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Departamento de História
Discente:
Luís Nhantumbo
Resumo
Cultivam-se cajueiros nos terrenos arenosos da costa marítima de Moçambique desde o século
XIX e ainda antes nalguns pontos do país. Exporta-se castanha de caju desde o início do século
XX e quando a II Guerra Mundial encerrou o tráfego marítimo para a India, nasceu a indústria
local de processamento. Depois da guerra, construiu-se um elevado número de fábricas de
processamento de castanha para exportação. Essas indústrias utilizavam a tecnologia de
descasque por impacto e empregavam uma mão-de-obra maioritariamente feminina. Em 1972 a
produção atingiu o seu ponto mais alto com a comercialização de 216.000 toneladas, sendo então
Moçambique o maior exportador mundial.Fora do seu período de estudo!
Após a independência em 1975, tais níveis de produção não se mostraram sustentáveis por
muitas razões, entre as quais a guerra e deslocações populacionais, políticas estatais
inconsistentes, baixos preços ao produtor, redes de comercialização debilitadas, escassez de
instrumentos, de bens de consumo e de alimentos, secas graves, envelhecimento das árvores (60-
70% com mais de 25 anos), assim como queimadas descontroladas. Aproximadamente 10.000
trabalhadores estavam empregados nas fábricas antes da sua privatização e da liberalização do
sector.
A maior parte das fábricas estatais foi vendida a privados em 1994 e a maioria dos proprietários
começou a reabilitá-las e a mudar a tecnologia para o descasque semi-mecanizado, que requer
mão-de-obra intensiva mas quebra menos amêndoas. Em 1995, o governo moçambicano
liberalizou o sector do caju para responder a uma exigência do Banco Mundial que condicionava
a concessão de novos empréstimos a essa medida.Em 1997, a maior parte das fábricas
encontrava-seencerrada. Os protestos públicos e os intensos debates no seio do governo levaram
a um aumento das taxas de exportação em 1999, mas a maioria das fábricas não reabriu.
Em 1998, o INCAJU, instituição pública para o fomento do caju, começou a desenvolver uma
estratégia abrangente e integrada visando revitalizar o sector e estimular actividades nas três
áreas interligadas de produção, processamento e comercialização. A estratégia baseia-se na
cooperação entre o sector privado, o governo, as ONGs e as comunidades. Foi feito investimento
público na compra e subsídio de fungicidas e pesticidas para o tratamento dos cajueiros e na
promoção de fábricas de processamento, através de garantias para que os empresários do sector
pudessem obter empréstimos. Apesar dos tímidos desenvolvimentos, a indústria nunca mais
conseguiu recuperar os seus níveis de produção ate os dias actuais.Isto está fora do seu período
de estudo! Introduzido no seculo XVI pelos portugueses ao longo da faixa costeira, a
importância económica do Caju, não cessou de crescer no presente seculo, continuando a ser
uma das mais importantes fontes de receitas para centenas de milhares de famílias camponesas,
fonte de emprego para milhares de braços na indústria, e de divisas para o país.
Não fora a crise que desde os meados da década passada começou a assolar a produção
camponesa, retraindo-a substancialmente essa importância económica, poderia por volta da
década de 1980 traduzir-se em número da ordem das centenas de milhares de toneladas de
castanha comercializada justificando-se inclusive a introdução de novas capacidades industriais.
Parte 1: Introdução
I.2. Objectivos
Tendo em conta a percepção da evolução da indústria do caju no período em análise, este ensaio
será norteado pelo argumento, segundo o qual: cCom a proclamação da independência de
Moçambique e a consequente institucionalização de um sistema económico de direcção
central, determinaram-se, desde logo, rupturas importantes no funcionamento da economia
do caju influenciando negativamente duas componentes estruturantes do sector: por um
lado, assistiu-se a uma desaceleração no ritmo da produção da castanha e, por outro,
reduz-se o dinamismo da indústria de descasque, situação que o desencadear da guerra
civil, logo em 1976, a falta de quadros, a falta de experiencia dos gestores estatais,
problemas na implementação de planos, dificuldades financeiras e outros, viriam
progressivamente a agravar.1
Portanto, defende-se neste ensaio que diferente do que vinha se verificando no período 1930, o
período pós colonial a industria do caju teve quedas significativas relacionadas com as medidas
adpotadas tanto económicas e como politicas
Wuyts (1990) faz um estudo sobre a economia e as opções políticas de Moçambique pós-
independência. Este artigo analisa em que moldes funcionou a economia socialista e a sua
efectividade, e começa a sua abordagem desde o III Congresso da FRELIMO em 1977, e analisa
questões relativas à centralização económica do país, em que o governo controlava toda estrutura
económica e sua funcionalidade. O autor faz uma analisa das mudanças que ocorrem após no
país ser adoptada esta estratégia, questões ligadas à guerra, fome, crise e seca, o que culminou
com a realização do IV Congresso, em 1983. Para o autor as principais mudanças da política
económica iniciam após o IV Congresso, pois as suas principais directivas é que determinaram
que o país iria passar uma economia liberal, que se efectivou com a adesão de Moçambique ao
BM e FMI e a implementação do seu programa, o PRE.
Para análise do contexto político e económico durante a década de 1980 temos o artigo de
Roesch (1992), que faz uma análise do ambiente que se vivia em Moçambique durante as
décadas da introdução do PRE. Explica de que forma cada um dos factores (guerra, fome, seca,
miséria e as politicas) que influenciam no processo da implementação do PRE e o seu impacto.
Na sua análise também explica principalmente como as políticas socialistas adoptadas antes, no
III Congresso da FRELIMO influenciaram na dinâmica do país. Aponta as reformas do IV
congresso da FRELIMO como sendo o ponto de viragem da economia socialista para a economia
do mercado. Estas medidas segundo o autor é que abrem espaço para Moçambique aderir as
Instituições da Bretton Wood´s (FMI e BM), e como resultado destes acordos surge o PRE, que
também vinha com varias medidas de liberalização do Mercado e transformações
socioeconómicas. Portanto olhando para aquilo que foram as transformações na indústria este
advoga que a indústria tinha que passar aos moldes de operação segundo as orientações dessas
instituições, e esta era a primeira marca do início da liberalização da exportação do comércio da
castanha do caju.
Leite (1999) Analisa) analisa a evolução da economia do Caju no contexto das mutações
profundas que caracterizam a época pós-colonial em Moçambique. Observa a economia do
Caju no quadro da ruoptura operada no sistema político e económico, começando pelo
modelo de economia administrada que caracterizou a época socialista, faz a sua abordagem
atée ao período da transição para a economia do mercado. Quanto a indústria defende que
com o sistema socialista inicialmente implantado o sector industrial a institucionaliza a
política proteccionista direccionada as unidades de destaque nacionais visando garantir o
seu aprovisionamento em prejuízo da manutenção do tradicional fluxo de exportação. No
meio a sua abordagem aprofunda a questão do programa do ajustamento estrutural, e
advoga que com este programa, marca-se o início da subida do preço do caju, e esta subida
marcava o acompanhamento da nova conjuntura nacional que iniciava com o PRE.
A peca??? por não fazer uma abordagem incisiva da indústria do caju o que é abordagem
incisiva?, e limita-se a abordagem simplicista o que é abordagem simplista?no que tange ao
período em estudo, e por sua vez nos propomos a dar a nossa contribuição neste sentido e
completar algumas lacunas no estudo da evolução da indústria de caju num período em que
estava sobre o domínio do governo.??????
Wuyts (1990) faz um estudo sobre a economia e as opções políticas de Moçambique pós-
independência. Este artigo analisae em que moldes funcionou a economia socialista e a sua
efectividade, e começa a sua abordagem desde o III Congresso da FRELIMO em 1977, e analisa
questões relativas à centralização económica do país, em que o governo controlava toda estrutura
económica e sua funcionalidade. O autor faz uma analisa das mudanças que ocorrem após no
país ser adoptada esta estratégia, questões ligadas à guerra, fome, crise e seca, o que culminou
com a realização do IV Congresso, em 1983. Para o autor as principais mudanças da política
económica iniciam após o IV Congresso, pois as suas principais directivas é que determinaram
que o país iria passar uma economia liberal, que se efectivou com a adesão de Moçambique ao
BM e FMI e a implementação do seu programa, o PRE.
Para análise do contexto político e económico durante a década de 1980 temos o artigo de Otto
Roesch (1992), queonde faz uma análise do ambiente que se vivia em Moçambique durante as
décadas da introdução do PRE, 1980. Explica de que forma cada um dos factores (guerra, fome,
seca, miséria e as politicas) que influenciam no processo da implementação do PRE e o seu
impacto. Na sua análise também explica principalmente como as políticas socialistas adoptadas
antes, no III Congresso da FRELIMO influenciaram na dinâmica do país. Aponta as reformas do
IV congresso da FRELIMO como sendo o ponto de viragem da economia socialista altamente
centralizada para a economia do mercado. Estas medidas segundo o autor é que abrem espaço
para Moçambique aderir as Instituições da Bretton Wood´s (FMI e BM), e como resultado destes
acordos surge o PRE, que também vinha com varias medidas de liberalização do Mercado e
transformações sócio-económicas. Portanto olhando para aquilo que foram as transformações na
indústria este advoga que a indústria tinha que passar aos moldes de operação segundo as
orientações dessas instituições, e esta era a primeira marca do início da liberalização da
exportação do comércio da castanha do caju.
OBS
Tem que agrupar os autores por eixos temaaticos e mostrar como cada um deles analisa-os. Esta
técnica abrirá espaço para que o Estudante identifique os vazios nas abordagens e, ppor via disso,
encontre fundamentação para o seu TFC.
I.5. Problematização
Após a assinatura dos Acordos de Lusaka, em 1975, e durante o processo de transição, há uma
onda de desestabilização gerada pelos conflitos sociais, caracterizado pela rápida desintegração
da burguesia colonial. Este processo levou a um êxodo massivo da população portuguesa, mas
em contra partida, procurava desestabilizar a economia moçambicana através da sabotagem
económica, das paralisações da produção e do abandono de fábricas e machambas, de fuga de
capitais ilegalmente exportados, da exportação ilegal de tractores, viaturas, maquinas, etc. 5
Portanto, quando finalmente o país conquista a sua independência e esperava-se que se tirasse
proveito desta grande maquina industrial já criada no país, assistiu-se o contrario, os gráficos que
se seguem ao ano de 1974 são sempre abaixo dos anos anteriores. Nesta senda, perceber o
factores que levaram a esta queda, analisando as politicas tomadas no período em analise, bem
como eventos externos e perceber o comportamento da industria como um todo e a razão deste
ensaio da elaboração deste ensaio.
3
Taipo, 2005: 13
4
Castel-Branco, 1994a: 33
5
Egerö 1992:75
E quanto a indústria de Caju teve que ser adaptada para servir a economia nacional, sendo que
depois da política de nacionalização de quê?, o estado adopta interrompe a comercialização
externa da castanha do caju. É partindo deste ponto que procuramos analisar a forma como a
indústria do Caju a partir do momento em que a FRELIMO ascendeu ao governo nacional toma
o seu poder.6
Portanto, assistiu-se durante este período de centralização económica, um retrocesso no que diz
respeito àa indústria de Caju, o que levou ao enceramento de muitas das fábricas que operavam
no país no período anterior e levou a uma “falência” da indústria nacional.
I.6. Metodologia
6
Taipo, 2005: 18
de perceber e complementar os assuntos contidos nas fontes secundárias, foi necessário
recorrer a estas fontes para uma análise mais completa.
Esta interligação de fontes mostra-se importante, neste ensaio em particular, visto a tónica
geral no debate académico no que tange a evolução da indústria de Caju no período em
análise, foi como as outras indústrias terreno de decisões partidárias e legislação. Deste
modo para melhor percepção e necessário fazer esta ligação de fontes.
Este período foi e bastante caractecrizado por varias mudançastacoes a nível nacional assim
como a nível internacional. Mocambique vivia neste período sob o jugo colonialdas politicas
colónias do Estado Novo. Logo no inicio da década de 1930 Portugal adopta uma serie de
politicas, chamadas de Politicas de Nacionalismo Economico, que visavam privilegiar os
Portugueses na exploracao colonial e colocar a colónia a serviço da metrópole. Estas politicas
são verificadas um pouco antes, em 1926 com a implementacao das culturas forcadas de algodão,
onde a populacao era obrigada a produzir para o mercado e dedicar mais tempo para a
metrópole, e assim produzir cada vez menos para a sua subsistência. E o preço e a quantidade
eram estipulados pelos colonos. Um outro factor a destacar neste período foi o Acto Colonial e a
Carta Organica que previam a tomada da colónia e o domínio sobretudo da burguesia
portuguesa, visto que quem dominava era o capital estrangeiro. A primeira medida foi a não
renovacao das cartas de concessão das companhias majestaticas, embora não tendo grande
pujança económica, esta não dissociou-se por completo do capital estrangeiro, tendo criado
primeiro a zona do escudo em 1932, que estava aliada ao fundo cambial para o controlo das
importacoes e exportacoes das principais trasacoes comerciais dentro da colónia e também a
protecao e maior uso do escudo como moeda como moeda de troca dentro da colónia. E aliado a
esta promulgada a lei de condicionamento industrial em 1936, que era a promocao da burguesia
portuguesa, onde as industrias deviam ter no mínimo 60% de capital português. No período pos
segunda guerra mundial, Portugal não tendo participado desta acuomulou bastante capital e
investiu bastante nos planos de foment, onde apostou na construcao de colonatos, maiores
investimentos na industria.7 Em suma a estrutura social, politica e económica que Moçambique
vivia não não beneficiava os nativos, apenas a metroplole que fazia de tudo para explorar cada
vez mais a populacao e deixar o povo mais miserável dependendo apenas da metrópole.
O cultivo do caju no período colonial foi realizado com grandes sacrifícios sociais dos
trabalhadores, devido às condições precárias de trabalho, o cultivo forçado, falta de mobilidade e
subdesenvolvimento para a população nativa. Mais ainda, a mesma autora???? refere que se
estava-se na presença de práticas hediondas de exploração do território através do trabalho
forçado e escravo, dos impostos e dos castigos corporais com objectivo único de beneficiar os
interesses da côroa portuguesa.8Portugal deixou de ser uma monarquia em 1910!
7
Taipo, 2005: 13
8
Chambe, 2011: 34
Embora não legalmente obrigados a realizar o cultivo forçado do fruto à semelhança do algodão
e de outras culturas obrigatórias, os camponeses eram, na prática, compelidos, pelas
administrações locais, ao tratamento das respectivas árvores, obtendo através da apanha e venda
da castanha de caju, moeda para pagamento de imposto ou para outros fins, como a compra de
bens de consumo ou utensílios de trabalho, por exemplo9.
Entretanto, é importante referir que durante o período colonial, a estratégia usada pelo estado
colonial português para assegurar a produção de caju nas zonas rurais de Moçambique foi o
fomento obrigatório, ou seja, cada família era obrigada a produzir na sua machamba a castanha
de caju, a qual devia mais tarde trocar na cantina com produtos que naturalmente a família
camponesa não podia tirar da sua machamba. Já no período colonial e mesmo até hoje com a
intervenção do Instituto Nacional do Caju (INCAJU), o sector do caju em Moçambique nunca
conseguiu superar dois problemas, nomeadamente, o modelo produtivo baseado na produção
espontânea e não ordenada dos cajueiros e a falta de entrosamento ou desarticulação entre as
zonas de produção e a localização das fábricas10.
11
Leite, 1999:3
em toda a cadeia industrial do país, e apesar de um sucesso inicial, acabou afectando
negativamente, aliado a outros factores, o desenvolvimento da indústria no país.12.
No início dos anos 80, a guerra civil intensificava-se e alastrava-se para todo o território
nacional afectando as zonas de produção principalmente as machambas estatais
dificultando assim o cumprimento das metas traçadas no III Congresso. Outro assim foi a
combinação de vários factores (guerra, calamidades naturais e política de isolacionismo
praticada pela África do Sul no contexto da guerra fria) concorreram para a crise
económica de Moçambique nos anos 80. Aa agudização O agudizamento da tensão interna
(guerra civil), a prolongada seca, as imposições do regime de minoria branca da África do
Sul, no que tange a contratação de mão-de-obra moçambicana para trabalhar nas minas de
ouro, conduziu a uma diminuição da produção interna levando à queda das exportações.
Em 1983, o Presidente Samora Machel efectuou uma série de visitas importantes ao
estrangeiro incluindo o encontro com Margaret Thatcher então Primeira-ministra
Britânica. Esta campanha diplomática teve considerável êxito, embora discreto13.
Para travar o avanço da guerra no território nacional e no contexto de paz regional, o Presidente
Samora Machel, na procura de paz e estabilidade regional, assinou no dia 16 de Março de 1984 o
acordo de boa vizinhança com a África do Sul, representada pelo seu Chefe do Estado, Pieter
Botha. Em Outubro do mesmo ano1984? o Presidente Samora Machel morre no acidente aéreo
no dia 19 na região de Mbuzine no território Sul Africano e matando outros 30 membros da
delegação. Com a morte de Presidente Samora Machel, O Ministro dos Negócios Estrangeiros,
Joaquim Alberto Chissano, torna-se o Presidente de Moçambique numa altura do auge da guerra
onde a via armada mostrava-se insuficiente para a parte governamental vencer o conflito 14 o que
aconteceu entre 1986 e 1991?.
12
Castelo-Branco, 1994: 63
13
Roesch, 1992: 7
14
faltam dados sobre a indústria do caju durante o período 1974-1977 (quantas fábricas operavam
nas vésperas do 25 de Abril, quantos trabalhadores empregavam e quais foram as consequências
do golpe nesta indústria em particular- há vários autores que podem ajudar na contextualização.
por exemplo, Wield 1983; Hanlon, 1984; Egero1984; Egero, 1992)
Após Aa independência de Moçambique os níveis de produção da castanha herdado do
governo colonial não se mostratram sustentáveis por muitas razões, entre as quais: o sistema
político economicos, guerra e deslocações populacionais para as Aldeias Comunais, baixos
preços aos produtores, rede de comercialização debilitadas, escassez de instrumentos de bens de
consumo e de alimentos, secas graves, envelhecimento das arvores (60-70% com mais de 25
anos), doenças como oídeo (Oidium anacardium) e a anthracnose, pestes como a helopeltis e a
cochinilla, assim como queimadas descontroladas.15a institucionalização de um sistema
económico de direcção central determinam, desde logo, rupturas desencadear da guerra civil,
logo em 1976, viria progressivamente a agravar.
Constituiam o parque industrial do caju nesta epoca cerca de 11 unidades de produção, das quais
7 ficaram sob gestão do Estado (3 em Maputo, uma em Gaza, Inhambane, Sofala e Nampula) e 3
em fase de instalação, e ainda por intervencionar permaneceram a Companhia de Monapo, na
provincia de Nampula pertecente ao grupo Entreposto, as duas fabrias Anglo America (a Mocita,
uma unidade em Gaza e outra em Angoche), a Socaju, em Nacala, e a Inducaju (Industria de
Caju Gordhandas Valabhdas, SARL, no Lumbo/Sancul). No contexto da gestão estatal de parte
significativa da industria, assiste-se uma política protecionista direcionada as unidades de
descasque nacional visando garantir o seu aprovisionamento em prejuizo da manuntenção do
tradicional fluxo de exportação.
As consequencias dos factores supraciatados manisfestaram-se a varios niveis na cadeia de
producao e comercializacao da catanha do caju. Numa primeira fase com a deslocacao da
populacao perde-se o ritmo de producao. Como resultado da inerrupção imediato do comércio da
castanha de caju mocambicano, olhando para os dados, podemos perceber uma queda
progressiva, 190 mil ton em 1974, 160 mil ton em 1975 e 120 mil ton em 1976. E com a
intervencao do estado, criando normas de comercializacao da castanha de caju no inicio de cada
campanha, há uma tendencia crescente na evolucao dos precos de castanha pagos ao produtor.16
15
Kanji, Nazneen at all, 2004:7
16
Leite 1999: 5
Estas manifestam-se ao nível de duas componentes estruturantes do sector: o ritmo da produção
de castanha, essencial na manutenção do fluxo de exportação para a Índia, e o dinamismo da
indústria de descasque. Diferentes factores explicam o decréscimo progressivo verificado na
produção desta matéria-prima. Uma evolução que em breve comprometeria o aprovisionamento
das unidades de descasque da costa de Malabar. Por um lado, tudo indica que as alterações
operadas nos circuitos de comercialização interna, no âmbito da extensão da lógica da economia
centralizada ao sector agrícola, conduziram a uma desaceleração na dinâmica de monetarização
da castanha de caju produzida no seio da sociedade camponesa.17
Com efeito, como observam diferentes analistas, o desmantelamento dos circuitos
comerciais implantados na época colonial, a que se associou, posteriormente, com a
persistência da guerra, a destruição das infra-estruturas que no sector agrícola
asseguravam os circuitos de abastecimento e comercialização, geraram dificuldades
crescentes na satisfação da procura camponesa. Privados de bens de consumo essenciais,
outrora veiculados pelo sistema das cantinas (comércio retalhista), os camponeses são cada
vez menos motivados a trocar castanha por moeda, progressivamente desprovida de poder
aquisitivo dada a escassez de produtos18.
17
18
Castelo-Branco, 1994: 63
19
de 95.000 toneladas correspondendo a 72% da meta previamente estipulado de 125.000
toneladas.20
Note-se ainda que, segundo alguns observadores, a diminuição ocorrida na produção de algumas
culturas alimentares, nomeadamente o amendoim, em todo o país e sobretudo nas províncias de
Inhambane, Gaza e Maputo, teria levado os camponeses a suprir as suas carências alimentares
pelo aumento do auto-consumo da castanha21copiada à letra.
Finalmente, da mesma forma que a ausência de abastecimento do sector familiar em bens
de consumo essenciais retraía a entrega da castanha, também o preço pago ao produtor/
apanhador, no quadro da vigência da economia administrada, nomeadamente até à
primeira metade da década de oitenta, era pouco estimulante dada a situação de escassez e
a de deterioração do preço relativo da castanha, em termos de outros produtos agrícolas
manufacturados. Note-se ainda que, segundo alguns observadores,Com a diminuição ocorrida
na produção de algumas culturas alimentares , nomeadamente o amendoim, em todo o país e
sobretudo nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, teria levadoleva os camponeses a suprir
as suas carências alimentares pelo aumento do auto-consumo da castanha22copiada à letra.
.23.
Naturalmente que num contexto de gestão estatal de parte significativa do sector industrial
assiste-se, desde logo, à institucionalização de uma política proteccionista direccionada às
unidades de descasque nacionais, visando garantir o seu aprovisionamento, em prejuízo da
manutenção do tradicional fluxo de exportação. Desde 1975, há uma interrupção do
comércio externo da castanha de caju moçambicana, no momento em que se regista uma
queda progressiva na disponibilidade interna de castanha de caju24.
20
Manual prático do Cajueiro (1981). Unidade de Direcao Agrária do Cajú. Vinculado à Cecretaria de Estado do
Cajú. Maputo, 1981.
21
22
23
24
AICAJU 1995:78
No entanto, nem a ruptura do circuito de exportação, nem a intervenção do Estado ao nível
do estabelecimento das «normas de comercialização da castanha de caju» no início de cada
campanha, inverteria o quadro recessivo que se instala no sector. Para o setor do caju, a
concentração da população em aldeias comunais implicou no distanciamento das
populações de suas terras de cultivo e no consequente abandono e semiabandono das
árvores, mostrado pela necessidade de percorrer longas distâncias entre as suas residências
e os campos de cultivo. Em função disso estavam assim ditadas entre outras, as razões que
inviabilizaram o respectivo tratamento ou substituição por novas plantações, causando o
envelhecimento do cajual e a consequente diminuição da produção25.
25
TAIPO, 2005: 18
26
Deloitte & Touche ila (africa) 1997: 22
27
Leite, 1999: 6
É também neste momento que se inicia um novo ciclo no desenvolvimento da economia do
caju. Estavam então criadas as condições do reacender do conflito entre os interesses
exportadores e a indústria nacional. Teremos a oportunidade de observar que, no quadro
da implementação local de uma nova fase das políticas de estabilização e ajustamento
estrutural (o PRES), as instituições de Bretton Woods viriam a desempenhar um papel
central no relançamento das exportações moçambicanas28.
Neste periodo os pequenos produtores eram responsaveis por cerca de 95% da producao de caju,
havendo poucas propreidades agricolas comerciais. Cerca de um milhao de agregados
familiarias, o que correspondia 40% da populacao tinha acesso a cajueiros e a castanha é
frequentemente processado tanto a nivel domestico como industrial. Antes da liberalizacao e
privatizacao das frabicas de caju estavam empregados aproximadamente 10.000 trabalhadores.29
A decisão de relançar o circuito exportador da castanha, coincidindo com o momento de
implementação do PRES, não é contudoé, contudo, alheia à existência de um ambiente de
protecção industrial subjacente às reformas que haviam sido introduzidas no sector
aduaneiro. No entanto, tendo em conta a envolvente de insegurança que na época atingia o
desenrolar da actividade sócio-económica do país, o que implicava um agravamento
considerável do risco empresarial dos agentes implicados na campanha de comercialização,
o governo legisla, no contexto do diploma ministerial 6/92, no sentido do desagravamento
da taxa aplicável em termos do imposto de sobrevalorização sobre a exportação da
castanha. Aquela será fixada em 60 % e uma quota máxima de exportação de dez mil
toneladas é também estabelecida.30
Assim, no momento em que se desenrolava a campanha de caju 1991-92 criavam-se as
condições do restabelecimento, após dezasseis anos de interrupção, da complementaridade
Moçambique-Índia ao nível de uma matéria-prima estratégica do desenvolvimento
económico daquele território este-africano13. De facto, logo no primeiro trimestre de 1992,
as estatísticas indianas confirmam a importação de 1 384 toneladas de castanha no valor de
28
Roesch, 1992:11 &
29
Kanji, Nazneen at all, 2004:7
30
Kanji, Nazneen at all, 2004:7
39 milhões de rupias, ou seja apenas 1,3 % das necessidades da indústria daquele país em
tonelagem de matéria-prima.31
O balanço deste ano de viragem na economia do caju moçambicana permite confirmar o
retomar da exportação de castanha para a Índia, da ordem das 6 000 toneladas e no valor
de 3,5 milhões de dólares, ou seja 2,5 % do valor total das exportações. Os fundamentos
desta evolução estão ligados quer a insuficiências de laboração da indústria nacional quer a
uma expansão na produção interna de castanha, da ordem dos 74 % relativamente à
campanha anterior. 32
Contudo, apesar da crise profunda que ameaça a indústria de descasque nacional, a
valorização internacional do seu output (amêndoa e óleo), da ordem dos 17,6 milhões de
dólares em 1992 (12,6 % do total do comércio exportador), evidencia a importância da
economia do caju ao ocupar a segunda posição (da ordem dos 15 % das receitas de
exportação) como fonte de captação de divisas para a economia moçambicana (camarão
46,4 % e algodão 7,8 %).3334
35
dos 55,7 %, podemos avaliar até que ponto a reactivação do circuito de exportação desta matéria-
prima para a Índia (cuja expansão em volume atinge os 58,3 %) se implementou em prejuízo do
aprovisionamento da indústria nacional.36
Contudo, ainda que quantitativamente confirmada, a ocorrência desta desmonetização da
castanha (da ordem das 15 000 a 20 000 toneladas, na província de Nampula), que as autoridades
competentes atribuem a uma quebra na capacidade de absorção da indústria, motivada pela quase
ausência da «Caju de Moçambique – EE» na compra deste input, não deixou de suscitar
controvérsia por parte dos industriais.37
Note-se que na época, o negócio da exportação da castanha, dado o diferencial existente entre os
preços pagos pela Índia importadora e pela indústria nacional (para a campanha 1992-93, o preço
Fob atingia os 689 US$/tonelada quando internamente, à porta da fábrica, se pagava 271
US$/tonelada de castanha), era dificilmente recusável por parte dos agentes envolvidos na
economia do caju em Moçambique. Não é assim de estranhar que mesmo o grupo Entreposto,
claramente empenhado num projecto de industrialização da castanha de caju, se posicionasse,
através da sua empresa Samo, na corrida às receitas da exportação da castanha, uma vez
assegurado o aprovisionamento da sua unidade do Monapo.38
Com efeito, face à reduzida capacidade de laboração que caracterizava a indústria de descasque
moçambicana no início dos anos 1990, a exportação apresentava-se, no imediato pós-guerra,
como uma via obrigatória na valorização económica daquela matéria-prima. É neste quadro que
se comunica o projecto deexportação, na sequência da campanha 1993-94, que na altura se
iniciava, de cerca de 5 000 toneladas de castanha.39
O que acontece a partir da segunda metade de 1995, num contexto em que o governo
moçambicano, fortemente condicionado pelas instituições de Bretton Woods, hesita entre a
manutenção de uma política de protecção à indústria recém-privatizada e a liberalização
completa do comércio exportador da castanha de caju.40
Apesar do pessimismo que acompanhou o desenrolar da campanha1994-95 na província de
Nampula, devido quer ao ciclone Nadia e à ocorrência de queimadas descontroladas, quer ao
atraso verificado na ocorrência da chuva em todos os seus distritos, é certo que o balanço global
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37
38
39
40
da comercialização da castanha no país, da ordem das 32 900 toneladas (uma expansão rondando
os 9,7 % relativamente ao ano precedente) não se afastaria das previsões iniciais, que balizavam
as 30 000 toneladas.41
É neste contexto que as estatísticas disponíveis confirmam a exportação de 25 600 toneladas de
castanha em 1995. A avaliação macro-económica dos resultados da economia do caju, na
sequência da campanha 1994-95, permite-nos confirmar o relançamento da actividade industrial,
após dois anos de crise fundamentalmente explicada pela paralisação das fábricas sujeitas à
gestão estatal. Com efeito, o processo de privatização em curso havia já reactivado três unidades
de processamento, todas na província de Nampula, cuja laboração, juntamente com as fábricas
do grupo Entreposto, passavam a contribuir para o aumentodo output de amêndoa do caju. 42
Desta forma se fundamenta a exportação de 4 600 toneladas deste produto, com o valor de 9,7
milhões de dólares, a que corresponde, relativamente a 1994, um crescimento do fluxo
internacional deste produto não inferior a 660 %. Portanto, e apesar de uma descida na ordem
dos 50 % verificada no preço médio da amêndoa, as receitas de exportação cresciam 288 %.43
A economia do caju consolidava assim a sua posição no conjunto das exportações
moçambicanas, atingindo agora 16 % das receitas. No entanto, dos 27 milhões de US$ que em
1995 rendiam ao país a valorização internacional deste sector chave da sua economia, cerca de
64 % resultavam do aprovisionamento em matéria-prima da indústria indiana de descasque. 44
Estes dados ESTÃO FORA DO PERIODO DE ESTUDO!!1
OBS
O trabalho é bastante vago! Não apresenta nomes de fábricas, nem a respectiva capacidade
instaladas, produção, etc.
no tocante ao impacto do conflito armado, não menciona, por exemplo, fábricas que tenham sido
destruídas ou cujos cujas zonas de obtenção dee matéria-prima tenham sido afectadas
41
42
43
44
Quadro I: Dados estatísticos da evolução da produção período de 1972-198445
-O novo “habitat” baseado nas aldeias comunais (que na grande maioria dos casos não foram
estabelecidas tendo em conta a necessidade de preservação do recurso-caju) colocou a produção
distanciada os seus cajueiros inseridos na logica do “habitat disperso” e aliado isso à falta de
meios de transporte à população para se deslocarem às suas antigas machambas, reduziu-lhes o
fundo de tempo outrora directa ou indirectamente era investido para a manutenção do caju47.
45
Ibid: 22
46
TAIPO, 2005: 55
47
Ibid:78
4. Conclusão
Findo o presente ensaio, mostra-se importante apresentar em linhas gerais as principais ilações
constatadas com a elaboração deste ensaio.
Falar a evolução da industria do Caju na historia e Moçambique e falar de uma cultura que se
encontra intrínseca ao desenvolvimento do país no período colonial e não so. Concretamente no
período em analise, a industria não conheceu os seus melhores momentos devido aos vários
eventos que fomos mencionando ao longo do ensaio. Desta forma, a importância do caju na
economia moçambicana foi diminuindo e a própria produção foi decaindo ano pós ano.
O que se pode constatar também, e que houve sempre a convicção de que esta e uma industria
capital para o desenvolvimento do país mesmo no período pós-colonial, que o seu decréscimo se
deveu mais a decisões de âmbito politico e económico mais do que uma marginalização como se
viu com as outras industrias.
ADAM, Y. 1996, Trick or Treat – the Relationship Between Destabilisation, Aid and
Governement. Development Policies in Mozambique : 1975-1990, PhD in Development
Studies, Roskilde University, Fevereiro, 372 p. mimeo.
AICAJU 1995, Contestação do estudo do Banco mundial, Maputo, 23 p. mimeo.
BROWN, M. Barrat 1995, Africa s Choices. After thirty years of the World Bank, London,
Penguin Books, 433 p.
CAJU DE MOÇAMBIQUE 1996, Relatório do Processo de privatização da Caju de
Moçambique EE/Comissão executora da Caju de Moçambique EE, Maputo, 8 p., 25 deJulho
(documento de arquivo da SEC).
CASTEL-BRANCO, Carlos Nuno, 1994a: "Problemas estruturais do desenvolvimento
agrário".in: Carlos Nuno Castel-Branco (org). Moçambique – Perspectivas Económicas.
Maputo: UEM/FFE