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Adolescência é janela

que se abre em ventania.


Há cantigas nas palavras ousadas?
No invento das ideias
sopram ventos-caravelas.
Quantos cantos de sereias!
Odisseias!
Sai de casa, me viaja
que estou adolescente!
Sou do amor iniciante.
Vem comigo no à toa...
Me avoa!
me acredita: sou viagem,
pirilampo de luar
avião, sou astronauta,
do amor fiz meu altar!
Coloquei rosas de chuva,
pratos d’água de saudades.
Há poesia nas bagagens
das palavras esquecidas.
Já chorei tantas partidas,
vem comigo: me avoa!
Juventude é uma pessoa
que se culpa...
Me perdoa!
Escrevo teu nome em tudo,
Depois apago depressa.
Emudeço, nada digo.
Ao mundo não interessa
o que escondo comigo.
Faço eclipse no escrito: em negrito.
Em todo beijo eu te invento,
em ti eu me adolescento.
Ai pensamento ferido!
Não digo e digo?
A doideira é uma idade
que se acorrenta comigo.
Verdade.
Meu amor é insistente,
me perco nas mil vontades,
sou joguete das idades:
perdi a infância contigo?
Todo mundo não me entende,
eu sofro na tempestade
de um naufrágio adolescente!
Procuro um confidente
que se apoete comigo.
É tão curta a mocidade
Não tarde!
Em grupo eu me sinto forte,
A solidão me apavora.
O amor me vem, me chora
num rock de bandolim?
Teus cabelos são desejos
que se atiram no meu rosto,
te gosto...
Gostas de mim?
Eu vivo o Terceiro Mundo,
tanta injustiça me cerca!
A porta do meu futuro
tem jeito de ser aberta?
Este mundo, tão terceiro
Faz parte do Universo?
Na sofrencia adolescente
Sou velho dentro do verso.
A justiça esta perdida? Me diga!
Escrevi, nem disse nada.
Te falei, nem percebeste.
Do amor só entendeste
que a Aids é a nova peste?
Onde encontro a escada
que me leva pra palavra?
Meu avôo em ventarola
sou uma pipa de papel.
Se o escrito se naufraga,
se uma lágrima o apaga,
todas as cores da mágoa
são arco-íris do céu?
Onde, onde adolescência levas eu?
Se escrevo tudo errado,
não corrija o que é meu!
O tempo tem sua fala: aceita ou cala.
Se eu te escrevi doidera,
Só leia o que eu não digo.
Talvez a poesia seja
o que procuro contigo.
Vou m’embora de viagem
comandando meu navio
que se galopa no fio
de pingos já tão chorados
que azularam um rio.
A cor do azul é tão triste
quando se desmancha n’água,
marujada!
Sai de casa, me viaja
que estou adolescente,
vem comigo iniciante,
vem comigo no à toa,
me avoa!
Por onde fores, ai
por onde andares,
acenda o lume,
faça a madrugada,
calça navios.
Nos teus pés marujados,
viaja a vida
antes que ela se acabe!
Por onde fores, ai
por onde andares,
faça teus mares, tua navegança!
Brinca nas ondas verdes
gira e dança, ai,
planta a rosa que escreve os ventos!
Por onde fores
pinta os pensamentos,
aceita a brisa, faz nascer a lua,
vista a poesia que se astronauta.
Esqueça o pouco que no muito falta!
A vida é nua
quanto é verdade.
Por onde fores, ai
por onde andares,
leva contigo
a tua liberdade!

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