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ANÁLISE DE UM AQUECEDOR SOLAR DE ÁGUA TIPO ESPIRAL PARA

USO EM PISCINAS RESIDENCIAIS

Joel Nogueira Gonçalves, proeng.joel@uol.com.br1


José Ubiragi de Lima Mendes, ubiragi@ct.ufrn.br2
Fabíola Fernandes da Silveira, biulinhafs@yahoo.com.br3
Synara Lucien de Lima Cavalcanti, synara2004@hotmail.com4
1
IFEBA, Porto Seguro-BA
2,3,4
UFRN, Depto Eng.Mecânica (PPGEM), Centro de Tecnologia, Campus Lagoa Nova, Natal-RN

Resumo: Devido a atual política mundial para utilização dos recursos naturais de fontes energéticas, utilizou-se um
aquecedor solar para aquecimento de água a ser usado em piscinas residenciais visando analisar sua viabilidade
para tal fim. O aquecedor tinha forma em espiral e foi feito de materiais de baixo custo, baixo peso, fácil aquisição
comercial além de fácil fabricação. O mesmo foi avaliado sob duas configurações: uma sem efeito estufa e a outra
considerando-se o efeito estufa no aquecedor. Parâmetros como a vazão, distribuição de temperatura, eficiência e
viabilidade técnico-econômica foram avaliados.

Palavras chave: Aquecedor, Energia solar, Temperatura, Água, Eficiência.

1. INTRODUÇÃO

A utilização da energia solar para aquecimento de água de piscinas, para uso terapêutico ou de conforto,
constitui-se em uma viável aplicação em função da economia em relação a outros sistemas que utilizam energias
convencionais. Os coletores utilizados para este fim devem ser capazes de manter a piscina com uma temperatura na
faixa de 30°C à 33°C. Os mais convencionais necessitam de grandes áreas de tubos absorvedores, geralmente
formando grades absorvedoras na configuração série-paralelo, com uma relação de 50% entre área da piscina e a área
de superfície absorvedora para piscinas cobertas por manta e 60% para a piscina descoberta.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Objetivando estudar a viabilidade de utilização de um sistema solar de aquecimento de baixo custo para
piscinas, utilizaram-se dois coletores formados por espirais constituídas por tubos flexíveis de polietileno com
extensão de 100 m cada um, nas funções de absorvedor e condutor de calor. Os mesmos trabalham em regime de fluxo
contínuo com apenas uma passagem da água pelo coletor, utilizando bombeamento para a promoção do fluxo forçado
com o sistema aquecedor solar acoplado à própria bomba do sistema de tratamento da piscina. Um dos coletores será
exposto diretamente sem cobertura transparente e o outro será coberto por um lamina de vidro de 3 mm de espessura e
fechado lateralmente e na base com compensado de 10 mm de espessura, de forma a propiciar o efeito estufa. Os
equipamentos serão instalados em paralelo e expostos simultaneamente à radiação solar de forma se obter dados
comparativos de suas eficiências. Para isto, utilizou–se uma peça (rolo) com 100 metros de tubo de polietileno flexível
na cor preta, com diâmetro de 20 mm, comumente aplicado em sistemas de irrigação tipo micro-aspersão, o que
produziu uma espiral plana concêntrica com 31,5 voltas, sendo o raio da espira interna 220 mm e o raio da espira
externa 760 mm. A figura 1 mostra detalhes das válvulas de contrôle de vazão (a) e do sistema de fixação dos tubos
no coletor (b). A figura 3 mostra o sistema analizado.
Figure 1. (a) Válvulas de controle da vazão . (b) Fixadores de tubos.

Figura 2. Detalhes do sistema do aquecedor espiral.

Figura 3. Sistema espiral de aquecimento com e sem efeito estufa.

As medições das temperaturas da água - que tinha uma vazão de 1 litro por minuto - foram feitas na entrada do
coletor, após 33 metros de comprimento do tubo (1/3), após 66 metros de comprimento (2/3) e na saída do coletor;
utilizando-se para isto termopares tipo K (crommel-alumel). A radiação solar foi medida a cada um minuto, por um
radiômetro acoplado a um sistema de aquisição de dados. Para análise da eficiência do sistema usaram-se as Eqs. (1),
(2) , (3) , (4) e (5).
Pp = Pabs. – Pu (1)
Pabs = τ.α.I.A (2)
Pu = m.cp.∆T (3)
Uloss = Pp / A(Tp – Ta) (4)
ηt = Pu / A.I (5)

Onde:
Pp = potência perdida; Pabs. = potência absorvida; Pu = potência útil; Uloss = coeficiente de perdas; ηt =
eficiência térmica; τ = transmissividade do vidro ; α = absortividade do tubo; I = irradiação; A = área de
absorção; m = vazão em massa; cp = calor específico da água; .∆T = variação da temperatura na água ; Tp
= temperaturamédia no tubo absorvedor ; temperatura ambiente.
A transmissividade do vidro considerada para os cálculos foi de 0,85 e a absortividade do tubo de 0,90, ambas
de tabelas. A irradiação solar média ao longo dos experimentos foi de 560 W/m2, medida através de um radiômetro. A
vazão em massa de água foi estabelecida através de controle com registros e medido com rotâmetro , em 1 litro por
minuto. A temperatura média ambiente ao longo dos experimentos foi de 29 ºC, medida com termômetro digital, sendo
que a mesma teve pouca influência no aquecimento d água nos tubos devido a resistência térmica que o tubo oferece a
transferência de calor para o interior do mesmo e, para o caso com cobertura de vidro ainda teve a resistência térmica
do vidro dificultando esta transferência de calor.

3. RESULTADOS

Foram avaliados os resultados dos ensaios realizados durante cinco dias para as duas configurações, com o
objetivo de comparar o desempenho dos coletores. Foram analisadas as perdas térmicas, a evolução da temperatura ao
longo de cada espiral e a eficiência de cada tipo de coletor. Os resultados médios dos dias ensaiados estão expressos
nas tabelas a seguir.

Tabela 1. Dados médios de cinco dias de medidas para o sistema SEM efeito estufa.

TEMPO (h) Tent / T33m (°C) T66m/Tsai (°C) ∆Tent/sai (°C) I (KW/m2) (%)
8:00 -9:00 25,1 / 27,0 28,5 / 29,3 4,2 0,48 37,9
9:00 -10:00 25,9 / 28,3 29,6 / 30,9 5,0 0,52 41,6
10:00 -11:00 26,4 / 29,4 32,8 / 33,2 6,8 0,54 54,5
11:00 -12:00 26,9 / 29,8 32,4 / 34,2 7,3 0,57 55,7
12:00 -13:00 27,1 / 31,0 33,3 / 34,7 7,6 0,57 57,7
13:00 -14:00 27,2 / 29,8 31,9 / 34,8 7,6 0,54 62,4
14:00 -15:00 27,1 / 29,9 32,5 / 33,8 6,7 0,49 59,9
15:00 – 16:00 26,6 / 27,8 29,1 / 32,0 5,4 0,42 56,7
Média 26,5 / 29,1 31,2 / 32,8 6,3 0,52 53,3
Tabela 2. Dados médios de cinco dias de medidas para o sistema COM efeito estufa.

TEMPO (h) Tent / T33m (°C) T66m / Tsai (°C) ∆Tent/sai (°C) I (KW/m2) (%)
8:00 -9:00 25 / 27,3 28,5 / 30,1 5,1 0,49 45,4
9:00 -10:00 26,3 / 28,0 30,6 / 32,9 6,6 0,52 58,0
10:00 -11:00 26,5 / 30,1 32,4 / 35,0 8,5 0,54 68,2
11:00 -12:00 26,9 / 31,6 34,0 / 35,4 8,5 0,56 66,0
12:00 -13:00 27,0 / 30,7 33,3 / 35,8 8,8 0,56 67,3
13:00 -14:00 27,2 / 30,0 33,6 / 35,9 8,7 0,54 71,0
14:00 -15:00 27,2 / 30,0 32,8 / 34,8 7,6 0,49 68,0
15:00 – 16:00 26,6 / 28,5 31,1 / 32,5 5,9 0,42 62,1
Média 26,6 / 29,5 32,0 / 34,0 7,5 0,51 63,3

Observou-se um aumento da temperatura da água ao longo do tubo na espiral. Na figura 4 observa-se este
comportamento para os sistemas com e sem cobertura.
Temperatura (ºC)

Tempo (h)

Figura 4. Temperatura de entrada e saída da água nos sistemas com e sem cobertura.

4. CONCLUSÕES

O coletores solares em espiral, tanto para o sistema com cobertura de vidro como para o sistema sem cobertura
de vidro, demonstraram-se viáveis para o aquecimento solar de piscinas, dado que as temperaturas finais obtidas em
ambos os sistemas estão na faixa de conforto exigida para tal finalidade. No entanto, apesar da configuração mais
eficiente termicamente ser a configuração II, seu custo de fabricação (R$ 333,00) é mais que o dobro da configuração
I (R$ 103,00) o que induz a classificar a configuração I como a mais viável para o fim proposto, em função de sua
melhor relação custo-benefício. Somando-se a isto o fato de que coletores em espiral apresentam custo de fabricação
mais reduzido que os coletores disponíveis comercialmente no mercado, podendo contribuir para uma massificação
dos respectivo sistemas para o aquecimento de piscinas..
5. AGRADECIMENTOS

Ao PPGEM-UFRN, ao IFEBA, ao Laboratório de Mecânica dos Fluidos e Energia Solar da UFRN.


Ao CNPq e Capes.

6. REFERÊNCIAS

ALDABÓ, Ricardo, 2002, Energia Solar. Artliber Editora Ltda. 1ªEd. São Paulo.
BEZERRA, 2001, Arnaldo Moura. Aplicações Térmicas da Energia Solar. Editora UFPB. 4ª Ed. João Pessoa.
BAPTISTA, Alessandra Sleman, 2006, Análise da Viabilidade Econômica da Utilização de Aquecedores Solares de
Água Em Resorts no Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado UFRJ – COPPE. Rio de Janeiro.
MENDES, J. U. de Lima. SOUZA, Luiz Guilherme M. Gomes, SANTOS, R Dias, 2006, Sistema de Aquecimento
Solar de Agua Para Aplicações Residenciais Utilizando Materiais Alternativos, IV CONEM.
NAZIAZENO, Ronaldo N. 2009, “Construção, Calibração e análise de desempenho de um piranometro de baixo
custo, baseado no modelo Kimball-Hobbs”. Dissertação de Mestrado em Termociências. UFRN. Natal.
NBR 12.269, 2006, Instalação de sistemas de aquecimento solar de água em circuito fechado – Procedimento.
ABNT 2006.

7. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso neste trabalho.

ANALYSIS OF A SOLAR WATER HEATER SPIRAL FOR USE IN


RESIDENTIAL POOL
Joel Nogueira Gonçalves, proeng.joel@uol.com.br1
José Ubiragi de Lima Mendes, ubiragi@ct.ufrn.br2
Fabíola Fernandes da Silveira, biulinhafs@yahoo.com.br3
Synara Lucien de Lima Cavalcanti, synara2004@hotmail.com4
1
IFEBA, Porto Seguro-BA
2,3,4
UFRN, Depto Eng.Mecânica (PPGEM), Centro de Tecnologia, Campus Lagoa Nova, Natal-RN

Abstract. Due to current world politics to natural resource use of energy sources, we used a solar heater for heating
water to be used in residential pools in order to evaluate its suitability for that purpose. The solar heaters had a spiral
shape and were composed of low cost materials, low weight, easy business acquisition as well as easy to manufacture.
The solar heaters were evaluated under two configurations: one without greenhouse effect and other with greenhouse
effect. Parameters such as flow, temperature distribution, efficiency and technical and economic feasibility were
evaluated.

Keywords: Heating, Solar Power, Temperature, Water, Efficiency.

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