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Trinta Minutos, um amor e várias histórias.

FERNANDA: — Ache que aquele maldito jantar não


acabaria nunca, se eu tivesse de ouvir sua mãe falar por
mais um segundo o quanto ela quer ter netos... Eu a
mataria enforcada! Disse furiosa. Mauricio imediatamente
tenta corrigi-la:
MAURICIO: — Ela apenas pensa demais no futuro, assim
como a sua família pensa em um futuro que eu nunca
poderia lhe proporcionar, e diferente da minha família, a
sua sempre me rejeitou por isso!
FERNANDA: — E eu não posso ter filhos, sabe o quanto
é frustrante pra mim, seus pais me desqualificarem por
uma condição? Mauricio então responde:
FERNANDA: —Nós estamos discutindo sobre um
assunto sério, eu aqui me descabelando e você mexendo
no celular? Que falta de importância Mauricio!
MAURICIO: —Eu sou filho único, minha mãe apenas se
preocupa sobre a questão de dar continuidade a família.
Fernanda continua:
FERNANDA: — E você não se preocupa em como me
sinto em relação a isso? Mauricio furioso e sem respostas,
decide sair do quarto para acabar com a discussão, pega
seu travesseiro e antes de sair do quarto recolhe alguns de
seus livros favoritos, Cinco Minutos, A Viuvinha, Romeu
Julieta e vai para o sofá, onde caba pegando no sono.
JOSÉ DE ALENCAR: —O que perpétua em sua mente
para torna-la tão inquieta meu caro jovem?
MAURICIO: —Eu não acredito! É você mesmo?
ALENCAR: —Antes de responder a esta pergunta tão
evidente, poderíamos pedir um café?
MAURICIO: — Minha mente tem muitos motivos para
estar aflita, primeiramente por você...
ALENCAR: — Já não precisa continuar, eu conheço seus
problemas, já tive esses mesmos olhos, apaixonados e
confusos, sem ao menos saber se deve ou não insistir em
quem mais ama.
MAURICIO: —Eu a amo, mas as vezes me sinto tolo em

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me esforçar tanto.
ALENCAR: —Talvez uma breve história de amor te
mostre o quanto vale a pena insistir.
AUGUSTO: — “Julga mal de mim, meu amigo; nenhuma
mulher pode escarnecer de um nobre coração como o seu.
CARLOTA E AUGUSTO “Se me oculto, se fujo, é porque
há uma fatalidade que a isto me obriga. E só Deus sabe
quanto me custa este sacrifício, porque o amo!
“Mas não devo ser egoísta e trocar sua felicidade por um
amor desgraçado.
“Esqueça-me.
“Sinto-me com coragem de sacrificar o meu amor à sua
felicidade; mas ao menos deixe-me o consolo de ama-lo.
APENAS CARLOTA: “Há dois dias que espero debalde
vê-lo passar, e acompanha-lo de longe com um olhar! Não
me queixo; não sabe nem deve saber em que ponto de seu
caminho o som de seus passos faz palpitar um coração
amigo.
“Parto hoje para Petrópolis, donde voltarei breve; não lhe
peço que me acompanhe, porque devo-lhe sempre uma
desconhecida, uma sombra escura que passou um dia
pelos sonhos dourados de sua vida.
“Entretanto eu desejava vê-lo ainda uma vez, apertar a
mão e dizer-lhe adeus para sempre.
MAURICIO: —Eu não entendo o que essa história tem a
me dizer.
ALENCAR: —Demonstra sua tolice e insegurança, a
família da sua mulher lhe adverte por uma condição na
qual você não tem culpa, mas porque continuou com ela?
MAURICIO: —Porque eu a amo!
ALENCAR: —E isso em algum momento mudou? É
evidente que não, então não se deixe abalar por opiniões
ingênuas, se ama se esforce e no fim nem mesmo parecerá
esforço.
MAURICIO: —Mas, mas são tantas humilhações, não sei
se seria capaz de resistir a tanto!
ALENCAR: —Se lembra do meu livro, A Viuvinha?
MAURICIO: —Sim.
ALENCAR: —Vamos ver um trecho, e eu gostaria de
ouvir suas dúvidas após isso.
DONA MARIA: —Carolina não, você não pode se deixar
levar por conversas bonitas desse cafajeste, assim como

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eu, você é viúva e deve respeito a seu falecido marido, eu
não suportaria a ver mal falada!
JOANA: —Calma dona Maria, precisamos esperar, tenho
certeza que o que a senhora mais deseja ver é a felicidade
da sua filha, e precisamos esperar a decisão dela e apoiar
acima de tudo.
CAROLINA: — Eu amo vocês, e preciso que confiem em
mim, agora preciso ir ao encontro dele para a nossa última
conversa.
JOÃO: —Você me ama?
JOÃO: —É meu destino que eu lhe pergunto
CAROLINA: —Não sabe a minha história?
JOÃO: —Sei.
CAROLINA: —Então compreende que não posso, que
não devo amar a mais ninguém neste mundo!
JOÃO: —Não me pode, não me deve amar. E porque
razão me deixou uma esperança vã? Estava zombando de
mim?
CAROLINA: —Oh! Não! Não estava pensando no que
estava fazendo, era mais forte que eu.
JOÃO: —Mas então é verdade que me ama?
CAROLINA: —Não sei
JOÃO: —Mas para que negar?
CAROLINA: —Pois sim, é verdade! Mas é impossível!
JOÃO: —Não compreendo.
CAROLINA: —Escute: não estranhe o que vou lhe dizer,
não me incrimine pelo passo que dei. Fiz mal em vir aqui,
em espera-lo; mas tenho culpa? Faltou-me animo de
recusar-lhe o que me pedira, e vim somente para suplicar-
lhe...
JOÃO: —Suplicar-me? O que?
CAROLINA: —Que se esqueça de mim, que me
abandone!
JOÃO: —Importuno-a com a minha afeição?
CAROLINA: —Não diga isso!
MAURICIO:—Seja indiferente a ela.
CAROLINA:—Se eu pudesse...
JOÃO:—Não pode? Então dê-me a felicidade!
CAROLINA:—Se ao menos estivesse em mim! Porém já
lhe confessei, é impossível!
JOÃO:—Por qual motivo?
CAROLINA:—Eu devo e sinto que amo meu marido, não

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posso fazer isso!
JOÃO:—Morto?
CAROLINA:—Sim.
CAROLINA: — Lhe parece ridículo esse sentimento; não
é assim? Mas foi o primeiro, cuidei para que fosse o
último... Deus não permitiu! E por isso, as vezes julgo que
cometo um crime, aceitando uma outra afeição. Devo ser
fiel à sua memória, quem me diz que esse remorso não
envenenará a minha existência, que a imagem dele não
virá, constantemente colocar-se entre mim e aquele que
me amar ainda neste mundo? Seriamos ambos
desgraçados!
MAURICIO: —Eu não acredito, é você mesmo Willian
Shakespeare?
SHAKESPEARE —Exatamente, e devo lhe dizer senhor
Mauricio que estou deveras decepcionado por sua mente
buscar a ele ao invés de mim.
ALENCAR: —Ora, mas o que te faz pensar que sua ajuda
seria melhor que a minha?
SHAKESPEARE —Receio em lhe dizer, mas este livro
não é nada mais do que superestimado.
ALENCAR—Mas como ousa, história onde retrata o que
há de mais belo no mundo, o conjunto de amor e perdão
de forma inspiradora!
SHAKESPEARE: —Inspiração está nos olhos daqueles
que o convém. Mas se é de uma história que reforce a
necessidade de mar para algumas pessoas, conheço uma
perfeita.
ALENCAR:— A verdade vos digo , creio que nunca
seriamos realmente amigos em vida Shakespeare, mas não
vivemos mas onde essa grande infelicidade aconteceria,
estamos no devaneio de um jovem cansado do romance e
das confusões, então hoje e apenas hoje, não erguerei
minha mão pra acertar seu rosto prepotente, pôs bem, já
que estamos aqui, nos mostre sua história.
ROMEU: —Oh, meu amor, minha esposa! A morte ainda
não tirou a sua beleza.
ROMEU:—Pelo meu amor!
JULIETA:—Onde está, o meu senhor?
FREI: —Seu marido está morto. Vamos sair daqui, ouço
barulhos!
JULIETA: —Oh meu amor, não deixou uma gota se quer

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para mim!
ALENCAR: —Foi divertido!
SHAKESPEARE:—Divertido? O maior sacrifício em
nome do amor, é incrivelmente poético!
ALENCAR: —Sou fruto da imaginação de um jovem, se
penso dessa forma, é culpa dele.
SHAKESPEARE: — Então você não gostou?
MAURICIO:— Eu só quero saber como tudo isso me
ajudaria!
ALENCAR:—Ouvinte difícil não é mesmo Shakespeare?
SHAKESPEARE:—Realmente!
ALENCAR: —Escute jovem, nascemos e morremos,
nesse intervalo relativo de tempo muitos de nós sentimos a
necessidade de encontrar o amor, mas todos entendem a
necessidade de o manter, você tem dúvidas se deve
continuar com ela por não gerar seu amado filho, você se
sente no meio de um furacão com toda essa confusão entre
as famílias, tenta não dar o braço a torcer de que a sua
família á juga pelo herdeiro não concebido, também sei
que dorme e acorda com o coração partido, rejeitado e
humilhado pelo fato de que a família do seu grande amor o
odeia.
SHAKESPEARE: —Imaginamos como isso tudo abala o
amor e a relação de vocês dois. E está aí onde entra as
histórias que lhe mostramos, todos esses problemas se
tornarão supérfluos, se vocês decidirem viver suas vidas,
amar sem medo e juntos, romper todas essas barreiras.
Agora acorde e converse com ela, decidam juntos se vão
lutar por esse amor ou se vão o deixar morrer.
MAURICIO: —Fernanda meu amor, você foi a melhor
escolha que eu já fiz na minha vida, eu não viveria sem
você nem um dia, saiba que pra mim você é perfeita, sou
totalmente completo ao seu lado, nós somos novos, não
precisamos mesmo pensar em filhos agora, no futuro
podemos adotar crianças, adotar cachorrinhos e
continuaremos sendo felizes. Não dê ouvidos as coisas que
minha mãe diz, você deve correr atrás dos seus sonhos e
não dos dela, e pode ficar tranquila, eu vou ter uma
conversa séria com ela. E essas flores são pra você, você
merece muito mais!
FERNANDA: —Eu não sei nem o que dizer meu bem,
obrigada por ser essa pessoa, eu também te amo muito e

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sou muito realizada ao seu lado, o que realmente importa é
a nossa felicidade!

Poema Amor é fogo que arde sem se ver


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor

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