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Aula Extra - Atos Administrativos

Administração Geral e Pública p/ Auditor Fiscal do Trabalho - AFT 2017 (Com


videoaulas)

Professores: Rodrigo Rennó, Tulio Gomes


Administração Geral e Pública p/ AFT - 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Rodrigo Rennó – Aula Extra

Aula Extra: Atos Administrativos

Olá pessoal, tudo bem?


Nessa aula, iremos cobrir o seguinte tópico:

 Legislação administrativa. Atos administrativos. Requisição


Espero aproveitem bastante a aula!

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Sumário
Atos Administrativos .............................................................................. 4
Conceito de Atos Administrativos ............................................................. 4
Atributos dos Atos Administrativos ........................................................... 6
Presunção de Legitimidade .................................................................. 6
Imperatividade ............................................................................... 8
Autoexecutoriedade .......................................................................... 8
Tipicidade .................................................................................... 9
Elementos dos Atos Administrativos ........................................................ 10
Competência ................................................................................ 10
Finalidade................................................................................... 11
Forma ....................................................................................... 12
Motivo ...................................................................................... 13
Objeto ....................................................................................... 15
Mérito do ato administrativo ................................................................. 16
Classificação dos atos administrativos ....................................................... 17
Atos Vinculados e Atos Discricionários .................................................. 17
Atos Simples, Compostos e Complexos .................................................. 19
Atos individuais e gerais ................................................................... 20
Atos de Império, de Gestão e de Expediente ............................................. 21
Ato-regra, Ato-condição, Ato subjetivo................................................... 21
Ato perfeito, Ato válido, Ato eficaz ....................................................... 22
Espécies de atos administrativos ............................................................. 23
Autorização ................................................................................. 23
Permissão ................................................................................... 23
Licença...................................................................................... 24
Admissão ................................................................................... 24
Concessão .................................................................................. 25
Homologação ............................................................................... 25
Extinção dos atos administrativos ............................................................ 26
Anulação .................................................................................... 26
Revogação .................................................................................. 26
Cassação .................................................................................... 27

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Convalidação .................................................................................. 30
Conversão ..................................................................................... 31
Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 52
Gabaritos ......................................................................................... 61
Bibliografia ...................................................................................... 62

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Atos Administrativos

A Administração Pública não pode atuar contra a lei, nem tão pouco
fora da lei. Ela deve agir segundo as normas legais.
Isso significa que, ao exercer uma função administrativa, o
administrador deve produzir atos jurídicos com manifestações unilaterais
de vontade do Estado ou de quem estiver encarregado das prerrogativas
estatais, como os particulares delegatários, os concessionários e os
permissionários. Tais atos são denominados pela doutrina de Atos
Administrativos.

Conceito de Atos Administrativos

Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo1, a definição de ato


administrativo é:
“Manifestação ou declaração da administração
pública, nesta qualidade, ou de particulares no
exercício de prerrogativas públicas, que tenham por
fim imediato a produção de efeitos jurídicos
determinados, em conformidade como o interesse
público e sob o regime predominante de direito
público. ”
Vale observar que os atos administrativos são atos unilaterais que
têm por finalidade a produção de efeitos jurídicos, como a criação,
declaração, a alteração ou até a extinção de deveres e de direitos dos
administrados.
Vejam que os autores consideram que os atos administrativos estão
sob o regime jurídico de direito público. Isso também vale para os atos que
os agentes dos Poderes Legislativo e Judiciário praticam na função
administrativa.
Dessa forma, os atos administrativos praticados pelo Poder
Legislativo e Judiciário submetem-se ao regime jurídico administrativo e
deve, portanto, obedecer tanto aos princípios basilares que regem a
Administração Pública, que são: o da supremacia do interesse público sobre
o privado, e o princípio da indisponibilidade do interesse público.

1
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)

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Pessoal, os atos administrativos simplesmente não surgem do nada.


Eles devem estar em plena conformidade com as leis que os regem, digo,
devem obedecer a toda legislação e ficarem restritos a ela para evitar
abusos de poder pela Administração Pública.
Segundo o autor Diógenes Gasparini2, o ato administrativo pode ser
conceituado como:
“Toda prescrição unilateral, juízo ou conhecimento,
predisposta à produção de efeitos jurídicos,
expedida pelo Estado ou por quem lhe faça as
vezes, no exercício de suas prerrogativas e como
parte interessada numa relação, estabelecida na
conformidade ou na compatibilidade da lei, sob o
fundamento de cumprir finalidades assinaladas no
sistema normativo, sindicável pelo Judiciário. ”
Para esse autor, o ato administrativo possui um conceito vasto.
Estariam fora dessa esfera conceitual os atos subordinados ao Direito
Privado, isto é, aqueles em que a Administração permanece em “pé de
igualdade” com o particular, mantendo uma relação de horizontalidade.
Também restringiria os atos legislativos, que possuem a finalidade de
mudar o ordenamento legal.
Por fim, vocês devem ir pra prova com uma observação importante.
As bancas costumam fazer pegadinhas confundindo os atos
administrativos com os atos da administração.
Estes últimos são caracterizados pelo fato de serem praticados sem
a prerrogativa pública, ou seja, quando a Administração atua em igualdade
com os particulares.
Os atos nos quais a Administração tem relação de horizontalidade
com o particular seriam regidos pelo Direito Privado. Como exemplo, tem-
se assinatura de um cheque por um agente público competente para o
pagamento de um valor devido a um fornecedor ou no caso assinatura de
um contrato de aluguel.
Também poderia ser considerados atos da administração aqueles
denominados de atos materiais, que nada mais são do que os atos
conhecidos por não gerarem efeitos jurídicos, como o ato de limpeza de rua
ou pavimentação de uma estrada.
Vejamos como a banca já abordou esse tema?
1 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) O aluguel, pelo TCDF, de
espaço para ministrar cursos de especialização aos seus servidores
constitui ato administrativo, ainda que regido pelo direito privado.

2
(Gasparini, 2012)

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O contrato de aluguel gera direitos a ambas as partes, sendo regido


pelo direito privado e considerado um ato bilateral.
Os atos praticados sob a égide de direito privado, como a assinatura
de um contrato de aluguel, é considerado como “ato da administração”
e não “ato administrativo”, atuando em “pé de igualdade” com a iniciativa
privada. Gabarito, portanto, questão errada.

2 - (CESPE - TC-DF - ANALISTA – 2014) Os atos administrativos


praticados pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário
submetem-se ao regime jurídico administrativo.

A atividade administrativa é regida pelo regime jurídico


administrativo. Dessa forma, os atos administrativos praticados pelo
Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário submeter-se-ão ao regime jurídico
administrativo, respeitando tanto o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado, quanto o princípio da indisponibilidade do interesse
público. Gabarito, portanto, questão correta.

Atributos dos Atos Administrativos

A supremacia do interesse público sobre o privado é observado nos


atos administrativos. Dessa forma, entende-se que os atos administrativos
possuem características essenciais denominadas de atributos.
Conforme a maioria dos autores, os atributos principais são:
Presunção de Legitimidade, Imperatividade, Autoexecutoriedade e
Tipicidade. Há autores que preconizam a existência de mais um atributo.
Aliás, eles afirmam que a autoexecutoriedade, na verdade, é dividida
em: exigibilidade e executoriedade. Vocês devem ficar atentos nas
questões da prova, pois as bancas podem se referir a qualquer uma dessas
classificações.

Presunção de Legitimidade

Este atributo encontra-se presente em todos os atos administrativos,


inclusive aqueles atos da administração regidos pelo direito privado. Ele
garante que o ato administrativo tenha validade desde a sua criação, isto
é, há conformidade do ato perante a lei. Isso permite que se possam
produzir efeitos a partir da sua edição.
Como decorrência do atributo da presunção da legitimidade, também
conhecido como presunção da veracidade ou legalidade, a prática se dá

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sem que deva provar que o ato encontra-se dentro da legalidade, e,


também, sem que o Poder Judiciário autorize a realização dele.
No entanto, vale salientar que essa presunção de legitimidade é
relativa, pois cabe a prova em contrário. Isto é, a execução imediata do
ato administrativo, fundamentada por esse atributo, não impede que ele
seja afastado posteriormente se comprovada a ilegalidade do ato.
Nesta situação, observa-se a inversão do ônus da prova, pois não é
o agente público, que praticou o ato, que deve provar a legalidade ou não
do seu ato. Tal prova de existência de vício cabe ao administrado.
Portanto, por conta dessa presunção relativa, não existe mais a figura
da “verdade sabida” no ordenamento jurídico. Mas e o que seria essa
verdade sabida? Bom, ela seria, por exemplo, a possibilidade de o superior
atuar imediatamente contra um agente ao presenciar uma infração,
independentemente do conhecimento dos fatos.
E, por fim, o motivo de a verdade sabida não ser mais permitida em
nosso ordenamento é que a nossa CF/88 garantiu o direito do contraditório
e da ampla defesa. Além disso, todos terão direito a se submeter a um
devido processo legal.
Vejamos agora algumas questões já cobradas pela banca.
3 - (CESPE - TC-DF - ACE – 2014) A presunção de legitimidade é
atributo de todos os atos da administração, inclusive os de direito
privado, dada a prerrogativa inerente aos atos praticados pelos
agentes integrantes da estrutura do Estado.

Todos os atos praticados pela administração gozam dessa presunção


de legitimidade, inclusive os de direito privado, como afirmou o examinador
da banca. Isso se dá devido à prerrogativa constante nos atos praticados
pelo Estado de que todo ato é legítimo, submetendo-se à legalidade.
Gabarito, dessa forma, questão correta.

4 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) Caso seja fornecida certidão,


a pedido de particular, por servidor público do quadro do MTE, é
correto afirmar que tal ato administrativo possui presunção de
veracidade e, caso o particular entenda ser falso o fato narrado na
certidão, inverte-se o ônus da prova e cabe a ele provar, perante o
Poder Judiciário, a ausência de veracidade do fato narrado na
certidão.

Questão verdadeira, pois todos sabem o atributo da presunção da


legalidade atinge a todos os atos administrativos. Entretanto, essa
presunção é relativa, cabendo ao administrado o ônus da prova.
Gabarito, portanto, questão correta.

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5 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) A prerrogativa de


presunção de veracidade dos atos da administração pública
autoriza a aplicação de penalidade disciplinar a servidor público
com base na regra da verdade sabida.

Como vimos, a “verdade sabida” não é mais aplicada em nosso


ordenamento, mesmo sob os “olhos” da presunção da veracidade, pois ela
é relativa e não absoluta, cabendo apenas o ônus da prova ao administrado.
Dessa forma, o gabarito é questão errada, pois a penalidade
disciplinar só cabe após finalizar o processo administrativo disciplinar, com
respeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.

6 - (CESPE - ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Em razão


do princípio da legalidade que vincula a administração, os atos
administrativos possuem presunção absoluta de legitimidade.

Já vimos que o atributo do ato “presunção de legitimidade” é relativo


e não absoluto. A banca costuma repetir os enunciados em certames
diversos, perceberam?
Diante do que foi dito, vale apenas salientar que cabe, a quem
questionar a legalidade do ato, a prova ao contrário. Assim sendo, o
gabarito é questão errada.

Imperatividade

Este atributo decorre do poder extroverso do Estado, que nada


mais é do que a capacidade de o poder público praticar atos vinculando-os
a terceiros, mesmo que estes não os aceitem.
É o caso de aplicação de multas e também de apreensão de alimentos
com prazos de validade vencidos servidos em um estabelecimento.
Vale ressaltar que os atos administrativos alcançados por esse
atributo obrigam ao administrado de modo imediato, independente se vier
a contradizer a vontade de quem se subordina.

Autoexecutoriedade

Este atributo permite que a Administração pratique um ato sem a


necessidade de obter previamente autorização judicial. Isto significa que
alguns tipos de atos administrativos podem ser executados pela

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Administração de forma imediata, podendo, inclusive, utilizar-se da força,


se necessário.
Vejamos como Gasparini3 trata desse assunto:
“A Autoexecutoriedade não é atributo de todo e
qualquer ato administrativo. É encontrada nos atos
que recebem da lei essa distinção, ou seja, ela
existe nos casos previstos em lei ou quando for
indispensável à imediata salvaguarda do interesse
público.”
Como exemplo, podemos citar os atos punitivos, como a imposição
de multa, guinchamento de veículo estacionado erroneamente pelo Detran,
apreensão, pela Receita Federal, de mercadorias contrabandeadas,
fechamento de um bar pela Vigilância Sanitária, dentre outros.
Mais uma vez, lembramos que o administrado pode recorrer ao
judiciário, com o ônus da prova, quando se sentir prejudicado com a prática
de determinado ato.
Por fim, ressaltamos que a Autoexecutoriedade é aplicada em casos
expressamente previstos em lei, como exemplificados acima, e também em
situações de emergência (interdição e demolição de um edifício cujas
estruturas estejam abaladas ou a internação de uma pessoa com doença
contagiosa).
Como dito anteriormente, alguns doutrinadores separam esse
atributo em dois: executoriedade e exigibilidade. Para eles, a exigibilidade
refere-se à obrigação do cumprimento do ato pelo o administrado. A
exigibilidade, portanto, faz com que o administrado cumpra as obrigações
impostas pela Administração sem que, para isso, ela precise recorrer ao
apoio do judiciário.
Já com a executoriedade, tal obrigação é imposta ao particular,
coagindo-o materialmente, caso necessário, por meios próprios e sem a
necessidade de ordem judicial, diferindo da imperatividade, pois nesta,
observa-se apenas a criação de uma obrigação ao particular.

Tipicidade

Para os doutrinadores, esse atributo aponta a limitação em que o


administrador poderá agir discricionariamente, dando uma garantia ao
administrado de que não serão praticados atos sem previsão legal.
Segundo o autor Mazza4:

3
(Gasparini, 2012)
4
(Mazza, 2011)

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“A Tipicidade diz respeito à necessidade de


respeitar-se a finalidade específica definida na lei
para cada espécie de ato administrativo.
Dependendo da finalidade que a Administração
pretende alcançar, existe um ato definido em lei.”
Por fim, vejamos, no gráfico abaixo, os atributos dos atos
administrativos:

Atributos

Presunção de Auto-
Imperatividade Tipicidade
legitimidade executoriedade

Figura 1 - Atributos dos atos administrativos

Elementos dos Atos Administrativos

Os elementos dos atos administrativos, também conhecidos por


requisitos de validade, são: competência, finalidade, forma, motivo e
objeto. Caso algum desses elementos estiver em desobediência com a
legislação, o ato será considerado nulo ou anulável. Isto é, esses
pressupostos devem estar presentes nos atos administrativos para que eles
sejam considerados como perfeitos e possuam validade.

Competência

O exercício da competência é definido por meio de lei. Portanto,


concluímos que a quem a lei atribuir à competência, este deverá exercê-la
obrigatoriamente, sem poder renunciá-la, transferi-la, modificá-la ou até
prescrevê-la, não é verdade?
Para Gasparini5, o agente público é considerado competente quando:

5
(Gasparini, 2012)

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“(...) recebe da lei o devido poder-dever para o


desempenho de suas funções.”

Quando, por lei, define-se a competência de um órgão ou agente


público, garante-se que não haja alterações ao bel-prazer de quem deve
realizar o ato administrativo, vinculando, dessa forma, a prática pelo
responsável legal.
Caso contrário, isto é, se o agente competente não realizar o ato que
lhe foi atribuído mediante lei, corre o risco de ser penalizado com a
invalidação dele.
Pessoal, os dois extremos não são permitidos. Aquele agente cuja
competência não lhe fora repassada pelo legislador não poderá
desempenhar as atividades. Assim também, o agente que possui
competência para tal, não poderá exercê-la acima do limite que lhe fora
delimitado por meio de lei.
O agente, ainda mais, não tem o direito de renunciar sua competência
(a atividade torna-se imprescindível), e, muito menos, cabe a ele cedê-la
a outro agente. O que se permite são a delegação ou a avocação
temporariamente.
Vale ressaltar que essas formas de transferências de competências
citadas no parágrafo anterior devem ser autorizadas por lei para poderem
ter validade. E que, inclusive, não se tratem, no caso da delegação, de
competências exclusivas, edição de atos normativos ou decisão de
recursos.

Finalidade

Da mesma forma do elemento competência, a finalidade de um ato


administrativo é determinada por meio de lei, tratando-se, portanto, de
requisito vinculado.
O ato administrativo que não possuir o interesse público como
finalidade, estará incorrendo numa falta denominada de desvio de
finalidade. Isto acarretaria à anulação do ato, mesmo que se observe
obediência a todos os outros requisitos.
Seria o caso, por exemplo, de remover um servidor público para uma
localidade qualquer com a pretensão de discipliná-lo ou castigá-lo. Mesmo
que essa localidade seja uma cidade perfeita para os padrões de
modernidade, se a finalidade for a de aplicar uma correção ao agente
removido, ela será ilegal.
Por fim, o agente público deve sempre buscar a finalidade descrita
em lei, alcançando o objetivo pretendido, como, também, deve alcançar a
satisfação do interesse público com a prática desse ato.

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Forma

A forma é o elemento que “recobre” o ato administrativo. Isto é, para


que um ato tenha validade, ele deverá ser expresso de alguma forma: seja
escrita, seja verbal, seja eletromecânico, seja gestual, seja visual.
Segundo Alexandrino e Paulo6, esse o requisito “forma” deve ser
analisado da seguinte maneira:
“– quando a lei não exigir forma determinada para
os atos administrativos, cabe à administração
adotar aquela que considere mais adequada,
conforme seus critérios de conveniência e
oportunidade administrativas;
- diferentemente, sempre que a lei expressamente
exigir determinada forma para a validade do ato, a
inobservância acarretará a sua nulidade. ”

Vejam o gráfico abaixo com exemplos de formas de atos7:

Atos orais: ordens dadas a um servidor;

Atos pictórios: placas de sinalização de trânsito;

Atos eletromecânicos: semáforos;

Atos mímicos: policiais orientando manualmente


o trânsito e o tráfego.

Figura 2 - Exemplos de formas de atos administrativos

Vale apenas destacar que as bancas costumam fazer pegadinhas com


as definições de formas de atos administrativos e formalidade deles.
Pessoal, em provas de concurso, os examinadores tentam confundir os

6
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
7
(Gasparini, 2012)

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candidatos ao disporem que forma e formalidade são sinônimas. Muito


cuidado com isso!
Forma é um requisito ou elemento ou pressuposto de um ato
administrativo. Sem ela, o ato é considerado inválido. Já a formalidade é o
modo como tal elemento é formalizado.
Vou tentar ser mais claro, exemplificando. Uma determinada lei
impõe que um ato administrativo deverá apresentar a forma escrita. Esta
forma é o elemento de validade do ato previsto em lei. No entanto, o ato
será formalizado de algum modo já definido também por lei. Isto é, um ato
administrativo apresentará forma escrita e será formalizado mediante
decreto, por exemplo.

Motivo

Quando uma situação de fato ocorre e, ao mesmo tempo, ela estiver


descrita em uma hipótese legal, podemos afirmar que temos o motivo de
um ato administrativo.
Este elemento pode estar presente em um ato vinculado ou
discricionário, dependendo da natureza do ato administrativo. Caso um
ato seja vinculado, isto é, se a lei determinar a prática de um ato, desde
que ocorra no mundo real o que estiver descrito na norma (motivo), o
agente não poderá recusar o cumprimento.
No entanto, caso uma lei autorize que se pratique determinada ação
e, depois, ocorrer algum fato específico, o administrador pode, ou não,
praticá-lo. Neste último momento, o requisito em questão será
discricionário, já que o ato também será discricionário, certo?
Para Gasparini8, o requisito motivo nada mais é do que:
“Circunstância de fato ou de direito que autoriza ou
impõe ao agente público a prática do ato
administrativo. Consubstancia situações do mundo
real que devem ser levadas em consideração para
o agir da Administração Pública competente. São
ações ou omissões dos agentes públicos ou dos
administrados ou, ainda, necessidades do próprio
Poder Público que impelem a Administração Pública
à expedição do ato administrativo.”
Para a doutrina, tanto em um ato vinculado, quanto em um
discricionário, o motivo pode estar presente, como já observamos antes.
No entanto, quero ressaltar a vocês que o fato de o motivo ser um requisito

8
(Gasparini, 2012)

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do ato administrativo indispensável para a sua validade é que justifica a


Teoria dos Motivos Determinantes.
De acordo com essa teoria, o motivo exposto, que se justificou para
a prática de certo ato administrativo, deve ter acontecido obrigatoriamente.
Assim sendo, não pode haver falsidade na declaração dos motivos e, muito
menos, inexistência deles.
Por fim, devemos saber a diferença entre motivo e motivação. O
motivo, como já vimos, é a causa do ato. Já motivação é a declaração do
motivo, que levou à prática do ato, por escrito. Dessa maneira, percebe-
se que a motivação está ligada ao elemento forma e não ao elemento
motivo. Logo, se um ato que deva ser motivado para ter validade não o for,
ele estará incorrendo no vício de forma e não de motivo, ok?
Pessoal, todo ato administrativo deve ter um motivo, mas isso não
quer dizer que todo motivo deva estar expresso, ou seja, motivado. Como
exemplo, tem-se o ato de nomeação e exoneração de cargo em comissão
no serviço público, que não há obrigatoriedade de motivar o ato de
nomeação ou exoneração.
A motivação se faz necessária para que haja observância do princípio
da transparência e, consequentemente, da indisponibilidade do serviço
público.
Vamos ver mais questões agora?
7 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR- 2014) O ato de exoneração
do ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, sob
pena de invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato
administrativo: o motivo.

A exoneração do ocupante de um cargo em comissão é um ato


administrativo discricionário, por motivo de conveniência e oportunidade.
Só um detalhe, não é necessário motivo para praticar atos desse tipo,
assim como não precisa haver motivação, mas caso ocorra, isto é, caso
haja motivação, o indivíduo ficará obrigado a observar o motivo exposto.
Gabarito, portanto, questão errada.

8 - (CESPE - PC-AL – DELEGADO DE POLÍCIA – 2012) Não é possível,


nos atos administrativos, haver a dispensa de sua motivação.

A motivação pode ser prescindível em casos que a lei a dispensar,


como a nomeação e a exoneração de cargos em comissão, por exemplo.
A motivação se torna, portanto, indispensável nos casos em que os
atos neguem ou limitem direitos, ou quando impuserem deveres ou
sanções, ou quando decidirem processos de concurso público ou de recurso
administrativo, entre outros exemplos.

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Por fim, vale apenas ressaltar que a motivação nada mais é do que a
exposição, por escrito, dos motivos de um ato administrativo. Dessa forma,
o gabarito é questão errada.

Objeto

A administração pública manifesta sua vontade por meio desse


elemento. Assim, o objeto de um ato administrativo é o comando
determinado pelo próprio ato.
Dessa forma, aquilo que o ato dispõe para se por em prática, ou
simplesmente para nada vir a fazer, no ordenamento jurídico, é o que se
denomina de objeto do ato administrativo.
Pessoal, como exemplos desse elemento de um ato administrativo,
para que vocês o visualizem melhor, têm-se:

 Ato que exonera um servidor público;


 Ato que delimita o horário de funcionamento de um prédio
público;
 Ato que permite a utilização de um bem público.
Vale lembrar que, nesses exemplos, os objetos desses atos
administrativos são os mandos contidos nelas, isto é, a exoneração de um
servidor, a delimitação do horário e a permissão de uso.
Por fim, assim como o motivo, o objeto também deve observar se um
ato é vinculado ou discricionário para se dizer se o elemento em questão
também é vinculado ou discricionário.
Abaixo, seguem os elementos ou requisitos dos atos administrativos
estudados em nossa aula.

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Competência

Finalidade

Forma

Motivo

Objeto

Figura 3 - Elementos dos atos administrativos

Mérito do ato administrativo

De acordo com o que foi visto anteriormente, os atos administrativos


possuem elementos vinculados e discricionários. Quando um ato for
vinculado, todos os elementos que o compõe também serão vinculados.
Enquanto que, quando um ato for discricionário, os elementos motivo
e objeto também serão discricionários. A isso se denomina de mérito
administrativo.
Conforme Mazza9,
“os atos discricionários são caracterizados pela
existência de um juízo de conveniência e
oportunidade no motivo ou no objeto, conhecido
como mérito (...), podendo tanto ser anulados, na
hipótese de vício de legalidade, quanto revogados,
por razão de interesse público.”
Vale ressaltar que não cabe, no ato discricionário (mesmo sendo
passível de anulação por vício de ilegalidade pelo Poder Judiciário), que a
justiça analise o mérito de um ato discricionário, pois tal mérito refere-se
à conveniência e à oportunidade, podendo resultar em revogação, e não
em anulação.
Entretanto, caso haja provocação, o Judiciário poderá analisar a
legalidade e a legitimidade dos atos discricionários, independente de qual

9
(Mazza, 2011)

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elemento do ato esteja sendo tratado, ok? Dessa forma, a “extrapolação


ou não, pela administração, dos limites dessa esfera de mérito
administrativo é passível de controle pelo Poder Judiciário, o que configura
controle de legalidade ou legitimidade, e não controle de mérito 10”.

Classificação dos atos administrativos

Atos Vinculados e Atos Discricionários

O agente público pode, ou não, possuir poderes para decidir se deve


fazer algo no exercício de sua função. Essa autonomia define o caminho de
conduzir as funções da Administração Pública.
Os atos vinculados são aqueles em que a administração atua
conforme descrição em lei, sem ter a liberdade de decidir sobre a
conveniência ou oportunidade da prática do ato. Dessa forma, observa-se
que se uma lei impõe a realização de um ato, o administrador não pode
escolher se o pratica ou não.
Assim sendo, nos atos vinculados, é a lei que decide o que deve ser
feito em determinada circunstância, caso haja observância ou não de certos
pontos elencados no seu conteúdo.
Para Gasparini11, os atos vinculados são definidos da seguinte forma:
“A Administração Pública edita-os sem qualquer
avaliação subjetiva. A lei, nesses casos, encarrega-
se, em tese, de prescrever, com detalhes, se,
quando e como a Administração Pública deve
agir.”
Por fim, caso haja alguma irregularidade, o ato vinculado deverá ser
anulado. Não cabe, neste cenário de ilegalidade, o instituto da revogação
e, muito menos, da convalidação.
Já nos atos discricionários, a administração pode usar da
oportunidade e conveniência, dentro dos limites legais, para decidir sobre
o motivo e o objeto em como alcançar o interesse público. Neste caso, o
ato pode ser tanto anulado, quanto revogado.
Pessoal, nota-se, assim, que existe uma certa autonomia para
deliberar sobre a prática desses atos. Isto é, a Administração decide, dentro
de certa margem permitida pela lei, claro, o que decidir.

10
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)
11
(Gasparini, 2012)

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Vale comparar com os atos vinculados. Nestes, o agente público só


confere se o administrado apresenta todas as exigências feitas por lei, e se
sim, age conforme o comando legal determina.
Já nos atos discricionários, o agente observa se as exigências são
cumpridas. Se forem, ele pode decidir o que fazer dentre as alternativas
dadas a ele pela legislação, conforme com o interesse público.
É importante ter em mente que a doutrina mais recente admite a
discricionariedade não apenas quando for determinado o seu uso por meio
de lei. Vários doutrinadores acreditam que se pode usar a
discricionariedade do ato em leis que utilizam conceitos jurídicos
indeterminados, como: conduta escandalosa, boa-fé e moralidade pública.
Vejam o gráfico abaixo com exemplos dessa classificação de atos
administrativos:

Matrícula em faculdade pública;


Atendimento em hospital público;
Atos Concessão de aposentadoria;
Vinculados Contratação para cargos públicos;

Decidir quais ruas de uma cidade será asfaltada;


Decidir qual penalidade aplicar a um servidor
Atos público quando a lei prever mais de uma;
Discricionários Permissão para utilizar um bem público.

Figura 4 - Exemplos de atos vinculados e discricionários

Vamos ver uma questão sobre o assunto?


9 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) Os atos
vinculados são insuscetíveis de revogação pela administração
pública.

Essa questão foi motivo de discussão na época, mas vocês não podem
ter mais dúvidas quanto a isso.
Os atos discricionários, que forem inconvenientes e inoportunos, é
que serão passíveis de revogação; ou, se forem ilegais, sofrerão anulação.
Já os atos vinculados só sofrerão anulação quando for detectada
alguma ilegalidade nele. Assim sendo, o gabarito é questão correta.

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Atos Simples, Compostos e Complexos

Essa classificação diz respeito à manifestação de vontade de um


determinado número de órgãos ou colegiados para que um ato seja
praticado.
No caso dos atos denominados simples, temos a manifestação de
um órgão apenas para que haja a produção de efeitos. Com essa
manifestação de vontade do órgão, não se faz necessário que qualquer
outra pessoa ou outro órgão manifeste vontade para que se comece a
produzir os efeitos. Como exemplo, temos o ato de nomeação de um
servidor em um cargo em comissão.
Os atos compostos necessitam que a manifestação de vontade seja
de um único órgão, porém, a autorização (ou aprovação ou ratificação) da
prática será realizada por outro para que ele possua eficácia. Neste caso,
observa-se a existência de dois atos, um principal e um acessório. É o caso
de nomeações de autoridades sujeitas à prévia aprovação pelo Senado.
Por fim, os atos complexos são aqueles que se compõem de duas
ou mais manifestações de vontade para que se produzam efeitos. Isto
significa que mais de um órgão deve manifestar interesse para que o ato
torne-se perfeito.
Diferente do ato composto, o ato complexo constitui em um único
ato, porém com manifestação de vontade de mais de um órgão. Para
exemplificar, temos a edição conjunta de instrução normativa entre a
Receita Federal do Brasil e a Procuradoria da Fazenda Nacional.
Vamos ver mais uma questão?
10 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012)
Para a formação do ato administrativo composto, é necessária mais
de uma manifestação de vontade, devendo as manifestações ser
equivalentes entre si, ou seja, são necessárias manifestações de
vontade de mesmo valor.

Para a professora Fernanda Marinela12, o ato composto conceitua-se


da seguinte forma:
“aquele que depende de mais de uma manifestação
de vontade (…). Essas manifestações devem
acontecer dentro de um mesmo órgão e estão em
patamar de desigualdade, em que a vontade de um

12
(Marinela, 2012)

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é instrumental em relação à do outro que edita o


ato principal.”
Dessa forma, o comando da questão está correto quando afirma que
para a formação do ato composto, depende de mais de uma manifestação
de vontade, mas peca quando fala que essas manifestações tenham a
mesma força, ou o mesmo valor, como aborda o item.
A manifestação de vontade de um servirá para instruir a manifestação
de outro. Desse modo, o gabarito é questão errada.

Atos individuais e gerais

Os atos administrativos também podem se classificar como atos


individuais e atos gerais. Ambos dizem respeito aos destinatários que os
atos pretendem alcançar.
Os atos individuais possuem destinatários específicos, isto é, está
explícita a quem o ato determina as prerrogativas dispostas neles. Vale
salientar que, nos atos individuais, o destinatário do ato pode ser uma só
pessoa (singular) ou mais de uma (plural). Todos, claro, listados no ato.
Os atos gerais, entretanto, não possuem destinatários definidos, isto
é, os nomes dos destinatários não são listados no ato administrativo. Assim
sendo, o ato alcança aqueles que estiverem, de alguma forma, envolvidos
em situações descritas para a prática do ato.
Vejamos, por fim, um gráfico exemplificando os atos individuais e
gerais para melhor compreensão de vocês sobre o tema.

Outorga de licença;
Atos Nomeação para cargo público;
Decreto de desapropriação;
Individuais Exoneração de cargo em comissão

Instruções normativas;
Atos Gerais Regulamentos;
Outorga de férias coletivas

Figura 5 - Exemplos de atos individuais e atos gerais

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Atos de Império, de Gestão e de Expediente

Quando a administração praticar um ato em posição de superioridade


frente ao particular, impondo obrigações ou restrições, fundamentadas no
princípio da supremacia do interesse público, temos o denominado ato de
império. Exemplo: multa, interdição, apreensão.
Por outro lado, quando a administração praticar atos sem
fundamentar na supremacia do interesse público e ficando em posição de
igualdade com o administrado, tem-se o chamado ato de gestão.
Exemplo: locação de imóveis, compra ou venda de bens pela
administração.
Por fim, nos chamados atos de expediente, observam-se os atos
realizados dentro da administração com a finalidade de dar andamento aos
serviços da administração, com ligação direta com as áreas de apoio e de
andamento de processos, sem, contudo, ter aspecto decisório.
São exemplos: numeração de um processo, formalização, preparo e
movimentação de processos, protocolo de processos judiciais.
Vejamos como esse tema já foi cobrado em provas.
11 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Não são passíveis de
questionamento por via recursal os atos administrativos de mero
expediente.

Questão da prova de procurador na Bahia e a banca buscou um


dispositivo na legislação estadual, a Lei nº 12. 209, de 2011, que trata do
processo administrativo, no âmbito da administração direta e das entidades
da administração indireta, regidas pelo regime de direito público, do Estado
da Bahia.
No artigo 56 da referida Lei, os atos de mero expediente e
preparatórios de decisão são irrecorríveis, logo não passíveis de
questionamento por via recursal. Gabarito, portanto, questão correta.

Ato-regra, Ato-condição, Ato subjetivo

Os atos-regra são aqueles destinados a qualquer indivíduo de forma


geral e abstrata, como os atos normativos. Esse tipo de ato se assemelha
com os atos gerais, por não possuírem destinatários certos.
Os atos-condição são praticados por aqueles que estiverem sob um
determinado regime jurídico, sem poder manifestar vontade sobre as

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características de tal regime, nem reclamar direito adquirido. É o caso de


aceitação de um cargo público ao tomar posse.
Já nos atos subjetivos, um indivíduo possui liberdade de manifestar
vontades. Podemos ver que, neste caso, tais atos criam situações concretas
e pessoais, gerando direito adquirido conforme estabelecido em contratos,
por exemplo. Nos contratos, as situações pactuadas só poderão ser
modificadas se ambas as partes concordarem.

Ato perfeito, Ato válido, Ato eficaz

Os atos perfeitos são aqueles que possuem seu ciclo concluído, isto
é, apresentam todas as etapas formadas. Logo, não precisam de mais nada
para completar o processo de produção.
Os atos válidos são aqueles que estão de acordo com a lei, isto é,
os seus elementos estão providos de legalidade e de legitimidade. Um ato,
portanto, pode ser perfeito (com todas as etapas necessárias para a sua
formação concluídas), porém inválido (com algum elemento em
desconformidade com a lei).
Os atos eficazes são aqueles que não precisam respeitar mais
nenhuma condição para produzir efeitos no ordenamento jurídico.
Vejam como esse tema já foi cobrado em provas de concurso.
12 - (CESPE - MDIC – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2014) Suponha
que determinado ato administrativo, percorrido seu ciclo de
formação, tenha produzido efeitos na sociedade e, posteriormente,
tenha sido reputado, pela própria administração pública,
desconforme em relação ao ordenamento jurídico. Nesse caso,
considera-se o ato perfeito, eficaz e inválido.

De acordo com o enunciado da questão, o ato já percorreu todo o seu


ciclo de formação, sendo, portanto, um ato perfeito. O examinador também
disse que o referido ato produziu efeitos na sociedade, sendo, dessa forma,
um ato eficaz.
Por último, ele disse que o ato estava desconforme com o
ordenamento jurídico, isto é, algum elemento está em desacordo com a lei,
logo é um ato inválido. Gabarito, portanto, questão correta.

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Espécies de atos administrativos

Pessoal, vamos falar agora um pouco das espécies de atos


administrativos. Essas espécies exemplificam os diversos atos
administrativos existentes no ordenamento jurídico.
Vale salientar que a doutrina é vasta sobre o assunto, o que gera
diversos conceitos. Vamos tentar direcionar ao máximo conforme cobrança
das bancas de concurso. Ok? Então, vamos lá.

Autorização

A autorização é um tipo de ato administrativo em que a Administração


Pública age conforme sua conveniência em praticá-lo ou não. Dessa forma,
essa espécie de ato possui a característica de ser precário, isto é, o ato é
outorgado pelo poder público conforme interesse público, no entanto, pode
ocorrer a retomada dele a qualquer tempo.
Como exemplos dessa espécie, temos o ato que autorize a prestação
de serviço de taxi e o ato que autorize os serviços de telecomunicações.

Permissão

O ato administrativo de permissão concedido pelo poder público pode


se dar de forma discricionária ou vinculada, dependendo da legislação em
cada caso.
Essa espécie de ato, assim como a concessão que veremos mais a
frente, é estudada no Direito Administrativo quando se trata de prestação
de serviços públicos ou de uso de um bem público.
Quando um particular solicitar a permissão para usufruir de algo, ou
para realizar certos serviços, a Administração poderá ou não atender a essa
solicitação. Isso dependerá se a demanda é passível de ser deferida
discricionariamente ou não.

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Poder Público possui autonomia


Ato de
para praticar ato, permitindo ou
permissão
não determinado serviço público
discricionário
ou utilização de um bem público:

Poder Público pratica ato


administrativo permitindo o que
Ato de permissão
fora solicitado, desde que se
vinculado
observem as exigências listadas
em lei:

Licença

Quando o administrado solicitar ao poder público executar certa


tarefa, ou atividade, e possuir todos os requisitos legais para tal, a
Administração concede a licença para a prática dessa operação.
Basta, portanto, que cumpra o que a lei determinar que a
Administração pública deferirá o ato de licença para o particular exercer o
requerido.
Seria o caso, por exemplo, do ato que expede um alvará de
construção ou de reforma de um imóvel.

Admissão

É o ato administrativo que possibilita o ingresso em um


estabelecimento público de um particular interessado em usufruir
determinado serviço prestado pelo poder público.
Como exemplo dessa espécie de ato administrativo, tem-se a
admissão em um prédio público, como um hospital ou uma delegacia da
Receita Federal do Brasil, por um particular após atender a todas as
exigências para tal.
Vamos ver como a banca já cobrou esse assunto?
13 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) A licença
para tratar de interesses particulares, prevista na Lei n.º

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8.112/1990, exemplo de ato discricionário, pode ser revogada pela


administração pública.

A licença para tratar de interesses particulares está prevista no artigo


91 da Lei 8.112/90. De acordo com o disposto neste artigo e em seu
parágrafo único, essa licença pode sim ser revogada pela administração
pública ou a pedido do servidor, senão vejamos:

“Art. 91. A critério da Administração, poderão ser


concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,
desde que não esteja em estágio probatório,
licenças para o trato de assuntos particulares
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem
remuneração.
Parágrafo único. A licença poderá ser
interrompida, a qualquer tempo, a pedido do
servidor ou no interesse do serviço. ”
O gabarito, portanto, é questão correta.

Concessão

É o ato administrativo em que se concede a um particular a prestação


de um serviço. Também pode se considerar aqueles atos em que se
concede um título de honra, ou a cidadania no Brasil.
Conforme vimos antes, ao estudarmos os atos de permissão, os atos
de concessão podem ser vinculados ou discricionários. Tudo dependerá do
que a legislação de cada concessão determinar, não é verdade?

Homologação

O ato administrativo que confirma, ou aprova outro ato praticado,


aceitando o estabelecido, é denominado de homologação.
É na homologação que o poder público reconhece que o ato
executado respeitou a legalidade necessária para tal. Dessa forma, se o ato
fora praticado respeitando todas as exigências legais, ele deverá ser
homologado pelo Poder Público competente.

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Extinção dos atos administrativos

Sabemos que o ato administrativo surge para produzir efeitos no


mundo jurídico, não é verdade? Devemos saber, também, que, tendo ou
não vícios sanáveis ou insanáveis, ele continua produzindo efeitos até ser
retirado do meio.
Caso não tenha vícios, o ato administrativo extingue-se devido ao
cumprimento integral de seus efeitos, à extinção do objeto ou do sujeito, à
renúncia do beneficiário do ato e à retirada do ato (quando este acaba por
ter sido publicado um ato secundário, fato conhecido como contraposição;
ou quando o ato passar a contrariar uma nova norma jurídica, fato
conhecido como caducidade).
Havendo vícios insanáveis, o caminho que o ato viciado segue para a
extinção é a Anulação. Mas também, pode-se extingui-los por meio dos
institutos da Revogação e da Cassação que veremos à frente. Se houverem
vícios sanáveis, os atos poderão ser corrigidos (convalidados) ou anulados,
a critério da administração.

Anulação

Quando um ato for considerado ilegal, a Administração (de ofício ou


se provocado), ou o Poder Judiciário (se provocado), deverá anulá-lo
dentro do prazo de cinco anos a contar da data em que passou a produzir
efeitos. Falaremos mais sobre esse prazo decadencial quando estudarmos
a convalidação.
Com isso, já podemos ter em mente que a ação de anular um ato é
retroativa ou ex tunc. Exceto nos casos de atos praticados por um
funcionário de fato ou atos ampliativos, cujo efeito será ex nunc, se
comprovada boa-fé.
Não devemos esquecer, na hora da prova, de que o ato ilegal será
anulado administrativamente por outro ato administrativo considerado
como secundário e vinculado. Caso o vício seja sanável, é facultado à
Administração, discricionariamente, convalidá-lo, como veremos depois.

Revogação

Agora, se a Administração, e somente ela, discricionariamente, quiser


retirar um ato válido, sem vício, do mundo jurídico, por conveniência e
oportunidade, ela poderá fazê-lo por meio da revogação, desde que
respeite os direitos adquiridos.

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Dessa forma, concluímos que os efeitos da revogação são ex nunc,


ou seja, prospectivos, e que, por ser um ato discricionário, só incidirá sobre
atos também discricionários, não é mesmo?
Pessoal, atenção agora para um detalhe que pode ser uma pegadinha
de prova. Antigamente, afirmava-se que o Poder Judiciário não poderia
apreciar a revogação de um ato administrativo uma vez que se não cabia
a ele a análise do mérito administrativo.
No entanto, o princípio da juridicidade veio para afastar a
proibição de apreciação, uma vez que ele permite que aprecie se a
revogação não extrapola os limites legais (leis, decretos, atos normativos),
além dos princípios jurídicos que regem a administração pública, como os
constitucionais.
Diante de inúmeras dúvidas, o STF já se pronunciou a respeito do
assunto, editando a Súmula 473 que dispõe o seguinte:
“A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornem ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”.
Por fim, levem para a prova de vocês que existem atos
administrativos que não poderão ser revogados pela Administração que
praticou o ato, são eles: atos consumados, atos vinculados, atos cujos
direitos adquiridos garantidos constitucionalmente já foram
gerados e os atos que fazem parte de um procedimento
administrativo.

Cassação

Para terminar com as formas de extinção de um ato administrativo,


vamos falar sobre a cassação. Trata-se da “extinção do ato administrativo
quando o seu beneficiário deixa de cumprir os requisitos que deveria
permanecer atendendo, como a exigência para a manutenção do ato de
seus efeitos13”.
Como exemplos, têm-se a cassação do alvará de funcionamento de
uma pizzaria por não atingir condições de higiene e a cassação da
habilitação de um condutor por ter ficado cego.
Vamos ver uma questão sobre o tema?

13
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)

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14 - (CESPE - MEC – TODOS OS CARGOS – 2014) A revogação do ato


administrativo por motivo de conveniência e (ou) de oportunidade,
casos em que se manifesta a discricionariedade administrativa,
produz efeitos ex nunc a partir da revogação.

Questão totalmente correta. A revogação de ato administrativo se dá


discricionariamente, por motivos de conveniência e oportunidade, com
efeitos ex-nunc, respeitando, os direitos adquiridos.
Vale apenas lembrar de que só a Administração deverá revogar seus
atos administrativos. Entretanto, o Poder Judiciário poderá ser provocado
para apreciação em consonância ao princípio da juridicidade. Dessa forma,
o gabarito é mesmo questão correta.

15 - (CESPE - TC-DF – TÉCNICO – 2014) Considere que determinado


secretário de Estado do DF tenha editado um ato administrativo
que, embora legal, tenha gerado controvérsia entre os servidores
do órgão. Nessa situação, havendo mudança da titularidade do
cargo, novo secretário poderá revogar, com efeito retroativo, o
referido ato administrativo.

Um novo secretário poderá revogar o referido ato administrativo. No


entanto, a revogação gera efeitos “ex-nunc” e não “ex-tunc”, não havendo,
portanto, efeito retroativo. Gabarito, dessa forma, questão errada.

16 - (CESPE - MTE - AFT – 2013) A revogação de um ato


administrativo produz efeitos retroativos à data em que ele tiver
sido praticado.

Questão tranquila, não é verdade? Vimos que a revogação gera


efeitos ex nunc, ou seja, futuros. Gabarito, portanto, questão errada.

17 - (CESPE - MTE - AFT – 2013) Considere a seguinte situação


hipotética. A administração pública reajustou o vencimento de um
servidor público, interpretando equivocadamente determinada lei,
circunstância que implicou pagamento indevido a esse servidor. Ao
constatar o erro, a administração anulou o ato.
Nessa situação hipotética, segundo entendimento do STJ, os
valores indevidamente pagos deverão ser descontados do servidor
público, presumindo-se a sua má-fé quanto ao recebimento das
quantias.

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A administração agiu corretamente ao anular o ato, pois foi praticado


em desconformidade com a lei. Os efeitos de uma anulação, entretanto,
são ex tunc, isto é, retroativos, ressalvados a terceiros de boa fé
prejudicados como a anulação do ato.
Para o STJ, “é incabível a restituição ao erário dos valores
recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea
ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública. Em
virtude do princípio da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem
a justa expectativa de que são legais os valores pagos pela Administração
Pública, porque jungida à legalidade estrita.”
Dessa forma, o gabarito é questão errada.

18 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) A


revogação de um ato administrativo ocorre nos casos em que esse
ato seja ilegal.

A revogação dos atos administrativos não ocorre nos casos em que o


ato seja ilegal, neste caso, o que ocorre é a anulação, outro tipo de retirada
de um ato administrativo, quando este se encontra com vícios de
ilegalidade.
No caso da revogação, o que acontece é a retirada de um ato
administrativo do ordenamento jurídico que a Administração passa a
considerá-lo inoportuno e inconveniente, e não ilegal. Dessa forma, o
gabarito é questão errada.
Vejamos esse outro caso: a Administração concedeu licença (ato
administrativo) para que um beneficiário construísse em um determinado
local. No entanto, o particular descumpriu as condições firmadas por
motivos diversos ou mesmo deixou de se enquadrar nos requisitos
estabelecidos. Nessa situação, o ato administrativo será cassado pelo
poder público.

19 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Ato administrativo de


manifesto conteúdo discriminatório editado por ministério poderá
ser invalidado, com efeitos retroativos, tanto pela administração
como pelo Poder Judiciário, ressalvados os direitos de terceiros de
boa-fé.

Ato administrativo de manifesto conteúdo discriminatório poderá ser


invalidado tanto pela Administração (de ofício ou por provocação) quanto
pelo Poder Judiciário (por provocação).

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Os efeitos de um ato nulo operam “ex-tunc”, ou seja, com retroatividade


até a data de surgimento do ato, preservando apenas os terceiros de boa-
fé. Dessa forma, o gabarito é questão correta.

20 - (CESPE - TC-DF - ANALISTA – 2014) Se a aplicação da multa


for indevida, a administração tem o poder de anulá-la, de ofício,
independentemente de provocação do interessado.

Se a aplicação da multa for indevida, como expôs o examinador, ela


possui vício que torna o referido ato ilegal, não gerando direitos e sendo,
portanto, passível de anulação.
A anulação pela administração pública poderá se dar de ofício ou
mediante provocação do interessado. Dessa forma, o gabarito é questão
correta.

Convalidação

Veremos, agora, a convalidação. Segundo Mazza14:


“Convalidação, sanatória ou aproveitamento é uma
forma de suprir efeitos leves do ato para preservar
sua eficácia”.
Diferente dos atos nulos, os atos administrativos anuláveis poderão
ser convalidados com a finalidade de sanar os defeitos retroativamente,
conforme a conveniência e oportunidade da administração pública.
Os efeitos de uma convalidação são retroativos, isto é, ex tunc.
Mesmo sendo um ato discricionário, a convalidação poderá agir tanto sobre
atos discricionários, quanto sobre atos vinculados, desde que apresentem
defeitos sanáveis, como: os relativos à competência (exceto para os de
competência exclusiva) e os relativos à forma (exceto quando a norma
jurídica considere a forma como elemento essencial à validade do ato).
Portanto, para que um ato seja convalidado, ele deverá,
cumulativamente, ter um defeito que seja passível de ser sanado, não
causar prejuízo a terceiros e nem lesão ao interesse público.

14
(Mazza, 2011)

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Ato discricionário no qual retira atos válidos sem vícios;


Pode ser revogado por conveniência e oportunidade da
Revogação Administração que praticou o ato;
Efeitos ex nunc;
Incide sobre ato discricionários;

Ato vinculado no qual retira atos inválidos com vício de


legalidade;
Deve ser anulado pela administração que praticou o ato
Anulação ou pelo Poder Judiciário quando provocado;
Efeitos ex tunc;
Incide sobre atos vinculados e discricionários.

Ato discricionário no qual convalida atos com defeitos


sanáveis;
Pode ser convalidado pela Administração que praticou o
Convalidação ato;
Efeitos ex tunc;
Incide sobre atos vinculados e discricionários.

Figura 6. Principais diferenças entre: revogação, anulação e convalidação.

Vou só comentar mais um detalhe bem discutido na doutrina que se


refere ao possível prazo decadencial de cinco anos de anular atos
administrativos ilegais, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé, previsto na Lei 9.784, de 1999, que regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
Segundo a doutrina, independente de o vício ser insanável ou não,
após esse prazo decadencial, a administração ficará impedida de anulá-lo,
continuando no mundo jurídico. Para a maioria, essa omissão da
administração de anular o ato ilegal, deixando decair o direito, trata-se de
convalidação, mesmo que não exista o ato de convalidação em si. Para
outros, não cabe denominar de convalidação e sim de consolidação ou
de estabilização do ato administrativo.
Por fim, para o STF, o prazo decadencial previsto na Lei em questão
não se aplica aqueles atos que vão de encontro aos comandos da
nossa Carta Magna, podendo, portanto, ser anulados a qualquer
momento.

Conversão

Por fim, vale lembrar mais um dispositivo utilizado pela


Administração chamado de conversão. Caso um ato administrativo possua

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um vício, sendo passível de anulação, a Administração poderá “converter”


esse ato viciado em um ato válido dentro de outra categoria legal, com
efeitos “ex tunc”.
Por exemplo: a administração poderá converter um contrato de
concessão, que não exigia licitação na modalidade concorrência, em um
contrato de permissão.
No exemplo citado, o contrato de concessão estava nulo por motivos
diversos, porém, a Administração, o substituiu, retroativamente, por outro
que enquadraria perfeitamente no ordenamento jurídico se assim tivesse
sido utilizado desde o início.
Pessoal, vamos resolver mais algumas questões sobre atos
administrativos para fixarmos o conteúdo da aula, ok?
21 - (CESPE - TJ-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2014) Os atos com
vício de forma ou finalidade são convalidáveis.

Como a finalidade é um elemento que deve sempre estar presente


em um ato vinculado, por ser definido por lei, não se aceita a convalidação
de atos com vícios de finalidade que se consideram insanáveis.
Os atos com vícios de forma poderão ser convalidados, assim como
os de competência. Dessa forma, o gabarito é questão errada, pois atos
com vício de finalidade não são convalidáveis.

22 - (CESPE - TC-DF - ACE – 2014) A convalidação supre o vício


existente na competência ou na forma de um ato administrativo,
com efeitos retroativos ao momento em que este foi
originariamente praticado.

Um ato com vício de ilegalidade poderá ser anulado ou convalidado,


com efeitos retroativos, ou seja, ex-tunc.
O vício será convalidado desde que recaia sobre os elementos
competência (quando for passível de delegação) ou forma (desde que
não seja essencial). Gabarito, portanto, questão correta.

23 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Caso determinado servidor,


no exercício de sua competência delegada, edite ato com vício
sanável, a autoridade delegante poderá avocar a competência e
convalidar o ato administrativo, independentemente da edição de
novo ato normativo.

Os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser


convalidados, caso não acarretem lesão ao interesse público nem prejuízo

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a terceiros. Os desfeitos sanáveis são observados nos seguintes elementos:


competência e forma.
O vício de competência deverá ser sanado desde que seja sanável e
que não seja considerada competência exclusiva. Gabarito, portanto,
questão correta.

24 - (CESPE - TJ-CE - TÉCNICO – 2014) A respeito de alguns


aspectos do ato administrativo, assinale a opção correta.
a) A administração tem o poder de revogar todos os atos
administrativos, desde que observadas a conveniência e a
oportunidade.
b) O ato discricionário é editado com base em um juízo de
conveniência e oportunidade do administrador e com a devida
demonstração do interesse público, o que dispensa o controle de
legalidade pelo Poder Judiciário.
c) Por meio da convalidação, os atos administrativos que
apresentam vícios são confirmados no todo ou em parte pela
administração, e, em caso de vício insanável, ao processo de
convalidação dá-se o nome de reforma.
d) Os atos de gestão da administração pública são regidos pelo
direito público.
e) Agente incompetente, vício de forma e desvio de finalidade são
fundamentos que podem resultar em anulação do ato
administrativo.

Apenas os atos discricionários podem ser revogados, desde que seja


com base na conveniência e oportunidade, gerando efeitos “ex-nunc”. A
letra A está errada.
A letra B também está errada, pois não há dispensa no controle de
legalidade pelo Poder Judiciário na edição de um ato discricionário.
A letra C está errada, pois, nos casos de vício insanáveis, não poderá
haver convalidação, mas somente a conversão, conforme o caso.
Os atos de gestão da administração pública são regidos pelo direito
privado, logo a letra D também está errada.
Por fim a letra E está correta e é o gabarito da questão. Quando a
competência exclusiva não for respeitada, quando houver vício de forma e
desvio de finalidade, o ato deverá ser anulado.

25 - (CESPE - SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – 2014) Caso a


administração seja suscitada a se manifestar acerca da construção
de um condomínio em área supostamente irregular, mas se tenha

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mantida inerte, essa ausência de manifestação da administração


será considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos,
independentemente de lei ou decisão judicial.

Pessoal, o silêncio da administração pública, quando seu dever for o


de se manifestar, não é considerado ato administrativo e sim, fato
administrativo.
É obrigação da administração se manifestar em processos
administrativos ou sobre qualquer solicitação ou reclamação baseada em
sua competência. Dessa forma, o gabarito é questão errada.

26 - (CESPE - SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – 2014) Se uma


secretaria de estado editar ato com vício sanável, que seja
detectado após a realização de auditoria interna, poderá haver a
convalidação desse ato com efeitos retroativos à data em que ele
for praticado.

Questão tranquila, não é verdade? Se o vício for sanável, a


administração poderá convalidar, e os efeitos retroagirão à data em que foi
praticado, isto é, são ex tunc. Gabarito, portanto, questão correta.

27 - (CESPE - PGE-BA – PROCURADOR) Os atos enunciativos, como


as certidões, por adquirirem os seus efeitos por lei, e não pela
atuação administrativa, não são passíveis de revogação, ainda que
por razões de conveniência e oportunidade.

Os atos enunciativos, como as certidões, ou seja, meramente


opinativos, não são passíveis de revogação.
Ora pessoal, é só lembrar de que a revogação retira atos
administrativos com a finalidade de não produzir mais efeitos do
ordenamento jurídico. Se um determinado ato já não produz nenhum efeito
jurídico, como os enunciativos, não caberia falar em revogação, não é
verdade? Dessa forma, o gabarito é questão correta.

28 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Incorre em vício de


forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da
qual se declare de utilidade pública um imóvel, para fins de
desapropriação, quando a lei exigir decreto.

Pessoal, o Decreto-Lei nº 3.365, de 1941, que trata sobre


desapropriações de imóveis, dispõe que “a declaração de utilidade pública

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far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor


ou Prefeito”.
Vejam que um imóvel poderá ser declarado de utilidade pública pelo
chefe do Poder Executivo por meio de decreto, e não de portaria, como
afirma o enunciado da questão.
Percebe-se que há, portanto, um vício de forma, pois não foi
respeitada a forma estipulada no Decreto-Lei, sendo considerado como ato
ilegal. Gabarito, dessa maneira, questão correta.

29 - (CESPE - ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2007)


Considere que um agente público da ANVISA lavrou auto de
infração contra determinada empresa, por violação de normas
jurídicas relativas à vigilância sanitária. Caso a autuação fosse
ilegal, ela poderia ser invalidada de ofício por autoridade
hierarquicamente superior ao agente que autuou a empresa.

De acordo com o princípio da autotutela, a administração poderá


anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais.
Isso o Supremo Tribunal Federal já confirmou por meio da Súmula n° 473,
justificando a ação informando que dos atos ilegais não se originam
direitos.
O STF também garantiu que tais atos também poderão ser apreciados
pelo judiciário. Dessa forma, o gabarito é questão correta.

30 - (CESPE - MPU – ANALISTA – ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO


TRABALHO – 2010) A competência constitui elemento ou requisito
do ato administrativo vinculado, cabendo, entretanto, ao próprio
órgão público estabelecer as suas atribuições.

A competência realmente é elemento (vinculado ou obrigatório) do


ato administrativo vinculado. Vale salientar que, além do ato vinculado, a
competência também é requisito para o ato discricionário.
Isso aí já poderia causar dúvida sobre a questão ser errada ou não.
Mas, como veremos, há um erro na questão bem mais “gritante”.
A questão peca quando diz que o próprio órgão público estabelecerá
as atribuições, pois a competência, que nada mais é do que as atribuições
e responsabilidades de um agente público, será conferida por meio de lei.
Desse modo, o gabarito é questão errada.

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31 - (CESPE - MPU - ANALISTA – BIOLOGIA – 2010) A legalidade


dos atos administrativos vinculados e discricionários está sujeita à
apreciação judicial.

O artigo 5 ° da CF/88, em seu inciso XXXV dispõe que:


“Art.5° (…)

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito”
Dessa forma, pode-se concluir que a legalidade dos atos
administrativos, tanto os vinculados, quanto os discricionários, estarão
sujeitos à apreciação judicial.
Além do mais, o STF já firmou entendimento, na Súmula de n° 473,
de que a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, no entanto, deverá respeitar a apreciação
judicial. Dessa maneira, o gabarito é questão correta.

32 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Sendo a revogação a extinção de um ato administrativo por
motivos de conveniência e oportunidade, é ela, por essência,
discricionária.

Pessoal, o que está escrito na questão está totalmente correto. Irei


só acrescentar algumas informações com a finalidade de deixar a questão
mais completa.
O que vocês devem ter em mente é que, com a revogação, extingue-
se um ato administrativo que era válido, mas que, por se tornar
inconveniente e inoportuno, resolveu-se tirá-lo do mundo jurídico.
Os efeitos dessa retirada se dão do momento da revogação para
frente, isto é, possui efeitos “ex nunc”.
Por fim, vale também saber que é impossível revogar alguns atos
administrativos, como:
 os que geram direitos adquiridos;
 os atos considerados vinculados;
 os atos que são apenas enunciativo no conteúdo;
 os atos que já se exauriram.
Dessa forma, o gabarito é questão correta.

33 - (CESPE - CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2013) Todos os atos


administrativos são imperativos e decorrem do que se denomina

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poder extroverso, que permite ao poder público editar provimentos


que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, interferindo na
esfera jurídica de outras pessoas, constituindo-as unilateralmente
em obrigações.

Antes de mais nada, a definição de poder extroverso nada mais é do


que a possibilidade de o Estado poder impor deveres de modo unilateral a
um particular ou a um administrado. Ele realiza tal poder quando fiscaliza
uma prestação de serviço, quando aplica normas e medidas fitossanitárias,
quando cobra impostos, por exemplo.
Diante disso, nota-se que nem todos os atos administrativos possuem
poder extroverso. Há atos administrativos em que o limite de alcance é os
seus próprios órgãos e entes. São exemplos os atos enunciativos, como os
atestados, os pareceres. Assim sendo, o gabarito é questão errada.

34 - (CESPE - CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2013) Se do atributo


da executoriedade do ato administrativo resultar dano ao particular
em razão de ilegitimidade ou abuso, o Estado estará obrigado a
indenizar o lesado, uma vez configurados a conduta danosa, o dano
e o nexo causal.

Se a autoexecutoriedade de um ato administrativo resultar em dano,


decorrente de conduta danosa de um agente, o Estado deverá indenizar o
lesado, pois decorre da responsabilidade objetiva, atualmente aceita no
nosso ordenamento jurídico.
Conforme dispôs o constituinte, no § 6° do artigo 37 da CF/88:
“Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
(...)
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Dessa forma, o Estado responde pelos danos causados a terceiros,
no entanto, ele tem a possibilidade de entrar com uma ação regressiva
contra o agente que causou o dano. Assim sendo, o gabarito é questão
correta.

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35 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato
administrativo a competência, o objeto, a forma, o motivo e a
finalidade.

Pessoal, já cansamos de ver em nossa aula os elementos dos atos


administrativos. Eles também são conhecidos por requisitos e são:

Requisitos dos atos adminsitrativos

Competência Finalidade Forma Motivo Objeto

Questão simples, não é verdade? O gabarito, portanto, é questão


correta.

36 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Em razão da característica da autoexecutoriedade, a
cobrança de multa aplicada pela administração não necessita da
intervenção do Poder Judiciário, mesmo no caso do seu não
pagamento.

A Administração tem o poder de executar seus atos de forma


imediata, sem a necessidade de obter autorização do Poder Judiciário,
previamente, para tal.
Desse modo, ela poderá aplicar uma multa, sim, independente de
obtenção prévia judicial. No entanto, após aplicar a multa, ela não poderá
coagir o administrado ao pagamento.
O Estado deverá buscar o cumprimento do pagamento de uma multa
por meio do Poder Judiciário. Assim, o gabarito é questão errada.

37 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Com base no princípio da autotutela administrativa, a

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administração pública pode revogar os seus atos discricionários,


independentemente do respeito aos direitos adquiridos.

Com fulcro no princípio da autotutela, a Administração pode


realmente revogar seus atos discricionários por motivos de conveniência e
oportunidade. Isso está correto.
No entanto, a questão possui um erro quando diz que a revogação
pode se dar nos atos discricionários, sem precisar respeitar os direitos
adquiridos. Isso não é verdade. Um dos pressupostos para que a revogação
seja legal é que ela respeite os direitos adquiridos.
Conforme a Súmula 473 da Suprema Corte:
“A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”
Desse modo, o gabarito é questão errada.

38 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) A administração está obrigada a divulgar informações a
respeito dos seus atos administrativos, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado e à
proteção da intimidade das pessoas.

Nesta questão, a banca Cespe se baseou no inciso XXXIII do artigo


5° da CF/88, senão vejamos:
“Art. 5°
(…)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.”
Vimos, nesse inciso, que tal direito pode ser restringido em casos de
o sigilo ser imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Mais a
frente, no inciso LX, o constituinte dispôs que só se poderá restringir esse
direito quando houver necessidade de defesa da intimidade ou se houver
interesse social cuja exigência justifique.

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Desse modo, o gabarito é questão correta.

39 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Se um agente editar ato administrativo em
desconformidade com súmula vinculante do STF, caberá
reclamação a esse tribunal, que, se julgá-la procedente, deverá
anular referido ato.

Como o próprio nome diz, a súmula vinculante, vinculará aos demais


órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal.
O parágrafo 3° do artigo 103-A da CF/88 dispõe ainda que:
“Art. 103 – A.
(…)
§3° Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal que, julgando-a procedente,
anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra
seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
conforme o caso.”
Dessa forma, caso o STF julgar procedente a reclamação poderá
anular o ato, conforme dispõe a questão, ou cassar a decisão judicial. O
gabarito, portanto, é questão correta.

40 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) O controle prévio dos atos administrativos do Poder
Executivo é feito exclusivamente pelo Poder Executivo, cabendo
aos Poderes Legislativo e Judiciário exercer o controle desses atos
somente após sua entrada em vigor.

O controle prévio dos atos administrativos, ou seja, aquele praticado


antes da execução do ato, pode ser realizado pelos 3 (três) Poderes. Seria
o caso, por exemplo, do ato de nomeação de ministros dos Tribunais
Superiores em que se exige a aprovação prévia pelo Senado Federal
(Controle Legislativo).
Há também o controle Judiciário como em expedição de liminares
com a finalidade de impedir a execução de um ato administrativo. Dessa
forma, o gabarito é questão errada.

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41 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO


– 2013) Os atos administrativos do Poder Executivo não são
passíveis de revogação pelo Poder Judiciário.

A anulação dos atos administrativos, quando sofrerem vícios na


legalidade, pode ser feita tanto pela Administração Pública, quanto pelo
Poder Judiciário.
No entanto, a revogação, que significa a retirada de um ato válido
por ele se tornar inoportuno e inconveniente, só pode ser realizada pela
própria Administração Pública, já que o judiciário não pode analisar o mérito
administrativo. Assim sendo, o gabarito é questão correta.

42 - (CESPE - PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA – 2012) No que se refere


aos requisitos de um ato administrativo, é considerado defeito
grave em relação ao sujeito a situação em que o particular, não
agente público, pratica ato privativo da Administração,
constituindo, inclusive, causa de nulidade da atuação
administrativa.

No caso relatado na questão, há um vício no requisito competência


de um ato administrativo. A questão não informa que a competência seja
exclusiva. Se fosse, o ato seria nulo, realmente. Mas como não diz, admite-
se o caso geral, em que um vício de competência é passível de
convalidação.
A banca dispõe que o ato deveria ser causa de nulidade, o que não é
verdade. Desse modo, o gabarito é questão errada.

43 - (CESPE - PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA – 2012) Em se tratando


das espécies dos atos administrativos, a renúncia à função pública
deve ser entendida como tipo de ato enunciativo.

Para a professora Marinela15 os atos enunciativos conceituam-se da


seguinte forma:
“São todos aqueles em que a Administração se
limita a certificar ou atestar um determinado fato,
ou então a emitir uma opinião acerca de um tema
definido. São exemplos a certidão, a emissão de
atestado e o parecer.”

15
(Marinela, 2012)

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Portanto, de acordo com os ensinamentos da autora, pode-se concluir


que a renúncia não é ato enunciativo. Vocês devem estar se perguntando
que tipo de ato seria, então, a renúncia. Pois bem, considera como um ato
negocial.
Na mesma obra, a autora conceitua os atos negociais conforme
transcrito abaixo:
“São aqueles que contêm uma declaração de
vontade da Administração coincidente com a
pretensão do particular, visando a concretizar os
atos jurídicos, nas condições previamente impostas
pela Administração Pública.”
Ora pessoal, a renúncia nada mais é do que um ato administrativo
que exclui a exigência de um dever pelo Estado, de forma unilateral, que
seria imposto a um particular pela Administração.
Dessa forma, a renúncia é considerada um ato negocial. Outro
exemplo de ato negocial seria a emissão de alvarás pela Administração.
Assim sendo, o gabarito é questão errada.

44 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) A


coercibilidade e a imperatividade não permeiam os atos negociais.

Pessoal, já vimos no conceito de atos negociais que eles são


considerados como aqueles de necessidades semelhantes entre a
Administração e o particular.
Pelo que já estudamos de coercibilidade e imperatividade, nota-se
que a questão confirma a impermeabilidade entre esse tipo de ato e os
atributos citados, que se caracterizam pela imposição de obrigações a
terceiros, mesmo que eles não concordem. Por isso, o gabarito é questão
correta.

45 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) A declaração


de nulidade do ato administrativo produzirá efeitos ex nunc.

A revogação de um ato administrativo, por motivos de conveniência


e oportunidade, possui efeitos ex nunc, isto é, a partir da declaração de
revogação do ato para frente.
A declaração de nulidade do ato administrativo, que se encontrava
eivado de vícios de ilegalidade, produz efeitos ex tunc, isto é, desde a
edição do ato e pode ser realizada tanto pela Administração quanto pelo
Poder Judiciário. Dessa forma, o gabarito é questão errada.

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46 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) Mesmo os


atos administrativos sendo autoexecutáveis, ou seja, podendo ser
executados sem prévia autorização judicial — como ocorre no caso
de demolição de obras realizadas por particulares em terras
públicas —, nada impede que o interessado provoque o Poder
Judiciário visando a anulação do ato.

Pessoal, nada afasta a apreciação pelo Poder Judiciário. Já está


previsto na nossa Carta Magna que a ninguém a lei excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.
Até mesmo os atos autoexecutáveis, que são aqueles que
independem de autorização do Judiciário para existir no ordenamento
jurídico, podem ser revistos pelo juiz. Desse modo, o gabarito é questão
correta.

47 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012)


Em se tratando de ato vinculado, a administração pública está
obrigada a conceder o que seja requerido pelo particular, se ele
cumprir todas as condições necessárias para a prática do ato.

Pessoal, como já sabemos, os atos vinculados devem ser realizados


desde que as condições feitas, por meio de lei, sejam satisfeitas por quem
o solicita. Não há, portanto, espaço para que o agente público
discricionariamente decida por não praticar um ato vinculado.
Dessa forma, a Administração Pública deve, sim, conceder o que for
requerido pelo particular, o que tora o gabarito ser questão correta.

48 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012)


A competência para a prática dos atos administrativos depende
sempre de previsão constitucional ou legal: quando prevista na CF,
é denominada competência primária e, quando prevista em lei
ordinária, competência secundária.

A competência para a prática de um ato administrativo será


denominada competência primária quando for prevista na Constituição
Federal e em leis.
Já a competência para a prática de um ato administrativo será
denominada competência secundária quando for prevista em decretos e
resoluções, que são tipos de normas infralegais. Desse modo, o gabarito é
questão errada.

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49 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012)


Os atos administrativos ordinatórios obrigam os particulares.

Mais uma vez, recorremos aos ensinamentos da Marinela16 para


respondermos essa questão. Para a professora, os atos administrativos
ordinatório são:
“aqueles que visam a disciplinar o funcionamento
da administração e a conduta funcional dos seus
agentes, representando exercício do poder
hierárquico do Estado.”
Conforme se pode observar, os atos administrativos não obrigam os
particulares, mas sim os seus agentes. Como exemplos desse tipo de ato
têm-se: despachos, ordem de serviços, portarias. Assim sendo, o gabarito
é questão errada.

50 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) A anulação


de um ato administrativo depende de determinação do Poder
Judiciário. A revogação, por outro lado, pode se dar por meio de
processo administrativo.

Pessoal, já estudamos em nossa aula o princípio da autotutela da


Administração, não foi? De acordo com esse princípio, a Administração
pode rever seus atos administrativos.
Dessa revisão, a Administração poderá anular os atos que estiverem
com vício de legalidade (mesmo sem a manifestação do Poder Judiciário),
com também poderá revogar algum ato que se mostrar inconveniente e
inoportuno.
Portanto, tanto a anulação, quanto a revogação de um ato
administrativo podem se dar por meio de processo administrativo. Dessa
maneira, o gabarito é questão errada.

51 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINSITRATIVO – 2012) É o atributo


da autoexecutoriedade o que permite à administração pública
aplicar multas de trânsito ao condutor de um veículo particular.

Questão maldosa essa da banca. O princípio da autoexecutoriedade


não permite que a Administração Pública aplique multa de trânsito.

16
(Marinela, 2012)

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O que permite tal conduta é o princípio da exigibilidade, que nada


mais é do que uma subdivisão daquele princípio, que significa a capacidade
de a Administração “exigir” algum ato perante terceiros.
A outra subdivisão da autoexecutoriedade é a executoriedade que é
a capacidade de a Administração executar seus atos sem a necessidade de
autorização prévia do Judiciário. O gabarito, portanto, é questão errada.

52 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) Nem toda


ação da administração pública é considerada ato administrativo, a
exemplo daquelas praticadas pelas empresas públicas e sociedades
de economia mista.

Todas as ações praticadas pela Administração Pública podem ser


consideradas como atos da administração. Nota-se, a partir disso, que o
conceito de atos da administração é bem amplo e engloba os atos
praticados pela Administração, como os atos administrativos, os atos
materiais atos regidos pelo direito privado.
Dessa forma, nem toda ação da administração pública é considerada
um ato administrativo, como afirma o enunciado. O gabarito, portanto, é
questão correta.

53 - (CESPE - TJ-AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2012) Ao praticar


um ato vinculado, a administração goza de certa margem de
discricionariedade, pois a lei regulou a matéria de modo a
possibilitar apreciação carregada de certo subjetivismo.

Os atos vinculados, conforme já vimos, estão limitados pela lei, que


define os critérios de ação, sem dar possibilidade de liberdade de atuação
do agente público.
No entanto, vale salientar que as bancas podem afirmar que, dentro
de um prazo dado pela lei, o administrador tem a liberdade de agir. Isto é,
ele pode definir em qual dia praticará aquilo que o ato determinar, claro
que dentro do prazo que lei autorizou. Isso é verdade.
Pessoal, mas não é disso que a banca fala no enunciado da questão
quando informa que há certa margem de discricionariedade e, a partir
disso, se permitir um certo subjetivismo.
Não se permite nenhum subjetivismo nos atos vinculados. O agente
deve praticar aquilo que a lei determinar sempre. O gabarito, assim, é
questão errada.

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54 - (CESPE - TJ-AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2012) Presume-se


legal o ato administrativo emanado de autoridade pública
competente.

O atributo do ato administrativo “presunção de legitimidade”


pressupõe que todo ato seja verdadeiro e válido. Claro que a presunção
não é absoluta e, sim, relativa, pois se permite a prova ao contrário.
No entanto, quem deve provar que um ato não esteja dentro da
legalidade é o administrado. O gabarito, portanto, é questão correta.

55 - (CESPE - ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Os atos


materiais da administração, de mera execução, enquadram-se no
conceito de ato administrativo propriamente dito.

Essa questão pode ser respondida observando os ensinamentos da


professora Marinela17, senão vejamos:
“ Os atos administrativos podem ser:
a) atos privados da Administração, como, por
exemplo: a doação, a permuta, a compra e venda e
a locação;
b) atos materiais: que são condutas que não
contêm manifestação de vontade, consistindo
apenas em uma execução, como a demolição de
uma casa, a apreensão de mercadoria, a realização
de um serviço, configurando fatos administrativos e
não atos administrativos;
c) atos administrativos.”
Dessa forma, os atos materiais, ou de mera execução, não se
enquadram no conceito de ato administrativo propriamente dito. O
gabarito, portanto, é questão errada.

56 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) O


atributo da presunção de legitimidade é o que autoriza a ação
imediata e direta da administração pública nas situações que
exijam medida urgente.

A questão refere-se ao atributo denominado de autoexecutoriedade


e não presunção de legitimidade. Neste, o ato presume-se legal e válido,
permitindo-se prova em contrário.

17
(Marinela, 2012)

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Já naquele, permite-se que se execute o ato imediatamente, sem


precisar de autorização judicial. O gabarito, portanto, é questão correta.

57 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO –


2011) A razoabilidade funciona como limitador do poder
discricionário do administrador.

O princípio da razoabilidade é considerado um princípio que adequa


os meios e os fins de modo a garantir que um ato administrativo não seja
praticado desmedidamente pelo agente público competente para tal.
Segundo o ilustre autor Justen Filho18:
“O princípio da razoabilidade não equivale à
adoção da conveniência como critério
hermenêutico. O que se busca é afastar soluções
que embora fundadas na razão, sejam
incompatíveis com o espírito do sistema.”
Pessoal, o que o autor dispõe é exatamente o que o comando da
questão diz. Isto é, o princípio da razoabilidade impede que o administrador
público se utilize demasiadamente da discricionariedade que tem sobre os
atos discricionários.
É, portanto, um contrapeso, evitando que o agente público, com a
desculpa de ser conveniente para o Estado ou para a sociedade exagere na
dose de aplicação do poder discricionário. Desse modo, o gabarito é
questão correta.

58 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO –


2011) O ato discricionário não está sujeito à apreciação do Poder
Judiciário.

Já fora dito algumas vezes em nossa aula que nada afasta a


apreciação de um ato administrativo pelo Poder Judiciário. Inclusive, o STF
já se pronunciou sobre o tema, elaborando a súmula 473, na qual se prega
que:
“A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.”

18
(Justen Filho, 2012)

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Questão tranquila, não é verdade? O gabarito, portanto é item


errado.

59 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO –


2011) Delegação não transfere competência, mas somente, e em
caráter temporário, transfere o exercício de parte das atribuições
do delegante.

Essa questão pode ser respondida primeiramente dizendo que o


requisito competência de um ato administrativo é vinculado e, também,
intransferível.
Dessa forma, a delegação transfere a execução de parte funções do
delegante. Delegação esta que pode ser desfeita a qualquer momento por
quem tem a competência para agir. O gabarito, portando, é questão
correta.

60 - (CESPE - TCU – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO – 2012) Os


atos praticados por servidor irregularmente investido na função —
situação que caracteriza a função de fato — são considerados
inexistentes.

Quando alguém for irregularmente investido em uma função pública,


isto é, quando estiver em uma função de fato, e a partir daí praticar atos
administrativos, ele estará agindo de acordo com o que a doutrina
considera de “teoria da aparência”.
Segundo os autores Alexandrino & Paulo19, o tema é abordado da
seguinte forma:
“Na hipótese de função de fato, em virtude da
“teoria da aparência” (a situação, para os
administrados, tem total aparência de legalidade,
de regularidade), o ato é considerado válido, ou,
pelo menos, são considerados válidos os efeitos por
ele produzidos ou dele decorrentes”.
Desse modo, o gabarito é questão errada, pois os atos praticados por
servidor investido em função de fato é considerado existente, sim.

61 - (CESPE - TCU – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO – 2012) A


celebração de um contrato de abertura de conta corrente entre um

19
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)

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banco público e um particular pessoa física é exemplo de ato


administrativo.

A celebração de um contrato de abertura de conta corrente é um ato


bilateral, em que ambas as partes manifestam suas vontades. O ato
administrativo é a manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública, logo nada se assemelha ao exemplo que o comando da questão
traz.
A celebração de um contrato é considerada, portanto, de atos da
administração, e não atos administrativos. Desse modo, o gabarito é
questão errada.

62 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO –


2011) Delegação não transfere competência, mas somente, e em
caráter temporário, transfere o exercício de parte das atribuições
do delegante.

Já vimos esse assunto em outros momentos de nossa aula, não é


verdade. Já estudamos que o requisito competência é intransferível.
No entanto, a Administração pode delegar parte das atribuições do
delegante. E essa delegação é concedida com prazo certo para terminar,
mas também pode ser retirada a qualquer momento pelo agente
competente pela prática do ato administrativo, isto é, pode sofre revogação
antes do fim do prazo.
Vale apenas lembrar que a Lei 9.784, de 1999, que regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, dispõe, no
artigo 13, que é proibido ser objeto de delegação: a edição de atos
normativos; a decisão de recursos administrativos, e as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade. O gabarito, portanto, é
questão correta.

63 - (CESPE - ANATEL – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012)


Embora tenha competência para analisar a legalidade dos atos
administrativos, o Poder Judiciário não a tem relativamente ao
mérito administrativo desses atos.

Questão já batida, não é mesmo? Já vimos que o Poder Judiciário


pode analisar a ilegalidade de qualquer ato administrativo, seja vinculado,
seja discricionário.
No entanto, esse Poder não tem competência para analisar o mérito
do ato administrativo, logo não pode decidir por revogar um ato por ele se

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tornar inconveniente ou inoportuno no ordenamento jurídico. O gabarito,


portanto, é questão certa.

64 - (CESPE - ANATEL – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) A


anulação de ato administrativo será aplicada ao ato que, mesmo
válido, legítimo, perfeito, venha a se tornar inconveniente,
inoportuno ou desnecessário.

Quando um ato, mesmo válido, legítimo, perfeito, vier a se tornar


inconveniente e inoportuno ou desnecessário, ele será extinto do
ordenamento jurídico por meio do instituto denominado de revogação e não
de anulação.
Dessa forma, o gabarito é questão errada.

65 - (CESPE - ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Josué,


servidor público de um órgão da administração direta federal, ao
determinar a remoção de ofício de Pedro, servidor do mesmo órgão
e seu inimigo pessoal, apresentou como motivação do ato o
interesse da administração para suprir carência de pessoal. Embora
fosse competente para a prática do ato, Josué, posteriormente,
informou aos demais servidores do órgão que a remoção foi, na
verdade, uma forma de nunca mais se deparar com Pedro, e que o
caso serviria de exemplo para todos. A afirmação, porém, foi
gravada em vídeo por um dos presentes e acabou se tornando
pública e notória no âmbito da administração.
Pedro não poderá ingressar em juízo visando a anulação do ato
administrativo, visto que é proibido, em qualquer hipótese, o
exame pelo Poder Judiciário da conveniência e oportunidade de
atos administrativos.

A questão trata da teoria dos motivos determinantes. Essa teoria


vincula a prática do ato ao verdadeiro motivo para tal. Se quem realizar o
ato, o fizer expondo motivos inverídicos, estará praticando em ilegalidade.
E, como a apreciação da legalidade não pode ser afastada do Poder
Judiciário, Pedro poderá, sim, ingressar em juízo, visando a anulação do
ato administrativo, cabendo a ele provar que o ato praticado por Josué
possuía vício de legalidade.
Dessa forma, a questão possui dois erros. O primeiro, nós acabamos
de expor: Pedro poderá ingressar em juízo visando à anulação do ato
administrativo.
O segundo, aparece no final da frase. O exame pelo Poder Judiciário
será em cima dos vícios de legalidade e não sobre o mérito administrativo,

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onde se observaria a conveniência e a oportunidade. O gabarito, portanto,


é questão errada.

66 - (CESPE - ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Ainda


que as verdadeiras intenções de Josué nunca fossem reveladas,
caso Pedro conseguisse demonstrar a inexistência de carência de
pessoal que teria ensejado a sua remoção, por força da teoria dos
motivos determinantes, o falso motivo indicado por Josué como
fundamento para a prática do ato afastaria a presunção de
legitimidade do ato administrativo e tornaria a remoção ilegal.

Conforme se ficou comprovado na questão, o real motivo para a


remoção de Pedro não foi a carência de pessoal. Dessa forma, por força da
teoria dos motivos determinantes, a remoção não atende ao atributo da
presunção da legalidade e, portanto, após comprovação por parte do
prejudicado de que o ato fora praticado de forma ilegal, ele será
devidamente anulado.
O gabarito, desse modo, é questão correta.

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Lista de Questões Trabalhadas na Aula.

1 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) O aluguel, pelo TCDF, de espaço


para ministrar cursos de especialização aos seus servidores constitui ato
administrativo, ainda que regido pelo direito privado.

2 - (CESPE - TC-DF - ANALISTA – 2014) Os atos administrativos praticados


pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário submetem-se ao regime
jurídico administrativo.

3 - (CESPE - TC-DF - ACE – 2014) A presunção de legitimidade é atributo


de todos os atos da administração, inclusive os de direito privado, dada a
prerrogativa inerente aos atos praticados pelos agentes integrantes da
estrutura do Estado.

4 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) Caso seja fornecida certidão, a


pedido de particular, por servidor público do quadro do MTE, é correto
afirmar que tal ato administrativo possui presunção de veracidade e, caso
o particular entenda ser falso o fato narrado na certidão, inverte-se o ônus
da prova e cabe a ele provar, perante o Poder Judiciário, a ausência de
veracidade do fato narrado na certidão.

5 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) A prerrogativa de presunção


de veracidade dos atos da administração pública autoriza a aplicação de
penalidade disciplinar a servidor público com base na regra da verdade
sabida.

6 - (CESPE - ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Em razão do


princípio da legalidade que vincula a administração, os atos administrativos
possuem presunção absoluta de legitimidade.

7 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR- 2014) O ato de exoneração do


ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, sob pena de
invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato administrativo:
o motivo.

8 - (CESPE - PC-AL – DELEGADO DE POLÍCIA – 2012) Não é possível, nos


atos administrativos, haver a dispensa de sua motivação.

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9 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) Os atos


vinculados são insuscetíveis de revogação pela administração pública.

10 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012) Para a


formação do ato administrativo composto, é necessária mais de uma
manifestação de vontade, devendo as manifestações ser equivalentes entre
si, ou seja, são necessárias manifestações de vontade de mesmo valor.

11 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Não são passíveis de


questionamento por via recursal os atos administrativos de mero
expediente.

12 - (CESPE - MDIC – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2014) Suponha que


determinado ato administrativo, percorrido seu ciclo de formação, tenha
produzido efeitos na sociedade e, posteriormente, tenha sido reputado,
pela própria administração pública, desconforme em relação ao
ordenamento jurídico. Nesse caso, considera-se o ato perfeito, eficaz e
inválido.

13 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) A licença para


tratar de interesses particulares, prevista na Lei n.º 8.112/1990, exemplo
de ato discricionário, pode ser revogada pela administração pública.

14 - (CESPE - MEC – TODOS OS CARGOS – 2014) A revogação do ato


administrativo por motivo de conveniência e (ou) de oportunidade, casos
em que se manifesta a discricionariedade administrativa, produz efeitos ex
nunc a partir da revogação.

15 - (CESPE - TC-DF – TÉCNICO – 2014) Considere que determinado


secretário de Estado do DF tenha editado um ato administrativo que,
embora legal, tenha gerado controvérsia entre os servidores do órgão.
Nessa situação, havendo mudança da titularidade do cargo, novo secretário
poderá revogar, com efeito retroativo, o referido ato administrativo.

16 - (CESPE - MTE - AFT – 2013) A revogação de um ato administrativo


produz efeitos retroativos à data em que ele tiver sido praticado.

17 - (CESPE - MTE - AFT – 2013) Considere a seguinte situação hipotética.


A administração pública reajustou o vencimento de um servidor público,
interpretando equivocadamente determinada lei, circunstância que
implicou pagamento indevido a esse servidor. Ao constatar o erro, a
administração anulou o ato.

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Nessa situação hipotética, segundo entendimento do STJ, os valores


indevidamente pagos deverão ser descontados do servidor público,
presumindo-se a sua má-fé quanto ao recebimento das quantias.

18 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) A revogação


de um ato administrativo ocorre nos casos em que esse ato seja ilegal.

19 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Ato administrativo de manifesto


conteúdo discriminatório editado por ministério poderá ser invalidado, com
efeitos retroativos, tanto pela administração como pelo Poder Judiciário,
ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.

20 - (CESPE - TC-DF - ANALISTA – 2014) Se a aplicação da multa for


indevida, a administração tem o poder de anulá-la, de ofício,
independentemente de provocação do interessado.

21 - (CESPE - TJ-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2014) Os atos com vício de


forma ou finalidade são convalidáveis.

22 - (CESPE - TC-DF - ACE – 2014) A convalidação supre o vício existente


na competência ou na forma de um ato administrativo, com efeitos
retroativos ao momento em que este foi originariamente praticado.

23 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Caso determinado servidor, no


exercício de sua competência delegada, edite ato com vício sanável, a
autoridade delegante poderá avocar a competência e convalidar o ato
administrativo, independentemente da edição de novo ato normativo.

24 - (CESPE - TJ-CE - TÉCNICO – 2014) A respeito de alguns aspectos do


ato administrativo, assinale a opção correta.
a) A administração tem o poder de revogar todos os atos administrativos,
desde que observadas a conveniência e a oportunidade.
b) O ato discricionário é editado com base em um juízo de conveniência e
oportunidade do administrador e com a devida demonstração do interesse
público, o que dispensa o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
c) Por meio da convalidação, os atos administrativos que apresentam vícios
são confirmados no todo ou em parte pela administração, e, em caso de
vício insanável, ao processo de convalidação dá-se o nome de reforma.
d) Os atos de gestão da administração pública são regidos pelo direito
público.

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e) Agente incompetente, vício de forma e desvio de finalidade são


fundamentos que podem resultar em anulação do ato administrativo.

25 - (CESPE - SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – 2014) Caso a administração


seja suscitada a se manifestar acerca da construção de um condomínio em
área supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausência
de manifestação da administração será considerada ato administrativo e
produzirá efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.

26 - (CESPE - SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – 2014) Se uma secretaria de


estado editar ato com vício sanável, que seja detectado após a realização
de auditoria interna, poderá haver a convalidação desse ato com efeitos
retroativos à data em que ele for praticado.

27 - (CESPE - PGE-BA – PROCURADOR) Os atos enunciativos, como as


certidões, por adquirirem os seus efeitos por lei, e não pela atuação
administrativa, não são passíveis de revogação, ainda que por razões de
conveniência e oportunidade.

28 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Incorre em vício de forma


a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da qual se declare
de utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação, quando a lei
exigir decreto.

29 - (CESPE - ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2007) Considere


que um agente público da ANVISA lavrou auto de infração contra
determinada empresa, por violação de normas jurídicas relativas à
vigilância sanitária. Caso a autuação fosse ilegal, ela poderia ser invalidada
de ofício por autoridade hierarquicamente superior ao agente que autuou a
empresa.

30 - (CESPE - MPU – ANALISTA – ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO


TRABALHO – 2010) A competência constitui elemento ou requisito do ato
administrativo vinculado, cabendo, entretanto, ao próprio órgão público
estabelecer as suas atribuições.

31 - (CESPE - MPU - ANALISTA – BIOLOGIA – 2010) A legalidade dos atos


administrativos vinculados e discricionários está sujeita à apreciação
judicial.

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32 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Sendo a revogação a extinção de um ato administrativo por motivos
de conveniência e oportunidade, é ela, por essência, discricionária.

33 - (CESPE - CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2013) Todos os atos


administrativos são imperativos e decorrem do que se denomina poder
extroverso, que permite ao poder público editar provimentos que vão além
da esfera jurídica do sujeito emitente, interferindo na esfera jurídica de
outras pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações.

34 - (CESPE - CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2013) Se do atributo da


executoriedade do ato administrativo resultar dano ao particular em razão
de ilegitimidade ou abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado,
uma vez configurados a conduta danosa, o dano e o nexo causal.

35 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato
administrativo a competência, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade.

36 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de
multa aplicada pela administração não necessita da intervenção do Poder
Judiciário, mesmo no caso do seu não pagamento.

37 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Com base no princípio da autotutela administrativa, a administração
pública pode revogar os seus atos discricionários, independentemente do
respeito aos direitos adquiridos.

38 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) A administração está obrigada a divulgar informações a respeito dos
seus atos administrativos, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado e à proteção da
intimidade das pessoas.

39 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Se um agente editar ato administrativo em desconformidade com
súmula vinculante do STF, caberá reclamação a esse tribunal, que, se julgá-
la procedente, deverá anular referido ato.

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40 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) O controle prévio dos atos administrativos do Poder Executivo é feito
exclusivamente pelo Poder Executivo, cabendo aos Poderes Legislativo e
Judiciário exercer o controle desses atos somente após sua entrada em
vigor.

41 - (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) – ANALISTA JUDICIÁRIO –


2013) Os atos administrativos do Poder Executivo não são passíveis de
revogação pelo Poder Judiciário.

42 - (CESPE - PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA – 2012) No que se refere aos


requisitos de um ato administrativo, é considerado defeito grave em relação
ao sujeito a situação em que o particular, não agente público, pratica ato
privativo da Administração, constituindo, inclusive, causa de nulidade da
atuação administrativa.

43 - (CESPE - PC-AL – AGENTE DE POLÍCIA – 2012) Em se tratando das


espécies dos atos administrativos, a renúncia à função pública deve ser
entendida como tipo de ato enunciativo.

44 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) A coercibilidade e a


imperatividade não permeiam os atos negociais.

45 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) A declaração de


nulidade do ato administrativo produzirá efeitos ex nunc.

46 - (CESPE - PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2012) Mesmo os atos


administrativos sendo autoexecutáveis, ou seja, podendo ser executados
sem prévia autorização judicial — como ocorre no caso de demolição de
obras realizadas por particulares em terras públicas —, nada impede que o
interessado provoque o Poder Judiciário visando a anulação do ato.

47 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012) Em se


tratando de ato vinculado, a administração pública está obrigada a
conceder o que seja requerido pelo particular, se ele cumprir todas as
condições necessárias para a prática do ato.

48 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012) A


competência para a prática dos atos administrativos depende sempre de
previsão constitucional ou legal: quando prevista na CF, é denominada

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competência primária e, quando prevista em lei ordinária, competência


secundária.

49 - (CESPE - TCE-ES – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – 2012) Os atos


administrativos ordinatórios obrigam os particulares.

50 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) A anulação de um


ato administrativo depende de determinação do Poder Judiciário. A
revogação, por outro lado, pode se dar por meio de processo
administrativo.

51 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINSITRATIVO – 2012) É o atributo da


autoexecutoriedade o que permite à administração pública aplicar multas
de trânsito ao condutor de um veículo particular.

52 - (CESPE - PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – 2012) Nem toda ação da


administração pública é considerada ato administrativo, a exemplo
daquelas praticadas pelas empresas públicas e sociedades de economia
mista.

53 - (CESPE - TJ-AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2012) Ao praticar um ato


vinculado, a administração goza de certa margem de discricionariedade,
pois a lei regulou a matéria de modo a possibilitar apreciação carregada de
certo subjetivismo.

54 - (CESPE - TJ-AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2012) Presume-se legal o


ato administrativo emanado de autoridade pública competente.

55 - (CESPE - ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Os atos


materiais da administração, de mera execução, enquadram-se no conceito
de ato administrativo propriamente dito.

56 - (CESPE - ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) O atributo da


presunção de legitimidade é o que autoriza a ação imediata e direta da
administração pública nas situações que exijam medida urgente.

57 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO – 2011)


A razoabilidade funciona como limitador do poder discricionário do
administrador.

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58 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO – 2011)


O ato discricionário não está sujeito à apreciação do Poder Judiciário.

59 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO – 2011)


Delegação não transfere competência, mas somente, e em caráter
temporário, transfere o exercício de parte das atribuições do delegante.

60 - (CESPE - TCU – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO – 2012) Os atos


praticados por servidor irregularmente investido na função — situação que
caracteriza a função de fato — são considerados inexistentes.

61 - (CESPE - TCU – TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO – 2012) A


celebração de um contrato de abertura de conta corrente entre um banco
público e um particular pessoa física é exemplo de ato administrativo.

62 - (CESPE - TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO – 2011)


Delegação não transfere competência, mas somente, e em caráter
temporário, transfere o exercício de parte das atribuições do delegante.

63 - (CESPE - ANATEL – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) Embora


tenha competência para analisar a legalidade dos atos administrativos, o
Poder Judiciário não a tem relativamente ao mérito administrativo desses
atos.

64 - (CESPE - ANATEL – ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2012) A anulação


de ato administrativo será aplicada ao ato que, mesmo válido, legítimo,
perfeito, venha a se tornar inconveniente, inoportuno ou desnecessário.

65 - (CESPE - ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Josué,


servidor público de um órgão da administração direta federal, ao
determinar a remoção de ofício de Pedro, servidor do mesmo órgão e seu
inimigo pessoal, apresentou como motivação do ato o interesse da
administração para suprir carência de pessoal. Embora fosse competente
para a prática do ato, Josué, posteriormente, informou aos demais
servidores do órgão que a remoção foi, na verdade, uma forma de nunca
mais se deparar com Pedro, e que o caso serviria de exemplo para todos.
A afirmação, porém, foi gravada em vídeo por um dos presentes e acabou
se tornando pública e notória no âmbito da administração.
Pedro não poderá ingressar em juízo visando a anulação do ato
administrativo, visto que é proibido, em qualquer hipótese, o exame pelo
Poder Judiciário da conveniência e oportunidade de atos administrativos.

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66 - (CESPE - ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Ainda que as


verdadeiras intenções de Josué nunca fossem reveladas, caso Pedro
conseguisse demonstrar a inexistência de carência de pessoal que teria
ensejado a sua remoção, por força da teoria dos motivos determinantes, o
falso motivo indicado por Josué como fundamento para a prática do ato
afastaria a presunção de legitimidade do ato administrativo e tornaria a
remoção ilegal.

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Gabaritos
1. E 23. C 45. E
2. C 24. E 46. C
3. C 25. E 47. C
4. C 26. C 48. E
5. E 27. C 49. E
6. E 28. C 50. E
7. E 29. C 51. E
8. E 30. E 52. C
9. C 31. C 53. E
10. E 32. C 54. C
11. C 33. E 55. E
12. C 34. C 56. C
13. C 35. C 57. C
14. C 36. E 58. E
15. E 37. E 59. C
16. E 38. C 60. E
17. E 39. C 61. E
18. E 40. E 62. C
19. C 41. C 63. C
20. C 42. E 64. E
21. E 43. E 65. E
22. C 44. C 66. C

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Bibliografia
Alexandrino, M., & Paulo, V. (2009). Direito administrativo descomplicado.
São Paulo: Forense.
Alexandrino, M., & Paulo, V. (2014). Direito Administrativo Descomplicado.
Rio de Janeiro : Forense; São Paulo: Método.
Gasparini, D. (2012). Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva.
Justen Filho, M. (2012). Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte:
Fórum.
Marinela, F. (2012). Direito Administrativo. Niterói: Ímpetus.
Mazza, A. (2011). Manual de direito administrativo (1° Ed. ed.). São Paulo:
Saraiva.

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