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ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

2ºANO PSICOLOGIA CLÍNICA

TEMA: CONSTRUÇÃO DE UM CASO CLÍNICO

Cadeira: Psicopatologia da Criança e do Adolescente

Docente: Dra. Maria Alexandra De Mello Sampaio Carvalho

Discentes:

Antónia Angela – 501300

Shannaya Jumá – 486220

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CASO CLÍNICO

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome: Diogo Bastos Moreira Idade: 12 anos Género: Masculino

Nacionalidade: Português Naturalidade: Porto Escolaridade: 4ª Classe

Mãe: Mariana De Oliveira Idade: 36 Profissão: Representante do


UNICEF

Pai: Rodrigo Bastos Moreira Idade: 40 Profissão: Advogado

2. MOTIVO DA CONSULTA

O paciente veio à consulta acompanhado pela mãe. De acordo com a mãe do Diogo, o
filho em dificuldades em socializar na escola, não consegue falar em público mas que,
nos últimos tempos, fica nervoso quando é contrariado. Diz que o filho passa demasiado
tempo a jogar jogos que, por vezes, são violentos e isola-se nos seus jogos.

A mãe questiona-se acerca da normalidade do comportamento do seu filho, e se é apenas


uma fase que está acompanhada à transição para a puberdade.

3. HISTÓRICO DO PACIENTE

3.1 RELAÇÕES FAMILIARES

O paciente é filho único de pais divorciados, e é considerada uma criança tímida,


introvertida. Uma vez que a mãe obteve a custódia do filho, este é obrigado a mudar-se
sempre que necessário de acordo com o trabalho da sua mãe, e então, com apenas 9 anos
já viveu em países e cidades diferentes. Pelos pais estarem divorciados, ele vive a tempo
inteiro com a mãe, e passa as férias da Páscoa e do Natal com o pai.

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O paciente tinha uma relação normal, mas, ligeiramente distante com o pai devido às
circustâncias. O pai voltou a casar, construiu uma família, mas, tentava não deixar o seu
filho sentir-se neglegenciado por parte dele. O paciente dá-se bem com o pai e a sua
família, embora sinta alguns ciúmes, e a falta de um “sentido familiar”, por ter os seus
pais divorciados – o pai casado distante, e a mãe solteira.

Com a mãe, este sempre teve uma relação saudável, contudo, a mãe infelizmente não
tinha muito tempo para ele devido ao seu trabalho, o que sujeitou-o a ser cuidado por
babás. No entanto, a mãe sempre tentou dar ao seu filho tudo o que podia, e o que ele
queria, sobretudo por ter que passar tempo sozinho.

3.2 DESENVOLVIMENTO ESCOLAR E INFÂNCIA

O trabalho da mãe do paciente, tinha por requisito a mudança frequente de cidades, o que
levou com que o paciente mudasse frequentemente de creches em pequeno, causando
isolamento, frustração, ansiedade. Sempre que este fazia amizades, despedia-se delas com
a mudança escolar, o que dificultou o seu processo de socialização e causou efeitos
duradouros no seu estado mental. Já apresentava sinais visíveis de isolamento, pois no
recreio da escola ficava num canto com o seu jogo “PS”, não se juntava as outras crianças
e não mostrava entusiasmo em ir à escola.

No início da vida escolar do paciente, teve muitas dificuldades em adaptar-se com as


crianças da sua idade, o que auxiliou o aumento dos níveis de ansiedade, timidez e
isolamento. O paciente sentava sempre em lugares que não chamassem a atenção,
frequentemente sozinho, não participava nas aulas, falava baixinho, no entanto, sempre
apresentou um bom rendimento escolar.

A mãe conta que muitas vezes, a babá que cuidava dele, ligava-a a queixar-se, dizendo
que o menino recusa-se a ir a escola, inventando pretextos para não ir à escola, preferindo
ficar no seu computador, ou no seu PlayStation, a jogar. Toda a vida teve estes luxos
materiais, na qual tranformou-se num refúgio contra a vida real.

3.3 TRANSIÇÃO PARA A PUBERDADE E JOGOS

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No quotidiano do paciente, após as aulas, no seu tempo livre, este ficava entretido nos
jogos 24/7, o que suscitou o aparecimento de determinados comportamentos agressivos,
que começava com uma atitude “nervosa” por querer voltar para a casa (os seus jogos)
quando era obrigado a ir a determinados sítios com a mãe.

O paciente começou a demonstrar sinais de ansiedade, na escola, em restaurantes, sempre


que saía ao pé dos seus jogos, através de pequenos movimentos como: abanar o pé
constantemente, mexer aos mãos, mostrar-se desconfortável, risos forçados na tentativa
de conversas (no contexto de interação social – Ex: “Quando uma colega faz-lhe
pergunta”). Embora o paciente apresentasse estes sinais, quando a mãe levava-o para um
evento, e este ficava somente no seu telemóvel, a mãe chateava-se, embora no fundo
assegurava-se que este tipo de situações eram demais para ele, sendo ele um rapaz
introvertido, tímido e de poucas amizades, sabia que o telemóvel o mantia ocupado.

Apesar disto, quando o paciente ficava no seu computador, frequentemente encontrava-se


aos gritos com os seus amigos “online” por terem feito determinadas coisas mal no jogo,
o que fez com que perdessem. Isto mais tarde começou a refletir-se no seu dia-a-dia
quando a mãe o chamava enquanto jogava. Ficava irritado e chateado. Não gostava de ser
contrariado e frequentemente zangava-se com a funcionária da casa e com a mãe, após os
jogos. Mas, que além disto, era uma criança tímida, introvertida como uma outra
qualquer.

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