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Introdução
Os modais de transporte não param nunca, estão funcionando 24 horas
por dia, no mundo todo. Se os modais de transporte pararem de funcionar, o
mundo para. E isso não é apenas força de expressão, é a mais absoluta verdade.
Basta imaginar nossa necessidade de locomoção, a necessidade de transporte
dos bens e serviços produzidos ao redor do mundo, para que se consiga per-
ceber a importância dos sistemas de transportes para nossa sobrevivência.
Por outro lado, se os clientes sinalizarem que são sensíveis a preço (sendo
o preço baixo um dos principais, senão o principal, critérios decisivos para a
compra), a organização deve utilizar o sistema de transporte como um ins-
trumento para reduzir os custos dos produtos, adotando modais mais bara-
tos (embora mais lentos, geralmente).
Modal de transporte
Trata-se do modo, maneira, ou meio pelo qual se transportam os mate-
riais de um ponto a outro no sistema logístico, ou ao longo da cadeia de
suprimento. Os modos de realizar esse transporte podem ser:
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Os sistemas de transportes
Roteirização
Um dos principais dilemas enfrentados pelos gerentes de logística diz
respeito às definições de rotas de transporte. Uma rota pode ser entendida
como o caminho pelo qual um material é deslocado, ou o trajeto que ele per-
corre desde a origem até o destino final. Além da rota, é preciso considerar a
rede de instalações existentes ao longo da cadeia de suprimento, pela qual,
necessariamente, os materiais devem passar. Ou seja, ao longo da cadeia de
suprimento existem diversos pontos (nós de rede), nos quais os produtos
passam a caminho de seu destino final. Assim, o trabalho do gerente deve
ser o de buscar a otimização dos roteiros que os produtos devem fazer ao
longo da cadeia (mínimo custo e nível de serviço elevado).
Nível de serviço
As decisões logísticas de transporte relacionadas com o nível de serviço
dizem respeito à capacidade de resposta do sistema em termos de atender
às necessidades dos clientes por velocidade e frequência de entrega, integri-
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O sistema de transportes
Quando se fala em “sistema” é importante lembrar que um sistema é um
conjunto de partes que interagem entre si para atingir objetivos comuns.
Portanto, um sistema de transportes é um conjunto de diversas partes com-
ponentes, como: veículos (meio de transporte), vias, instalações (terminais),
mecanismos de controle e força propulsora (combustível).
Modal rodoviário
O transporte rodoviário é o mais usual no mundo todo, absorvendo a
maior parcela dos gastos com transporte. Sua grande vantagem é que apre-
senta grande flexibilidade, podendo realizar ligações porta a porta (de uma
ponta a outra no sistema logístico), fazendo com que os custos sejam com-
pensados pela agilidade e rapidez.
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Os sistemas de transportes
Modal ferroviário
Segundo Chopra e Meindl (2003, p. 272), o modal ferroviário, em razão
de sua lentidão, “é indicado para entregas bastante pesadas de valor baixo
e que não requeiram urgência”. Ou seja, trata-se de um modal de transpor-
te indicado para transportar grandes volumes de materiais com baixo valor
agregado, peso elevado e sem urgência na entrega. O modal ferroviário é
aquele cujas vias são as estradas de ferro (ferrovias). Nos países desenvolvi-
dos, é uma característica a utilização do modal ferroviário para longas distân-
cias, tanto de cargas quanto de passageiros.
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Modal hidroviário
Sistema de transporte hidroviário é a denominação dada a todo transpor-
te de materiais com a utilização de embarcações em mares, rios ou lagos. Daí
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Os sistemas de transportes
Segundo Razzolini Filho (2007, p. 85), é o modal utilizado tanto para trans-
porte de passageiros quanto de cargas, sendo um dos mais antigos e “funda-
mental para a ligação entre os continentes por ser mais barato que o modal
aeroviário. É indicado, sobretudo, para produtos de baixo valor agregado”.
Chopra e Meindl (2003, p. 273) também concordam que o modal hidroviário,
no comércio internacional, “é o meio dominante para embarque de todos os
tipos de produtos [...]. [...] Pelas quantidades embarcadas e pelas distâncias
percorridas, o transporte hidroviário é o meio mais barato para o comércio
internacional”.
apresenta custo operacional bastante reduzido, uma vez que seus cus-
tos operacionais mais elevados são as operações de carregamento e
descarregamento;
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Modal aeroviário
O modal de transporte aeroviário é o nome que se dá ao transporte de
cargas ou passageiros realizado no ar, através de aeronaves de diferentes
portes e velocidade. No transporte aéreo a relação tempo X distância é bas-
tante reduzida pela velocidade de percurso possível de ser atingida pelas
modernas aeronaves.
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Os sistemas de transportes
Modal dutoviário
Todo e qualquer transporte de materiais realizado através de tubulação
(dutos) recebe o nome de transporte dutoviário. Geralmente, os principais
produtos transportados por dutos são líquidos ou gases, de onde derivam
os nomes dos dutos: gasodutos, para o transporte de gases, oleodutos para
óleos, aquedutos para água e, assim, sucessivamente.
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Os sistemas de transportes
Os intervenientes (atores)
nos sistemas de transportes
Como vimos, um sistema de transporte é composto por veículos, vias, instala-
ções, força propulsora e mecanismos de controle. Porém, não se pode esquecer
um elemento implícito nesse sistema: as pessoas. São as pessoas que organizam,
operacionalizam, gerenciam e controlam tais sistemas. Além disso, existem dois
tipos de agentes intervenientes nos sistemas de transportes: as organizações
que precisam transportar e aquelas que realizam o transporte (quando terceiri-
zado). Portanto, na continuação vamos discorrer sobre esses dois “atores” nos sis-
temas de transporte: os embarcadores e os transportadores. Pressupomos que o
embarcador não seja o dono dos modais de transporte que utilizará.
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para cada despacho aos clientes, tendo por objetivo minimizar o custo total
de atendimento do pedido e, ao mesmo tempo, atingir o nível de serviço
prometido. Diante disso, o embarcador deve considerar os seguintes ele-
mentos de custo no momento de decidir em relação ao transporte:
O embarcador deve sempre decidir com base nos trade-offs entre todos esses
custos. Além disso, suas decisões também são influenciadas pela capacidade de
resposta que pretende oferecer aos clientes (o nível de serviço desejado).
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Custos indiretos – esse grupo de custos são todos os demais que não
se incluem nas categorias anteriores. Inclui os gastos com planejamen-
to e elaboração de cronograma para a rede de transporte, além dos
investimentos em tecnologia da informação. Por exemplo, a aquisição
de software para roteirização ou um sistema de GPS (Global Positioning
System) são investimentos que otimizam a operação de transporte e
podem ser considerados custos indiretos.
Uma parcela significativa dos custos dos transportadores não depende dos
volumes transportados nos veículos. Porém, é intimamente dependente da uti-
lização que é atingida pelas rotas e cronogramas dos veículos. Quando as deci-
sões são de ordem estratégica e de planejamento, os transportadores devem
considerar todos os custos acima como sendo variáveis. Porém, para as decisões
operacionais (no dia a dia), a maioria desses custos deve ser considerada fixa.
Não são apenas os custos que devem ser considerados, uma vez que eles
se relacionam aos aspectos da eficiência do sistema. Porém, a capacidade
de resposta do sistema também deve ser considerada, e esta se relaciona
ao nível de serviço a ser oferecido aos clientes. Quanto mais alto o nível de
serviço que a organização pretenda ofertar aos seus clientes, maiores serão
os custos em que se incorrerá para ofertá-lo.
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Os sistemas de transportes
truturaram uma malha de transportes com base no trem, que era ao mesmo
tempo um dos produtos principais da Revolução Industrial. E, sempre que
tinham condições, aproveitavam as vias navegáveis, como no caso do Japão e
dos Estados Unidos. Por sua vez, o Brasil integrou seu território e se industria-
lizou mais tardiamente, em pleno apogeu da indústria automobilística, que
aliás será nosso principal setor industrial. Assim, o transporte rodoviário se
apresentou como um modelo automático e inevitável para o país, seguindo
uma tendência – aqui de modo pleno – das sociedades modernas em geral,
que já não prestigiam o transporte ferroviário, como no passado.
Não é preciso muito esforço para se perceber que privilegiar um único sis-
tema de transporte em um território tão vasto quanto o do Brasil é irracional
e traz desperdícios, como, por exemplo, a subutilização dos rios navegáveis,
ou mesmo o abandono do transporte ferroviário – que de 32 mil quilômetros
de extensão, em 1929, caiu para 29 909 em 1978. Diante da força do modelo
rodoviário, são frequentes os discursos e propostas para modificar o quadro.
Um caso ilustrativo é a projeção do Segundo Plano Nacional de Desenvol-
vimento (IIPND) para o transporte de cargas na década de 1980 (transporte
rodoviário: 54%; ferroviário: 32%; navegação de cabotagem: 14%). Essa pro-
jeção alterou-se significativamente nos anos 90 (transporte rodoviário: 70%;
ferroviário: 18%; navegação de cabotagem: 10%).
Atividades de aplicação
1. O que significa, de forma abrangente, transportar? Qual o papel dos
transportes para a economia?
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