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(CONTINUAÇÃO)
FALTAS – art.º 248.º a 257.º
As faltas podem ser justificadas (art.º 249.º/2) ou injustificadas (art.º 249.º/3 – ao ler este
n.º 3 repare que são por exclusão de partes).
Relembro que os atrasos podem ter como consequência faltas ou meias faltas justificadas
ou injustificadas.
Faltas justificadas
Quanto às faltas justificadas, leia, agora, com especial atenção, todas as alíneas do art.º
249.º/2.
O que é um parente?
Parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequência de uma delas descender
da outra ou de ambas procederem de um progenitor comum (art.º 1578.º do Código Civil).
Assim, p.ex. o filho é parente do pai (e da mãe) porque descende deste(a). Os irmãos são
parentes porque têm um progenitor comum (pai/mãe).
O que é um afim?
Afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro (art.º 1584.º do
Código Civil).
Assim, p.ex. a sogra/sogro são afins da nora porque aqueles são parentes (pais) do marido.
Temos a linha colateral quando nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos
procedem de um progenitor comum (art.º 1580.º/1 Código Civil). P. ex. os irmãos (têm
progenitores comuns - são os pais), os tios (os progenitores comuns são os avós).
Na linha reta, há tantos graus quantas as pessoas que formam a linha de parentesco,
excluindo o progenitor (art.º 1581.º/1 Código Civil). P. ex. Pai e filho são parentes, na linha
reta, em 1º grau; Avós e netos, são parentes, na linha reta, em 2º grau.
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Júlio Seixas Camelo
Guia de estudo e reflexão - Direito do Trabalho – LGE – 2021/22_S2
Na linha colateral, contam-se pela mesma forma, subindo por um dos ramos e descendo
pelo outro, mas sem contar o progenitor comum (art.º 1581.º/2 Código Civil). P. ex. Os irmãos
são parentes, na linha colateral, em 2º grau. Na linha colateral não há 1º grau.
Na afinidade os graus contam-se da mesma forma. P. ex. A sogra e a nora são afins, na
linha reta, em 1º grau; os cunhados são afins, na linha colateral, em 2º grau (o mesmo grau
que os irmãos); o tio casado com uma tia parente (porque, irmã do pai, ou da mãe, do
sobrinho) é afim do sobrinho, linha colateral, em 3º grau.
Repare que por morte de um tio, a lei não atribui dias de faltas justificadas, uma vez que na
linha colateral só abrange o 2º grau e o tio já está em 3º grau.
O mesmo se passa na afinidade. P. ex. o trabalhador, cuja cunhada morre (afim, linha
colateral, 2º grau) tem até 2 dias consecutivos de faltas justificadas; na morte de uma tia afim
(casada com um tio, filho dos avós) o sobrinho não tem direito a dias de faltas justificadas, pois
estão no 3º grau da linha colateral.
Chamo, agora, a atenção que a morte de uma pessoa que viva com o trabalhador em união
de facto ou em economia comum (partilha de habitação e respetivas despesas...) atribui até 5
dias consecutivos de faltas justificadas (art.º 251º/2 que remete para a alínea b) do art.º
251.º/1).
Assim, e p. ex., se um irmão viver em economia comum com o trabalhador, este, por morte
daquele, tem direito até 5 dias consecutivos e não 2 dias. Também, se um tio viver em
economia comum com um sobrinho, por morte daquele, este tem direito a 5 dias em vez de 0
dias.
Em relação a esta alínea repare na remissão para o art.º 91.º que estabelece o regime de
faltas justificadas por parte do trabalhador estudante.
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Tenha em atenção que as faltas para assistência a filho, a neto ou a membro do agregado
familiar do trabalhador, apenas são justificadas se essa assistência for “inadiável e
imprescindível”. Ou seja, não pode ser adiada e o trabalhador não tem ninguém que o possa
substituir nessa assistência. P. ex. o trabalhador tem um filho com convulsões, sendo, por isso,
inadiável a ida ao hospital, mas pode ter alguém em casa que o possa substituir no
acompanhamento do filho. Por isso, é que a assistência prestada a um filho não pode ser
exercida simultaneamente pelo pai e pela mãe (art.º 49.º/4).
No caso de assistência a filho (por doença ou acidente) com 12 ou mais anos de idade, o
trabalhador pode faltar até 15 dias por ano. No caso de ser maior é necessário que faça parte
do agregado familiar do trabalhador (art.º 49.º/2).
Repare que, no caso do trabalhador ter mais do que um filho, os referidos dias de faltas
justificadas são acrescidos de mais um dia por cada filho posterior ao primeiro (art.º 49.º/3).
Por último, consulte o art.º 49.º/4 quanto à prova que o empregador pode exigir ao
trabalhador para efeitos de justificação da(s) falta(s).
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Em síntese, para assistência a filho rege o art.º 49.º, para assistência a neto rege o art.º
50.º, para assistência a outros membros do agregado familiar rege o art.º 252.º (todos por
remissão feita pela alínea e) do art.º 249.º/2).
Repare que nesta alínea se refere a falta autorizada ou aprovada pelo empregador. A
autorização é dada antes da falta e a aprovação é dada depois.
Qual o prazo que o trabalhador tem para comunicar ao empregador a sua ausência?
Quando previsível, deve comunicar com a antecedência mínima de 5 dias acompanhada da
indicação do motivo justificativo (art.º 253.º/1).
Se aquele prazo não puder ser respeitado, nomeadamente por a ausência ser imprevisível,
o trabalhador deve comunicar ao empregador logo que possível (art.º 253.º/2).
Veja o art.º 254.º, quanto ao prazo (15 dias) que o empregador tem para exigir a prova do
facto invocado pelo trabalhador para a justificação da falta, bem como, os documentos que
servem para a prova que justifica certo tipo de faltas.
Por regra, a falta justificada não afeta qualquer direito do trabalhador (art.º 255.º/1).
No entanto, chamo a atenção que, nos casos referidos nas alíneas do art.º 255.º/2, as faltas
justificadas determinam a perda de retribuição, nomeadamente, as autorizadas ou aprovadas
pelo empregador.
A perda de retribuição (por faltas injustificadas ou algumas das justificadas) pode ser
substituída por renúncia a dias de férias, desde que o limite do art.º 238.º/5 seja respeitado. Ou
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seja, o trabalhador poderá, em substituição, renunciar aos dias de férias que excedam 20 dias
úteis. Se, p. ex, tiver 22 dias úteis de férias, pode renunciar, no máximo, a 2 dias úteis (art.º
257.º/1/a).
Mas, a renúncia a dias de férias não implica a redução do respetivo subsídio de férias (art.º
257.º/3).
A substituição da perda de retribuição também pode ser feita por acréscimo ao PNT dentro
dos limites referidos no art.º 204.º (até 4 h/dia, 60 h/semana) e, desde que, o instrumento de
regulamentação coletiva o permita art.º 257.º/1/b).
Antes de mais, repare na designação das diversas subsecções da secção II iniciada no art.º
197.º.
Assim, não faz sentido haver HT sem PNT, mas pode haver PNT sem HT (p.ex. isenção de
HT com PNT – art.º 219.º/1/c).
Período de funcionamento (art.º 201.º)
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É uma obrigação do empregador, devendo constar em local acessível e por forma que
permita a sua consulta imediata. Este registo também se aplica aos trabalhadores isentos de
horário de trabalho. O seu conteúdo consta do art.º 202.º/2.
Por regra, o PNT não pode exceder 8h/dia e 40h/semana (art.º 203º./1), podendo os limites
máximos ser reduzidos por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho (IRCT), sem
que isso implique diminuição da retribuição dos trabalhadores (art.º 203.º/4).
- no caso da adaptabilidade (art.ºs 204.º a 207.º), podendo esta ser por regulamentação
coletiva (art.º 204.º), individual (art.º 205.º) e grupal (art.º 206.º). Vejam-se posteriores
exemplos.
- no caso do banco de horas (art.ºs 208.º e 208.º-B), podendo este ser por regulamentação
coletiva (art.º 208.º) e grupal (art.º 208.º-B). O banco de horas individual foi revogado pela Lei
nº 93/2019, de 4/9;
A sociedade X recebeu uma encomenda que terá de ser entregue no final do mês de abril
de 2020. Para cumprir o prazo, a sociedade X terá que aumentar a produção. Por outro lado,
prevê-se que durante o mês de maio a empresa tenha poucas encomendas, devendo, por isso,
ser menor a produção.
A sociedade X pode propor, por escrito, aos seus trabalhadores que estes prestem mais 2h
de trabalho em cada um dos 22 dias úteis do mês de abril, trabalhando menos 2h por dia
durante os 22 dias úteis do mês de maio.
Repare que, neste caso, a média semanal no período de referência (artº 207º) de 2 meses
será de 40 horas.
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Uma secção da IPSS X tem 40 trabalhadores. Desses 40, 20 estão filiados num dos
sindicatos que assinou um IRCT (p. ex. contrato coletivo de trabalho – CCT) que prevê o
regime de adaptabilidade grupal.
Existem, ainda, 15 trabalhadores que escolheram esse IRCT para lhes ser aplicável.
- por regulamentação coletiva: até 4h/dia e 60h/semana, tendo por limite 200h/ano – art.º
208.º/2.
- grupal: iguais aos anteriores, exceto no caso previsto no nº 2 do artº 208º-B: até 2h/dia, até
50h/semana com um limite de 150h/ano (art.º 208.º-B/3).
Horário concentrado
É uma forma de organização do tempo de trabalho em que o PNT diário pode ser
aumentado até 4h, de forma a concentrar o PNT semanal num menor número de dias de
trabalho.
Pode ser estabelecido por acordo entre empregador e trabalhador ou por IRCT para
concentrar o PNT semanal no máximo de 4 dias de trabalho (artº 209º/1/a). Apenas por IRCT,
para se estipular 3 dias de trabalho consecutivos, seguidos, no mínimo, de 2 dias de descanso
(art.º 209.º/1/b).
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Aos trabalhadores abrangidos pelo HT concentrado não pode ser simultaneamente aplicável
o regime de adaptabilidade.
P.ex, o PNT semanal de Mariana é de 40h. Por interesse desta e do empregador acordaram
na prestação de 10h de trabalho de 2ª a 5ª feira, não trabalhando a Mariana às 6ª feiras.
Trabalho suplementar
Consulte-se, ainda, o art.º 228.º quanto aos limites máximos de duração do trabalho
suplementar.
A secção I (338.º a 342.º) diz respeito às disposições gerais sobre a cessação do ct. Ou
seja, os art.º que a compõem aplicam-se a qualquer das modalidades de cessação do ct.
Assim, qualquer ct, sem termo ou a termo, pode cessar por caducidade, por revogação,
por 4 despedimentos (facto imputável ao trabalhador, coletivo, extinção do posto de trabalho e
inadaptação), por resolução pelo trabalhador e por denúncia pelo trabalhador (durante o
período experimental, conforme já sabemos, qualquer das partes pode denunciar o ct).
1 Por conseguinte, quem pode ter isenção de HT (art.º 218.º) não pode ter trabalho suplementar, salvo no caso
previsto no art.º 226º./6 – isenção de HT com PNT, no caso de horas prestadas para além deste. Na isenção de HT
o trabalhador tem direito a uma retribuição específica prevista no art.º 265.º.
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Assim, pode-se concluir que é ilegal qualquer referência negativa que o empregador queira
escrever nesse certificado, mas, também, não é obrigado a escrever nele mais do que o
referido no art.º 341.º/1/a).
Quanto à caducidade do ct a termo certo leia, atentamente o art.º 344.º, e repare nos
prazos de aviso prévio (mínimo) de 15 dias por parte do empregador e de 8 dias (no mínimo)
por parte do trabalhador (344.º/1).
Quanto ao ct a termo incerto, leia o art.º 345.º/1 e repare nos prazos de aviso prévio de 7,
30 ou 60 dias por parte do empregador, no caso de se prever a ocorrência do termo.
Quanto à compensação dos ct a termo certo leia o n.º 2 do art.º 344.º e quanto à
compensação do ct a termo incerto leia os n.ºs 4 e 5 do art.º 345.º.
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Acrescento que são 18 dias por ano completo de antiguidade ou em caso de fração de ano
o montante da compensação é calculado proporcionalmente (art.º 366.º/2/d).
Por exemplo, um ct a termo certo com a duração de 1 ano, renovado, 1 vez por 6 meses,
recebendo o trabalhador uma retribuição base mensal de 900,00€.
Antes de mais cabe perguntar qual a duração do contrato, uma vez que um contrato
renovado, como sabemos, é apenas um contrato. No exemplo dado, essa duração é de 18
meses (1 ano, mais uma renovação por 6 meses).
Assim, se 1 ano (12 meses) atribui o direito a 18 dias de retribuição base, meio ano (6
meses) atribui o direito a 9 dias. Total: 18+9= 27 dias de retribuição base.
Agora, e como o art.º 344.º/2 remete para o art.º 366.º, vejamos a alínea c) do n.º 2 deste
art.º, ou seja, vamos calcular o valor diário da retribuição base (e diuturnidades, se as houver).
Esta alínea c) refere, que, para o cálculo do valor diário, se divide a retribuição base (e
diuturnidades, se as houver) por 30.
Assim, no exemplo dado, vamos dividir os 900,00€ de retribuição base mensal por 30, o que
dá 30,00€ por dia.
Pelo que, 27 dias x 30,00€ = 810,00€ de compensação (o art.º 366.º/2/a)/b) refere que o
valor dessa compensação não pode ultrapassar certos limites, limites esses que se referem a
retribuições muito elevadas e que, a propósito do despedimento coletivo veremos com
detalhe).
Mais 6 meses = 6 dias (uma vez que estes 6 meses já estão para além dos 3 anos)
Mais 28 dias = 1 dia (se 365 dias atribuem o direito a 12 dias, 28 dias atribuem o direito a x
dias, o que dá 0,9, arredondando-se para 1 dia, se, por acaso, o resultado fosse inferior a 0,5,
não se contabilizava).
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Quanto às outras causas de caducidade veja-se o art.º 346.º: morte do empregador – caso
seja, como é óbvio, uma pessoa singular -, extinção de pessoa coletiva ou encerramento de
empresa.
Repare que o n.º 5 deste art.º também atribui ao trabalhador o direito a receber uma
compensação calculada nos termos do art.º 366.º, mas nos casos do referido art.º 346.º são 12
dias (e não 18) por cada ano completo de antiguidade ou fração (366.º/1).
Neste caso, (aliás, já referido em aula anterior a propósito dos contratos a termo certo que
não necessitam de forma escrita) o trabalhador fica automaticamente (ope legis) contratado a
termo certo com a duração de 6 meses, podendo renovar-se por períodos iguais e sucessivos,
sem sujeição a limites máximos (348.º/2/b).
Repare que neste caso o aviso prévio (mínimo) para a caducidade do ct é de 60 dias para o
empregador e de 15 dias para o trabalhador (art.º 348.º/2/c).
Nesta caducidade (ao contrário das outras) o trabalhador não tem direito a qualquer
compensação (art.º 348.º/2/d).
Por último, no caso de o trabalhador atingir 70 anos de idade sem ter havido reforma e
continuar a trabalhar para o mesmo empregador passa a ficar automaticamente contratado a
termo certo nos termos referidos (art.º 348.º/3).
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Conforme pode constatar no art.º 349.º, esta modalidade de cessação do ct traduz-se num
acordo entre empregador e trabalhador constante de documento assinado por ambas as
partes, ficando cada uma com um exemplar (art.º 349.º/1/2) e cujo conteúdo consta do art.º
349.º/3 e, eventualmente, do 349.º/4/5 – por exemplo, uma compensação pecuniária global
para o trabalhador.
Repare, também, que, com base no 350.º/4, o trabalhador deixa de ter essa possibilidade
caso as assinaturas do acordo sejam objeto de reconhecimento notarial presencial.
A este propósito, cabe questionar por que razão a lei laboral atribui esta possibilidade de
“arrependimento” por parte do trabalhador.
A razão de ser desta possibilidade atribuída por lei (ratio legis) é o de evitar um acordo de
cessação do ct pré-datado (o trabalhador, ao celebrar o ct, também assina, noutro documento,
um acordo de cessação com uma data posterior, ficando apenas o empregador com esse
documento) ou com a data em branco (neste caso, o trabalhador assina o documento do
acordo de cessação sem data, ficando, apenas, o empregador com esse documento, no qual
posteriormente coloca a data que lhe convém). Situações estas que ocorrem, pela lógica, em ct
sem termo.
Pode significar um “sem querer”, “uma distração” e, neste caso, temos um comportamento
negligente ou com negligência.
Mas também pode significar um “querer”, ter intenção e, neste caso, temos um
comportamento doloso ou com dolo.
- a negligência
- o dolo.
Quanto à negligência, esta pode ser designada, por exemplo, como negligência grosseira e
quanto ao dolo, este pode ser direto, necessário e eventual, tratando-se de conceitos
juridicamente muito técnicos, sendo o seu conhecimento dispensável para alunos de um curso
de gestão.
Assim, podemos concluir que a culpa tem graduações que se traduzem num comportamento
menos grave (negligência) ou num comportamento mais grave (dolo).
Chamo a vossa atenção que quem avalia se há justa causa para despedimento é o
empregador. O que significa não haver uma absoluta certeza de que tal corresponde à
verdade. Daí que, no caso de despedimento, o trabalhador pode recorrer ao tribunal de
trabalho para impugná-lo, nomeadamente, procurando demonstrar que não existe justa causa
para o despedir.
Chamo agora a atenção para a leitura do art.º 351.º/2 que dá exemplos de comportamentos
que traduzem uma justa causa de despedimento.
E, agora, pergunto-vos:
Basta que esses comportamentos se verifiquem para que exista justa causa de
despedimento?
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Todavia, e voltando às alíneas do art.º 351.º/2, nelas se referem alguns casos que, só por si,
constituem justa causa de despedimento. Por exemplo, a alínea f) que refere falsas
declarações relativas à justificação de faltas e a alínea g) ao referir, a ocorrência num ano civil,
de 5 faltas seguidas não justificadas ou 10 faltas interpoladas não justificadas,
“independentemente de prejuízo ou risco”. Neste caso, a consequência grave, que compromete
irremediavelmente a relação laboral, é a perca de confiança no trabalhador.
Repare, a este propósito, que o art.º 351.º/3 refere que “na apreciação da justa causa, deve
atender-se, no quadro de gestão da empresa, ao grau de lesão dos interesses do
empregador...”.
Antes de mais, e como será fácil de entender, este processo é extrajudicial, sendo
instaurado pelo empregador.
Leia o art.º 329.º/1/2/3 para saber qual o prazo para instaurar o processo de despedimento
(ou qualquer outro procedimento disciplinar).
Repare que o art.º 329.º/1 estabelece que o poder disciplinar prescreve 1 ano após a prática
da infração, ou seja, o empregador tem 1 ano a contar da data da infração para instaurar o
processo (este prazo poderá ser maior se a infração também constituir um crime, estando tal
prazo fixado na lei penal).
Repare também que o art.º 329.º/2 estabelece que o procedimento disciplinar deve iniciar-se
“nos 60 dias subsequentes àquele em que o empregador, ou o superior hierárquico com
competência disciplinar, teve conhecimento da infração.
2 A este propósito consulte o art.º 328.º e nele encontra, por ordem de gravidade, a repreensão (chamada de
atenção verbal), a repreensão registada, a sanção pecuniária (em dinheiro), a perda de dias de férias e a
suspensão do trabalho com perda de retribuição e antiguidade. E, por fim, o despedimento (individual) sem
indemnização ou compensação.
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Suponha que o trabalhador consegue provar que, apesar de ainda não ter decorrido 1 ano
após a infração que praticou, o empregador instaurou o processo após 70 dias a contar do
conhecimento por parte deste da infração. Neste caso, e apesar de ainda não ter decorrido 1
ano, o trabalhador pode invocar que o procedimento disciplinar prescreveu, uma vez que, foi
instaurado após os 60 dias a contar do conhecimento da infração por parte do empregador.
Por último, chamo a atenção para o art.º 329.º/4 ao referir que o poder disciplinar tanto pode
ser exercido diretamente pelo empregador ou por superior hierárquico do trabalhador, nos
termos estabelecidos por aquele.
Poderá haver necessidade de um inquérito prévio para fundamentar a nota de culpa e, caso
ocorra, interrompe a contagem dos prazos estabelecidos no art.º 329.º/1/2, desde que ocorra
nos 30 dias seguintes à suspeita de comportamentos irregulares e demais condições referidas
no art.º 352.º.
Inicio e conclusão do processo (art.º 353.º a 358.º)
Repare que o art.º 353.º/1 também refere que o empregador comunica, por escrito, ao
trabalhador a intenção de proceder ao seu despedimento, juntando a referida nota de culpa.
Assim, o processo de despedimento inicia-se (podendo antes haver, ou não, o referido
inquérito prévio) com uma carta dirigida ao trabalhador na qual o empregador manifesta a sua
intenção de o despedir, juntando, também, a nota de culpa
Logo que o trabalhador seja notificado da nota de culpa a contagem dos referidos prazos
estabelecidos no art.º 329.º/1/2 é interrompida.
Suspensão preventiva do trabalhador (art.º 354.º)
Repare que, no caso de haver suspensão, o trabalhador ainda não está despedido,
mantendo, ainda o vínculo laboral.
Resposta à nota de culpa (art.º 355.º)
O trabalhador tem 10 dias úteis para responder à nota de culpa, podendo, dentro desse
prazo, solicitar diligências probatórias que se mostrem pertinentes para o esclarecimento da
verdade. O empregador poderá, ou não, proceder às diligências probatórias solicitadas pelo
trabalhador (art.º 355.º/1 e 356.º/1).
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- Carta com intenção de despedir com junção da nota de culpa (independentemente de ter
havido, ou não, inquérito prévio), podendo, ou não, o empregador suspender o trabalhador,
- Defesa do trabalhador (resposta à nota de culpa) dentro do prazo de 10 dias úteis a contar
da notificação
3 Veja-se, no art.º 100.º, as noções de microempresa, pequena empresa, média empresa e grande empresa.
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Início
Na referida negociação também intervém o Ministério responsável pela área laboral (art.º
362.º).
Decisão final
Repare que, com base nas alíneas do art.º 363.º/1, a data do despedimento não é a mesma
para todos os trabalhadores despedidos, variando consoante a antiguidade de cada um. Ou
seja, o empregador comunica o despedimento no mesmo dia, mas a data da cessação dos
contratos de trabalho varia consoante a antiguidade de cada um dos trabalhadores.
Repare também no art.º 364.º/1 ao estabelecer que, durante o prazo de aviso prévio, o
trabalhador tem direito à retribuição e também a um crédito de horas correspondente a 2 dias
de trabalho por semana.
- decisão final (com aviso prévio da data da cessação dos contratos consoante a
antiguidade dos trabalhadores abrangidos pelo despedimento).
Por último, cabe referir a compensação que cada trabalhador tem direito a receber pelo
despedimento coletivo.
A este propósito, leia, atentamente, o art.º 366.º.
Assim, o valor da retribuição base mensal (mais eventuais diuturnidades) não pode ser
superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida (art.º 366.º/2/a), ou seja, 665,00€ x
20 = 13.300,00€.
Se, por exemplo, um trabalhador tiver uma retribuição mensal de 15.000,00€, o cálculo de
quanto ganha por dia é feito dividindo 13.300,00€ por 30.
Por outro lado, quando seja aplicável a situação anterior, o valor da compensação não pode
ultrapassar 240 vezes a retribuição mínima mensal garantida, ou seja, 240x665,00€ =
159.600,00€ (art.º 366.º/2/b)/ 2ª parte).
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Naturalmente, que esta situação não é frequente, uma vez que são raras as retribuições
mensais que ultrapassam os 13.300,00€.
Fora da referida situação (ou seja, no caso da retribuição base mensal (mais eventuais
diuturnidades) não ultrapassar os 13.300,00€), o montante da compensação não pode ser
superior a 12 vezes a retribuição base mensal (e eventuais diuturnidades) do trabalhador.
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