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Carta aos dirigentes da CGTP

Para realizar a unidade da classe trabalhadora é imprescindível romper o quadro


alimentador de consensos – o quadro da “concertação social”

À Comissão Executiva da CGTP

Caros camaradas,

Logo após a jornada de greve geral realizada por três milhões de trabalhadores, a 24 de
Novembro de 2010, algumas dezenas de quadros do movimento operário
subscrevemos uma carta dirigida aos dirigentes da UGT e da CGTP.
Nessa carta citávamos algumas das declarações contidas nas resoluções das duas
Centrais sindicais, nomeadamente a afirmação da UGT de que aquela greve tinha
demonstrado “bem a força e credibilidade dada pela unidade na acção, visando
objectivos comuns”, e da parte da CGTP dizendo que “combaterá as medidas anti-
trabalhadores contidas no Orçamento do Estado de 2011”.
Em contraponto a estas declarações, o Primeiro-ministro afirmou que não se afastaria
uma linha do seu Plano de Austeridade, estando mesmo disposto a aprofundá-lo, e que
contava com os parceiros sociais – no quadro do “diálogo” e da “concertação” social –
para o aplicar.
Assim sendo, os signatários da carta pediam às duas centrais sindicais para que
abandonassem o dispositivo da “concertação social” e continuassem unidas na
mobilização para a retirada dos PECs.
Entretanto, de acordo com as exigências da Comissão Europeia, o Governo acentuou a
sua ofensiva, através do chamado “Plano das cinquenta medidas para a
competitividade e o emprego”, para a aplicação do qual chamou as Centrais sindicais.
Lamentavelmente, a direcção da UGT aceitou comprometer-se com este Plano, dando
um profundo golpe na unidade realizada a 24 de Novembro. Um Plano que só reforça
o OE para 2011, que leva ao despedimento de mais de 30 mil professores, a juntar às
outras dezenas de milhar no sector público (nomeadamente nos transportes e nos
outros serviços públicos) e no sector privado, à não actualização imediata do salário
mínimo para 500 euros, bem como aos cortes nos salários dos trabalhadores da Função
Pública e nos subsídios sociais.
Mas a CGTP demarcou-se completamente dele, declarando tratar-se de um plano para
facilitar ainda mais os despedimentos, para afastar os sindicatos dos locais de trabalho
e destruir a contratação colectiva, através de um processo camuflado de profunda
revisão das leis laborais.
E Carvalho da Silva declarou, no Plenário nacional de sindicatos, realizado no passado
dia 7 de Janeiro: “O Governo toma as suas decisões políticas e, depois, convoca os
parceiros sociais para as executar, como se os sindicatos só tivessem que discutir
pareceres técnicos, para aplicar a inevitabilidade. Isto é uma fraude. (…) Só uma
forte mobilização poderá travar a ditadura dos especuladores sobre o nosso país.”

Os trabalhadores, aposentados, jovens e militantes abaixo-assinados consideram que a


consequência lógica destas declarações dos dirigentes da CGTP deveria ser a saída dos
organismos da “Concertação social”.

É assim que nos dirigimos aos camaradas da Comissão Executiva da CGTP, pedindo-
lhes que não se sentem mais nas “mesas do diálogo social”, enquanto o Governo não
parar com a sua ofensiva contra os trabalhadores e os direitos sociais –
nomeadamente através do plano de centenas de milhar de despedimentos, de
revisão das leis laborais e do corte nos salários.

Os primeiros subscritores:

Adélia Gatoeiro (delegada sindical - Santos Barosa); Adélia Gomes (SPGL-CGTP); Aires Rodrigues
(dirigente do POUS, Marinha Grande); Ana Sofia Cortes (delegada sindical STFP-CGTP); Ana Tavares
Silva (membro da Coordenadora dos professores contratados do SPGL); António Chora (Coordenador da
CT da Autoeuropa); Arsénio Cerejo (vidreiro); Carlos Melo (SBSI-UGT); Carmelinda Pereira (dirigente do
POUS); Cláudio Lordelo (vidreiro - Ifavidro); Daniel Gatoeiro (operário químico - Iberoalpla); Emanuel
Rodrigues (SPRC-CGTP); Helena Carvalho (SINTAP-UGT); Joaquim Carpinteiro (vidreiro); Joaquim
Pagarete (membro da Coordenadora dos professores aposentados do SPGL); José Simões (vidreiro -
Ifavidro); Manuela Leitão (SPGL); Paula Montez (membro da Comissão pela Proibição dos Despedimentos).

Isabel Pires (dirigente do SPGL); Rosa Santos (SFPSA-CGTP/Saúde); Elsa Rodrigues (SFPSA-
CGTP/Saúde); Marco Cruzeiro (SPGL); Luís Agostinho (SFPSA-CGTP/Justiça); Valentim Silva (STML-
CGTP/DUJA); Aníbal C. (STML-CGTP); Henrique Bemposta (SFPSA-CGTP/IGP); Luís Silva (STML-
CGTP).

Subscrevo esta carta:

NOME Sector profissional Sindicato CONTACTO

Comissão pela Proibição dos Despedimentos http://proibicaodosdespedimentos.blogspot.com

Contacto: Rua Santo António da Glória, 52-B, cave C, 1250-217 LISBOA

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