data de validade, o nome e se o
rótulo não foi alterado. Soros e
xaropes devem sempre vir com
lacre.
21. Guia do Consumo com Segurança, São Paulo, Idec, 2000, p.42.
Em caso de dúvida, procure o 22. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, número 52, agosto de 2000.

33
Saúde e segurança do consumidor

As drogas, Atualmen-
VOCÊ SABIA?
consentidas ou não te o alcoo-
lismo é responsável pela internação

Em busca do prazer, bem-estar ou autoco- de 95% dos dependentes de drogas


no país, além de ser a terceira doença que
nhecimento, o adolescente é especialmente vul-
mais mata no mundo.
nerável ao consumo de drogas, como álcool,
tabaco, cafeína, maconha, cocaína, crack, entre siva. O álcool altera a percepção e o
outras. O consumo de drogas nas sociedades comportamento das pessoas.
contemporâneas resulta da desagregação nas Segundo pes-quisa feita pelo Centro
relações afetivas e sociais, por um lado, e dos Brasileiro de Informações sobre
interesses financeiros e comerciais do mercado, Drogas Psicotró-picas (Cebrid), liga-
por outro. Sabe-se que só o narcotráfico movi- do à Escola Pau-lista de Medicina,
menta atualmente cerca de 750 bilhões a 900 bil- no ano de 1997, 51,2% dos estu-
hões de dó-lares por ano no mundo. dantes pesquisados já tinham usado
No Brasil, o consumo de drogas vem álcool antes dos 12 anos de idade e
aumentando dia a dia. Apesar de os dados não 15% dos escolares tomavam álcool
serem precisos, sabe-se que “dos adolescentes rotineiramente.
entre 10 e 19 anos que consomem algum tipo de Em julho de 1995, o Congresso
droga, 80,5% fazem uso de bebida alcoólica, 28% Nacional aprovou e o presidente
fumam e 22,8% já tomaram medicamentos psi- sancionou a Lei 9.294, que permitiu
cotrópicos”23, isto é, substâncias que agem sobre que as bebidas com teor alcoólico
o psi-quismo, como calmantes ou estimulantes. inferior a 13ºGL pudessem ser anun-
São consideradas drogas ilegais as que não ciadas na televisão, sem qualquer
estão oficialmente liberadas para o consumo: restrição de horário24. Para efeito de
maconha, cocaína, crack, heroína. Mas é preciso publicidade, a cerveja e o vinho
tratar também do consumo de álcool e tabaco, deixaram então de ser considerados
drogas consideradas legais, isto é, vendidas em bebidas alcoólicas. O problema é
todo o país com autorização do governo, e que que, segundo Beatriz Carlini Cotrim,
são responsáveis, junto com o uso de inalantes e pesquisadora do Cebrid, a cerveja é
tranqüilizantes, por mais de 90% dos abusos prat- a bebida que inicia o jovem no
icados pela população em geral. Entre os estu- alcoolismo.
dantes do Ensino Fundamental e Médio, a droga
mais consumida é o álcool, seguida pelo tabaco. • Tabaco, logo depois do álcool
Cabe lembrar que existem ainda outros produtos O tabaco é a segunda droga
utilizados pelos adolescentes que causam efeitos mais consumida entre os jovens no
altamente intoxicantes, como certos xaropes para Brasil. O Relatório da Organização
tosse, esmalte de unha e cola de sapateiro. Pan-Americana de Saúde mostra
que o hábito de fumar, considerado
• Álcool, a mais consumida
A droga mais consumida no Brasil pelos 23. Almanaque Abril 2000, São Paulo, Editora Abril, p.
102.
adolescentes é o álcool, devido aos baixos cus- 24. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, no 11, agosto de
tos, à oferta generalizada e à propaganda osten- 1996, p.8.

34
Segurança com medicamentos

• 62 em cada 100 jovens usam o taba-


co seis ou mais vezes ao mês.
• 43 em cada 100 jovens fumam taba-
co diariamente.
• Um em cada 100 fuma 20 ou mais ci-
garros por dia.27

a):
Professor( u su ários de dro
gas, lícitas
ou
e n te s
s e adolesc direitos e
As criança e vi st a de seus
do po n to d
cidadãos, entivas e
a
ilícitas, são v as e prev
s e d u c a ti
. As açõe gas
obrigações rios de dro
a d o le sc e ntes usuá
crianças e ducação
Nova forma de advertência à saúde dos fumantes, obri- atenção a o s si st emas de e
gatória nos maços de cigarro desde fevereiro de 2002. bilidad e d
de responsa , é preciso
devem ser ia l. Para tanto
stem a p o lic
pela entidade uma epidemia interna- nunca do si
e saúde e
cional, tem início, em 90% dos nos a:
levar os alu
casos, na adolescência, e atinge
aproximadamente 40% da popu-
lação adulta do mundo.
O consumo de tabaco pode
O QUE FAZER
levar à morte, por aumentar as pro-
babilidades de ocorrência de proble-
• Conversar e refletir acerca de suas expectativas, de
mas pulmonares, cardiovasculares e suas aspirações, de seus desejos, das relações fami-
diversos tipos de câncer. O cigarro liares e de amigos, a fim de reforçar atitudes positi-
contém mais de 4 mil substâncias vas e de auto-estima no processo de transformações
químicas altamente prejudiciais à relacionadas com a adolescência.
• Considerar o álcool e o cigarro como drogas peri-
saúde25. A Organização Mundial de
gosas e que causam dependência.
Saúde estima que 3,5 milhões de • Exigir um trabalho de prevenção de consumo de
pessoas morrem, anualmente, de drogas nas escolas e junto às famílias.
causas relacionadas ao uso do taba- • Evitar o consumo abusivo de qualquer produto.
• Solicitar apoio aos dependentes de drogas.
co26.
• Não dirigir automóvel depois de ter consumido be-
Dados sobre o uso de drogas bidas alcoólicas.
entre estudantes do Ensino Funda- • Incorporar hábitos saudáveis de viver: alimentação
mental e Médio, levantados em dez equilibrada, prática de esportes, etc.
• Exigir as informações necessárias dos fornecedores
capitais brasileiras pelo Cebrid,
sobre os riscos à saúde e à segurança dos consumi-
mostram que: dores em relação ao álcool, tabaco e outros produtos.
• 12 em cada 100 jovens
de 10 a 12 anos de idade
25. “O Alto Preço do Barato”, in Saúde, Vida e Alegria! Manual para
já experimentaram o taba- Educação em Saúde de Adolescentes, Claudius Ceccon e Dra. Evelyn
co, e esse número tende a Eisenstein, Porto Alegre, Artmed, 2000.
26. Relatório do Desenvolvimento Humano, Lisboa, Editora Trinova, 1998,
aumentar. p.63.
27. O Usuário, São Paulo, Ed. 34 Letras, p. 8.
35
Saúde e segurança do consumidor

Professor(a):
As indústrias farma
PARA SABER MAIS cêuticas estimulam,
por meio de men-
sagens publicitár
ias, o consumo
de medicamentos
A Associação de Defesa e Orientação do Cidadão . É
importante saber
(Adoc), de Curitiba, entrou com uma ação na Jus- que não existe me
dicamento que nã
o
tiça Federal exigindo que os fabricantes de bebidas tenha efeitos colat
erais. Só que os
riscos e danos sã
alcoólicas coloquem nos rótulos dos produtos e nas o
pouco divulgados
e não chegam ao
propagandas uma advertência sobre o risco do álcool: s ouvidos do cons
u-
midor. Os adolesc
“O álcool pode causar dependência e em excesso é entes são especia
lmente vulneráveis
ao
prejudicial à saúde”28. consumo impróprio
de medicamentos
. Por isso, o(a) pr
o-
fessor(a) precisa:

O QUE FAZER

Orientar os alunos a: • Verificar no rótulo dos medicamentos o


prazo de validade, a data de fabricação e as
Perguntar ao médico:
advertências sobre o produto.
• Realmente é necessário tomar remédio ou
• Ler atentamente a bula e o rótulo antes de
há outras opções de tratamento?
iniciar o tratamento.
• Caso não tomar, quais são as conseqüên-
• Verificar se os medicamentos trazem, no
cias?
rótulo, o número de registro do órgão compe-
• Posso usar esse medicamento se estiver
tente emitido pelo Ministério da Saúde.
grávida, amamentando ou pretendendo en-
• Comprar medicamentos apenas em droga-
gravidar?
ria ou farmácia de confiança e com o farma-
• Como atua esse medicamento?
cêutico presente.
• Ele vai me curar ou apenas aliviar algum
• Exigir do farmacêutico a informação ade-
sintoma?
quada sobre a segurança de cada medica-
• De que forma devo tomá-lo?
mento.
• Como posso saber se ele não estiver fazen-
• Descartar todos os medicamentos com data
do efeito?
de validade vencida.
• Quais os efeitos colaterais do medicamento?
• Não deixar os medicamentos ao alcance
• O que devo fazer se esquecer de tomar
das crianças. Não dizer às crianças que
esse medicamento?
remédio é doce ou gostoso, porque pode
• Posso usar outros medicamentos ao
estimu-lá-las a tomar remédio sem necessi-
mesmo tempo?
dade.
• É possível ficar dependente desse me-
• Usar somente seringas descartáveis.
dicamento?
• Comunicar à Agência Nacional de
• Quando devo parar?"
Vigilância Sanitária ou ao Ministério da
Fonte: Idum/Sobravime, segundo concepção original de Andrew
Herxheimer. Saúde qualquer irregularidade ou qualquer
Tomar as seguintes atitudes: efeito adverso sério e inesperado de um
• Em geral, só tomar medicamentos com medicamento. Ligue para o telefone abaixo:
receita do médico.
• Fazer pesquisa de preços dos medicamen- Disque Saœde: 0800-610033. A liga ªo Ø
tos verificando a existência de genéricos. gratuita, de qualquer ponto do pa s.
• Exigir sempre a nota fiscal dos medicamentos.

28. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, número 47, fevereiro de 2000, p.7.
36
Segurança com medicamentos

Problemas com A gravidez indesejada na adolescência é um


gravidez e doenças problema mundial. No Brasil, calcula-se que, dos
sexualmente 50 milhões de habitantes entre 10 e 24 anos,
transmissíveis cerca de 700 mil meninas entre 10 e 19 anos
tiveram um parto em 1998. “De 1993 a 1998, a
Quando chega a puberdade, porcentagem de partos feitos pelo SUS em ado-
uma profusão de hormônios entra lescentes aumentou cerca de 31% na faixa de 10
em funcionamento, conferindo à se- a 14 anos e 19% na de 15 a 19 anos”29. Os dados
xualidade um lugar de destaque na mostram que 4,3% das meninas de 15 anos já
vida do jovem. Mas a sexualidade são mães ou estão grávidas do primeiro filho. Até
exige muita responsabilidade, res- 16 anos, esse índice sobe para 10,6%30.
peito a si mesmo e respeito ao outro. Estudos de dados do DATASUS de 1996
Por isso, é recomendável que os jo- sobre partos realizados no âmbito do Sistema
vens, antes de iniciar suas atividades Unificado de Saúde (SUS) revelaram que 49,1%
sexuais, recebam informações a res- dos filhos de mães adolescentes são indeseja-
peito das mudanças que estão ocor- dos31. A gravidez na adolescência é considerada
rendo em seus corpos e em suas de alto risco, porque pode ameaçar a vida do
emoções, assim como orientação bebê e da mãe, cujo corpo ainda está em for-
so-bre os cuidados que devem tomar mação. Além disso, o futuro da mulher que teve
para evitar uma gravidez indesejada uma gestação precoce torna-se muito mais difícil,
e as doenças sexualmente transmis- porque ela terá muito mais dificuldade do que já
síveis (DST), como a aids. tem de continuar na escola e/ou conseguir um tra-
balho. Cerca de 80% das adolescentes gestantes
das clas-ses baixa e média abandonam a esco-
la32.
As doenças sexualmente transmissíveis
Foto de Glória Flügel

(DST) são cerca de 25 males diferentes, causa-


dos por vírus, bactérias, protozoários ou fungos
que se alojam nos órgãos genitais (no pênis,
ânus, vul-va e vagina). Qualquer pessoa pode
contrair uma DST se tiver relação sexual sem
camisinha.
Aids, ou Sida, é a sigla da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida, também considerada
uma doença sexualmente transmissível. A aids é
causada pelo vírus chamado HIV (Vírus da Imu-
nodeficiência Humana), que ataca os mecanis-

29. Almanaque Abril 2000, São Paulo, Ed. Abril, p.102.


30. Bemfam, et al., Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, 1996.
Bemfam, Rio de Janeiro, 1997.
31. www.aids.gov.br
32. Saúde, Vida e Alegria! Manual para Educação em Saúde de
Preservativo masculino: a mais eficaz forma de preser- Adolescentes, Claudius Ceccon e Dra. Evelyn Eisenstein, Porto Alegre,
vação contra DST e aids. Artmed, 2000, p.134-135.

37
Saúde e segurança do consumidor

Foto de Américo Vermelho


mos de defesa do corpo humano, provocando a
perda da imunidade natural.
Qualquer pessoa pode contrair aids. O con-
tágio pode se dar por meio da relação sexual sem
preservativo, das transfusões sanguíneas, do uso
de seringas contaminadas, da aplicação de tatua-
gens sem esterilização, de máquinas de furar
para colocar brincos ou piercing, da mãe para o
filho na gestação ou, depois, na amamentação,
se ela não recebeu tratamento durante a
gravidez.
A aids manifesta-se de diferentes formas.
Existem pessoas portadoras do vírus que não
ma-nifestaram nenhum sintoma da doença,
mesmo depois de uma incubação de dez anos.
Ensaios em laboratório conduzidos pelo Inmetro e pelo
Segundo Pedro Chequer, ex-coordenador Idec, nos últimos anos, garantem que as camisinhas
nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, agora são seguras.

um terço dos 30 milhões de pessoas que vivem


com HIV ou aids no mundo são jovens na faixa aids e de outras doenças sexual-
dos 10 aos 24 anos33. mente transmissíveis. De fácil aces-
so, pode ser encontrada à venda nas
Produtos para a prevenção farmácias e supermercados, além de
ser distribuída gratuitamente em
Para evitar a gravidez indesejada e as DST, qualquer serviço de saúde pública
existem recursos que podem ser utilizados tanto (postos/centros de saúde e hospi-
pelos homens quanto pelas mulheres. Os serviços tais). O mais recomendado para ado-
do Sistema Único de Saúde devem oferecer acon- lescentes que têm atividade sexual é
selhamento e métodos anticoncepcionais para a chamada dupla-proteção. Isso
todas as mulheres, inclusive adolescentes. No quer dizer que, para evitar de forma
momento da escolha de qualquer método anticon- mais segura a gravidez e as DST, os
cepcional, deve ser levada em conta sua eficácia, adolescentes devem utilizar camisin-
uso, durabili-dade, efeitos colaterais, enfim, suas ha em toda relação sexual e ainda
vantagens e desvantagens em relação ao risco de um outro método anticoncepcional
engravidar e de contrair doenças sexualmente com maior segurança na prevenção
transmissíveis. Nesses casos, é sempre de gravidez, como a pílula, o diafrag-
recomendável a orientação e o acompanhamento ma, etc.
de um médico. Hoje em dia, já está à venda a
• Camisinha masculina e feminina camisinha feminina, feita de um ma-
A camisinha, também conhecida como terial semelhante ao da camisinha
preservativo e camisa-de-vênus, é o método anti-
concepcional mais seguro para evitar a gravidez 33. www.aids.gov.br
na adolescência, além de proteger também da

38
Segurança com medicamentos

masculina. É eficaz na proteção das as DST. O uso desse medicamento deve ser feito
DST e aids, mas o risco de gravidez é sempre com acompa-nhamento médico, para
de 21% contra 14% da camisinha controle e maiores esclarecimentos.
masculina. • Diafragma
Cuidados na compra É uma membrana de borracha que, quando
Geralmente, os centros de inserida na vagina, cobre apenas o colo do útero.
saúde distribuem camisinhas de gra- O diafragma não oferece proteção contra a aids e
ça. O Idec e o Inmetro vêm acompa- outras doenças sexualmente transmissíveis. Há
nhando a qualidade das camisinhas um risco de 20% de ter uma gravidez. Deve ser
no Brasil e hoje em dia as marcas são usado com um espermicida. Pode provocar irri-
seguras. Mas, na hora da compra, tação na vagina, infecções na bexiga e é contra-
fique atento: indicado para quem tem infecções urinárias crôni-
• Não compre produtos em cas, alguma anormalidade do útero ou problemas
feiras livres ou camelôs – muitos são na coluna.
irregulares e de qualidade inferior. • DIU
• Observe se a embalagem não O dispositivo intra-uterino (DIU) é um mé-
está violada. Dê preferência para as todo anticoncepcional eficaz, inserido no útero
camisinhas lubrificadas – isso reduz a pelo médico, mas é indicado para as mulheres
freqüência de ruptura em uso. Está que já tiveram filhos. Sua durabilidade varia de
indicado na embalagem. cinco a dez anos. O risco de gravidez é muito
• Verifique se a embalagem baixo, menos de 1%. Exige acompanhamento
apresenta o símbolo do Inmetro, o médico e não protege contra as DST.
que demonstra que o produto pas- • Outros métodos: injeções e espermicidas
sou pelos testes de qualidade e A injeção contém hormônios que podem
segurança necessários para sua provocar efeitos colaterais e exige acompanha-
certificação. mento médico. Os espermicidas vaginais
• Confira a data de validade. (cremes, geléias e óvulos) matam os esperma-
Normalmente elas valem por três tozóides, mas não o suficiente para evitar a
anos.
• Leia as instruções contidas na
embalagem34. É muito importante
saber colocar bem a camisinha para
evitar que ela se desprenda ou rompa
Foto de Gl ria Fl gel

durante o ato sexual. O uso incorreto


é a causa mais freqüente de ruptura
de camisinhas.

• Pílulas
São comprimidos feitos à base Diafragma apresenta 20% de risco para gravidez. E, como cobre apenas
de hormônios artificiais que, se inge- o colo do útero, não protege contra aids e outras DST.

ridos corretamente, podem evitar a


gravidez, mas não protegem contra 34. Consumidor S.A., São Paulo, Idec, fevereiro 2000.

39
Saúde e segurança do consumidor

a):
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Sistema Ú n ticoncepcio
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mento e ste
aconse-lha alizam o te
m o o s lo cais que re • Reconhecer os próprios limites e
tes, bem co
adolescen desejos sexuais e respeitar os dos
.
tuitamente outros.
de aids gra
• Ser capaz de tomar decisões e ser
responsável por elas ao se envolver
em relacionamentos sexuais.
• Defender-se de vínculos nos quais
se sinta objeto ou vítima de manipu-
lação ou exploração.
• Saber onde procurar se informar ou
conseguir atendimento para saúde
reprodutiva. Escolher um método an-
ticoncepcional que considere as ca-
racterísticas pessoais, para poder
usá-lo de forma eficaz.
• Buscar acompanhamento médico
integral durante a gravidez.
• Evitar contrair ou transmitir doença
sexualmente transmissível, inclusive
o vírus da aids.
• Realizar regularmente procedimen-
tos preventivos, tais como: Papani-
colaou, auto-exames dos seios e
testículos.

35. Saúde, Vida e Alegria! Manual para Educação em Saúde de Adoles-


centes, Claudius Ceccon e Dra. Evelyn Eisenstein, Porto Alegre, Artmed,
2000, p.131.

40
Glossário

Glossário
• Aditivos: substâncias usadas na composição de alguns produ-
tos com a finalidade de melhorar o processo de fabricação,
tratamento, embalagem, transporte ou estocagem.

• Adolescência: período de transição da infância até a vida adul-


ta que compreende uma série de mudanças no desenvolvi-
mento físico, emocional, mental e social.

• Aids: sigla inglesa que significa Síndrome da Imunodeficiên-


cia Adquirida.
Síndrome: é um conjunto de sinais e sintomas.
Imunodeficiência: indica que o sistema de defesa
imunológico da pessoa está deficiente.
Adquirida: significa que a pessoa infectou-se com o
HIV no decorrer de sua vida.

• Alimentos geneticamente modificados: são alimentos que, por


um processo de engenharia genética, recebem genes de out-
ras espécies animais ou vegetais, com a finalidade de se
tornarem resistentes a doenças, pragas ou até a agrotóxicos.
São os chamados alimentos transgênicos.

• Anfetaminas: drogas estimulantes que provocam sensação de


alerta e estimulam as atividades físicas. São usadas em
regimes de emagrecimento, mas em grandes doses podem
causar a morte.

• Anorexia: doença provocada por problemas emocionais que


leva à perda de apetite e à desnutrição aguda.

• Botulismo: doença causada pela bactéria Clostridium botu-


linum, que causa uma série de sintomas, como insuficiência
respiratória, distúrbios visuais, dificuldade para comer, pro-
blemas de coordenação motora e fraqueza generalizada.
Pode levar à morte.

• Caloria: é a energia contida nos alimentos.

• Carboidratos, glicídios ou açúcares: elementos orgânicos que


constituem a maior fonte de energia para o corpo.

41
Saúde e segurança do consumidor

• Cocaína: droga que causa dependência física e psicológica


em pouco tempo, e pode provocar a morte.

• Colesterol: tipo de gordura produzida pelos tecidos orgânicos


do nosso corpo.

• Crack: droga derivada da cocaína, que costuma ser fumada ou


injetada. Vicia com muita rapidez.

• Dependente: pessoa que consome determinada droga com-


pulsivamente.

• Desnutrição: termo que significa um distúrbio nutricional capaz


de provocar perda de peso em relação à idade ou à altura.

• Drogas: substâncias extraídas de plantas ou derivadas de pro-


dutos químicos usadas para alterar os processos mentais.

• DST: sigla de doenças sexualmente transmissíveis, como sífi-


lis, gonorréia, herpes genital, clamídia e aids.

• Engenharia genética: tecnologia que permite a manipulação


de genes com a finalidade de modificar as características
genéticas de uma espécie. A técnica dá origem a espécies de
animais ou plantas que não existem na natureza, geralmente
mais resistentes a doenças ou a pragas agrícolas.

• Espermatozóide: célula reprodutora masculina, formada no


testículo.

• Fast-food: refeições rápidas que, geralmente, contêm poucos


nutrientes e muitas calorias.

• Genital: termo referente aos órgãos genitais, como testículos,


ovários, vesículas seminais, próstata, útero e anexos.

• HIV: sigla que significa Vírus da Imunodeficiência Humana, o


agente causador da aids.

• Lipídios, ácidos graxos ou gorduras: elementos orgânicos uti-


lizados como fonte de energia ou de armazenamento nos teci-
dos que regulam a temperatura corporal.

• Maconha: droga que costuma ser fumada e provoca uma sen-


sação relaxante. O seu uso contínuo pode provocar perda de
memória e deixar a pessoa alheia aos interesses da vida.

42
Glossário

• Medicamentos genéricos: são os que contêm as mesmas sub-


stâncias ativas dos medicamentos originais ou de marca. São
licenciados desde que análises do Ministério da Saúde
atestem eficácia igual à do original.

• Obesidade: doença caracterizada por excesso de gordura,


aumento do número e do tamanho das células gordurosas do
corpo e peso 20% acima do ideal para a altura, o sexo e a
idade.

• Organismos geneticamente modificados: organismos que


tiveram suas características genéticas modificadas em labo-
ratório.

• Plano de saúde: contrato de assistência à saúde com atendi-


mento em serviços próprios ou de terceiros (rede credenciada
de estabelecimentos e/ou profissionais).

• Proteínas: podem ser de origem animal ou vegetal. Durante o


processo da digestão, elas são quebradas em aminoácidos,
usados pelo organismo na construção dos tecidos, transmis-
são de informação genética e para dar energia.

• Puberdade: fase da vida em que ocorrem mudanças corporais


e os órgãos da reprodução adquirem capacidade de funciona-
mento.

• Sais minerais: substâncias inorgânicas essenciais em sua


função reguladora das atividades celulares do organismo, co-
mo cálcio, ferro, zinco, sódio, flúor, etc.

• Seguro-saúde: contrato de assistência caracterizado pela co-


bertura de riscos relacionados à saúde, onde o segurado
(consumidor) pode escolher livremente o prestador do serviço
e depois é reembolsado das despesas no limite do valor con-
tratado.

• Sexo: termo relacionado às diferenças biológicas entre macho


e fêmea, à anatomia do corpo e aos genitais. A palavra tam-
bém é empregada como sinônimo de relação sexual.

• Sexualidade: é a maneira como vivemos e expressamos nos-


sos desejos e prazeres corporais. Não se reduz unicamente à
prática sexual, às áreas genitais e ao sexo propriamente dito.
É a expressão de um estado interior que impulsiona o indiví-
duo para a vida, para estabelecer relações que propiciem

43
Saúde e segurança do consumidor

suprir os desconfortos, vencer a solidão e estabelecer


relações afetivas com as pessoas. Está presente desde que
nascemos e nos acompanha por toda a vida.

• Vitaminas: compostos orgânicos que existem nos alimentos,


essenciais, em pequena quantidade, para o funcionamento do
nosso organismo.

44
Bibliografia

livros, revistas
Bibliografia e publicações
AQUINO, Julio Groppa (org.). Drogas na cional brasileiro.
escola: alternativas teóricas e práticas. BUCHER, Richard. Drogas e drogadição no Brasil, Porto
São Paulo, Summus, 1998. Alegre: Artes Médicas, 1992.
Este livro reúne artigos de vários pro- Escrito numa linguagem clara e envolvente, este livro,
fissionais em torno da questão do con- cujo autor é um psicanalista, faz uma abordagem da
sumo de drogas na adolescência e das droga como um fenômeno da sociedade, que envolve
formas de prevenção apresentadas na aspectos afetivos, sociais e antropológicos.
instituição escolar. Cecip. Saúde, vida, alegria!, Rio de Janeiro, Cecip, 1998.
AQUINO, Julio Groppa (org.). Sexualidade Excelente manual que propõe aos educadores e ado-
na escola: altenativas teóricas e práti- lescentes um diálogo permanente acerca da saúde
cas, 2a edição, São Paulo, Summus, dos jovens: crescimento, desenvolvimento biopsicos-
1997. social, nutrição, saúde bucal, sexualidade, gravidez,
Reúne artigos de especialistas de dife- DST/ aids, drogas, violência, acidentes e cidadania.
rentes áreas em torno do tema da se- Contém ainda publicações com Sugestões
xualidade humana. Trata-se de um Pedagógicas, Men-sagens Ilustradas, 12 folhetos e 11
conjunto de reflexões sobre as múlti- vídeos sobre esses temas.
plas possibilidades de manejo teórico e Cecip. Comunidades terapêuticas, Rio de Janeiro, Cecip,
prático das manifestações da sexuali- 1998.
dade no cotidiano escolar. A publicação é um produto do Programa Nacional de
BONTEMPO, Alcides. O que você precisa Treinamento para Prevenção do Abuso de Drogas e
saber sobre nutrição, 5a edição total- Tratamento, Reabilitação e Reinserção Social do
mente renovada e ampliada, Rio de Ja- Usuário, financiada pelo Programa das Nações Unidas
neiro, Editora Ground, 1989. para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP).
O livro aborda as principais dúvidas em Apresenta como funcionam as "Comunidades Tera-
relação à alimentação e às proprie- pêuticas", programas de prevenção integrados, princi-
dades dos alimentos, orientando a co- palmente junto às comunidades de baixa renda, com o
mer bem. objetivo de reduzir o abuso de drogas.
Brasil. Secretaria de Educação Cecip. Ficar...Por dentro!, Rio de Janeiro, Cecip, 1995.
Fundamental. Parâmetros curriculares Orientação para agentes de saúde e professores a
nacionais: terceiro e quarto ciclos do res-peito do uso dos seis métodos contraceptivos mais
Ensino Funda-mental. Secretaria de conhecidos, ajudando a tirar dúvidas de adolescentes
Educação Fun-damental, Brasília: de diferentes idades e níveis sociais.
MEC/SEF, 1998. Cecip. Situações de risco à saúde de crianças e adoles-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, centes, Rio de Janeiro, Cecip, 1993.
destinados aos professores das séries O livro visa debater situações difíceis e polêmicas que
finais do Ensino Fundamental, têm a envolvem crianças e adolescentes e, ao mesmo
intenção de ampliar e aprofundar um tempo, multiplicar conhecimentos de saúde de uma
debate educacional que envolva esco- maneira acessível para profissionais da área, edu-
las, pais, governos e sociedade, de cadores sociais e líderes comunitários. Aborda os
mo-do a transformar o sistema educa- seguintes temas: direitos de cidadania e saúde, sexu-

45
Saúde e segurança do consumidor

alidade, violência e abusos físicos, gestação na ado- 2000.


lescência, drogas, DST/aids, crescimento, desenvolvi- De leitura obrigatória, este guia, além
mento psicossocial, saúde mental, doenças infecto- de alertar os consumidores para os
contagiosas e parasitárias, acidentes e propostas de fatores que colocam em risco a saúde
ação. e a segurança no uso de produtos e
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópi- serviços, resume os principais testes e
cas – CEBRID- IV Levantamento sobre o uso de dro- avaliações feitos pelo Idec.
gas entre estudantes de 1o e 2o graus em 10 capitais LAZZARINI, Marilena (coordenadora).
brasileiras – 1997. Direitos do consumidor de A a Z, 2a
Esta publicação traz dados, estatísticas e comentários edição, São Paulo, Idec, 1997.
importantes sobre o uso de drogas entre os adoles- Este guia contém informações e orien-
centes, além da metodologia utilizada e discussão dos tação sobre casos concretos que ocor-
resultados. rem freqüentemente nas relações con-
COLL, César e Teberosky, Ana. Aprendendo ciências. sumidor/fornecedor, descrevendo si-
Conteúdos essenciais para o Ensino Fundamental de tuações, explicando os artigos do Có-
1a a 4a série, São Paulo, Editora Ática, 2000. digo de Defesa do Consumidor especí-
Totalmente baseado nos Parâmetros Curriculares ficos para cada uma delas e oferecen-
Nacionais (PCN), este material didático desenvolve o do soluções.
estudo e a compreensão dos temas científicos. LAZZARINI, Marilena, "Alimentos transgêni-
Constitui uma boa obra de consulta. cos: a precária avaliação dos riscos à
CONSENTINO, Edson. Para educar é preciso pensar, São saúde". Seminário Câmara dos
Paulo, Organon, 2000. Deputados, Brasília, 14 de setembro
A publicação traz reflexões dirigidas a pais e edu- de 2000.
cadores sobre a educação dos adolescentes em Este texto discute o uso da engenharia
relação a temas como sexualidade e saúde. genética para a produção de alimentos,
ESSLINGER, Ingrid e Kovács, Maria Júlia. Adolescência: levando em conta os aspectos ambien-
vida ou morte?, São Paulo, Editora Ática, 1999. tais, econômicos, sociais e éticos
Focalizando o período da adolescência, as autoras envolvidos na questão. Além disso,
tratam do crescimento, do suicídio, das drogas, da alerta para os riscos imprevisíveis à
aceitação do próprio corpo, da sexualidade, entre ou- saúde do consumidor.
tros temas. MARTINS, Ligia. Cozinha saudável e
GRMEK, Mirko, "O enigma do aparecimento da aids" in econômica: o barato da feira, São
Revista de estudos avançados 9 (24), São Paulo, USP, Paulo, Idec, 1999.
1995, pp. 229-239. Esta publicação é uma contribuição à
O artigo discute a situação atual do conhecimento so- campanha pela alimentação saudável
bre a aids, bem como a emergência da aids no mundo. e acessível a toda a população, lança-
Idec. Consumidor S.A., São Paulo, Idec. da em 1997 pelas associações que for-
Trata-se de uma revista independente, sem patrocínio, mam o Fórum Nacional de Entidades
que traz muitas matérias sobre os direitos do consumi- Civis de Defesa do Consumidor.
dor, faz denúncias das irregularidades na prestação de Escrito numa linguagem clara e sim-
serviços e fiscaliza os produtos do mercado. ples, o li-vro traz informações sobre os
Idec. Guia dos alimentos. Tudo que você precisa saber para alimentos, discute a boa alimentação,
comer melhor. São Paulo, Idec, 1998. além de fornecer receitas.
Escrito numa linguagem clara, este guia explica o que PAIVA, Vera. Fazendo arte com camisinha:
são os alimentos, como aproveitá-los da melhor dilemas da sexualidade dos jovens em
forma, dá informações sobre valor alimentar, além de tempos de aids. São Paulo, Summus
trazer deliciosas receitas. Editorial, 2000.
Idec. Guia do consumo com segurança. São Paulo, Idec, ________(org.). Em Tempos de aids. São

46
Bibliografia

Paulo, Editora Summus, 1992. aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis


PINHEIRO, Sebastião. Cartilha sobre trans- (DST), além de fornecer informações sobre sexuali-
gênicos, Rio de Janeiro, Conselho dade, reprodução humana e saúde pública.
Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia do Estado do Rio de SUPLICY, Marta. Conversando sobre sexo, 20a edição,
Janeiro (CREA), 1998. atua-lizada, Edição da Autora, 1999.
Esta cartilha discute o impacto sobre o Referência obrigatória para educadores e adoles-
meio ambiente e os efeitos para a centes, este manual aborda o sexo em todas as suas
saúde humana e animal provocados manifestações, sociais ou individuais, além de tirar
pelo uso de produtos transgênicos. dúvidas comuns, tabus e inseguranças.
RIBEIRO, E; EISENSTEIN, E. Falando de _____________. Sexo para adolescentes: amor, puber-
saúde para crianças, adolescentes e dade, masturbação, homossexualidade, anticon-
Educadores nas escolas e comu- cepção, DST/ aids, drogas, São Paulo: FTD, 1998.
nidades, Petrópolis, Ed. Vozes, 1990. Leitura imprescindível para os jovens que desejam
Dirigido à comunidade escolar, este viver a sexualidade com prazer e responsabilidade.
manual de educação em saúde traz TUNES, Suzane, "Comida é o melhor remédio" in Globo
informações sobre situações de risco e Ciência, novembro de 1997, pp. 24-30.
sugestões de atividades de prevenção Este artigo discute as mudanças que ocorreram na ali-
na escola. mentação dos brasileiros e indica alimentos que pro-
ROJAS, Adriane Kiperman, "A Prevenção movem a cura de doenças.
da aids na adolescência: perspectivas VARELLA, Drauzio, "Droga pesada", Folha de S. Paulo,
em educação para a saúde", in Pátio, Caderno Ilustrada, 20/05/2000.
no 5, Porto Alegre: Artes Médicas, É um depoimento pessoal de como o médico Drauzio
mai./jul. 1998, pp. 60-63. Varella ficou viciado em cigarro.
Este artigo discute o panorama atual Vários autores. Fala educadora! Fala educador!, Organon,
dos adolescentes contaminados pelo São Paulo, s/d.
HIV, bem como os programas de pre- Este excelente caderno, destinado aos educadores,
venção da aids para adolescentes. orien-ta o trabalho nas áreas de adolescência, sexual-
SANTOS, Laymert Garcia dos, "Consu- idade, saúde, prevenção de doenças sexualmente
mindo o futuro" in Mais, Folha de S. transmissíveis (DST) e aids.
Paulo, 27 de fevereiro de 2000.
Artigo muito interessante que faz uma
análise da sociedade moderna, na qual
o consumidor torna-se uma mercadoria
virtual.
SCIVOLETTO, Sandra. Manual de medicina
da adolescência, Belo Horizonte: Livra-
ria e Editora Health, 1997.
Este livro trata de temas comuns na
adolescência, como o uso de drogas,
álcool, tabaco e a sexualidade, entre
outros.
Secretaria de Estado de Saúde S.P. Fala
garoto! Fala garota!, São Paulo,
Programa de DST e aids / Secretaria
de Estado da Saúde, s/d.
Esta revista, feita a partir do trabalho
com jovens, orienta na prevenção da

47
Saúde e segurança do consumidor

Sites na o Código de Defesa do Consumidor.

internet www.inmetro.gov.br – Site do Instituto Nacio-nal de


Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro), que traz informações sobre qualidade, análise
www.aids.gov.br – Site da Coordenação Na- de produtos, avaliação de conformidade, educação para
cional de Aids do Ministério da Sáude, o consumo e fiscalização de pesos e medidas.
que informa sobre a incidência de aids www.portaldoconsumidor.gov.br – Sistema de bancos,
no Brasil e propõe estratégias de pre- gerenciado pelo Inmetro, que oferece informações
venção contra as DST. sobre assuntos específicos do consumidor.
www.cpsc.gov – Site da agência americana www.saúde.inf.br/cebrid.htm – Centro Brasileiro de
Consumer Product Safety Comission Informações sobre Drogas – Universidade Federal de
(CPSC) que protege o público contra São Paulo (Cebrid) – Escola Paulista de Medicina –
riscos e danos ao consumidor. Controla Departamento de Psicobiologia. O Cebrid vem fazendo
cerca de 15 mil produtos. levantamento, desde 1986, sobre o uso de drogas entre
www.ctnbio.gov.br – Informações sobre bio- crianças e adolescentes em situação de rua e estu-
tecnologia. dantes de 1o e 2o graus em diversas capitais brasileiras.
www.datasus.gov.br – Site do Ministério da www.sbpcnet.org.br – Site da Sociedade Brasileira para o
Saúde que traz dados e informações Progresso da Ciência que discute a questão dos
sobre a situação da saúde pública no transgênicos.
Brasil. www.ufrj.br/consumo – Site do Laboratório de Consumo &
www.falaeducador.com.br – Site dirigido às Saúde da Faculdade de Farmácia da Universidade
pessoas que participam do processo de Federal do Rio de Janeiro, voltado para a geração e
construção e das ações educativas em difusão de conhecimentos sobre consumo e saúde.
ci-dadania nas áreas de adolescência, www.unaids.org – Este é o Programa da Organização das
sexua-lidade, prevenção da aids e out- Nações Unidas para a aids.
ras doen-ças sexualmente transmis- www.undp.org/hiv/ – Site do Programa das Nações Unidas
síveis. para o Desenvolvimento que aborda a situação da aids
www.fiocruz.br – Site da Fundação Oswaldo no mundo.
Cruz que fornece um sistema nacional www.unifesp.br/dpsiq/proad/ – Programa de Orientação e
de informações tóxico-farmacológicas. Atendimento a Dependente (Proad), do Departamento
www.greenpeace.org/˜geneng – Site da de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.
Associação Greenpeace que aborda o Dentro do Proad funciona o Projeto Quixote, que ofer-
te-ma dos alimentos transgênicos. ece atendimento para crianças e adolescentes em
www.ibd.com.br – Site do Instituto Biodinâ- situa-ção de risco.
mico de Desenvolvimento Rural que trata www.usp.br/medicina/grea – GREA – Grupo Interdisciplinar
da questão dos alimentos transgênicos. de Estudos de Alcoolismo e Farmacodependências,
www.idec.org.br – Site do Instituto Brasileiro Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, FMUSP.
de Defesa do Consumidor (Idec) que Trabalha com prevenção, tratamento e pesquisa sobre
traz uma série de informações ao con- o uso de drogas.
sumidor a respeito de produtos e ser- www.who.int/ – Site da Organização Mundial de Saúde
viços que se encontram atualmente no que traz explicações sobre doenças e prevenções no
mercado, além de artigos que discutem mundo todo.

48
M ódulos
didáticos

Saúde
e
segurança
Saúde e segurança do consumidor

A segurança dos
produtos e serviços
Objetivos Atividade 1
Durante uma semana, propor aos
Conscientizar os alunos dos perigos alunos que pesquisem, em jornais,
de alguns produtos de uso cotidiano revistas e internet, informações
que ameaçam a saúde e a segurança sobre acidentes de consumo no
do consumidor. Brasil. Levar para a classe e discutir
• Buscar informações sobre os aspectos com os alunos.
relacionados à segurança do produto.
• Criar o hábito de ler manuais de
instrução.
• Saber evitar os acidentes de consumo. Atividade 2
Dividir a classe em grupos. Cada
grupo vai fazer uma lista de produtos
perigosos com os quais convivem
diariamente, justificando as razões
de sua periculosidade, como evitar
os acidentes de consumo e quais de-
veriam ser as normas de uso desses
produtos. Fazer seminários para a
classe toda e, na semana seguinte,
confrontar as informações dos alu-
nos com os próprios rótulos dos pro-
dutos.

Atividade 3
Procurar, no mercado, produtos
que tenham a marca do Inmetro e
identificar aqueles que foram certifi-
cados por motivos de segurança.

50
A segurança dos produtos e serviços

Atividade 4
Dividir a turma em grupos para
que cada um diga o que aprendeu ao
ler o manual de um produto, apre-
sentando as vantagens de estar
atento às orientações do fabricante.

Atividade 5
Elaborar uma lista dos telefones
úteis no caso de acidentes de con-
sumo de seu bairro ou sua cidade.

Atividade 6
Pedir à unidade do Corpo de Bom-
beiros mais próxima da escola uma
demonstração de como agir em caso
de vazamento seguido de incêndio
em botijão de gás e dar outras infor-
mações sobre segurança.

Avaliação

Crie uma embalagem de um


produto que coloque em risco a Divulgação
saúde do consumidor. Desenhe
e faça o rótulo com as informa- Em grupos, montar pequenas peças de tea-
ções necessárias ao consumidor. tro com casos polêmicos de acidentes de
consumo, envolvendo consumidores, fabri-
cantes, regulamentos e/ou normas técni-
cas, manuais do usuário e testemunhas.
Prepare um cenário e convide os alunos de
outras classes. Divulgar no quadro de avi-
sos da escola a relação de telefones úteis.

51
Saœde e seguran a do consumidor

Alimentos e a saúde
do consumidor
Atividade 1
Pedir aos alunos que anotem tudo
Objetivos o que comerem e beberem durante
um dia. Em uma aula expositiva, o
• Valorizar a alimentação como um com- professor salienta a importância de
ponente essencial da qualidade de vida. cada tipo de alimento, classificando-
• Fazer com que os alunos compreen- os em: construtores (carnes, ovos,
dam para que serve cada alimento queijos e leites), energéticos (arroz,
que é ingerido por eles. mandioca, macarrão e farinhas) e
reguladores (frutas e hortaliças).
• Conscientizá-los dos maus hábitos
Cada aluno fará uma análise da
alimentares.
sua alimentação, conforme os dados
• Compreender códigos e rótulos dos levantados. Em duplas, os alunos
produtos industrializados. devem fazer um levantamento dos
• Valorizar os padrões nutritivos de ali- pontos considerados positivos e ne-
mentação. Estar atento para casos de gativos de seus hábitos alimentares.
fraude, uso de aditivo e de outros pro- Fazer uma tabela com os alimentos
dutos prejudiciais à saúde. mais consumidos e menos consumi-
dos da classe. Todos juntos deverão
concluir qual é o hábito alimentar da
região em que vivem.

Atividade 2
Observar os prazos de validade dos alimentos
no supermercado e fazer um levantamento do
tempo de duração dos produtos. Em grupos, tro-
car as informações e discutir o que deverá ser
feito quando:
• O produto não se encontrar mais dentro do
prazo de validade.
• O alimento estiver contaminado e intoxicar
várias famílias no seu bairro.

52
Alimentos e a saúde do consumidor

Atividade 3
Elaborar um cardápio bem balanceado que
leve em consideração o aproveitamento dos ali-
mentos, isto é, receitas que podem ser feitas com
casca de laranja, talos de beterraba, etc. Expor
para a classe com o objetivo de confeccionar um
livro com os cardápios criados.

Atividade 4
Trazer de casa embalagens e rótulos de pro-
dutos alimentícios. Em duplas, analisar quatro
produtos e listar os ingredientes encontrados em
cada um. Coletivamente, fazer um glossário com
os termos utilizados nas embalagens (espes-
sante, aci-dulante, conservante, etc.). Pesquisar
em grupos a utilidade de cada um desses ingredi-
entes e expor para a classe.

Atividade 5
Pesquisar em grupo a respeito dos alimentos
transgênicos. Feita a pesquisa, dividir a sala em
três grupos:
1. os juízes.
2. defesa do uso dos alimentos transgênicos.
3. contra o uso de alimentos transgênicos.
O professor coloca em julgamento a questão:
“Deve-se ou não incentivar a produção e o con-
sumo de alimentos transgênicos?”
Cada grupo tem um tempo estipulado para
preparar e defender suas idéias numa dramatiza-
ção. Ao final, os juízes justificam a sua decisão.

53
Saúde e segurança do consumidor

Atividade 6
Pesquisar diferentes formas de conservar os
alimentos. O resultado desta pesquisa deverá
cons-tar do livro junto com os cardápios.
Conforme o grupo e as condições gerais, é pos-
sível concluir o assunto estudado propondo um
lanche coletivo, equilibrado e saudável.

Atividade 7
Fazer uma redação com a sua opinião sobre
os alimentos transgênicos. Cada aluno lerá sua
dissertação para a classe. O professor avaliará a
argumentação.

Avaliação

Depois de um mês, o professor


pode pedir novamente que os
alunos escrevam o que comer-
am durante um dia. Cada aluno
deve-rá comparar este relatório
com o anterior, verificando se
houve alguma mudança no seu
hábito alimentar. Divulgação

A confecção do livro contendo os cardápios


de uma alimentação equilibrada e as for-
mas de conservação dos alimentos é um
bom meio de aumentar a consciência sobre
a necessidade de conquistar, no dia-a-dia,
uma alimentação saudável.

54
Medicamentos: cuidado com o uso abusivo

Medicamentos:
cuidado com o uso
abusivo Objetivos

• Conhecer as conseqüências pos-


síveis do consumo de medicamentos,
inclusive os danos e riscos.
Atividade 1
• Alertar sobre os danos causados pelo
Para iniciar um trabalho sobre o uso indevido
de remédios, o professor pergunta aos alunos se consumo abusivo de medicamentos.
eles costumam sentir alguma dor com freqüência • Compreender o perigo da automedi-
(nesta faixa etária, geralmente ocorre cólica cação, isto é, de tomar medicamen-
mens-trual, dor de cabeça e muscular). O que tos sem receita médica ou sem neces-
fazem nesses casos? Esperam passar? sidade.
Compressas? Chás? Remédios? • Estimular o hábito de verificar o
Depois disso, o professor leva algumas bulas
prazo de validade e o correto descarte
de remédios que costumam ser usados indiscri-
de remédios.
minadamente (analgésicos, remédios de emagre-
cimento, antiinflamatórios e antiespasmódicos), • Conhecer os rótulos (tarjas) e identi-
retirando qualquer trecho escrito que identifique o ficar os medicamentos genéricos.
produto. Lê para o grupo os componentes,
dosagens, uso e efeitos colaterais; pedindo que
eles digam, depois de cada leitura, para que
serve e qual a periculosidade da droga em
questão. O professor vai anotando na lousa e
depois identifica cada um e o seu uso. Essa ativi-
dade deve servir para os alunos conversarem
sobre a importância da bula e de usar medica-
mentos apenas sob orien-tação médica.

Atividade 2
Crie uma embalagem de um medicamento já
existente com todas as informações necessárias
ao consumidor.

55
Saúde e segurança do consumidor

Atividade 3
Buscar em jornais, revistas e internet reporta-
gens sobre a propaganda de remédios e se ela
de-ve ou não continuar sendo divulgada pela
mídia. Distribuir os artigos para duplas ou grupin-
hos e pedir que conversem a respeito das vanta-
gens e desvantagens desse tipo de propaganda e
Avaliação pensem em soluções. Abrir uma conversa com a
classe toda; cada grupo trará suas conclusões.

Pedir uma dissertação respon-


dendo: por que o termo “droga”
é usado para designar medica-
mentos e drogas ilegais? O que
elas têm em comum? Atividade 4
Cada grupo entrevistará uma pessoa: médico,
farmacêutico, alguém que tome muito remédio,
alguém que seja adepto de tratamentos alterna-
tivos (chás, homeopatia, massagens). As entre-
vistas visarão sempre o cuidado e o discernimen-
to necessários no consumo de medicamentos.
Por exemplo: prazo de validade, significado da
tarja, local onde é conservado o medicamento,
Divulgação utilização do medicamento genérico.

Os alunos podem condensar em


dois dias várias atividades que
chamem a atenção para a ques-
tão do consumo indiscriminado
de medicamentos: cartazes pela
Atividade 5
escola, música no intervalo, pan-
Cada grupo deverá fazer uma pesquisa em jor-
fletos pa-ra os pais e até drama- nais e revistas a respeito dos genéricos e um le-
tizações. vantamento comparativo de preços, em farmácias
e drogarias, entre medicamento de referência e o
genérico. O trabalho deverá ser apresentado em
seminários e depois a classe toda poderá fazer
uma discussão sobre as vantagens e as desvan-
tagens dos medicamentos genéricos.

56
Os riscos de consumo na adolescência

Os riscos de
consumo na Atividade 2

adolescência Baseado no texto da página ao lado


(Droga Pesada, de Drauzio Varella), o
professor poderá desenvolver as
seguintes atividades:
1. Propor um exercício pessoal de
Objetivos
reflexão: a leitura individual (em
casa) do texto e a escrita de tópi-
• Informar sobre os cuidados referentes ao
cos do que o texto suscitou (pode
corpo e à saúde. ser uma experiência vivida ou
• Compreender a importância da diversidade opiniões sobre os assuntos trata-
de opiniões para não se deixarem levar por dos). É importante que os alunos
grupos que fazem uso da droga. compreendam que o esperado
• Conscientizá-los da importância de se pre- neste exercício é a associação de
servarem física e psiquicamente. idéias, pensamentos e sensações;
por isso, é recomendável que o pro-
• Buscar estabelecer uma relação mais crítica
fessor deixe bem claro este objetivo
e responsável, prevenindo-se dos riscos
e que não tem necessidade de redi-
decorrentes do uso de drogas, doenças se- gir um texto.
xualmente transmissíveis e gravidez precoce. 2. O professor lê junto com o grupo
o artigo do Varella e divide o texto
em partes: depoimento de um vici-
O consumo de drogas ado; conseqüências físicas provo-
cadas pelo cigarro; a gravidade do
vício; a propaganda como instigado-
Atividade 1 ra deste vício.
Cada grupos de alunos fará dramatizações 3. Em pequenos grupos, utilizando
refe-rentes aos temas: cigarro; álcool; drogas as reflexões individuais iniciais e a
legais; drogas ilegais; medicamentos. Na seqüên- leitura coletiva como material, eles
cia, o grupo criará uma história sobre o tema deverão chegar a algumas con-
escolhido, pensando em um enredo (ou final) que clusões sobre o tema e pensar nu-
suscite uma polêmica para ser resolvida por toda ma forma de transmitir essas in-for-
classe após a apresentação. O professor terá que mações para o grupo. A apre-sen-
estar bastante atento para mediar a discussão, evi- tação pode ser feita num cartaz,
denciando as diferentes posições assumidas pelos música ou dramatização.

57
Saúde e segurança do consumidor

Droga pesada ciado à busca do prazer. De todas as drogas conheci-


Autor: DRAUZIO VARELLA das, é a que mais dependência química provoca. Vicia
Jornal Folha de S. Paulo - 20/05/2000 mais do que álcool, cocaína, morfina e crack. E vicia
Editoria: ILUSTRADA, página: E12 depressa: de cada dez adolescentes que experimen-
tam o cigarro quatro vezes, seis se tornam depen-
“FUI DEPENDENTE de nicotina durante 20 anos. dentes para o resto da vida.
Comecei ainda adolescente, porque não sabia o que A droga provoca crise de abstinência insuportável.
fazer com as mãos quando chegava às festas. Era iní- Sem fumar, o dependente entra num quadro de an-
cio dos anos 60, e o cigarro estava em toda parte: tele- siedade crescente, que só passa com uma tragada.
visão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas Enquanto as demais drogas dão trégua de dias, ou
começavam a fumar em público, de minissaia, com as pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de
bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O abstinência da nicotina se sucedem em intervalos de
jovem que não fumasse estava por fora. minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou ao alcance da mão; sem ele, parece que está faltando
a tragar. Lembro que fiquei meio tonto, mas saí de lá e uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina
comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornece- e favorece sua excreção por aumentar a diurese,
dor por duas décadas; 20 cigarros por dia, às vezes quando o fumante bebe, as crises de abstinência se
mais. repetem em intervalos tão curtos que ele mal acaba de
Fiz o curso de medicina fumando. Naquela época, fumar um, já acende outro.
começavam a aparecer os primeiros estudos sobre os Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhan-
efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha tes demonstrações do domínio que a nicotina exerce
equipes de médicos encarregados de contestar siste- sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocár-
maticamente qualquer pesquisa que ousasse demons- dio, passa três dias na UTI entre a vida e a morte e
trar a ação prejudicial do fumo. Esses cientistas de não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queri-
aluguel negavam até que a nicotina provocasse depen- das implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua
dência química, desqualificando o sofrimento da legião de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o
de fumantes que tentam largar e não conseguem. ci-garro na boca. Na vizinhança do Hospital do
Nos anos 70, fui trabalhar no Hospital do Câncer Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe
de São Paulo. Nesse tempo, a literatura científica já por cân-cer levantarem a toalhinha que cobre o orifício
havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a
tipos de câncer: de pulmão, esôfago, estômago, rim, fu-maça por ali.
bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se Existe uma doença, exclusiva de fumantes, cha-
sabia até que, de cada três casos de câncer, pelo mada tromboangeíte obliterante, que obstrui as arté-
menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do rias das extremidades e provoca necrose dos tecidos.
conhecimento teórico e da convivência diária com os O doente perde os dedos do pé, a perna, o pé, uma
doentes, continuei fumando. coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de
Na irresponsabilidade que a dependência química gente, pedindo um cigarrinho pelo amor de Deus.
traz, fumei na frente dos doentes a quem recomenda- Mais de 95% dos usuários de nicotina começam a
va abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados fumar antes dos 25 anos, a faixa etária mais vulnerável
diante de pessoas de idade, mulheres grávidas e crian- às adições. A imensa maioria comprará um maço por
ças pequenas. Como professor de cursinho durante dia pelo resto de suas vidas, compulsivamente. Atrás
quase 20 anos, fumei nas salas de aula, induzindo desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem
muitos jovens a adquirir o vício. Quando me pergun- fortunas na promoção do fumo para os jovens: ima-
tavam: “Mas você é cancerologista e fuma?”, eu ficava gens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas,
sem graça e dizia que ia parar. Só que esse dia nunca esportes radicais e a ânsia de liberdade. Depois, com ar
chegava. A droga quebra o caráter do dependente. de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que
A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida não têm culpa se tantos adolescentes decidem fumar.
rapidamente nos pulmões, vai para o coração e atra- O fumo é o mais grave problema de saúde pública
vés do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e no Brasil. Assim como não admitimos que os co-mer-
atinge o cérebro. No sistema nervoso central, age em ciantes de maconha, crack ou heroína façam pro-
receptores ligados às sensações de prazer. Esses, paganda para os nossos filhos na TV, todas as formas
uma vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas ter-
de neurônios responsáveis pelo comportamento asso- minantemente. Para os desobedientes, cadeia”.

58
Os riscos de consumo na adolescência

Avaliação
Atividade 3
Entrevistar donos de bares, pada-
rias, supermercados e vendas sobre Fazer uma reflexão por escrito
a freqüência com que os adoles- so-bre o texto abaixo e as
centes aparecem para comprar bebi- questões que suscita:
da al-coólica e cigarro; como eles “Comecei ainda adolescente,
reagem (os adolescentes e os
porque não sabia o que fazer
vendedores); o que procuram mais;
com as mãos quando chegava
como eles acham que essa questão
poderia ser solucionada. às festas. Era início dos anos
60, e o cigarro estava em toda
parte: televisão, cinema, out-
doors e com os amigos. As
meninas co-meçavam a fumar
em público, de minissaia, com
as bocas pintadas assoprando a
Atividade 4 fumaça para o alto. O jovem que
Cada aluno deverá analisar não fumasse estava por fora.”
as publicidades de álcool e cigarro
veicu-ladas pela mídia. Em grupos,
os alu-nos devem trocar idéias e
dramatizar uma publicidade escolhi-
da, procurando manter a idéia origi-
nal. Ao final das dramatizações, a
classe deverá discutir se é a favor ou
contra tais pu-blicidades, justificando

Divulgação

Publicar no mural da escola uma reporta-


Atividade 5 gem com as entrevistas dos comerciantes e
Se o professor achar conveniente, jovens, não esquecendo de um cuidado
entrevistar jovens consumidores de ético em preservar a identidade dos entre-
drogas (cigarro, álcool); como come-
vistados.
çaram a usá-la; se consideram um ví-
cio; o medo de drogas mais pesadas;
o desejo de parar; como compram.

59
Saúde e segurança do consumidor

Gravidez e doenças
sexualmente transmissíveis

Atividade 1
Organizar uma discussão sobre a gravidez
precoce identificando todos os produtos e servi-
ços que deverão ser consumidos até o nasci-
mento da criança.

Atividade 2
O professor propõe uma pesquisa aos alunos,
divididos em grupos, sobre as vantagens e des-
vantagens de cada um dos métodos contracep-
tivos, considerando a anticoncepção e a prevenção
das doenças sexualmente transmissíveis (DST). A
pesquisa poderá ser feita em livros, na internet,
com médicos, usuários, familiares e outros.
Depois de apresentada a pesquisa pelos gru-
pos, o professor retoma com a classe toda as
espe-cificidades dos métodos anticoncepcionais.

Avaliação Divulgação

Pedir ao aluno uma redação so- Os alunos devem montar um mural na esco-
bre opção de cada um quanto la com informações, desenhos e gráficos
aos métodos contraceptivos e sobre os riscos das drogas e da gravidez na
os cuidados com as DST. adolescência e dicas de como prevenir as
DST.

60
Na sala de aula

Capítulo 1 – A segurança de produtos e serviços

Português
• Leitura e análise de artigos de jornais.
• Elaboração e comparação de textos.
• Redação de um rótulo

Matemática
• Leitura de rótulos com números e porcentagens de produtos que causam danos à saúde.

Ciências
• Identificação da existência de produtos perigosos que ponham em risco a saúde do consumidor.
• Conhecimento das causas dos acidentes por intoxicação.

História
• Conhecimento a respeito dos direitos das vítimas de acidentes de consumo.

Geografia
• Conhecimento dos acidentes de consumo mais comuns em seu município e de como
é possível evitá-los.

Artes
• Criação de uma embalagem de um produto com desenho e o rótulo adequado para fornecer
as informações necessárias ao consumidor.

61
Saúde e segurança do consumidor

Capítulo 2 – Alimentos e a saúde do consumidor

Português
• Leitura, redação e interpretação de textos.
• Leitura e análise de rótulos e embalagens.
• Elaboração de um glossário.
• Redação de um livro de receitas.

Matemática
• Cálculo dos prazos de validade dos produtos.
• Avaliação de preços, ofertas e quantidades.

Ciências
• Classificação dos alimentos segundo as normas de consumo (naturais, enlatados, etc.)
• Pesquisa de conservação de alimentos.
• Pesquisa e reflexão sobre os alimentos transgênicos.
• Realização de trabalhos com aditivos.
• Identificação da existência de conservantes, corantes, aditivos, utilizando a embalagem
de produtos que os alunos consomem diariamente.

História
• Pesquisa sobre a história da alimentação no Brasil.
• Estudo de costumes, tradições e lendas relacionadas ao hábito alimentar.

Geografia
• Conhecimento acerca do hábito alimentar da região.

Artes
• Dramatização sobre os alimentos transgênicos.
• Confecção de um livro.

62
Na sala de aula

Capítulo 3 – Medicamentos

Português
• Leitura, análise e interpretação de textos.
• Análise de propaganda de remédio.
• Redação de texto.
• Compreensão de bulas.

Matemática
• Observação das medidas, dosagens indicadas e prazos de validade dos medicamentos.
• Cálculo do preço do genérico em relação ao medicamento de referência.

Ciências
• Pesquisa sobre os genéricos.

História
• Pesquisa sobre o aumento de consumo de medicamentos nas últimas décadas.

Geografia
• Levantamento a respeito do consumo de remédios caseiros em seu município.

Artes
• Criação de uma embalagem de um medicamento já existente.
• Elaboração de cartazes, músicas, panfletos e dramatização sobre o consumo indiscriminado
de drogas entre os jovens.

63
Saúde e segurança do consumidor

Capítulo 4 – Riscos de consumo na adolescência

Português
• Leitura, interpretação e redação de textos.
• Criação de histórias.
• Análise de publicidades de álcool e cigarro veiculadas pela mídia.

Matemática
• Conhecimento das porcentagens crescentes do consumo de drogas entre 10 e 19 anos.
• Análise das drogas mais consumidas pelos adolescentes.
• Conhecimento da porcentagem de adolescentes que ficaram grávidas nos últimos anos.

Ciências
• Pesquisa sobre as vantagens e as desvantagens de cada um dos métodos contraceptivos.
• Conhecimento sobre a prevenção da aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST).

História
• Pesquisa a respeito da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids).

Geografia
• Campanha pela prevenção do consumo de drogas, das DST e da gravidez na adolescência em seu município.

Artes
• Dramatizações referentes aos temas: cigarro, álcool, drogas legais, drogas ilegais e medicamentos.
• Dramatizações referentes aos temas: gravidez precoce, DST, aids, métodos anticoncepcionais.
• Criação de cartaz, música ou dramatização, depois da leitura do texto Droga Pesada, de Drauzio Varella.
• Elaboração de um mural com as entrevistas dos jovens.
• Confecção de desenhos.

64
A coleção Educação para o

consumo responsável, elaborada

pelo Idec — Instituto Brasileiro de

Defesa do Consumidor — Publicidade


e
sob a coordenação do Inmetro — consumo

Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade

Industrial — aborda cinco temas


M eio
ambiente
e
em quatro volumes: consumo

• Meio Ambiente e Consumo;

• Publicidade e Consumo;
D ireitos do
• Direitos do Consumidor e consumidor

tica
Ética no Consumo; no consumo

• Saúde e Segurança do

Consumidor.
Saœdee
O objetivo é contribuir para a seguran a
do
formação de cidadãos conscientes consumidor

do seu papel como consumidores

participativos, autônomos e

críticos, a partir da sala de aula.

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