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Mineração

O problema de amostragem manual na


indústria mineral
Alexandre Grigorieff
Engenheiro de Minas, MSc,Copelmi Mineração Ltda
E-mail: alex@copelmi.com.br

Joao Felipe C.L. Costa


Engenheiro de Minas, PhD, Professor do Departamento de Minas/UFRGS
E-mail: jfelipe@ufrgs.br

Jair Koppe
Engenheiro de Minas, PhD, Professor do Departamento de Minas/UFRGS
E-mail: jkoppe@ufrgs.br

Resumo Abstract
São freqüentes as diferenças informadas nas análi- Discrepancies in raw materials properties informed
ses de parâmetros físico-químicos obtidas por laboratóri- by both producer and consumer are a common problem
os do produtor e do consumidor. Contratos comerciais in most areas of the industry. Commercial contracts in
tendem a penalizar o produtor se contaminantes do miné- the mineral industry normally penalize the producer, if
rio excederem limites preestabelecidos. Diferenças em aná- contaminants in the ore exceed established limits.
lises laboratoriais são devidas a diversas fontes de erro, Differences in lab analysis are due many sources of error,
entre elas a amostragem, a preparação e a análise. A teo- such as distinct practices used in two laboratories for
ria da amostragem provém os meios para verificar a preci- sampling, preparation or analysis. Sampling theory
são e acuracidade de um dado protocolo amostral aplica- provides the tools to analyze errors involved in
do a minério desagregado (não in situ). Um procedimen- sampling, preparation and analysis. This paper
to para medição do erro em cada etapa do processo amos- proposes a methodology to check the precision and
tral é introduzido e os resultados são comparados ao erro accuracy of a given sampling protocol emphasizing the
calculado tendo como base a teoria de Gy. Os resultados application of Gy’s sampling theory to broken ore. The
demonstram a aplicabilidade do método e sua relevância results show the applicability of the method and its
para auditar um protocolo amostral qualquer. A metodo- relevance to audit sampling procedures aiming at error
logia é ilustrada em um estudo de caso na Mina do Re- minimization. The methodology is illustrated in a case
creio, RS, Brasil. study at a major coal producer in Brazil.
Palavras-chave: amostragem, erros, precisão, protocolo. Keywords: sampling, error, precision, protocol.

Artigo recebido em 15/07/2002 e aprovado em 06/09/2002.

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 55(3): 229-233, jul. set. 2002 229
1. Introdução do erro e a variância do erro nunca são No Brasil, a amostragem manual ain-
nulas estruturalmente. A representativi- da é empregada por muitas empresas. Isto
Nos dias de hoje, a necessidade de dade de uma amostra ocorre quando a motivou a realização desse trabalho, o
fabricação de produtos com qualidade combinação desses dois fatores apresen- qual tem por finalidade investigar e quan-
assegurada faz com que os procedimen- ta valores menores que o máximo esta- tificar o erro associado com as práticas
tos e equipamentos empregados para a belecido entre as partes interessadas, de amostragem manual comumente utili-
realização do controle de qualidade cada usualmente produtor e consumidor. zadas na indústria mineral.
vez tenham que apresentar resultados
mais confiáveis. Assim, uma boa estima- Ainda, segundo a teoria da amos-
tiva do erro a ser gerado por um sistema tragem de Gy (1982), existem alguns er- 2. Metodologia
de controle de qualidade tornou-se fun- ros de amostragem que não podem ser
A amostragem manual em pilha (Fi-
damental para possibilitar que o seu di- eliminados: erro fundamental, erro de
gura 1) é efetuada através do uso de uma
mensionamento garanta a precisão e segregação e grupamento e erro de inte-
pá, sendo coletadas as partículas que se
acuracidade exigidas. É preciso que os gração. Como conseqüência, sempre
encontram posicionadas nas porções
resultados do controle de qualidade não existirá um erro associado ao resultado
mais superficiais da pilha. A inconformi-
apresentem erros tendenciosos signifi- de qualidade de um lote. Como o resulta-
dade dessa prática de amostragem com
cativos, assim como o erro (aleatório) não do de qualidade de um lote nunca é um
a teoria da amostragem reside no fato de
deve ter uma variabilidade maior que a valor exato, interpreta-se que esse resul-
que a mesma é não-probabilística, pois
aceitável pelas partes interessadas. tado apresenta um comportamento de
pressupõe que as partículas dispostas
natureza estocástica. Dessa forma, é pos-
No caso da indústria mineral, o con- nas porções inferiores da pilha e, por-
sível estimar, para qualquer resultado de
trole de qualidade pode ser dividido em tanto, inalcançáveis pela pá, apresentem
controle de qualidade, uma faixa de erro
três etapas: exatamente as mesmas características de
devida a fatores relacionados à variabili-
qualidade das partículas posicionadas
i. Amostragem ou seleção da amostra. dade existente entre as partículas do
material amostrado. na superfície.
ii. Preparação da amostra.
Infelizmente, esse comportamento Para verificar a possibilidade dos
iii. Análise da amostra preparada. não é levado em consideração nem pe- erros provocados pela amostragem ma-
los contratos de comercialização de car- nual serem passíveis de estimação e fi-
O alicerce de um bom programa de
vão e nem pelas Normas Técnicas de carem restritos à faixa de erro calculada
controle de qualidade está baseado na
Amostragem, ocasionando freqüentes pela teoria da amostragem, foi emprega-
execução correta da operação de amos-
desentendimentos entre as partes e sus- do o comparativo da faixa de erro dos
tragem. Isto é obtido através do estabe-
citando dúvidas sobre a qualidade dos teores de cinzas calculada pela teoria da
lecimento de um procedimento de amos-
trabalhos executados nos laboratórios. amostragem (Gy, 1998, p. 71) com as di-
tragem que seja tanto acurado quanto
Além disso, uma das regras básicas da ferenças obtidas da análise do lote de
preciso. Embora as técnicas de amostra-
teoria da amostragem continua sendo carvão em duas posições distintas do
gem utilizadas na indústria mineral con-
tinuem a melhorar, a amostragem ainda é desconsiderada por muitas Normas Téc- depósito.
uma área muitas vezes negligenciada. As nicas (ISO 1998a e 1998b; ASTM 1996). Os ensaios foram realizados empre-
avaliações de qualidade dos produtos Essa regra prega que qualquer partícula gando a estrutura do laboratório de con-
gerados muitas vezes são baseadas em componente do lote deve possuir a mes- trole de qualidade da Mina do Recreio
amostras com sérios erros sistemáticos ma probabilidade de ser coletada e per- pertencente a Copelmi Mineração Ltda,
(tendenciosos) e com grandes variânci- tencer a amostra que servirá para a reali- localizado em Butiá no sul do Brasil. To-
as de erro, provocando problemas para zação do controle de qualidade. A amos- dos os carvões utilizados foram oriun-
a aceitação dos lotes ou para a economi- tragem que segue essa regra é conside- dos do processo de lavagem sendo
cidade dos processos onde estes pro- rada estatisticamente correta. Dessa for- formados seis lotes de 250 t cada (Grigorieff,
dutos minerais serão usados (Magri and ma, é possível estimar, para qualquer re- 2002).
Ortiz, 2000). sultado de controle de qualidade, uma
faixa de erro devida a fatores relaciona- Cada lote serviu para a execução
A representatividade de uma amos- de um ensaio. Cada ensaio foi estrutura-
dos à variabilidade do material particula-
tra ocorre quando existe a combinação do seguindo os seguintes passos:
do. Os tipos de amostragem considera-
da acuracidade e da reprodutibilidade.
dos estatisticamente corretos, desde que 1. O lote, depositado na posição 1, foi
A acuracidade pode ser entendida como
seguidos alguns cuidados de dimensio- amostrado através do emprego de uma
sendo a minimização do erro sistemático
namento e operação, são os executados pá, sendo tomados 85 incrementos com
da amostragem. A reprodutibilidade ou
por augers e por amostradores automá- aproximadamente 3 kg cada um, totali-
precisão é a medida da dispersão dos
ticos instalados em transportadores de zando um peso de amostra de 250 kg.
resultados de qualidade obtidos para um
correia. Todos os outros tipos de amos-
mesmo lote (Mwasinga, 2000). 2. A operação de amostragem do lote
tragem, inclusive a amostragem manual,
De acordo com Gy (1998), a média são considerados incorretos. depositado na posição 1 foi repetida

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três vezes. Em cada uma das vezes, a constante de amostragem de um deter- culadas: (i) o erro de segregação e gru-
amostra foi colhida por um emprega- minado minério e d é o top size das partí- pamento e (ii) o erro analítico. De acordo
do diferente. culas da amostra (cm). com Gy (1982), a variância de segrega-
ção e grupamento (s2ESG) é igual ou
3. Cada amostra coletada foi preparada e A constante de amostragem C é
menor que a variância do erro fundamen-
analisada seguindo exatamente o mes- obtida através da seguinte fórmula:
tal (s2EF). Em consequência, é sempre
mo procedimento. O teor de cinzas foi
C=c.l.f.g (2) seguro assumir que:
o parâmetro de qualidade analisado,
sendo efetuadas duas determinações No caso: l é o fator de liberação (l = dlib/d)0.5, s2ESG = s2EF (4)
para cada amostra. dlib é o tamanho de liberação do minério
A variância do erro analítico (s2EA)
analisado, f é o fator de forma das partí-
4. A seguir o carvão constituinte do lote se refere aos erros provocados pelos
culas, usualmente utiliza-se 0,5; g é o fa-
foi transportado para outro local do equipamentos e ao processo de análise
tor da faixa de tamanho e c é o fator de
depósito, sendo depositado na posi- da amostra moída. Para o caso do labo-
composição mineralógica, dado por:
ção 2. A mudança de posição do lote ratório da Mina do Recreio, esse valor é
provocou um rearranjo na disposição c = (1-a) [(1-a) ρ1 + a ρ2 ] / a (3) igual a:
das partículas no interior do lote.
No caso: a é a concentração do compo- s2EA = 1,75 x 10-7
5. Os passos 1, 2 e 3 foram repetidos nente do minério em consideração (adi-
A Tabela 2 mostra os cálculos efe-
para o lote depositado na posição 2. mensional), ρ1 é a densidade das partí-
tuados para a determinação das variân-
culas do componente crítico (g/cm3), ρ2
Essa operação simulou a situação cias de erro do lote número 1. A variân-
é a densidade das partículas dos outros
que usualmente ocorre na indústria car- cia do erro fundamental foi calculada
componentes do minério (g/cm3). O fa-
bonífera brasileira, onde o carvão é para a amostragem do carvão e para o
tor de faixa de tamanho g pode ser esti-
amostrado pelo produtor (posição 1) e processo de preparação da amostra. A
mado a partir da relação entre o top size
depois é amostrado pelo consumidor preparação da amostra foi dividida em
d e o limite de tamanho mais baixo d' (5 %
(posição 2). quatro etapas. As etapas foram defini-
de undersize), assim, para uma grande
das na medida em que ocorreu a redução
faixa de tamanhos (d/d' > 4), o fator g é
de massa e a granulometria da amostra,
igual a 0,25.
3. Comparativo da faixa conforme:
Além do erro fundamental, duas
de erro dos teores de fontes adicionais de erro devem ser cal-
i. 250 kg extraídos de 250 t usando amos-
cinzas calculada pela tragem manual.

teoria da amostragem
com as diferenças obtidas
pela mudança de posição
de depósito do lote
O tratamento dessa questão foi di-
vidido em três partes. Inicialmente foi
efetuada a determinação dos valores das
variâncias de erro definidas pela teoria
da amostragem, seu desvio-padrão e o
intervalo de erro esperado, consideran-
do uma confiabilidade de 95%. A seguir
foi realizada a determinação das diferen-
Figura 1 - Esquema utilizado na amostragem manual de pilhas de minério.
ças encontradas entre os valores de cin-
zas encontrados para a posição 1 e para
a posição 2 (Tabela 1). Para avaliar as Tabela 1 - Conteúdo de cinzas determinado nas posições 1 e 2 por quatro diferentes
amostradores. As amostras foram analisadas em duplicatas.
diferenças entre posições (1 e 2) apre-
sentadas na Tabela 1, utilizou-se o erro Cinza (%) na Posição 1 Cinza (%) na Posição 2
fundamental (Gy, 1982) definido por: Amostrador
Alíquota 1 Alíquota 2 Alíquota 1 Alíquota 2
s2EF = (1/ME - 1/ML) . C . d3 (1) 1 32,93 32,74 31,38 31,96
No caso: ME é a massa de amostra (g) em 2 32,93 31,93 31,08 31,71
um dado estágio do processo de amos- 3 31,41 32 31,88 31,85
tragem, ML é a massa do lote (g) ou mas-
sa inicial da etapa de preparação, C é a 4 32,49 32,53 30,9 31,52

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ii. 40 kg extraídos de 250 kg depois de homogeneizar e quartear. extrapolou o intervalo de erro calculado
pela teoria da amostragem foi:
iii. 10 kg extraídos de 40 kg após britar, homogeneizar e quartear.
Lote 2 - 100% das amostras não se en-
iv. 400 g extraídos de 10 kg após moer, homogeneizar e quartear.
quadraram no intervalo.
v. 1 g usado para determinar o teor de cinzas extraído de 400 g após homogeneização.
Lote 3 - 44% das amostras não se enqua-
O valor da variância do erro de segregação e grupamento foi igual ao da variân- draram no intervalo.
cia do erro fundamental, conforme a Equação (4).
Lote 4 - 100% das amostras não se en-
A variância do erro de amostragem total é o somatório das variâncias indicadas quadraram no intervalo.
na Tabela 2 acrescida da variância do erro de segregação e grupamento e da variân-
Lote 5 - 44% das amostras não se enqua-
cia do erro analítico e é igual a 4,32 x 10-4. O desvio-padrão do erro de amostragem
draram no intervalo.
total é de 2,08 x 10-2. A variância e o desvio-padrão do erro total são valores relati-
vos. Para determinar o intervalo de erro com 95 % de confiabilidade, é necessário Lote 6 - 38% das amostras não se enqua-
converter o desvio-padrão relativo para desvio-padrão absoluto, assim: draram no intervalo.
(SE Total) absoluto = (SE Total) relativo. % teor de cinzas
Para 95% de confiabilidade, teremos: 4. Discussão dos
Intervalo = ± 2. (SE Total) absoluto = ± 1,35% resultados
Considerando que o carvão depositado na posição 1 se refere ao carvão amos- O estudo realizado teve por finali-
trado pelo produtor, a teoria da amostragem para o protocolo empregado determina dade simular a operação de controle de
que o teor de cinzas a ser reproduzido pelo controle de qualidade do consumidor qualidade empregando a amostragem
deveria estar inserido dentro do intervalo igual a: manual usualmente efetuada em muitas
minas e consumidores de carvão brasi-
32,37 % ± 1,35 %, ou seja, entre 31,02% e 33,72% de cinzas. leiros. O carvão amostrado na posição 1
As diferenças encontradas para o teor de cinzas entre as posições 1 e 2 do lote teve a intenção de se referir à amostra-
1 foram calculadas. Os resultados são mostrados na Tabela 3. gem realizada no depósito da planta de
beneficiamento, enquanto que o carvão
Observa-se que, no caso do lote 1, cerca de 13% dos resultados ficaram fora do
da posição 2 representou a amostragem
intervalo determinado pela teoria da amostragem (± 1,35%). A seguir foi efetuado o
realizada pelo consumidor. As diferen-
mesmo ensaio com outros cinco lotes de carvão. Nesses ensaios, o percentual que
ças encontradas deveriam apresentar
valores inferiores aos da faixa de erro
estimada pela teoria da amostragem.
Tabela 2 - Variância do erro calculada para o lote 1. Caso essa hipótese estivesse correta,
poderia se concluir que a amostragem
Erro Fundamental (FE) em cada etapa de extração
Parâmetro manual em pilha poderia ter seu erro
Lote Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 previsto e, dessa forma, tornar-se uma ope-
ME (g) 3 3 ração confiável de controle de qualidade.
250 x 10 40 x 10 104 400 1
ML (g) 6 3 3 Foram realizados seis testes empre-
250 x 10 250 x 10 40 x 10 104 400
gando carvões beneficiados com dife-
ρG 2,25 2,25 2,25 2,25 2,25 rentes teores de cinzas. Os teores de cin-
zas dos lotes ensaiados variaram de
ρA 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30
26,05% até 38,62%. Todos os lotes apre-
A 0,3237 0,3237 0,3237 0,3237 0,3237 sentaram um peso de aproximadamente
c (g/cm )
3
4,06 4,06 4,06 4,06 4,06 250 toneladas. As operações de amos-
tragem, preparação de amostras e análi-
d (cm) 5,70 5,70 2,20 0,30 0,025 se observaram os procedimentos e cui-
dlib (cm) 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 dados indicados pelas normas técnicas
brasileiras NBR 8289; NBR 8291 e NBR
l 0,066 0,066 0,107 0,289 1,000 8292. Cada lote foi amostrado quatro
f 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 vezes na posição 1 e quatro vezes na
posição 2.
g 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25
3
Os resultados do controle de quali-
C (g/cm ) 0,0336 0,0336 0,0541 0,1464 0,5073 dade de cada lote do carvão depositado
2 2 -5 -4 -5 -6 -6 na posição 1 foram comparados com os
s FE (%) 2,49x10 1,31x10 4,32x10 9,49x10 7,91x10

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Tabela 3 - Diferenças em valor absoluto para o teor de cinzas considerando posição amostragem manual. Assim, nesse tipo
e amostrador.
de amostragem, além da variabilidade
Posição 1 Posição 2 Diferença (%) existente entre as partículas, os erros de
amostragem são influenciados pela dis-
Amostrador Amostrador (%) Cinzas
posição das partículas no interior do lote.
1 2 3 4 1 2 3 4 Como essa disposição é circunstancial,
X X 1,17 os resultados de qualidade são conse-
X X 1,44 qüência das circunstâncias que envol-
X X 0,97 vem a deposição do carvão. Em conse-
X X 1,63 qüência, a precisão da amostragem ma-
X X 0,76 nual não pode ser estimada, tornando-a
X X 1,03 não confiável. Conclui-se que a amos-
X X 0,56 tragem manual deve ser banida de qual-
X X 1,22 quer sistema de controle de qualidade.
X X 0,04
X X 0,31
X X 0,16 Referências
X X 0,50 Bibliográficas
X X 0,84 GRIGORIEFF, A. Melhoria no controle de
qualidade de na produção de carvão
X X 1,11 mineral com o uso da teoria de
X X 0,64 amostragem. Universidade Federal do Rio
X X 1,30 Grande do Sul, 2001. 178 p. (Dissertação
de Mestrado).
GY, P.M. Sampling of particulate materials,
resultados do carvão depositado na po- perficial da posição 2. Isto derruba a hi- theory and practice. Amsterdam: Elsevier,
Second Revised Edition, 1982. 431 p.
sição 2. Foram obtidas 16 combinações pótese de que as partículas não alcançá-
GY, P.M. Sampling for analytical purposes.
de resultados, sendo efetuado o cálculo veis pela pá apresentam as mesmas ca- Chichester: England, John Wiley & Sons
da diferença do teor de cinzas para cada racterísticas das partículas possíveis de Ltd, 1998. 153 p.
combinação. Em todos os ensaios foram serem alcançadas pela pá. MWASINGA, P. P. Optimizing sampling
protocols for a base metal deposit,
observadas diferenças significativas As precisões calculadas para os Proceedings of Geostat 2000 (CD-ROM),
entre os resultados, da posição 1 e da seis lotes, empregando a teoria da amos- KLEINGELD, W.J., KRIGE, D. (ed.) .
posição 2. Foi verificado também que, 2000. p. 1-13.
tragem, mostraram que, embora os teo- MAGRI, E.V., ORTIZ, J.C. Estimation of
para a maioria dos lotes, as diferenças res de cinzas tenham sido bastante dife- economic losses due to poor blast hole
de resultados existentes entre amostra- rentes, não apresentaram grandes varia- sampling in open pits, In: Proceedings of
dores para o carvão situado na mesma ções. A maior precisão obtida foi de ± Geostat 2000 (CD-ROM), 2000. p. 1-10.
posição não foram expressivas. Isto in- ISO, 1998a. International Organization for
1,15 % teor de cinzas para o lote 2 e a Standardization, Draft International
dica que as diferenças de teores de cin- menor foi de ± 1,46% teor de cinzas para Standard ISO/DIS 13909-3, Hard Coal and
zas existentes tiveram uma maior influ- o lote 4. Coke- Mechanical Sampling - Part 3: Coal
ência da posição do carvão. - Sampling from Stationary Lots.
ISO, 1998b. International Organization for
De acordo com a formulação da te- Standardization, Draft International
oria da amostragem, as faixas de preci- 5. Conclusão Standard ISO/DIS 13909-4, Hard Coal and
Coke - Mechanical Sampling - Part 4: Coal
são calculadas deveriam conter, no míni- A precisão da amostragem é variá- - Preparation of Test Samples.
mo, 95% dos resultados. Em todos os vel porque depende da variabilidade exis- ASTM, 1996. Annual Book of ASTM
seis ensaios, o percentual esteve sem- tente entre as partículas do lote. A teoria Standards, Gaseous Fuels; Coal and Coke,
pre inferior a 95%. Houve lotes em que da amostragem mede esta variabilidade v. 05.05. 510 p.
ABNT, 1983. Associação Brasileira de Normas
todas as combinações de resultados ti- e propicia o conhecimento do erro que Técnicas, NBR 8291. Amostragem de
veram um erro superior ao calculado pela se pode esperar para uma dada amostra- Carvão Mineral Bruto e/ou Beneficiado.
teoria da amostragem. Em vários lotes, gem. No entanto, para que essa medição Rio de Janeiro, Brasil.
ABNT, 1983b. Associação Brasileira de
os resultados obtidos tiveram uma vari- tenha efeito, é necessário que a amos-
Normas Técnicas, NBR 8292. Preparação
ação bastante superior ao esperado. tragem seja efetuada corretamente, tam- de Amostra de Carvão Mineral para Análise
bém sob o ponto de vista probabilístico. e Ensaios. Rio de Janeiro, Brasil.
Torna-se claro que o teor de cinzas
das partículas dispostas na porção su- Cada partícula componente do lote
perficial da posição 1 é diferente do teor deve possuir a mesma probabilidade de
das partículas dispostas na porção su- pertencer ao lote. Este não é o caso da

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 55(3): 229-233, jul. set. 2002 233

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