o dia I Sexta-feira, 9.10.

2020  3

RIO DE JANEIRO

Nove milicianos
Reginaldo Pimenta

são presos em
Duque de Caxias
Investigação aponta que quadrilha explode caixas
eletrônicos, mata, sequestra e extorque moradores
ANDERSON JUSTINO milícia do bairro Jardim Pri- pecial de Combate ao Crime
anderson.justino@odia.com.br mavera, na Baixada. Organizado (Gaeco), a De-
Um policial militar tam- legacia de Homicídios da

A
Polícia Civil e o Mi-
nistério Público do
Rio prenderam on-
tem nove crimino-
sos que fazem parte de uma
milícia que atua em Duque
de Caxias, na Baixada Flumi-
nense. Segundo as investiga-
ções, o bando é responsável
por uma guerra sangrenta
que se espalhou pelos bair-
ros de Saracuruna, Jardim
Primavera, Vila Urussaí. À
quadrilha, está atribuída cri-
mes como explosões de cai-
xas eletrônicos, homicídios,
sequestros e extorsões.
A Operação Próspera ti-
nha como objetivo cumprir
25 mandados de prisão e 21
de busca e apreensão. As in-
vestigações duraram pouco
mais de um ano e meio e co-
meçaram por meio de deze-
nas de denúncias anônimas
repassadas pela comunidade
à 60ª DP (Campos Elyseos).
Três grupos paramilitares fo-
ram identificados ao longo
das investigações.
Um dos alvos da operação
era o cabo do Exército Davi-
son Sanches Melo, conheci-
do pelo apelido de Moranga.
Ele teve mandado de prisão
expedido e é considerado
foragido. O paraquedista é
acusado de fazer parte da
bém é investigado. Os agen-
tes cumpriram ontem man-
dados de busca e apreensão
na residência dele. Contra o
PM consta acusação de for-
necimento de munições aos
milicianos. De acordo com
o delegado Uriel Alcântara,
da Delegacia de de Homicí-
dios da Baixada Fluminense
(DHBF), inicialmente o po-
licial militar vai responder
pelo porte de arma.
Operação
tinha objetivo
de cumprir 25
mandados de
prisão e 21 de
busca e apreensão
Três homens são aponta-
dos como líderes da milícia
que atua na região e já fo-
ram identificados. São eles:
Márcio Henrique Idalgo Ro-
drigues dos Santos, vulgo
MH; João Victor do Nasci-
mento Faria Soares; e o ter-
ceiro criminoso conhecido
por “Careca”.
Participaram da opera-
ção, o Grupo de Atuação Es-
Baixada Fluminense, a 60ª
DP (Campos Elíseos), a 112ª
DP(Carmo) e a 3ª Delegacia
de Polícia Judiciária Militar
(DPJM). A Polícia Militar e
o Comando Militar do Leste
foram procurados, mas não
se pronunciaram até o fecha-
mento da edição.
ASSASSINATOS E EXPULSÕES
Além da autoria de diversos
assassinatos, o grupo é res- Para ampliar território, milícia passou a explorar serviços de transportes alternativos, como vans e mototáxis
ponsável por extorquir mo-
radores e comerciantes. Ain-
da segundo as investigações,
para ampliar território a mi- Uma disputa sangrenta
lícia passou a explorar os ser-
viços de transportes alterna- >>As investigações da Po- mais um grupo, totalizan-
tivos, como vans e mototáxis. No fim das lícia Civil e do Ministé- do três milícias diferentes
O bando ainda fazia cobrança
investigações rio Público apontam que nessas regiões”, explicou o
nos serviços de internet, TV a a milícia em Duque de delegado Uriel Alcântara.
cabo clandestina e segurança. identificamos Caxias estava dividida em A polícia identificou
Conforme as investiga- mais um grupo, três grupos. E eles trava- que as ordens para os ata-
ções, quem não cumpria a vam uma guerra sangren- ques vinham de dentro
ordem dada pelo bando era totalizando três ta no município. A dispu- dos presídios e de milicia-
passível de sofrer represá- milícias diferentes ta entre os grupos parami- nos que agiam na Zona
lias. Muitos moradores eram nessas regiões” litares explodiu em 2019, Norte do Rio.
expulsos da própria casa, se- quando, na época, houve “Esses grupos agiam
gundo os agentes. Uriel Alcântara, a prisão de 31 milicianos de forma sangrenta e vio-
Havia uma também uma delegado naquela região. lenta. Denunciamos e pe-
tabela de valores a serem “Ao longo do segundo dimos os mandados de
pagos por mês: comércio semestre do ano passado prisão”, disse o promotor
de gás: R$ 3.200; comer- surgiu um conflito entre Rogério Sá Ferreira, do
ciante: entre R$ 100 e R$ dois grupos rivais. No fim Grupo de Atuação Espe-
150; vans: R$ 240; motota- das investigações identi- cial de Repressão ao Cri-
xistas: R$400; residências: ficamos a participação de me Organizado (Gaeco)
R$ 150.

Jovens que teriam praticado estupro identificados

Polícia afirma saber quem são os violentadores de uma adolescente de 14 anos. Crime ocorreu no Morro do Cantagalo em 27 de setembro
Yuri Eiras
yuri.eiras@odia.com.br
Cinco jovens apontados como
autores de um estupro cole-
tivo no Morro do Cantagalo,
em Ipanema, Zona Sul do Rio,
foram identificados pela po-
lícia. Dois deles são menores
de idade. O crime foi cometi-
do contra uma adolescente de
14 anos na madrugada do dia
27 de setembro, no interior da
comunidade, mas registrado
apenas no dia 4 de outubro.
A adolescente, moradora
do Cantagalo, saiu de casa
na noite do dia 26 e foi en-
contrada desacordada por
vizinhos na manhã seguin-
te, com sinais de fraqueza e
violência sexual. Socorrida,
foi levada para o Hospital
Miguel Couto, no Leblon.
Os médicos constataram o
estupro coletivo, cometido
por cinco jovens que tam-
bém moram na comunida-
de. Segundo depoimentos,
o grupo se aproveitou após
a adolescente ingerir bebida
alcóolica. Ela teria sido vio-
lentada em uma mesa.
Marta Laurentino, mãe de
uma das jovens que resga-
tou a adolescente, disse que
a garota tinha fortes sinais
de embriaguez e desorien-
tação. “Minha filha saiu sem
meu consentimento, passou
a noite fora de casa. Quando
foi volta das 7h40, eu fiquei
sabendo do ocorrido. Minha
filha a encontrou numa loca-
lidade aqui perto da minha
casa, num lugar chamado Pis-
tão. Disse que ela estava bem
alterada, alcoolizada. Minha
filha pegou ela, junto com ou-
tra colega, e levou para a casa
da mãe”, contou.
Jovens se conheciam
Marta, que é vizinha da fa-
mília, disse que todos os en-
volvidos se conheciam. “Eu co-
nheço a menina desde peque-
na. É mais ou menos da idade
da minha filha. A educação
dela é cristã, assim como a fa-
mília toda. Conheço os meni-
nos, as famílias de todos eles.
Todos nos conhecemos, mora-
mos no mesmo lugar”, disse.
SEM BAILE
Música em caixinha de som
NNMarta Laurentino nega ter
ocorrido baile na comunidade.
“Eles estavam todos na ladeira
principal com caixinhas de som.
Era uma noite de calor”, relata.
O caso foi registrado na 13ª DP
(Ipanema) e a jovem violentada
vai prestar depoimento na Dele-
gacia da Criança e Adolescente
Vítima (DCAV).
Em maio de 2016, um estru-
po coletivo no Morro do Barão,
Praça Seca, chamou atenção
quando vídeo nas redes sociais
mostrou uma jovem de 16 anos
desacordada após ser violenta-
da. Inicialmente, relatos davam
conta de que 30 pessoas teriam
participado mas apenas sete
foram indiciados no caso.

Divulgação

Líder de bando foge da

polícia apenas de cueca
Bandido escapa mas a mulher dele vai presa em Rio das Flores
Anderson Justino
anderson.justino@odia.com.br
Gustavo Ribeiro
gustavo.ribeiro@odia.com.br
A Polícia Civil do Rio fez
ontem uma megaoperação
contra uma quadrilha que
atua em Rio das Flores, no
interior do estado do Rio de
Janeiro. Nove mandados de
prisão e busca e apreensão
foram expedidos pela Justi-
ça. Um deles contra o líder
da quadrilha, que conseguiu
escapar do cerco policial
usando apenas cueca. A mu-
lher dele acabou presa.
Um homem suspeito de
ser o segundo na hierarquia
dos bandidos foi preso.
O bando é acusado de co-
meter os crimes de tráfico
de drogas, associação para
o tráfico, lavagem de dinhei-
ro e coação de processo. A
operação se estendeu tam-
bém para o estado de Minas
Gerais. A ação contou com o
apoio da Polícia Militar. Os
presos foram apresentados
na delegacia da região.
De acordo com o delegado
Rodolfo Atala o grupo agia
com extrema violência em
Rio das Flores. O bando ex-
pulsava ou matava usuários
de drogas que eram confun-
didos com rivais. Nove mandados de prisão e busca e apreensão foram expedidos em operação em Rio das Flores