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Conhecimento: racionalismo X empirismo « Carlos Klimick 02/04/2014

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Conhecimento: racionalismo X empirismo


Este post é sobre duas fontes básicas de conhecimento: o racionalismo e o
empirismo.
O racionalismo desconfia das informações fornecidas pelos sentidos, crendo
que essas são por demais falíveis, que é muito fácil se enganar “ouvindo
errado” ou “vendo o que não estava lá”. O caminho correto para o
conhecimento seria o bom uso da razão. Um sistema racional elaborado a
partir de premissas válidas traria o conhecimento real, a verdade.
Essa corrente é de matriz européia continental, com muita força na França e
Alemanha, seus primórdios são marcados pela frase de Renée DEscartes
“penso, logo existo”. Descartes começou a questionar todas as verdades
fundamentadas na tradição, no “é porque sempre foi assim”, desmontando
superstições, misticismo, conceitos sem base sólida etc. Chegou a ponto de
duvidar de tudo e então estabeleceu suas premissas. A primeira é de que se
duvidava de certezas milenares, não duvidava que ele estava ali duvidando.
“Penso, logo existo” “Cogito ergo sum”. Esta virada fundamental dá ao
sujeito, o indivíduo, o direito de questionar as tradições mantidas pela
coletividade.
Entre outras premissas de Descartes estavam a existência de Deus e o
primado da razão. Ele constrói então um sistema racional que inclui o
método científico e nega a existência de bruxas e monstros, enfraquecendo
as “caças às bruxas” na Europa. As leis passam então a ter necessidade de
uma base lógica.
Sabendo do sistema racional que tudo engloba, você pode investigar os
casos individuais na natureza e na sociedade. Vai-se do todo para as partes,
o método dedutivo.
O empirismo, de matriz inglesa com John Locke, vai pelo caminho inverso.
Considera que o ser humano nasce uma “tábula rasa” sem nada saber, todo
o conhecimento vem pelos sentidos e só depois é trabalhado pela razão.
Assim, deve-se ter rigor e cuidado nas observações, mas algo só é verdadeiro
se for comprovado na experimentação. É “ver para crer”. Sem essa validação
da experiência perde-se o contato com o real, pois a teoria racional pode-se
perder em elocubrações sem sentido ou desviar-se da realidade.
Assim, de observação em observação chega-se ao funcionamento do
sistema, vai-se das partes para o todo pelo método indutivo.
O empirismo foi fundamental para a ciência, para o conhecimento técnico e
para a democracia. Através dele se questionará o direito divino dos reis,
levando à Revolução Gloriosa na Inglaterra e à independência e democracia
americanas. Um forte de que as coisas tem de funcionar na prática
impulsionará o desenvolvimento da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Ambos são válidos e devem tomar cuidado. O racionalismo pode se perder
em discussões sobre “o sexo dos anjos” ou “a natureza do tempo” ou ainda
“não estrague minha bela teoria com seus ridículos fatos” e deduzir algo
totalmente errado.
O empirismo pode cometer erros primários senão escolher bem suas
amostras ao somar informações para chegar ao todo. Por exemplo:
correto: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos tem penas, logo
pássaros tem penas.
errado: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos são pretos, logo
pássaros são pretos.

Esse post foi publicado de sábado, 13 de junho de 2009 às 2:18, e arquivado em Breves
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