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Desenvolvimento de uma Acção de Formação

no âmbito da Componente Projecto

SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir

Sessão 2

Competências Desenvolvidas nas Crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

28/07/09

A Formadora da Sessão:
Marília Eunice Alves Frias Sousa

Docente Orientador:
SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Doutor João Vaz

Componente Projecto – ESEC 2009


-2-
SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Planificação da Sessão 2:

“Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de Down e a sua Inclusão na Escola Regular”
Horário Tema/Conteúdos Objectivos Estratégias Material

9h 00m  Apresentação dos formandos;

9h 15m Recepção/Apresentação  Apresentação dos conteúdos


e objectivos da sessão.
(15 minutos)

Competências desenvolvidas
nas crianças com Síndrome
de Down - Conhecer competências
comunicativas e linguísticas das - Computador;
9h 15m - Competências comunicativas e crianças com Síndrome de Down.
linguísticas das crianças com - Data show;
10h 10m Síndrome de Down. - Conhecer competências sócio-  Explicação oral com apoio ao
afectivas e comportamentais das Power point;
(55 minutos) - Competências sócio-afectivas crianças com Síndrome de Down.
e comportamentais das crianças
com Síndrome de Down.

10h 10m Educação Inclusiva


(contextualização) - Computador;
10h 30m - Conhecer legislação de suporte à  Explicação oral com apoio a
- Enquadramento Legal da Educação Inclusiva Power point; - Data show;
(20 minutos) Educação Inclusiva

10h 30m
Intervalo
11h 00m

- Guião nº1

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11h 00m - Benefícios da inclusão de - Identificar os benefícios da  Actividade 1: - Filme nº1;


alunos com Síndrome de Down inclusão de crianças com
11h 45m na Escola Regular. Síndrome de down na Escola - Visionamento de um relato - Computador;
Regular. em filme (2m53s);
(45 minutos) - Data show;
- Reflexão e discussão em
grande grupo. - Quadro

- Giz

11h 45m - Projecto Educativo Individual - Compreender a importância do


(PEI). Projecto Educativo de Escola e
12h 30m  Explicação teórica com apoio a - Computador;
dos Currículos Funcionais, no
desenvolvimento de competências Power point;
(45 minutos) - Data show;
- Currículos Funcionais. em crianças com Síndrome de
Down.

12h 30m
Almoço
14h 00m

Intervenção Educativa em
crianças com Síndrome de
14h 00m - Quadro;
Down

14h 30m - Giz;


- Factores intrínsecos das - Reconhecer dificuldades  Interacção formadora/formandos
crianças com Síndrome de intrínsecas das crianças com
(30 minutos)  Apoio a Power point; - Computador;
Down, que influenciam a Síndrome de Down, inibidoras de
aprendizagem aprendizagens.
- Data show

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 Actividade 2: Trabalho de Grupo


- Fichas de
- Reflexão em grupo e trabalho nºs:
14h 30m - Estratégias de Intervenção - Desenvolver Estratégias de
resolução de uma ficha de 1,2,3,4 e 5
Pedagógica aplicadas a Intervenção Pedagógica
15h 30m trabalho temática sobre (uma por cada
Crianças com Síndrome de específicas, que promovam
estratégias a aplicar. grupo).
Down, para superar dificuldades. aprendizagens adequadas às
(60 minutos) necessidades/dificuldades de cada  Apresentação oral dos trabalhos
- Computador;
criança/jovem com Síndrome de de grupo (30 min.)
Down. - Data show;
 Apresentação em Power Point.

15h 30m
Intervalo
16h 00m

 Power Point (continuação); - Guião nº 2


- Estratégias de Intervenção - Conhecer Estratégias de
Pedagógica (continuação). Intervenção Pedagógica.  Actividade 3: Trabalho de grupo.
16h 00m - Filme nº2;
- Visionamento de um filme
16h 50m (4m19s);
- Computador;
- Intervenientes Educativos - Conhecer os principais - Reflexão e discussão em
(50 minutos) intervenientes educativos no grande grupo (15m) - Data show;
processo de inclusão de crianças
 Explicação teórica com apoio a
com Síndrome de Down.
Power point;
16h 50m O Papel da Família  Actividade 4: Texto de Apoio - Texto de
Apoio nº1;
- Leitura e reflexão em grande
17h 30m - O papel da Família no - Reconhecer o papel da família no
grupo
Processo de Inclusão de processo de Inclusão de crianças - Computador;
(40 minutos) crianças com a Síndrome de com Síndrome de Down.  Explicação teórica em Power
Down point; - Data show;

Responsável pela Acção:


………………………………………………………….
(Marília Eunice Alves Frias Sousa)
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RESUMO/ENQUADRAMENTO DA SESSÃO 2

Muitas crianças/jovens com Deficiências Intelectuais Acentuadas, como o caso de


portadores com a Síndrome de Down, têm sido integrados no sistema regular de ensino. Esta
situação vai de encontro à cada vez mais evidente, “Escola para Todos”, preconizada pelo
Tratado de Salamanca em 1994 e em Portugal pelo Decreto-Lei 319/91 que mais tarde foi
substituído pelo Decreto-Lei 3/2008, actualmente em vigor.

O princípio da Inclusão preconiza a escola regular como o meio ideal para estimular
habilidades e fomentar competências em crianças com estas características, promovendo o
seu desenvolvimento social e a autonomia, desde que seja flexível e proporcione as diversas
condições e adaptações necessárias.

Em alguns casos, essa inclusão é total, noutros casos ela ocorre ou por períodos de
tempo determinados ou, de acordo com a duração de programas específicos. O importante é
criar a possibilidade de desenvolver, particularmente nos indivíduos com a Síndrome de
Down, a consciência do seu próprio valor e proporcionar aos outros alunos, a inclusão de
alunos diferentes nas suas actividades, de forma a consciencializarem-se da problemática em
questão e por conseguinte, gerar sentimentos de respeito à diferença, de cooperação,
solidariedade.

As crianças e jovens com deficiência mental necessitam dos mesmos serviços básicos
que as restantes pessoas. Está aqui incluída a educação (especial), serviços de saúde e
oportunidades de interacção social. Para além destes, a maioria das pessoas com deficiência
mental necessita de serviços especiais. Estes serviços incluem o diagnóstico e avaliação,
oportunidades especiais de educação começando com um programa de intervenção precoce
até à idade pré-escolar; programas educativos com actividades adequadas à idade da
criança; a aprendizagem das competências escolares básicas; formação pessoal, social e
profissional; e oportunidades de viver de forma independente e de desempenhar um trabalho
compatível com as suas capacidades.

Nesse sentido, a escola tem responsabilidades, assim como todos os educadores e


professores, que devem conhecer as principais dificuldades inerentes aos alunos com a
Síndrome de Down, já que estas se irão reflectir nas mais diversas aprendizagens. Ao aluno
com esta Síndrome, devem ser dadas todas as oportunidades para ser bem sucedido, ganhar
autonomia, autoconfiança e o respeito de toda a sociedade. Os professores no entanto, não
devem esquecer que o grau de deficiência mental nestes alunos, é variável e por essa razão,
devem não só definir objectivos capazes de serem atingidos por cada aluno, mas também,

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encorajá-lo nesse processo.

Um dos aspectos muito importantes a ter em conta é a funcionalidade das


competências curriculares, os chamados “currículos funcionais”, essenciais para a vida
quotidiana destes alunos. Daí, ser também da maior importância a elaboração de um Plano
Educativo Individual (P.E.I) para cada um deles, tendo em conta a sua especificidade e assim,
haver uma informação detalhada do percurso e progresso destas crianças, para que se possa
avaliar de forma sistemática os objectivos/competências propostos e a eficácia das
estratégias aplicadas.

Neste processo de inclusão, a participação da família é cada vez mais importante nos
rumos da educação. Esta intervenção parental pode até ser determinante para o sucesso ou
insucesso das crianças e jovens com a Síndrome de Down.

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INÍCIO DA SESSÃO 2
A sessão 2, orientada por mim, Marília Sousa, iniciar-se-á com a minha apresentação
aos formandos e vice-versa. De seguida, vão ser apresentados os tópicos dos conteúdos da
respectiva sessão e abordados de uma forma sintética. Esta abordagem será apresentada em
Power point.

De seguida, começarei por perguntar aos formandos se, como educadores e


professores, têm alguma experiência em sala de aula ou não, com crianças com Deficiência
Intelectual Acentuada ou mais especificamente, com crianças portadoras da Síndrome de
Down.

Consoante o feed-back obtido de eventuais experiências ou não com este tipo de


crianças e dos conhecimentos obtidos da sessão anterior (fio condutor entre sessões),
conduzirei o grupo, através do diálogo orientado, a identificar aspectos relacionados com a
fala, a linguagem e a própria comunicação destas crianças.

Após uma breve discussão, será concluído que são grandes as dificuldades na
linguagem, nas crianças com Síndrome de Down, consequência de factores cognitivos e
motores, (já abordados na sessão anterior) e que, originam problemas na linguagem e na
comunicação e por conseguinte, nas relações inter-pessoais.

Segue-se então, a apresentação em Power Point, dos primeiros conteúdos da sessão


que abordará questões relacionadas com as competências comunicativas e linguísticas,
assim como competências sócio-afectivas e comportamentais, nas crianças com Síndrome de
Down.

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EXPLANAÇÃO TEÓRICA DOS CONTEÚDOS DA SESSÃO 2


1. COMPETÊNCIAS DESENVOLVIDAS NAS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

1.1. Competências Comunicativas e Linguísticas das Crianças com Síndrome de Down

A comunicação é um processo complexo e pode afectar as pessoas em qualquer


situação da vida e em diferentes idades. Para qualquer criança, as dificuldades de
comunicação, afectam a interacção com as pessoas mais próximas e podem perturbar ou até
mesmo impedir, a socialização natural dessa criança.
A comunicação é feita por meio de uma linguagem e através desta, a criança estrutura
as suas ideias e emoções e vai aprendendo as regras dessa linguagem. As crianças com
Síndrome de Down, em especial, caracterizam-se por apresentar um atraso na linguagem,
tanto a nível da sua produção, como da compreensão da mesma, “...existe, nestas crianças
um desajuste entre os níveis compreensivo e expressivo da linguagem” (Bautista, 1997,
p.232). Estas crianças têm dificuldade em compreender frases mais complexas, onde estão
implícitas frases subordinadas ou formas verbais nos tempos, Passado ou Futuro. Por outro
lado também, custa-lhes, por exemplo, sequenciar as palavras para expressarem uma ideia
ou pedir um esclarecimento quando não entendem alguma coisa, é o que se domina lacuna
receptivo-expressiva.
Neste sentido, as capacidades destas crianças para se expressar verbalmente são, na
sua maioria inferiores, às capacidades para compreender; em alguns casos, as crianças
poderão nem sequer ser capazes de falar inteligivelmente, em resultado do défice cognitivo
profundo, grandes perdas auditivas ou grandes dificuldades motoras ou neuromusculares.
“(…) a linguagem constitui o núcleo das dificuldades sociais da pessoa afectada pela
Síndrome de Down, ao ver-se limitada nas suas possibilidades de comunicação em
consequência dos défices que geralmente apresentam...” (Bautista, 1997, p. 238).
Floréz e Troncoso1 (1991), referem que a linguagem expressiva é menos clara já
desde os primeiros anos, muito devido ao déficit do desenvolvimento da fala (respiração, voz,
ritmo, articulação). Tendem, tal como as outras crianças, a substituir os fonemas mais difíceis
por outros mais fáceis, no entanto as principais dificuldades articulatórias dão-se, sobretudo,
ao nível das consoantes fricativas (f, s e z) e vibrantes (r e rr) que por conseguinte, aparecem
mais tarde no desenvolvimento normal da linguagem.
O desenvolvimento do vocabulário é bastante lento na criança com Síndrome de
Down, no entanto, e embora na primeira infância o léxico seja limitado, investigações
demonstram que estas crianças vão desenvolvendo o seu vocabulário durante toda a sua

1 In www.psicologia.com.pt/artigos, em 05-03-09

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vida, embora tenha de ser concreto e não abstracto. Assim sendo, quantas mais experiências
tiverem nesse sentido, mais palavras aprenderão.
A habilidade linguística é uma das mais importantes no ser humano. A integração
escolar e social assim como o desenvolvimento afectivo e intelectual, depende em grande
parte das habilidades comunicativas e linguísticas necessárias para a relação com os outros e
para a aprendizagem. Nesse sentido, o facto do processo linguístico (desenvolvimento da
linguagem e da fala) de uma criança portadora de Síndrome de Down, desenvolver-se muito
tardiamente e com grande dificuldade, torna-se numa frustração para eles e a habilidade de
linguagem falada pobre, afecta todos os aspectos das suas vidas.
No entanto, os indivíduos portadores da Síndrome de Down, têm uma grande vontade
de comunicar, de interagir, de se relacionar e estar com os outros. Nesse sentido utilizam
normalmente mecanismos compensatórios para comunicar com maior facilidade,
nomeadamente através de gestos ou mímica, para se fazerem entender.
O desenvolvimento das competências da comunicação da pessoa com Síndrome de
Down, depende estreitamente das aptidões de leitura. Daí que, quanto maior for a
estimulação cognitiva nestas áreas, maior será em paralelo, o desenvolvimento social e
pessoal; falamos de autonomia, auto-estima, auto-confiança, sentido de responsabilidade e
por conseguinte, uma maior confiança na sua auto-imagem.
É de salientar que, o meio em que a criança cresce, lhe concede o potencial
necessário ao seu desenvolvimento integral enquanto percursor de variadas competências
(habilidades), inclusive as linguísticas e comunicativas.

1.2 Competências Sócio-Afectivas e Comportamentais das Crianças com Síndrome de


Down

A socialização é um processo pelo qual o indivíduo adquire modelos de


comportamento próprios da sua sociedade.
Para a maioria das crianças com um desenvolvimento dentro dos padrões normais, a
socialização é comum processar-se de uma forma relativamente suave, que vai progredindo
ao longo do tempo, desenvolvendo assim, as suas potencialidades. No entanto, quando se
trata de uma criança com Síndrome de Down, o processo de socialização é diferente, já que,
“... diversos factores biológicos, cognitivos, inter-pessoais e sociais podem convergir de forma
diferente na maturação pessoal, dando lugar a diferentes trajectórias no desenvolvimento”
(Rodriguez, 1996,.p.67). Sendo assim, estas diferenças podem significar distintas formas de
adquirir habilidades e conhecimentos e, aliado ao facto de existir diferentes variações no grau
da doença, o desenvolvimento e adaptação social pode ser diferente de indivíduo para
indivíduo.

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O desenvolvimento global de uma pessoa é determinado pela genética e pelo meio


ambiente. Quanto mais estímulos forem oferecidos, através da experimentação (tacto,
paladar, audição, visão), mais a criança vai superando limitações e criando uma memória das
suas vivências, aprendendo dessa forma. A criança com Síndrome de Down deve ser
portanto, estimulada continuadamente para um melhor relacionamento interpessoal. A
convivência com outras crianças ajudam na socialização para aprender a conviver com
normas sociais. Os pais, neste sentido, têm um papel fundamental, ao proporcionar à criança
situações de brincadeira com outros grupos, mantendo a criança em actividade.
O desenvolvimento social e emocional de crianças com Síndrome de Down é uma
mais valia, e somente atrasado levemente, na infância. As habilidades sociais e de empatia
presentes em crianças e adultos são normalmente uma força por toda a vida. A habilidade
motora é atrasada e interfere na habilidade para brincar e explorar, no entanto, as
habilidades, social, de auto-ajuda e até motora, ficam usualmente à frente das habilidades de
linguagem e fala na idade escolar.
Cada pessoa tem uma personalidade própria e diferente, o mesmo acontece com a
pessoa com Síndrome de Down, em que a sua personalidade depende em grande parte das
suas experiências. No entanto, o seu temperamento pode caracterizar-se como um tanto ou
quanto rebelde, isto porque, estas crianças quando começam a andar, tem tendência em ser
agitadas e tem dificuldade para compreender os limites e a disciplina, podendo tornar-se
teimosas, muitas vezes resultado dos seus relacionamentos, experiências de vida e
dificuldade de assimilar o significado das situações.
Os problemas de comportamento podem, portanto, ser desencadeados em algumas
situações aparentemente banais, por motivos de maior frustração ou ansiedade. No entanto,
isto não quer dizer que estas crianças, inevitavelmente, irão apresentar problemas de
comportamento, mas a natureza das suas dificuldades faz com que eles sejam mais
vulneráveis a desenvolvê-los.
Neste sentido, o enquadramento familiar é muito importante; “A criação de um clima
familiar e afectivo adequado, repercutir-se-á positivamente no desenvolvimento da criança...”
(Bautista, 1997, p.242). A atitude de aceitação incondicional por parte dos pais, será uma
mais valia para a criança, na medida em que, podem proporcionar-lhes condições para um
melhor desenvolvimento social e afectivo, evitando contudo, a super protecção e a ansiedade.
A família, como primeira agente da intervenção educacional, proporciona as primeiras
oportunidades de relação social e a necessidade de ajustar a conduta das crianças com
Trissomia 21, à conduta dos outros. É também função da mesma incutir o tipo de hábitos,
costumes, que a sociedade aprova, quer seja por processos de aprendizagem, quer de
carácter mais afectivo e inconsciente. Quanto mais intervenientes forem os pais, mais
provavelmente a criança adquirirá aptidões de desenvolvimento, tão necessárias a uma boa

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aprendizagem e à sua formação.


Está comprovado que uma adequada atenção afectiva, educativa e social, aplicada
desde os primeiros momentos sobre estas crianças, vai influenciar decisivamente no
desempenho das suas potencialidades, geralmente subestimadas pelo meio social.
É de realçar, a importância da escola e a integração activa dos portadores de
Síndrome de Down em processos de aprendizagem básicas, assim como na estimulação de
competências essenciais à vida futura. Claro, que todo este processo deve ser trabalhado em
conjunto, entre pais e professores, de forma a proporcionar à criança, um desenvolvimento
harmonioso, em todas as suas dimensões.
Alguns indivíduos com Síndrome de Down são confiáveis, extrovertidos e gostam de
vida social agitada, alguns são adeptos dos desportos e excelentes em natação, ginástica,
esqui aquático ou equitação, outros são mais quietos ou mesmo tímidos e preferem
passatempos com alguns amigos íntimos. Cada criança ou indivíduo com esta problemática,
precisa ser considerado como um indivíduo, e as suas necessidades determinadas como um
indivíduo, levando-se em consideração os possíveis efeitos da Síndrome de Down no
desenvolvimento, mas não se deduzindo que a Síndrome de Down sozinha, determinará o
desenvolvimento.
Actualmente, a sociedade está a consciencializar-se de como é importante valorizar a
diversidade humana e de como é fundamental oferecer equiparação de oportunidades, para
que as pessoas com deficiência exerçam seu direito de conviver na sua comunidade.
A participação de crianças, adolescentes, jovens e adultos com Síndrome de Down
nas actividades de lazer é encarada cada vez com mais naturalidade e pode perceber-se que
já existe a preocupação em garantir que os programas voltados para o recreio e lazer incluam
a pessoa com deficiência. Como qualquer adolescente, eles gostam de ouvir música, dançar,
ver televisão, produzir-se, passear, conversar, ficar juntos, falar alto, dar risadas, ter
segredinhos, telefonar para a (o) amiga (o), comprar coisas da moda;
Em adolescente, o portador da Síndrome de Down, passa muitas vezes por uma crise
de identidade, quando está a preparar-se para assumir uma liberdade maior e as
responsabilidades da vida adulta. Com a entrada na puberdade, a adolescência é uma fase
complexa para todos os jovens, particularmente para a pessoa com esta patologia que fica
confusa e frustrada.
Neste período, a socialização atinge o seu momento de maior importância. Não é raro
que estas crianças/jovens apresentem vários problemas graves de adaptação nesta fase,
pelas suas próprias dificuldades de interacção com os indivíduos da sua idade e de um modo
por vezes inaceitável.
Indivíduos com Síndrome de Down são pessoas, em primeiro lugar, com os mesmos
direitos e necessidades que todos os outros. O desenvolvimento destes indivíduos é

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influenciado pela qualidade do cuidado, educação, e experiência que lhes são oferecidos,
como qualquer outra pessoa. A vida diária das crianças/jovens com Síndrome de Down,
sejam quais forem as suas idades, é influenciada pelos recursos que lhes estão disponíveis e
pela atitude das pessoas que vivem com eles, as pessoas com quem eles convivem na
comunidade e as pessoas que os sustentam ou ensinam.

2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA (Contextualização)

2.1 Enquadramento Legal

No Sistema Educacional Português, é o Decreto-Lei 3/2008 que define os novos


princípios orientadores da política educativa para as Necessidades Educativas Especiais:
“Escola Inclusiva e Ensino Especial”. Este documento surge no seguimento da Declaração
Internacional de Salamanca (1994) que preconiza a escola regular como o meio ideal para
estimular habilidades e fomentar competências, combatendo as atitudes discriminatórias e
criando comunidades abertas e solidárias no respeito pela diversidade, numa perspectiva de
Educação Para Todos:“As escolas devem acolher todas as crianças independentemente das
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.”(Declaração
de Salamanca. 1994).
Em Portugal, o Decreto-Lei 3/2008, saído a 7 de Janeiro de 2008, centraliza num único
diploma uma série de diplomas diversos, criando e definindo um conjunto de pressupostos de
natureza conceptual e organizacional com vista à concretização da “Educação Inclusiva” das
crianças e jovens com NEE de carácter permanente. Por sua vez, apresenta um conceito
mais restrito de necessidades educativas especiais, limitando-o aqueles que manifestam
significativas limitações ao nível da actividade e participação, decorrentes de alterações
funcionais e estruturais, com consequências continuadas ao nível da comunicação,
aprendizagem, mobilidade, autonomia, relacionamento e participação social.
Esta tentativa de delimitação, preconiza um modelo de avaliação diagnóstico centrado
no aluno, nas suas incapacidades e funcionalidade, associando-as muitas vezes, aos estados
de saúde e aos factores ambientais. É neste contexto que a lei determina o modelo de
classificação das NEE por referência à CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde), da O.M.S. (Organização Mundial de Saúde). A utilização desta
classificação como instrumento de classificação das NEE, tem vindo a ser amplamente
contestado pela comunidade científica portuguesa ligada ao estudo das questões das
necessidades educativas e da educação inclusiva.
Em termos organizacionais, para além de um complexo processo de referenciação e
avaliação, o diploma prescreve um conjunto de medidas e respostas educativas para os
alunos com NEE, na linha de cuidados especiais, e grande parte prestados por um sistema de
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educação especial paralelo ao ensino regular.


Segundo este novo quadro legal, marcado pela necessidade de mudança de
paradigma, traduz-se pela passagem da intervenção centrada no aluno, para a intervenção
centrada no sistema educacional; embora esse salto não tenha ainda sido completamente
concretizado, é esse o objectivo fundamental a alcançar.
A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo pretende, em primeiro lugar,
estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e
desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida quotidiana e que lhes
preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas
oportunidades lhes serão dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e
nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar activamente.
Nesse sentido, importa repensar a escola e os diferentes intervenientes no sistema
educativo dos quais depende um verdadeiro processo de inclusão: organização das escolas
em bases de flexibilização e de autonomia, formação dos profissionais, organização das
estruturas de apoio, liderança e o próprio sistema de financiamento. De facto, a temática da
Inclusão vem sendo debatida, tanto no meio académico, como na própria sociedade com
novas e acaloradas discussões, embora ainda, carregue consigo sentidos distorcidos.
A perspectiva conceptual da legislação portuguesa declara-se como “inclusiva”, mas
dadas as dificuldades que apresenta em relação a este princípio, talvez por ser uma
legislação recente, impõe-se uma séria reflexão participada sobre o seu significado, as
necessidades, as mudanças que importa realizar, os medos a ultrapassar, os apoios e
suportes internos e externos a que é necessário recorrer; ou seja, sabermos que escolas
queremos no nosso país, para que possam ser, de facto, Escolas para Todos.

2.2 Benefícios da Inclusão de Alunos com Síndrome de Down na Escola Regular

A inclusão de pessoas com a Síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais


acentuadas no sistema regular de ensino, é um dos mais importantes desafios vivenciados,
por toda a comunidade educativa. Sem dúvida, que este processo inclusivo traz benefícios
para todos os intervenientes, desde às crianças com necessidades educativas especiais
permanentes, a seus pais, a outras crianças que com elas convivem, aos professores e
educadores e até mesmo para o próprio sistema educacional (filme nº1: “Educador fala sobre
a inclusão das crianças com Síndrome de Down”).
Estudos realizados nas escolas que acolhem crianças “diferentes”, concluem que é
notória uma alteração do ambiente. A convivência entre alunos com diferenças visíveis,
desenvolve significativamente a tolerância e a solidariedade. Ocorre uma melhoria na
qualidade dos relacionamentos e a própria afectividade. Há, inclusive, relatos que mostram

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que a agressividade e a violência diminuem bastante.


É na Escola Pública Regular, que as crianças em geral e as portadores da Síndrome
de Down em especial, poderão vivenciar experiências únicas e fundamentais para o seu
crescimento pessoal e social, as quais não poderão ser vivenciadas no contexto familiar nem
em contextos mais restritivos; como exemplo, a oportunidade de desenvolver relações com
outras crianças da comunidade, com o grupo de pares ditos "normais", o qual é uma
referência para uma maior estimulação, atitudes e comportamentos. Desta forma, ao
participar das actividades regulares, espera-se que estejam preparadas para desempenhar a
maior quantidade de tarefas do dia-a-dia na vida comunitária e na sociedade como um todo.
Cada criança possui um perfil educacional diferente. Cabe ao professor o papel de
proporcionar desafios individuais, em pequeno grupo ou em colectivo, que sirvam de
incitamento e de reforço positivo.
Por conseguinte, a maioria dos alunos que convivem com colegas portadores da
Síndrome de Down, aprendem a resolver problemas de forma mais cooperativa e apresentam
comportamentos menos segregadores. Os professores e educadores identificam a aquisição
de valores, como o respeito, a valorização às diferenças, a solidariedade, entre outros, como
o resultado do convívio com estas crianças diferentes em escolas regulares. A inclusão de
alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino, beneficia os seus colegas
de turma tanto a nível académico como socialmente.
Por outro lado, a convivência com colegas com Síndrome de Down proporciona maior
grau de interacção na turma, a construção de vínculos afectivos e a diminuição de
preconceitos e estereótipos em relação aos colegas com a síndrome.
Os educadores, diante de uma turma ainda mais heterogénea, passam a considerar e
valorizar as diferenças e particularidades de cada aluno. Com isso, a própria avaliação se
torna mais individualizada, deixando de estabelecer, apenas, uma contínua comparação entre
os resultados obtidos.
Entretanto, alguns pais dos demais alunos, temem que haja uma queda no rendimento
do grande grupo, o que provocaria atraso na programação e interferência negativa no
desempenho académico dos próprios filhos. Mas, a proposta da inclusão é que as crianças
especiais beneficiem do convívio embora, talvez, não alcancem a mesma produção das
demais, sem prejuízo para os outros alunos.
Para administrar todas essas variáveis, é necessário que a escola vá de encontro a
este novo desafio e esteja preparada para lidar com as novas situações envolvendo toda a
comunidade, no processo de inclusão de crianças/jovens com Deficiência Intelectual
Acentuada, e neste caso concreto, de crianças com a Síndrome de Down. Daí, a necessidade
desta mesma reorganizar todo o sistema educativo de modo a convergir todos os interesses.
Quando todas as crianças são incluídas como parceiros iguais na comunidade escolar,

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os benefícios são sentidos por todos.


A educação de qualidade para todos é uma tarefa ambiciosa e vai exigir empenho e
mobilização mas, sem dúvida, é um passo importante na construção de uma sociedade mais
respeitosa e solidária. Cabe a todos, envolvidos nesse processo, a disponibilidade para se
rever e se abrir garantindo que essa diversidade possa conviver produtivamente.

2.3 Programa Educativo Individual (PEI)

O Programa Educativo Individual, constitui o instrumento que determina as medidas e


respostas a adoptar para os alunos com Necessidades Educativas Especiais de carácter
Permanente.
É um documento formal desenhado para responder às especificidades das
necessidades educativas de cada aluno, daí ter de contemplar tais especificidades, de forma
individualizada. Baseado na observação, avaliação escolar e familiar e outras informações
complementares, como relatórios médicos, psico-pedagógicos e sócio familiares, este é um
programa fundamental para que a operacionalização da adequação do processo de
ensino/aprendizagem seja eficaz. Daí, o PEI integrar indicadores de funcionalidade, bem
como os factores ambientais, que funcionam como facilitadores ou barreiras à actividade e
participação do aluno na vida escolar. Toda esta avaliação dar-nos-á dados acerca das
aquisições da criança e das suas dificuldades, assim como, indicações sobre como
prosseguir.
Neste contexto, o PEI deve ser um documento flexível (permitindo alterações), revisto
a qualquer momento mas obrigatoriamente no final de cada nível de educação e final de ciclo,
deve ser global (desenvolvimento global da criança), realista (recursos e estratégias
praticáveis), compatível (com a sala de aula em que a criança esta inserida), contínuo
(sempre presente na vida escolar do aluno) e dinâmico (proporcionar actividades de interesse
e motivação por parte do aluno).
A elaboração e a aplicação do PEI inserem-se num processo integrado e contínuo,
realizado no âmbito de uma equipa pluridisciplinar. Este documento deverá ser elaborado pelo
docente da turma, docente do ensino especial e com apoio do encarregado de educação, daí
ter como um dos objectivos, responsabilizar as escolas e encarregados de educação pela
implementação das medidas a adoptar.
De acordo com a filosofia da inclusão, este documento pode contemplar medidas
como: apoio pedagógico personalizado; adequações curriculares individuais; adequações no
processo de matrícula; adequação no processo de avaliação; currículo específico individual e
tecnologias de apoio.
Quando se fala em adequações curriculares para estas crianças/jovens, é fundamental

Componente Projecto – ESEC 2009 - 16 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

relembrar que um dos grandes objectivos da Escola Inclusiva é preparar os alunos com
Necessidades Educativas Especiais Permanentes, a serem o mais autónomos possíveis e
integrá-los na vida activa, tendo em conta uma perspectiva funcional que contempla cinco
ambientes distintos: casa, escola, lazer, comunidade e trabalho. Neste sentido é pertinente
salientarmos a importância da planificação de currículos funcionais, integrados no Projecto
Educativo Individual.

2.4 Currículos Funcionais

Até há alguns anos, as crianças e jovens com Deficiência Intelectual Acentuada eram
considerados incapazes de aprender, necessitando apenas de cuidado e protecção. Contudo,
a preconização da Escola Inclusiva, veio alterar esse panorama. A partir do momento em que
o sistema educacional proporciona a oportunidade de crianças e jovens em idade escolar,
frequentarem a escola pública integradas em turmas regulares, este confronta-se com a
questão do currículo a ser proposto, sem dúvida um desafio aos educadores, professores e
outros técnicos que actuam junto a esta população.
Os currículos tradicionais até então, não se mostraram eficazes em dar resposta às
dificuldades destes alunos, surgindo a necessidade de novos currículos que promovessem
uma melhor integração destes alunos na escola, na família e na comunidade, tendo em vista
uma melhor qualidade de vida. Neste sentido, surge o modelo curricular funcional, baseado
numa perspectiva ecológica, em que todos os ambientes naturais que rodeiam a criança se
mostram fundamentais para a aprendizagem de competências que visem a autonomia, a
autodeterminação e uma melhor integração familiar, social e laboral destes alunos com
Deficiência Intelectual Acentuada.
Cabe aos professores, técnicos e pais, a responsabilidade de escolher os ambientes
naturais mais adequados para o desenvolvimento de competências e estratégias a cada
aluno em particular, de acordo com as suas dificuldades, aptidões e expectativas. Neste
contexto, acho pertinente salientar que para crianças/jovens com a Síndrome de Down, é
mais prudente ensinar um número relativamente reduzido de competências em numerosos
ambientes do que ensinar muitas competências em poucos ambientes, a chamada
“participação parcial nas aprendizagens”, com o intuito de generalizar conhecimentos em
tempo útil e para toda a vida.
Ao delinear-se um currículo para estes alunos, o principal foco deverá ser o
desenvolvimento das habilidades mais relevantes da vida diária dos mesmos, de forma a
possibilitar que elas participem tão independentemente quanto possível, na sua comunidade.
Para isso e segundo a perspectiva funcional do currículo, estas crianças devem viver em casa
no seu ambiente familiar, frequentar a escola da sua comunidade, conviver com outros

Componente Projecto – ESEC 2009 - 17 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

deficientes mas também não deficientes, devem usufruiur dos direitos da restante
comunidade, participar em actividades de lazer da mesma, devem exercer uma actividade e
serem remuneradas pelo seu trabalho, devem ser capazes de tomar decisões sobre a sua
própria vida. Tudo isto evidentemente, tendo em conta o prazer e a vontade de cada craiança.
As habilidades funcionais serão aquelas frequentemente exigidas nos ambientes
domésticos e na comunidade. Para determinar se uma atividade curricular é funcional ou não,
o professor deve sempre fazer a seguinte questão: caso o aluno não aprenda a desempenhar
esta actividade, alguém terá que fazer isto para ele? Se a resposta for sim, a atividade muito
provavelmente será funcional. No entanto, é também importante que estes alunos adquiram e
desempenhem outras atividades que não sejam funcionais, uma vez que elas irão melhorar a
sua qualidade de vida e aumento da auto-estima destas crianças, nomeadamente actividades
relacionadas com o lazer. Daí a importância dos currículos funcionais incluirem actividades
funcionais e não funcionais.
No desenvolvimento das áreas curriculares implementadas no currículo funcional, é
pertinente a escolha, não só de conteúdos académicos, mas sim de áreas relativas às
competências básicas, como é o caso das relacionadas com o lar/família, com o local de
trabalho, com os espaços de lazer e de toda a comunidade em geral.
Outro aspecto a ter em conta nos currículos funcionais é a adequação das várias
actividades à idade cronológica de cada criança/jovem com a Síndrome de Down, e não de
acordo com a sua idade mental. Os educadores terão assim, a responsabilidade de
selecionar e proporcionar atividades que permitam à criança apreciar eventos adequados a
sua real idade, mas também uma intervenção educativa individualizada, de acordo com os
ambientes em que vive e se relaciona. Contudo, quando se justifica, as actividades devem ser
modificadas e adaptadas para se adequar ao nível e desenvolvimentoda criança. Em alguns
casos, isso pode significar que um novo conceito, assunto ou habilidade deverá ser nivelada
pelo básico, com um foco num aspecto específico que se pretende que a criança aprenda e
entenda.
A partir da dinâmica dos currículos funcionais, é proporcionado a relação inter-pares,
criança-a-criança, que permite uma variedade e formas de aprendizagem entre colegas, muito
benéficas para todos os alunos, enriquecendo por isso, a vida escolar de todos eles. Se por
um lado, é fundamental a ajuda dos colegas não deficientes nas aprendizagens dos alunos
com Síndrome de Down, por outro, é enriquecedor o convívio e a oportunidade de
compreender melhor pessoas, que por quaisquer razões, são diferentes.
Na planificação e respectiva avaliação dos currículos funcionais, os pais constituem
um pilar fundamental no trabalho conjunto com a escola e com os educadores. Em primeiro
lugar, a dar parecer e ajudar a decidir quais as habilidades/competências mais necessárias a
serem desenvolvidas pelo seu filho/a na escola e fora dela; os pais proporcionam informações

Componente Projecto – ESEC 2009 - 18 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

para uma maior compreensão das necessidades da criança e dos próprios desejos e
expectativas presentes e futuras dos respectivos pais; através destes, são obtidos dados para
a seleção de situações educacionais para o aluno na comunidade, nomeadamente
probabilidade de um trabalho ser desenvolvido na escola e ter continuidade fora dela; para
além disso, o retorno das informações dos pais quanto ao desempenho e avanços percebidos
na criança são muito importantes para uma análise do seu progresso, e assim melhor se
decidir na continuidade ou reestruturação de uma dada actividade executada pela criança
com Deficiência Intelectual Acentuada. Para isso, é fundamental orientar a família nesse
sentido e movê-los para reuniões mensais com o professor ou coordenador do Programa.
Na perspectiva funcional, a educação dos alunos com Deficiência Intelectual
Acentuada é desenvolvida com sentido de formar e preparar, neste caso, os alunos com a
Síndrome de Down, para uma transição funcional para a vida adulta e activa. Neste sentido,
a escola e os professores têm um papel fundamental. Por um lado, implementar currículo
individuais que prevejam conteúdos/actividades que promovam a realização de tarefas
funcionais em contexto real, de modo a facilitar a sua inserção social e posterior aceitação
para um posto de trabalho. Por outro lado, apoiar a integração dos alunos em locais de
estágio laborais, criando parcerias, inventariando as necessidades do mercado, no sentido de
planficar actividades que desenvolvam competências nos alunos adequadas às funções que
lhe são propostas e também, providenciando as necessárias adaptações e equipamentos
específicos a cada aluno, facilitando assim, a sua integração no mundo do trabalho (temática
abordada na sessão 3).
Em jeito de conclusão, posso dizer que, os factos reais, a vivência familiar do aluno, a
intervenção educativa adequada, são elementos essenciais para a elaboração de conteúdos
a fim de serem trabalhados em sala de aula e a deliniação de estratégias de ensino que
devem ir ao encontro das necessidades funcionais do aluno. Logo, não se devem trabalhar
factos isolados, sem sentido e sem aplicabilidade imediata, devendo sair da sala de aula,
facilitando o desenvolvimento das competências essenciais à participação numa variedade de
ambientes integrados, sempre em prol de uma melhor qualidade de vida das crianças/jovens
com a Síndrome de Down.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 19 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

3. INTERVENÇÃO EDUCATIVA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

3.1 Factores Intrínsecos das Crianças com Síndrome de Down, que Influenciam a
Aprendizagem.

Os padrões de desenvolvimento motor e cognitivo das crianças com Síndrome de


Down (anteriormente falados na sessão 2), fazem com que estas crianças apresentem na sua
generalidade, dificuldades que lhes são intrínsecas, e que decerto constituem barreiras,
inibidoras do desenvolvimento de aprendizagens.
Estas dificuldades são as mais diversas, no entanto podemos enumerar algumas que
directamente, influenciam a obtenção de competências por parte destas crianças e que,
deverão ter uma atenção especial por parte dos professores/educadores que com elas
trabalham. Tais dificuldades são: dificuldade de visão; dificuldade de audição; déficit de
memória auditiva recente; dificuldade na fala e na linguagem; dificuldades na escrita e
ortografia; dificuldade com a consolidação e retenção de conteúdos; capacidade de
concentração mais curta; dificuldade com generalizações, pensamento abstracto e raciocínio;
desenvolvimento tardio de habilidades motoras, tanto fina como global; problemas de
comportamento e a tendência que estas crianças têm, no seu processo educativo de evitar o
trabalho, quando este não lhe convém.

3.2 Estratégias de Intervenção Pedagógica aplicadas a crianças com Síndrome de


Down, para superar dificuldades.

As crianças com Síndrome de Down, pelo facto de apresentarem um déficit cognitivo e


motor, apresentam dificuldades de aprendizagem e por conseguinte, uma baixa auto-estima
em função dos seus fracassos.
É fundamental que todos os intervenientes no processo de intervenção pedagógica
conheçam as principais dificuldades intrínsecas das crianças com Síndrome de Down, acima
mencionadas (ponto 3.1), para melhor actuar e tentar minimizar o máximo possível, essas
dificuldades.
Para isso, é necessário aplicar estratégias de intervenção pedagógica específicas, e
que, quando bem aplicadas num dado caso e numa dada circunstância, podem fazer a
diferença para ultrapassar e minimizar essas dificuldades.
Podemos enumerar algumas estratégias possíveis a serem aplicadas para cada uma
das dificuldades apresentadas, no ponto anterior.
 Dificuldade de Visão:
 Colocar o aluno mais à frente;
 Escrever com letras maiores;

Componente Projecto – ESEC 2009 - 20 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

 Fazer apresentações simples e claras;


 Abordar o mais possível, os conteúdos de forma oral;
 Falar frente a frente e com os olhos fixos nos olhos do aluno;
 Dificuldade de Audição:
 Colocar o aluno mais à frente;
 Falar directamente para o aluno;
 Reforçar o discurso com expressões faciais, sinais ou gestos;
 Reforçar o discurso com material de apoio visual – figuras, fotos, objectos;
 Escrever novo vocabulário no quadro;
 Quando outros alunos responderem, repetir em alta voz, as respostas;
 Dizer de outra forma ou repetir palavras e frases que possam ter sido mal
entendidas;
 Deficit de Memória Auditiva Recente:
 Limitar a quantidade de instruções verbais e uma de cada vez;
 Dar tempo à criança para processar e responder às colocações verbais;
 Repetir individualmente para o aluno, qualquer informação ou instrução que foi
dada à turma como um todo;
 Tentar evitar instruções ou discussões na turma que sejam muito longas;
 Planear traduções visuais e/ou actividades alternativas;
 Dificuldade na Fala e na Linguagem:
 Dar tempo para o processamento da linguagem e para responder;
 Escutar atentamente – o seu ouvido irá habituar-se;
 Usar linguagem simples e familiar, com frases curtas e claras;
 Pedir para a criança repetir instruções dadas, para ter a certeza do seu
entendimento;
 Evitar vocabulário ambíguo;
 Reforçar a fala com expressões faciais, gestos e sinais;
 Ensinar a ler e usar palavras impressas para ajudar a fala e a pronúncia;
 Reforçar instruções faladas com instruções impressas, usar também imagens,
diagramas, símbolos e material concreto;
 Enfatizar palavras-chave reforçando-as visualmente;
 Ensinar gramática com material impresso, cartões de figuras, jogos, figuras de
preposições, símbolos, entre outros;
 Evitar perguntas fechadas e encorajar a criança a falar além de frases
monossilábicas;
 Encorajar o aluno a falar em voz alta na sala dando-lhe estímulos visuais.
Permitir que eles leiam a informação pode ser mais fácil para eles do que falar

Componente Projecto – ESEC 2009 - 21 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

espontaneamente;
 O uso de um diário para casa e escola pode ajudar os alunos a contar as suas
“novidades”;
 Desenvolver a linguagem através de teatro e faz-de-conta;
 Encorajar o aluno a liderar;
 Criar oportunidades onde ele possa falar com outras pessoas, por exemplo,
levar mensagens, entre outras;
 Planear actividades e jogos de ouvir por pouco tempo e materiais visuais e
tácteis para reforçar a linguagem oral e fortalecer as habilidades auditivas;
 Dificuldade com a Consolidação e Retenção de Conteúdos:
 Oferecer mais tempo e oportunidade para repetições adicionais e reforço;
 Apresentar informações e conceitos novos de maneiras variadas, usando
material concreto, prático e visual, sempre que possível;
 Seguir em frente mas sempre a dar uma revisão para assegurar que os
conteúdos aprendidos anteriormente, não ficaram esquecidos com a
assimilação das novas informações;
 Dificuldade na Escrita e Ortografia:
 Investigar/utilizar recursos adicionais para ajudar a escrita como um processo
físico – diferentes tipos de instrumentos para escrever, apoio táctil para
empunhar o lápis, linhas grossas, quadrados no papel para limitar o tamanho
da letra, papel com pauta, quadriculado, quadro individual para escrever,
programas de computador, entre outros;
 Oferecer apoio visual – flash cards (cartões de leitura com figura ou foto e
palavra), palavras-chave e símbolos gráficos escritos em cartões;
 Oferecer métodos alternativos de memorização: sublinhar ou circular a
resposta correcta, sequência de frases com cartões, programas de computador
específicos, utilizar o método Cloze (subtração sistemática de palavras,
substituídas por lacunas num texto a ser aprendido);
 Garantir que os alunos só escrevem sobre assuntos que estejam dentro da sua
experiência e entendimento;
 Ao copiar do quadro, sublinhar ou destacar uma versão mais curta que focalize
o que é essencial para o aluno;
 Encorajar o uso de letra cursiva para ganhar fluência;
 Ensinar ortografia da maneira mais visual possível;
 Ensinar palavras que eles entendam;
 Usar métodos multi-sensoriais – por exemplo, olhe-cubra-escreva-confirma,
cartões com figuras e palavras, acompanhar com o dedo as letras;

Componente Projecto – ESEC 2009 - 22 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

 Colorir grupos e padrões de letras similares dentro das palavras;


 Oferecer um banco de palavras com figuras agrupadas alfabeticamente, para
reforçar o significado;
 Trabalhar actividades de ortografia no computador;
 Ensinar famílias de palavras simples e básicas;
 Capacidade de Concentração mais Curta:
 Construir tarefas curtas, focalizadas e definidas claramente nas aulas;
 Variar o tipo de apoio;
 Usar os outros colegas para manter o aluno a trabalhar;
 Utilizar materiais concretos que despertem o interesse da criança;
 Trabalhar no computador para ajuda a manter o interesse da criança por mais
tempo;
 Criar uma caixa de actividades. Isso é útil para as horas em que a criança
terminou alguma tarefa antes de seus colegas, precisa mudar de tarefa ou
precisar de dar um tempo. Colocar uma série de actividades que o aluno goste
de fazer, incluindo livros, cartões, jogos de manipulação, entre outros. Isso
pode encorajar a escolha dentro de uma situação estruturada. Deixar que outra
criança participe é uma boa maneira de encorajar amizade e cooperação.
 Dificuldade com Generalizações, Pensamento Abstracto e Raciocínio:
 Não assumir que o aluno vai transferir conhecimento automaticamente;
 Ensinar novas habilidades usando uma variedade de métodos e materiais e em
vários contextos diferentes;
 Reforçar conceitos abstractos com materiais concretos e visuais;
 Oferecer explicações adicionais e fazer demonstrações;
 Encorajar a solução de problemas;
 Desenvolvimento Tardio das Habilidades Motoras, Fino e Global:
 Oferecer exercícios extras, orientação e encorajamento – todas as habilidades
motoras melhoram com a prática;
 Oferecer actividades para o fortalecimento do pulso e dedos, como por
exemplo alinhavar, seguir tracinhos com o lápis, desenhar, separar, cortar,
apertar, construir, entre outros;
 Usar um grande leque de actividades e materiais multi-sensoriais;
 Fazer adaptações curriculares. Inserir o aluno em áreas de actividade física e
artes manuais;
 Comportamento:
 Assegurar que as regras são claras;
 Assegurar que todos os funcionários da escola saibam que a criança com

Componente Projecto – ESEC 2009 - 23 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down deve obedecer às regras como qualquer outro aluno;


 Utilizar instruções curtas, precisas e claras e gestos e expressões que as
confirmem – explicações longas e complexas não são apropriadas;
 Distinguir o “não consigo fazer” do “não vou fazer”;
 Investigar qualquer comportamento inapropriado, perguntando a si mesmo por
que a criança está agindo deste modo: a tarefa é muito fácil ou muito difícil? A
tarefa é muito longa? O trabalho é adequado para a criança?
 Encorajar comportamento positivo desenvolvendo figuras de bom
comportamento. Por exemplo, mostrar uma foto da turma ou de um grupo
arrumando a sala direitinho, pode ser o bastante para encorajá-lo a fazer o
mesmo;
 Reforçar de imediato, o comportamento desejado com sinais de aprovação
visuais ou orais;
 Ignorar tentativas de chamar a atenção dentro do possível – o seu propósito é
criar distracção;
 Desenvolver uma série de estratégias para lidar com a tentativa de escapar:
algumas funcionarão melhor que outras com algum um aluno em particular;
 Assegurar que a criança trabalhe com colegas que sejam bons modelos em
comportamento;
 Evitar o Trabalho:
 Utilize o máximo possível, uma estrutura de trabalho que contemple a rotina;
 Identifique os horários das várias tarefas, rotinas e regras escolares
explicitamente, dando tempo e oportunidade para que aprenda;
 Providencie uma grade de horários visualmente atraente: use palavras,
desenhos, figuras e fotos para descrever as actividades escolares. Estas fotos
podem ser mostradas a criança antes da actividade ser começar;
 Certifique-se de que a criança sabe qual será a próxima actividade;
 Solicite a ajuda da criança na preparação para a actividade subsequente,
dando-lhe uma tarefa específica.
 Usar os outros colegas para manter o aluno a trabalhar;

Muitas outras estratégias educativas aplicadas em crianças com Síndrome de Down,


poderão ser de todo, benéficas para o desenvolvimento das suas aprendizagens. Falemos do
caso particular da utilização das Novas Tecnologias.
A inclusão de alunos com Síndrome de Down pode ter na tecnologia uma óptima
ferramenta auxiliar. A participação destas crianças em actividades que lhes proporcione o
máximo relacionamento com outras pessoas é, um dos possíveis caminhos a seguir. Os
trabalhos de informática realizados por crianças portadoras da Síndrome de Down mostram
Componente Projecto – ESEC 2009 - 24 -
SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

um enriquecimento das suas possibilidades, podendo interagir nos mais diversos sentidos,
como é o caso, do campo afectivo, humano, social, individual, e que as poderão ajudar no seu
crescimento integral. Muito importante é também o seu contributo para a aprendizagem da
leitura e escrita, expandido os conhecimentos e auxiliando no desenvolvimento do aluno
como um todo.
Apesar de suas limitações, o potencial da criança com Síndrome de Down é muito
grande, daí a necessidade de lhe proporcionar meios para ela interagir e desenvolver-se.
A intervenção Educativa, de acordo com as potencialidades de cada aluno, deve
passar por fazer adaptações curriculares e adaptações nas áreas disciplinares, eliminando
umas áreas e adicionando outras mais apropriadas para cada criança, de acordo com o seu
interesse, motivação, entre outros, mas integradas sempre, nas actividades da turma regular.
Nesse sentido, a utilização da sala de Informática pode reforçar aspectos
psicopedagógicos, ser um local de desenvolvimento de projectos de interdisciplinaridade.
Utilizar o computador pode ser um importante recurso didáctico no processo ensino-
aprendizagem e constituir uma importante ferramenta nas tarefas do dia-a-dia.
O uso do computador enfatiza a construção do conhecimento, pois o computador é
uma nova maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos
conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas ideias e valores.
Segundo Papert (1988), a presença do computador contribui para processos mentais,
influenciando o pensamento das pessoas. As crianças podem ser construtoras das suas
próprias estruturas intelectuais.
A informática, a serviço de um programa de intervenção educacional, propicia
condições aos alunos de trabalharem a partir de temas, projectos ou actividades
extracurriculares. O computador é apenas e tão-somente, um meio onde pode ser
desenvolvida a inteligência, flexibilidade e a criatividade. Assim é bom que todos lutemos para
que a Inclusão Digital seja para todos.
Muitos outros recursos e software de apoio, estão à disposição de todos os
professores e educadores para trabalhar competências em crianças com a Síndrome de
Down. Alguns deles são:
 Jogo da Mimocas;
 Hot Potatoes;
 Boarmaker;
 Método das boquinhas;
 Cuisenaire;
 Ábacos;
 Tangran;
 Entre outros (…);
Componente Projecto – ESEC 2009 - 25 -
SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

A intervenção educativa nas crianças com Síndrome de Down, deve iniciar-se o mais
cedo possível e continuar ao longo de todo o período de desenvolvimento, tendo como
objectivo que a criança desenvolva o seu potencial máximo. Assim sendo, a educação destas
crianças deve ser planeada de acordo com as suas necessidades individuais, para que desta
forma, a possibilidade de sucesso seja maior.

3.3 Intervenientes Educativos

A escola tem um papel decisivo a desempenhar na formação e desenvolvimento das


crianças e jovens, no sentido de minimizar as diferenças e proporcionar a todos os alunos
uma plena integração na escola e posteriormente, na sociedade.
Assim sendo, as escolas do ensino regular, necessitam de desenvolver uma política
clara e eficiente sobre a inclusão. Devem ser reestruturadas nos seus aspectos físicos e de
segurança, nos seus programas educacionais, nas metodologias de ensino, na criação de
serviços de apoio, serviços de saúde, assim como novas propostas sociais, culturais,
envolvendo família, escola e toda a comunidade, de forma a criar condições para que as
potencialidades e habilidades das crianças com Necessidades Educativas Permanentes,
sejam devidamente desenvolvidas e valorizadas por todos nós.
No caso das crianças com Síndrome de Down, a escola deve entendê-los como
pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores, dos técnicos e da própria
escola, para oferecer uma educação para todos, sendo que, o aluno, depois de estimulado, é
quem que deve produzir o resultado educacional, ou seja, a aprendizagem de acordo com as
suas capacidades. “No ensino regular, a criança deve adequar-se à estrutura da escola para
ser integrada com sucesso. O correcto seria mudar o sistema, mas não a criança. No ensino
inclusivo, a estrutura escolar é que se deve ajustar às necessidades de todos os alunos,
favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos, tenham NEE ou não" (Schwartzman,
1999. p.253).
Os professores/educadores devem actuar como facilitadores da aprendizagem dos
alunos, com a ajuda de outros profissionais, tais como professores especializados em alunos
com deficiência, pedagogos, psicólogos, entre outros. Os professores precisam estar
conscientes da sua importância e da função que desempenham, no caso de ter um aluno com
Síndrome de Down, na sala. É na relação concreta entre o educando e o professor que se
localizam os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas, e não
somente no aluno ou na escola.
O professor regular deve conhecer e desenvolver as habilidades mais evidentes na
criança e estar atento ao seu processo de aprendizagem. Há portanto, a necessidade de
estimular a criança com Síndrome de Down, no sentido de desenvolver uma variedade de

Componente Projecto – ESEC 2009 - 26 -


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situações, nas quais ela possa ser a beneficiada. No entanto, é fundamental que o professor
identifique o tipo de relação entre o ambiente familiar e escolar, para que as novas propostas
possam ser bem aceites. O professor necessita de transmitir segurança, conforto, confiança à
aos pais e à criança.
O próximo passo, não menos importante, é o de preparar a turma para receber o
aluno. Antes do aluno chegar, a turma deve ser esclarecida se possível, a respeito da sua
deficiência e da forma como todos se podem ajudar mutuamente. É de extrema importância
criar um clima de expectativas positivas em relação às possibilidades de aprendizagem do
aluno. Os colegas e alunos regulares devem ser preparados para lidar com as diferenças,
respeitar e aceitar os limites, partilhar aprendizagens, desenvolver atitudes de apoio, para que
a convivência entre todos seja uma mais valia.
Ter acesso aos outros profissionais, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas envolvidos
no desenvolvimento destes indivíduos, pode também trazer contribuições significativas para
as acções do professor em sala de aula.
Os Encarregados de Educação e outros parceiros educativos poderão aferir se o
aproveitamento da criança está em consonância com os procedimentos educacionais
preconizados, de forma a reformular o Programa Educativo Individual ou alterar estratégias.
Na "População Down", se estiverem criadas as condições, há casos em que é possível
que a criança se mantenha “…a tempo inteiro - Inclusão Total ou em Inclusão Moderada - na
sala de aula do ensino regular, mas outros há em que o «Meio Menos Restrivo Possível» é a
sala de apoio ou unidade de intervenção especializada, para aprendizagens académicas
específicas e a sala de aula para a área social, - Inclusão Limitada”, (Correia, 1996)
principalmente tendo em atenção a escassez de recursos ao nível de apoio educativo e a
ausência total, ou quase total, ao nível de equipa multidisciplinar.
O sucesso do seu processo inclusivo carece do envolvimento de uma equipa
multidisciplinar, capaz de atender globalmente e de modo interligado, as necessidades do
aluno. Fundamental é também, que em todo o processo de inclusão de crianças com a
Síndrome de Down, seja abrangida de forma dinâmica, a intervenção da família.
Pretende-se que a família/escola sejam, na educação da criança com Síndrome Down,
um local de encontro onde a acção dos pais e dos professores/escola se complementem,
trabalhando em conjunto pelo desenvolvimento harmonioso da criança, em todas as suas
dimensões.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 27 -


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4. O PAPEL DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR

“Os pais ou encarregados de educação têm o direito e o dever de participar activamente,


exercendo o poder paternal nos termos da lei, em tudo o que se relacione com a educação
especial a prestar ao seu filho, acedendo, para tal, a toda a informação constante do
processo
(artigo 3º do Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de Janeiro)

A família, como primeira agente da intervenção educacional, proporciona através do


seu microssistema, o primeiro ambiente das crianças, fundamental para lhes proporcionar as
primeiras oportunidades de relação social e a necessidade de ajustar a conduta das crianças
com Síndrome de Down, à conduta dos outros. É também função da mesma, incutir o tipo de
hábitos, costumes, que a sociedade aprova, quer seja por processos de aprendizagem, quer
de carácter mais afectivo e inconsciente. Quanto mais intervenientes forem os pais, mais
provavelmente a criança adquirirá aptidões de desenvolvimento, tão necessárias a uma boa
aprendizagem e à sua formação, inserida numa educação inclusiva.
Podemos dizer que a inclusão começa em casa, seja em relação aos pais que têm
filhos com Síndrome de Down, seja com pais que têm filhos sem nenhum tipo de síndrome e
que permitem que seus filhos conheçam, se aproximem e convivam com as diferenças.  
No caso da criança com Síndrome de Down, como qualquer outra criança, existe uma
grande necessidade que ela seja genuinamente inserida na sua família para que se possa
pensar em qualquer tipo de inclusão, pois uma inclusão que não é baseada em crenças
verdadeiras dos próprios pais não funciona, não vinga e não transforma aqueles que cercam
a criança. Portanto, a família que não trabalha muito bem todas estas questões dentro de si,
provavelmente terá pouca energia para ir mais longe nesta luta e, então, fica  muito difícil
pensar em inclusão escolar e social.
O momento da inclusão escolar é muito complicado para a família da criança com
Síndrome de Down, mesmo que ela tenha trabalhado bem as questões relativas ao
preconceito.  Isto porque os pais temem a exposição do próprio filho a um ambiente que
muitas vezes é hostil para lidar com as diferenças. Ficam com medo da discriminação e
querem proteger o filho de qualquer tipo de sofrimento. Contudo, as crianças vão para a
escola não só para aprender português ou matemática, mas também para se socializar. Vão
aprender na prática, as regras do nosso convívio e por isso é tão importante que a criança
com Síndrome de Down possa participar disso também.  
Para isso, os pais devem assumir um papel importante no processo de aprendizagem
dos filhos. Primeiramente, a família deve dar a conhecer melhor a convivência familiar e social

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do aluno, as suas dificuldades, potencialidades e quais as suas expectativas em relação à


escola. Por outro lado, a família deve ser esclarecida sobre a necessidade do seu
comprometimento em acompanhar o aluno de forma sistemática em reuniões individuais e
colectivas, na escola, sempre que houver necessidade. Deve ser esclarecida, também, da
proposta pedagógica da escola, das regras e até o processo de avaliação. É preciso que a
família se sinta confortável, segura, confiante e realista, diante das novas possibilidades que
surgem diante da inclusão.
Embora muitos pais vão à escola regularmente, um livro de comunicação casa-
escola/escola-casa é o ideal como forma de informar as novidades do dia. Isso tem um valor
inestimável, principalmente enquanto a criança ainda não possui uma habilidade de fala e
linguagem muito desenvolvida para contar as novidades claramente. Contudo, não devem
estes intervenientes transformar o livro num portador de más notícias.
Contudo, não é suficiente transmitir aos pais as actividades específicas realizadas ou
a realizar-se, é necessário também ouvir os pais, analisar a situação do aluno em conjunto e
encontrar caminhos que facilitem o desenvolvimento global da criança. Segundo Spinelli
(2007)2, “Quanto mais as fronteiras entre os membros da família e a escola estiverem nítidas,
mais possibilidade de individualizar-se a criança terá (…)”.

2 In http://pt.aboulo.com 28-04-09
Componente Projecto – ESEC 2009 - 29 -
SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

BIBLIOGRAFIA
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AAVV (1997). Necessidades Educativas Especiais. Coord. Rafael Bautista. Lisboa: Editora
Dinalivro (Colecção saber Mais). P.225-248.
BATMAN, B. (1977). Currículo para niños com necessidades especiales. Madrid: Siglo XXI
BÉNARD da COSTA, A. M.; LEITÃO, F. R; MORGADO, J.; PINTO, J.V.; PAES, Isabel;
RODRIGUES, David; (2006). Promoção da Educação Inclusiva em Portugal. In
http://www.malhatlantica.pt/ecae-cm/ (19-03-09).
BRIEN, J; BRIEN, C. (1999). A inclusão como uma força para a renovação da escola. In:
STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul. p. 48-68
CORREIA, L. M. (1995). A Inclusão do Aluno com Necessidades Educativas Especiais hoje:
Formação de Professores em Educação Especial. Braga: Universidade do Minho.
CORREIA, L. M. (1997). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes
Regulares. Porto: Porto Editora.
Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro.
EDUCAÇÃO ESPECIAL - Manual de apoio à prática (2008). Edição do Ministério a Educação,
Direcção Geral da Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
NIELSON, Lee Brattland (1999). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula - um
Guia para Professores. Colecção Educação Especial 3, dirigida por Luís de Miranda Correia.
Porto Editora.
PAPERT, Seymour (1988). Logo: Computadores e Educação. 3ª Edição. Editora brasiliense.
Tradução José Armando valente e outros.
RODRIGUEZ, J. S. (1996). Jugando e aprendiendo juntos – un modelo de intervención
didático para favorecer el desarrolo de los niños y niñas com Síndrome de Down. Ediciones
Aljibe.
SCHWARTZNAN, José Salomão (1999). Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie:
Memnon.
SPINELLI, Marcos Botega (2007). A importância da família no desenvolvimento da criança
com Síndrome de Down. In http://pt.aboulo.com (28-04-09)
VIGOTSKY, L. S. (1979). Aprendizage y desarollo intellectual en la edad escolar. Madrid:
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VOIVODIC, M. A. M. A. (2004). Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down. Rio de
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SITES CONSULTADOS:

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http://www.apatris21.com/boletim.html (consultado em 02-04-09);
www.cerfapie.blogs.sapo.pt in Associação Portuguesa de Investigação Educacional
(consultado em 31-04-09);
http://comp.uniformg.edu.br/plone/artigos2006/francisco/Ercomp_Artigo03 (consultado em 03-
05-09);

Componente Projecto – ESEC 2009 - 30 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

www.downs-syndrome.org/ (consultado em 09-04-09);


http://www.malhatlantica.pt/ (consultado em 19-03-09);
www.portalsindromededown.com/arquivos/incluindoalunoscomsd.doc (consultado em 05-03-
08)
http://www.portalsindromededown.com/inclusao_home.php (consultado em 05-03-09);
www.profala.com/artsindrome8.htm (consultado em 28-04-09);
www.psicologia.com.pt/artigos (consultado em 05-03-09);
www.redeinclusao.web.ua.pt/noticias.asp?n=5 (consultado em 11-04-09);
http://www.repositorio.esepf.pt/handle/10000/65 in Teresa do Carmo Santos: Caminhando de
mãos dadas, criança com Trissomia 21-Projecto de Investigação (consultado em 02-03-09);
http://www.reviverdown.org.br/ (consultado em 22-03-09);
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/ (consultado em 18-03-09);
http://www.sindromedownpuc.blogspot.com (consultado em 27-02-09)
http://www.youtube.com/watch?v=F85sIHhn638 (vídeo consultado em 05-03-09);
http://www.youtube.com/watch?v=BevqtC-oTec (vídeo consultado em 19-04-09);

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES ACONSELHADOS AOS FORMANDOS:

AAVV (1997). Necessidades Educativas Especiais. Coord. Rafael Bautista. Lisboa: Editora
Dinalivro (Colecção saber Mais). P.225-248.
CORREIA, L. M. (1995). A Inclusão do Aluno com Necessidades Educativas Especiais hoje:
Formação de Professores em Educação Especial. Braga: Universidade do Minho.
CORREIA, L. M. (1997). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes
Regulares. Porto: Porto Editora.
EDUCAÇÃO ESPECIAL - Manual de apoio à prática (2008). Edição do Ministério a
Educação, Direcção Geral da Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro.
http://redeinclusao.web.ua.pt/
http://www.apatris21.com
http://www.reviverdown.org.br/

Componente Projecto – ESEC 2009 - 31 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 1
(Duração: 45 minutos)

Etapa 1: Distribuição do guião 1;

Etapa 2: Visionamento do filme 1 (2m53s);

Etapa 3: Reflexão do filme com apoio ao guião.

Etapa 4: Discussão em grande grupo e anotações no quadro, das ideias principais.

Descrição:

A actividade debruça-se sobre a visualização de um pequeno filme em forma de


depoimento, intitulado:” Educador fala sobre Síndrome de Down", que durará 2m 53s. Este
depoimento feito por um educador, debruça-se sobre os benefícios da inclusão de uma
criança com Síndrome de Down, na escola regular.

Previamente, a formadora distribuirá individualmente, um guião de acompanhamento


do filme (guião 1), para os formandos anotarem as principais ideias do depoimento, de acordo
com as directrizes mencionadas no respectivo guião.

Após a visualização e respectivas anotações dos formandos, far-se-á uma reflexão em


grande grupo, através da interacção entre formadora/formandos.

As ideias principais e conclusivas da respectiva reflexão, serão esquematizadas no


quadro.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 32 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome


de Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 1

Guião 1

Conteúdo: Benefícios da Inclusão de Alunos com Síndrome de Down, na Escola Regular

1. Após a visualização do pequeno filme: Educador fala sobre Síndrome de Down, e


tendo em conta a temática por ele abordada, identifique e anote os principais
benefícios da inclusão de crianças/jovens com Síndrome de Down na Escola
Regular, tendo em conta os seguintes aspectos:

→ Benefícios para as crianças com Síndrome de Down;


→ Benefícios para os alunos regulares;
→ Benefícios para os pais das crianças com Síndrome de Down;
→ Benefícios para os pais dos alunos regulares;
→ Benefícios para a Escola;

2. Apresente as suas conclusões numa reflexão e discussão conjunta, em grande


grupo/turma.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 33 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 2

(Duração: 60 minutos)

Etapa 1: Distribuição das fichas de trabalho pelos grupos.

Etapa 2: Trabalho de grupo (20 minutos).

Etapa 3: Apresentação dos trabalhos de grupo (5×6=30 minutos).

Etapa 4: Apresentação de um Power Point (10 minutos).

Descrição:

Esta actividade iniciar-se-á concretamente depois da formadora questionar os


formandos sobre eventuais dificuldades intrínsecas nas crianças com Síndrome de Down, que
podem inibir o desenvolvimento das aprendizagens destas crianças, tendo em conta
conhecimentos por eles já adquiridos nesta sessão e na sessão anterior (sessão 1). Neste
sentido, e através da interacção formadora/formandos, os formandos serão levados a
mencionar dificuldades, como:
- Dificuldade de visão;
- Dificuldade de audição;
- Déficit de memória auditiva recente;
- Dificuldade na fala e na linguagem;
- Dificuldade na escrita e ortografia;
- Dificuldade com a consolidação e retenção de conteúdos;
- Capacidade de concentração mais curta;
- Dificuldade com generalizações, pensamento abstracto e raciocínio;
- Desenvolvimento tardio de habilidades motoras, tanto fina como global;
- Comportamento;
- Evitar o trabalho;

Após a identificação e registo no quadro, das dificuldades inerentes às crianças com


Síndrome de Down mencionadas pelos formandos e clarificadas pela formadora com apoio
Power Point, esta pedirá à turma para se distribuírem em 5 grupos de 4 elementos cada. A
cada grupo dará uma ficha de trabalho diferente (ficha de trabalho nº1, 2, 3, 4 e 5),
contemplando diferentes dificuldades anteriormente identificadas, com o objectivo de
reflectirem e desenvolverem estratégias de intervenção pedagógica, a aplicar para cada uma
delas, especificamente.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 34 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Esta tarefa quando terminada, será prosseguida da apresentação oral de cada grupo,
ao grande grupo/turma, das estratégias que cada um reflectiu e desenvolveu. Cada
apresentação durará aproximadamente, 6 minutos cada, o que dará um total de 30 minutos
para as apresentações de todos os grupos de trabalho.

A formadora após as apresentações de cada grupo, também apresentará em forma de


suma, uma abordagem às possíveis estratégias de intervenção pedagógica para cada
dificuldade específica, contempladas ou não, pelos grupos de trabalho. Esta apresentação
será feita em Power point.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 35 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 2

Ficha 1 – Grupo de Trabalho 1

Conteúdo: Estratégias de Intervenção Pedagógica

1. Reflictam e desenvolvam estratégias de intervenção pedagógica, para cada uma


das dificuldades das crianças com Síndrome de Down, apresentadas de seguida,
durante cerca de 20 minutos.

→ Dificuldade de visão;
→ Dificuldade de audição;
→ Deficit de memória auditiva recente;

2. Apresentem oralmente ao grande grupo, as estratégias que desenvolveram em


pequeno grupo.

Esta apresentação deverá ter a duração de 6 minutos.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 36 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 2

Ficha 2 – Grupo de Trabalho 2

Conteúdo: Estratégias de Intervenção Pedagógica

1. Reflictam e desenvolvam estratégias de intervenção pedagógica, para cada uma


das dificuldades das crianças com Síndrome de Down, apresentadas de seguida,
durante cerca de 20 minutos.

→ Dificuldade na fala e na linguagem;


→ Dificuldade com generalizações, pensamentos abstracto e raciocínio;

2. Apresentem oralmente ao grande grupo, as estratégias que desenvolveram em


pequeno grupo.

Esta apresentação deverá ter a duração de 6 minutos.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 37 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 2

Ficha 3 – Grupo de Trabalho 3

Conteúdo: Estratégias de Intervenção Pedagógica

1. Reflictam e desenvolvam estratégias de intervenção pedagógica, para cada uma


das dificuldades das crianças com Síndrome de Down, apresentadas de seguida,
durante cerca de 20 minutos.

→ Dificuldade na escrita e ortografia;


→ Desenvolvimento tardio de habilidades motoras, fino e global;

2. Apresentem oralmente ao grande grupo, as estratégias que desenvolveram em


pequeno grupo.

Esta apresentação deverá ter a duração de 6 minutos.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 38 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 2

Ficha 4 – Grupo de Trabalho 4

Conteúdo: Estratégias de Intervenção Pedagógica

1. Reflictam e desenvolvam estratégias de intervenção pedagógica, para cada uma


das dificuldades das crianças com Síndrome de Down, apresentadas de seguida,
durante cerca de 20 minutos.

→ Dificuldade com a consolidação e retenção de conteúdos;


→ Capacidade de concentração mais curta;

2. Apresentem oralmente ao grande grupo, as estratégias que desenvolveram em


pequeno grupo.

Esta apresentação deverá ter a duração de 6 minutos.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 39 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de


Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 2

Ficha 5 – Grupo de Trabalho 5

Conteúdo: Estratégias de Intervenção Pedagógica

1. Reflictam e desenvolvam estratégias de intervenção pedagógica, para cada uma


das dificuldades das crianças com Síndrome de Down, apresentadas de seguida,
durante cerca de 20 minutos.

→ Problemas de comportamento;
→ Evitar o trabalho;

2. Apresentem oralmente ao grande grupo, as estratégias que desenvolveram em


pequeno grupo.

Esta apresentação deverá ter a duração de 6 minutos.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 40 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 3
(Duração: 20 minutos)

Etapa 1: Distribuição do guião 2.

Etapa 2: Visionamento de um pequeno filme (4m19s).

Etapa 2: Reflexão e discussão em grande grupo (cerca de 15 minutos).

Descrição:

Depois de distribuído o guião 2, a actividade é iniciada com a visualização de um


pequeno filme, intitulado:” Rhaíssa e a inclusão escolar", que durará, 4:19 minutos. Este filme
mostra a inclusão na escola regular de uma criança com Síndrome de Down.

A principal temática do filme é a integração da criança com Síndrome de Down na


classe regular, participando nas actividades da respectiva classe. No entanto é notório, a
intervenção educativa, porque são feitas adaptações necessárias nas áreas disciplinares, já
que a protagonista do filme só participa em cinco (5) áreas, decerto, mais apropriadas para
aquela criança, nomeadamente áreas disciplinares como a Informática, Inglês, Educação
Física, Artes e Dança.

Após a visualização e respectivas anotações dos formandos, far-se-á uma reflexão em


grande grupo, dos principais aspectos da temática abordada no filme, através da interacção
entre formadora/formandos. Neste sentido, será pertinente orientar os formados a reflectir
sobre as várias formas de intervenção educativa, neste caso mais concreto, em adaptações
nas áreas disciplinares que vão de encontro aos interesses, motivações e expectativas das
crianças/jovens com Síndrome de Down.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 41 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Síndrome de Down
Acção de Formação

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome


de Down e a sua Inclusão na Escola Regular

ACTIVIDADE 3

Guião 2

Conteúdo: Intervenção Educativa

1. Ao longo da visualização do filme: “Rhaíssa e a inclusão escolar,” e tendo em conta a

temática por ele abordada, anote, reflicta e discuta em grande grupo, sobre os

aspectos ou conclusões que considerou mais pertinentes ao longo do filme.

Componente Projecto – ESEC 2009 - 42 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 4
(Duração: 20 minutos)

Etapa 1: Distribuição e leitura do Texto de Apoio nº1 “Relato dos Pais”.

Etapa 2: Reflexão e discussão em grande grupo.

Descrição:

A actividade é iniciada com a distribuição de um texto de Apoio que subscreve um


relato de um casal de pais, de um criança com Síndrome de Down.

A principal temática abordada no texto é o da precoce estimulação e principalmente o


papel dos pais e a visão destes, no processo de inclusão na escola regular do seu filho,
portador da Síndrome de Down.

Após a leitura do texto por um voluntário, de entre os formandos, será aberta a


reflexão e discussão dos principais aspectos salientados no filme. Neste contexto, e através
da interacção entre formadora e formandos, será feito um “fio condutor” para os conteúdos da
actividade anterior, nomeadamente para o aspecto da intervenção educativa e adaptações
disciplinares, estas também abordadas no texto 1, neste caso, através da intervenção dos
pais.

Assim, a pertinência de comparar duas intervenções distintas: educativa/pedagógica e


a dos pais, sendo que esta assume um papel muito importante no processo de inclusão dos
crianças portadores de Síndrome de Down.
Síndrome de Down

Acção de Formação

Componente Projecto – ESEC 2009 - 43 -


SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

Sessão 2: Competências Desenvolvidas nas crianças com Síndrome de Down e a sua Inclusão na
Escola Regular

Conteúdo: O papel da famíila no processo de inclusão.

ACTIVIDADE 4

1. Leia o texto e reflicta em grande grupo, a temática abordada no texto.


TEXTO 1
Relato dos Pais

(…)
Ao término destas etapas de estimulação, constatamos que nosso filho, aos 4 anos de
idade, já estava lendo.
(…)
Durante todo o desenvolvimento das actividades, sempre adoptamos como regra: beijos,
elogios e muita alegria quando o Romeu aprendia ou descobria um facto novo. E agimos com rigor
ao repreendê-lo quando necessário, pois achávamos que a disciplina, a obediência e seu
comportamento seriam fundamentais para sua inclusão na escola e na sociedade.
Procurávamos sempre valorizar o máximo possível as suas descobertas. O Romeu
sempre 80
foi encorajado a explorar seu mundo com liberdade, tendo oportunidade de aprender as
coisas do dia-a-dia, como vestir-se, ir ao banheiro, ligar a televisão e usar o telefone.
(…)
Hoje temos certeza que acima de qualquer método o sucesso alcançado pelo Romeu é o
resultado do nosso amor, nossa dedicação, a nossa participação activa em todas as actividades, a
grande integração familiar, a experiência da educadora, e também a participação de nossas
famílias em todas as fases das actividades desenvolvidas.
Quando o Romeu tinha quatro anos, já alfabetizado, procuramos uma escola. A primeira
(…), que ao perceber que nosso filho era especial, informaram-nos que não havia vaga. Porém,
constatamos que as mães, que chegaram depois de nós, conseguiram matricular seus filhos. Após
a primeira decepção, conseguimos matriculá-lo numa das melhores escolas (…) no pré- escolar.
No ano seguinte, mesmo o Romeu já estando alfabetizado, optámos por uma escola
menor e com um número menor de alunos, para que houvesse um melhor aproveitamento tanto
na parte social como na aprendizagem.
Já aos cinco anos Romeu começou a apresentar interesse pela poesia e aos onze através
de aulas de informática aprendeu a utilizar o computador. Com dezasseis anos concluiu o ensino
fundamental.
Desde a primeira escola do Romeu, nós sempre procuramos através de reuniões com a
equipa técnica e com os professores, sensibilizá-los para sua inclusão, assim como estávamos
sempre disponíveis a realizar palestras de esclarecimento e orientações para os professores,
técnicos como também para os demais pais.
Sempre deixamos claro para as escolas que o nosso maior objectivo, além da sua
aprendizagem, seria darmos ao Romeu uma oportunidade para conviver com os alunos de sua
faixa etária e logicamente ter uma melhor integração social.
Aos dezassete anos iniciou o ensino médio (2o. Grau) num colégio da rede regular.
Ao observamos que Romeu começou a apresentar dificuldades nas disciplinas, como
matemática, física e química (…), resolvemos conversar com nosso filho, onde ele solicitou que
queria substituir o colégio por actividades artísticas como: aprender a tocar teclado, participar de
aulas de arte plástica (pintura) e teatro. A nossa convicção na sua potencialidade artística levou-
nos a aceitar a sua sugestão.
Hoje o Romeu esta feliz, com sua auto-estima valorizada e demonstra uma grande
autoconfiança.
Luiz Augusto e Sandra Suely Santos

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SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

(Power Point apresentado na Acção de Formação)

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SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

(Material a fornecer aos Formandos)

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SÍNDROME DE DOWN: Conhecer, Educar e Inserir – 2ª Sessão

(Material Bibliográfico a fornecer aos Formandos)

Componente Projecto – ESEC 2009 - 47 -

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