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Discentes: -Luís Costa

-José Babo

Influência da música no
desenvolvimento das crianças

Luís Miguel Ormonde da Costa


José Miguel Ferreira Babo

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Psicologia


da Música II, orientado pela professora Graça Boal Palheiros.

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Discentes: -Luís Costa
-José Babo

Conteúdo
Introdução
……………………………………………………………………………………………
……………………….3
O poder da música.......................................................................................................................3
Teoria das inteligências múltiplas................................................................................................3
Inteligência Musical......................................................................................................................4
Educação musical infantil.............................................................................................................4
Desenvolvimento cognitivo..........................................................................................................5
O papel do educador no domínio da expressão musical..............................................................5
Entrevistas....................................................................................................................................7
Conclusão...................................................................................................................................10
Bibliografia.................................................................................................................................11

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Introdução
Neste trabalho irá ser debatida “Influencia da música no desenvolvimento das
crianças”, em que, a par dos conceitos investigado, irá ser apresentada uma entrevista
realizada a quatro docentes de diferentes áreas e com diferentes experiências.

O poder da música

A música está presente na vida de todo o ser humano, em alguns de forma mais ativa
que noutros, mas todos têm acesso a este “prazer” que é tão importante na
humanidade. Pode ser usada para ajudar a relaxar, ajudar na motivação e em muitos
outros estados de espírito. Através da música se fez revoluções, se escreveu histórias
de povos e ajudou muitas pessoas.
Dito isto, podemos dizer que a música tem um poder curativo, até porque existe a
musicoterapia pode ser aplicada para a promoção de saúde mental.
A música também pode estar associada às memórias e às lembranças, de maneira que
têm o poder de transportar as pessoas para o passado, quando algo importante ou
significativo aconteceu relacionado com uma melodia específica. A música ativa o
cérebro de uma forma geral, o que explica porque ela tem tanto poder em pessoas das
mais diferentes partes do mundo.
Além disso, cada pessoa vai ter uma reação diferente a uma mesma música, já que isso
depende do seu relacionamento com a mesma, embora existam algumas emoções
universais relacionadas com alguns estilos musicais.[ CITATION Hal10 \l 2070 ]

Teoria das inteligências múltiplas

Teoria desenvolvida por uma equipa de investigadores liderada pelo psicólogo Howard
Gardner que explica o fato de haver indivíduos com mais capacidades/habilidades para
certas funções do que outras e de que uma abordagem única na educação deixará
alunos para trás.
Gardner acredita que os testes de IQ são limitados pois existem 8 tipos de
inteligências, uma delas e a mais importante neste contexto é a inteligência artificial.
[ CITATION Lui12 \l 2070 ]

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Inteligência Musical

A inteligência musical proporciona ao individuo, que a obtém, inúmeras capacidades.


Algumas delas passo a enumerar, como por exemplo:
 Facilidade na aprendizagem de canções e ritmos das mesmas;
 Capacidade para a imitação através da voz;
 Facilidade no reconhecimento e distinguir notas e timbres;
 Preferência para tocar um ou diversos instrumentos musicais;
 Sensibilidade para apreciar música;
 Reconhecimento de canções;
 Preferência por realizar atividades e tarefas com música de
fundo;
 Mais facilidade para expressar emoções e sentimentos através da
música;
 Capacidade para improvisar;
 Interesse em diferentes estilos musicais.

Educação musical infantil


A Educação Musical Infantil é um dos maiores instrumentos da educação, pois a
criança desenvolve a sensibilidade musical, a concentração, a coordenação motora, a
sociabilização, a acuidade auditiva, o respeito a si próprio e ao grupo, a destreza do
raciocínio, a disciplina pessoal, o equilíbrio emocional entre outras qualidades que
colaboram na formação do indivíduo. Ao nascer, a relação de uma criança com a
música é imediata, através dos “cantos” da mãe e também através de objetos sonoros
da casa e do mundo que a cerca. Quando dá os seus primeiros passos até o ponto de
poder ficar em pé, o ritmo de uma música leva-o acompanhar com o corpo os
movimentos. E é a partir dessa relação entre os movimentos e o som que uma criança
constrói o seu conhecimento musical.

A forma mais eficiente de captar a atenção das crianças para tarefas musicais é através
de brincadeiras e jogos. Os passos mais importantes para que a aprendizagem musical
seja mais eficiente são, ensinar a criança a ouvir de forma a que ela consiga identificar
ritmos, instrumentos, melodias e outros elementos, exercitar a memória musical e pôr

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em prática tudo que aprendeu. Mas relembro que, estes passos são tão importantes
para uma criança e mesmo para um músico profissional, devem estar sempre em
constante desenvolvimento.[ CITATION Leo18 \l 2070 ]

Desenvolvimento cognitivo

Piaget foi um dos maiores exploradores na análise deste tema. A sua teoria explica
como uma pessoa, desde o seu nascimento, desenvolve o seu conhecimento, dividindo
esta mesma aprendizagem por estágios. O estágio sensório-motor nos primeiros dois
anos de vida, o estágio pré-operatório que se situa dos dois aos sete anos, o estágio
operatório concreto dos sete aos onze anos, e o estágio operatório formal que vai dos
onze anos até ao fim da vida. Para Piaget, esta conhecimento passa por duas fases, a
organização e adaptação, que esta última se divide em mais duas subfases, assimilação
e acomodação. Na primeira fase, a criança organiza padrões físicos ou esquemas
mentais em sistemas mais complexos. Na adaptação, o cérebro pega no que organizou
anteriormente e adapta às exigências do meio em que o individuo se insere.
Por outro lado, contrastante com as ideias de Piaget, Lev Vygotsky tem uma teoria
completamente díspar da primeira aqui abordada. Para Vygotsky, o desenvolvimento
cognitivo depende da aprendizagem social, prioritariamente aquela que é ensinada no
meio escolar. Uma criança precisa interagir com o meio, e só o meio lhe dará os
ensinamentos necessários para se desenvolver, que por si só, a criança não possui os
mecanismos precisos para a aprendizagem. Segundo Vygotsky, o desenvolvimento não
parte do interior do indivíduo, por contrário, é originado de tudo o que é exterior e
assimilado por ele. “A verdadeira trajetória de desenvolvimento do pensamento não
vai no sentido do pensamento individual para o socializado, mas do pensamento
socializado para o individuo” (Vygotsky).

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O papel do educador no domínio da expressão musical

Um educador é, maioritariamente, visto pelas crianças como um modelo a seguir.


Alguém que tem grande influência no seu desenvolvimento. Consciente ou
inconscientemente, as crianças projetam essa ideia em alguém que, por vezes, até,
está diariamente mais horas em interação do que até a própria família. Por isso, o
educador tem de refletir e usar este “poder” para formar bons estudantes, mas
sobretudo bons seres.

Edwin Gordon (2000) dita que “nascemos com direitos iguais perante a lei, mas isso
não significa que nasçamos todos iguais. Antes do nascimento todas as crianças têm
potencialidades inatas, mas, mal nascem, tornam-se logo patentes as diferenças entre
elas. Parte dessas diferenças reside no seu potencial de aprender e compreender a
música.”. Cada educador, obedecendo às orientações curriculares propostas, tem de
repensar o seu método/matéria em conformidade com os interesses dos alunos, mas
principalmente, com as suas maiores dificuldades. Ajustando às suas dificuldades é
obvio o objetivo, criar facilidades para que os alunos as ultrapassem. Orientar o ensino
a ir de encontro aos gostos dos alunos tem por base a criação de um ambiente
confortável e familiar para os alunos, que estimule o seu desenvolvimento e a
capacidade musical de cada criança.
Isabel Ramos Silva (1997) afirma que a expressão musical “assenta num
trabalho de exploração de sons e ritmos, que a criança produz e explora
espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a produzir, com base num
trabalho sobre diversos aspetos que caracterizam o som”. A educação pré-escolar está
assente em cinco bases, o escutar, cantar, dançar, tocar e criar. No escutar é dada
grande importância à exploração de sons, identificação e reprodução de sons, ritmos.
No cantar é onde se pode explorar a correlação entre a música e a palavra. Na dança
as crianças são confrontadas com assimilação de padrões e ritmos. No tocar a criança
tem oportunidade de ter uma experiência que a maioria não tem fora do contexto de
aula, tocar um instrumento musical, e aí, orientado pelo educador, é possível criar
música.

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Entrevistas
Rodrigo Lima – professor de flauta transversal no conservatório da Escola Básica
Integrada Francisco Ornelas da Câmara, licenciado pelo professor Nuno Inácio na
Escola Metropolitana de Lisboa.

Melissa Vieira – Estudante de mestrado em Musicoterapia na Universidade Lusíada de


Lisboa, e trabalha na empresa MusicoterapiAçores no Hospital Santo Espírito da Ilha
Terceira.

Daniela Pacheco – Estuda na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa,


estudou em Uniwersytet Jagiellonski na Polónia, e já trabalhou na Escola Secundaria
Vitorino Nemésio.

Fátima Quadros – Estudante de Doutoramento em Ciências Forenses na Faculdade de


Medicina da Universidade do Porto. Psicóloga na prisão de Custoias, e tem no currículo
passagens nas empresas Psicocriança, ACES Douro Sul II, Centro de Medicina Física e
de Reabilitação, Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, e atualmente é
formadora na MDC Psicologia & Formação.

Numa primeira questão, em que foi debatida de que forma a música pode
influenciar o desenvolvimento de uma criança, foi unanime que a música tem uma
importância enorme, a todos os níveis, no desenvolvimento e aprendizagem das
crianças. Para Rodrigo Lima, no caso do ensino da Flauta Transversal, mas para
qualquer instrumento, é certo que o praticar deste instrumento nos traz grandes
benefícios no que diz respeito à agilidade motora, mas, complementando com os
outros entrevistados, principalmente cognitivamente.
Fátima Quadros explicou os dois hemisférios cerebrais, em que a música é retratada
no hemisfério direito, onde na qual também são tratadas outras áreas cognitivas como
a leitura, perceção e organização visual. Foi também coincidente e veementemente
referido os benefícios no âmbito do desenvolvimento motor, seja por via de jogos de
imitação, jogos rítmicos, que, citando Daniela Pacheco “Por ser uma forma de
comunicação não verbal, a música pode ser um caminho facilitador de expressão e de
comunicação, permitindo que a criança desenvolva também a sua criatividade”. Esta
frase faz todo o sentido, porque por mais que a música seja uma área deveras
complexa, que o é, qualquer pessoa nasce já com uma ligação à música, nem que seja
só como ouvinte. “Assim, a música ajudará a estimular essas funções e,
consequentemente, desenvolver outras competências essenciais ao desenvolvimento,
como a comunicação, a memória, a inteligência emocional e a linguagem.” Fátima
Quadros.
De seguida foi perguntada a importância da presença da expressão musical na

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educação de todas as crianças, em que as respostas voltaram a ser unanimes, citando


Melissa Vieira “Sim, sem dúvida. (…) Não há espaço mais significativo para utilizar esta
ferramenta do que na escola, pois é nesta que a criança realiza os primeiros contactos
e aprende a conviver em sociedade e a relacionar a experiência e a expressão musical
com as vivencias do dia-a-dia”. A Daniela Pacheco voltou a referir que por ser uma
linguagem não verbal, a música facilita a regular emoções e a criar relações de empatia
entre as crianças. Outro aspeto também interessante, referenciado pelo Rodrigo Lima,
foi que um músico aprende a ser disciplinado a nível individual, ou a criar boa ligação
com qualquer colega em duo, trio ou quarteto. Citando, “O saber estar em palco, (…) é
toda uma educação que faz com que a criança possa vir a ter uma postura no futuro
muito positiva a todos os níveis, tanto a nível profissional, mas sobretudo a nível
pessoal”. Na terceira pergunta foi abordado um tema que em algumas respostas os
entrevistados já referiram. Foi-lhes questionado se consideram que uma criança
musicalmente desenvolvida tenha uma melhor adaptação a situações futuras, tanto
neste como noutro contexto. Para Fátima Quadros, a inteligência musical não é, por si
só, suficiente para promover competências sociais e de adaptação, porque existem
outras variáveis (biopsicossociais) mediadores desses processos. Contudo, concorda
que é uma área muito importante no desenvolvimento humano. Foi vincada, pela
Melissa Vieira, que uma criança musicalmente desenvolvida tende a ter melhores
níveis de atenção e foco, quer a nível escolar como pessoal, dando o exemplo de vários
exercícios utilizados tanto nas aulas, como nas seções terapêuticas, como por exemplo
os exercícios de improvisação, que dará um à vontade maior quando confrontadas
com situações de imprevistas; exercícios como assimilação de letras e melodias, da
memorização de canções, da aprendizagem de um instrumento, isto terá grande efeito
no âmbito do raciocínio lógico, que trará vantagens noutras áreas como na
Matemática ou até mesmo no Português, citando, “combinando conceitos das
matérias com a forma lúdica, o que acaba por despertar mais interesse na
aprendizagem”.
Numa penúltima pergunta, foi retratada a influencia do plano socio cultural em que a
criança se insere no seu desenvolvimento, na qual existiram duas respostas
desfasadas. Por um lado, sem dúvidas, afirmaram que sim, que o desenvolvimento
humano resulta dos processos de interação entre variáveis biológicas/psicofisiológicas,
sociais/culturais e psicológicas, resultantes das experiências de cada pessoa. Por outro
lado, é exemplificado vários casos em que uma pessoa, por mais diferente que seja a
sua cultura, não deixa de fazer música ou de estudá-la, como também é dado o
exemplo de provas de superação através da música, quando tudo estava contra o

“estudar música”. Melissa Vieira dá o exemplo da identidade musical, que até mesmo
dentro do próprio país é diferente nos diferentes meios. Por mais diferente que seja a
identidade da forma musical, há sempre uma ligação pela grande cúpula chamada

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Música, que se torna numa linguagem universal, não individualizando géneros


musicais prediletos, nem formas tradicionais de cada canto do mundo. Rodrigo Lima
simplificou afirmando que uma criança inserida num meio socio cultural perfeito terá
vantagens e uma maior facilidade em ter as armas necessárias para uma melhor
aprendizagem (como um maior numero de professores, um instrumento melhor, mais
tempo de estudo), mas, que não é algo que se possa prever nem equacionar,
relembrando dos casos de crianças que com todas as condições para progredir e não
aproveitam, como também por outro lado, por exemplo, a orquestra Geração, que
tendo em conta o plano socio cultural em que as crianças estão inseridas, e a
qualidade que posteriormente apresentam, dá que refletir.

Numa última abordagem, tentamos perceber o que cada um dos entrevistados, na sua
área, procura fazer para estimular uma evolução musical cognitiva, positiva, de uma
criança. Na educação, Rodrigo Lima, diz que procura sempre tirar o máximo de
rendimento dos seus alunos, mas também não lhes dando os resultados de forma fácil,
prefere que os alunos errem e que os tenha de corrigir, do que simplesmente dizer
como é ou como se faz. Que assim, a criança assimilará melhor as competências
trabalhadas, criando assim um desenvolvimento mais amplo e abrangente possível.
No âmbito da psicologia, mais propriamente na musicoterapia, as psicólogas
entrevistadas, Melissa Vieira, Daniela Rocha, e Fátima Quadros, deram vários
exemplos de ferramentas eficazes no moldar, por exemplo, quadros depressivos,
ansiosos, de hiperatividade, défice de atenção, défice cognitivo, dislexia, e o autismo.
Mesmo que o objetivo principal da Musicoterapia não seja o ganho de competências
musicais, para o alcance dos objetivos terapêuticos delineados para cada criança, a
ferramenta principal é sempre a música e os seus elementos (ritmo, harmonia,
melodia…), o que acaba poderá por levar á evolução musical cognitiva. Tanto na
melhoria de competências da fala e linguagem, de interação social, de abertura de
canais de comunicação, ou de expressão emocional, acaba também por ocorrer em
todas as sessões uma grande estimulação cognitiva musical, pois é uma consequência
direta ou indireta da utilização da música, por meio de canções, da improvisação,
audição e também pela aplicação das técnicas musicoterapêuticas. Melissa Vieira
afirmou que, e passo a citar, “na maioria dos casos, após feita nova avaliação passados
alguns meses, observam-se melhorias bastante notáveis em diversos domínios, sendo
o domínio cognitivo e o musical uns deles”.

Conclusão

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Bibliografia
Hallam, S. (2010). The power of music: Its impact on the intellectual, social and personal
development of children and young people.

Junior, L. (2018, Junho 7). Retrieved from http://musicanainfancia.com.br/o-que-e-


musicalizacao-infantil/

Magalhães, L. C. (2012, Junho 7). Inteligência musical: origens, fronteiras e convergências.

Mateus, C. (2018)
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/21868/1/CLAUDIO_MATEUS.pdf

Veríssimo, I. (2012) https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/3915/4/Investiga


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Mendes, A (2018) https://repositorio.ipsantarem.pt/bitstream/10400.15/2299/1/Teresa


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