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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

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Apostila de
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DIREITO INTERNACIONAL
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PÚ BLICO
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1ª PARTE
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Marcio Caldas
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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

CAPÍTULO 1. A SOCIEDADE INTERNACIONAL E O DIREITO


INTERNACIONAL PÚBLICO

1.1. SOCIEDADE INTERNACIONAL: ORIGEM E FUNDAMENTO

O homem como ser social buscou ao longo dos tempos, organizar-se em sociedades
que se originaram, no passado, em pequenos grupos familiares, passando por tribos, clãs,
até que se chegasse a idéia de Estado.

O Estado como formação societária mais moderna e complexa vem sendo discutido,
a partir de uma percepção da necessidade de um intercâmbio mais abrangente entre os
diversos povos do Globo. Surge a idéia de uma Sociedade Internacional.

Em verdade, a Sociedade Internacional é uma abstração que vai designar esse


conjunto de Estados e Organizações Internacionais que se relacionam e convivem no
cenário internacional.

É preciso que se ressalte, desde já, que a designação Sociedade Internacional não se
confunde com a ONU – Organização das Nações Unidas, esta formada apenas por seus
signatários, e que também está incluída no que chamamos Sociedade Internacional, pois
inclui-se entre os Organismos Internacionais. Bem verdade que a maioria dos Estados, hoje
está filiada à ONU, até mesmo por uma necessidade de proteção mútua e intercâmbio
comercial globalizado, todavia, ainda assim, tratamos de figuras distintas.

A Sociedade Internacional, enquanto abstração, concentra diversas construções


doutrinárias que visam explicar sua própria razão de existir. Como fundamento doutrinário
da Sociedade Internacional temos, preponderantemente duas teorias: - Teoria Positivista e
Teoria Jusnaturalista.

Segundo a teoria Positivista, a Sociedade Internacional surge por um acordo de


vontade entre Estados, de modo que, em tese, temos um grande contrato entre os Estados
formando uma Sociedade maior que suas fronteiras.

Na Teoria Jus naturalista – o homem enquanto “ser social”, agrupa-se em sociedade


a partir de núcleos familiares até o Estado, e naturalmente a evolução faz com que esse
Estado não seja mais suficiente para suportar a expansão desse grande agrupamento
humano, fazendo com que tenhamos uma Sociedade Internacional, com o intercâmbio entre
as pessoas desses diversos Estados aconteça de forma, em tese, natural.

A Sociedade Internacional é formada pelos diversos Estados que compõe o globo


bem como os diversos organismos internacionais (ONU, UNICEF, OTAN entre outros e
que estudaremos adiante), que não se originam de um determinado Estado, mas de grupo de
Estados.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

A melhor doutrina, capitaneada pelo Prof. Celso de A. Mello 1, traz algumas das
principais características da Sociedade Internacional:

- Universal: A sociedade Internacional atinge todo o globo, não excluindo qualquer


Estado ou Organismo Internacional. Alberga todo o Globo (por isso, preferimos o
termo Global em lugar de Universal, todavia, destacamos a nomenclatura mais
usual na doutrina).
- Paritária: Existência de igualdade jurídica entre todos os Estados, onde cada um
possui sua própria independência jurídica – “Sua identidade jurídica”.
- Aberta: Não há um limite de participações ou ingresso, de forma que todos os novos
Estados que surgirem ingressarão automaticamente na Sociedade Internacional,
posto que ela é o conjunto de todos os habitantes do Globo, não importando o nível
ou forma de organização que seu grupo social assuma.
- Originária: A sociedade Internacional não se funda em outra ordem jurídica, senão,
o Direito Natural, onde cada Estado tem suas características e peculiaridades
próprias, vivendo todos harmoniosamente diante de suas próprias diferenças.

1.2 INFLUÊNCIAS

A Sociedade Internacional como abstração capaz de albergar todos os Estados e


Organismos internacionais, diante das imensas diferenças entre os povos que habitam o
globo, sofre influências diversas que serão determinantes para o desenvolvimento de todos
os conflitos internacionais, ao mesmo tempo que, se bem compreendidas, poderão
contribuir para uma diversidade cultural capaz de contribuir para o desenvolvimento de
todos os Estados.

Como maiores influências na Sociedade Internacional podemos identificar as forças


econômicas, forças culturais, forças políticas e forças religiosas, destacando-se como maior
fonte de conflitos no mundo moderno, os interesses econômicos.

A partir do estudos dessas forças, como influências determinantes nos conflitos


internacionais teremos um panorama mais realista dos acontecimentos mundiais bem como
uma análise mais efetiva das ações possíveis e mais viáveis a serem utilizadas na solução e
prevenção de conflitos.

Como exemplo, em uma análise superficial do conflito entre os EUA e o Iraque,


após o atentado contra o World Trade Center, em Nova Iorque, as chamadas “Torres
Gêmeas”, podemos identificar sem maiores dificuldades, fortes influências religiosas e
econômicas, seja pela disputa do mercado de petróleo, seja pelas divergências entre
mulçumanos e cristãos.
Influências políticas e culturais podem ser também facilmente percebidas nos
conflitos dos governos instituídos e movimentos separatistas como ETA (Espanha) ou o
IRA (Irlanda).
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Mello, Celso Albuquerque de. Curso de Direito Internacional. Ed. Renovar, 15.ª Edição, Rio de Janeiro.
2004.

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Atualmente, com o crescimento da economia mundial em verdadeira progressão


geométrica, percebe-se o destaque para a influência das forças econômicas (necessidades
crescentes e infinitas versus recursos finitos), gerando um resultado inicial de conflitos, que
levam às guerras pra aglutinação de novos mercados.

Diante dessas influências surgem diversos conflitos armados, que com a evolução
da Sociedade Internacional vem sendo substituídos por discussões diplomáticas entre os
Estados, como meio pacífico de se solucionar conflitos. Evidentemente que o cenário atual
nos mostra que a eficácia dos mecanismos diplomáticos nem sempre são suficientes e
impeditivos para o desencadeamento de guerras, mas sem dúvida, representa um grande
avanço, onde em diversas situações apresentam soluções pacíficas e a resolução dos
conflitos de forma satisfatória.

Passemos então, a um estudo um pouco mais aprofundado dos mecanismos


diplomáticos diante dos conflitos internacionais.

1.3 CONFLITOS INTERNACIONAIS: GUERRAS E DIPLOMACIA

O crescimento dos Estados primitivos fez com que a economia de subsistência fosse
gradativamente abrindo espaço para as práticas mercantis, iniciadas com o rudimentar
escambo até o uso de moeda, o que fez surgir rudimentares economias.

Entendendo que essa nova economia já partia do princípio básico de fontes escassas
contrapondo-se a necessidades infinitas, partiu-se para a expansão em busca de novos
mercados. Nascem os primeiros movimentos expansionistas.

Então, as divergências de interesses e a busca de novos mercados, faziam com que


civilizações se chocassem, resolvendo-se as questões através de conflitos bélicos.

Ocorre que os conflitos bélicos sempre trouxeram perdas substancias para ambas as
partes envolvidas. Em um primeiro momento, as práticas beligerantes podem gerar riquezas
com a expansão da indústria que lhe dá suporte, e sem dúvida, trazer diversos benefícios ao
Estado que obter maior êxito. Contudo, a história nos mostra, que mesmo para os
vencedores dos conflitos, à médio e longo prazo, diversos são os prejuízos e conseqüências
penosas, que poderiam ser evitados com uma solução pacífica.

Pelo que, em sentido oposto, desenvolve-se a diplomacia como mecanismo pacífico


de composição de conflitos, buscando evitar novas guerras.

Contudo, diante da diversidade de interesses, norteados por todas as influências já


estudadas, e que podem ser capitaneadas pelas forças econômicas e religiosas, os esforços
diplomáticos dos Estados necessitavam de um suporte legislativo que disciplinasse as
soluções encontradas através das discussões diplomáticas, uma vez que, se de um lado as
guerras não solucionavam de forma satisfatória e sem graves conseqüências as vontades das
partes, a simples discussão de litígios internacionais pelas missões diplomáticas, em

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inúmeras vezes, por si só, não era e ainda não é capaz de gerar soluções definitivas. A
discussão diplomática prescindia de um mecanismo contratual, que atendesse os interesses
internacionais e ao mesmo tempo fosse coercitivo, no sentido de ser capaz de obrigar as
partes envolvidas. Só assim, a diplomacia pode galgar uma efetividade em suas discussões
e negociações.

Neste sentido, surge o Direito Internacional Público - DIP, como instrumento de


normatização para composição legal e pacífica almejada pela diplomacia, dando-lhe maior
efetividade, e procurando afastar a Sociedade Internacional do estado beligerante.

1.4 O DIP: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

A partir do desenvolvimento da Diplomacia e com o incremento das negociações e


acordos internacionais entre Estados nasce o conceito de DIP, como um conjunto de
normas e princípios reguladores de direitos e deveres dos Estados e organismos
internacionais, entre si.

Dentre as diversas justificativas específicas de sua existência e necessidade como


regulador das relações internacionais, podemos destacar:

- A necessidade crescente de se estabelecer uma segurança mundial e preservação da


paz;
- Dirimir conflito de interesses entre Estados, nos mais diversos segmentos
econômicos e sociais;
- Disciplinar as relações internacionais entre Estados, particulares e as Organizações
Internacionais;

É preciso que se destaque o fato de que devemos tomar o DIP não só como um
conjunto de regras, mas incluindo também princípios jurídicos mundiais, uma vez que
muitas vezes, considerando a diversidade jurídica mundial (baseada em diferentes direitos
como o Direito Romano e o Anglo Saxão e a cultura fundamentalista árabe), torna-se mais
fácil a resolução de conflitos internacionais mediante aplicação de princípios jurídicos
comuns.

Como visto, as regras do DIP visam atingir não só Estados entre si, mas Estados e
Organizações Internacionais, ou mesmo relações entre Organizações Internacionais.

De tudo isso, concluímos que o DIP se alicerça na necessidade de toda o Estado em


manter relações com os demais, através de um intercâmbio internacional que fuja do
isolacionismo, estabelecendo, para tanto, regras para a preservação da paz e redução dos
conflitos de interesses.

Através do intercâmbio aumenta-se o mercado sem se aumentar o território, através


de vínculo formado entre os Estados. Cada Estado mantém sua hierarquia, sua soberania.
Cada Estado dita as regras que ele mesmo possa cumprir num grande acordo de vontades
internacional.

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1.5 FUNDAMENTOS DA OBRIGATORIEDADE DO DIP

O Direito Internacinal Público, enquanto Direito propriamente dito, sofre várias


críticas quanto a sua obrigatoriedade aos Estados e Organismos Internacionais que compõe
Sociedade Internacional. Nesse diapasão, surgem duas correntes:

Teoria Objetivista: Para essa doutrina, a obrigatoriedade do DIP nasce na existência


de uma normatização supra-estatal, de forma que, teoricamente existem regras mundiais
que devem ser obedecidas por todos os Estados, independentemente da ordem interna de
cada um (o que será melhor abordado quando discutirmos mais adiante a ordem
internacional diante da ordem interna). Ou seja, existe algo acima dos Estados que de certa
forma os obriga, sobretudo, princípios internacionais a serem respeitados por todos. Nessa
ótica, merece estudo a posição capitaneada pelo Prof. Celso de A. Mello, de que um Direito
que não obrigasse os Estados, senão diante de sua vontade, não seria verdadeiramente um
Direito2.

Teoria Voluntarista: Segundo esse entendimento, o DIP segue a vontade dos


Estados, que se autodeterminarão naquilo que julgarem convenientes para si próprios.

Esse modelo funda-se na Teoria da Autolimitação ou Autodeterminação dos Povos,


onde cada Estado atua no plano Internacional por sua inteira deliberalidade, considerando
sua independência e soberania. De forma que cada Estado, a partir de um sentimento
interno de Justiça e de Direito segue ao plano internacional para dialogar e se relacionar
segundo seus próprios dogmas, regras e princípios

Essa teoria teve origem na Teoria da vontade coletiva, quando a força do DIP
nasceria do interesse coletivo. Sofreu críticas a partir da idéias de que novos Estados já
nasceriam obrigados a essa “vontade coletiva” originária da qual não participou, somente
aderiu. Desenvolveu-se, então, a Teoria do Consentimento das Nações, onde cada Estado
consente ou não determinada regra do DIP, o que ainda carecia de um suporte mais coeso
que veio ser posteriormente complementado pela “Teoria da Delegação do Direito Interno”,
na medida em que cada Estado só consente no plano internacional aquilo que lhe é
permitido segundo sua própria ordem interna. A aglutinação das idéias dessas duas últimas
teorizações desdobrou-se na Teoria da Autolimitação.

A Teoria da Autolimitação ou Autodeterminação dos Povos foi proclamada na Carta


das Nações, art.1.º, 2, e não tem o condão de desestimular o cumprimento de obrigações
avençadas. Muito pelo contrário, segundo essa corrente, valorizasse a soberania de cada
Estado, na medida em que o Estado diante de seu ordenamento jurídico interno, quando
decide reger-se por determinada norma internacional, assume um compromisso diante esta,
passando então, a ter a norma, efeito cogente sobre o mesmo.

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Mello, Celso Albuquerque de. Curso de Direito Internacional. Ed. Renovar, 15.ª Edição, Rio de Janeiro.
2004.

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1.6 CLASSIFICAÇÃO E FONTES DO DIP:

Muitas são as classificações que todas as disciplinas em tema de ciências jurídicas


criam. Muitas são classificações relevantes, outras inócuas. Preferimos nos limitar a uma
única classificação. Como meio de classificação do Direito Internacional Público, podemos
dividi-lo em:
DIP Universal (que preferimos chamar DIP Global): Que abrangeria todos os
Estados e Organismos Internacionais, sem restrições, regulando e disciplinando regras
gerais, costumes mundiais, etc., ou seja, tudo o que disser respeito a todos do Globo.

DIP Particular: Utiliza-se a nomenclatura “Particular” para que não hajam confusões
acerca do D.I. Privado, Direito Autônomo, objeto de estudo específico em outro livro da
coleção.

O DIP Privado é a classificação para as regras convencionais e interpartes, onde


podemos inserir tratados entre somente alguns Estados, inserindo-se também os costumes
regionais, ou seja, tudo o que tratar da Ordem Pública Mundial, mas só diga respeito a
alguns Estados ou Organismos Internacionais.

Como ciência jurídica autônoma o Direito Internacional Público tem suas fontes,
base de sua própria estruturação enquanto Direito.

As principais fontes do Direito Internacional Público podem ser visualizadas através


de sua positivação no Estatuto da Corte Internacional de Justiça, artigo 38. São elas:

- As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que devemos interpretar


latu sensu, albergando todas as espécies de Tratados (tratados, convenções,
protocolos...), conforme se estudará em capítulo próprio nesta obra;
- O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como
Direito, na medida em que o ser humano, via de regra costuma delinear um certo
padrão comportamental lavando a alguns conceitos básicos como proteção à vida,
liberdade de crenças e religiões entre outros;

- Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas (nascendo


margem de dúvida acerca do conceito de civilizada). A nosso ver, ao que parece,
civilizadas seriam as nações com ordenamento jurídico consolidado, baseados em
regras e punições segundo leis e penas próprias;

- As decisões judiciais e as doutrinas dos publicistas de maior competência das


diversas nações,

1.7 DIREITO INTERNACIONAL E DIREITO INTERNO

Importante questão a ser debatida em tema de Direito Internacional é justamente sua


relação com o Direito Interno de cada Estado, principalmente diante de inúmeros conflitos

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que podem ser suscitados. De onde surgirá sempre o questionamento acerca de qual ordem
deve prevalecer: A ordem internacional ou a ordem interna.

A primeira teoria é a Dualista, desenvolvida por Heinrich Triepel 3. Para o Dualismo


as ordens internas e internacional são completamente independentes.

O Dualismo é contraposto pelo monismo, que traz uma concepção onde uma das
duas ordens deve prevalecer sobre a outra. De forma que teremos:

- O Monismo com primazia do Direito Interno, onde a ordem jurídica nacional, diante
de sua soberania, vai nortear o Direito Internacional, o que nos remete
necessariamente a Teoria da Autolimitação.

- A Teoria Monista com primazia do Direito Internacional onde este prevalece sobre
o Direito Interno, de forma que a ordem internacional norteia a ordem interna,
havendo aqui uma espécie de abrandamento da própria soberania de cada Estado
que, em tese, deverão se adequar primeiro, as regras e princípios do Direito
Internacional.

Parte da doutrina4 afirma que o Brasil parece ter adotado na Constituição de 1988
uma posição dualista, eis que incorpora o Direito Internacional no Direito Interno. Por
outro lado, percebe-se que a necessidade de ratificação de Tratado pelo Congresso
Nacional, para que o mesmo possa ser internalizado, sugere uma adoção do Monismo com
primazia do Direito Interno, mesmo porque, não seria aceito um Tratado que violasse a
Carta Magna de 1988, o que novamente, nos coloca a diante de uma supremacia de nossa
ordem interna.

A doutrina publicista parece preferir uma defesa da primazia do Direito


Internacional, uma vez que importante para um Estado na atualidade e na experiência de
um processo contínuo, voraz e irremediável de globalização, seria a adoção de políticas
internas voltadas para o interesse da política externa. Todavia essa posição de valorização
do DIP vem sofrendo desgastes a partir do conflito no oriente médio envolvendo os EUA.

Diante de seus interesses internos, os EUA resolveram por desrespeitar a política


internacional traçada pela ONU e partiu para o conflito armado com o Iraque, ficou claro
que as regras internacionais ainda são ineficazes e insuficientes para submeter grandes
potências (bélicas e/ou econômicas), demonstrando sua incapacidade diante da vontade
interna do Estado. Parece destacar-se ainda a primazia do Direito Interno.
QUADRO RESUMO

Formação das sociedades => Estados => Sociedade Internacional (Estados e Organismos
Internacionais => teorias positivista (acordo de vontade entre Estados) e jusnaturalista (o
homem enquanto ser social).
3
Mello, Celso Albuquerque de. Curso de Direito Internacional. Ed. Renovar, 15.ª Edição, Rio de Janeiro.
2004. p.121.
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Mello, Celso Albuquerque de. Curso de Direito Internacional. Ed. Renovar, 15.ª Edição, Rio de Janeiro.
2004.

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Características:
- Universal: todo o globo.
- Paritária: igualdade jurídica entre todos os Estados.
- Aberta: a todos os novos Estados que surgirem na Sociedade Internacional.
- Originária: não se funda em outro ordenamento jurídico.

Influencias: Forças culturais, forças religiosas; forças políticas; forças econômicas.

Política internacional – Diplomacia – forma de conter os conflitos estabelecidos, ou de


evitar que venham ocorrer através do diálogo entre Estados.

DIP: um conjunto de regras e princípios, que regula direitos e deveres dos Estados e
organismos internacionais.
Dentre às justificativas de sua existência temos as justificativas específicas:
- Estabelecer segurança para a preservação da paz;
- Dirimir conflito de interesses;
- Disciplinar relações internacionais.

Fundamentos da sua obrigatoriedade:


- Objetivismo: existência de norma / princípio supra Estatal
Voluntarismo*: vontade dos Estados

Teoria da vontade coletiva

* Teoria da Autolimitação: evolução Teoria do


consentimento das nações

Teoria da delegação do Direito Interno.

A ordem internacional ou a ordem interna. Correntes:

Dualismo: as ordens internas e internacional são completamente independentes.


Monismo com primazia do Direito Interno: a ordem jurídica nacional vai nortear o Direito
Internacional (Teoria da Autolimitação).
Monismo com primazia do Direito Internacional: O Direito Internacional prevalece sobre o
Direito Interno.

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CARTA DAS NAÇÕES

ARTIGO 1 - Os propósitos das Nações unidas são:


1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente,
medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer
ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça
e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que
possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de
igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas
ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de
caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo,
língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.

ESTATUTO DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA:

Artigo 38 - A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as


controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar:
1. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
2. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
3. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
4. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das
diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem
prejuízo do disposto no Artigo 59.

A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex


aequo et bono, se convier às partes.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1-) Explique a Teoria da Autolimitação.

2-) Quais as fontes do DIP? Suas fontes estão positivadas?

3-) Diferencie DIP universal e DIP particular.

4-) Marque (V) para afirmativas verdadeiras ou (F) para as falsas:

( ) Convenções são fontes do DIP.


( ) Pela Teoria da Autolimitação, o Estado está limitado por normas do Direito
Internacional Público.
( ) Os costumes regionais incluem-se no DIP Particular.
( ) A Sociedade Internacional é representada pela ONU.

5 – Que corrente compatibiliza a ordem jurídica internacional com a ordem jurídica interna,
entendendo ser as duas ordens independentes?

(A) Teoria Monista com primazia do Direito Interno

(B) Teoria Dualista com Primazia do Direito Interno

(C) Teoria Dualista

(D) Teoria Monista com primazia do Direito Internacional

6- Celso Albuquerque de Melo critica a Teoria da autolimitação afirmando: “Um Direito


que só obriga a vontade do interessado não pode pretender ser considerado como tal”.
Explique e comente a acertiva.

7 – Estabeleça uma relação entre influências econômicas e religiosas no Conflito entre


EUA e Iraque.

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CAPÍTULO 2. SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL:

São sujeitos de Direito Internacional os Estados e os chamados organismos


internacionais. Vejamos suas características:

2.1 OS ESTADOS

2.1.1 Conceito e Elementos

Um Estado sujeito de Direito Internacional pode ser conceituado como um


agrupamento de indivíduos fixados em território determinado com animus de
permanência definitiva, regidos por um governo soberano.

Importante frisar que Estado e Nação não se confundem eis que aquela é
formada por um agrupamento de indivíduos de mesmos costumes, tradições e origem
histórica, via de regra, sob o mesmo idioma, sem que necessariamente habitem o
território de um mesmo Estado.

A partir dessa idéia básica, tracemos uma análise de cada elemento presente
nessa definição basilar de Estado, quais sejam, população permanente, território
determinado e governo.

A população é formada tanto por nacionais quanto por estrangeiros e deve


necessariamente ser permanente.

O território é o espaço geográfico delimitado onde vão estar presentes os demais


elementos.

Importa mencionar que a delimitação desse território é fundamental até mesmo


para se evitar conflitos com outros Estados, todavia essa delimitação parece não mais
ser necessariamente absoluta, na forma da doutrina clássica.

Ao que parece, na medida em que Israel foi reconhecido como Estado ainda que
suas fronteiras não possuíssem uma delimitação efetiva, parece ser razoável entender
que a delimitação do território estaria vinculada a uma localização geográfica sem a
necessidade de marcações fronteiriças absolutas.

O Governo deve ser soberano, de forma a não ser submetido à ditames da ordem
interna ou externa. O Governo representa o Estado no Plano Internacional.

Nesse diapasão importa traze á discussão corrente capitaneada por Luis Ivani de
Amorim Araújo que defende a idéia que o Estado é soberano somente no plano interno,
sendo autônomo no cenário internacional. Isto porque, segundo o Mestre, “se no plano
interno o Estado não é subordinado a nenhum poder, no plano externo ele está sujeito
às normas costumeiras ou convencionais do Direito Internacional.”5

5
Araujo, Luis Ivani de Amorim. Curso de DIP. P.117

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Não obstante respeitável entendimento, parece que tal doutrina clássica, que
valoriza o Direito Internacional perdeu força, quando do episódio recente onde os
Estados Unidos da América, ao arrepio das normativas da ONU, agiu segundo sua
própria vontade, exercendo à autolimitação enquanto Estado, lançando-se no cenário
mundial como soberano, e não como Estado simplesmente autônomo.

Pelo que se denota haver sim, soberania no plano internacional, que por vezes é
mitigada em razão de interesses do próprio Estado.

2.1.2 Representação do Estado no Plano Internacional

Todo o Estado, via de regra possui representantes que atuam em nome de seu
povo. E essa representação não se limita ao território nacional, eis que cada Estado
precisa fazer-se representar no plano internacional.

Cada Estado possui, portanto, um sistema de representação no plano interno e no


plano internacional.

O Brasil atua no Plano Internacional através de seu Chefe de Estado que é o


Presidente da República. Contudo, no plano interno o Congresso Nacional também é
um parlamento que representa a vontade do povo. De onde se percebe porque, não
obstante o Presidente da República, enquanto Chefe de Estado e representante no plano
internacional, ter poderes para assinar um Tratado, para sua eficácia, este precisa ser
ratificado pelo Congresso, para que se compatibilize com nosso sistema de
representação interna.

2.1.3.1 Diplomacia

Como vimos, o Estado brasileiro é representado no plano externo pelo


Presidente da República, nosso Chefe de Estado. Contudo, conta ainda com o auxílio da
chamada Diplomacia, que irá representar o país simultaneamente e em caráter
permanente. Ressalte-se que, a diplomacia brasileira tem representação em mais de 100
países, através de embaixadas, repartições consulares, missões e escritórios comerciais.

No Brasil, o serviço diplomático é uma carreira de Estado, com uma estrutura


organizada, cujo acesso se dá via concurso público, através do Instituto Rio Branco,
órgão do Ministério das Relações Exteriores.

Os diplomatas têm como escopo central de suas atribuições o trinômio


“informar, representar e negociar”. De forma que deve o mesmo manter informação
atualizada ao País quanto à novas conjecturas internacionais, além de difundir, defender
e intermediar negociações internacionais com vistas a celebração de acordos.

Os estágios da carreira são os seguintes: Terceiro Secretário, Segundo


Secretário, Primeiro Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de
Primeira Classe. Os Embaixadores (ou seja, chefes de representações diplomáticas no
exterior) são normalmente selecionados entre os ocupantes do cargo de Ministro de
Primeira Classe e, em alguns casos, entre os Ministros de Segunda Classe.

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Não obstante a profissionalização do serviço diplomático brasileiro, em muitos


Estados, ainda ocorre a escolha dos diplomatas por indicação. Bem verdade que o
Presidenta da República ainda pode indicar como Embaixador pessoa de sua confiança,
contudo não mais é uma prática usual.

2.1.3.2 Ministério das Relações Exteriores – O Itamaraty

O Ministério das Relações exteriores tem função de assessoria da Presidência da


República no que tange a execução da política externa brasileira e é conhecido como
Itamaraty.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), em sua estrutura conta com a


Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) que é considerada seu braço acadêmico, e o
Instituto Rio Branco, grande responsável pelos processos de seleção e treinamento
encarregado do recrutamento e treinamento de Diplomatas.

Há de se destacar que o Itamaraty tem ainda como atribuição a demarcação das


fronteiras brasileiras.

2. 2 AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

2.2.1 Conceito e características

No mundo hodierno é cada vez mais marcante e crescente o papel das chamadas
organizações internacionais, que procuram uma convergência de todos os povos para
fins comuns.

Como bem afirma o Mestre Luiz Ivani acerca de tais organizações:

“Sua existência e funcionamento são bem a prova mais eloqüente


da própria existência do Direito Internacional, que as reconhece
como pessoas internacionais, isto é, entidades capazes de
possuirem direitos e contraírem obrigações no Âmbito
internacional.”6

Destaca ainda o Mestre, que o motivo de maior relevo para a criação das
Organizações Internacionais é “a necessidade de manutenção da PAZ na comunidade
internacional”.7

De certo é que tais Organizações são hoje reconhecidas como detentoras de


personalidade jurídica própria sendo sujeitos de direito internacional, não se
confundindo com qualquer Estado, ocupando ainda destaque cada vez maior no cenário
mundial.

6
ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Das Organizações Internacionais. Rio de Janeiro: Forense, 2002., p.3

7
ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Das Organizações Internacionais. Rio de Janeiro: Forense, 2002., p.3

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Vejamos as Organizações Internacionais mais importantes:

2.2.2 ONU

Diante do fracasso da Liga das Nações, ainda no final da 2.ª Guerra Mundial
(1939-1945), as Nações que combatiam o Eixo nazi-facista, comandado pela Alemanha
de Adolf Hitler, pactuaram na conferência de Moscou (1943) a criação futura “com a
maior brevidade possível, de uma organização internacional de caráter geral, baseada no
princípio da soberania de todos os Estados amantes da Paz e aberta à participação de
todos esses Estados”.

No ano seguinte, em Washington, foram confeccionadas propostas nesse


sentido, modificadas em Yalta, já em 1945, servindo como pilares da futura Carta das
Nações Unidas.

Finalmente, em 06 de junho de 1945, em São Francisco, nos dos Unidos da


América foram assinadas a Carta da ONU – Organização das Nações Unidas e o
Estatuto da Corte Internacional de Justiça., entrando em vigor precisamente em 24 de
Outubro do mesmo ano.

O documento, em vigor até hoje, funda-se no “princípio da igualdade soberana


de todos os seus membros”, consoante o art. 2.º da Carta. Contudo, em razão da força
expressiva que detém os países integrantes do Conselho de Segurança, órgão da ONU,
essa pseudo-igualdade vem sendo profundamente criticada pela doutrina.

Como missão e propósitos surge evidentemente a manutenção da paz e a


segurança mundial buscando a prevenção de conflitos ou a solução pacífica dos
mesmos, além de diversas outras metas, tais como o fomento das relações internacionais
entre Estados lastreadas no princípio da autodeterminação dos povos, a cooperação
internacional entre Estados tanto no campo econômico quanto na esfera social e o
respeito e a proteção dos direitos fundamentais do homem.

Não obstante as diversas outras finalidades da ONU, são as mesmas, via de


regra, desdobramentos desses propósitos principais apresentados.

A ONU é composta por uma Assembléia Geral compostas por representantes de


todos os Estados-membros, de um Conselho de Segurança, Conselho Econômico e
Social, Conselho de tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado.

Existem também outros órgãos subsidiários que desempenham funções


específicas que veremos mais adiante.

O Conselho de Segurança merece considerações específicas eis que cumpre


papel decisivo dentro da ONU, eis que o mesmo é o responsável primeiro pela
manutenção da paz e da segurança mundial.

Possui composição de 15 membros, sendo 10 por mandato de 2 anos, e 5 em


caráter permanente (o que já afasta a noção de igualdade). Os 5 membros permanentes

15
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

tem o chamado poder de veto e é composto pelos EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e
China.

É também um órgão beligerante, ou seja, o responsável por garantir resposta


bélica a ataques que ponham em risco a paz. Nesse sentido é assistido nas questões
militares por uma comissão de Estado-Maior composta pelos Chefes de Estado-Maior
dos membros permanentes, que terão a incumbência de dirigir as ações e estratégias
bélicas das forças de paz.
A Corte Internacional de Justiça também merece grande destaque. É o órgão
judiciário principal da ONU na forma do art.92 da Carta, possuindo Estatuto próprio,
cujo texto, consoante própria disposição da Carta, é dela parte integrante.

Suas decisões devem ser cumpridas pelos Estados-Membros que tiveram seus
pleitos por ela apreciados, e na forma do art.94 da Carta da ONU, “se uma das partes
em um caso deixar de cumprir as obrigações que lhe incumbem, em virtude de sentença
proferida pela Corte, a outra terá direito a recorre ao Conselho de Segurança, que
poderá, se julgar necessário, fazer recomendações ou decidir sobre medidas a serem
tomadas para o cumprimento da sentença”.

Tais decisões são inapeláveis, podendo ser revistas, somente na hipótese de


descoberta de fato suscetível de exercer influência negativa naquela decisão. Tal fato
não necessariamente precisa ser novo, mas não deve ser de conhecimento da parte antes
da decisão, sendo certo que o desconhecimento não será considerado se o mesmo for
proveniente de negligência da parte.

Somente Estados podem litigar perante a Corte, sendo cento que a teor do art.95,
podem os mesmos eleger Tribunal Arbitral de sua livre escolha para submeter questão a
ser dirimida.

A corte é permanente com sede em Haia, podendo a seu critério, funcionar em


qualquer outro local, dependendo de sua conveniência.

Por fim, como já dito quando do primeiro capítulo, o art. 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça vem positivar as fontes do DIP.
2.3 ORGANIZAÇÕES REGIONAIS

2.3.1. MERCOSUL

O MERCOSUL – Mercado Comum do Sul surgiu no cenário internacional


através do Tratado de Assunção em 23 de março de 1991, mas sua formação tem
complexidade maior. Senão vejamos, sinteticamente.

A ONU, buscando fomentar o desenvolvimento econômico da América Latina,


em 1948 cria a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), surgindo em
momento subseqüente a Organização dos Estados Americanos (OEA).

De forma mais concreta, em 1960, cria-se através do Tratado de Montevidéu,


chamado também de TM60, a Associação Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC), com 11 países signatários, sendo substituída em 1980, através do Tratado de

16
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

Montevidéu pela Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), agora com 12


signatários.

Almejando buscar essa Integração o Tratado previa a criação de acordos


econômicos e parciais entre seus membros. Diante disso, Brasil e Argentina celebraram
o Acordo de Complementação Econômica n.º 14, em dezembro de 1990. E em 1991,
ambas celebraram o Acordo de Complementação Econômica n.º 18, com o Paraguai e o
Uruguai, e através do Tratado de Assunção formalizaram em março de 1991 perante a
ALADI a criação do MERCOSUL, eis que na verdade, o Mercado do Sul deriva da
Associação Latino-Americana de Integração8.

O MERCOSUL passou a ser considerado pessoa jurídica de Direito


Internacional através do Protocolo de Ouro Preto (1994).

Como base e modelo de integração, o Tratado de Assunção, ao criar o


MERCOSUL estabelece em seu art. 1.º a política a ser seguida e pretendida:

1. A livre circulação de bens, serviços e fatores de produção


(investimentos e trabalhadores);
2. O estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC) e de
uma política comercial comum em relação a terceiros países;
3. A coordenação de políticas macro-econômicas para garantir
uma concorrência equilibrada no comércio intra-
MERCOSUL;
4. A harmonização das legislações nacionais nas áreas relevantes
para a integração;

No artigo 7.º o Tratado de Assunção vai mais longe ao determinar que os


Estados integrantes não façam discriminação aos produtos dois demais Estados,
adotando para tanto o mesmo tratamento tributário dos produtos nacionais.

No artigo 8.º declara que o Estado membro deve conceder aos demais membros
do MERCOSUL um tratamento não menos favorável ao concedido a outro país não
integrante.

Atualmente outros países estudam o ingresso no MERCOSUL, contudo,


diversos são os entraves, considerando a diversidade econômica e social da região.
Tanto é verdade, que os próprios Estados-membros originários ainda não conseguiram
atingir os preceitos aqui elencados, sob pena de prejudicar sua própria estabilidade
econômica interna. Todavia, o MERCOSUL é um primeiro passo para um
fortalecimento regional, que se desenvolvido de forma sustentável poderá fortalecer a
América do Sul frente às grandes potencias da economia mundial.

2.3.2. UNIÃO EUROPÉIA

A União Européia teve como base de formação a criação da Comunidade


Econômica Européia em 1957, objetivando uma progressiva aproximação das diferentes
políticas econômicas. Um processo gradativo que culminou na assinatura do Ato Único
8
PEREIRA, Ana Cristina Paulo. Direito Institucional e Material do MERCOSUL. Ed. Lumen Iuris Rio de Janeiro. p.6

17
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

Europeu, em 1986, cuja proposta foi a constituição de um mercado comum europeu,


criando-se ainda uma união econômica e monetária (EURO).9

A União Européia é hoje formada pela França, Itália, Espanha, Alemanha,


Holanda, Portugal, Luxemburgo, Bélgica, Grã-Bretanha, Dinamarca, Irlanda, Grécia,
Áustria, Suécia e Finlândia

Atualmente, a União Européia passa por uma revisão de seus próprios valores na
medida em que a Constituição Européia levada à votação e aprovação em cada Estado
signatário tem sido rejeitada pela população. Ao que parece, o povo europeu vem
questionando o fato de que fatores culturais, políticas sociais e outros interesses da
coletividade vem sendo esquecidas diante da supervalorização de questões econômicas.

9
ARAUJO, Luis Ivani de Amorim. Op.cit. pg.121

18
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

CAPÍTULO 3. RECONHECIMENTO DOS ESTADOS NO PLANO


INTERNACIONAL

3.1 NATUREZA: CONSTITUTIVA OU DECLARATÓRIA

O reconhecimento de um novo Estado no plano internacional pelos demais


Estados e organismos internacionais demanda que o mesmo possua um governo
soberano, com autoridade efetiva sobre sua população em determinado território.
Contudo, a natureza desse reconhecimento traz um debate onde vão coexistir existem
duas correntes:

Parte da doutrina entende ser o reconhecimento de um novo Estado pelos


demais, de natureza constitutiva, devendo haver tal reconhecimento, para só então, um
novo Estado ser reconhecido como tal perante a Sociedade Internacional.

De forma que, enquanto os demais Estados não reconhecerem o “novo Estado”,


este ainda não terá surgido efetivamente.

A melhor doutrina, e entendimento majoritário, é no sentido de que o


reconhecimento seja meramente declaratório, ou seja, o reconhecimento pelos demais
Estados somente declara e torna público a existência de um novo Estado que, por si só,
já é considerado como Estado. Tal doutrina é embasada por três principais fatores:

1- Mesmo que o Estado não seja reconhecido por alguns, sua personalidade pode
ser reconhecida por outros que tenham a intenção de um intercâmbio entre os
mesmos, de forma que se o reconhecimento fosse constitutivo haveria um
grande problema. Como seriam as relações entre o novo Estado e os Estados que
assim o reconheceram face aos Estados que assim não o fizeram? E se fosse
obrigatório um reconhecimento universal, o que não seria fácil, como impedir
que Estados comercializassem com o “novo Estado” ainda não reconhecido por
todos?;

2- Uma natureza constitutiva implicaria um desequilíbrio entre os novos Estados e


os demais Estados já existentes, uma vez que os novos Estados deverão se
submeter à prévia aprovação dos mais antigos, subtraindo a condição de
paridade entre os Estados, princípio universal da Sociedade Internacional;

3- A natureza declaratória se dá em razão de estarmos tratando de uma mera


constatação da existência de um novo Estado, visto que, pela própria idéia de
autolimitação, teoria já discutida e positivada no art.1.º da Carta das Nações,
preenchido os requisitos mínimos (território, população, governo efetivo e
estável) já temos um novo Estado.

O reconhecimento de um novo Estado toma importância real nos conflitos


mundiais, uma vez que, dependendo do prisma que estejamos analisando o conflito,
poderemos estar diante de duas hipóteses distintas. Se visualizarmos um conflito entre
movimentos separatistas dentro de um mesmo território, o simples reconhecimento de

19
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

dois novos Estados faz com que a Comunidade Internacional deixe de “enxergar” uma
guerra civil para passar a reconhecer um conflito internacional entre Estados.

3.2 PRINCÍPIO DA RECIPROCIDADE

De grande importância para o correto entendimento das relações internacionais


entre Estados é o Princípio da Reciprocidade.

O princípio de reciprocidade pode ser definido como uma medida de


“igualdade” obtida por “reação”. Esta igualdade deve ser dinâmica, na medida em que
as relações nunca serão iguais, mas proporcionais a Ação que lhe foi oposta.

A reciprocidade deve ser sempre norteada pelo princípio da razoabilidade, uma


vez que, na falta do razoável, surgiria uma desproporcionalidade causadora de novos e
sucessivos conflitos.

A reciprocidade pode ser analisada com aspectos positivos e negativos. Nem


sempre a reação de um Estado por reciprocidade deve ser vista como negativa,
conforme imaginamos em uma primeira análise.

Quando brasileiros foram expostos de forma vexatória à impressão datiloscópica


no ingresso aos EUA através de seus aeroportos internacionais, decisão judicial
brasileira, com base exatamente no princípio da reciprocidade fez com que fosse exigida
a mesma medida (impressão datiloscópica) nos aeroportos brasileiros, quando do
ingresso de norte-americanos em nosso país.

Da mesma forma que, após ser atacado por determinado Estado, se um Estado
reage com força bélica, age em reciprocidade, pois não deve permitir uma agressão ao
seu povo. Contudo, essa reação deve sempre ser pautada pela razoabilidade.
Extrapolando em exemplo, um pequeno conflito em fronteira não pode ensejar grande
bombardeio com bombas nucleares - não seria razoável; proporcional.

Todavia, existem constantemente aspectos muito positivos na utilização do


princípio da reciprocidade, sobretudo, quando do estabelecimento de acordos
comerciais, onde países garantem condições favoráveis entre si mediante recíprocos
incentivos. Há a reciprocidade de tratamento entre brasileiros e portugueses, que nasce
de laços culturais, enfim, uma gama sem fim de possibilidades para atuação dos
Estados de forma positiva, com base no princípio da reciprocidade.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

QUADRO RESUMO

Reconhecimento do Estado no plano internacional.

- Com autoridade efetiva sobre


Governo independente população
(soberano) - Em determinado Território

Natureza do ato de Reconhecimento:

Natureza constitutiva: o Estado só é Estado no plano internacional na medida em que é


reconhecido pelos demais)

Natureza declaratória: O Estado que preenche os requisitos indispensáveis para ser um


Estado não necessita do reconhecimento dos demais. O Reconhecimento então, vai
apenas constatar sua existência.

Princípio da reciprocidade:
- “Medida de igualdade” obtida por reação; uma igualdade dinâmica
- Pautado pelo princípio da razoabilidade.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1-) Explique o princípio da reciprocidade.

2-) Em sua opinião, o Reconhecimento de um novo Estado tem natureza jurídica


constitutiva ou declaratória? Explique as duas correntes , posicionando-se
justificadamente.

3-) No conflito entre a Bósnia e a Eslovênia, o reconhecimento dos novos Estados por
parte da C.E.E. gerou a transformação de uma Guerra Civil em Conflito Internacional.
Por que? Comente.

4-) Estabeleça a relação existente entre os Princípios da Reciprocidade e da


Razoabilidade.

5-) Cite um exemplo de aplicação do princípio da reciprocidade de forma negativa e de


forma positiva.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

CAPÍTULO 4. TRATADOS

4.1 CONCEITO:

Na definição clássica do Prof. Luis Ivani:

“Tratado é um ato jurídico segundo o qual os Estados e


Organizações Internacionais que obtiveram personalidade por
acordo entre diversos Estados criam, modificam ou extinguem
uma relação de direito existente entre eles.”

Poderíamos também defini-lo como todo e qualquer documento pactuado por


Estados e/ou Organizações Internacionais que expressem vontades com repercussão no
plano internacional.

A doutrina classifica, via de regra, os Tratados em:

a) Tratados Bilaterais, quando assinados entre duas partes (Estados ou


Organizações Internacionais);
b) Tratados Multilaterais, pactuados por mais de duas partes;
c) Tratados-contrato, pactuados por um número restrito de envolvidos de Estados
ou Organizações Internacionais, com alcance e finalidade jurídica específica
inter partes;
d) Tratados-lei possuem idéia de generalidade. Pacto entre diversos Estados ou
Organizações Internacionais estabelecendo regras gerais que norteiem
determinadas condutas, direitos e deveres, com alcance mais abrangente.

O Tratado, enquanto gênero, se subdivide em diversas espécies, podendo


classifica-los como tratados, convenções, pactos e protocolos, o que modernamente,
endente-se não trazer qualquer modificação relevante em sua estrutura, sendo simples
questão de nomenclatura.

4.2 FASES DO TRATADO

Os Tratados (gênero) no plano internacional, para que possam ter validade e


eficácia devem seguir algumas fases em sua construção, que podem sofrer supressões
ou complementos de acordo com a ordem interna de cada Estado, mas
fundamentalmente perseguem a seguinte ordem:

1.ª FASE: NEGOCIAÇÃO

23
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

Como 1ª fase, temos a Negociação que é a discussão entre os Estados de seus


interesses mútuos e de seus interesses internos, buscando de alguma forma, a
compatibilização entre suas divergências.

Dada a pluralidade de idéias, conjunturas políticas e objetivos sócio-econômicos


variados e extremamente mutantes, essas fase pode se estender por longo período, na
medida em que os negociantes, além de discutirem e sofrerem reflexos diretos e
indiretos do cenário internacional, devem manter sintonia também com a sua própria
ordem interna.

2.ª FASE: ASSINATURA

Ultrapassada a negociação, temos a Assinatura do Tratado pelo Chefe de Estado


ou pessoa que tenha delegação de Poder para tal.

No Brasil a Chefia do estado cabe ao Chefe do Poder Executivo – o Presidente


da República.

3.ª FASE: RATIFICAÇÃO

Assinado o Tratado, saímos do plano internacional e seguimos para o âmbito


interno do Estado, onde o mesmo será submetido à ratificação.

A ratificação consiste na confirmação pela ordem interna de cada país signatário


dos termos acordados e assinados pelo Chefe do Estado.

De extrema importância, posto que cada ordem interna define os limites de


competência dos seus agentes políticos, e normalmente a competência legislativa é do
Poder Legislativo, seguindo o modelo de Tripartição dos Poderes de Montesquieu. E o
Tratado, apesar de poder ser visto como instrumento contratual entre os Estados
signatários, terá cunho legislativo sob o ponto de vista interno, eis que irá obrigar a
ordem interna.

No modelo brasileiro, a ratificação consiste na internalização do tratado, fazendo


com que o mesmo assuma o status de lei interna (via de regra lei ordinária) e será de
Competência do Congresso Nacional, segundo nossa Carta Política de 1988.

4.ª FASE: PROMULGAÇÃO:

Ainda na ordem interna, passamos à fase de promulgação.

Esta fase confere publicidade do ato de ratificação no plano interno. No modelo


brasileiro, a mesma é seguida pela publicação no D.O.U. (Diário Oficial da União), que
com a publicidade trata sua eficácia e aplicabilidade no território nacional.

Devidamente ratificado e com aplicabilidade no plano interno de cada Estado


signatário, voltamos à ordem internacional.

5.ª FASE REGISTRO:

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

Então, em última fase, o Tratado é levado a registro (via de regra na ONU). O registro
objetiva dar publicidade internacional ao tratado, a partir do qual o Tratado terá vigência
internacional.

4.3 EXTINÇÃO DE TRATADOS

Os Tratados podem ser extintos de diversas formas:

Primeiro, pelo seu cumprimento quando há objeto definido a ser executado.


Depois, pelo decurso de prazo, se for estabelecido termo para seu fim. Pela simples
impossibilidade de Execução quando fator alheio a vontade dos signatários impede o
cumprimento dos termos avençados. Pode ainda se findar por acordo entre as partes, por
renúncia expressa aos direitos à ele atinentes (desde que não hajam deveres
remanescentes), pela denúncia (que é um ato unilateral manifestando o animus de
“rescisão” do termo contratual), ou pela Guerra, que ao impor fim às relações
diplomáticas, acaba por extinguir também os tratados acertados por aquela via.
No caso específico da Guerra, ressalta-se que parte da doutrina entende pela
suspensão dos tratados, e não pela sua dissolução. Por fim, a extinção ou suspensão dos
tratados em caso de Guerra não atinge os inerentes à proteção e garantias dos Direitos
Humanos, que em patamar superior aos movimentos bélicos.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

QUADRO RESUMO

TRATADOS

Gênero: tratados => todo e qualquer documento que expressem a vontade comum de
dois ou mais Estados.

Espécies: tratados; convenções (normalmente quando dele participam dois ou mais


países); pactos; protocolos.

Podem ser, também: tratados bilaterais, multilaterais, tratados-contrato (tem relação


com os bilaterais), tratados-lei (dá idéia de generalidade, para mais países. Tem haver
com os multilaterais)

FASES:
- negociação
- assinatura – realizada pelo Chefe de Estado.
- Ratificação – de ordem interna - será ratificado pelo Poder Legislativo.
- Promulgação – No modelo brasileiro, será acompanhado de uma publicação no
DOU. Junto a ordem interna (está fora do âmbito internacional) – processo de
internalização. No caso brasileiro o tratado receberá o tratamento de lei
ordinária, adequando a legislação; visa a lei. Será promulgado pelo presidente da
república.
- Registro – Na ONU, para dá publicidade ao tratado. É um meio de publicação no
plano internacional.

EXTINÇÃO:

- Cumprimento;
- Decurso de prazo;
- Impossibilidade de Execução;
- Acordo;
- Renúncia;
- Denúncia;
- Guerra;

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1-) Quais as fases que devem ser percorridas para a validade de um tratado?

2-) Diferencie as fases a serem percorridas para validade de um Tratado quanto à sua
ocorrência no plano interno ou no plano internacional.

3-) Marque (V) para verdadeiro ou F para falso, justificando as falsas:

( ) Convenções e Tratados são fontes do DIP.


( ) No Brasil, a validade de um Tratado Internacional subordina-se a ratificação pelo
Poder Legislativo.
( ) A ratificação de um tratado deve ser realizada logo após a assinatura, e em seguida
o tratado é levado a registro.

4-) Leia com atenção o trecho do tratado de Roma, que instituiu a Comunidade
Econômica Européia, para após, marcar a opção correta: (OAB/RJ – 25.º Exame)

Sua majestade o rei dos belgas, o Presidente da República Federal da Alemanha, o


Presidente da República Francesa, o Presidente da República Italiana, sua Alteza Real a
Grã – Duquesa do Luxemburgo, sua Majestade a rainha dos Países baixos.
Determinados a estabelecer os fundamentos de uma união cada vez mais estreita entre
os povos europeus;
Decididos a assegurar, mediante uma ação comum, o progresso econômico e social dos
seus países, eliminando as barreiras que dividem a Europa,
Fixando como objetivo essencial dos seus esforços a melhoria constante das condições
de vida de trabalho dos povos.

a. Trata-se de um trecho da parte dispositiva de um tratado bilateral;


b. Trata-se de um trecho do preâmbulo de um tratado bilateral;
c. Trata-se de um trecho do preâmbulo de um tratado multilateral;
d. Trata-se em trecho da parte dispositiva de um tratado plurilateral.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

CAPÍTULO 5. NACIONALIDADE

5.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO INSTITUTO DA NACIONALIDADE

A nacionalidade, enquanto instituto jurídico segue aspectos sociológicos e


político-jurídicos, adotando diferentes critérios de acordo com a evolução histórica e
cultural de cada Estado.

No sentido sociológico, surge a nacionalidade nos grupos que falem a mesma


língua e tenha o intuito de querer viver bem.

O homem enquanto ser social, e agrupado em sociedades, desde as mais


primitivas, em um sentimento inato de proteção do grupo a que pertence, sempre buscou
mecanismos para se diferenciar dos demais grupos, no sentido de que cada indivíduo
pudesse ter uma identidade com o seu grupo social. Aqui surge os rudimentos da
nacionalidade.

De forma que, a evolução da nacionalidade teve início a partir de interesses


domésticos de cada Estado, no sentido regulamentar as relações entre nacionais e
estrangeiros.

Muitas teorias são discutidas quanto ao crescimento e desenvolvimento do


instituto da nacionalidade. Tese que nos parece mais coerente dá-se em razão da
importância que a nacionalidade passou a ter, a partir do crescimento mercantil dos
Estados. Com a propagação do ideal de acumulação de riquezas os mercados internos
começaram a ter necessidade de uma expansão para fora dos seus limites territoriais.
Essa expansão internacional, em busca de novos mercados, desencadeou um
crescimento desenfreado de guerras e conflitos e a conseqüente ocupação de novos
territórios.

Essa ocupação de Estado por outro obrigava, necessariamente, uma interação


entre diferentes povos, crescendo a necessidade de se estabelecer diferenças entre os
indivíduos a partir de critérios de nacionalidade. Até porque, fácil seria imaginar a
nacionalidade do Invasor, contudo, outro aspecto assumiria a questão se imaginarmos
um filho desse invasor nascido no território do país invadido, e cuja mãe também seja
nacional daquele lugar. Qual seria sua nacionalidade? Disso decorreriam diversos
reflexos jurídicos, envolvendo até mesmo as prerrogativas políticas dessa criança.

No sentido jurídico, a nacionalidade se estabelece por um vínculo jurídico-


político entre indivíduos e Estado. De forma que, a nacionalidade, enquanto fenômeno
jurídico-político pressupõe a existência de direitos e deveres políticos de cada nacional,
e que integram a vontade do Estado.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

5.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO DE


NACIONALIDADE:

O primeiro critério de aquisição de nacionalidade surge na antiguidade


oriental/clássica quando era valorizava o modelo patriarcal, onde o povo descendia de
seu pai, o chefe daquela comunidade.

Ao extremo chegamos a idéia de família real, onde se valorizava ainda mais a


questão de descendência da família real e de sua corte. A realeza tinha, inclusive, o
chamado “sangue azul”. Esse critério é chamado de jus sanguinis.

No período medieval dá-se início ao feudalismo, onde as térreas dos Reinos


foram divididas em grandes Feudos, de propriedade dos chamados Senhores Feudais.
Nesse Período cada senhor feudal passa a valorizar àqueles habitantes de sua
determinada propriedade, passando-se a valorização não mais da descendência do
indivíduo, mas sua relação com a propriedade, a terra, o solo, enfim, o Feudo onde
nasceu. Surge o critério do jus solis.

Com a opressão do Regime Feudal, que impunha grandes sacrifícios da


população, a Revolução Francesa inicia um processo de incentivo do sentimento de
nacionalismo, onde cada francês deveria se orgulhar de sua descendência francesa, e
não simplesmente, o fato de residir em determinada propriedade (Feudo).

Através desse movimento, retorna-se ao critério do jus sanguinis, agora tendo


como base um sentimento de nacionalismo, e não mais pela simples cultura patriarcal.

Com o declínio da colonização inglesa nas Américas, através do processo de


independência das treze colônias, os imigrantes do chamado “novo mundo”, que dariam
origem aos EUA, precisavam fortalecer um processo de união e comprometimento entre
os indivíduos daquela nova nação.

De forma que, para que obtivessem êxito no processo de independência e sua


estabilização, perceberam ser necessário atrelar um sentimento nacionalista a todos que
ali habitavam.

Esse comprometimento haveria de se criar em relação aolo pátrio e não a


descendência de cada indivíduo, mesmo porque, diante de um território colonizado,
inúmeras eram as origens daquela população.

Volta-se aqui a prática do critério jus solis, como forma de aglutinar forças entre
imigrantes de diferentes nacionalidades originárias.

Percebendo, então, que os critérios de nacionalidade variam conforme


necessidades e circunstâncias de cada Estado, em um determinado período histórico,
nossa cultura contemporânea passa a viabilizar a utilização de ambos os critérios,
criando, então, o chamado critério “misto”.

29
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

No critério misto, a legislação de determinado país permite e adota formas de


aquisição de nacionalidade, tanto em razão da descendência (jus sanguinis) como em
razão do local de nascimento (jus solis).

No Brasil, alguns autores sustentam que a Constituição da República, em seu


art.12, ao determinar que, são brasileiros os nascidos em território brasileiro, ou, os
filhos de brasileiros a serviço do Brasil, nascidos no estrangeiro, ou ainda os filhos de
brasileiros nascidos no estrangeiro que a qualquer tempo resolvam residir no Brasil e
optem pela nacionalidade brasileira, estaríamos diante da adoção de um critério “jus
solis” com exceções para o “jus sanguinis”.

Outros sustentam que a simples possibilidade de que um fator lastreado pelo “jus
sanguinis” excepcione o critério do “jus solis” já estaríamos diante de um “critério
misto”.

Do critério jus solis, podemos extrair algumas subespécies, tais como, o critério
de nacionalidade adquirido pelo casamento; o jus domicili, desde que com animus
definitivo; o jus laboris, como uma forma de nacionalidade funcional; e as mutações
territoriais, quando surgem novas nacionalidades, a partir da fusão ou cisão de Estados.

5.3 FORMAS DE AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE

Entendidos os critérios de aquisição, passamos a analisar as formas dessa


aquisição de nacionalidade. Nesse sentido, temos a forma originária, que na maioria dos
casos é proveniente do nascimento e a forma adquirida, também chamada secundária.

Não obstante a doutrina majoritária adotar, via de regra, a expressão “forma


adquirida”, nos parece mais adequada a expressão “forma secundária”. Visto que
“adquiridas” todas as nacionalidades assim o foram, todavia, algumas de forma
originária, outras em um momento posterior, ou seja, de forma secundária
(necessariamente após a originária).

A forma originária é a primeira nacionalidade do indivíduo. Se o indivíduo nasce


em um país de critério “jus solis” terá aquela nacionalidade originária.

Exemplo um pouco diferente quanto a nacionalidade originária aconteceria no


caso de um filho de brasileiros nascido no estrangeiro, em país que adote o critério do
“jus sanguinis”. Estaríamos diante de um caso de “apatrídia”, fenômeno que
estudaremos mais adiante. Mas já podemos perceber que esse indivíduo ainda não será
brasileiro, posto que para tanto precisará vir residir no Brasil, e aqui optar pela
nacionalidade brasileira. E também não terá a nacionalidade daquele país posto que o
mesmo adota o critério de descendência.

De ordem que, tal indivíduo teria nacionalidade brasileira originária quando


viesse aqui residir e optasse pela nacionalidade brasileira, e não com seu nascimento.

Imaginemos agora, que em dado momento ele se mude para determinado país
que adote o critério ‘jus sanguinis”, e tendo pais daquela nacionalidade, resolve assumi-

30
Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

la. Neste caso, passará a ter uma nova nacionalidade, uma nacionalidade “adquirida” ou
“secundária”.

5.4 CONFLITOS DE ATRIBUIÇÕES DE NACIONALIDADE

Diante dos diversos critérios de nacionalidade e da autonomia de cada Estado


em conferir ou não sua nacionalidade, segundo os critérios que previamente definir,
podem surgir conflitos de atribuições de nacionalidade.

Temos um conflito chamado conflito positivo ou Polipatrídia e o conflito


negativo ou Apatrídia.

A Polipatrídia ocorre quando mais de um Estado confere nacionalidade ao


mesmo indivíduo. Como exemplo, podemos imaginar um indivíduo, filho de país
árabes, em razão da Arábia adotar o critério do jus sanguinis, ao nascer será considerado
árabe. Contudo, se nascer na Argentina, que adota o critério do jus solis,
independentemente da sua descendência também será considerado Argentino. Assim
terá a nacionalidade Árabe bem como a Argentina.

Importa ressaltar que para cada país, isoladamente, o indivíduo tem reconhecida
a nacionalidade daquele país. De forma que um cidadão brasileiro e português, no Brasil
será visto apenas como brasileiro e em Portugal será apenas português. De forma que a
popular “dupla nacionalidade” é um aspecto pessoal, não reconhecido pelo Estado, que
somente perceberá a nacionalidade que lhe atribuiu.

O conflito negativo, chamado Apatrídia, ocorre quando a partir dos critérios de


aquisição de nacionalidade, nenhum país garante a nacionalidade ao indivíduo. Nesse
caso, como exemplo, teríamos um indivíduo, filho de Argentinos, que nasceu na Arábia.
Não terá a nacionalidade Árabe, eis que lhe falta descendência árabe. Também não terá
nacionalidade Argentina, eis que apesar de filho de Argentinos, a nacionalidade
Argentina, ao seguir o critério do jus solis, somente garante nacionalidade Argentina a
quem nascer no território daquele Estado.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH), em seu art.XV, 1 e 2,


garante ao indivíduo o direito à nacionalidade. O que nos leva a violação de tal
dispositivo em casos de Apatrídia. Todavia esse dilema ainda não tem solução.

Isto ocorre na medida em que cada Estado tem a prerrogativa de conceder ou


não a sua nacionalidade, a partir do seu direito a auto-limitação (auto-determinação das
nações), de forma que cada Estado está agindo em conformidade ao seu Direito e
soberania interna, e a violação à DUDH se dá em razão de uma conjuntura desfavorável,
sem que hajam, digamos, culpados.

Evidentemente, que os conflitos surgidos no plano internacional, em decorrência


dos conflitos de atribuições de nacionalidade devem procurar ser dirimidos pela
Comunidade Internacional.

Nesse sentido, no âmbito do Direito Internacional são estabelecidos alguns


princípios, tais como:

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

- A nacionalidade assumirá efeitos ex nunc, o que faz com que uma nacionalidade
adquirida não sirva de escudo para situações ocorridas ao tempo da
nacionalidade anterior;
- O indivíduo deve possuir residência no Estado, fazendo com que se estabeleça
um vínculo maior com aquele Estado;
- A nova nacionalidade impõe a perda da nacionalidade anterior, se tiver sido
adquirida por deliberalidade do indivíduo;
- No plano Internacional, cada indivíduo será visto segundo uma única
nacionalidade, desconsiderando outras que porventura lhe tenham sido
atribuídas;
- A nacionalidade deve ser efetiva, vinculando o indivíduo ao Estado, conforme
estudaremos na seqüência.

5.5 EFETIVIDADE DA NACIONALIDADE (VÍNCULO MORAL)

Importa ainda discutir a necessidade ou a desnecessidade de se estabelecer um


vínculo moral entre o indivíduo e o Estado para a aquisição de nacionalidade.

No plano interno, esse vínculo se faz evidentemente desnecessário, na medida


em que, sobretudo na forma originária, não há de se exigir um interesse ou apego do
indivíduo pelo Estado. Não há necessidade de patriotismo ou outras formas de entrelace
moral do indivíduo com sua pátria. Mesmo porque, no processo de aquisição originária
em razão do nascimento, estamos diante de uma criança, incapaz para a vida e a
responsabilidade civil, e evidentemente, impossibilitada de expressar qualquer vínculo
afetivo com seu novo habitat.

Todavia, esse posicionamento atende apenas à ordem interna, na medida em que,


no plano internacional, o vínculo moral ganha importância junto a Corte Internacional
de Justiça como passamos a analisar.

Vimos que a evolução da nacionalidade teve início a partir de interesses


domésticos de cada Estado, no sentido regulamentar as relações entre nacionais e
estrangeiros. Como cada país passou a regulamentar de forma individual sua
nacionalidade para facilitar a relação entre os Estados, aumentou-se o número de
convenções de Direito Internacional acerca do tema.
Então, enquanto o Estado regula a nacionalidade no âmbito interno, em função
do seu direito à autolimitação, o DIP vem controlar os litígios internacionais advindos
dessas diferentes legislações.

A partir desses litígios, iniciou-se uma discussão também quanto a questão do


vínculo moral entre o indivíduo e o Estado no plano internacional, de onde passou-se a
entender que necessário seria uma efetividade entre o indivíduo e o Estado para que se
firmasse uma nacionalidade.

Essa discussão mereceu contorno especialmente importante, no sentido de que


no Plano Internacional, cada indivíduo deve possuir apenas uma nacionalidade. De
forma que, nos casos de Polipatrídia, quando mais de um país garantem sua

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

nacionalidade a um mesmo indivíduo, apenas uma nacionalidade deve ser reconhecida


no plano internacional, em caso de conflito entre tais nacionalidades.

De forma que, um indivíduo que tenha nacionalidade brasileira e italiana, por


exemplo, para o Brasil será apenas brasileiro, ao passo que para a Itália, da mesma
forma será apenas italiano. Nenhum problema até que se suscite um conflito
internacional, quando necessariamente haverá de prevalecer apenas uma das
nacionalidades para repercussão internacional, ainda que os demais países, em sua
ordem interna, permaneçam reconhecendo e garantindo sua nacionalidade.

Para a solução desse conflito, voltamos novamente a idéia de que necessário


seria uma efetividade entre o indivíduo e o Estado para que se firmasse uma
nacionalidade. Surge o princípio da efetividade.

O princípio da efetividade no plano internacional se deu a partir do caso


Nottebohm, onde se discutia a questão de um indivíduo que possuía duas nacionalidades
e damenada necessariamente impunha a escolha de uma delas. Nessa ocasião, a Corte
Internacional de Justiça entendeu que a nacionalidade deveria assumir dois aspectos:

O primeiro aspecto é de âmbito nacional (plano interno), onde não se pode


impedir que determinado país conceda sua nacionalidade a um indivíduo. Esse direito é
garantido pela própria aplicabilidade da teoria da autolimitação.

Sob o aspecto internacional, em eventual conflito de interesses, considerando a


necessidade de se optar por apenas uma nacionalidade, a Corte Internacional de Justiça
deve buscar a nacionalidade mais efetiva daquele indivíduo.

Isto significa dizer que, vai preponderar a nacionalidade do Estado que mantém
um maior vínculo com aquele indivíduo.

5.6 NATURALIZAÇÃO

O processo de naturalização pode ser definido como a concessão da


nacionalidade de determinado Estado a um estrangeiro. É um ato de soberania interna.
Ao DIP não traz grande relevância já que a diferença entre natos e naturalizados é
questão de ordem interna. NO aspecto internacional importa a nacionalidade.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

QUADRO RESUMO

Evolução histórica dos critérios de nacionalidade:


- Antiguidade oriental / clássica família jus sanguinis (critério de descendência)
- período medieval feudalismo: propriedade (terra) jus solis
- revolução francesa vs feudalismo: código Napoleônico, nacionalismo => jus sanguinis
- independência das 13 colônias britânicas (EUA): imigrantes do “novo mundo”=> jus
solis
- cultura contemporânea => critério “misto”.

Nacionalidade:
Formas de aquisição:
-originária: nascimento
adquirida (la pradelle => secundária)

“casamento”
jus domicili => “animus definitivo”
jus solis jus laboris => Vaticano: nacionalidade funcional
mutações territoriais
benefício da lei: pela vontade da lei ou pela permissão da lei

Brasil: jus solis com exceções para jus sanguinis => misto (CRFB/88, art. 12)

Sociológico: grupo; língua; “querer viver bem”


Nacionalidade – sentido
Jurídico: vinculo jurídico-político entre indivíduo e
Estado.

Natureza:
- corrente contratualista: indivíduo vs Estado (direitos / deveres)
problema: manifestação de vontade vs recém nascidos
- corrente jurídico-política: existência de direitos/deveres políticos; nacional
integra a vontade do Esado.
 Vínculo moral (Ilmar Penna marinho) => essencial? “apego, anos
interesse pelo país” ou mudança de nacionalidade.

Interesses domésticos: direito político;


serviço militar; expulsão; extradição;
Evolução – início deportação.

Aumento das convenções de D.I.P.:


imigração; extradição; diplomacia.

Nacionalidade – Estado regula por suas leis.


DIP controla litígios internacionais.

Naturalização – concessão do Estado

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

Ato de soberania interna.

Nacionalidade no campo internacional


Conflito de atribuições:
- conflito positivo – polipatrídia.
- Conflito negativo – apatrídia (viola o Direito Universal dos homens, art. XV, 1 e
2).

- efeito ex nunc
Princípios do Direito Internacional - residência no Estado
para nacionalidade por conflito - Perda da nacionalidade anterior
- efetividade

Efetividade da Nacionalidade – possui 2 aspectos distintos: nacional e internacional.


Internacional – princípios – efetividade: advém do vinculo moral estabelecido entre o
indivíduo e o Estado.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1) Quais os principais critérios de nacionalidade?


2) O que é apátrida? Construa uma exemplificação.
3) O que é polipátrida? Construa uma exemplificação.

3 – John é filho de pais belgas, Tony, de pais Australianos. A Bélgica adota o critério do
“jus sanguinis” e a Austrália, do “jus solis”. A partir das alternativas abaixo, marque a
resposta CORRETA.

I- Se John nascer na Austrália, ele é Belga e Australiano.


II- Se Tony nascer na Bélgica ele é Belga e Australiano.
III- Se Jonh nascer na Austrália é apátrida.
IV- Se Tony nascer na Bélgica é apátrida.

(A) Se I e II forem verdadeiras


(B) Se I for verdadeira e III for falsa
(C) Se II for falsa e III for verdadeira
(D) Se II e IV forem verdadeiras

Em tema de nacionalidade, comente a importância do critério do “jus solis”, na


independência das 13 Colônias (01 ponto), e do “jus sanguinis”, na Revolução Francesa
diante do Feudalismo (01 ponto).

Qual das alternativas abaixo discorre de maneira correta sobre o Instituto da


Nacionalidade: (OAB/RJ – 25.º Exame)

a. A opção de nacionalidade é um processo administrativo dirigido ao Ministro da


Justiça;
b. O estrangeiro, de nacionalidade angolana, com visto de trânsito para o Brasil se
naturaliza após um ano de permanência;
c. O estrangeiro que pretenda optar pela nacionalidade brasileira deverá renunciar a
nacionalidade de origem perante a Polícia Federal;
d. A opção de nacionalidade é um processo de jurisdição voluntária cuja
competência para processar e julgar é da Justiça Federal.

- Leia as opções abaixo que tratam sobre o Instituto da Nacionalidade e marque a


alternativa correta: (OAB/RJ – 26.º Exame)

I) O critério do ius sanguinis é aquele que leva em consideração apenas o local de


nascimento do indivíduo.

II) O critério do ius soli é o que leva em consideração a origem dos pais do indivíduo,
não importando o local de nascimento.

III) A opção de nacionalidade é um processo administrativo dirigido ao Ministro da


Justiça pelo qual o estrangeiro requer sua naturalização.

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Apostila de Direito Internacional Pú blico 1ª Parte Marcio Caldas

IV) O critério misto é aquele que leva em consideração o local de trabalho do indivíduo,
também conhecido com ius laboris.

a. Todas são falsas


b. Todas são verdadeiras
c. I e II são verdadeiras e III e IV são falsas

I e II são falsas e III e IV são verdadeiras

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