Você está na página 1de 8

à

N "1
OVA= ,§ k li a
D

U
para
v=X e

S1J ILanos

P7 1 l4
b"1S ta - Õø V
.. •' (1, 4 D, JrdI, 4 :
C ou

1 ( i? Á
uri
"

4%
saiu que
Ue UM
me rk U" 10
M In social,

tt. hm 4 •j' '4: ' , . % ~r


o 1e vitV. a $irn !mln e

Ç
'f: -

de ala

JLOrnr a
tÀ r
I rV

!t1Id.
1k
•-
"M'U.
. y .. um eé Ci't* monte 3
r cuadu gum°'°
ir
4 vima efli traiem. 75 (aide que menos Cii e (14'
, estado de pul- na
genhlor
em 41Q°0ft*Sh0dsiuto. COm 01 lá HftIer,J lUSimosoJ
Çf
9P ' Enqua mo p
• k1incia(queo1 O
I%IF4,
lWona r ios i
4 ' 1'
.p f' %%a Pyen
Por ~e
.. . Jad e :;1uedo :° "c
'- é

da
- • -.. que IaciIIto1
f# p 'b . Wmque e(rpfl-se e
C Com pletas entre idlii& 4' 01

• A
.:ea
:
fIflh1 icli4.j
ewdcnem
< ' 0`010 anu1. XiaJ a -' - b0 J p
CM 50 14t,0 40A4
OsA
ao izal 'fl kw ieria MP .tO ni.o falta impottÇ •
1 méit .0*, faz
flp Mim os 94
de classe. sto se P

- a inioIaç — um wíst*
problema uversal
ni e. . * , ° hI%aCOfl io4Szeor1
u Unido J!)ICCi 'tom ofi. , 1Up inevltkieI. O que o 4esamiIda'
° tei r *I ,
a 1I Nnvi , itsr,. - 'ludo ocas (além de tudo com desprezo) não é
ui ,es tuproicru

tk11
Car em mitra parte o 'monmIo poIlt' • e • «O cj -
da •
P rda de o 1s
2t -

• . t1lIfdo
O

iCWaei Rte. na pr*Sica j ama


ed
bolBoaioCoandide. C pOUCO linz que sej.
acordo ii estejam, como Sempre. . 1TIIL Muito à mere da 'ridapúbllca.
ue$ ' rinci. que diz etpeio
qI aij
4omana o ezcrIo d2 smofltr, Mourice cAI
1 ,,, o maantfico ISuAfl da Mv da lOtA

1»" n que aP
e° os 'v'de.',biculam tudo No primeiro- caso, um 1
de '
ir.,zs - te buzuesW vIve elo seu am
• _
Ie .. uão ' forma atual .Alec, um servidor. uma e*peri i.

6ov c*° •
• o 'CiMiheCuneiHo' da outra cl.
ora
moa~
9

o 0~ 11 Para a Mn ali
0 úr " e pu5• • . de clame , prér '4 4 -.
P.- 1 . de
__ '
mim, e t VC'L q , 4b "4'.
• tí • ' ilib

0 a4•,çtO • - t
que e N

-
late
.,ussezuakdade é - geradora de - .. .. - 4%'
,**t nase*,
9*Ett !gO freqtecmen(e d pi yas de
•O consumidores
tø ' uate hidulgéncla em rei.ão --1 - livre, na que o
CO4'°
tic CiP0 pe
71I' teV° 0 ,,PC$ terem hrutalludo. fende e às. (IIOSSCZue
qIT
• ut5 - oado um homossexual; como 11hI1. ãvtd 4%.
vrntO e505 ,ice: 'Ê bem feito para ele. der e aceitar imente mais moca para - " 'S,'M
'e%t°
o%0" •
irt"freqüente que um. humos iam miotahc anoesado que para um
6 Q
'q '"o • 4 ",
Q'% -

itteOø0 O I sStai
L$4Ote te - O, b
^te 'm delito se vejacondenado : P l !
uoi5 •
90 'de

\,ç1 mudo bom isexual, é


t1P dsocie

, IN
conta uma reação •••• este moustru $ ,
^%t ; re 44,*

dO5:PSiCó101O j 5'' • " v4'. tiPe. ..,% O ee j_*0


Cil


'P051e" t


11 • "°"
_d 0 s. terj •.

%7Q
-o*, Iej • • Ilho,pZor.
OCOPr.': lei CIL
,,:iq1fe r°do -
• - 'SlZdij ,,,
.^A l E,4. : • vj ,'MOU om
.istti44" ' '4"te 46b 140Po o
94' Cli *tZa coflrn,1 - de ib 'finte
duri,,,"
'bOor..
pondo
e:: perdp 16
• ?nq0
« 111dIs 'itud4' de


bom
• ,,,0 lilodo :
__,,• •

4.
'WG, lii

Centro de Documentação
2,1
Á
1IIIII7À1
ENSAIO

Heterossexualidade:
perversão ou doença?
! Ii1,0 CO grelge
::
, [os que Siyrii ca ( fererit, enquntc James Lindey ' •' . .
i . Hfl LiltIfl helare quer izer boceiar) é
(Os/er House, Oxford) f c''rti FlIreIr S J Ii('. t'f, IE • vd . l(-) do
r(rQSS(1%SJ10 Corno t i ii HoHuri 1
Ia (Olt( 1IC() F d qual O lrRIvu11JO é sexual- os
'rptrIt()s CO COmpOíliIí11efl1() sexual c; ue SD
aIra'o p or membros 0o sexo oposto. lu ri S()INi No se deve
•! e ÜTÍdrI(O 0a'd voz mais aparente que
1 rns e es UIOS rios :1 '&iltos ocorrem
esquecer que dIqurs (OS flOSSOS maiores
; 1eter0SSexuIsloj ('rabS" — iriSípiOoS — n crItrças Tal 00111
llttSdS, artistas, 81 IVO90S e até pri- OorIlmorIIo - por exemplo, brir'coc'eirr
.'r']o eI(,S iriesmos se chamam) formam re • meros-mInistros foramesão heerosseuais.
L i t itt<j sIqrIIhlalIva ;)r0p0rCo 'i como- De qLldkJue forma, nI1Is coro os órriãos qerlilais por rneriuios e
essas pessoas rnelIIrIls, 011 orno c1IriosId1'e mórbica em
1 II C - é 1 1 e lorige o mais comum (!os (es- creserItarI( 'o um compo riam er10 hetros- r1lci ;is partes (CrI Idis (O rjenil or o Sexo
lS S01IiS — 1C fOrInd que o méico tem SeXLliI IC,rri :c-rias c:arK:terIsljcfls comuns r!e
, (eildr prepararo PdFd tratar Oo problema oposio i' :ossa OlflLIcl £rIlro dílueles que mais
persorlaIi(laile TêIT1 (ificuk la(ie em conciliar t;rc e sr r9'i I1rlerclsc.xiJt5
Ii lf urqe. - impulsos C07('ici0rij('0S e agressivos, e há
1 ihc at C riâo respeiç ( r ii C Pri (Jici 1 e S€ torr dílÁfl estereoi )qj nt r i i i i ni lior' i conselheiros
is V 1 CI,',P OU ( iJ1ura í; li 'OS cm Seu pipc 1 específico; qualquer 111 ti III flhli1IS Fi(iS 1 li i1i€ O 11 ft-rcis€ xiiaiS
rlliufFlÇrCS 1 e çi as as racas aln€ e- 1 es-* papel lhes causar óbvia ari It RI t rrl -1r com 5ti.lS pais isto 1 il1crcm
' le, são aunirieriuos por ela E Si11d C f pocera aié empurrá-los pari d 1T0 rj lrcljrç)5 aqueles que riao só pi) em
1 ) veu , ai ,le (i.iC graças a um proces ' IOI€Í Cia ', d OE r ( ( r i(}1i1 ii O 1 (k urna relação dOlili ir
1 i: 11110 seIeço crrns ocupações so -is O 11110 hem 'emorislra a fr equência e es mas 1 iiTlt)Er1l tifla II IlifiL ico ' xualqu lti
lo (15 heterossexuais km maior teril eril ia a lupr c, as surras ria eSpcsi a 1-li: kros lo' i pr los bij5 t O rIL€,!i) Ao procurar
( rc( r Fritre os homens, essas Ocupações SO'Ii iliOe e m isculiri i pot'e mIlIlis vezes se mtil n corno Parceiros sexuais, O hCIE rc)S
Ii,( 111 trabalhos agressivos como os ('e epr y e como hpstilit •• i-eulri o et -i ri& Cl rnop o cri-
é Para com a'
ou ( 1e fl11orista (e caminhão, mulheris; 'e íao. muÈlos assassinatos por neirarrierile pio ine(o, meio riao só o iiices-
-
Li- CU(am a .aqueilrar &S ar1sie( a(es resul- . ..-,- R) mis ,rjil,i rri ia
alL' e '') lii., O 'Cicerildi sio (e um neleros- i a reIac 10 olaterrial
i ' es 1 O 1 eSCrnpCrlhO 1 e um Papel, e várias l por - u ou . suai, oriupe Por . sua qt ( ',i ir, i Ç( I,i O ffle )Cd( ) fia S0( r( , o e
-.
'lrS profissões inclusivo, ( l eve ser ('ItO. a -
pmpnid rldrureza, a tflpiila helorossextial o um pria prr1sl1rlca 1J Outros homen s
..,l m1oi(:ii&, Otli1C possessão e o exercício a agressivo, reilerar,no, como o faz. a cas-
.' pOir 55o a atnaçio As mulheres preterem simbólica 1I4ÇdO a parte feminina passiva.A Há um elemeritoc1e
iipdÇOPS meros ati\ds como, por exemplo, - r0rOct'açe em Sexo e rara, e geralmerile riao i(ielll,licaCO faricisiosa com O yeril!or io
, se(:relàn,a ou v,varieeina. Muitas mulheres, f: \'tSld com bons olhos por Outros flererpS mesrliu sexo, e um 'eselo e a'oar esse
1 . 11 Uril rirei ,e não conseguem Trabalhar. 5f('OiS papei parernial em rr-I,jc5o aos outros. Me-
i ( S cm casa por causa as crianças, que S i ierivêrwia f se ) 1 Oc1iPar com -,exo riu os com pais auto'i 11rios e meninas com
-n10 quase, sempre a Corlseqtiericla (as re Ai:ri, itisr, que um hoternssexiial 'e eiriie mães proir loras e iliscrelas prr 1 m ser par-
heterossexuais. dIlOS JOe c;l1sar tanto quarto lOIS rerços (e ticiilarrnietie vulneráveis a isso No homem,
A viia Social ('OS heterossexuais é ki- SUd viva dti',a eril reijile a fantasias sexuais ir'er'rlicaço com o pai como parceiro
,tibre, com pejaçTes leias em locais bem Cr'r'ns (l uala 'es liscas são muitas vezes 'omilldnlII 'e qualquer relacionamento é a
.u''hecieos (a Cil'O('e (certos banes.,cisco- pOpilrc-.s, umhelerossexual masci.ilir,o poi1e causa principal 'is an1Sreides sexuais e um
e:asl , ou Sirrrplesmer,Ie caçani(o pela rua 1i•r uma pneft-rertr.;ia eXdÇJena'a por um ('etalhe fator Sii i rlih cat iv o ria etiOIOqid 'a violcia
Eles pegam Sozinhos, ou em grupos, e ep€'r:livo ca aridiomia feminina como, por
procuram consldriteme,'te a satisfação sexual Fxmlo. 0.5 Sí'ioS, dS i1.e'P(pj5 ou mesmo is Es'es ' 'io, p(SS, dl(Illr,S ', os fatores que
aKa'és (e re l ações sempre iguais e m&,ias limas, Esse fetichismo eo corpo também
,. Ç, ies superficiais, geralmente anônimas e • e0traco atuam pari IrTipor II eclmporIamer,lo he'enos-
rnuIeres, para quem . l)re O1 q ' i(uo Urna s,oz bem es-
1 111morite SaLIsfalánias I('e fato, a prostituição penlis Íjrd(l( 1C e cluat m nis estreitos estão entre os
tabeleci,o, outras pressões ref o rçarão esse
li-I(rossxuaI não é iricomuml Numa len- airibuios cOt'Si('ena('os ('e5eãve,s. Com r(iporamerq loti. , e falo,- o gerarão por
('e ('eSfaZer esse qua('ro ('eprimerrie, relic,io ao componlamerro sexual, são co- sua própria conta, SCIi(0 elo, e tal monta
ilIi.iTOS heterossexuais chegam a a'erir a um moes f orj es atracões e aversões. Os papéis
que po'ern tornar o tratamento (iflcil Ou im-
• ipo ( 1C " casamento ' '; mas, 0epois e um alo-o e passivo são raramente troca'os. com possi•t Ouars'oo ir,i'tvii'uo étrarisformaçlo
,ii1:iO apaDonalo. mais Ois um quarto c'essas O resulr,-e'o inevitável que o ao transforma-se em parte (e um grupo heteróssexiial (o moo-
rElações 1Ç10 com os burros n'âqua, corno em hahito ou c i ever, sem qualquer prazer. ('0 irisipi(o) , e a('otaoos os maneIrismos Ii
, Ornoristram as atuais estatísticas sobre o Ei- Ouiras perversões poíiem ser associaras com
''.O ('e (iIÓí(iOS Picos e o larçjão heterossexuais. a torça 'O
ahelerossexuaiic'ai'e
grupo entra em ação para mantê-lo assim,
Do ponto ce vista psquiMrico, os he- . Muros osiquialras acreditam que a ri-
lrinssexuais po ! em ser ckissitica'os em ler- ser('o que qualquer Pensamento 0e abari-
IelIgência meia 0oS heterossexuars como um ('orou ou murar seu papel lie heterossexual
MOS rierdis 1enitro ( 1 0S sequinites grupos. triipo é mais baixa cc que a ( i a populacão será ('eSericQraa('o pelos outros Essa coer-
1 Adolescentes e adultos ment;Iménw como um 1000 Não há um trabalho puhtr- çp é o preço que a pessoa tem c'e pagar pelas
lrn,li lupos : E basta rite comum que ojovem Se Ca('O para apoiar ou conitra'izer tal op'nião severas mei( i as (ie sequrança LiO um grupo
il rlIIl, €1 d um comportamento heterossexual mas, se for ver('a('e, a l u( ' ania a explicar a
r'esses tem a oferecer Em nível pessoal, é
-;4•iY1 (t li at( liier sentimento aparente ce rne'o ('lficul(a('e que muitos heterossexuais pa- sempre liso n jei ro S(f consir lerar io alraenite, e
1i culpa; ele cOriSi( iera tal comporrameç-qo recem ter para cornpreeri( i er o valor e o sig- essa satisíacão r'a vai( la( l eéijrna recompensa
mais urna travessura (o que 'esor'em. Essa (Ias nlifrca('o
(;ircuns%anlcias 1 8 viria.
,lrilric'e multas VeZeS Persiste na v,( l a ar i Li lta . t;'io importante para o heterossexual como o
Exisi ain(lai muita coisa para Ser ( 1es-
II Person, //d,-jds doeot/s. Distúrbios sena pura qualquer outro. Finalmente, (1Cve
coberta sobre o que causa a heterosse'ua- ser lembrii'o (P ie O comportamento heteros-
eIin:,cos, alcoolisiTio, psicopatia e Outras llJe E provável que halo mais de urna
sexual é frequentemente reconrpen5( io cor.
.ir - rnalias ca persorialii'ace são extremameri- tiologia. Os heterossexuais são um grupo
garbos materiais.
In comum entre heterossexuais esfti(a('os por iversificao, e enquanto em alguns os ia-
psiquiatras Essa pertLibação poe afetar o iri- WrOS constitucionais poderi ser imporiarqes, São esses prêmios que levam pr.v4elrren
1 II ii'I0 ('e ('lidS maneiras; poOe ser ce caráter em Outros as influências ambieritais e psi- te o heterossexual a ejeitar, muitas vezes
,r,t,rr,u, 000saniro cepressào e sentimentos i.OlO(Ji('3S estão p rQVa Ve l fl)f(riteembaralha((as com desprezo, qualquer oferta 0e ajuia
e iriaç ,aptação, ou então 'rige'a para fora na CONSTITUCIONAL psifluitnicaElesl afirmam :tje são penei.-
rina ce comportamento ressenitiro e anti- As influências genéticas por i em ou não ser tamerite felizes assim, qie a heterossexua-
e:ial. Aire 1a não foi 'elerminia 1 0 se essas sigriitcattvas. as evii'êricias existentes são iri- IK'a'e é uma corn'icao — superior - , que o
'eson'ens associaOas pre( 1ispõem uma pes- suficientes e novas pesquisas se fazem neces- pSiquiafras só querem puni-los, e as:im por
ao heterossexualismo ou se são a coo- 'c'inias. Não foi enn000!ra'a qualquer arior- Oarire. Esta claro que tais 'efesas resultam 0a
a.euêric:ia ('ele malu'a'e ('e cromossomos e os heterosse- insegurança e o m',co tem Oe oferecer seu
III Invalidez mental séria: Ocasional- xuais não têm características físicas que o , apoio com cui'aco e tato. Os heterossexuais
mente, o comportamento heterosexuaI é um istnigam. E um fato, orêm,que a maidr ia merecem nossa simpatia e toleracia ni tanto
i,,iç;o comporientè numa ('eson('em psicótica oos heterossexuais tem pais Neterossexuais quanto precisam ee socorro profissional
ma'e (muito frequentemente esquizofrenia). Foi SLiqeni('Q por ('iversos pesquisaores
:i ria ('eficiência mental. Esses heterosse- que a heIerossexuaIiar'e pode ser o resultado — Obras consultar as.
xuais têm muitas vezes de serem segregados de desequilibro hormonal. Nos machos a,'ut- 11 Poptilatiori Treriçs 119761, Marriaqe and
a socieai'e até tornarem-se inofensivos pela 'os, os níveis ce testosterona parecem afetar Do'orce, Lonidoni, Hei Maies,y Stationery Of-
'ae ou tratamento específico, a ,nitenisid(e do impulso sexual, ma não sua fica, p 3
VI Personalidades latentes, bem ego; orientação; os níveis (ie uniria do hormônio 2) Kolodnnv,R.C, 119761, Sexual Behaviour:
/,ii nadas. Alguns heterossexuais conseguem não são significativamente difererits em Hormonal Coritrol. Neuroendocrinology, eçi,
l»,r v idas úteis Supmiminin'o seus impulsos e heterossexuais, Mas uma versão mais requin- ManiiriiEranionig. vol- 2. p197 — Acaeemic
r'uori('uziri,o a libu'o por canais mais conis- fada da teoria diz que o hormônio produz seu ress, New Y o r k
rim-os; por exemplo, médicos e enfermeiras efeito atuando sobre o cérebro num período C K T h k f P 'h itr
plantã o n orn tuo frievilavelmente, as feri- critico ce seu ( i eSenvolvimenfo Diversos es- (19751 inicotf Co Phiadelpa
ies impostas por tal abstinência tornam-se ru'os mostraram que a estrutura e função no T rt
ii maioria n'os casos insuportáveis, e alguns cérebro em ( i esoril,,imonto do rato podem 4)
4) Mussen P 8 Distler. 1 11959f Mas-
''esses heterossexa!s Li fraquejam, chegando a ser perturbados se expostas a andrógenos son Freud and Psycholo v
ruim acesso de pânico heteros- (hormônios mascutinoS) Não se sabe aindaa se p 305 Periquin Moderni Psycholo y
esses ('islúrbios hormoriais podem ser levados (Reimpr e sso ( ia OXFORD MEDICINAL
iReimpisso
VI Personalidades relativamente intatas.' em conta com relação aos modelos obsem- TT, vol. 2 0, n. 3.)
Por último, há um grupo coto deserivolvimeni : saios ( ie comportamento da heterosse-
ç a pensor iidadee.(luic(ontaçnerocj, do ego, .x&ial't'aç'e.bumara----------- Tradução dt
-.. ,,.. . -
p i,r Lem JrfafOS. ça e 1 AMBIENT.AL . Siuén nujrr
Pagina 2. 1..' -ir'-., i '- - ii .'.' 1.; 1 "J,".'..'. ;.''- •:s:I n. ') r f cjiurc oL' €xt-LAMPIAO :' i

Centro de Documentação
APPAD i(
da parada da divt'rsidad
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
Li

[ENSAIO]
De Sodoma a Auschwitz, a
matança dos homossexuais
Por volta ilc 1933. M ás i ruo Gorki iniciou unia
mais importante do que todos os outros, o fato de
.érre de artigos sobre ii ' humanismo proletário—, que só sobreviveram muito poucos condenados,
rrsierrtaridr, a lese de que o homossexualismo4 que poderiam contar os acontecimentos com mais
ri qu a rito ruína dos jovens", era uni produto precisão.
ipiço do fascsiiio e que, portanto. não finha Em todo caso, apesar dl) esquecimento a res-
ligar tio coração do povo. Na mesma época,
peito, existem raros e espantosos testemunhos.
iutros escritores e homens políticos soviéticos
Eugen Kogour, em seu livro O Estado S.S. , diz
liderados por Kaliiri iii, iniciaram uma violentis-
apenas: "Sobre o destino reservado (aos homos-
' ima campanha propagandística contra os ho-
sexuais), só se pode dizer que Foi terrível: estão
ii, 'sscs ria is, .1 11111 ti di -os a iodo tipo de crimi'
quase todos mortos".
1105115 si ais: Is bandidos, os traidores, os es-
ii'rcs. contra-res,,lircioiiíirios e agentes dl) im- O médico e escritor Classen Neudeú publicou
perialismo. Essa iciidéiicia alcançou se u ponto ,;l. uma série de artigos no Jornal de Hamburgo,
ir ciii ni a rç o de ?934 quando um decreto assi-
Humanistas; aí ele fala de muitos casos de que
iiado pelo pr'iprio K aI iii liii passou a considerar as soube ou que viu diretamente: "Os ho,.rnssexuals
re açws iii ti iras entre iiidii 1 duos do sexo mas- já tinham sido torturados e morriam lentamente
c o mo ptiniNcis com prisão de três a oito de fome ou por excesso de trabalho, tudo com
cii forme a gras idade daquilo que foi então
uma crueldade inimaginável 1...). Então a porta
taxado e ciiqii;idradi corno 'crime''. da residência do Comandante se abre e um oficial
Gorki cscreieu: Nos Países fascistas, o ho' do nosso grupo anuncia: "300 imorais serão
nt,rsscstiulisiiio. qiiv' i a ruína dos joi cins, floresce reunidos por ordem". Fomos registrados e então
rnijiiiiiv'inerite. Já existe até rim itiido tia Me'
percebemos que nosso grupo Iria ser isolado
iiiaiilru ( prr'- iia,istii): eliminem-se os huniosse-
numa companhia de punições mais rigorosas;
sirais e ii l,is:ismo desaparecerá. ''Entretanto, iia soubemos também que no dia seguinte seríamos
iii li e rlc 30 de j ti 111111 dc 1934 (apenas três meses
lesados para uma grande fábrica de tijolos, para
tpl'is a apriii ação da lei sos iélica que enterrai a. trabalhos forçados- A fama dessa fábrica em
- ' ii iii si g. ,lp, - , idas as 11111 q ii isi as sexuais liber- liquidar, com as pessoas era *baolutamente ter-
i,iiias da Rei ilçã., de Otiiirhr,,) , ir Comando Es-
rível". (A S.S. considerava o trabalho nas fá-
lcci,il de H rriimler, a SS., iuis adia a hospedaria bricas de tijolos como um terceiro grau de onde
II' Bad W esses. unia esu nicia termal onde estai a não se saía com vida; Kogon chame-as de "tri-
retinido ii Estudo-Maior (la S.A.. e ex temi itras a icrceirin Reich: serviu de miiiudeln e inspiração mente, o [)r. Erich Sclr'siiige é professor de turadoras"). Von Neudegg conta até mesmo
quase tribis lIS presentes. Em poucos dias foram permanente para a lota contra os inimigos do Direi t i P(uhlic, ciii Mzurhirrg. sobre experiências com fósforo em pessoas visas
:liuniruadas ottiras 2(X) pessoas. muitas das quais reginnie nu adst'rsãrii,s pessoais. Já com uma cobertura ideológica, a via legal - o que lhes provocava dores "impossíveis de
t
iiireii iii irada tiurhainr a er corri a S.S. ou corri para a repressão foi aberta no dia U de setembro traduzirem palavras".
ii chefe, E rrust R,.'li ir. E iii função disso. Hitler O Artigo 175 foi introduzido na legislação de 1935. Na primavera desse ano, a Comissão
di ,,curso de II de rios embro de 1936
ili ia (clii seu discurso penal alemã no ano de 1871, para punir o "com- Penal Alemã - á qual pertenciam dois Juristas
, o bre ir licrigo rue ia- hi. ilr'igico da homosse. Nesses campos de concentração, os homos-
portamento homossexual entre homens". O nazistas como Freisier e Thiem'sak - expusera sexuais eram marcados com um triângulo rosa
xualrdarlc) que ''niãii titubeamos ciii extirpar essa grande estudioso e humanista Magnos Hirschfeld com prudência sua opinião negativa sobre o even-
peste -' 'rn a lir'rrr,i norte, irlcsnuo entre nas'', sobre a manga ou sobre o peito, o que servia para
lutou contra ele por multo tempo. defendendo os to endurecimento na Interpretação e aplicação do
qua itl, esse perigo itir adiu ta iiibénr a Alemanha.
distunngüi-los dos presos políticos (triângulo ver-
direitos dos homossexuais atrases do Comitê
o
Frrt 2t1 de laneir de 1938, o niesnio argunrcnro
foi repelidi ' por Got'hhels. Ministro da Propagati-
Científico Humanitário, ao lado de Adoif Brandt,
Frltz Radzuwelt e alguns mais. De todo modo, es-
Artigo 175: um de seus membros mais competen-
tes, o professor Erich von Spach, recomendou:"Q
melho), dos ladrões (verde), dos testemunhas de
leoá (s tiik'na}, dos ciganos (marronn). dos judeus
legislador deve manter a moderação num campo (amarelo) e dos criminosos (negro). Conforme
da a ' ' fa,v'r seu prrnreurii ataque declarado à se Artigo nunca provocou muitos problemas ateio onde grandes Investigações podem provocar gran- relato de Lima testemunha no livro de Woltang
Igreja católica, iii . usatudo'a srrhrerudrr de imo- momento em que os nazistas conquistaram o des prejuízos". Mas na reunião do Partido em Harthauser O grande tabu, somente tio período
ralidade. Di,eii dr que ' is membros do clero e poder e decidiram usá-lo como arma política e de Nuremberg. Gocring tocou no problema pedIndo
vingança pessoal. Em 1933, houve 835 pessoas de sua permanência em Sachsemihausemi. foram
dirigentes das 'rgaiiuIaçies jiii crus católicas "a defesa e proteção do sangue e da honra ale- eliminados a sangue frio "de 300 a 400 homos-
deii'rrauii, se e,ip,i,es. adotar a "Ordem" na- condenadas a partir de sua aplicação. Em 1934, mã"; enquanto Isso, Hitler mostrou-se favorável sexuais, nonos em conseqüência dos trabalhos
cni,mral-si,cialtst,r, Griehhels afirmou; ''Quando, imediatamente após o caso Roehm, o número ao endurecimento do Artigo 175. Schaufier, forçados ou porque chegavam com os ossos dos
liii 1934, serias pessoas pretenderam fazer rio subiu para 948; e de repente as cifras enlou- Diretor Geral do Ministério da Justiça enchia-se braços e pernas quebrados. Apenas mio campo
Partido 'r que se fai rios ciiri% cii los e entre os quecem: em 1936 foram 5.321 os condenados: em de alegria: "Foi preenchida uma séria lacuna". número cinco de Neusustrum, um terço dos
parIres; c;irreg,iirdir essa imoralidade para nosso 199, Já são enviados para os campos de concen-
prisioneiros era composto de homossexuais. Num
meti. ii,is as elinimntam.is. Dei emos ser surnamein- tração 24.450 pessoas acusadas de atos homos. Passados 26 anos do final da guerra e da aber- processo contra um guarda acusado de outros
te gratos a ' ' Eolnrs'r, que nos lii roti dessa peste—. sex uais. rara dos campos de courcerit ração( 1) ainda não se cem homicídios, foi constatado que esse homem
estabeleceu o número exato de vítimas. Quantc era especialista em lançar potentes jatos de água
Apesar da lei i igenie. as punições contra o aos homossexuais, poucos sobreviventes (e muitc gelada contra o preso, até levá-lo à morte. Conta-
Mas é bastante provável que t-Iitlerjamais teria
hrrtriossexirais tinham sido bastante reduzidas, raramente) apareceram para reclamar inmdenri- se ai que suas vítimas preferidas eram os judeus e
considerado seu lugar-tenente Roehm como um
antes da guerra 1914/18. Após a guerra, o gover- zações, pagamentos ou reabilitações, inclusive os homossexuais.
monstro degenerado se este não tivesse insistido
demais nas Ideias radicais que todos conhecemos; ii' eiinrstttiiidni de partidos de esquerda também porque até poucos atros atrás estavam ainda (1) Este artigo foi publicado pela primeira vez
acontece que sua S.A. andava pregando a neces- irão aplicava nenhuma medida repressiva, dei- ameaçados pela vigência do Artigo 175, depen- em 1972, no Boletim do Cidams, 3. Posterior
sidade de uma segunda resolução para arrasar xando ais hiiniossexuais a liberdade de se jun durado como urma espada de Dámocles sobre suas mente, ,árias revistas e jornais do mundo Inteiro
com os capitalistas ique, em troca. cortejavam tarem e se organii,'arem um pouco em seus bares, cabeças. Assim, a cifra oficial fala de 50.000 a reproduziram-no, sobretudo na Itália, Suíça,
Hhler( e com o exército (que a S.A. queria subs- clubes. salinas ou através de suas resistas. Final- 80.000 vitinras, mas prosavelnmetttc está muite França e Argentina.
tituir, contra a opinião do Fuhrer); afinal, os mente, a 16 de outubro de 1929, a Comissão longe da realidade que, como se pode imaginar,
militares eram importantes para a constituição de Penal do Reichstag pronunciou-se a favor de uma parece ser muito mais trágica. (É preciso lem-
uma poderosa Wermacht almejada por Hitler. escirtuial supressão do Artigo 175. Referindo-se a brar, por outro lado, que muitos dos condenados
essa decisão, iiuuttrro Ministro da Justiça. Frank, com base nesse Artigo não eram homossexuais, BUFÃO CABARÉ
Aliiii iii mais. a iiiilicra ''jiris uda'' de Rochnm falou a lO de deiernhro do aiio seguinte, para mas simplesmente opositores do regime ou ini-
passara de 3(X) tini li.inieiis ciii 1932 Para cerca de definir ci)mri imoral "essa tolerância que se migos pessoais dos Poderosos, cabendo-lhes, por-
3 itrillnr'res ciii dcierrihro de 1933 e iinha sido um pretende impingir a todo o povo alemão". tanto, a acusação considerad mais degradante), Show, arte e cultura: a nova atração
Fator dccisiso ira escalada de Hitler ao poder. guel (eles e das) no. Couro do Rio de
Ri,chni era unir dos poucos, ou nrelhn,r, r., ánico Apesar disso, os próprios nazistas. que ti- Depois de julgados e condenados, os viola-
q ire pird ia e lia iria r o Eu hrer de ''s ocê'' - E, quando unham nitrilos homossexuais em suas fileiras, não dores do Artigo 175 passavam para as mãos da
Janeiro.
alguém lhe chatiiar a a atenção para o compor- aprese ui tara nr uieirhiima iniciativa mais radical, Gestapo (a polícia secreta do Estado) e eram en- Rua Santa Luzia, 760 Tel. 222-9052
lamento liim,,ssexinal de seu lugar . tenente, o nos prítueiros anos de existência do seu partido. viados aos campos de concentração: Auschwitz., - Aberto aos sábados a partir das
Fuhrer respiiuudma com jiustific,iii as do tipo: "Ah, Dachatu, Neueurgame, Raveumsbruek. Sachse. 22 horas. Ingressos: Cr$ 100,00.
isso acontece sempre (pie as pessoas ficam muito As premissas ideológicas para uma repressão nihaunseni. Natsweiler, Bergeum-Belsen. Fuehls-
entre os m Ll liii tcs, Tornam' se tão idiotas q uan to com "meios mais sofisticados" foram dadas pelo huettei, Foscmiherg e outros mais: ai eram fre-
Com este anúncio o Ingresso cinta
eles. Ê só colocar Ertrst Rhni tio seu ambiente jurista Rtrdolf Klare. especialista do Partido qüentemente castrados e mandados para os
apenas Cr 80,00.
adequado e então tudo isso acabará", Nazista para assuntos relativos ao homossexuali- trabalhos mais repugnantes e mais pesados que *
mii; de fato, em seu livro homossexualidade e acabavam acelerando seu fim: ou então torna-
Quando finalmente Rochm foi acusado, em Direito Penal, Klare propunha um reforço das vam-se bode-expiatório dos demais cornpanheirrn

11
1934, com base rtrs Artigo 175 do Código Penal punições conrnra "esses indivíduos" que consti- de prisão, que os maltratavam e violentavam.
Alemão (que punia lis atos de natureza homos- tuem maior perigo para "o povo, o Estado .e a Não existem muitos documentos sobre tema, N^,
sexual), o partido nacional- socialista não teve raça"; e sugeria a criação de reformatórios para especialmente pela compreensível aversão dos
qualquer reação negativa: ao contrário: um in- as lésbicas Referia-se também urna "purifi- em
homossexuais tornar pública uma perseguição
tornar
divíduo que procurou tirar proveito de unia al i- cação completa", através do extermínio neces- que a sociedade ainda pretende justificar e per-
liga relação comi Roehm foi assassinado pelas sário de homossexuais - afirmava que "os de- petuar: além disso, muitos historiadores manifes-
S.S.. enquanto Roehm era defendido e protegido generados devem ser eliminados para manter a taram indiferença ante o tema, por associarem os
por Hevdrich. Mais tarde, a 30 de jalreiro de raça pura". Parece interessante constatar que o homossexuais com deliqüentes "comuns", e HELg0 J. DALFJ - rmo h.
1939, ao falar sobre a purificação moral e a saúde livro enr questão foi dedicado ao professor Dr. reservaram rodo seu interesse para os presos - .1co ssaaL Kua Jsaê das
biológica relativamente ao caso Roehrn. Hitler Erieh Schwinge, a quem se deve "o mérito desta políticos (2 milhões de vítimas), ou para os judeus Nessa, H. Fo.. 5214999 -
disse: "Há cinco autos atrás, hiiusc algumrs nrem- colaboração verdadeiramente fraterna entre (os mais duramente atingidos: 6 milhões de mor- Na~ (Ilida Av..Ms 1a*os. asé
bros do partido guie se mancharam de culpa itr- professor e diseipulo, sem a qual esta, obra hão tos). Outros motivos dessa ausência de (lados: O
fume e fo'Mijado pdr'es crime". O caso poderia ser rea1izada num espaço de trmpo tâ .m4odii usadb pelos responsáveis dos cawpnisde
Roehm foi na história do breve. Eu lhs agradeço muito por isso". Atual- concentração para esconder seus crimes e, talvez
Extrai LAMPIÃO Pagina 3-

** Centro de Documentação
APPAD e
da parada da duvcrsidadn'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ENSAIO
Um texto clássico do feminismo americano
Os homens, em geral, definem frigidez fe- e o Pênio como corolário da m*SCUIhIkIsde.
minina como uma dificuldade de se chegar ao or-

Mulheres:
gasmo vaginal. A verdade, entretanto, é que a Entre os homens, é muito comum que a mas-
vagina não possui um alto grau de sensibilidade culinidade defina suas vidas e enfatize seu eu.
nem se destina fundamentalmente à obtenção do Considerando a masculinidade como algo su-
orgasmo. O centro da sensibilidade sexual fe- penor, eles impõem-se também sobre as mu-
minina é o clitóris, que desempenha um papel lheres. Então, por mais homogênea que seja uma

o mito do prazer
equivalente ao do pênis no homem. Pode-se sociedade (supondo ausência de diferenças
imaginar, a partir dai, porque a incidência da as- econômicas, étnicas e raciais), as mulheres serão,
sim chamada "frigidez" seja tão fantasticamente de salda, um grupo oprimido. Na medida que
alta entre as mulheres. Os "especialistas", des- tentam racionalizar e justificar sua superioridade
conhecendo a anatomia feminina, costumam através da diferenciação física, os homens sim-
bolizam sua masculinidade na musculatura mais
dizer que a frigidez não passa de um problema (Este é um texto já clássico do feminismo americano, tanto pelas avantajada, no corpo mais peludo, na voz mais
psicológico diagnosticado como sendo unir
"dificuldade de ajustamento ao papei feminino". polêmicas que provocou quanto pelos caminhos novos que indicou à grave e no pênis mais volumoso. Por contraste, as
mulheres serão mais femininas se forem frágeis e
Acontice que a história é bem outra, de um pont6 sexualidade feminina. A autora, Anne Koedt, iniciou o movimento miúdas, se rasparem as pernas e tiverem voz fina,
de vista anatBmico:' apesar de serem muitas as
regiões para estimulo sexual, o clitóris é a única feminista de cunho socialista, em Nova Iorque, ejá tem vários livros suave. Como o clitóris é quase idêntico ao pênis,
área do corpo feminino que leva ao orgasmo. publicados sobre a luta feminista, entre eles Notes from the second pode-se entender porque os homens de várias so-
Se ele não for devidamente estimulado, as ciedades tentaram, por um lado, ignorá-lo sis-
mulheres são tornadas "frígidas", conforme
year, do qual faz parte o presente ensaio) tematicamente e enfatizar a vagina (é o caso de
acontece nas posições sexuais mais comuns. Ê Freud) ou, por outro lado, praticar de fato a
verdade que, além do estimulo físico, existe tam- essencial para a masturbação. Além do mais, por clitoridectomia (extração do clitóris), conforme o
duas áreas sensitivas podem incentivar o orgasmo costume até hoje, praticado em regiões do Oriente
bém o estimulo por processos mentais, como no conhecerem o poder do dit6ris,eles,ioienalment clitorial, se efetivamente estimuladas durante o
caso da utilização de fetiches ou fantasias sexuais. o manuseiam durante as "brincadeiras preli- Médio. Para Freud, esse costume ancestral
coito "normal", o que não é muito freqüente. Por
Mas mesmo havendo estímulo, -' basicamente minares", para excitar as mulheres e provocar as ajudava a "feminilizar" a mulher, removendo-lhe
isso, muitas vezes, confunde-se com orgasmo o principal vestígio de masculinidade. Convém
psicofógico, o orgasmo será sempre uma manifes- sim a lubrificação necessária da vagina, facilitan- vaginal o estimulo ai sentido. Segundo Keley,
do a penetração. Entretanto, logo que a mulher lembrar, inclusive, que '(se considera feio e mas-
tação com efeito f'ísIcoi ele.'necessariamente "qualquer que seja o meio de excitação usado
ocorre no clitóris, que é o órgio equipado para fica excitada, o homem interrompe o "joguinho" culino ter um clitóris grande. Por isso existe, em
para levar alguém ao estado de clímax sexual, a certas culturas, a prática de banhar o clitóris em
tanto,, como se vêr. e passa para a estimulação vaginal, deixando sua sensação é percebida através dos corpúsculos
Então, vale a pena examinar o sexo "papai. parceira com tesão não satisfeito. Por outro lado, material químico, para fazê-lo enrugar até voltar
genitais e ai se localiza: na cabeça do clitóris ou a seu tamanho "exato". A clitoridectomia em es-
mamãe" e ver como é que as mulheres se colocam os homens sabem também que as mulheres não do pênis". Até mesmo a estimulação mental
dentro dele. Na relação heterossezual, os homens necessitam de anestesia durante cirurgia na pecial é explicada como uma maneira de impedir
pode, através da imaginação, impulsionar os cor- que as mulheres caiam em exageros. Presume-se
atingem oorgasmofundamentalmente através da vagina, exatamente pela baixa sensibilidade dessa púsculos genitais para o orgasmo.
penetração/ fricção na vagina, enquanto que o região. que a remoção do clitóris irá- diminuir o im-
Por desconhecerem sua própria anatomia, al- pulso sexual feminino, pois enquanto proprie-
clitóris, sendo um 6rgIo externo, não oferece tão gumas mulheres acreditam que o orgasmo sentido dade do homem, não se permitirá que a mulher
boas condições. Como as mulheres sempre são EVIDENCIAS ANATÔMICAS nas relações "papai-mamãe" provenha da vagina. seja sexualmente livre. Na verdade, os homens
sexualmente definidas em função daquilo que dá O problema tem sido apelidado de "comédia vêem o clitóris como uma ameça à sua própria
prazer aos homens, as distorções chegam até o Ao invés de discutir aquilo que as mulheres sexual", pois a grande maioria das mulheres que
devem sentir, é mais lógico começar por um masculinidade.
ponto de se associar a liberação da mulher ema fingem ter orgasmo vaginal, na relação hetero,
sua capacidade de atingir o orgasmo vaginal - exame de sua anatomia. • aitória e blisexualdade Se o centro do
fazem isso para "garantir" pelo menos um mí- prazer sexual feminino passar da vagina para o
orgasmo esse que simplesmente não existe. Ora, (tÓrls. Trata-se de um equivalente menor nimo de sexo. Da parte dos homens, pode-se dizer clitóris, os homens temem tornar-se sexualmente
nós mulheres devemos redefinir nossi sexuali- do pênis, com a diferença que não tem uretra. que são pressionados para se afirmarem através dispensáveis. De um ponto de vista anatômico, is-
dade, desvencilhando-nos dos conceitos désexo Sua ereção assemelha-se à ereção masculina e sua da mulher: jua habilidade enquanto amantes sig- so é verdade: enquanto a ausência da vagina cria
"normal" e criando novas diretrizes que exijam cabeça tem o mesmo tipo de textura e função que nifica uma provas ser vencida. A mulher, por sua um problema para o homem heterossexual, o
nosso quinhão no gozo sexual. Apesar de lar- a glande do pênis. G. Lomhard Kelly diz que "a vez, simulará o êxtase sexual para não ofender o mesmo não acontece com a mulher em relação ao
gamente aplaudida em manuais para noivos, a cabeça do clitóris tem a mesma composição de ego masculino nem desobedecer as regras pres- pênis. Alhert Ellis diz que um homem sem pênis
idéia da satisfação sexual mútua nunca chega às tecido erétil e possui uma pele muito sensível que critas pelo universo do homem. pode perfeitamente fazer da mulher uma ex-
vias de fato. Somos vftiínas de uma exploração está carregada de terminais nervosos chamados Seu próprio prazer, via de regra, existirá celente amante. A sexualidade lésbica, inclusive,
sexual e precisamos mudar essas circunstâncias. corpúsculos genitais; por sua fácil estimulação, apenas como um acréscimo nem sempre neces- fornece um perfeito exemplo da irrelevância do
Freud tem importância como o pai do orgas- esses é que permitem a consecução do orgasmo, sário. O resultado mais daninho e irritante disso órgão sexual masculino para o orgasmo da
mo vaginal. Asseverou que o orgasmo clitorial em condições mentais propícias; nenhuma outra tudo talvez seja o fato de que mulheres sexual- mulher. Não existem, em última análise, ar-
seria um estágio adolescente da sexualidade e que parte do aparelho reprodutivo da mulher possui mente sadias acabaram se convencendo de es- gumentos anatômicos que expliquem suficien-
as mulheres, após passarem a puberdade e tais corpúsculos" Isso quer dizer que o clitóris tarem enfermas: sentem-se culpadas de uma cul- temente porque, as mulheres buscam prazer só
começarei a relacionar-se com homens, deve- não tem outra função além do prazer sexual. pa que nunca existiu, vivem em estado de pri- com os homens. A exclusão de outras mulheres
riam transferir o centro do orgasmo para a va- Suas funções relacionam-se com a vação sexual ou enveredam pelo caminho da auto- como parceiras sexuais não se explicaria então
gina como sintoma de maturidade. Mary Ellman reprodução, principalmente na menstruação, destruição e insegurança. Enquanto isso, os por motivos puramente psicológicos? A socie-
considera que "toda a atitude paternalista e in- recepção do pênis, retenção do sémen e saída analistas aconselham-nas a serem mais femininas dade machista, além de temer os motivos ana-
decisa de Freud com relação às mulheres segue-se para o nascimento. Kinsey afirma que o interior e rejeitarem sua inveja pelos homens. tômicos que facilitam o amor entre as mulheres,
à constatação de que elas não têm pênis." A par- da vagina é "quase igual a todas as outras es- teme também que elas mantenham relações mais
tir daí, não constituiu surpresa para Freud a des- truturas internas do corpo, muito pouco provido POR QUE A SOCIEDADE
humanas e completas entre si.
coberta da frigidez na mulher, recomendando de terminais tácteis; o tipo de revestimento inter- MACHISTA MANTÊM O MITO?
A verdade é que o reconhecimento do orgasmo
tratamento psiquiátrico por entender que haveria no torna a vagina semelhante, nesse sentido, ac Preferência pela penetração sexual. Entre os clitorial ameaça toda a kIIUÇãO heterosaexual:
nesses casos um "desajustamento mental ao papel reto e outras partes do aparelho digestivo." homens heterossexuais, o melhor estímulo físico ele evidencia que o prazer sexual feminino pode
natural feminino". A explicação é que a mulher O grau de insensibilidade da vagina é tal que, para o pênis é a vagina, pois ela fornece a lu- ser obtido com os homens quanto com as mu-
estaria invejando o homem e, em conseqüência, ainda segundo Kinsey, "entre as mulheres brificação e fricção necessárias para chegar ao or- lheres entre si. Assim, a heterossexualidade deixa
renunciando à sua "feminilidade". Ao invés de examinadas no teste ginecológico, menos de 14% gasmo, Como o chauvinismo masculino se recusa, de ser um dado absoluto, para tornar-se apenas
basear-se num estudo da anatomia feminina, perceberam que tinham sido tocadas". A impor- ou não consegue ver a mulher enquanto um ser uma opção. A questão da sexualidade fica em
Freud partiu da constatação de que a mulher é. tância da vagina, do ponto de vista sexual fe- humano especifico, as mulheres são invisíveis na aberto, extravasando os limites do atual sistema
tanto social quanto psicologicamente, uni aces- minino, tem sido considerada secundária até relação e não se supõe que devam ter desejos baseado na dicotomia macho-fêmea,
sório do homem. Quando os freudianos desco- mesmo enquanto centro~co (em oposição a próprios. Tanto na cama quanto na sociedade,,
briram que a frigidez constituía um problema centro orgástico). Tradução e adaptação de
elas existem primordialmente para responder aos
maciço entre as mulheres, meteram-se em ver- • Pequenos líbias e entrada da vagina. Essas interesses masculinos.
dadeiras ginásticas mentais "para buscar uma João SiIvé rio Trevisan
solução. Marie Bonaparte, por ex., chegou a
sugerir intervenção cirúrgica como forma de
sanar o "desajustamento ao papel feminino". Diz
ela que, após ter descoberto urna estranha co-
nexão entre mulheres não-frígidas e a localização
do clitóris perto da vagina, achou "que se devia
efetivar uma reconciliação clitóris-vagina me-
diante cirurgia, sempre que o intervalo entre am-
bos fosse excessivo e a fixação clitorial se apresen-
tasse enrijecida." O professor Halhan. biólogo e
cientista vienense, desenvolveu então uma técnica
cirúrgica muito simples: o ligamento de suspen-
são era rompido; firmando-se apenas sobre suas
bases, o clitóris era fixado numa posição mais
baixa, com eventual redução dos pequenos lábios.
Fica evidente o absurdo de querer mudar a
anatomia feminina para enquadrá-la dentro de
esquemas pré-estabelecidos. Mas o prejuízo
maior, no caso, é que a saúde mental das mu-
lheres ficou abalada: sofriam de sentimento de
culpa ou corriam em massa aos psiquiatras, para
descobrir a terrível repressão que as desviara de
sua "fatalidade vaginal".
Tais desacertos sériam justificáveis por
tratarem de situações ainda desconhecidas? Não
parece. Os homens sempre souberam que suas
mulheres sofriam de frigidez freqüente, durante o
sexo. Sabiam também qtie 'as muflscfes sejam
criancas ou adultas,' usam,o clitóris como órgão
Págtna 4 lxtra /LAMPIAO

*,
Centro de Documentação
APPAD
as'oCiaÇa(1 ranaen.-
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
v:
da parada da diversidade
rENsAK
Violação:
sexo ou de
- lues eram três e escavam armados de re- agressores geralmente conhecem suas vítimas -. gulho. Quando aconteceu foi de uns modo ter- Para 5v' '.v'iit ir CuiluLult i oui cisni rL'fliorsov. A
vólveres. Entraram em nossa casa pela varanda ele tem o objetivo de intimidar. de de',nioraliiar rivcl. porque ele me agarrou em pleno escritório, mulher que se deixa possuir à força, no entanto,
que dá para a encosta do morro vieiroço. p as famílias assaltadas, para evitar que estas lia final tio expediente. quando todos já haviam faltou com o seu dever. A sociedade, a família. a
roubar. Estávamos todos lã; a dona da casa, uma procurem a polícia. Uma grande pesquisa feita na saído. l-louis'e luta e eu bati com a cabeça contra pilicia e os triti um riais a tratarão como tal. E esse
senhora de Ó6 anos que nos alugav(um quarto, região da Cidade de Deus mosirou porque as tinia estante, cheguei até a sangrar. Mas isso não traiamciiio parecerá à mulher mais mruiumnlatmz'an-
sua empregada, uma mocinha negra. eu . meu jovens violentadas geralmente guardam segredo o lei desistir. Ele era um homem muit y foiie e te e u'rrhet que a própria violação, pois ele é com-
marido e nosso filho de quatro anos. Eram nove sobre o assunto; quando um caso desses é divul- não se preocuipou em ser delicado. Eu tive umg pletamente intusto". A. de R. lembra que este
horas da noite, e tudo foi muito rápido: eles gado sob a vítima passa a ser considerada uma hiv'iiiorr:tgilt e .ti l'° isso é que ele Ficou assustado. código de ética veio sendo utilizado, sem qual-
deram ordem para que meu marido, que estava "mulher sem moral", e, portanto, sujeita a todo o lrouse-me algumas toalhas recolhidas no ha- quer muidança, desde os tempos do Velho les-
no quarto com a criança. não saísse de li; pe- tipo de assédios. nheiro e rei apenas uni comentário sobre o assuti- tamemtto;
diram todo o dinheiro que havia na casa, nós Em locais mais privilegiados como a Zona Sul. lo: "Eu perdi o controle. Afinal ck contas sou um - Basta citar umma passagem tio Velho Tes'
demos. Foi quando a dona da casa começou a no entanto. é outro o mecanismo que faz Com que hoi'neni, de carne e osso O melhor que a gente faz manienio, no Esodo. que diz: ''Tu não cobiçarás a
chorar. Um deles lhe disse; "Fique calma, titia. os assaltos geralmente terminem em ataques é esquecer tudo isso''. A. de R.) casa tio meu próximo. nem suma muilher, nem seu
não vai lhe acontecer nada'; e deu uma ordem sexuiais: os juristas estão de acordo em que esses Advogada. hoje com seu próprio escritório. A. sem-sim, nem sua serva, neto seu boi, ocos seu asno:
aos outros: "Tranquem a velha no banheiro". ataques téni a finalidade de vingar o desnível de R., vitima de estupro há oito anos. torrloui-se nada do que lhe pertence''. A posição tia mulher
Depois cochicharam rapidamente 'ntre si e, social existente entre a vitima e o agressor. ''A LIMO est uicl iosa do assunto , "unia verdadeira oh- nessa lista fica bem clara: primeiro, ela pertence
quando se voltaram, o que parecia o chefe anuo- humilhação não deixa de ser uma forma de o cccada" . como ela diz. Já chegou a defender aI- ao homem. como o boi e o asno: e segundo. em
dou. em YO7 bastante alta para que eu e a em- criminoso demonstrar sua repulsa contra esses guimas sitinias de ataques sexuais e. utilizando ,piatéria de importância, só está uns pouco acima
pregada ouvíssemos: "Vocês podem ficar com a desníveis, "Este teria sido o caso de seu próprio caso como exemplo tela seguiu o con- destes.
crioula- A branca é minha." (S.S.M.) moradora no bairro de Botafogo velho CILI estUpr'adt)r guardou silêncio sobre o que - l claro que eum não acredito que vá ser feliz
Os crimes de violência sexual na França lhe acotiteceu e apenas se afastou dele), nega a coto ele. Mas eu já estava desgraçada, não ia ser
aumentaram em 60% em cinco anos, entre 1969 e - Depois que o chefe do bando se levantou do validade das estatísticas policiais cariocas que feliz, mesmo, de qualquer maneira. Também sei
19 7 4- Hoje em dia, a média é de 1500 violações sofá, o terceiro ladrão disse que também me aprcsenlaiii us estuprador conto uni desajustado que ele não vai me tratar bem, não vai me res-
por ano nu pais. O mesmo aumento vem se queria. A empregada parara de choramingar, e a social. peitar: mas agora eti sou dele, ele vai ter que me
verificando nos Estados Unidos. Só em Nova lor' homem que a possuira estava agora comendo - Todas as pesquisas sérias feitas em outros sustentar. senão eu cobro na Justiça. (M.G.)
que, que funciona como uma espécie de medidor umas fruias que havia sobre a mesa. Do quarto países indicam que os violadores só raramente
M .G. sabe que poderá se defender, desde que
da sociedade norte-americana - é lá que todos os entreaberto não vinha o menor ruído. Eu estava apresentam dt.'scqui ilibrio mental. perversões ou ohculcça cegamente -aos códigos que lhe foram im-
problemas atingem o extremo -' houve 2415 meio fora de mim, teve uma hora em que pensei manias. Isso significa que a maioria deles é o que
postos, e que serseni para manter a mulher sem-
casos de estunro em 1971; em 1972 o número que, se fizesse força, poderia ouvir o som da res- si.' poderia chamar de pessoas normais. 1 Com is- pre nummiia ptmsiào inferior eni relação ao homem.
shlu pra 321 e ciii 1973 passou a 3725, o que piração do meu nutrido. Os dois homens me so, fica btitt claro que eles, ao partir para a
E as Feministas estão certas de que o que faz o
corresponde a ,,%ais de dez por dia. Além disso, na arranharam toda, fizeram de propósito. O segun- violência sexual, tiAs fazem mais que exprimir o
.'iolcmulor ser punido. de acordo caris a imerpre-
França como nos Estados Unidos, as autoridades do ficou gritando no meu ouvido: "sua branca. condicionamento sexual que lhes foi imposto pela ação dos e'digos, mmào é ri ataque contra a mu-
ainda não chegaram a um acordo - não se sabe sua hraicaI,'. quando ia terminar. Depois eles cultura e pelos nossos costumes. Eu sempre eito
Ocr.mas simo fato de que ele atenta contra um
ao certo se o número de ataques vem aumentan- sairam, nós *liamos a dona da casa que estas-a uni comentário feito sobre o assunto por unia
.tirçmlrs fundamental: o direito à propriedade.
do, ou se o número de vitimas que fazem queixas presa no hanjseiro, e lhe demos remédios, pois ela feminista francesa: ''Os violadores são homens
é que cresceu com relação a esse crime, e por for- estava passando mal. Meu filhinho saiu do quarto normais, que servem momentaneamente na 1)1, A. de R.: - A ordem social supu'se uma
ça dos movimentos de liberação da mulher, os e me perguntou: "O que foi, mamãe?" Meu primeira linha das tropas de choque niascuilinas, m-cpmrtiçàu re1umtiemnienie equmitalis a tias mulheres:
sociólogos notaram uma ligeira modificação no marido ficou lá. terroristas da mais longa batalha que o homem -icsi e sentido. o violador itflu ':içsm a. orsk'mii social.
comportamento 'das s'itintas quanto à violência Mas a verdade é que se no Brasil as estatis' conheceu - a guerra dos sexos''. porque anicaça a propriedade de outro. Fora des-
si'siial; se antes elas tinham vergonha do teste- Ocas da poli.-ia - elaboradas apenas a partir de Para A. de R.. a violação sexual, v'omo a Jus- ta ameaça não existe violação. í
brins lembrar
rnunhzir e levar o caso adiante, agora parecem assaltos que tcrniineni em ataques sexuais. ou de tiça. é unia coisa de homens. E estes. em relação que cxiii riâo esisme entre esposos., e que o marido
cada se, mais decididas a conseguir que a justiça casos conto o de Mônica Strachrnann. em que sua ao esturrei, reageni sempre de acordo cismo três im.'mii urdir o direito de possuir suma mulher quantas
seta fciia. e passaram a usar. em sua defesa, não reação violenta ao ataque resultou na morte do regras que eles consideram típicas do compor- vezes queira, mesmo que ela não o deseje ou lhe
mal'. o velho argumento da honra perdida, mas rapaz e tia chegada do caso aos registros policiais ciumento feminino: 1 - Fodas as mulheres resista Sintonia trágico de uma doença social
sim o ik atentado contra a sua liberdade sexual. - só permitem que se trace do esiuprador um adorani ser possuídas à força; 2 - Nemib ui ma chamiiada ilnilidade, tu violação, a meu ver, é uni
No trasil, o estupro está enquadrado no ar - perfil bastante primário teie é assaltante. ou de- mulher pode ser violada contra a sua vontade: 3 problema cultural.
ligo 213 do Código Penal e a pena imposta pela sajustado social), nos países onde cais estatísticas - Mesmo quando dizem não, o que as mulheres
são melhor elaboradas chegou-se a conclusões querem dizer é sim. _Não ousei tocar no miieum filhinho: eu me sen
Lei é de trss a oito anos, não importando a con-
bastante surpreendetiies sobre a sua nwureza: - Ele se mostrou muito aborrecido ante a tia stmja ,ae lis que vou me sentir a.ssini para o resto
dição da vitima: maior ou menor, virgem ou não,
possibilidade de eu necessitar de socorro médico tia sitia. A dona da casa levou-o para o seu qumuir'
''mulher honesta OU prostituta, Mas as escatis- ele é, na maioria das vzs, o que se poderia
chamar de "um homem normal", casado, com naquela noitv', mas felizmente a hemorragia tu. enquanto a empregada procurava arruinar as
ica ,,, sobre o a'.sunlo são inteiramente falhas. No
Rio, a policia informava oficiosamente, em filhos e duna de uma tida metódica e ordenada. parou. Ele me levou cm casa, e foi embora sem coisas que Os ladrões tiavíam espalhaulmi P.?l'a casa.
Uma pesquisa feita na França mostrou que dar uma palas ra. Não o vi mais, desde então, a Eu fui para o banheiro. fiquem muito tempo sudi o
meiidi,s de maio, que até ali haviam sido regis-
trados três casos em média, cm cada uma das 5'7 dos 289 homens conderiados por violência sexual não ser aqui, nos corredores do Tribunal de Jus- chuveiro, seni ticmisar eni nada, demxatiuits apeitius
quando sai, a
delegacias policiais do Grande 1io, neste ano, o no país eni 19 7 2, 157 eram cavados; destes. 90 liça. Durante meses eu me senti marcada. o mun- que a água escorresse. Depois.
do já não era o mesmo para mim, mas, au) mesmo dona tIa casa me avisou: Jui chamei a policia''
que dá um total de l' 1 estupros em cerca de eram pais de famílias numerosas - de quatro a
qualro meses. Os próprios policiais, no entanto. nove filhos. E. embora a maioria fosse de ope- tempo. eu devia continuar como se nada tivesse vieum iiiarido cisili insmav a nu-' q umturt o, e eu não
rários - 180 deles -' havia até mesmo dois de ziu'oiiteciuio. O maior pavor era de que aquilo me agüentem miiuuiv tique' le silêmicio. Fui até lá. 1-de es
se mostravam célicos, então. em relação aos
formação universitária e um "capitão de ind(is- acontecesse outra vez - eu fiquei com medo dos uivum seimtrmuio na cama -acabeça en 1 re as niAos. e
números que apresentavam; "Em cada 100 cavos
não k'vumnloim os olhos, embora percetiesse que
de violência sexual, apenas um é levado ao co- tria''. Liii detalhe: desses 289 casos, 246 tiveram homens e os evito até hoje. Mas depois a vida
cri tiimlitt entrado. Acho que lii itrmquielui hora que
nhecimecuo da policia". como vitima mulheres menores de idade. Con- tornou seu corso natural. (A. de R.)
- Esperei que meu marido dissesse alguma dição essencial. cm qualquer pais do mundo, Há poucos meses ela defendeu na Justiça uma eu liv'rc'c'l m i qumu' tuiml ' ltumvi;m ulcsmtmorommaLlo. Até liote
coisa, através da porta do quarto entreaberta. para que a vitima possa almejar com segurança moça que foi vitima de ataque sexual. O juiz, no não sem p'r cume, mas tudo o que lhe pinte dizer.
mas ele permaneceu calado. Um dos ladrões unia reação positiva da Justiça. Nos Estados entanto, preferiu ver o caso de outro modo - naquela hora. foi ''rlv'si-umlpc' - Smsiprc' me olhar,
Unidos apenas jovens adolescentes. que tenham consideroti que se trai asa dv' sedumç ão e cons enceu eIs' mii um rum rsmi : ''1 mi tinha cume pensar cmii flmmsss
chegou a di,er: "Manda o marido dela vir para a
o agressor a. resolver o problema casando com a 1 ilhis' 1 , v enie imito se disse mais nada até que a
sala: ele não pode perder esse espetáculo. "Mas sido atacadas de preferência dentro de suas
eu olhei para o que me escolhera e lhe pedi: vitima. A. dc R. tentou demosê'la. mas M. ,G., a Policia e'hcgomm 'v. 5- lvi - 1.
próprias casas, é que despertam a piedade da Jus-
"pelo amor de Deus", E ele repondeu: "Deixa tiça. Naquele pais.. os juizes absolvem suma- nioça, moradora nus subúrbio carioca Dei Cas- lvi .G.. perulOftu nus mneamidris de Dei Castilho,
otário pra lá. Ele é dos que Ficam quietos. —Ur- riamente os homens acusados de violência sexual. tilho. pressionada pela família, aceitou: c't'hirtum - e obteve tia voeie'cLtcic a pissi5'àu qtmi es-
dos ladrões já agarrara a empregada, que cho- se eles conseguirem provar que suas s'ilimav, na - Eu não gostai a dele, é claro. Mas a rua in-
ta llsc rc'.en ou; S -5. lvi. assinoui um pacto de
ramingava. O chefe do bando me levou para o ocasião cio ataque. usavam minissaia ou não es- teira ficou sabendo do meu caso: minha mãe, sil è ncivs cmii o mim rido, lei ando etu comia que este
sofá. mandou que eu deitasse. De tão apavorada tavam de sutiã. E tão subjetivos são os processos quando iti que eu tinha sido agredida, deu es. Foi. de certa fnrmiia. cúmplice ttu ataque que ela
eu me engasguei. e comecei a tossir, descon- utilizados pela justiça americana nestes casos que cândalo, chamou os vizinhos, me lesou à policia. sofreu (por e-a tmsa de suma tio issão - não pt'uk'rá
trolada. Impaciente, ele se debruçou sobre mim e existem naquele país advogados do sexo feminino Eu vi cLsnio é que passarani a me olhar, até mes- liummiiliá'ltm: ele não soube defender scsi ''pairi-
perguntou; "Como é que é? Vai fazer bonitinho, especializados em defender estupradores; a sim- mo os pais (te família, eu passava e eles ficavam
miiõn io' '1; À. uk' R, partiu para Lima i sitiada de
ou eu vou ter que lhe dar uma coronhadas?'' Aí ples presença de uma mulher a defender o comentando Nós somos niuito' pobres, não cmiii sciéiueia que. segundo eta, é o umeo meio
eu fechei os olhos e fiz de conta que estava muito acusado já predispõe o juri contra a vitima. Além podíamos mudar de Dei Castihltsv. A doutora A. através do qual as mulheres podem limiar contra a
longe dali. (S.S.M.) disso, esta vê sua vida ser levantada durante o me disse logo: "Eles não são perder uma única
opressão ulis tionicnv. Esta 1)ur5içãO 1,1 .tmrstifme'i'u
As estatísticas sobre violação sexual no Rio, processo em todas as minúcias, enquanto do oportunidade de te humilhar — . Ai eu vi que uutc o sim rginme mmi r de orga iii,ações como a Womn
estão arbitrariamente divididas em dois tipos. acus,adg k nada se pode dizer sobre seus feitos an- Única saída era mesmo o casamento, por isso
galnst Rape Mcml seres Contra o Esi umhsro). nos
Primeiro há os casos decorrentes de assaltos, que te . riores, sob a ame 5 a de ser anulado o processo. aceitei. (MG.) Esmado Unidos, que mle'ktide a tese pregada liLir
são a maioria. Depois, aqueles em que os cri- Esse comportamento da Justiça, registrado em O modo negligente como são tratados pela A. de R. de que um es um pno é sito prol' lviii ti cimt-
minosos são "desajustados do meio social", ou todos os países do Ocidente, quando a vitima é luistiça os acusados de violação sexual pode ser tural . oui - mais precisamente. 1 Sumsa mi Ri. .vs mimil ler
pessoas que "perderam momentaneamente o maior de idade, é que fai com qua a maioria dos facilmente explicado, na opinião dos sociólogos. - Againai our WItim Meti, Women and Rape,
controle". Nesta última classificação, foi incluidc' casos de violência sexual jamais chegue às de- se lembrarmos de que maneira as responsabi- LI A. 1 9,S1 de que a ; iol,mç ão é 11 111 ato de poder,
ocaso de Mónica Strachmann, a moça que matou legacias e aos tribunais: as s'ítimas preferem lidades são atribuídas a cada sexo, dentro da nos- is ão de sexo.
Leopoldo Heitor Filho ao ser atacada sexualmen- quase sempre "esquecer". sa sociedade: "Nela. o homem é o agressor nato, o
te por ele. soldado que sitia as fortalezas. Quanto à mulher,
No primeiro tipo de ataque sexual, segundo os - Ele tinha sido amigo do meu pai. Quando
me formei aceitei seu convite para trabalhar eco 'ela é a guardiã- das portas. a defensora dos te-
estudiosos do assunto existem diferentes moti- souros sagrados. Se o homem consuma a invasão Artesanato catarinense - pai •
vações, de acordo com o local onde ele foi efe- seu escritilrio de advocacia. Ele tinha uma filha , aáefrs, plaatas d..Idrataa, tapu^
alguns anos mais nova que eu e me tratava de um e se apodera do tesouro. ele apenas cumprmui com
tuado. Em regiões mais pobres, como a Baixada o seu dever. Não existe, para ele, nenhuni motivo
aIjias, pcçi fokI&k*i. Rua do Catei., 228,
Fluminense - ou mesmo nos morros, onde os modo paternal. que sempre me encheu de or- LW 305, Rio.

Página 5
Extra/LAMPIÃO

** Centro de Documentação
APPAD e
da partida da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ENSAK

rvy
lI
Desbloqueando o tabu
Pier Paolo Pasolini
PILA QUEM ENTENDE DE SAUNA Tradução de Clóvis Marques
SaIiap - .Mk abIaI - bar - TV Dois especialistas franceses escreveram um Comitê Central do PCF (Le Nouvel Observateur, vades. enquanto que as massas "populares"
a com - pb tut - blb&h,suca - livro pedagógico sobre os homossexuais, desti- 5-5- 197A. gozam hoje de uma horrível larva de tolerância,
pdnte ivoa nado (o que é bastante utópico) a substituir nas 12 ' . . . A felicidade de um quinze avos da que lhes inculca uma intolerância e um fanatismo
bancas as obras análogas eróticas, comerciais,
T1itlkttJ sencacionalistas, etc. E um livro que se apresenta
humanidade não é uma questão de que nos pos-
samos desinteressar de coração leve."
quase neurótico (o que outrora era característico
da oequena-burguesia).
como honesto, claro, completo. democrático e São doze citações ligadas ao sentido geral, ao Assim, por exemplo, este livrinho de Daniel e
moderado; e, com efeito, o é. Contrariando meus mínimo e ao que se pode qualificar de evidente Baudry só pode ser compreendido pelas elites cul-
hábitos de crítico (mas é evidente que não me sobre este assunto: o "livrinho" de Daniel e tivadas e pbrtanto tolerantes: só elas podem tal-
De da nsa MÓ faço aqui de critico literário), começarei por Baudry não está todo aí. E uma obra de vulga- vez, já que não são afetadas, lihear-se do "tabu"
Rua Buarqus de MacuLo, 51, FI$$o, LO alinhar uma série de citações particularmente rização, mas de caráter científico, e, portan- que atinge homossexualidade. As massas, em
eficazes para introduzir o leitor a um assunto que to,complexo. compensação. . estão destinadas a acentuar ainda
é sempre 'tabu", como sustentam com razão os Eu teria, entretanto, uma série de observações mais sua fobia bíblica, caso a tenham; se, pelo
autores do livrinho, Daniel e Baudry. a fazer (o leitor só poderá compreendê-las após contrário, não a têm (como em Roma, na Itália
1) "E portanto necessário, a qualquer preço,, te,- lido o texto de que me ocupo - o que lhe meridional, na Sicília. nos países árabes), elas es-
Encontre um amigo. Visite desbloquear o tabu. Já não vivemos - todos hão recomendo calorosamente). tão prontas a "abjurar' ' sua tolerância popular e
de convir - numa época em que os problemas Minha primeira observação diz respeito a tradicional.para adotar a intolerância das massas
dolorosos e delicados podiam ser silenciados ou Freud. E sabido que somente a psicanálise é formalmente evoluídas dos países burgueses
THERMAS abafados... Questões que por muito tempo foram
proibidas, como a contracepção, o aborto, as
capaz de explicar o que é a homossexualidade. gratificados com a tolerância.
Mesmo Daniel e Haudrv sabem disso: por um Aqui, o discurso se torna político. Até mesmo
relações sexuais entre adolescentes, são hoje ob- lado, no entanto, eles declaram baseando-se o livrinho de Daniel e Baudry dedica algumas
DANNY jeto de programas de rádio e televisão, de pes-
quisas nos jornais. Seria exagero dizer que o mes-
abusivamente no bom senso, sua insatisfação a páginas ao "movimento político" da questão.
respeito das explicações freudianas, e, por outro, Mas nelas a análise é dominada por uma forma
mo acontece - pelo menos na França - com a
SAUNA E homossexualidade."
apontam em Freud o principal culpado pela ins-
tituição da homossexualidade como ' 'anorma-
de anticomunismo que se é perfeitamente jus-
tificado a respeito da homossexualidade. é no en-
2) "Uma curta fase de São Paulo, em sua E&- liade" em relação a uma "normalidade" - a da tanto igualmente suspeito, porque faz parte do
MASSAGEM pistola aos Eféslos, talvez esteja na origem de sociedade burguesa - que Freud aceita passiva e desejo ansioso de permanecer moderado e in-
tudo: "Que não se dê sequer nome a estas coi- talvez cosardemente. Isto não me parece justo. tegrado que domina pateticamente toda esta
Rua JaguaiIbe, nP 44 sas Quando Freud diz "normalidade" (o resultado é obra. Mas a carência analítica de Daniel e Baudry
Fone 66-7101 3) "Mesmo os órgãos de imprensa conhecidos sempre frmat e esquemático), ele entende essen- a propósito da relação entre homossexualidade e
Sio Paulo por seu liberalismo e sua inteligência mantêm a cialmente com isto a "normalidade" como urdo política não deriva tanto de uma ideologia política
este respeito uma atitude surpreendente e con- naturae que não tem solução de continuidade na discutível quanto de uma discutível ideologia a
lomista." história, nem nas diferentes sociedades. Mesmo respeito da homossexualidade. Com efeito, resul-
4) "Em outras sociedades, muito embora se nas sociedades favoráveis à homossexualidade, a ta, pelo menos implicitamente, deste livro, que
VICTORIA IUHN - tenham libertado do cristianismo, a velha con- "normalidade" era a " média", ou seja. o com- um homossexual ama ou faz o amor com outro
AIda Jursa S33 ap 44, M - denação religiosa, que estava excessiva e profun- portamento suxual da maioria. "Anormalidade" homossexual. Ora, não é absolutamente o que
SP. 1.us 521 .O5 (rsuaán. damente enraizada para desaparecer, tomou a é uma palavra como Outra qualquer quando seu acontece. Um homossexual. em geral (na grande
forma de um falso racionalismo e conserva todo sentido é racional (e não positivo ou negativo). maioria dos casos, pelo menos nos países me-
seu vigor; a União Soviética e Cuba têm leis Este 'resto" de respeito pelas idéias do "mun- diterrâneos), ama e quer fazer o amor com um
severas contra os homossexuais, em nome da do normal" que persiste em dois autores que, heterossexual disposto a uma experiência homos-
defesa do povo contra os vícios do capitalismo-de- mesmo permanecendo moderados, aceitam no es- sexual, mas cuja heterossexualiciade não é em ah-
cadente." sencial o relatório "revolucionário" do FHAR soluto questionada. Ele deve ser "macho" (donde
5)" E signifitativo, a este respeito, que Hitler (Font Homosexuel d'Action Révolucionaire), é a falta de hostilidade pra com o heterossexual que
tenha enviado aos campos de concentração, para igualmente demonstrado por um outro fato: eles aceita a relação sexual como simples experiência
exterminá-las, três categorias minoritárias, com a condenam, quase chamando a indignação da ou por interesse: com efeito, isto garante a sua
mesma motivação de salvaguarda da defesa da maioria, a irresponsabilidade dos "pederastas heterossexualidade).
raça: os judeus, os ciganos e os homossexuais, libertinos" que exercem sua tendência erótica Como único fato político importante. Daniel e
distinguidos por um triângulo rosa, eram objeto sobre os "efebos", os adolescentes no limiar da Baudry observam que não apenas os ricos e os
Praça Se~ Pn1a145,fo.204 de tratamento particularmente abomináveis. (São idade adulta. A acusação é sempre a mesma: burgueses são homossexuais, mas igualmente os
estes, apesar de tudo, os únicos que, após a Leva-se assim a inclinar-se para a homossexua- operários e 'os pobres. A homossexualidade as-
guerra, nunca tiveram direito a uma pensão.)" E lidade um adolescente incerto (hissexuado: n° 3 seguraria portanto uma espécie de ecumenismo
ainda, podemos acrescentar, são os únicos para d escala de Kinse y ). Mas isto contradiz tudo interclassista. A isto não falta importância, pois.
Depilação definitiva os quais as coisas continuaram essencialmente
como antes, sem o menor sinal de qualquer forma
qeu os autores disseram. Pois se ele é efetivamen-
te hissexuado, continuará de qualquer forma a sê-
de um ponto de vista de classe, isto faz da homos-
sexualidade um problema universal e, portanto.

Stela-
Rosto e corpo
de reabilitação,
6) "Em termos estatísticos, é portanto pro-
vável que, de quinze pessoas freqüentadas por
nosso leitor, uma ao menos seja hómõssexual. E
lo, e se, por pura hipótese, viesse a dar uma certa
preferência à homossexualidade, lat, não .erla
um mal.
Trata-se do seguinte: Daniel e Baudry tentam
inevitável. O marxismo que o desconsidera ou
nega (além de tudo com desprezo) não é menos
perigoso que aquele fascista francês que, no
Parlamento, quis que se definisse a homosse-
uma constatação que merece reflexão." xualidade como um` flagelo social",
Tratamento. Método: ele- 7) ".. Não existe exemplo de jovens rapazes - acreditando sinceramente que a idéia é boa e
Mas não é isto que importa. E necessário bus-
trocoagulação, com aparelhos que, tendo sofrido violências sexuais, tenham eficaz em seus efeitos - inserir o pthlema da
homossexualidade no contexto da tolerância nas- car em outra parte o "momento político" da
permanecido homossexuais por causa destas
importados, os mais moder- violências. Supô-lo, mesmo por um instante, é um cente (existencialmente, na prática, já afirmada, homossexualidade, e pouco importa que seja à
ainda que as leis estejam, como sempre, atra- margem, muito à margem da vida pública. Eu
nos dos Estados Unidos. Não evidente absurdo. Pelo contrário, o traumatismo tomaria o exemplo do amor entre Maurice e Alec,
é tal que afasta para sempre da homossexuali- sadas); uma tolerância que diz respeito às re
deixa manchas nem cica- dade. A menos que a violência não tenha passado lações heterossexuais (anticoncepcionais, aborto. no magnífico romance de Forster de 1914, e o do
amor entre o operário e o estudante na igualmen-
trizes. Ambos os sexos. de uma pretensa violência e que o rapazinho, relações extramOtrsmoniais, divórcio - no
te magnífica (mas inédita) narrativa de Saba.
conscientemente ou não, tenha procurado o que que diz respeito à'ltália - relacionamento sexual
Rio: Largo do Machado, entre adolescentes). Em seguida, vinculam tudo No primeiro caso, um homem da ai-
lhe aconteceu."
8) "Nada permite afirmar, nem mesmo sus- isso ao problema (político) das minorias. ta: ,burguesia' vive em seu amor pelo "corpo de
29/808 Fone 265-0130 peitar, que exista a menor relação de causa a Pessoalmente, não acredito que a forma atual Alec, um servidor, uma experiência excepcional:
o 'conhecimento' da outraclasse social. O mesmo
São Paulo: Alameda Franca, efeito entre homossexualidade e neurose: o vin- de tolerância seja real. Ela foi decidida "do alto":
acontece, mas em sentido inverso, como operário
é a tolerância do poder do consumo, que tem
1 616, s/01 culo, se existe, deve-se ao fato de que a conde-
necessidade de uma elasticidade formal absoluta
e o estudantezinho de Trseste. A consciência de
nação social de homossexualidade é geradora de classe não hasta, se não contém um "conheci-
neuroses." nas "existências", para que todos se tornem bons
consumidores, Uma sociedade sem preconceitos,
mento" de classe (como eu dizia num antigo
9) "Os juizes freqüentemente dão provas de poema). Mas, além desta troca de "conhecimento
uma surpreendente indulgência em relação aos livre, na qual os canais e as existências sexuais
f4J.THE CLUB jovens acusados de terem brutalizado, ferido e às
vezes mesmo assassinado um homossexual; como
(heterossexuais) se multiplicam, e, em nnae•
lêncla, ávida de bens de consumo. Compreen-
de classe", prática mas também misteriosa, que a
mim, e talvez sé a mim, parece portadora de uma
der e aceitar isto é certamente mais difícil para
altíssima significação - eu oporia ao 'tnterclas-
se, no fundo, pensasse: "E bem feito para ele. mo de Daniel e Baudry, que qualifiquei de
"Ao mesmo tempo, é freqüente que um homos- uma mentalidade liberal francesa do que para um
progressista italiano, que sai do fascismo e de um
ecumênico, esta frase de Lênin (depois de 17) a
sexual acusado de algum delito se veja condenado propósito dos judeus: "A maioria dos judeus são
pela simples razão de que, sendo homossexual, é tipo de sociedade agrícola e palco- industrial. e
que, portanto, se encontra "sem defesa" face a
operários, trabalhadores. São nossos irmãos
culpado por definição." oprimidos como nós pelo capital, são nossos
10) "E necessário levar em conta uma reação este monstruoso fenômeno. Formar uns casal é
camaradas... Os judeus ricos, como nossos ri-
Um novo lugar na noite inconsciente bem conhecida dos psicólogos: doravante, para um jovem, não mais uma liber-
dade, mas uma obrigação, na medida em que ele cos... oprimem, roubam os operários e semeiam
muitos daqueles que insultam os homossexuais entre eles a discórdia*.* Se pretendemos verda
Drinks - música são levados a isto apenas por sua recusa de ad. tem medo de não estar à altura das liberdades que
deiramente devolver os homossexuais à "nor
mitir sua própria homossexualidade recalcada. lhe são concedidas. Já não existe, assim, limite de
malidade", eu não saberia indicar melhor ma-
comidinhas Jean' Paul Sartre manifestou-se vigorosamente a idade.
neira que a de Lênin a propósito dos judeus, a
Quero dizer com isto que Daniel e Raudr y se
o este respeito: "Quanto àqueles que mais seve-
ramente condenam Genêt, estou convencido de
que a homossexualidade é, neles, uma tentação
enganam quando esperam que a tolerância inclua
igualmente a homossexualidade entre seus ob-
qual certamente não abre para uma falsa pers-
pectiva de sociedade tolerante. De resto, Daniel e
Baudry parecem ter esquecido aquela que é a
jetivos: isto se verificaria se fosse o caso de uma
Diariamente, a partir de constante e constantemente renegada, o objetivo
de seu ódio mais profundo: estão felizes por tolerância real, conquistada de baixo. Mas se mais alta resposta ideológica de um homossexual
21 horas• trata de uma falsa tolerância q ue é certamente o
ao pogrom servil e feroz dos supostamente "nor-
detestá-la no Outro, porque têm assim • possi- mais", o suicídio do personagem homossexual do
prelúdio a um período de intolerância e de racis-
Rua Cristiano Lacorte, bilidade de desviar de si os olhares."
11) "O mundo da homossexualidade ou da mo piores (ainda que menos grandgulgnoleseos) livro Branco de Cocteau, que pôs fim a seus dias
54 droga (observem a aproximação significativa) que na época de Hitler. Por quê? Porque a v- porque compreendera que era intolerável para
um homem ser tolerado.
Copacabana jtunca t,çq ,aye g ,n.qyi,gntoQ-.
rário", declarou Pierre Juquin, membro do
dedeIra tolerância (que opoder fingiu assimilar ,e
tazer suas e o privilégio sociai nas einea culil- 4T.po,28 de abril de 1974)
Pá9.Iwu!cr,r.I.--
v

*. Centro de Documentação
APPAD it
da parada da divcr',idadc
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
FENSAJO]

NA JAULA
(Á história de um presidiário guei)
Chrlasç.. Ld é u pulro da algo dentro de mim que se revolta quando me de livramento condicional discrimina contra matar quem a violou, (6) Conseguir uma faca eue
Paiutiadéria do Estado 4. Num Mésico Estados desprezam por ser guei. Me recuses a ser o e.- casos recolhidos à proteção e contra homos- matar.
U.Idos. Ela pediu à haprana tinci eaItuath tereodpo da "bicha de mictório' que os outros sexuais. Os presos em proteção não podem
— gemi que publique sua carta e é o que .6s os- presos queriam fazei de mim. Isso só serviu para ter tratamento psicológico, programas educa- Ë inacreditável, mas as autoridades circo-
laulas matado ego.. . "Peço apodo dfraw.ie a que o machismo deles se sentisse ameaçado. cionais ou qualquer tipo de programa de rea- ririas entravam qualquer esforçopara mudares-
v e ia suas orgu1zaços. Ele má auto Ia. Quebrar minha vontade tornou-se um desafio bilitação. Torna-se portanto impossível conseguir si situação. A publicidade resultante da ins-
pastaaiis pari aIa e para todos es asui raias pata eles, A luta Iixsu ainda mais violenta. uma ficha favorável para mostrar ao conselho de tauração de um processo contra um prisioneiro
- u situaçio. A. Aultu eryant die mea- Depois desses longo. e difíceis ires meses eu estuprador se reflete negativamente sobre elas.
da estio cia, todas a, parta e ena todos ou desisti e pedi para ser colocado em regime de livramento condicional. Quanto a discriminação Por outro lado, não deixam entrar publicações
buirooriticos. E é aqui, dentro dai p que soltaria. Por cerca dedais meses vivi somente de contra homossexuais, um homem me relatou sua gueis no presfdio elas ajudariam os homnosse-
e tipo de goste usa podes para tusturar, comida. A cela permanece escura todo o tempo. entrevista cciii esse conselho. Sua ficha de con- xuais a se organizarem na resistência a tal tra-
auill.r e matar sem temor da opiuopáblk*." Não se tem direito a receber cirrespondencia, duta foi discutida por cinco minutos tamento. E enquanto isso as pessoas vão sendo
A bistôriu ii. Cbruttapber Lemasd aio é livro., jornais, ou cigarro.. Ás lO e 30 da noite e sua sexualidade por uma hora! A
.gritiuei sai acreditamos ser usàr4o pu- dão um colchão que é retirado às 6 da manhã. seguir o conselho de livramento condicional lhe atingidas física e mentalmente. Essas lições de
bUcá-Ia. Carta. 4e apoio podan seraidadas para Certas vezes o cano de esgoto passando pelo lugar total desrespeito ao direito humano básico de
disse: "Esta prisão é um paraíso para as bichas,
Chiutteph.r c/o Lambda. de S.uia Fé, Ecia 2622. onde são guardados ci colchões começava a vazar com tanto homem à disposição. O tribunal te fez uma pessoa de poder controlar sua própria vida
Santo Fe MM 87501. Carta, de protesto devedo e empatava tudo, a ponto de tu não poder me só pode prejudicar a sociedade a longo prazo. E
um favor te mandando para cá. Achamos que
mi remetidas a (lauda 1. Malley, Warde, Pe- deitar no colchão, tal o mau cheiro. As baratas precisas de mais tempo para aprender tua lição." e@ estragos psicológicos nas vitimas são devas-
akestUly 01 New Malva, 8cu 1O5, Sente PC me acordavam passeando no meu rosto e por den- tadcres.
Não podemos ter rádio ou tdevisão. Instrumentos
MM 6701, e pait Go,sruor kery Apudees, Siate tro das minhas roupas. Mas o pior era que eu não musicais, não são permitido.. Não podemos ter Com tudo isso, aio são criados programas
Capital Rldg., Senta Fe, MM 17501. tinha nada para fazer. para ajudar as vitimas na recuperação de sus
mais de seis livros por ano, neta nos é permitido
Passados deis meses eu tinha mudado tanto fazer c~ por correspondência. auto-estima. O que se lhes oferece aio segre-
que quase não me reconhecia. Perdi 10 quilo., gação, recusa de tratamento psicológico, maiores
No final de pilho de 1976 fui coudenado por mas era na minha mente que se deram as maiores Na verdade, eu tive mais arte do que muitos restrições e punições.
roubos mio armada. Na manhã do quinto dia mudanças. Eu percorria a cela - quatro p~ jovens gueis ou heteros na pnssão. Eu vi como é
aqui, fui violado e esfaqueado por cinco pri- até a porta meia volta, quatro passo. até o fun- que fica uma pessoa depois deter sido subjugada As autoridades chamam a isso "0 Problema
sioneiro.. Decidi que seria melhor permanecer do. Não conseguia mais controlar meus nervos. e vendida por um maço de cig~ tantas vexes Homossexual", embora muito raramente, talvez
fechado numa solitária durante o tempo de - Ria e chorava sem razão. Comece então a temer até ninguém mais querer comprá-la. Depois disso nunca. os estupradores sejam guas. As autori-
denaçio. de LO • 50 ano., do que me cidrar ser por minha sanidade mental. Pedi para sair, o preso se transforma em "propriedade da casa'. dades carcerárias dizem que a culpa é nossa e
usado peles demais pn.iousetros como objeto de sabendo que só poderia esperar em mesmos A escravidão sexual é comum aqui. Os homos- evidentemente adiam que estamos tendo o cas-
masturbação. Fui cckmado em isolamento numa poblemu que já tinha enfrentado. sexuais são muitas vezes apostados em lugar de tigo merecido. Na realidade, são elas as culpadas.
cala de 1 metro e DO por 2 metro. e 70, rodeado Em março de 1977 decidi ir para a unidade dinheiro nas partidas de pôquer. Eles já não Na raiz do problema estão as condi~ de su-
por homem hostis e furioso., sempre procurando de proteção. Não há ali espaço suficiente pari se sabem mais quem são seus proprietário." ou o perlotação, o tratamento desumano de todos os
algu sobre o qual dar vazio às suas emoções. sair da cansa, Ela é superlotada e uma das puras que é que vai ser Feito com eles a seguir. São em- presa., a falta de educação dos pnosioneiros
Como sou jovem, gurte bonito (algo de que nus- coisas é que muitos das presas colocadas nesse prestados aos amigos de seus proprietário., heterca quanto aos seus colegas gueis, a recusa
guim deve se orgulhar numa prisio), transtor- lugar são louco.. surrados e explorados. Sei de um caso em que um em permitir que os homossexuais se unam e a
meu-me no bode expiatório desseshomens. Nua- homem foi enforcado porque "não era mais aper- ausencia de um processo que permita a todos (z
A superlotação atinge também os hospitais do encarcerados veicular seus inevitáveis sentimentos
ai tinha encontrado antes um odiotiocego. Estado. Os guardas, sabendo que as pessoas na tado".
Os guardas tentaram me convencer de Ir para sobres maneira como são tratades e as condições
unidade de proteção temem por suas vidas, nos Grupos de prisioneiras conhecida. como devida. Promovendo o ódio e a violência entre os
a "unidade de proteçàd'. coma que felizmente maltratam de uma maneira inacreditável.A lin-
não quis. Em setembro, um homem foi saias- Booly Bandits" fazem fila para inspecionar o presas as autos-idades podem continuar distri-
guagem dos guardas é muito pior do que em reto de uma vitima pré-selecionada. Quando uma buindo seu tratamento desumano para toda. nós.
sinado ali por tentar proteger um rapaz de 17 qualquer outra parte da prissão. Além disso, eles
anca que estava sendo violentado por um grupo. pessoa é violada na cela comum, ela pode tomar
violam co regulamentos da penitenciária. Eu vi uma decisão entre as seguintes: (1) Ir pura a Esta é uma situação de vida e morte para
Nos trtu meses seguintes tentaram me um guarda abrir , uma cela com o único fim de unidade de proteção. (2) Insistir nas suas acu- muita gente. Enquanto escrevia esta carta um
queimar ivo. jogaram em mim fezes e urina e fui tirar uni preso para bater em outro. Às queixas sações aos estuprador ou astupradores, o que homem tirou as tripas para fora e castro cortou a
submetido a um verdadeiro tormento verbal. eles respondem com um "Cale a boca ou n& o poderá levá-la à unidade de proteção cai à moi e. garganta. Não sei se morreram. As duas tenta-
Tive de lutar contra isso, das 6 da manhã a meia mandaremos para as celas comuns, o que sig- (3) Transformar-se nó "menino" ou escravo tivas de suicídio ocorreram a alguns metras da
noite, todos os dias da semana. Pari mim, essa nifica que o preso seria surrado, esfaqueado, sexual do prisioneiro que tem o poder de trata-lo minha cela. Acho que isso vale um selo de correio.
luta representava uma questão moral. Nunca violentado ou morto. da forma que adiar melhor, pari assim ficar Por favor, escrevam me apoiando e protestando
consegui deixar passar sem resposta um ccanm- Protegida de maus tratos ainda maiores. (4) Nip «mira toda essa situação que torna pcaalvel a
titio discriminatório. Lutei como se minha vida Eu tive muitos problemas na unidade fazer nada, o que significa que da passa a se, violentação de nosso. irmãos. Jr~ de Fria-
dependesse de cada uma daquelas batalhas. Há de proteção. Descobn que o conselho 'propnedadç pública". (5) Co~ uma faca e cas Bktemowl)

Dezenas de leitores, sentinelas lampifmicas • (Tchecoslováquia, Romênia e Bulgária), as re- dintigem, homossexual ou não, em lugar sujeito
espalhadas por todos os pontos do Pais, fazem lações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, isto a administração militar. Os regulamentos mi-
coletas diárias, nos jornais de suas cidades, recor- é, tanto homens como mulheres. litares, por astro lado, são rigorosos no tocante à
Latido matérias que possam nos interessar, e que - Quer disse que não lá, ao Ireali, o ae conduta homossexual, considerada incomupativel
eles nos enviam pelos correios. Um sa-vo inca- de baaou.esualhme? com a disciplina e dignidade da caserna.
timável, pelo qual seremos eternamente- grato. . - Não. - Ressalvada eisa hipótese, em outras profis-
estas pessoa,. No Recife, uma destas sentinelas, - A Id bradalra cessldera adultério o lato sóes, muito embora não haja proibição explicita
Jota Elie, oca mandou na última semana uma de um bem ou uma mulher cue.dosat isa* croa do respectivo exercido par homossexuais, pre- -
página do Diário de Pernambuco (edição do dia rulações fora do a*io wan pessoas do a~ conceitos milenares, advinda do Velho Testa-
2.9), contendo matéria sob o titulo "Hounosse- me ser.? mento, vedam, na prática, o acosso de homos-
MÓ:, xualismo uma opção ou mal genético irreme-
diável?" O titulo é hoi-ro.o, na apresentação da
- Não, pau o adultério define-te enuo o sexuais. notadamente do sexo masculino. Por for-
relacionamento sexual fora do matrimônio com ça de tal marginalização prática, homossexuais
matéria o jornalista responsável - Fernando pessoa de rastro sexo. Do ponto de vista civil, en- masculinos ~-se na contingência de escolher
Machado - chega a ressuscitar a palavra Iam- tretanto, e prática honac*aezual de um doscoa. certas profissões socialmente reputadas como
portas tido. mas a matéria, em si, tem coisas importan-
te.. Como a entrevista do professor Ruy da Casta
Antunes, catedrático de Direito Penal na Uni~
juges poderá enlejar a separação judicial (antigo
desquite), sobo fundamento de injúria grave.
- Qual seria a injúria grave?
femininas.

- Ezbte Id puufthu da alorsão em hemos-


sidade de Pernambuco, e que transcreveram - Ë amplíssima. O conceito civil de injúria
aqui, trata-se de um especialista eia Direito, que grave abrange toda e qualquer situação que as- - O artigo 158 do Código Penal Brasileiro
define a posição do homossexual perante a lei. volver descrédito, desprestigio, humilhação cmi pune com reclusão de quatro a dez anos a extor-
da Lei —Oqueâ hesasaesual pera auIuà.bra-
ilafrai?
- As leia brasileiras não definem o homos-
duninuiçio, para o outro cônjuge. Evidentemen-
te, a preferencia de um dos usjuga por outro
são praticada contra qualquer pessoa, boina.-
actuai ou não.
parceiro vai atingir eia cheio a auto-estima do - O seales, como tidedia tua algau
scxualismç, diferentemente do que acontece em preterido, o seu amor próprio. Faculta-lhe, as- pretiacuito co.tra o hoao.uausI?
outras legislações, à semelhança da alemã (art. sim, a lei civil, o remédio da separação judicial e, - Não. O fato de o homossexual, masculino
175), da soviética (art. 121), da tcheca (ali. 244), posteriormente,o divórcio, ou feminino, alimentar preferências, em seu
da iugoslava (art. 186), da romena (art. 200), da - Existe, no 3mB, proibição para o era- relacionamento amoroso, inteiramente distintas
búlgara (art. 176). Os artigos são todos doa res- tido de cartas prdhaãus pelo lcezuai? das minhas, étiolrrelevantc, do ponto de vista da
pectiva códigoa penais destes países. Nessas - Não me «mata que haja proibição explí- sua consideração como pessoa humana, ermo o
legislações, citadas ao acaso, algumas vezes são cita, salvo no caso da profissão militar. O Código de qualquer heterossexual manter preferencias
punidas as relações sexuais entre homens Penal Militar, no artigo 235, pune com detenção diversas das minhas em outras campos da ati-
(Alemanha, Rússia e lugod*via) noutros casos de seis meses a um ano a prática de .to de libi-
• u ': ri' ., /) r . 'r '1 :.'j': •' a

--

Extra/LAMPIÃO Página 7

Jl

Cao
Centro de Documentav.k
A PPAD
iaçIo PlraIlrTlsc
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
da parada da dc t'rid:tdm'

ENSAIO

Quanto vale o negro brasileiro?


As mais diversas tendências políticas e reli- 1 : • .
giosas brasileiras marcaram, este ano, a bandeira
do problema do negro. O Poder Público, através . ' : •
do Presidente João Baptista de Figueiredo,en-
cabeçando uma política populista. A Igreja
Católica, através dos sucessivos pronunciamentos . . 1 •
. ?. r •.
• a .
da Conia Nacional da Bispos Braileiro6 & 1 1 •
buscando o ajustamento social. A Sociedade Pelo .
ProgresodaCiência na tentativa de solucionar a
catalogação dos grupos étnicos. O ex-govt.dor .' . . ' r fr COIflR A ti . , ..
À. ? • .
Leonel Brizola tentando engrossar as suas fileiras . ' • . 1

na face da rugarnzaçIodo Partido Trabalhista. J .


L • - " . ri

Enlim, a conquista do negro se manifesta em : V ' • - . .


facções diversas, a minoria dominante busca na . . : . ? '
comunidade negra o apoio necessário para a sua • . •J
manutenção na posse das riquezas, e acúmulo de
novios lucros, para sitia participação na camada kà .. •'.
decisória e para usufruir dom benefícios na-
donais e internacionais que advém do domínio.
Setenta e oito por cento de população brasileira é .
constituída por negros e metis, sem nenhuma
representatividade rias uendncias políticas e . !.. ç • . .
religiosas apontadas no parágrafo acima, Urna '
maioria populacionel vivendo em situação tão in- i
firrior que teve excluído do recenseamento oitem r • . •
que determinava a cr de sua pele. Desde o - ..
tabelecimento do regime ditatorial militarista .... i • __________. ' . .
an 1964, seguindo ordens externas o governo
brasileiro aumentou a força anulatória dos va- Q S negros reunidos reun'.os na C'ne/â rid,a, na wn ; c r cge.rn a Zumbi 1 1)tOS de Januário Garcia)
Ivres culturais, puI1lic4a e sociais do negro bra-
s1IeirL. A partir de 173. quandu'.fvi criada a participação na vida partidária do PTB que se
mo compreendemos que a ênfase concedida à Capito Cláudio Courinho Talvez nab
Comissão Trilateral, o negro brasileiro foi rem- forma têm seus fundamentos numa discussk nos 'ura. se abra novamente a vaga do Paulo Cesar
questão dos direitos humanos no passa de um
siderado nos quadros políticos. não quanto à sua Estados Unidos com o Embaixador americano, o Lima no time brasileiro. Esta questàodonegro
efeito dasarttcuIaâes ovadas no plano iolíticc
etnia e sim quanto à parcela produtora de mo- negro Aiidrew Young. Na oportunidade, com
e econômico. Para isso basta que se obsvç a era por mim análisada quando no dia 20
nomia. OflC1USàO a que iegou O nateraiismo em ter- Young afirmou não entender um par novembro à& 18 horas passei pela • C e(nd e
• •
A ascen sàt. d Carter ao governo dos Estados
mos de América Latina: o militarismo latino. tido um basespopulares, onde o negro não ouvi centenas de paoas negras, e uma minoria
Unidos significou uma profunda mudança na atuasse e nem tivesse representatividade. embora de outras raças, cheia de curiosidade, O
não P5U1 capacitaào para efetuar
política catana daquele pais. Até então o reatis- quase 80%da população do país. Desde negro lia em uníssono o Manifesto Naic°
um tipo de desenvolvimento que favoreça a in-
m' poI1tio no estilo Kissing dava maior ênfase UB fundação o PTB usou e abusou do negro. iii- Zumbi. Tal mani(estaçào respondeu à minha iii-
das teresses COEfltCOS dos componentes doPatr
aos problemas de ordem pll?iea E)at os eixo clusive o.imu capanga, cabo eleitoral e criadode dagaçào: quanto vale negrobrasileiro?
Irifateral. O que se percebe de tudo isso e que
reiaçZes internacionais se terem caracterizado recados, quase escravo. Agora, ativado pelo
para poises cano o Brasil, as condições neces-
pela oposição leste-oesle. ou capitalismo versus Trilateralismo. Leonel Brizola acena comas pc- A população negra brasileira hoje se n-
um crescimento e*xmsnia ade
socialismo. ou EUA versuç URSS. Nesta ps- sibilidades de uma vida partidária no ido de uma jra numa situação que não muito diference de
quado ao pode ser as que se seguem: gornc
pectia ( passes do Terceiro Mundo apres- fia~ política confusa e indecisa, e acima de h 90 anos atrás, pois as formas de dosninaçào e
e democracia formal (burguesa) que fa•
taam-se como áreas estratégicas para a suran- tudo discriminante. exploração não abaram a falsa abiçào.
certa prosperidade à classe média
ç* dos Estados Unidos. t por ai que se comprem- Na área da ciência, principalmente entre mas simpleamite se modificaram. Ccnuama
pequena indústria e aos grupos comerciais depen
de como uma orientação definitivamente miI psicanalistas, psicólogos e psiquiatras, a situação marginalizados na sociedade brasileira que nos
dentes, além de uma redistribuição mais eqüi-
arisla serviu de base para o 'ptagonismo" e a é de máxima rePressio. AJdo negro sonhador que diSCriminarn maga e empurra ao desemprego,
(ativa de rendas.
ideologia de segurança nacional— , As ditaduras IflÇ aos estudos buscandoa1jar uma posição subemprego, à roarginalização, negando-nos o
militares da América Latina (Brasil. Uruguai. Ë por aí que se pode compreender porque o
fl5ta área. V.i longe o tempo. Em que o negro direto à educação, à saúde e moradia decente.
Paraguai, Argentina) foram aladas e mantidas advento do governo Geiset se faz anunciar em
JuIlSflo Moreira pôde exercer livremente a pai- Toda a situação é garantida pela repressão e
pelos EUA exatamente como elementos de sua p rxsa de abertura lenta gradual e segura que
quiatria. IflCU5iVe desenvolvendo-..aprofundado violência policial que nos impede de andar li-
sustIaçAo poiffica. Todavia. Países do Ter- conduziria à chamada abertura do governo Fi-
estudos. Em 1977 um jovem Otelino negnnho emite pelas ruas, humilhando-nos com a
cairo Mundo passaram a ameaçar as nações itt- guetredo. Essa mudança no significa nada mais
abusado. quase estaglârio. recein-Iosmado, se viu exigência constante de documentos, batendo,
dustrialiradas na medida em que, por um lado, do que a necessidade do regime de readaptaçào
iOWiO na rua da amargura sem apoio moral e prendendo e até mesmo assassinando.
buscavam formar ASSOCiaÇÕeS, Como J OPEP. *JItChaS internacionais e de pressão interna
profissional. inquicionado que foi pelos seus "Apesar das tentativas de negar o racismo
para controlar os preços de suas matérias-primas dos movimentos populares.
colegas bTSflCOS da Casa de Saúde Doutor Eiras. existente, a dura realidade em que vivemos prova
eslratgicas e por outro lado enquanto países Vemos que . há um"perfeito" e conincidente
Onde ;á se viu um negro que. tratar das doen- que isso não verdade E a luta de libertação do
pobrt. colocavam a exigência a instauração de casamento entre estes eixos e a nova política
meiltais? Onde já se viu um negro saber o que POVO negro no Brasil não começou agora. Ha mais
uma Nova Ordem Econômica Internacional. OVTflamCflt5l do Presidente Figueiredo que se
passa numa caba branca? Aliás. as condições de 400 anos, quando se iniciava o processo de -
caracterizada por uma redistribuiço lundamen- numa anistia restrita. parcial. na refor-
subumanas que aio reservadas ao negro bra- aidAo no Brasil. começa também a reaçio doa
mutação partidário à moda da casa, nova CLT,
tal das riquezas entre os países rins epobres. SIO não o permitemfrequtar osrequintados negros. Entre as diversas insurreições e revoltas
a nova POIltC3 salarial, que representa um falso
Em face date desafio lançado pelo Terceiro SU1t0i1 e clinicas de psiquiatras, psicanalis- que aconteceram. m Quilombos de Palmares,
aurnCflto semestral, numa tentativa de dmo
Mundo e pela ameaça que ele representava para tas e psicólogos. O paciente negro quando xm- kwmados em 1595, foram os maiores e os que
o capitalismo internacional, foi criada a Comissãobilização doa movimentos populares ranvndi- internação é hospedado num sanatório maus tempo duraram, chegando a abrigar mais de
(MoVtflfltO Negro Unificado contra a
Triateral em 1973. Seu nome provém do tato de suio, leva choques elétricos e serve de baia para 2,500 quilombolas, negros an ua maioria, mas
Discriminação Racial - Boletim Informativo -
que seus membros so empresários. banqueiros e drogas que as inultinacionais stumam usar san- tara"indios e brancos, que durante mais de
tara"
páginas 8 a lO - Setembro.' 79). A reprodução'
políticos (D. Rocketdl, I. Carter, 1 Briezimki, plamte nas guerras ntra os seus prisionàroa m anus estivam em luta permanente pdaL sua
d estudo do MNUCDR estnbele as diretriz
Cvrus Vance. o Presidente da GM. da ITT. da ° na anulação de seus heróis" inváhdcn liberdade e pe1alibsaçAo detodoaosoprimidos.
para o queowrre coro todas as tendências po-
Us. Stecl, etc.) do triplice bloco econsnico que Na área técnica o negro nscgue ainda se es- Entre todosos dirigaites dos Quilombos, o mais
Ilticas e religiosas quanto ao comporiamaito a
constituem EtIA. Europa Ocidaital e Japlo. Os WfldT entre os operários moa espccializadoa. fiel a esse principio foi Zumbi, que não permitiu
respeito do negro brasileiro. A Igreja Católica se
pontoa básicos que a caracterizam como me- mas quando um graduado superior se sobressai e em nenhum momento qualquer tipo de acordo
perfeitamente, nesta x)missão TrilataI,
todologia e tendncia são: - O problema a posição dos dirigentes apadrinhados, que significasse o continuidade da escravidão,
no seu passado histórico e de acordo
prioritário que atualmente se constitui como logo e transferido. perde as vantagens salariais e que golpeasse as conquistas alcançadas pelos
nm
com a sua estrutura atual. A riqueza çlo Vaticano
desafio universal è ordem do eamômio e no na maioria das vezes e sumariamente, demitido.quilombos, que limitasse a independência de Pai-
foi fortalecida. principalmente. coto o ouro ex-
do político, Ele se concretiza na tensão norte-sul, traído do Brasil na epoca da Colônia e hoje de'- Aliás,existe um caso seriu. O do Professor Sebas- mares.
OU seja. lima t,posiçào entre países pobres e países tIU de Oltvera. do Instituo Oswaldo Cruz. de •. . . .
e a5 de roultinacionais italianas atuam no mer- .° dia .O de novembro de 1695. Zumbi foi
rk&a Há que calar temporariamente o Torcem internacional desde a indústria da bebida Ntanguinh . Um dos maiores técnicos de sua
Munøo mediante a realização de reformas Im- assassinado, juntamente com 20 companheiros,
aIolica até a fabricação de armamentos miii de ação profissional se viu demitido em 1968 ) bandeirante Domingos Jorge Velho, que é
portantes que atinjam o sistema em suas es acusadode'ubsersAo O seucn Nmepollticoera
tares. Inuorporada, por tal situação, ao Trila- apresentado como herói pela tiasse dominante,
iruturaç Tais reformas só visam a sua salvação. negro e Presidente do Renascença Clube. área
teralismo. a Igreja, em nome de Deus. através da verdade ele foi assassinado de indios e negros a
- A noção de" tnterdependéncia" direiona sua rilstica e esportiva, dois casos nacionais bastam
Conferência Nacional do Bispos do Brasil, busca para iluminar e ilustrar a minha afirmaçàoserviçosdo serviços colonizador branco. Zumbi expressou
conduta na medula em que
a re\nsâo do problema negro. a maior avanço na luta de iodos os oprimidos em
i&,laciuninm. proiosta pelos patses do Terceiro Compositor Martinho da Vila foi boicotado de
egundo Brzezinski, el consiste na A So eiedadeelo Progresso da Ciência, nossa hist óna, e espressa, portanto, ri mais
Mu- do todas as formas ria RCA em 1977 e I9'8. Só m
meados deste ano, preparou um vasto simpósio elevado nível de consciência política de um pais
im ioção - — ma "ordem mais eq{titativa' seguiu escapar da desgraça devido á pronta ação
seja no fomento de um desenvolvimento depen- reservando uns capitulo para o estudo do de maioria negra como o Brasil. Continuandoo
1-demo do negro noBrasil. Convidado aparticipai d e jorna is as o Rio e ão ePaulo,
o que denun- processo de libertação do novo neg ro brasileiro
dente que, neutralizando as exigências mais
to simpósio, o esnologo Eduardo Oliveira t ciaram a sórdida trama No Futebol Paulo César foi criado um São Paulo o Movimento NNegro
radicias, concederá certos beneficias ec onômicos iros
Oliveira propôs que vários negros, estudiosos di -Li mia,
ma, um os maiores ' , jogadores brasil e ' Unificado Contra a Discriminação , Racial e já se
aos poises do Terceiro Mundo.
seus proprios problemas, compusessem uma da atualidade, por sua consciência negra e pru- ampliou aos Estados do Rio de Janeiro,, alii a,
Esses pontos refletem como o Imperalismo
o. AI o capitulo se desmoronou desmoronou após uma rissi'na1 f ui sumariamente barrado da seleção Ma.nas Gerais is e Espírito Santo. ' ele tem i, "OUSO O li-
sem reagindo lambem em face das derrotas
politico-militares -4 ue sofrem na Ind
Indochina (Vi' acirrada discus s ão e a discriminação racial is brasileira. Futebol é esporte popular e antes da jetisU s sicos a denuncia permanente de k.ô o ato
básicos
evidenciou. o que não se conta é que tais cientis- iomissãoissão Trilateral. o povo não contava. A - de discriminação racial mobilizando e rir
riam Camhij.i e Laos) assim como rios a
4 países africanos de lingua porlcguesa (Angola.
ias prataS, Lso Laas,. pQtqM Ii Q d. S - e)asiesra 1 - -'-'------------------- - nd a $n
d
mirante erônimo Bastos da Confederação mamoa
Carier é o t'arlmriro .1 adorar a pratica Tnlateris' '
A investida de Le on el Brizola e os acenos de Nacional dos Desportos, e o técnico do time é o Consnaa Ner" fiib ' -
Página 8 Extra ILAMPIÃO

**
Centro de DocumentaCao
,. VI
APPAD
'

i
da parada da divt'rsirladr
r
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGN IDADE

Você também pode gostar