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PROVA BIMESTRAL
1. Disserte, com base na discussão feita por Roberto Cardoso de Oliveira, sobre
como os atos de olhar, escutar e escrever são fundamentais para o exercício
da antropologia.
Os atos de olhar, ouvir e escrever são três vertentes utilizadas em diversos
aspectos de nossas vidas. No campo da antropologia e das ciências sociais,
essas três ferramentas são imprescindíveis para pesquisas de diversos feitios. O
autor Roberto Cardoso de Oliveira afirma que o olhar, ouvir e escrever são
consideradas faculdades do entendimento sociocultural, e que são inerentes ao
modo de conhecer as ciências sociais. Esses três atos são algo que fazemos ao
longo de nosso dia a dia, mesmo que não estejam voltados para a pesquisa.
Neste caso, Oliveira os chama de “atos cognitivos de natureza epistêmica”.
O tipo de antropologia defendida por Tim Ingold é aquela em que não se trata de
interpretar e explicar o comportamento de outros indivíduos e outras culturas,
mas sim de compartilhar das experiências, compartilhar de sua presença e
aplicar o conhecimento concebido em nossas próprias concepções da vida
humana. Ele afirma que a antropologia prospera entre a interação da imaginação
e da experiência. Esse tipo de antropologia não se dedica, apenas, à produção
de conhecimento, pois, para ele, o mundo não é um objeto de estudo, e sim o
meio de estudo.
Finalmente o autor chega à regra que ele chama de levar os outros a sério, que
significa não apenas atentar para que os pesquisados fazem e dizem, mas
encarar os desafios que eles colocam às nossas concepções sobre como as
coisas são, o tipo de mundo em que vivemos e como nos relacionamos com ele.
Essa estratégia é reproduzida sempre que tratamos o que outros povos fazem e
dizem, não como lições com as quais podemos aprender, mas sim como
evidências a partir das quais podemos construir um caso. Essa “estratégia”
certamente trai a regra número um da antropologia, de levar os outros a sério.
Levar os outros a sério significa abrir-se para imaginações enriquecidas pela sua
experiência no campo.
Em conclusão, Tim Ingold não afirma que os chamados povos “nativos” tenham
todas as respostas certas sobre como viver. Tampouco está afirmando que os
chamados “ocidentais” também tenham todas as respostas, ou que estejam
100% errados sobre elas. Ninguém possui todas as respostas. No entanto,
possuímos abordagens diferentes, baseadas na experiência pessoal das nossas
vivências e no que aprendemos com os outros, e é válido compará-las. A
antropologia, como disciplina, é motivada pelo exercício de comparação entre
esses dois povos. No entanto, comparar não significa justapor formas pré-
estabelecidas de pensamento e práticas, como se elas já estivessem formadas
em nossas mentes e nos corpos de povos de determinada tradição. O
pensamento não se restringe à replicação do que já foi pensado, assim como a
prática não se limita apenas ao que já foi realizado. O que comparamos são
modos de pensamento e de ação. Não se trata de “catalogar” a diversidade dos
modos de vida humanos, de cada sociedade cultural, mas de unir-se à esse
diálogo.