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Outubro/Novembro/Dezembro2020
ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95 Ano L- nº 404
Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL
EDITORIAL
ADVENTO
Senhor
LAICADO DOMINICANO
Gabriel Silva, op
Laicado Dominicano Outubro/Novembro/Dezembro 2020
NOTÍCIAS
FRATERNIDADE DE agência Ecclesia (1) o frei Filipe Rodrigues.
S.DOMINGOS DE ELVAS
José Tolentino de Mendonça tem 55 anos, sendo
No passado domingo, 4 de o segundo mais novo dos mais de 200 cardeais do
Outubro, na igreja de São Vaticano. Nasceu no Machico, na ilha da Madeira a
Francisco em Évora, foi ins- 15 de Dezembro de 1965. Após se licenciar em teolo-
tituído Acólito o jovem el- gia é ordenado, em 1990 sacerdote. Foi professor e
vense e membro da Fraterni- vice-reitor na Universidade Católica de Lisboa. É
dade Leiga de São Domin- poeta com vários livros publicados e cronista em jor-
gos de Elvas, Tiago Neves nais nacionais. O Papa Francisco nomeou-o Arcebis-
Carlos pelo Senhor Arcebis- po e arquivista do Vaticano em 2018 e foi feito Car-
po de Évora D. Francisco deal em 2019, titular da igreja de São Domingos e
Senra Coelho. São Sisto em Roma, que é a igreja da Universidade
Com esta instituição, o Tia- Pontifícia de São Tomás de Aquino, dos dominica-
go deu o segundo passo ru- nos em Roma, o Angelicum.
mo à Ordenação Sacerdotal
que poderá acontecer daqui O Cardeal Tolentino torna-se dominicano através
a um ano. do seu ingresso nas Fraternidades Sacerdotais de São
Desejamos ao nosso irmão Tiago Carlos as maio- Domingos que nos últimos anos em Portugal tem
res felicidades na sua caminhada. vindo a renascer tendo como seu promotor o Fr.
Gonçalo Diniz. As Fraternidades Sacerdotais de São
Fraternidade Leiga de São Domingos de Elvas Domingos são um dos 4 ramos da Ordem dos Prega-
dores, juntamente com os frades, as monjas e os lei-
FAMÍLIA DOMINICANA gos. «O padre dominicano diocesano vive uma vida consa-
Cardeal Tolentino dominicano grada a Deus não só pelo seu baptismo e ordenação sacer-
dotal mas também pelo espírito e missão da Ordem dos
O Cardeal José Tolenti- Pregadores. O sacerdote permanece sob a jurisdição do seu
no de Mendonça irá Ordinário, mas entra numa nova relação com a Ordem e
tornar-se membro da os seus irmãos sacerdotes da fraternidade. Após a sua sole-
Ordem dos Pregadores. ne promessa de viver de acordo com a Regra das Fraterni-
«O cardeal Tolentino é dades Sacerdotais de São Domingos para o resto da sua
muito nosso amigo, há vida, torna-se membro da família dominicana. O sacerdote
muitos anos: teve uma recebe uma graça especial através da sua profissão de viver
grande proximidade com uma vida guiada pelo espírito dominicano de contempla-
dois dominicanos portugueses, o frei José Augusto Mourão ção, harmonizada pelo estudo teológico e pela oração, tudo
e o Frei Mateus Peres. Também durante muitos anos teve isto ligado a um zelo apostólico pela pregação da Boa No-
uma forte ligação às Monjas Dominicanas do Lumiar. va»(2).
Fontes:
Estes contactos e proximidade fizeram com que se sentisse
(1) Agência Ecclesia
identificado com o carisma dominicano”, explicou à
(2) OP.org
ARTIGOS RECENTES EM
LEIGOSDOMINICANOS.ORG
+ Martinho de Porres
+ Encíclica Fratelli Tutti (versão integral em português)
+ Oração em Família Dominicana
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O Concílio Vaticano II afirma que «o espírito de definição do cristão e o seu emblema. De facto, é
pobreza são a glória e o testemunho da Igreja de Cris- assim desde os primeiros testemunhos das comunida-
to» (GS 38) e, por isso, os presbíteros «são convida- des apostólicas: assíduos ao ensino dos apóstolos, à
dos a abraçar a pobreza voluntária, que é a maneira comunhão fraterna e à fracção do pão, tinham tudo
simples de viver à imagem de Cristo, pois o despoja- em comum, distribuíam o dinheiro pelos pobres (cf.
mento leva-nos a estar inteiramente ao dispor dos Act 2, 42-47). Aqui estão os elementos principais de
outros» (PO, 17). toda a comunidade: Ensino (κατεχεις), a comunhão
Só a pobreza de ser todo de Deus combate a amar- (κοινωνία), a Eucaristia e o louvor (Ευχαριστία) e a
gura, o tédio, as dúvidas, o medo e as preocupações caridade (αγάπη). Tão intenso foi esta vida comunitá-
mundanas e faz-nos acolher os outros, ter tempo para ria da Igreja primitiva que dela só houve um testemu-
os outros e ser para os outros. É o tal estar no Mun- nho: «vede como eles se amam» (TERTULIANO,
do mas sem ser do Mundo. Apolog. 39). Era este amor que convertia os pagãos.
Ver uma comunidade
O padre como homem de oração unida, em que todos
servem a todos, em que
A oração é, na vida do padre, como o pão de que o amor é a palavra de
se alimenta e vive. A oração é ponto de chegada e um ordem atrai aqueles que
ponto de partida para a vida de um presbítero e sem não conhecem a Cristo.
ela não é possível viver, porque ela é lugar de encon- O amor é a identidade
tro com Deus, encontro consigo mesmo e encontro da comunidade à qual o
com os outros. Daí que uma vida de oração seja difí- presbítero preside e as-
cil porque requer muito de nós. A oração não deve, siste. O amor é o que
porém, ser uma procura do Transcendente, mas num nos julga, tal como dizia
encontro com Deus para rezar a vida concreta e real S. João da Cruz. O
e para, a partir daí, se poder agir no Mundo. amor é, por fim, o pré-
Não são raras as vezes que encontramos Jesus a mio do cristão, a recom-
orar, pois nesse momento Jesus sentia-se como um pensa das suas obras.
filho nos braços do seu pai. Jesus não rezava apenas O padre é, por isso,
para obter seguranças, para ficar bem, para manter a aquele que ama e que
aparência, mas rezava para reconhecer que Ele mes- ama com um amor que
mo era puro dom de Deus. Assim também os presbí- não é seu mas d’Aquele que o escolheu, que o consa-
teros devem ser homens de oração, capazes de se grou e que o orienta. Por isso, a urgência é o amor. É
aproximarem de Deus e de lhe confiar a vida concre- urgente amar e dar-se por amor, sem um homem de
ta e, assim, poderem partir para o serviço aos outros. Deus, um homem ao serviço, um homem de oração
São muitas as vezes que ouvimos dizer que «os e um homem de comunidade. Tudo isto se faz na
padres não rezam» e que «nunca vimos o padre a re- humanidade mas revelando a transcendência daque-
zar». Tantas vezes andamos mergulhados em preocu- le amor imprevisível, que é o amor com que Deus
pações e atarefados com tantas actividades que nos nos ama.
esquecemos de parar para confiar a Deus tudo isso e Ser padre, para mim, é ser tudo isto. É ser como
recordar que a oração não estorva o serviço aos ou- que um vaso tosco, vazio e frágil no qual Deus vai
tros, antes o intensifica porque descobrimos o verda- colocando os seus tesouros de amor e de misericór-
deiro motivo do serviço. Devemos, no fundo, ser me- dia não para serem acumulados, mas para serem da-
nos Marta e mais Maria (cf. Lc 10, 38-42). dos e distribuídos como puro dom e pura graça. Co-
mo Jeremias também eu me sinto «um jovem que
O padre como homem de comunidade não sei falar» (cf. Jer 1, 6), mas confio naquele que
me diz «Não digas: “Sou um jovem”. Pois irás aonde
A vida comunitária e fraterna será o reflexo de Eu te enviar e dirás tudo o que Eu te mandar. Não
uma vida em Deus. É aqui que se resume toda a lei e terás medo pois Eu estou contigo» (Jer 1, 7-8).
os profetas: amar a Deus e amar ao Próximo.
Fr. José Manuel Nunes da Silva, OP
A comunidade é o lugar do amor e o amor é a
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