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Os Maias – uma obra que não me apetecia ler

Quando vi o tamanho da obra pensei que nunca a iria conseguir ler. Mas, influenciado por
familiares, que tiveram a mesma perspectiva quando andavam a estudar, ouvindo o que eles
encontraram na obra depois de a terem lido mais de “muitas” vezes, decidi abraçar esta
“empreitada”.
Centrada no amor incestuoso de Carlos e Maria Eduarda, a obra de Eça de Queirós é também
uma crónica da sociedade lisboeta do início do século XIX. A pequena burguesia, “refugiada num
cosmopolitismo vazio”, a elite política, “oportunista e provinciana, fechada sobre a defesa dos
seus próprios interesses”, o jornalista “de escândalos, da intriga e da calúnia”, são algumas das
críticas que se encontram na obra que retracta uma Lisboa e o País que poderíamos identificar
nos dias de hoje.
O jantar no Hotel Central, onde se encontram políticos e homens da cultura, centra-se numa
discussão que se podia ouvir nos dias de hoje, o estado das finanças públicas, o endividamento
do país e a necessidade das reformas urgentes. Ega e Alencar são duas das personagens
principais com ideais opostos, naturalismo versus romantismo.
A crítica que me impressionou foi a de Craft em relação ao ensino, na célebre corrida de cavalos,
quando diz que o ensino neste país devia ser como lá fora: gratuito e obrigatório, porque nos
dias de hoje continuamos ainda atrasados.
Os Maias apresentam personagens cuja forma de estar na vida se podem identificar com
algumas na nossa época, facto que demonstra que o ser humano não muda assim tanto ao
longo das épocas e que o seu comportamento será diferente em termos temporais, mas igual
quanto à natureza humana.

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