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Supremo Tribunal Federal

INQUÉRITO 3.290 MATO GROSSO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AUTOR(A/S)(ES) : MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INVEST.(A/S) : JÚLIO JOSÉ DE CAMPOS
ADV.(A/S) : SIMEI DA SILVA BARROS

DESPACHO: O Ministério Público Federal manifestou-se, in verbis:

“O Procurador-Geral da República vem expor e


requerer o seguinte.
1. Trata-se de inquérito instaurado para apurar a
suposta prática dos delitos tipificados nos arts. 299 e 350
do Código Eleitoral por Júlio José de Campos,
consubstanciada no oferecimento de vales-abastecimento e
vales-compra em troca de votos nas eleições de 2010.
2. Determinada a quebra do sigilo bancário da
empresa J.D. Campos Neto Treinamento Empresarial, no
período de Julho de 2009 a setembro de 2010, as
instituições financeiras transmitiram diversos dados e
documentos que foram devidamente analisados pela
ASSPA – Assessoria de Pesquisa e Análise da
Procuradoria-Geral da República.
3. No que concerne à movimentação bancária a
crédito no ano de 2010, constatou-se a existência de
transações dos tipos TED, depósito cheque liquidado e
desbloqueio de depósitos que somam R$ 1.749.069,16,
conforme fl. 2 do relatório apresentado pela ASSPA. Além
disso, destacam-se outras movimentações financeiras,
como depósitos fracionados realizados nos dias 8.6.2010 e
17.6.2010, no montante de R$ 18.500,00 e R$ 18.000,00, e
ocorrências de alguns débitos de cheques fracionados,
cada um no valor individual de R$ 49.608,15, todos
realizados no dia 2.8.2010.
4. Faz-se necessário, para fins de esclarecimento dos
fatos, a identificação dos depositantes, assim como dos

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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responsáveis por algumas das retiradas que se


destacaram, pelo Banco do Brasil.
5. Também impõe-se que o Banco Central
complemente algumas das informações das contas
relacionadas em que não constam os respectivos nomes
dos titulares das contas, assim como de seus CPF/CNPJ.
6. Ainda, em virtude de algumas das transações
ocorridas, dentre elas, a transferência de R$ 250.000,00
para outra conta corrente da mesma empresa ora referida
e, por terem sido emitidas uma série de notas fiscais pelo
Posto América em nome de AgroPastoril Cedrobom Ltda
– CNPJ 43.631.662/0001-72, torna-se necessário para o
deslinde das operações e apuração dos responsáveis, a
quebra de sigilo bancário da última empresa referida,
assim como a extensão para as demais contas existentes
da J. D. Campos Neto Treinamento Empresarial – CNPJ
07.539.213/0001-35, do período de Julho de 2009 a
setembro de 2010.
7. Assim, requer o Procurador-Geral da República,
para viabilizar a execução da medida, que seja
determinada a expedição de ofício ao Banco Central do
Brasil para que:
a) efetue pesquisa no Cadastro de Clientes do Sistema
Financeiro Nacional (CCS) com o intuito de comunicar
exclusivamente às instituições financeiras com as quais o
investigado tem ou teve relacionamentos no período de quebra
do sigilo bancário, acelerando, assim, a obtenção dos dados junto
a tais entidades.
b) encaminhe em 10 dias à Procuradoria Geral da
República, observando o modelo de leiaute e a forma de
validação e transmissão previstos no endereço eletrônico
asspaweb.pgr.mpf.gov.br, todos os relacionamentos do
investigado obtidos na CCS, tais como contas correntes,
contas de poupança e outros tipos de contas (inclusive nos
casos em que os investigados apareçam como co-titulares,
representantes, responsáveis ou procuradores), bem como

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as aplicações financeiras, informações referentes a cartões


de crédito e outros produtos existentes junto às
instituições financeiras.
c) comunique imediatamente às instituições financeiras o
teor da decisão judicial de forma que os dados bancários do
investigado, bem como os dados cadastrais das contas
relacionadas, sejam enviados diretamente à Assessoria de
Pesquisa e Análise da Procuradoria Geral da República -
ASSPA/PGR, no prazo de 30 dias, no modelo de leiaute
estabelecido pelo Banco Central do Brasil na Carta Circular nº
3454, de 14.6.2010 e forma de validação e transmissão descritos
no arquivo MI 001 – Leiaute de Sigilo Bancário, disponível no
endereço eletrônico asspaweb.pgr.mpf.gov.br;
d) informe às instituições financeiras que o campo
“Número do Caso” seja preenchido com a seguinte referência:
“ASSPA#001-MPF-000XXXXX” e que os dados bancários
sejam submetidos ao programa “VALIDADOR BANCÁRIO
SIMBA” e transmitidos por meio do programa
“TRANSMISSOR BANCÁRIO SIMBA”, ambos disponíveis
no endereço eletrônico asspaweb.pgr.mpf.gov.br, de modo a
viabilizar a análise dos registros bancários pelo Sistema de
Movimentação Bancária – SIMBA/ASSPA-PGR, o qual
vem sendo utilizado em todas as instâncias do Poder
Judiciário, inclusive nesta Corte;
e) para agilizar a análise dos dados bancários objeto da
quebra de sigilo ora requerida, requer que a Procuradoria-Geral
da República seja autorizada a cobrar diretamente aos bancos o
cumprimento da decisão judicial, nos exatos termos em que
proferida, solicitando o encaminhamento dos documentos
suporte das transações financeiras realizadas no período de
quebra do sigilo bancário, bem como aqueles relacionados a
cadastros e análise de compliance;
f) informe às instituições financeiras que os cadastros das
contas investigadas (cadastro de abertura de conta, cartão de
autógrafos, documentos apresentados pelo correntista, etc)
deverão ser enviados à Procuradoria-Geral da República no

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endereço PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA,


ANEXO I, ASSESSORIA DE PESQUISA E ANÁLISE –
ASSPA, SAFS Qd 02 – Lote 9 – COBERTURA, CEP: 70.070-
900, BRASÍLIA-DF.
g) em caso de dúvidas, o endereço eletrônico para contato
com a Procuradoria-Geral da República é o seguinte:
.simba@pgr.mpf.gov.br
8. Requer, ainda, que seja determinada a realização das
seguintes diligências:
a) a expedição de ofício ao Banco do Brasil para que:
a.1) identifique e informe os depositantes dos créditos
relacionados no anexo 02 do relatório de análise nº 060/2013 –
ASSPA/PGR e informe demais documentos que deram suporte
às referidas transações..
a.2) informe o nome e CPF/CNPJ dos responsáveis pelas
retiradas apontadas no anexo 03 do relatório de análise, além do
BANCO, AGÊNCIA e CONTA FAVORECIDA, em caso de
depósito em outras contas, além das cópias dos respectivos
documentos como cópia dos cheques, e outros que comprovem o
destino dos recursos (fitas de caixa, guias de transações em
espécie e guias de depósito).
b) a expedição de ofício ao Banco Central para que
identifique e informe o CPF/CNPJ e nomes dos titulares da
referidas contas na fl. 11 do relatório de análise 60/2013 –
ASSPA/PGR; Caso não seja possível a identificação pelo
BACEN, que as respectivas instituições financeiras
(BRADESCO, BANCO SAFRA, REAL/SANTANDER,
BANCOOB, ITÁU/UNIBANCO E HSBC BANK BRASIL)
cumpram tais diligências.”

Defiro as diligências complementares requeridas nos itens 7 e 8,


porquanto necessárias aos esclarecimentos dos fatos.
A fim de imprimir celeridade, autorizo a Procuradoria-Geral da
República a cobrar diretamente aos bancos o cumprimento desta decisão,
conforme requerido na alínea “e” do item 7.
À Secretaria, para que oficie ao Banco Central e ao Banco do Brasil,

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conforme requerido no parecer ministerial.


Publique-se.
Brasília, 18 de fevereiro de 2014.
Ministro LUIZ FUX
Relator
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