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*MÓDULO 1* cultural e geograficamente”. Essa diversificação na


sociedade faz com que surja na língua a variação
Noções de variação linguística linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação
(formal ou informal), o grupo social a que o falante
Introdução pertence, a região e a época em que vive caracterizam o
modo de um brasileiro expressar-se em português.
Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase
De maneira bastante simplificada, podemos
em verificar se o candidato conhece os diferentes usos
considerar a existência de três tipos gerais de variação,
possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto
conforme mostra o quadro:
partindo da leitura do texto abaixo.

TIPO ASPECTO AO QUAL


Sketch - Dois homens tramando um assalto SE RELACIONA
idade, sexo, escolaridade,
— Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis condições econômicas do
vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o Variação sociocultural
falante e grupo social do qual
cara de chumbo. Pra arejá. ele faz parte
— Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e região em que o falante vive
Variação geográfica
pegá. durante um certo tempo
— Tá com o berro aí? tempo (época) em que o
Variação histórica
— Tá na mão. falante vive
Aparece um guarda.
— Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
— Discordo terminantemente. O imperativo
categórico de Hegel chega a Marx diluído pela
fenomenologia de Feurbach.
— Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer
que Kierkegaard não passa de um Kant com
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000.
século 18...  O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira),
O guarda se afasta. que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o
personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do
— O berro, tá recheado? outro personagem.
— Tá.
— Então vamlá! Variação sociocultural
A maneira como utilizamos a linguagem (como nos
VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998. expressamos) é formada no convívio com outras pessoas
que fazem parte do nosso grupo social. Assim,
normalmente nos expressamos de acordo com nossa
No texto acima, notamos que os dois ladrões formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada
conhecem tanto as diferentes formas de falar o ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É
português como as implicações que cada forma traz. claro que, assim como existe uma certa mobilidade social
Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida
outras, por isso alteram o modo de falar na presença do podemos incorporar modos de expressão diferentes, à
guarda. medida que vamos mudando de ambiente e
Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por reconstruindo nossa história de vida.
isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o A variante social mais notável é a que existe entre
importante para o falante será perceber em que contexto pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma
ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma pessoa da classe A não falará como alguém da classe C.
entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na
falante opte por uma variante diferente daquela que ele escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa
usa para bater papo com seus amigos. estará do que conhecemos por norma culta. Isto se
A concepção moderna de língua, segundo Celso explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a
Cunha em sua Nova gramática do português linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é
contemporâneo, coloca-a “como instrumento de considerada a de maior “prestígio”..., concorda?
comunicação social, maleável e diversificado em todos Relacionada a esse tipo de variação está aquela que
os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que
vivem em sociedades também diversificadas social, pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista
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financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar Variação histórica


culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de
Ao ler textos escritos em português há cem anos, por
linguagem.
exemplo, você certamente sentirá um certo
Outro tipo importante e interessante de variação
linguística é aquele que aparece quando confrontamos estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e
gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal
fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada publicado na semana passada, por exemplo. Isso
geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso acontece porque as línguas variam com o tempo. O
é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em
linguístico que aparece quando estudamos as variações nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê.
entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos
número de expressões, uma certa maneira de falar, para essas diferenças quando nos deparamos com livros
marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior. cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há
Para cada situação de expressão da nossa cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas
linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe.
utilizamos em situações em que não nos preocupamos
tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de
Variação histórica acontece porque a língua vai
nível informal; ao nível que utilizamos em situações de
recebendo transformações na forma de falar, novas
comunicação que exigem uma linguagem mais próxima
palavras, novas grafias e novos sentidos para palavras
da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível
já existentes.
formal e o informal, podemos ter vários níveis
intermediários.
Norma culta e adequação da linguagem
Variação sociocultural, portanto, é aquela que se Você deve ter notado, então, que a língua possui
manifesta quando o uso da língua é marcado por diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a
diferenças conforme a classe socioeconômica, o grau língua na escola, adotamos uma determinada variante
de instrução, a geração ou a situação de comunicação
que serve como referência. Essa variante-padrão, ao
em que se encontra o falante.
longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo
conhecida como a norma culta da língua.
Variação geográfica Norma culta da língua é a chamada variante-padrão
Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada
diferentes. A essas características próprias da fala de um pelas pessoas que compõem a chamada elite da
determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba
regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino
sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão
região agrupam-se em torno de um centro populacional para situações formais e na comunicação escrita na
economicamente ou politicamente mais relevante e sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a
assumem o dialeto característico do local. Assim, um norma culta também muda, de acordo com as
carioca irá se expressar com o r chiado característico do
modificações que ela sofre no seu uso.
Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um
Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais
r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por
são as situações em que ele deve seguir essa variante-
diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à
-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais
estrutura das frases e até aos significados das palavras.
popular.
Com o passar dos anos e o avanço dos meios de
comunicação sobre todo o território brasileiro, as
diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As Outros tipos de variação linguística
redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país Além das variações linguísticas relacionadas a tempo
com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro, e espaço, existem outros tipos de variação, que podem
principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades
uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão não padrão da língua. As principais variações dizem
de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre respeito ao uso da língua em situações de
eles. oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.

Variação geográfica é aquela marcada por diferenças


regionais: a dimensão do Brasil permite-nos perceber  *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
diferentes sotaques, vocabulários, estruturas de frase e Para complementar o estudo deste Módulo,
sentidos das palavras nas diferentes regiões. utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

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*********** ATIVIDADES *********** (A) escolarizado proveniente de uma metrópole.


(B) sertanejo morador de uma área rural.
.1. (UEG-GO) (C) idoso que habita uma comunidade urbana.
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior
do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do
Sul do país.

.3. (ENEM-MEC)
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando
perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois,
ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o
gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, lombrigas [...]

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa.


Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.

Folha de S. Paulo, 1/5/2007. O texto acima está escrito em linguagem de uma época
passada. Observe uma outra versão, em linguagem
É correto afirmar que, na charge, atual.
(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos
traficantes de drogas. Antigamente
(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando
pelos políticos. mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à
(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
traficantes de drogas.
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a
(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado
sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
pelos políticos.
os meninos, vermes [...]
(E) não há apropriação nem da linguagem nem do
contexto.
Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na
segunda versão, houve mudanças relativas a
.2. (ENEM-MEC)
(A) vocabulário.
Iscute o que tô dizendo, (B) construções sintáticas.
Seu dotô, seu coroné: (C) pontuação.
De fome tão padecendo (D) fonética.
Meus fio e minha muié. (E) regência verbal.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
.4. (ENEM-MEC)
Umas tarefa pra eu! Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa
Excelência para que seja conjurada uma calamidade que
Tenha pena do agregado
está prestes a desabar em cima da juventude feminina
Não me dêxe deserdado
do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento
PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis entusiasta que está empolgando centenas de moças,
e outros poemas. Fortaleza: Universidade
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de
Federal do Ceará, 2008 (fragmento).
futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá
praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o
A partir da análise da linguagem utilizada no poema,
infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido
variedade linguística específica. Esse falante, em seu à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os
grupo social, é identificado como um falante jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos
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de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo .6. (ENEM-MEC)


Horizonte também já estão se constituindo outros. E,
neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em
todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes
femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados
da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais,
ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa
aos exibicionismos rudes e extravagantes.

Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.

O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,


José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então
presidente da República Getúlio Vargas. As opções
linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi Veja, 7/5/1997.
elaborado em linguagem
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à
(A) regional, adequada à troca de informações na
mão que aborda a questão das atividades linguísticas e
situação apresentada.
sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.
(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do
Esse comentário deixa evidente uma posição crítica
futebol.
quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando
(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão
ser necessário
brasileiro comum.
(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação (A) implementar a fala, tendo em vista maior
desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da
de comunicação.
língua.
(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu
(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral
interlocutor.
para a obtenção de clareza na comunicação oral e
escrita.
.5. (INEP-MEC)
(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da
Vício na fala
língua portuguesa para escrever com adequação,
Para dizerem milho dizem mio eficiência e correção.
Para melhor dizem mió (D) empregar vocabulário adequado e usar regras da
Para pior pió norma-padrão da língua em se tratando da
Para telha dizem teia modalidade escrita.
(E) utilizar recursos mais expressivos e menos
Para telhado dizem teiado
desgastados da variedade-padrão da língua para se
E vão fazendo telhados
expressar com alguma segurança e sucesso.
ANDRADE, Oswald de. Obras completas.
5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80. .7. (ENEM-MEC)
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz
referência às variantes linguísticas de natureza Cliente – Estou interessado em financiamento para
(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma, compra de veículo.
marcar uma nova época literária. Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de
(B) regional, pois há regiões em que essa variedade
crédito. O senhor é nosso cliente?
linguística descrita no poema é aceita como padrão
oficial. Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou
(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo funcionário do banco.
processo de neologismo, típico em autores Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá
modernistas. em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de
(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.
variantes de uma mesma língua.
(E) temporal, pois marca a variação linguística de BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua
diferentes épocas. materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
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Na representação escrita da conversa telefônica entre a Todas sorriem. Irene prossegue:


gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira — Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai
de falar da gerente foi alterada de repente devido ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.
caracterizada pela informalidade.
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como BAGNO, M. A língua de Eulália: novela
funcionário do banco. sociolinguística. São Paulo: Contexto,
2003 (adaptado).
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia
(Minas Gerais).
Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu
“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito
nome completo.
que deve haver entre os interlocutores. No diálogo
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo
apresentado acima, observa-se o emprego dessas
de Júlio.
formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”
ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o
.8. (ENEM-MEC)
emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre
As dimensões continentais do Brasil são objeto de
porque Sílvia
reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema
aparece no seguinte poema: (A) pensa que Irene é a jardineira da casa.
(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.
(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem
“[...]
em área rural.
Que importa que uns falem mole descansado
(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua
Que os cariocas arranhem os erres na garganta família conhecer Irene.
Que os capixabas e paroaras escancarem (E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a
[ as vogais? qual não tem intimidade.

Que tem se o quinhentos réis meridional .10. (ENEM-MEC)


Vira cinco tostões do Rio pro Norte? A escrita é uma das formas de expressão que as
Junto formamos este assombro de misérias e pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias
finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar,
[ grandezas,
descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades
Brasil, nome de vegetal! [...]” linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se
necessário para que se use a língua nas mais diversas
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed.
São Paulo: Martins Editora, 1980.
situações comunicativas.

Considerando as informações acima, imagine que você


O texto poético ora reproduzido trata das diferenças está à procura de um emprego e encontrou duas
brasileiras no âmbito empresas que precisam de novos funcionários. Uma
(A) étnico e religioso. delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao
(B) linguístico e econômico. redigi-la, você
(C) racial e folclórico. (A) fará uso da linguagem metafórica.
(D) histórico e geográfico. (B) apresentará elementos não verbais.
(E) literário e popular. (C) utilizará o registro informal.
(D) evidenciará a norma-padrão.
.9. (ENEM-MEC) (E) fará uso de gírias.
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela ________________________________________________
*Anotações*
chácara com Irene.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona
Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos
canteiros de rosas e hortênsias.
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e
esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é
um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo
todo. Meu nome é Irene.
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.11. (ENEM-MEC) Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para


criar as situações humorísticas apresentadas nesse
diálogo? Justifique sua resposta.
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Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).
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Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro ________________________________________________
informal, ou coloquial, da linguagem. ________________________________________________
(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!” ________________________________________________
(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus
chifres cairão!” .13. (UFMA)
(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a
atravessar a rua...”
(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um
tesouro”
(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a
Etiópia, onde um dragão...”

.12. (UNICAMP-SP)
O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe
e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe
dar no Dia das Mães.

[...]
— Posso escolher meu presente do Dia das Mães,
meu fofinho?
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai
ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma
lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
Folha de S. Paulo, 12/4/2003.
fazer pouco-caso de mim.
— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir
sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
que
— Deixe eu escolher, deixe...
(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado
depoente não reconhece no deputado uma
que a senhora me deu no Natal! autoridade.
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe (B) o efeito humorístico é provocado pela passagem
lhe deu um blazer furado? brusca da linguagem formal para a informal.
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já (C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a
era, mãe, já era! classe social a que pertencem as personagens.
[...] (D) a linguagem empregada no texto serve apenas para
compor as imagens do deputado e do depoente.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. (E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. de respeito para com o parlamentar ilustre.
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.14. (ENEM-MEC) disponível para mais de 600 milhões de pessoas em


Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na vários pontos do planeta, e em particular em algumas
escrita, que, a depender do estrato social e do nível de regiões da África.
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis.
O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento).
Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a
variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de
existentes na língua em seu processo de mudança que
nomes para a Manihot utilissima, nome científico da
não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal
mandioca. Esse fenômeno revela que
linguístico” que estaria representado pelas regras da
(A) existem variedades regionais para nomear uma
gramática normativa. Usos como ter por haver em
mesma espécie de planta.
construções existenciais (tem muitos livros na estante), o
(B) mandioca é nome específico para a espécie
do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer
existente na região amazônica.
o trabalho), a não concordância das passivas com se
(C) “pão-de-pobre” é designação específica para a
(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma
planta da região amazônica.
norma única, mas de uma pluralidade de normas,
(D) os nomes designam espécies diferentes da planta,
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de conforme a região.
hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor. (E) a planta é nomeada conforme as particularidades
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; que apresenta.
BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). .16. (ENEM-MEC)
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da
ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao
multiplicidade do discurso, verifica-se que
longo do território, seja numa relação de oposição, seja
(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre
de complementaridade, sem, contudo, anular a
língua escrita e língua falada empregam,
interseção de usos que configuram uma norma nacional
indistintamente, usos aceitos na conversa com
distinta da do português europeu. Ao focalizar essa
amigos quando vão elaborar um texto escrito.
(B) falantes que dominam a variedade-padrão do questão, que opõe não só as normas do português de
português do Brasil demonstram usos que confirmam Portugal às normas do português brasileiro, mas também
a diferença entre a norma idealizada e a as chamadas normas cultas locais às populares ou
efetivamente praticada, mesmo por falantes mais vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas
escolarizados. normas se consolidaram em diferentes momentos da
(C) moradores de diversas regiões do país que nossa história e que só a partir do século XVIII se pode
enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita começar a pensar na bifurcação das variantes
revelam a constante modificação das regras de continentais, ora em consequência de mudanças
emprego de pronomes e os casos especiais de ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em
concordância. ambos os territórios.
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a
gramática ensinada na escola gostam de apresentar CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
usos não aceitos socialmente para esconderem seu BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
desconhecimento da norma-padrão.
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da
língua portuguesa empregam formas do verbo ter O português do Brasil não é uma língua uniforme. A
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas
haver, contrariando as regras gramaticais. as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades
linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser
aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a
.15. (ENEM-MEC)
atenção do leitor para a
MANDIOCA — mais um presente da Amazônia (A) desconsideração da existência das normas
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As populares pelos falantes da norma culta.
designações da Manihot utilissima podem variar de (B) difusão do português de Portugal em todas as
região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por (C) existência de usos da língua que caracterizam uma
motivos óbvios. norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e (D) inexistência de normas cultas locais e populares ou
nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, vernáculas em um determinado país.
especialmente pelos colonizadores portugueses — é a (E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos
base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento frequentes de uma língua devem ser aceitos.
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.17. (ENEM-MEC) Como qualquer outra variedade linguística, a norma-


-padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se
marcas da norma-padrão que são determinadas pelo
veículo em que ele circula, que é a revista Língua
Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se
(A) a obediência às normas gramaticais, como a
concordância em “um gênero que invade as
livrarias”.
(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de
ter alguma grandeza natural”.
(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um
viço qualquer que o destaque”.
(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem
essa pegada”.
(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos
do gênero infantil”.

.19. (ENEM-MEC)
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao
mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral
dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a
pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo
nordestino fala igual; contudo as variações são mais
numerosas que as notas de uma escala musical.
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27/4/2010. têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que
se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua
vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que
escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem
um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um
especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa
do leitor, porque sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então,
até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase
(A) Calvin, na sua última fala, emprega um registro
um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au
formal e adequado para a expressão de uma criança.
(B) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro ou eu de todos os terminais em al ou el — carnavau,
Iinguístico usado por Calvin na apresentação de sua Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José
obra de arte. Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
(C) Calvin emprega um registro de linguagem
incompatível com a linguagem de quadrinhos. QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo,
9/5/1998 (fragmento adaptado).
(D) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro
linguístico informal.
(E) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de
em razão do registro formal utilizado por este último. variação linguística que se percebe no falar de pessoas
de diferentes regiões. As características regionais
.18. (ENEM-MEC) exploradas no texto manifestam-se
Maurício e o leão chamado Millôr (A) na fonologia.
Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um (B) no uso do léxico.
dos grandes títulos do gênero infantil (C) no grau de formalidade.
(D) na organização sintática.
Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma
(E) na estruturação morfológica.
grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de
um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos,
________________________________________________
*Anotações*
todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que
o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado
por Millôr: Maurício – O Leão de Menino (CosacNaify, 24
páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br.
Acesso em: 30/4/2010 (fragmento).
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Literatura – Linguagem e contexto .3. (EDM-SP)


Leia uma declaração do fotógrafo suíço Robert Frank,
A linguagem da literatura que percorreu a Rota 66 registrando imagens da
paisagem americana.
*********** ATIVIDADES ***********
Quando as pessoas olham as minhas fotos, eu quero que
Leitura da imagem elas se sintam como quando desejam reler um verso de
.1. (EDM-SP) um poema.
Observe a fotografia.
Observe mais uma vez a foto da abertura. Se ela fosse
vista como um “verso de um poema”, sobre o que falaria
esse verso?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Da imagem para o texto


.4. (EDM-SP)
Vamos ver como a literatura explora possibilidades da
linguagem. Leia um trecho de On the road, de Jack
Kerouac.
A viagem
Cena 1
Num piscar de olhos estávamos de volta à estrada
principal e naquela noite vi todo o estado de Nebraska
desenrolando-se diante dos meus olhos. Cento e setenta
quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades
DICK REED/CORBIS – LATINSTOCK

 Rota 66, a lendária estrada norte-americana que ligava Chicago a Los


Angeles tornou-se símbolo de aventura e liberdade adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific
deixado para trás, ao luar. Eu não estava nem um pouco
Faça uma breve descrição dos elementos presentes na assustado aquela noite; me parecia algo perfeitamente
imagem. normal voar a 170, conversando e observando todas as
___________________________________________________ cidades do Nebraska — Ogallala, Gothenburg, Kearney,
Grand Island, Columbus — se sucederem com uma
___________________________________________________
rapidez onírica* enquanto seguíamos viagem. Era um
___________________________________________________
carro magnífico; portava-se na estrada como um navio no
___________________________________________________ oceano. Longas curvas graduais eram o seu forte. “Ah,
___________________________________________________ homem, essa barca é um sonho”, suspirava Dean.
“Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro
___________________________________________________
assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como
.2. (EDM-SP) esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada
finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo.
A posição em que a foto foi tirada chama a nossa
Não pode levar a outro lugar, certo? [...]”
atenção para a estrada. Que efeito o fotógrafo pode ter
pretendido desencadear no espectador ao optar por essa * onírica: relativa aos sonhos.
tomada?
___________________________________________________ Cena 2
___________________________________________________ “Qual é a sua estrada, homem? — a estrada do
místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a
___________________________________________________
estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma
___________________________________________________ estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em
___________________________________________________ qualquer circunstância. Como, onde, por quê?”
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Concordamos gravemente, sob a chuva. “[...] Decidi abrir ___________________________________________________


mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de
___________________________________________________
tudo, me sacrificando e você sabe que isso não importa;
nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e ___________________________________________________
sabemos que o negócio é continuar no caminho, ___________________________________________________
pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira ___________________________________________________
tradicional. Afinal, de que outra maneira poderíamos
curtir? Nós sabemos disso.” Suspirávamos sob a .7. (EDM-SP)
chuva. [...] a) Identifique, na cena 2, uma passagem que permite
“E assim”, disse Dean, “vou seguindo a vida para associar o comportamento das personagens a
onde ela me levar. [...]” valores próprios da juventude.
___________________________________________________
KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada).
Tradução de Eduardo Bueno. Porto Alegre: ___________________________________________________
L&PM, 2004, p. 281-2; 305-6 (fragmento).
___________________________________________________
___________________________________________________
a) Que elementos, presentes na cena 1, asseguram ao
leitor tratar-se da história de uma viagem? ___________________________________________________
___________________________________________________
b) Explique por que ela transmite valores associados à
___________________________________________________ juventude.
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________
b) Identifique no texto as passagens que revelam ser
___________________________________________________
essa viagem a concretização de um desejo típico da
juventude: a busca da liberdade.
.8. (EDM-SP)
___________________________________________________ a) Como Dean resume sua filosofia de vida?
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________ ___________________________________________________
___________________________________________________
.5. (EDM-SP)
No trecho a seguir, explique de que maneira a pontuação b) O que ela sugere, em termos de comportamento?
contribui para dar ao leitor a sensação de velocidade do
___________________________________________________
carro em que viajam Sal e Dean.
___________________________________________________
Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem ___________________________________________________
escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem
___________________________________________________
da Union Pacific deixado para trás, ao luar.
___________________________________________________
___________________________________________________
________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ Jack Kerouac tornou-se o ídolo de sua
geração quando o romance On the
___________________________________________________ road foi publicado em 1957. A viagem
___________________________________________________ de dois amigos, Sal Paradise e Dean
Moriarty, pelos Estados Unidos, boa
___________________________________________________
parte feita na Rota 66, estrada que liga
Chicago a Los Angeles, traduziu a
.6. (EDM-SP) visão de mundo de uma juventude que
Logo no início da cena 2, Dean pergunta a Sal: “Qual é a decidiu questionar os valores com os
sua estrada, homem?”. O que ele quer dizer com isso? quais tinha sido criada.
Que sentido atribui ao termo “estrada”? KEYSTONE / GLOBO.COM

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A essência da arte literária está na palavra. Usada por Em textos não literários, o que predomina é o sentido
escritores e poetas em todo o seu potencial significativo e denotativo (ou literal). Dizemos que uma palavra foi
sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação utilizada em sentido literal quando é tomada em seu
entre um autor e seus leitores/ouvintes. significado “básico”, que pode ser apreendido sem ajuda
“Ah, homem, essa barca é um sonho”, afirma Dean no do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos
texto de Jack Kerouac. Para compreender a imagem com função utilitária, ou seja, que têm como finalidade
criada pela personagem, nós precisamos realizar uma predominante satisfazer a alguma necessidade
série de decodificações. Sabemos que Dean e Sal viajam específica, como informar, argumentar, convencer, etc.
de carro; sabemos que uma “barca” não trafega em O trabalho com o sentido conotativo ou figurado é
estradas. Com essas informações, procuramos uma característica essencial da linguagem literária.
reconstruir o sentido da comparação implícita que está Quando a literatura explora a conotação, como no
na base da imagem criada: o carro em que viajam é tão fragmento de On the road, estabelece-se uma
grande e confortável que parece uma barca. interessante relação entre leitor e texto. Ao ler um
Em seguida, reconhecemos que a afirmação de que o
romance ou um poema ou ao ouvir uma história, o
carro “é um sonho” também foi criada a partir de outra
leitor/ouvinte precisa reconhecer o significado das
comparação entre nossos sonhos e todas as coisas que
palavras e reconstruir os mundos ficcionais que elas
desejamos muito. Reconstituída a comparação original,
descrevem. O leitor/ouvinte desempenha, portanto, um
podemos interpretar que Dean quer dizer que aquele é
papel ativo, já que também cria, em sua imaginação,
um carro maravilhoso, objeto de desejo e fantasia dos
mundos ficcionais correspondentes àqueles propostos
dois jovens.
nos textos ou vive, na fantasia, experiências semelhantes
No texto de Kerouac, palavras como barca e sonho
às descritas.
foram usadas em sentido conotativo (ou figurado), aquele
que as palavras e expressões adquirem em um dado
contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos Recursos expressivos
textos literários, predomina o sentido conotativo. A Dá-se o nome de figuras de linguagem aos recursos
linguagem conotativa é característica de textos com utilizados com o fim de tornar mais expressiva a
função estética, ou seja, que exploram diferentes linguagem. As figuras de linguagem compreendem:
recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito  as figuras de palavra (ou tropos);
artístico.  as figuras de sintaxe (ou de construção);
 as figuras de pensamento; e
 as figuras de harmonia (ou sonoras).

Intertextualidade
Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma
determinada propaganda, você tem a sensação de já ter
visto o texto em algum lugar? Quer ver só?
No início de sua produção poética, Carlos Drummond
de Andrade escreveu um poema que viria a torná-lo
muito conhecido. O “sucesso” do poema foi provocado,
no início, pelo estranhamento por ele causado. Você
certamente já teve oportunidade de lê-lo.

No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
Época, 9/6/2008, p. 87. no meio do caminho tinha uma pedra.
 Na expressão monstros sagrados, a palavra monstros apresenta
sentido figurado, ou seja, conotativo (Carlos Drummond de Andrade)

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Mas, por que estamos falando de poesia e Literatura brasileira


Drummond, em uma seção destinada à apresentação do
A literatura brasileira tem sua história dividida em
conceito de intertextualidade? Porque muitos são os
duas grandes eras, que acompanham a evolução política
textos que recuperam a imagem da “pedra”
e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional,
drummondiana. Observe, por exemplo, a seguir, um
separadas por um Período de Transição, que
anúncio publicitário veiculado para a divulgação de um
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras
projeto de educação ambiental, patrocinado pela
apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias
empresa de turismo Soletur e orientado pelo Ibama.
ou estilos de época. Dessa forma, temos:
Não é preciso, lido o anúncio, dizer por que o
escolhemos. A intertextualidade é evidente, pois a
referência ao poema de Drummond é óbvia!  Quinhentismo (de 1500 a 1601)
Era Colonial
Intertextualidade é a relação que se estabelece entre  Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768)
(de 1500 a 1808)
dois textos, quando um deles faz referência a elementos  Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)
existentes no outro. Esses elementos podem dizer
Período
respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao (de 1808 a 1836)
de Transição
conteúdo.
 Romantismo (de 1836 a 1881)
 A propaganda
vale-se do recurso  Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893)
da intertextualidade Era Nacional  Parnasianismo (de 1882 a 1893)
para indicar a poluição (de 1836 até
 Simbolismo (de 1893 a 1902)
das praias. O trecho nossos dias)
 Pré-Modernismo (de 1902 a 1922)
intertextual é: “No
meio do caminho  Modernismo (de 1922 a 1945)
tinha uma pedra...”.  Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)
No poema, a “pedra
no meio do caminho”
são os obstáculos, As datas que indicam o início e o fim de cada época
as dificuldades,
têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época
os problemas.
A propaganda faz apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e
uso do termo em um período de decadência (que coincide com o período
seu sentido literal
de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos
(rocha). Isso pode ser
percebido pela perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-
enumeração das outras -Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo,
“coisas” no meio do
e assim por diante. De todos esses momentos de
caminho (uma ponta de
cigarro, uma lata, um
transição, caracterizados pela quebra das velhas
saco plástico, cacos de estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao
vidro) que evidenciam a velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi
poluição das praias
pelos banhistas.
o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se
destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro
Lobato e Augusto dos Anjos.
Estilo de época
A constatação de traços comuns na produção de uma
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
mesma época identifica um estilo de época. O estudo da
Para complementar o estudo deste Módulo,
literatura depende do reconhecimento dos padrões e das utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
semelhanças que constituem um estilo de época.
O uso particular que um escritor ou poeta faz dos ________________________________________________
*Anotações*
elementos que distinguem uma estética define o estilo
individual de um autor, sempre marcado pelo olhar
específico que dirige aos temas característicos de um
período e pelo uso singular que faz dos recursos de
linguagem associados a uma determinada estética
literária.
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As questões 9 e 10 referem-se ao poema. Textos para as questões 11 e 12.

A dança e a alma Texto 1 – Autorretrato


A DANÇA? Não é movimento, Provinciano que nunca soube
súbito gesto musical. Escolher bem uma gravata;
É concentração, num momento, Pernambucano a quem repugna
da humana graça natural. A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
No solo não, no éter pairamos, Envelheceu na infância da arte,
nele amaríamos ficar.
A dança — não vento nos ramos: E até mesmo escrevendo crônicas
seiva, força, perene estar. Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Um estar entre céu e chão, Falhado (engoliu um dia
novo domínio conquistado, Um piano, mas o teclado
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado... Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Onde a alma possa descrever Mal tendo a inquietação de espírito
suas mais divinas parábolas Que vem do sobrenatural,
sem fugir à forma do ser, E em matéria de profissão
Um tísico* profissional.
por sobre o mistério das fábulas.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983, p. 395.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 366.
* tísico: tuberculoso.
.9. (ENEM-MEC)
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que Texto 2 – Poema de sete faces
mais se aproxima do que está expresso no poema é Quando nasci, um anjo torto
(A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de desses que vivem na sombra
comunicação e afirmação do homem em todos os disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
momentos de sua existência.
(B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os As casas espiam os homens
limites físicos, possibilitando ao homem a liberação que correm atrás de mulheres.
de seu espírito. A tarde talvez fosse azul,
(C) a manifestação do ser humano, formada por uma não houvesse tantos desejos.
sequência de gestos, passos e movimentos [...]
desconcertados. Meu Deus, por que me abandonaste
(D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com se sabias que eu não era Deus
ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, se sabias que eu era fraco.
cantos, emoções, etc. Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
(E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do
seria uma rima, não seria uma solução.
indivíduo e, por consequência, ao seu
Mundo mundo vasto mundo
desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
mais vasto é o meu coração.
.10. (ENEM-MEC) ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.
O poema “A dança e a alma” é construído com base em Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 53.
contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma
das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo .11. (ENEM-MEC)
é Esses poemas têm em comum o fato de
(A) éter. (A) descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
(B) seiva. (B) refletirem um sentimento pessimista.
(C) chão. (C) terem a doença como tema.
(D) paixão. (D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.
(E) ser. (E) defenderem crenças religiosas.
111
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.12. (ENEM-MEC) escritor pode fazer, numa época de atrocidades e


No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, do texto injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer
2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre
pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos
de outrem equivale a assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a
(A) emprego de termos moralizantes. despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma
(B) uso de vício de linguagem pouco tolerado. lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou,
(C) repetição desnecessária de ideias. em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como
(D) emprego estilístico da fala de outra pessoa. um sinal de que não desertamos nosso posto.
(E) uso de uma pergunta sem resposta. VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I.
Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
.13. (ENEM-MEC)
Cidade grande Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que
ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma
Que beleza, Montes Claros.
das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros. (A) criar a fantasia.
Montes Claros cresceu tanto, (B) permitir o sonho.
ficou urbe tão notória, (C) denunciar o real.
prima-rica do Rio de Janeiro, (D) criar o belo.
que já tem cinco favelas (E) fugir da náusea.
por enquanto, e mais promete.
.15. (ENEM-MEC)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos,
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um
exemplo:
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em
seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
Jornal do Commercio, 22/8/1993.
inanimadas, atribuindo-lhes vida.
O texto que se refere a uma situação semelhante à que
.14. (ENEM-MEC) inspirou a charge é:
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio
(A) Descansem o meu leito solitário
da adolescência que teve influência significativa em sua Na floresta dos homens esquecida,
carreira de escritor. À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.
Lembro-me de que certa noite — eu teria uns
AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio
quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971.
segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de
operações, enquanto um médico fazia os primeiros (B) Essa cova em que estás
curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Com palmos medida,
Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da é a conta menor
náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando que tiraste em vida.
assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem É de bom tamanho,
gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta Nem largo nem fundo,
lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e É a parte que te cabe
salvar essa vida? [...] deste latifúndio.
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros
tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.
112
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(C) Medir é a medida Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem


mede intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de
A terra, medo do homem, a lavra; Andrade, por
lavra (A) reiteração de imagens.
duro campo, muito cerco, vária várzea. (B) oposição de ideias.
CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. (C) falta de criatividade.
São Paulo: Summums, 1978. (D) negação dos versos.
(E) ausência de recursos.
(D) Vou contar para vocês ________________________________________________
um caso que sucedeu *Anotações*
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1983.

(E) Trago-te flores, — restos arrancados


Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
ASSIS, Machado de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.

.16. (ENEM-MEC)
Quem não passou pela experiência de estar lendo um
texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?
Os textos conversam entre si em um diálogo constante.
Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.
Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.

II. Quando nasci veio um anjo safado


O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
BUARQUE, Chico. Letra e Música.
São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

III. Quando nasci um anjo esbelto


Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986.

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*MÓDULO 2* Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando


ao jornal que a causa do tombo não deveria ser
A interpretação de textos atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além disso,
como o Comitê de Defesa das Faixas para Pedestres
Introdução estava prestes a concluir seu relatório, após seis anos
Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos de trabalho, perguntava se seria possível — para
últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema evitar possíveis consequências políticas — não fazer
desta seção. qualquer alusão a tais passagens nos próximos
meses.
A notícia foi revista e, na manhã seguinte,
apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na
Acho a televisão muito
rua e quebrou a perna.
educativa. Toda vez que alguém
No dia seguinte, os editores receberam apenas
liga a TV, vou para o outro
duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da
quarto e leio um livro.
Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres,
Groucho Marx (1890-1977), cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo” o
comediante norte-americano texto discriminatório uma mulher caiu, o qual evocava
HULTON ARCHIVE / GETTY IMAGES
uma associação infeliz com “mulheres caídas” e
constituía uma prova de que “mais uma vez, neste
BRISTOL, Brian. Por que amamos ler? – Grandes escritores tentam
explicar nosso fascínio pela leitura. São Paulo: Novo Conceito, 2008.
mundo dominado pelo homem, a imagem da mulher
estava sendo manipulada da maneira mais pérfida e
chauvinista!” A carta ameaçava com um processo
Ler um texto não é difícil quando se domina uma judicial, boicote e outras medidas.
língua, mas compreendê-lo não é tão simples assim. A outra reação veio de um leitor que cancelava sua
Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou assinatura, alegando o número cada vez maior de
seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua notícias triviais e sem interesse.
vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma
forma de encarar um texto e de compreendê-lo. Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217.
Vejamos um exemplo: Junho de 1989, p. 109 e 110, apud I. Koch, Coerência
textual. São Paulo, Contexto, 1997.

Não tem jeito mesmo...


“Trinta palavras no máximo; não há espaço para Note que, neste caso, o texto foi compreendido de
mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por isso, maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua
a notícia que apareceu no jornal foi: visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou
Uma mulher escorregou numa casca de banana, a um sentido diferente para o mesmo texto.
numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi Mas, embora haja, então, a influência do
imediatamente transportada para a clínica da conhecimento de mundo e do posicionamento dentro
universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna deste na compreensão de um texto, ler com
quebrada. compreensão também se pode aprender se prestarmos
A primeira reação surgiu imediatamente, numa atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta
carta registrada em que um importador de bananas seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto,
escrevia: “Protestamos veementemente contra o uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não
descrédito dado ao nosso produto. Considerando que, conseguiram determinar todos os tópicos que serão
nos últimos meses, vocês publicaram pelo menos 14 necessários à aprendizagem da leitura.
comentários negativos sobre os países produtores de
bananas, não podemos deixar de inferir uma intenção O conhecimento de mundo e a leitura
de difamação deliberada de sua parte.” O nosso conhecimento de mundo nos permite
Por sua vez, o diretor da clínica da universidade relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo,
também se pronunciou, alegando que a expressão “foi mas também nos permite perceber se a forma de um
transportada” poderia significar “o transporte de seres texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se
humanos como se tratasse de carga”, o que uma informação foi corretamente apresentada ou não. À
contrariava totalmente os hábitos de seu hospital. medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter
“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura da em determinados trechos ou passar mais rápido por
perna resultou da queda e não, como foi sugerido com outros, de acordo com o nosso principal objetivo de
intenção malévola, do transporte para o hospital”. leitura, mas também conforme consigamos construir mais
Para finalizar, um membro do Departamento facilmente ou não o sentido do texto.
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Dessa forma, constatamos que o conhecimento de Na finalização das duas notícias também
mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito encontramos outro ponto de confronto:
e até a inferir o significado correto de textos mal escritos.
“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos
Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na
terroristas.” (O Estado de S. Paulo)
compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar
ampliá-lo cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de “O governo israelense, porém, aprovou uma reação
textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas militar.” (Folha de S. Paulo)
leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero
de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à Os predicados de ambos os períodos trazem ideias
linguagem empregada. bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar
por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S.
O gênero de texto e a sua estrutura Paulo diz que o governo israelense estaria pensando
sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”.
Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto
Você deve estar se perguntando: se a intenção dos
que se está lendo pode ajudar bastante na sua
dois jornais é informar, por que tantas diferenças de
compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de
linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque
um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em
cada jornal é produzido por homens diferentes que têm
que se defende a posição do jornal sobre um
visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes
determinado tema, constataremos a necessidade de
uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que
ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que
empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade
serão apresentados. Mas se estivermos diante de um
e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem
trecho de um manual para instalação de videocassete,
teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto atento à linguagem para que você perceba não só o
for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um assunto que é tratado em um texto, mas também o modo
conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a
conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor intencionalidade que subjaz a cada texto.
um certo olhar. Lendo com atenção, veremos que em todos os textos,
quando bem escritos, a linguagem serve — mais do que
para falar de um assunto — para mostrar também como
A linguagem
o autor se relaciona com tal assunto e como imagina
Além do gênero de texto, é importante estarmos atingir o leitor.
atentos também à linguagem empregada em cada texto e
aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em
um bom texto, a escolha das palavras, das construções  *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma Para complementar o estudo deste Módulo,
contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor. utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos
sobre um mesmo assunto publicados por jornais
diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias *********** ATIVIDADES ***********
publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S.
Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de .1. (ENEM-MEC)
seus possíveis autores: Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no
“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas.
foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo) O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui,
risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que
“O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do
você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?
atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo)
— Quero criar nada não... — me deu resposta: — Eu
Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário: gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora.
“grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou
atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra.
que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família
trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em
mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-
qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a -Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior
desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro:
houve outros piores. José Olympio, 1995 (fragmento).
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Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação .3. (ENEM-MEC)


decorrente de uma desigualdade social típica das áreas O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor
pela relação de dependência entre agregados e o acesso a um número praticamente ilimitado de outros
fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo
personagem-narrador real. Assim, o leitor tem condições de definir
(A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos
demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa
agregados, uma vez que superou essa condição ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma
graças à sua força de trabalho.
forma de estruturação textual que faz do leitor
(B) descreve o processo de transformação de um meeiro
simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se
— espécie de agregado — em proprietário de terra.
caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura
(C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação
eletrônica multilinearizado, multissequencial e
dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
da terra. indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita.
(D) mostra como a condição material da vida do Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um
sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos
homem livre e, ao mesmo tempo, dependente. graus de profundidade simultaneamente, já que não tem
(E) mantém o distanciamento narrativo condizente com sequência definida, mas liga textos não necessariamente
sua posição social, de proprietário de terras. correlacionados.

.2. (ENEM-MEC) MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br.


Acesso em: 29/6/2011.
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a
chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão
idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e
folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço
anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico
continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, computadorizado e no qual há remissões associando
em livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O entre si diversos elementos, o hipertexto
texto é uma espécie de alma imortal, capaz de (A) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos
reencarnar em corpos variados: página impressa, livro
totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir
em braile, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita,
os conceitos cristalizados tradicionalmente.
arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses
(B) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao
(e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou
desviar o foco da leitura, pode ter como
Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas
de Casseta & Planeta. consequência o menosprezo pela escrita tradicional.
(C) exige do leitor um maior grau de conhecimentos
TAVARES, Bráulio. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com. prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes
Acesso em: 13/2/2011. nas suas pesquisas escolares.
(D) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação
Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o
específica, segura e verdadeira, em qualquer site de
surgimento de outros suportes em via eletrônica, o
busca ou blog oferecidos na internet.
cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
(E) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de
(A) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo,
leitura, sem seguir sequência predeterminada,
que será extinto com o avanço da tecnologia.
constituindo-se em atividade mais coletiva e
(B) o livro impresso permanecerá como objeto cultural
colaborativa.
veiculador de impressões e de valores culturais.
(C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do
________________________________________________
*Anotações*
prazer de se ler textos em livros e suportes
impressos.
(D) os textos continuarão vivos e passíveis de
reprodução em novas tecnologias, mesmo que os
livros desapareçam.
(E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a
possibilidade de se ler obras literárias dos mais
diversos gêneros.
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.4. (ENEM-MEC) além da formação de gangues, que se apropriam de


gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em
fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da
aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido,
afinal as lutas
(A) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o
objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência.
(B) apresentam a possibilidade de desenvolver o
autocontrole, o respeito ao outro e a formação do
caráter.
IMODESTO “As colunas do Alvorada podiam ser (C) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal”
mais fáceis de construir, sem aquelas curvas. por meio de golpes agressivos sobre o adversário.
Mas foram elas que o mundo inteiro copiou” (D) sofreram transformações em seus princípios
filosóficos em razão de sua disseminação pelo
Brasília 50 anos. Veja, n.º 2.138, nov. 2009.
mundo.
(E) se disseminaram pela necessidade de luta pela
Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos
sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.
verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e
incorporando novos materiais com ampliação de .6. (ENEM-MEC)
possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas
O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes
sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas,
filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros
por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto
sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador
brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No
romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota,
desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da
primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e
Alvorada, observa-se
suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da
(A) a presença de um capitel muito simples, reforçando a
humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que
sustentação.
significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta,
(B) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,
em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de
resultando em formas marcantes.
melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre
(C) a disposição simétrica das curvas, conferindo
envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a
saliência e distorção à base.
passagem do tempo.
(D) a oposição de curvas em concreto, configurando
certo peso e rebuscamento.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento.
(E) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero Época, 28/4/2008.
na ornamentação.
O autor discute problemas relacionados ao
.5. (ENEM-MEC) envelhecimento, apresentando argumentos que levam a
Conceitos e importância das lutas inferir que seu objetivo é
Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes (A) esclarecer que a velhice é inevitável.
marciais tiveram duas conotações principais: eram (B) contar fatos sobre a arte de envelhecer.
praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo (C) defender a ideia de que a velhice é desagradável.
filosófico como concepção de vida bastante significativo. (D) influenciar o leitor para que lute contra o
Atualmente, nos deparamos com a grande expansão envelhecimento.
das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais (E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem
foram se disseminando, ora pela necessidade de luta angústia, o envelhecimento.
pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela ________________________________________________
possibilidade de ter as artes marciais como própria *Anotações*
filosofia de vida.

CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: implicações


para a prática pedagógica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).

Um dos problemas da violência que está presente


principalmente nos grandes centros urbanos são as
brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas,
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.7. (UNICAMP-SP) b) Explique o que respondeu o encarregado.


Considere a tira a seguir: ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

c) Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”.


Supondo que o encarregado entendesse a fala do
presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar
uma resposta correta, que resposta teria que dar?
Jornal da Tarde, 8/2/2001.
___________________________________________________

Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é ___________________________________________________


explícita. Para compreender a tira, o leitor deve ___________________________________________________
reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma ___________________________________________________
hipótese sobre transmissão genética.

a) Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão? .9. (FUVEST-SP)


___________________________________________________ Eu te amo
___________________________________________________ Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
___________________________________________________
Me conta agora como hei de partir...

b) Qual é a explicação para as qualidades profissionais


Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
do estrategista?
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
___________________________________________________ Me diz pra onde é que inda posso ir...
___________________________________________________ [...]
___________________________________________________ Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
c) Explicite o raciocínio da personagem que critica o Meu sangue errou de veia e se perdeu...
estrategista. [...]
Como, se nos amamos como dois pagãos,
___________________________________________________
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
___________________________________________________ Me explica com que cara eu vou sair...
___________________________________________________
Não, acho que estás só fazendo de conta,
.8. (UNICAMP-SP) Te dei meus olhos pra tomares conta,
Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão Agora conta como hei de partir...
Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:
(Tom Jobim e Chico Buarque)

“No meio de uma visita de rotina, o presidente


daquela enorme empresa chega ao setor de produção e O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como
pergunta ao encarregado: hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que
— Quantos funcionários trabalham neste setor? cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação
Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado amorosa do sujeito:
responde: (A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude
— Mais ou menos a metade!” da intensidade da paixão.
(B) constituiu uma radical experiência de fusão com o
a) Explique o que quis perguntar o presidente da outro, da qual não vê como sair.
empresa. (C) provocou a subordinação emocional da pessoa
___________________________________________________ amada, de quem ele já não pode se livrar.
(D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim
___________________________________________________
uma interdependência destrutiva.
___________________________________________________ (E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o
___________________________________________________ que fazer para reacender a paixão.
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Texto para as questões 10 e 11. a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-
-passo poderia dar uma definição desse instrumento
— Mandaram ler este livro... lendo este texto. Qual é essa definição?
Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode ___________________________________________________
significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura; ___________________________________________________
se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.
___________________________________________________
As experiências com que o leitor se identifica não são
necessariamente as mais familiares, mas as que ___________________________________________________
mostram o quanto é vivo um repertório de novas ___________________________________________________
questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que ___________________________________________________
as palavras podem constituir um movimento
profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós
b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do
mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra, texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em
mais ampla, que um antigo pensador romano assim que consiste essa técnica?
formulou: Nada do que é humano me é alheio.
___________________________________________________
Cláudio Ferraretti, Inédito. ___________________________________________________
___________________________________________________
.10. (FUVEST-SP)
___________________________________________________
De acordo com o texto, a identificação do leitor com o
que lê ocorre sobretudo quando: ___________________________________________________

(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela ___________________________________________________


tradição da crítica literária.
(B) ele já conhece, com alguma intimidade, as c) Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor.
experiências representadas numa obra. Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se
(C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica
sua ocorrência?
dos antigos humanistas.
(D) a obra o introduz num campo de questões cuja ___________________________________________________
vitalidade ele pode reconhecer. ___________________________________________________
(E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se ___________________________________________________
furtam à discussão.
___________________________________________________
.11. (FUVEST-SP) ___________________________________________________
O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio” ___________________________________________________
é equivalente ao desta outra construção:
(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me .13. (UNICAMP-SP)
interessar. No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”,
(B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim. distribuído em consultórios médicos, encontramos estas
(C) Como sou humano, não me alheio a nada. informações acerca de um produto que, aqui,
(D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo. chamaremos “P”:
(E) A nada me sinto alheio que não seja humano.
“A liberdade da mulher pode ficar comprometida
quando surge em sua vida o risco de uma gravidez
.12. (UNICAMP-SP) indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P,
Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato
pode substituir o implante do marca-passo eletrônico [...]. sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem
Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA, de segurança. O ginecologista poderá orientá-la sobre o
conseguiram converter células cardíacas de porquinhos- uso correto desse método. [...] P é um método indolor,
-da-índia em células especializadas, que atuam como um bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser
marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos tomado num período de até 72 horas após o ato sexual
cardíacos. No experimento, o coração dos suínos desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas.
recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um
é de que em alguns anos seja possível testar a técnica ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa
em humanos. forma, não pode ser considerado um método abortivo, já
que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo
lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002. no útero.”
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a) A posição assumida no texto baseia-se em uma simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no
distinção entre (medicamento) contraceptivo e pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3.
(medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser impressão agradável, disposição favorável que se
aborto para os fabricantes de P. experimenta em relação a alguém que pouco se
___________________________________________________ conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia.
___________________________________________________ [...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal
(— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”:
___________________________________________________
ação (observação de algum ritual, uso de um
___________________________________________________ determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente
___________________________________________________ com finalidade de conseguir algo que se deseja.
___________________________________________________
a) Dentre as definições do dicionário Houaiss
___________________________________________________ mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da
palavra “simpatia” no texto?
b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o
folheto toma posição numa polêmica que tem um ___________________________________________________
aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual ___________________________________________________
é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a
___________________________________________________
questão científica?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
b) Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo
___________________________________________________ que uma delas não coincide com o uso-padrão desse
___________________________________________________ termo. Qual é? Por quê?
___________________________________________________
.14. (UNICAMP-SP) ___________________________________________________
Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de
___________________________________________________
ônibus e feiras de Campinas) e as definições de
“simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua ___________________________________________________
Portuguesa. ___________________________________________________
___________________________________________________
CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA
___________________________________________________
Mãe Maria
Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única
c) Independentemente do título, algumas
consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe
características da segunda parte do texto são de
atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade
em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual, uma oração ou prece ou reza. Quais são essas
problemas de família e perseguições. Desvendará características?
qualquer que for o problema. Não perca mais tempo, ___________________________________________________
faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos
___________________________________________________
BÚZIOS – CARTAS E TAROT.
___________________________________________________
ORAÇÃO HEI DE VENCER
___________________________________________________
Traga sempre consigo esta oração.
___________________________________________________
Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia,
Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim ___________________________________________________
como Deus separou a noite do dia, separe minha alma ___________________________________________________
de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder *Anotações*
de Deus e da Virgem Maria.
ATENDIMENTO TODOS OS DIAS
DAS 9:00 ÀS 20:00 HS
Fone: (019) 3387-2554
Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP

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Literatura brasileira Principais autores e obras


 Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel
Quinhentismo (1500-1601)
 Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação
Marco inicial  Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do
Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha. Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que
Vulgarmente Chamamos Brasil
Panorama histórico
 Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do
Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a
Brasil
1601, ainda não pode ser considerado como uma
verdadeira literatura. Os textos são informações que  Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das
viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa Grandezas do Brasil
terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação  Padre José de Anchieta — Poesias de José de
da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de
ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de
aportuguesada da nossa realidade, então, registravam Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;
curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e
apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que Sermões
serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da
Metrópole na Colônia.
 Fique ligado! Pesquise! 
 Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu
francês; 1492, a conquista do paraíso; Cristóvão
Colombo e Dança com lobos; compare a visão
sobre o índio apresentada nesses filmes com
aquela presente nos filmes que tratam do trabalho
da cavalaria no Oeste americano.

 Pesquisar: sobre as relações da literatura do século


XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de
Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).

 Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que


se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis
(1968), prestando atenção na parte inicial, falada.

 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
 Detalhe de Brasil, mapa de Giovanni Battista Ramusio, 1557 (Cid Para complementar o estudo deste Módulo,
Collection – Instituto Cultural Banco Santos) utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

Verifica-se que os textos encontrados variam de


acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns *********** ATIVIDADES ***********
são meramente informativos, outros são tipicamente
propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter .1. (ENEM-MEC)
catequético. Todos eles, porém, têm como assunto
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o
básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus
país era povoado de índios. Importaram, depois, da
habitantes e curiosidades locais e culturais.
África, grande número de escravos. O Português, o Índio
Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e
e o Negro constituem, durante o período colonial, as três
Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos
bases da população brasileira. Mas no que se refere à
quinhentistas e reaproveitar as informações neles
cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais
contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os
notada.
modernistas analisavam criticamente a colonização.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram
“E depois de acabada a missa, [...] muitos deles [os índios] lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que
se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina, utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em
saltando e dançando por um bom tempo.” 1694, dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos
(Carta de Caminha) portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas
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hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e
criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os (A) ambos se identificam pelas características estéticas
meninos aprender à escola”. marcantes, como tristeza e melancolia, do
movimento romântico das artes plásticas.
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa:
Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado). (B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto,
representando-o de maneira realista, ao passo que o
A identidade de uma nação está diretamente ligada à texto é apenas fantasioso.
cultura de seu povo. O texto mostra que, no período (C) a pintura e o texto têm uma característica em
colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro comum, que é representar o habitante das terras que
formaram a base da população e que o patrimônio sofreriam processo colonizador.
linguístico brasileiro é resultado da
(D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a
(A) contribuição dos índios na escolarização dos cultura europeia e a cultura indígena.
brasileiros. (E) há forte direcionamento religioso no texto e na
(B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as pintura, uma vez que o índio representado é objeto
dos indígenas.
da catequização jesuítica.
(C) importância do Padre Antônio Vieira para a literatura
de língua portuguesa.
.3. (ENEM-MEC)
(D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as
línguas tupi. No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar
(E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam
língua tupi. índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de
trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos
.2. (ENEM-MEC) nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao
longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado
desse processo foi a formação de uma língua geral,
desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul,
e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam
na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam
apenas o português.

De acordo com o texto, a língua geral formou-se e


consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia.
Portanto, a formação desse idioma e suas variedades
foram condicionadas
(A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião
dos portugueses.
(B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
linguístico dos índios.
(C) pela percepção dos indígenas de que as suas
línguas precisavam aperfeiçoar-se.
(D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender
uma nova língua com os portugueses.
(E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que
era anterior à chegada dos portugueses.
ECKHOUT, A. Índio Tapuia (1610-1666). Disponível em:
________________________________________________
http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9/7/2009. *Anotações*

A feição deles é serem pardos, maneira


d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem
estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência
como têm em mostrar o rosto.

CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.


Acesso em: 12/8/2009.
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.4. (MACKENZIE-SP) I. O olhar do viajante europeu é contaminado pelo


A produção literária do Quinhentismo brasileiro imaginário construído a partir de textos da
caracterizou-se pela preocupação com: Antiguidade e por relatos produzidos no contexto
cultural europeu.
(A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação
dos nativos e colonos. II. Os artistas viajantes produziram imagens
precisas e detalhadas que apresentam com
(B) a denúncia de desmandos dos governantes
exatidão a realidade geográfica do Brasil.
portugueses e a salvação da alma.
(C) a defesa dos indígenas escravizados pelo III. Nas representações feitas por artistas
colonizador e o elogio da vida bucólica. estrangeiros coexistem elementos simbólicos e
mitológicos oriundos do imaginário europeu e
(D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa
elementos advindos da observação da natureza
do “caráter nacional”.
e das coisas que o artista tinha diante de seus
(E) o combate a formas poéticas decadentes e a
olhos.
valorização dos sentimentos.
IV. A imagem de Debret registra uma cena cotidiana
.5. (INEP-MEC) e revela a capacidade do artista em documentar
os costumes e a realidade do indígena brasileiro.
A exuberância da natureza brasileira impressionou
artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
o texto e observe a imagem a seguir:
corretas.
(A) I e II. (C) II e IV. (E) II, III e IV.
[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e
(B) I e III. (D) I, III e IV.
filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante
da absoluta novidade, como explicá-la? Como .6. (INEP-MEC)
compreendê-la? Como ter acesso ao seu sentido? [...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos
Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas, de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que
dispunham de um único instrumento para aproximar-se se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O
do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia, pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com
não como realidade geográfica e cultural, mas como os dentes o cordão umbilical e amarrá-lo. Em seguida,
texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o
escreveram não cessam de conferir a exatidão dos polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os
antigos textos e o que aqui se encontra. selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao
contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar
CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão maior beleza, afilando-o.
crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas
Oficina Editorial, 2003, p. 95.
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil, 1578. In: AMADO,
Janaína; GARClAS, Leônidas Franco. Navegar é
preciso – descobrimentos marítimos europeus.
São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.

A descrição do viajante francês no final do século XVI


sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na
América nos possibilita identificar no texto:
(A) a absorção das práticas médicas das populações
nativas pelos europeus.
(B) a violência do colonizador em relação às práticas
higienizadoras dos nativos considerados bárbaros.
(C) o choque do europeu em relação às práticas
indígenas, denotando o confronto entre as duas
culturas.
(D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no
 MUSEUS CASTRO MAIA
parto, considerado superior à prática médica
DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839. europeia.
(E) a surpresa das populações nativas diante do espanto
Com base no texto e na imagem, é correto afirmar: dos europeus em relação às práticas de pajelança.
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.7. (PSC/UFAM-AM) .9. (INEP-MEC)


Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece
abaixo, exceto: a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é
como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos
(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os
outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao
conceitos e os interesses dos europeus em relação
conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.
às terras do além-mar.
(B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa (Manuel da Nóbrega)
portuguesa sobre as potencialidades econômicas da
nova terra. No texto,
(C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo, (A) o missionário apresenta as razões de sua
valor documental e histórico. condenação às atitudes profanas entre os gentios,
(D) As crônicas dos viajantes surgiram como o que busca catequizar.
desdobramento de um processo de mudanças (B) explicita-se a predominância da função fática, pois o
estruturais na Europa. emissor tematiza a busca da melhor palavra para
(E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação designar a divindade.
estética, um apuro literário formal. (C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os
gentios, mas se apropria de uma manifestação
.8. (INEP-MEC) linguística deles por reconhecer nela traços de
José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em sacralidade.
sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do (D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta
que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia influenciar a prática religiosa dos nativos pelo
de bravos com a espantosa missão de converter e descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane.
educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a (E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e
princípio, não reconheciam qualquer cultura. defende a urgência de a metrópole adotar medidas
para a alfabetização dos gentios.
DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003. ________________________________________________
*Anotações*

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática


de catequização de José de Anchieta, considere as
afirmativas a seguir:
I. Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua
criatividade, usando cocares coloridos, pintura
corporal e outros adereços que os indígenas lhe
mostravam.
II. Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e
incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias
crenças convertendo-se à religião daquele povo.
III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta
começou a escrever autos, baseados nos autos
medievais, nas obras de Gil Vicente e em
encenações espanholas.
IV. Para implantar a fé como lhe foi ordenado,
Anchieta representava os autos na língua pátria
de Portugal.

Estão corretas apenas as afirmativas:


(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
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*MÓDULO 3*  Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um


tipo de discurso direto que é apresentado dentro de
Gêneros textuais – Conceito e organização balõezinhos. Sua principal característica é o uso da
linguagem verbal (palavras) e da não verbal
Um para cada ocasião (ilustração).
Os gêneros textuais são praticamente infinitos.  Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura)
Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma
situação e a intenção da comunicação. satirizar algum fato em evidência com uma ou mais
Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou personagens envolvidas.
escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de  Classificado: gênero de texto vinculado ao universo
relacionamentos Orkut, você está exercendo sua jornalístico, em que indivíduos ou empresas
capacidade de compreender e aplicar diferentes formas oferecem um produto ou um serviço. É escrito de
de expressão textual? Sem perceber, você transita de um forma breve e concisa, apresentando alguns
gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a elementos básicos do produto ou serviço que
expressão gênero textual como uma noção possam interessar ao leitor.
propositalmente vaga para nos referir aos textos
materializados que encontramos em nossa vida diária e Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de
que apresentam características sociocomunicativas texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo,
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais
composição característica. englobam esses e todos os textos produzidos por
Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do
diria que se trata de um anúncio, parte de uma conto, vamos também identificar a carta pessoal, a
campanha publicitária cujo objetivo é estimular os conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de
estabelecimentos de saúde a notificarem casos de texto que circulam por aí. São as situações que definem
violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto
não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O
exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos
texto pode ter várias dimensões, como o texto
determinados gêneros textuais, de acordo com a
cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e
intenção comunicativa, o momento e a situação em que
música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou
ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-
uma ilustração, portanto, são formas de expressão
-padrão de estruturação do texto. No dia a dia,
textual, providas de significado.
reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e
Alguns exemplos de gêneros textuais que
estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O
encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta
ENEM, e também diversos vestibulares, avalia com
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem
frequência a capacidade do estudante de reconhecer os
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,
gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns
notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
gêneros presentes em nosso cotidiano. remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,
edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,
aulas virtuais, e assim por diante.
 O texto
publicitário Conteúdo, estrutura e estilo
costuma se
estruturar em Como se organizam os gêneros textuais
frases curtas e
em ordem direta. Não importa qual o gênero, todo texto pode ser
Também faz uso analisado sob três características:
de elementos  O conteúdo temático: refere-se aos traços que
não verbais para
reforçar sua
marcam a função social do gênero nas situações de
mensagem – uso. É o que define para que ele serve, quem são
como a imagem seus destinatários preferenciais, seu tipo de
utilizada no conteúdo básico.
anúncio ao lado
 A construção composicional (ou estrutura): é como o
gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na
estrutura, indicam-se como são as bases, os
alicerces que sustentam o gênero em questão.
 O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do
gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais
 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE/SP mais comuns no uso do gênero dado.
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A seguir está reproduzida uma página da revista Veja com resenhas. Vamos analisar a resenha de acordo com suas
características como gênero textual:

Fonte: Veja, 18/4/2012, p. 164.

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1. Conteúdo temático: *********** ATIVIDADES ***********


 Constrói-se baseada em outra obra.
 Sintetiza informações consideradas relevantes Textos para as questões de 1 a 3.
dentro da obra resenhada.
 É uma análise dos principais pontos (ideias ou Entre a vitória e a crise
acontecimentos) da obra resenhada. Barack Obama, o primeiro presidente negro dos
 Há um posicionamento crítico diante da obra ou de Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças
e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas
um tema relacionado, baseado em critérios como:
composição interna (coerência e consistência de No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes
suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos,
de referências em que se insere etc. Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma
norte-americana branca, falou ao comando editorial do
2. Estrutura:
jornal The Washington Post sobre o significado de os
 Apresenta dados da obra resenhada em forma de
ficha técnica. Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há
 Não há, normalmente, uma tese definida. uma geração inteira que vai crescer achando normal que
 Há informações extraídas da obra resenhada (ou de o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um
outras obras semelhantes) e comentários analíticos afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as
sobre ela, baseados em exemplificação, crianças negras olham para elas mesmas e muda
contextualização histórica, importância do autor ou também como as crianças brancas olham para as
da obra em seu universo de referências etc. crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.”
A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por
3. Estilo:
eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-
 Uso preferencial da terceira pessoa.
-1968), feriado nacional que homenageia o ativista
 Uso preferencial de orações em ordem direta.
 Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos. político que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis
de negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da
Abordar criticamente um texto consiste em opinar posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo
sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse
autor da resenha julga importante destacar para o leitor. Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”,
Portanto, a abordagem crítica não significa, sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos
necessariamente, um levantamento dos problemas e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963.
detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como
no destaque de certas qualidades. Em resumo: a o presidente em um momento em que o país registra a
resenha é a apresentação de um texto resultante da maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo
apreciação crítica por parte do autor.
orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para
2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A
Tipos de texto carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do
Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos de clima festivo.
texto. Os gêneros textuais são organizados com base Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer.
em vários tipos de texto (descrição, narração, Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o
dissertação, exposição, injunção — que serão Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano,
detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo textual que pediu ao governo um socorro financeiro de 20
pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito
forma que um único gênero pode conter mais de um mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista
tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter
Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times
passagens narrativas e descritivas. Outro exemplo:
que teve repercussão entre economistas.
um conto de fadas e uma piada são gêneros textuais
Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a
diferentes, mas ambos são textos narrativos.
posse de Obama é o coroamento de uma jornada
histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!*  nova era, aprumando os EUA para manterem seu status
de potência dominante do século 21, ou se será o
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO. começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta
tal como conhecemos hoje.
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.2. (AED-SP)
Carta de leitor
Em uma sociedade letrada como a nossa, são
Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais construídos textos diversos que variam de acordo com as
com a herança que Bush deixou. Chama a atenção
necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para
dos americanos ao ser sincero quanto às dificuldades
utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que
que seu governo enfrentará. Agora, só nos resta
conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta
esperar os impactos da nova hegemonia ou da queda
de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um
americana.
gênero textual que
Lígia Paiva, Araguari, MG. (A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados
Veja, 28/1/2009.
pela tipologia da ordem da injunção (comando) e
estilo de linguagem com alto grau de formalidade.
(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de
descrever os assuntos e temas que circularam nos
jornais e revistas do país semanalmente.
(C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em
que o locutor encaminha a ampliação dos temas
tratados para o veículo de comunicação.
(D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em
forma de paragrafação, representando, em conjunto,
as ideias e opiniões de locutores que interagem
diretamente com o veículo de comunicação.
(E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da
variedade não padrão da língua e tema construído
por fatos políticos.

O Estado de S. Paulo, 31/1/2009.


.3. (AED-SP)
Observando a charge, é possível afirmar que seu autor
.1. (AED-SP) (A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou
Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de personagens relevantes na história recente dos
leitor e a charge acima representam diferentes gêneros Estados Unidos.
de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para (B) expressou graficamente sua visão sobre o novo
cada gênero representado, uma característica que contexto político e econômico norte-americano por
permita diferenciá-lo dos demais. meio do humor e da sátira.
(C) optou por um gênero textual caracterizado pelo
___________________________________________________
caráter burlesco e pela total carência de conteúdo
___________________________________________________
crítico.
___________________________________________________ (D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto
___________________________________________________ estético, deixando a criticidade e a abordagem de
temas em evidência em segundo plano.
___________________________________________________
(E) usou um dos personagens retratados para revelar
___________________________________________________ sua crença na solidez da atual conjuntura econômica
___________________________________________________ norte-americana.
___________________________________________________
Textos para as questões de 4 a 6.
___________________________________________________
___________________________________________________ Instruções dos medicamentos devem
___________________________________________________ facilitar a leitura e a compreensão
___________________________________________________ Em setembro de 2009, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os
___________________________________________________
laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com
___________________________________________________
letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos
___________________________________________________ medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a
___________________________________________________ leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar
informações mais claras sobre quantidade,
___________________________________________________
características, composição e apresentação dos
128
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

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medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do .6. (AED-SP)


paciente deve ser organizada em formato de perguntas e Com base nas novas orientações da Anvisa para a
respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que
as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo (A) somente as pessoas que possuem vasto
do novo tipo de bula: conhecimento de termos técnicos conseguirão
compreender as informações presentes nesse
Medicamento Anvisa® . gênero de texto.
Paracetamol . (B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado
APRESENTAÇÕES pelo médico podem diminuir sensivelmente.
Comprimidos revestidos de: (C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto
- 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos conhecido por ser de fácil leitura e compreensão
- 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico,
quanto no material e no de conteúdo.
USO ORAL
(D) as informações, que antes eram expostas de forma
USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS
clara neste gênero de texto, serão fornecidas de
COMPOSIÇÃO forma mais confusa e menos compreensível.
Medicamento Anvisa® 500 mg (E) todas as alternativas anteriores estão corretas.
Cada comprimido revestido contém 500 mg de
paracetamol .7. (ENEM-MEC)
Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado,
Diferentemente do texto escrito, que em geral
hipromelose, macrogol e providona
compele os leitores a lerem numa onda linear — da
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO? esquerda para a direita e de cima para baixo, na página
Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de impressa —, hipertextos encorajam os leitores a
febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e
como dores associadas a gripes e resfriados comuns, não sequencialmente. Considerando que o hipertexto
dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir,
associadas a artrites e cólicas menstruais. podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA? decisões como novos caminhos, inserindo informações
Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais
regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de
(SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos
tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas
permanece por um período de 4 a 6 horas. decisões.

Disponível em: http://www.portal.anvisa.gov.br. MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas


Acesso em: 30/6/2010. interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

.4. (AED-SP)
No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o
No exemplo apresentado, o texto caracterizado como
conhecimento por ele produzido, o texto apresentado
gênero bula de remédio é construído com base em
deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de
(A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos. autoria, porque
(B) teses defendidas pelo produtor da bula acerca do
(A) é o leitor que constrói a versão final do texto.
uso de medicamentos.
(C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos. (B) o autor detém o controle absoluto do que escreve.
(D) crítica sobre o uso de medicamentos. (C) aclara os limites entre o leitor e o autor.
(E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do (D) propicia um evento textual-interativo em que apenas
uso de medicamentos. o autor é ativo.
(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe
.5. (AED-SP) para o leitor.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não ________________________________________________
apresenta características do gênero de texto em questão. *Anotações*

(A) Prescrições ao usuário.


(B) Descrição das características do produto.
(C) Informações sobre a composição do produto.
(D) Indicações e contraindicações do produto.
(E) Narrações e depoimentos sobre o uso do produto.
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.8. (ENEM-MEC) Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto


La Vie en Rose objetivou
(A) construir uma apreciação irônica do filme.
(B) evidenciar argumentos contrários ao filme de
Scorcese.
(C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos
literários.
(D) apresentar ao leitor um painel da obra e se
posicionar criticamente.
(E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial
e, por isso, perde sua qualidade.

.10. (ENEM-MEC)

ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11/8/2007.

Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em


Quadrinhos constituem um gênero textual
(A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a
interpretação da mensagem contida no texto, como
pode ser constatado no primeiro quadrinho.
(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara,
que facilita a compreensão, como se percebe na fala
do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR
Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 10/5/2009.
CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
(C) em que o uso de letras com espessuras diversas
Observe a charge, que satiriza o comportamento dos
está ligado a sentimentos expressos pelos
participantes de uma entrevista coletiva por causa do que
personagens, como pode ser percebido no último
fazem, do que falam e do ambiente em que se
quadrinho.
(D) que possui em seu texto escrito características encontram.
próximas a uma conversação face a face, como pode
ser percebido no segundo quadrinho. Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que
(E) em que a localização casual dos balões nos ela
quadrinhos expressa com clareza a sucessão (A) defende, em teoria, o desmatamento.
cronológica da história, como pode ser percebido no (B) valoriza a transparência pública.
segundo quadrinho. (C) destaca a atuação dos ambientalistas.
(D) ironiza o comportamento da imprensa.
.9. (ENEM-MEC) (E) critica a ineficácia das políticas.
Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta ________________________________________________
semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a *Anotações*

dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de


La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue
como um homem fadado à destruição. Dirigida como um
senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa
obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que
falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então
transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
seres humanos apenas isso mesmo, humanos e
tremendamente imperfeitos.

Veja, 18/2/2009 (adaptado).


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.11. (ENEM-MEC) cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda


tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas
não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-
-lo não conseguiu dar qualquer informação.
(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu
vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de
guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou
a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no
chão da calçada. Algumas pessoas que passavam
pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.
(D) Vítima
Idade: entre 40 e 45 anos
Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net. Acesso em: 7/5/2009. Sexo: masculino
Cor: branca
A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da
dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo Abolição, quase esquina com Padre Vieira.
(A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais Ambulância chamada às 12*h*34*min por homem
importante para o país do que a ordem e o desconhecido. A caminho.
progresso. (E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na
(B) criticar a estética da bandeira nacional, que não calçada da rua da Abolição, quase esquina com a
reflete com exatidão a essência do país que Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo
representa. de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém
(C) informar à população sobre a alteração que a aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância
bandeira oficial do país sofrerá.
rápido. Por favor, venham logo!
(D) alertar a população para o desmatamento da Mata
Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas
.13. (ENEM-MEC)
acabem.
(E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas S.O.S Português
em defesa da Amazônia. Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito
diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto
.12. (ENEM-MEC) da língua com base em duas perspectivas. Na primeira
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o
esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino
restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais,
Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida
sem a preocupação com situações de uso. Outra
da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
abordagem permite encarar as diferenças como um
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se
produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e
não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios,
a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta
não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
disso.
sugeriu que devia sofrer de ataque.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano
TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua


No texto, um acontecimento é narrado em linguagem
portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a
literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão
professores. Entre as características próprias desse tipo
jornalística, com características de notícia, seria de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias
identificado em: do uso
(A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar (A) regional, pela presença de léxico de determinada
no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede região do Brasil.
e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos (B) literário, pela conformidade com as normas da
ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e gramática.
tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem (C) técnico, por meio de expressões próprias de textos
conseguir falar nada! Cruzes! Que mal! científicos.
(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, (D) coloquial, por meio do registro de informalidade.
não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, (E) oral, por meio do uso de expressões típicas da
quase esquina com a Padre Vieira, no centro da oralidade.
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.14. (ENEM-MEC) (A) ridicularizar a forma física do possível cliente do


No capricho produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de
O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo mudanças estéticas.
delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma (B) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea
senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando
cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta tal postura.
desse quadro?” (C) criticar o consumo excessivo de produtos
E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá industrializados por parte da população, propondo a
ao cabôco da roça: “Mais pelo amor de Deus, hein, dotô! redução desse consumo.
Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do (D) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora
deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no de forma, sugerindo a substituição desse produto
escuro.” pelo adoçante.
Ao que o delegado não teve como deixar de (E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo
confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o humano que não desenvolve atividades físicas,
cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais incentivando a prática esportiva.
dotô, inté que é uma feiura caprichada.”
.16. (ENEM-MEC)
BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Prima Julieta
Andreato Comunicação e Cultura, n.º 62, 2004 (adaptado).
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a
feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda
Por suas características formais, por sua função e uso, o
garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela
texto pertence ao gênero
uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
(A) anedota, pelo enredo e humor característicos. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma
(B) crônica, pela abordagem literária de fatos do deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta
cotidiano. caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás,
(C) depoimento, pela apresentação de experiências remando os belos braços brancos. A cabeleira loura
pessoais. incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de
(D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos. um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida,
(E) reportagem, pelo registro impessoal de situações em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade.
reais.
MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
.15. (ENEM-MEC)
Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o
modo como se organiza a própria composição textual,
tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar,
descrever, argumentar, explicar, instruir. No trecho,
reconhece-se uma sequência textual
(A) explicativa, em que se expõem informações objetivas
referentes à prima Julieta.
(B) instrucional, em que se ensina o comportamento
feminino, inspirado em prima Julieta.
(C) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer
do tempo, envolvem prima Julieta.
(D) descritiva, em que se constrói a imagem de prima
Julieta a partir do que os sentidos do enunciador
captam.
(E) argumentativa, em que se defende a opinião do
enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a
adesão do leitor a essas ideias.
________________________________________________
Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27/7/2010 (adaptado).
*Anotações*

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o


seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que
o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se
no emprego de recursos expressivos, verbais e não
verbais, com vistas a
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Literatura brasileira metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o


belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o
Barroco (1601-1768) frio.

Marco inicial  Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a


Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira. expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-
-los, integrá-los, através de uma linguagem
Panorama histórico profundamente metafórica.
O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a  Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos
época da colonização e absorve as influências do ideal cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”,
do colono português. Em termos sociais, temos como pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo
centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco. exagero, a resvalar pelo grotesco.
Não podemos falar de período barroco sem falar de
uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma  Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida,
tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada
teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O do mundo. A morte é uma constante preocupação,
Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da
do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos. incerteza e inconstância da vida.
Além do padre Antônio Vieira, prosador português,  Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que
devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos. significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte
barroca nos proporciona um eterno jogo de
contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos
sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-
-nos a um niilismo temático.

 Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou


“culteranismo”, designa um processo construtivo que
excede nas utilizações das figuras de linguagem,
causando um rebuscamento formal, uma excessiva
ornamentação estilística ou um preciosismo.
Normalmente, os textos cultistas são extravagantes,
herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.

 Conceptismo: trata-se de um processo construtivo


também conhecido como “quevedismo”, por causa
do escritor espanhol Quevedo, e que resulta,
finalmente, numa elaboração racional, numa retórica
aprimorada, através de um jogo de conceitos.
Quando analisamos um raciocínio, devemos
perceber se ele foi estruturado em bases
verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou
metafóricas, um sofisma.

Principais autores e obras


 Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II.
Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia
 MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM Satírica; VI. Poesia Última
 Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela, (Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia,
156 x 113 cm
a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre
1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)
Características barrocas
 Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o  Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200
culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o Sermões; História do Futuro; Esperanças de
homem sempre estava entre dois aspectos: o Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis
racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico. Prophetarum (A Chave das Profecias)
Essas posturas antagônicas em geral se relacionam  Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia
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.3. (UFPE/UFRPE)
 Fique ligado! Pesquise!  O estilo barroco — que nos séculos XVII e XVIII se
 Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens,
obra de um dos mais importantes pintores do Pré- Caravaggio, entre outros — pode ser considerado como:
-Barroco.
(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica
 Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas greco-romana.
plásticos barrocos e pré-barrocos, como (B) imitação dos pintores renascentistas florentinos.
Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo, (C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente.
Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também (D) consagração do racionalismo e cartesianismo na
sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o arte.
Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro, (E) resultado de uma arte que desafiava os padrões
que deixou significativas obras no Barroco mineiro. clássicos.
 Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da
música barroca. .4. (INEP-MEC)
 Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda
(Editora Companhia das Letras), que trata da vida
do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui
também o padre Antônio Vieira.

 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!* 
Para complementar o estudo deste Módulo,
utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********


.1. (FGV-RJ)
 MARISTELA DO VALLE / FOLHA IMAGEM
Observe as afirmativas referentes ao Barroco:
ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.
I. A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e
consciência da efemeridade da vida.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
II. Percebe-se uma postura antitética entre o Da vossa alta clemência me despido;
pensamento teocêntrico e o antropocêntrico. Porque quanto mais tenho delinquido,
III. Tem em Gregório de Matos seu maior Vos tenho a perdoar mais empenhado.
representante na literatura brasileira.
Obras poéticas de Gregório de Matos.
Rio de Janeiro: Record: 1990.
Assinale a alternativa correta.
(A) Apenas I e II são verdadeiras. Durante o período colonial brasileiro, as principais
(B) Apenas I e III são verdadeiras. manifestações artísticas, populares ou eruditas foram,
(C) Apenas II e III são verdadeiras. assim como nos demais aspectos da vida cotidiana,
(D) Todas são verdadeiras. marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido,
(E) Nenhuma é verdadeira. com base na análise da presença da religiosidade na
obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto
.2. (INEP-MEC) afirmar:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, (A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se
Depois da Luz se segue a noite escura, inspiram mais na temática cristã do que em
Em tristes sombras morre a formosura, elementos oriundos da mitologia greco-romana.
Em contínuas tristezas, a alegria. (B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se
à influência protestante holandesa na região da
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a Bahia e de Minas Gerais.
principal característica do Barroco é: (C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um
(A) culto da natureza. pecador que, embora creia em Deus, não tem
(B) a utilização de rimas alternadas. certeza de que obterá o perdão divino.
(C) a forte presença de antíteses. (D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos
(D) culto do amor cortês. deriva da censura promovida pela Santa Inquisição
(E) uso de aliterações. às obras artísticas no Brasil.
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.5. (UFPA) (A) A utilização da alegoria, da comparação, como


Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.
Matos ou do Barroco. (B) A tentativa de convencer o homem do século XVII,
(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais imbuído de práticas e sentimentos comuns ao
semipaganismo renascentista, a retomar o caminho
importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a
do espiritualismo medieval, privilegiando os valores
estética no país e ter escrito poemas épicos, de
cristãos.
herança camoniana, em louvor à pátria, traço do
(C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao
nativismo literário da época.
princípio horaciano de “ensinar deleitando” —
(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de
tendência didática e moralizante, comum à
Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor
Contrarreforma.
não trabalha com o jogo de palavras que instaura o
(D) O tratamento do tema principal — a denúncia à
erótico e às vezes até o licencioso.
cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo
(C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos de ideias.
trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão (E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X
moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo mal, em linguagem simples, concisa, direta e
idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino expressiva da intenção barroca de resgatar os
X desrespeito pelos encarregados dos cultos. valores greco-Iatinos.
(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e
expressivos do Barroco que dão simplicidade aos .7. (INEP-MEC)
textos, principal objetivo da estética que repudiava os O pregar há de ser como quem semeia, e não como
torneios na linguagem. quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as
(E) O Barroco se destaca como movimento literário estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas
único, uma vez que somente em sua estética é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.
encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som, Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os
bem como o uso de metáforas, hipérboles, pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se
perífrases, antíteses e paradoxos. de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar
negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar
.6. (INEP-MEC) noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
Leia atentamente o fragmento do sermão do padre sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de
Antônio Vieira: dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão
duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o
que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, estilo da disposição, e também o das palavras.
mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos
comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os VIEIRA, A. Sermão da Sexagésima.

pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os


No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão,
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para
que era comum na arte de pregar dos padres
muitos pequenos; mas como os grandes comem os
dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o
pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um objetivo de
só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas
(A) defender a ordenação das ideias em um sermão.
cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns
(B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.
aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da (C) comparar o sermão de certos pregadores a uma
mesma natureza, que, sendo criados no mesmo verdadeira prisão.
elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos (D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.
finalmente irmãos, vivais de vos comer. (E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.
________________________________________________
VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira: *Anotações*
sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo
Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.

O texto de Vieira contém algumas características do


Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela
em que não se confirmam essas tendências estéticas.
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*MÓDULO 4* Para aferir essas capacidades, o ENEM avalia cinco


competências que, segundo os idealizadores do exame,
A interpretação de textos são importantes não apenas para a resolução de
questões, mas para toda a vida. Mas o que são
As competências avaliadas pelo ENEM
competências? Eis a explicação de Philippe Perrenoud,
Saber ler e interpretar um texto adequadamente é especialista em educação:
condição essencial para qualquer pessoa obter sucesso
na vida pessoal e profissional. Nos exames oficiais, como
[Competência é a] capacidade de agir eficazmente em um
o ENEM e o vestibular, a interpretação de textos vem
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos,
ocupando boa parte da prova e cumprindo, por isso, um
mas sem limitar-se a eles.
papel decisivo no ingresso à universidade.

Construir as competências desde a escola.


Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 7.

As cinco competências avaliadas pelo ENEM são


estas:

.1. DOMINAR LINGUAGENS (DL)


Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer
uso das linguagens matemática, artística e científica
e das línguas espanhola e inglesa.

.2. COMPREENDER FENÔMENOS (CF)


Construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento, para a compreensão de fenômenos
 FOLHA IMAGEM
naturais, de processos histórico-geográficos, da
Neste Módulo, você vai conhecer as competências produção tecnológica e das manifestações
(eixos cognitivos) que são avaliadas nas provas do artísticas.
ENEM e observar como elas são utilizadas nas questões
.3. ENFRENTAR SITUAÇÕES-PROBLEMA (SP)
de interpretação de textos.
Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados
O que é o ENEM? e informações, representados de diferentes formas,
para tomar decisões e enfrentar situações-
O ENEM é um exame oferecido anualmente a
-problema.
estudantes que estão cursando ou já concluíram o
Ensino Médio. Criado em 1998, contou, em sua primeira .4. CONSTRUIR ARGUMENTAÇÃO (CA)
versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje, Relacionar informações, representadas de
cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em
anualmente. situações concretas, para construir argumentação
Aos poucos, o ENEM ganhou projeção e consistente.
reconhecimento nacional, principalmente porque a
pontuação obtida pelos participantes passou a servir para .5. ELABORAR PROPOSTAS (EP)
o ingresso em várias universidades federais, estaduais e Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na
particulares ou passou a compor a nota final de alguns escola, para elaboração de propostas de
exames vestibulares. Além disso, a concessão de bolsas intervenção solidária na realidade, respeitando os
de estudo em universidades públicas ou em faculdades valores humanos e considerando a diversidade
particulares está vinculada a resultados do ENEM. sociocultural.

< www.enem.inep.gov.br >.


A avaliação no ENEM
As provas do ENEM não têm em vista avaliar se o
Em maio de 2009, o MEC publicou o documento
aluno é capaz ou não de memorizar informações. Seu
Matriz de Referência para o Enem 2009, reiterando as
principal objetivo é avaliar se o aluno tem estruturas
mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar cinco competências gerais, mas chamando-as de eixos
interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas, cognitivos. Divulgou também uma relação com as
aplicar conhecimentos em situações concretas. E competências específicas de cada área a serem
também se tem, na vida social, uma postura ética, avaliadas no ENEM. Conheça o documento na íntegra
cidadã. acessando o site www.enem.inep.gov.br.
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*********** ATIVIDADES *********** (A) Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que
a dos EUA
(B) Inflação do Terceiro Mundo supera pela sétima vez a
As questões a seguir foram extraídas de provas do
do Primeiro Mundo
ENEM. Depois de resolvê-las, indique as competências
(C) Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006
(eixos cognitivos) que estão sendo avaliadas em cada
(D) Queda no índice de preços ao consumidor no
uma delas.
período 2001-2005
(E) EUA: ataques terroristas causam hiperinflação
.1. (ENEM-MEC)

Competências avaliadas: ____________________________

.3. (ENEM-MEC)
Os efeitos dos anti-inflamatórios estão associados à
presença de inibidores da enzima chamada
ciclooxigenase 2 (COX-2). Essa enzima degrada
substâncias liberadas de tecidos lesados e as transforma
em prostaglandinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo
As linhas nas duas figuras geram um efeito que se
aparecimento de dor e inchaço.
associa ao seguinte ditado popular:
Os anti-inflamatórios produzem efeitos colaterais
(A) Os últimos serão os primeiros. decorrentes da inibição de uma outra enzima, a COX-1,
(B) Os opostos se atraem. responsável pela formação de prostaglandinas,
(C) Quem espera sempre alcança. protetoras da mucosa gastrintestinal.
(D) As aparências enganam. O esquema abaixo mostra alguns anti-inflamatórios
(E) Quanto maior a altura, maior o tombo. (nome genérico). As setas indicam a maior ou a menor
afinidade dessas substâncias pelas duas enzimas.

Competências avaliadas: ____________________________

.2. (ENEM-MEC)
O gráfico abaixo foi extraído de matéria publicada no
caderno Economia & Negócios do jornal O Estado de S.
Paulo, em 11/6/2006.

Com base nessas informações, é correto concluir que


(A) o piroxicam é o anti-inflamatório que mais pode
interferir na formação de prostaglandinas protetoras
da mucosa gastrintestinal.
(B) o rofecoxibe é o anti-inflamatório que tem a maior
afinidade pela enzima COX-1.
(C) a aspirina tem o mesmo grau de afinidade pelas
duas enzimas.
(D) o diclofenaco, pela posição que ocupa no esquema,
tem sua atividade anti-inflamatória neutralizada pelas
duas enzimas.
(E) o nimesulide apresenta o mesmo grau de afinidade
pelas enzimas COX-1 e COX-2.

É um título adequado para a matéria jornalística em que Competências avaliadas: ____________________________


esse gráfico foi apresentado:
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.4. (ENEM-MEC) .5. (ENEM-MEC)


Tendências nas migrações internacionais Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas
O relatório anual (2002) da Organização para a representações gráficas são mutáveis.

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)


revela transformações na origem dos fluxos migratórios.
Observa-se aumento das migrações de chineses,
filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-
-membros da OCDE. Também foi registrado aumento de
fluxos migratórios provenientes da América Latina.

Trends in international migration – 2002. Disponível em:


www.ocde.org. Acesso em: 9/2/2006 (com adaptações).

No mapa seguinte, estão destacados, com a cor


preta, os países que mais receberam esses fluxos
migratórios em 2002.

Essas significativas mudanças nas fronteiras de países


da Europa Oriental nas duas últimas décadas do século
As migrações citadas estão relacionadas, principalmente,
XX, direta ou indiretamente, resultaram
à
(A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus
(A) ameaça de terrorismo em países pertencentes à
países aliados, na ordem internacional.
OCDE.
(B) da crise do capitalismo na Europa, representada
(B) política dos países mais ricos de incentivo à
principalmente pela queda do muro de Berlim.
imigração.
(C) da luta de antigas e tradicionais comunidades
(C) perseguição religiosa em países muçulmanos.
nacionais e religiosas oprimidas por Estados criados
(D) repressão política em países do Leste Europeu.
antes da Segunda Guerra Mundial.
(E) busca de oportunidades de emprego.
(D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal
no mundo ocidental.
Competências avaliadas: ____________________________ (E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos
ampliarem seus territórios.
________________________________________________
*Anotações*
Competências avaliadas: ____________________________

________________________________________________
*Anotações*

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.6. (ENEM-MEC) (C) variabilidade genética, mutação e evolução lenta.


Com base em projeções realizadas por especialistas, (D) gametogênese, troca de material gênico e
prevê-se, para o fim do século XXI, aumento de complexidade.
temperatura média, no planeta, entre 1,4 ºC e 5,8 ºC. (E) clonagem, gemulação e partenogênese.
Como consequência desse aquecimento, possivelmente
o clima será mais quente e mais úmido bem como Competências avaliadas: ____________________________
ocorrerão mais enchentes em algumas áreas e secas
crônicas em outras. O aquecimento também provocará o
desaparecimento de algumas geleiras, o que acarretará o Texto para as questões 8 e 9.
aumento do nível dos oceanos e a inundação de certas
áreas litorâneas. O Aedes aegypti é vetor transmissor da dengue. Uma
pesquisa feita em São Luís-MA, de 2000 a 2002, mapeou
As mudanças climáticas previstas para o fim do século os tipos de reservatório onde esse mosquito era
XXI
encontrado. A tabela abaixo mostra parte dos dados
(A) provocarão a redução das taxas de evaporação e de coletados nessa pesquisa.
condensação do ciclo da água.
(B) poderão interferir nos processos do ciclo da água
que envolvem mudanças de estado físico. tipos de reservatórios população de A. aegypti

(C) promoverão o aumento da disponibilidade de 2000 2001 2002


alimento das espécies marinhas. pneu 895 1.658 974
(D) induzirão o aumento dos mananciais, o que tambor/tanque/depósito de barro 6.855 46.444 32.787
solucionará os problemas de falta de água no vaso de planta 456 3.191 1.399
planeta. material de construção/peça de
271 436 276
(E) causarão o aumento do volume de todos os cursos carro
de água, o que minimizará os efeitos da poluição garrafa/lata/plástico 675 2.100 1.059
aquática. poço/cisterna 44 428 275
caixa-d’água 248 1.689 1.014
recipiente natural, armadilha,
Competências avaliadas: ____________________________ 615 2.658 1.178
piscina e outros
total 10.059 58.604 38.962
.7. (ENEM-MEC) Caderno Saúde Pública, vol. 20, n.º 5, Rio de Janeiro, out./2004 (com adaptações).

.8. (ENEM-MEC)
De acordo com essa pesquisa, o alvo inicial para a
redução mais rápida dos focos do mosquito vetor da
dengue nesse município deveria ser constituído por
(A) pneus e caixas-d’água.
(B) tambores, tanques e depósitos de barro.
(C) vasos de plantas, poços e cisternas.
(D) materiais de construção e peças de carro.
(E) garrafas, latas e plásticos.

Competências avaliadas: ____________________________

.9. (ENEM-MEC)
Se mantido o percentual de redução da população total
de A. aegypti observada de 2001 para 2002, teria sido
encontrado, em 2003, um número total de mosquitos
(A) menor que 5.000.
GONSALES, Fernando. Vá Pentear Macacos! São Paulo: Devir, 2004. (B) maior que 5.000 e menor que 10.000.
(C) maior que 10.000 e menor que 15.000.
São características do tipo de reprodução representado (D) maior que 15.000 e menor que 20.000.
na tirinha: (E) maior que 20.000.
(A) simplicidade, permuta de material gênico e
variabilidade genética. Competências avaliadas: ____________________________
(B) rapidez, simplicidade e semelhança genética.
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.10. (ENEM-MEC) .11. (ENEM-MEC)


Representar objetos tridimensionais em uma folha de A diversidade de formas geométricas espaciais
papel nem sempre é tarefa fácil. O artista holandês criadas pelo homem, ao mesmo tempo em que traz
Escher (1898-1972) explorou essa dificuldade criando benefícios, causa dificuldades em algumas situações.
várias figuras planas impossíveis de serem construídas Suponha, por exemplo, que um cozinheiro precise utilizar
como objetos tridimensionais, a exemplo da litografia exatamente 100 mL de azeite de uma lata que contenha
Belvedere, reproduzida abaixo. 1.200 mL e queira guardar o restante do azeite em duas
garrafas, com capacidade para 500 mL e 800 mL cada,
deixando cheia a garrafa maior. Considere que ele não
disponha de instrumento de medida e decida resolver o
problema utilizando apenas a lata e as duas garrafas. As
etapas do procedimento utilizado por ele estão ilustradas
nas figuras a seguir, tendo sido omitida a 5.ª etapa.

Qual das situações ilustradas a seguir corresponde à 5.ª


Considere que um marceneiro tenha encontrado algumas etapa do procedimento?
figuras supostamente desenhadas por Escher e deseje
construir uma delas com ripas rígidas de madeira que
tenham o mesmo tamanho. Qual dos desenhos a seguir (A) (D)
ele poderia reproduzir em um modelo tridimensional real?

(A) (D)

(B) (E)

(C)
(B) (E)

Competências avaliadas: ____________________________

________________________________________________
*Anotações*
(C)

Competências avaliadas: ____________________________

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Literatura brasileira Em Portugal, corresponde à época do Marquês de


Pombal (1750-1777), que operou profundas
Arcadismo (1768-1808) transformações administrativas e educacionais, como a
expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa
Marco inicial Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária
Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da e a divulgação das ideias científicas.
Costa. No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do
ouro em Minas Gerais e à transferência do centro
econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e
Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de
Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras
rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência
Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo,
que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas
descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e
no Barroco.
A vida literária ganha novo alento com o surgimento
de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação
autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros,
que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.

Características árcades
 Volta aos modelos clássicos: revalorização dos
princípios poéticos greco-romanos e renascentistas.
Daí a denominação Neoclassicismo.
 Arte como imitação dos grandes autores: o poeta
imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles
na Antiguidade, mas os autores antigos ou
renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca,
Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade,
mas à perfeição na imitação do modelo.
 Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a
natureza, vista sempre como cenário ameno e
aprazível. A natureza é convencional e serve de
cenário para a vida serena dos pastores e suas
 ARQUIVO / UFMG
musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e
 Vários poetas árcades participaram do movimento contra o desenganos do poeta.
governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia  Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia),
de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma
quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa
representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor
Pedro Américo (1843-1905) e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o
momento presente; o aurea mediocritas (= mediania
Panorama histórico de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou
extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que
O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao
consiste na exaltação da vida simples, e o locus
período de superação dos conflitos religiosos da época
amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a
barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem
felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam
importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o
como lema o inutilia truncat (= cortar o inútil),
homem e o mundo.
exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do
O Arcadismo coincide com o Século das Luzes,
Barroco.
marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu,
Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier,  Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam
Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert) pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas
e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido. como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas
Representa, historicamente, o último período de poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre.
dominação da aristocracia e as primeiras investidas da Não existe, porém, a subjetividade melancólica que
burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir ainda vai assolar o homem romântico; os
da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a sentimentos são “fingidos”, usados como motivos
condição de classe dominante. estéticos, e não espontâneos.
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Principais autores e obras *********** ATIVIDADES ***********


 Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo:
Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica Texto para as questões 1 e 2.
 Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos:
Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas 01 Torno a ver-vos, ó montes; o destino
 Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo 02 Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Sipílio) — O Uraguai
03 Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
 Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru 04 Pelo traje da Corte, rico e fino.
 Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805;
pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos;
05 Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Rimas; A Pena de Talião
06 Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Pré-Romantismo (1808-1836) 07 Vendo correr os míseros vaqueiros

Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição 08 Atrás de seu cansado desatino.


entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa
fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração 09 Se o bem desta choupana pode tanto,
da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de 10 Que chega a ter mais preço, e mais valia
sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa
11 Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito,
etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo
político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário 12 Aqui descanse a louca fantasia,
Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de 13 E o que até agora se tornava em pranto
Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre 14 Se converta em afetos de alegria.
Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José
Bonifácio de Andrada e Silva). COSTA, Cláudio Manoel da. In: FILHO, Domício Proença.
A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
 Fique ligado! Pesquise! 
 Assistir: aos filmes Danton – O processo da .1. (ENEM-MEC)
Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os
perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a
Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale
(1984), de Milos Forman — todos relacionados com a opção correta acerca da relação entre o poema e o
o contexto político e cultural europeu da época. Veja momento histórico de sua produção.
também A Missão (1986), de Roland Joffé, cujo
tema também foi tratado pelo poeta árcade (A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira
brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou
O Uraguai. seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico
 Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos e fino”.
iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau, (B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como
Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada
a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo
Despotismo Esclarecido.
urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da
 Ouvir: os compositores de destaque da época, Colônia.
como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus
(C) O bucolismo presente nas imagens do poema é
Mozart.
elemento estético do Arcadismo que evidencia a
 Comparar: os princípios que regem a Constituição
preocupação do poeta árcade em realizar uma
brasileira e as ideias políticas dos iluministas do
século XVIII. representação literária realista da vida nacional.
(D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a
 Conhecer: a pintura da época, especialmente a do
pintor francês Antoine Watteau. “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária
que reproduz a condição histórica paradoxalmente
vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!*  (E) A realidade de atraso social, político e econômico do
Para complementar o estudo deste Módulo, Brasil Colônia está representada esteticamente no
utilize seu LIVRO DIDÁTICO. poema pela referência, na última estrofe, à
transformação do pranto em alegria.
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.2. (ENEM-MEC) .4. (INEP-MEC)


Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto.
Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao (A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a
seu interlocutor. consequente crítica aos males que o meio urbano
traz ao homem.
(A) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).
(B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar
(B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5).
em conta o estado de espírito de quem a descreve.
(C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).
(C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta”
(D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7). resume o poema, indicando a passagem do tempo e
(E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11). a lembrança do amor perdido.
(D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o
.3. (FATEC-SP) predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a
Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que: influência da lógica iluminista.
(A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos, (E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem),
embora fazendo referência à constância da vida e à
dos quais imita os motivos e as formas.
previsibilidade do destino.
(B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante
que, de forma original, recusou a motivação bucólica .5. (INEP-MEC)
e os modelos camonianos da lírica amorosa. Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta.
(C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de
(A) A métrica regular e a estrutura — um soneto —
Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de indicam a proximidade do Romantismo.
Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade (B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem
literária destacada em relação ao primeiro. o radicalismo da escrita barroca.
(D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a (C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a
produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que natureza que o rodeia.
celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a (D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de
originalidade de estilo e de tratamento local dos natureza greco-latina.
(E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de
temas pelo autor.
linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.
(E) apresentou uma corrente de conotação ideológica,
envolvida com as questões sociais do seu tempo,
.6. (UESPI-PI)
com a crítica aos abusos do poder da Coroa
Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo
portuguesa. brasileiro e de seus autores.
(A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo,
Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da
que teve repercussão em todo o Brasil,
Costa, para responder às questões 4 e 5.
especialmente em Minas e São Paulo.
(B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu,
Este é o rio, a montanha é esta, longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o
Estes os troncos, estes os rochedos; poeta se transforma em Dirceu, pastor que se
São estes inda os mesmos arvoredos; enamora da pastora Marília, tendo como cenário um
Esta é a mesma rústica floresta. ambiente bucólico.
(C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu
Cartas Chilenas, uma crítica à colonização
Tudo cheio de horror se manifesta,
portuguesa.
Rio, montanha, troncos e penedos; (D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema
Que de amor nos suavíssimos enredos épico do Arcadismo.
Foi cena alegre, e urna é já funesta. (E) Entre as características árcades estão: a volta aos
padrões greco-latinos, a visão idílica da natureza, o
Oh quão lembrado estou de haver subido uso exacerbado da linguagem figurada, das
contradições e dos contrastes.
Aquele monte, e as vezes que, baixando,
________________________________________________
Deixei do pranto o vale umedecido!
*Anotações*

Tudo me está a memória retratando;


Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
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.7. (SEE-AC) e) A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo


Assinale E nas erradas e C nas corretas. gusto”. (________________)
01. (**) A literatura brasileira da fase colonial é f) “Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda
autônoma em relação à Metrópole. para os seus princípios estéticos. (________________)
02. (**) Toda a literatura colonial é basicamente g) O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de
advinda dos membros da Companhia de raciocínios, ficando o homem em certo dilema.
Jesus, sem nenhuma contribuição dos (________________)
colonos.
h) O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na
03. (**) A Carta de Pero Vaz de Caminha é França, numa época em que o Enciclopedismo é
considerada como nossa “certidão de uma nota marcante. (________________)
nascimento”.
i) A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a
04. (**) A literatura dos cronistas é basicamente
escultura e a pintura das igrejas. (________________)
informativa, geográfica e curiosa das coisas
locais. j) Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais
direta, embora ainda se procure certa perfeição
05. (**) Autores românticos e modernistas valeram-se
formal. (________________)
de sugestões temáticas e formais das crônicas
de viagem.
.9. (UFPE)
06. (**) A literatura dos viajantes é ocorrência Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos.
exclusivamente brasileira, não tendo nenhum O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que
similar em nenhuma outra parte do mundo. predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo
07. (**) A poesia de Anchieta está presa aos modelos literário
renascentistas e reflete, em seus sonetos, (A) é a síntese das características do principal escritor
uma transparente influência de Camões. de uma época.
08. (**) A literatura de informação ressalta a (B) são os procedimentos artísticos e as concepções de
importância do trabalho com o estilo, com a mundo predominantes nas obras de uma certa
forma. época.
(C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os
09. (**) A atitude de Caminha em frente à terra recém-
autores de uma certa época.
-descoberta é de decepção e de repulsa pelo
(D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os
índio.
escritores de uma certa época.
10. (**) A produção informativa do Quinhentismo tem (E) n.d.a.
maior valor histórico-documental que literário. ________________________________________________
*Anotações*
11. (**) A exaltação das virtudes da terra prestava-se,
também, ao incentivo à imigração e aos
investimentos da Europa na Colônia.

.8. (SEE-AC)
Coloque o nome do estilo a que se referem as definições
seguintes (Barroco ou Arcadismo).
a) Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma
motivação estética contra certa conturbação anterior
nas letras. (________________)

b) Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima


de tudo, simplicidade. (________________)

c) A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações.


(________________)

d) É um tempo místico, religioso, com o homem


tentando obter uma resposta para os seus problemas
nos valores espirituais. (________________)
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