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EXMO SR DR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

DOURADOS - MS.
Proc nº xxxxx

JOÃO LIGEIRO, (nacionalidade), (estado civil), taxista, inscrito no CPF sob o nº


000.111.222-33, portador do RG nº..., com endereço na Rua Joaquim Teixeira Alves, nº
300, apto. 101, CEP: 29.160.161, na Cidade de Dourados/MS, por sua advogada que
subscreve, inscrita na OAB/MS sob o nº XX.XXX, (procuração em anexo), com
escritório profissional na Rua João Rosa Goes, nº 300, Ed. Crystal Tower, Sala 1601 a
1610, na Cidade de Dourados/MS, onde recebe as devidas intimações, vem perante
Vossa Excelência, com fulcro no art. 278 do Código de Processo Civil, apresentar
CONTESTAÇÃO
na ação de reparação de danos proposta por JOSÉ PÉ FRIO, (nacionalidade), (estado
civil), (profissão), (CPF), (RG) (endereço), pelos motivos e razões a seguir expostas.
1 DOS FATOS
Ajuizou o requerente a presente ação na tentativa de ver ressarcidos danos ocasionados
a seu veículo após colisão com o veículo do requerido, alegando este culpa exclusiva do
requerido no abalroamento dos carros.
Narra o requerente, falaciosamente, que trafegava normalmente na Av. Weimar Torres,
sentido Centro, quando o veículo Fiat Doblô, 2007, táxi, placa TX 2217, de propriedade
do requerido, tentou realizar conversão proibida naquela via, ocasionando a colisão.
Tal narrativa, entretanto, não condiz com a realidade dos fatos. O requerido, por ser
motorista de táxi e conhecer as ruas, tendo em vista que tal conhecimento é exigido para
o exercício de sua profissão, jamais efetuaria conversão em local proibido.
Conforme fotos, que se juntam em anexo, o local em que o requerido efetuou a
conversão permite tal tipo de manobra, posto que a placa indica “siga em frente ou vire
à esquerda”, e foi exatamente o que o requerido fez.
O requerente, entretanto, que dirigia em velocidade incompatível com a via, atravessou
sinal vermelho e, após não conseguir frear o automóvel, colidiu com o requerido
ocasionando sérios danos em ambos veículos, sendo tudo presenciado pelo Sr.
Juventino Olho Vivo.
Por todas essas irrefutáveis razões não merece prosperar o pedido inicial.
2 DOS FUNDAMENTOS
2.1 DA CULPA EXCLUSIVA DO REQUERENTE
Conforme acima alegado, constata-se culpa única e exclusiva do requerente, eis que
dirigia de forma completamente incompatível com a via, de forma imprudente,
chegando a ultrapassar sinal vermelho, quando então colidiu com o veículo do
requerido.
Vale destacar que o veículo do requerido, no momento da colisão, efetuava manobra
regulamentar, tendo acionado o dispositivo luminoso indicador da esquerda e deslocado
com antecedência o seu veículo para a faixa mais à esquerda na altura da linha divisória
da pista, ou seja, transitando o seu veículo de forma regular e condizente com o exigido
pelo Código de Trânsito Brasileiro.
O requerente, por sua vez, agiu de forma completamente desidiosa, ocasionando o
acidente por negligência e imprudência exclusiva deste, eis que dirigiu seu veículo sem
os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Assim sendo, resta evidente que os danos materiais e morais sofridos pelo autor não
podem ser reputados ao requerido, vez que em momento algum agiu de forma a
contribuir para o infortúnio.
Notoriamente, quando se fala em danos materiais e morais é necessário que haja um ato
ilícito a ser reputado ao agente causador do dano, para que então se desencadeie a
obrigação de indenizar por tais danos. No caso em questão, não resta dúvida que o
agente causador do dano foi o requerente, a suposta vítima da lide em questão.
A explicação do que é ato ilícito pode ser encontrada no Código Civil em seu artigo
186, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Na responsabilidade civil, o centro de exame é o ato ilícito. O dever de indenizar vai
repousar justamente no exame da transgressão ao dever de conduta que constitui o ato
ilícito.
A culpa é a violação de um dever jurídico. José de Aguiar Dias (1979, v. 1: 136) apud
Silvio de Salvo Venosa assevera:
A culpa é falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por
parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com resultado não objetivado,
mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das consequências
eventuais de sua atitude.
Da mesma forma, Rui Stoco (1999: 66):
A culpa, genericamente entendida, é, pois, fundo animador do ato ilícito, da injúria,
ofensa ou má conduta imputável. Nessa figura encontram-se dois elementos: o objetivo,
expressado na iliciedade, e o subjetivo, do mau procedimento imputável.
Também o nexo de causal ou nexo de causalidade é o liame que une a conduta do
agente ao dano. Assim, é por meio da análise do nexo de causalidade que identificamos
quem foi o causador do dano. Ressalte-se que se o dano ocorreu por culpa exclusiva da
vítima, por caso fortuito ou de força maior, não há o dever de indenizar.
A culpa exclusiva da vítima elide o dever de indenizar, porque impede o nexo causal,
conforme se pode auferir pela dicção do artigo 945 do Código Civil.
Pelo exposto, resta sobejamente comprovada a culpa exclusiva do requerente, não
havendo de prosperar o pedido inicial, não havendo de se falar em indenização em
danos morais e materiais por parte do requerido.
3 DO PEDIDO CONTRAPOSTO
Uma vez comprovada a culpa exclusiva do requerente na colisão dos veículos, lança-se
mão, na presente, do pedido contraposto, procedimento autorizado pelo artigo 278, § 1º
do CPC.
A comprovada falta de atenção e total imprudência, não respeitando a sinalização, bem
como as regras mais comezinhas de direção defensiva, tão propalada nestes tempos de
insegurança no trânsito e vigência do Código de Trânsito, demonstram a total
responsabilidade no acidente por parte do requerente.
Caracteriza-se, desta forma, o ato ilícito exigido para que haja dever de indenização.
Neste diapasão, cumpre transcrever alguns julgados proferidos em situações
semelhantes:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES.
REGRA DE TRÂNSITO. SINAL VERMELHO. COLISÃO. CULPA
CARACTERIZADA.O motorista que ingressa em cruzamento com sinal
desfavorável e vem a colidir com veículo que o está transpondo, age com culpa na
modalidade de imprudência (AC nº 00.012240-8, de Concórdia, Rel. Des. Wilson
Augusto do Nascimento, j. 25/09/01),
ACIDENTE DE TRÂNSITO. CRUZAMENTO SERVIDO POR
SEMÁFORO.INOBSERVÂNCIA DA SINALIZAÇÃO. CULPA
DEMONSTRADA. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. DANOS. AUTOR QUE
DECAI DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. INTELIGÊNCIA DO ART.21 DO CPC.
RECURSO IMPROVIDO (AC nº 2000.014815-6, de Joinville, Rel. Des. Cesar Abreu,
j. 25/06/02)
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - COLISÃO EM
CRUZAMENTO CONTROLADO POR SEMÁFORO - PROVA TESTEMUNHAL
CONCLUSIVA DE QUE O RÉU DESRESPEITOU O SINAL VERMELHO -
CULPA EXCLUSIVA PELO EVENTO - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR -
RECURSO INTERPOSTO PELA SEGURADORA - SENTENÇA MANTIDA -
APELO NÃO PROVIDO"(AC nº 97.009064-1, de Chapecó, Rel. Des. Nilton Macedo
Machado, j. 17/12/98).
Assim, posto o caso à luz da jurisprudência pátria, evidenciado está que em decorrência
do ato imprudente praticado pelo requerente resultaram prejuízos ao requerido,
emergindo, desta forma, o seu dever de indenizar pelos danos cometidos, em virtude da
comprovação de sua exclusiva culpa.
Sabe-se que todo condutor de veículo deve dirigir com a cautela devida (direção
defensiva). O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, em seu art. 28, estabelece que
'o condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com
atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito'.
Ao exigir do motorista domínio de seu veículo, o texto de lei mencionado exige que este
esteja atento a toda e qualquer condição adversa que implique em eventual risco à
segurança de tráfego, adotando a cautela necessária à sua própria segurança,
especialmente à segurança de terceiros. Tal procedimento, entretanto, não foi
observado pelo requerente.
Em decorrência do acidente o veículo do requerido sofreu prejuízos de grande monta,
conforme se vê pelos orçamentos e recibo de pagamento em anexo, totalizando em um
montante de R$ 3.800,00 (três mil e oitocentos reais). Para se ter uma ideia melhor da
extensão dos danos ocasionados no mesmo veículo da Requerente, anexa-se à presente
as fotografias do veículo.
Insta frisar que, em decorrência do acidente, o veículo do requerido permaneceu parado
para reparos por 06 dias, o que ocasionou mais prejuízo ao mesmo, tendo em vista que
tal veículo é seu único meio de subsistência, deixando de auferir rendimentos.
O pedido principal referente à reparação dos danos no veículo do requerido, e este se
tratando de veículo de transporte de passageiro - taxi - traz implícita a condenação de
lucros cessantes, devendo estes ser aferidos de acordo com a tabela da URBS, ou então
ser apurado em liquidação de sentença, e este pedido encontra respaldo no art. 1059 do
Código Civil.
Nesta linha de raciocínio, cumpre destacar entendimento jurisprudenciais acerca do
assunto:
Não obstante a jurisprudência pacífica que a reparação de danos em acidente
automobilístico contra veículo de transporte de passageiro - taxi - traz implícita a
condenação de lucros cessantes, tal apuração, entretanto, no que respeita aos dias
parados, ao valor deixado de perceber com as deduções das despesas de manutenção de
veículo e de combustível, haverão de ser apurados com ampla discussão em liquidação
de sentença. Apelação conhecida e provida." (Ap. Cível 59162-6, Ac. 2176, 6ª. Cam.
Cív., Rel. Juiz Jorge Massad, TA-PR, public. DJ 27/08/93)
Comprovada a condição de motorista de taxi da vítima, que teve seu veículo de trabalho
danificado no sinistro, a condenação por lucros cessantes dispensa outras
evidências. Apelação e reexame necessários improvidos". (Ap. Cível 56925-1, Ac.
2032 da 6ª. Cam. Cível, TA-PR, Rel. Juiz Jorge Massad, public. DJ 06/08/93).
Pelo exposto, requer a condenação do requerente em relação aos danos materiais
sofridos pelo requerido, tanto em relação aos danos emergentes como lucros cessantes,
deixados estes últimos a serem arbitrados por este nobre juízo.
4 DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. A intimação para que querendo responda o pedido contraposto, e ao final seja
julgado a procedência do pedido contraposto.
2. A TOTAL IMPROCEDÊNCIA do pedido inicial de condenação a título de danos
materiais e morais, formulado pelo requerente, de acordo com os fatos e
fundamentos expostos;
3. A condenação do requerente no pedido contraposto, no que pertine aos danos
emergentes e lucros cessantes, como também nas despesas processuais, verba
honorária e demais cominações legais.
4. A oitiva da testemunha Sr. Juventino Olho Vivio, (nacionalidade), (estado civil),
(profissão), (CPF), (RG), (endereço).

Requer, ainda, a produção de provas no que especialmente pelo depoimento pessoal do


requerido, juntada de documentos, expedição de ofícios e precatórias, perícias e demais
provas pertinentes.

Nestes termos, Pede deferimento.


Dourados/MS, 02/04/2020

Vanessa Araújo Leite


OAB/MS nº XX.XXX

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