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Cee31 31 PDF
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Resumo
Este trabalho apresenta um estudo sobre o comportamento de treliças espaciais
formadas por elementos tubulares de seção circular, com ênfase no desempenho das
tipologias de ligação utilizadas no Brasil. Foram ensaiadas experimentalmente 7
treliças espaciais com vãos de 7,5 x 15,0m e altura de 1,5m, variando-se o tipo de
ligação entre barras, com o objetivo de caracterizar e comparar o comportamento dos
sistemas de ligações mais comuns (nó típico – extremidade estampada, nó de aço e nó
com chapa de ponteira). A análise teórica, via elementos finitos, tem como objetivo
aferir a validade dos modelos numéricos normalmente utilizados e refiná-los incluindo
as características do comportamento estrutural observadas em ensaio. A análise
numérica segue duas abordagens: análise global da estrutura incluindo os efeitos não-
lineares, excentricidade na ligação e variação de seção nas extremidades das barras;
com isso o comportamento das treliças ensaiadas foi representado de forma
satisfatória. A análise do comportamento do nó típico, modelado tridimensionalmente
com elementos de casca, possibilitou analisar a interação entre as barras na região
nodal por meio de elementos de contato. Com esta modelagem, apesar das
simplificações, foi possível reproduzir o modo de colapso observado
experimentalmente.
1 INTRODUÇÃO
2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
As treliças são diferenciadas pelo tipo de ligação entre barras, seção das
diagonais de apoio e a existência ou não de reforço no nó típico.
Para todos os protótipos foram utilizados tubos de seção circular φ 76x2,0 nos
banzos e φ 60x2,0 ou φ 88x2,65 nas diagonais. Um resumo dos ensaios realizados é
apresentado na Tabela 1.
2.1.2 Instrumentação
O carregamento foi aplicado às estruturas em 10 nós do banzo inferior. Foram
utilizados atuadores hidráulicos de fuste vazado da marca Enerpac com capacidade
nominal de 300kN, acionados por uma bomba hidráulica elétrica que distribuía o fluído
para todos os atuadores. O carregamento foi introduzido aos nós da estrutura por
meio de cordoalhas de aço com diâmetro de 12,5mm, Figura 6.
18 Transdutores de deslocamentos
21
17 20
19 24
19 22
35 36 37 38
29 30 31 32 33 34
25 26 27 28
23 15
11 13 16
12
14
29 30 31 32 33 34
19 22
20
17 18 21
P P P P P
barras instrumentadas
DET. 1 a b
Posicionamento dos extensômetros
42 46
1TD1 45
41 49 50 53 54
1TD1
1TB1 1TB1
57 58
1TB1
1TB1
55 56
47 48 51 52
39 1TB1 1TB1 44
1TD1
1TD1 40 43
DET. 2
83
67 87
71 47
86 84
70 68 90 88
85 S1
74 72 S2 89
69 S1 SC
S2 73 140mm 50mm
48
140mm 50mm
125mm
m
50m
125mm
m
50m 79
S2
59 82 80
S2 81
S1 75
62 60
61
S1 39 78 76
63
77
66 64
65
40
detalhe 1 detalhe 2
Figura 8 - Posições dos extensômetros para medição de deformações.
2.1.3 Materiais
Foram utilizados tubos em aço tipo ASTM A570; chapas de nós, cobrejuntas e
elementos de reforço em aço ASTM A 36, e parafusos do tipo ASTM A325.
A caracterização do aço foi realizada por meio de ensaio de tração axial em
corpo-de-prova, conforme especificações da American Society for Testing and
Materials A 370/92.
Foram retiradas duas amostras para cada diâmetro de tubo, que são
constituídas por segmentos de 50cm, dos quais foram extraídos quatro corpos-de-
prova, em posições diametralmente opostas, sendo um dos corpos de prova na região
da solda. A Tabela 2 apresenta os resultados da caracterização.
3 ANÁLISE TEÓRICA
A análise numérica das treliças foi realizada via MEF utilizando o programa
Ansys. Com o objetivo de obter a melhor representatividade do modelo teórico,
iniciam-se as análises por um modelo mais simples, que é a treliça ideal em análise
elástica linear, e sucessivamente incorpora-se a esse modelo características
específicas de cada tipologia estrutural, tais como:
1. Excentricidades nas ligações;
2. Variação de inércia nas barras;
3. Não-linearidade física;
Sendo assim foram utilizados os modelos da análise apresentados na Tabela
4.
seção
tre trecho 1
ch
o
1
seção
trecho 2
tre
ch
trecho 1 trecho 2 trecho 3 o
2
trecho 3 seção
trecho 3
Tubo Φ 88 x 2,65
Tubo Φ 76 x 2,0 Tubo Φ 60 x 2,0
seção 1
seção 2
seção 3
seção 1
seção 2
seção 3
seção 1
seção 2
seção 3
seção circular
seção circular seção circular
120mm
94mm
excentricidade
50mm
e
Diagonal
p/ nó excêntrico
Nó (PT)
1500mm
Diagonal
p/ nó centrado φ 60x2,0mmmm
Nó (PT)
f cr fy 0,1E
E E
fy
0,1E
fp=0,5fy
E=20500kN/cm2
Figura 12a - Diagramas tensão x deformação utilizados na análise não-linear (estruturas com
nós típicos).
Linhas Contorno das seções Áreas construídas sobre as linhas malha de elementos finitos
Figura 14 - Modelagem da extremidade das barras: linhas, superfície e malha de elementos
finitos.
regiões de contato
fy
0,1E
0,9fy
E=20500kN/cm2
0,01
Figura 19 - Modelo constitutivo para análise do nó típico.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
200 Experimetal 8
Experimental
Teórico - NLF
160
6
140
5
120
100 4
80 3
60
2
40
1
20
0 0
TE1 TE2 TE3 TE3-1 TE4 TE4-1 TE5 TE1 TE2 TE3 TE3-1 TE4 TE4-1 TE5
Treliça espacial Treliça espacial
Figura 20 - Carregamento e deslocamentos últimos teóricos e experimentais.
Na treliça TE4 (nós de aço) ocorreu colapso de uma ligação em zona de baixa
solicitação o que foi atribuído a imperfeições de fabricação do nó de aço. Na repetição
deste ensaio (Treliça TE4-1) observou-se um modo de colapso combinado entre
instabilidade da barras e falha no nó, ou seja ocorreu o colapso da ligação para
carregamentos muito próximo ao carregamento que causaria instabilidade nas barras
comprimidas – Figura 22.
Na treliça TE5 (nós com chapa de ponteira) o colapso da estrutura ocorreu
como o esperado e desejado para este tipo de estrutura, ou seja, por instabilidade dos
banzos comprimidos – Figura 22.
100 90
80
80 70
Força aplicada (kN)
40
40
Treliça TE1 30
TE2 - Experimental
Experimental 20
20 TE2 - modelo 1 (linear)
Teórico modelo 1 (linear)
10 TE2 - modelo 1 (NLF)
Teórico modelo 1 (NLF)
0 0
0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0 -1 -2 -3 -4 -5
Deslocamento vertical (cm) Deslocamento vertical (cm)
No caso das treliças TE4-1 (nó de aço) e TE5 (nó com ponteira) o
comportamento força aplicada x deslocamento é próximo do linear, além disso o
carregamento último experimental é compatível com o obtido teoricamente utilizando
modelos análise mais simples. A Figura 24 apresenta os resultados de deslocamento
teórico x experimental para as treliças TE4-1 e TE5.
180
180
160
160
140
140
Força aplicada (kN)
Força aplicada (kn)
120 120
100 100
80 80
60 60
40 Teórico modelo 2 40 TE5 - Experimental
TE4 Experimental TE5 - modelo 3
20 20
TE4-1 Experimental
0 0
0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0 -1 -2 -3 -4 -5
Deslocamento vertical (cm) Deslocamento vertical (cm)
100
80
125mm
Força aplicada (kN)
m
60 50 m
SC
40 51
79
Treliça TE1 S2
C51 - exp
20 C52 - exp 82 80
81
Teórico S1
52
0
0 -100 -200 -300 -400 -500
Deformação axial (µε)
100 100
80 80
60 60
40 TE1 - teórico 40
canal 80
TE1 - experimental canal 82 TE1 - teórico TE1 - experimental
20 20 canal 79 canal 79
canal 80
canal 82 canal 81 canal 81
0 0
-7000 -6000 -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Deformação axial (µε) Deformação axial (µε)
Figura 25 - Deformações nas barras TE1 – (seção central e extremidade estampada).
100
100
80
Força aplicada (kN)
80
40 Treliça TE1 40
Nó 31 - Experimental Treliça TE2
20 Nó 31 - Téorico 20 Nó 31 - Experimental
Nó 31 - Téorico
0 0
0 -1 -2 -3 -4 -5 0 -1 -2 -3 -4 -5
Deslocamento (cm) Deslocamento (cm)
125mm
m
50m
79
S2
82 80
81
S1 75
78 76
77
100 100
TE1- Teórico
80 80
Força aplicada(kN)
Força aplicada(kN)
0 0
-12500 -10000 -7500 -5000 -2500 0 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
Deformação (µε) Deformação (µε)
Figura 27 - Distribuição de deformações nas extremidades estampadas.
5 CONCLUSÕES
custo x benefício; obviamente, uma treliça com nós típicos adequadamente projetada
e utilizando modelos de análise mais refinados e mais adequados pode conduzir a
custos compatíveis com outros sistemas de ligação de melhor desempenho.
Observações experimentais mostraram que, para as treliças com nós típicos,
o comportamento da ligação é mais crítico nos vértices superiores, junto às diagonais
de apoio. A fim de confirmar esta hipótese e avaliar o comportamento de nós típicos
na região central da estrutura foram ensaiadas treliças espaciais com nós de aço nos
vértices e nós típicos no restante da estrutura. Da analise dos resultados obtidos
conclui-se:
1- No primeiro ensaio realizado ocorreu ruptura no nó de aço, com
carregamento muito inferior ao previsto, em um dos vértices na direção de menor
solicitação;
2- Este modo de colapso foi atribuído a imperfeições de fabricação do nó ou
de montagem da estrutura;
3- Diante destes resultados foi ensaiada uma segunda estrutura com as
mesmas características. Neste novo ensaio, a estrutura não apresentou colapso nas
ligações, seja nos nós de aço ou nós típicos. Houve, portanto, alterações no modo de
falha da treliça em função da utilização de nós de aço nos vértices;
4- O colapso da estrutura foi caracterizado por deslocamentos verticais
excessivos, que ocorrem principalmente em conseqüência de escorregamentos entre
barras e acomodações na estrutura;
5- O carregamento total aplicado à estrutura foi de 148,8kN que é 60%
superior ao carregamento obtido para treliças construídas totalmente com nós típicos;
6- Embora o nó de aço nos vértices tenha alterado o modo de falha da
estrutura e aumentado o carregamento último, os deslocamentos finais são grandes e
sua previsão pelos modelos simplificados é insatisfatória.
Com relação a treliças espaciais com nós de aço, o primeiro ensaio realizado
resultou em colapso da ligação para baixos valores de força aplicada. Este fenômeno
era totalmente inesperado devido às verificações realizadas e a análise de resultados
de ensaios desenvolvidos por outros autores. No entanto, durante a montagem da
estrutura percebeu-se pequenas imperfeições em alguns nós; acredita-se que estas
imperfeições tenham conduzido ao colapso do nó e, conseqüentemente, da estrutura.
Desta forma conclui-se que, neste tipo de ligação, a fabricação dos elementos de
ligação deva passar por um controle rigoroso e que estudos sobre a influência de
imperfeições do nó sobre o comportamento da estrutura devam ser conduzidos.
Para dirimir dúvidas sobre a capacidade dos nós de aço, esses elementos
foram ensaiados, isoladamente, à tração e à compressão, concluindo-se que sua
resistência é compatível com a resistência das barras. Além dos ensaios de nós
isolados foi realizado um novo ensaio, em treliça espacial com nós de aço, com as
mesmas características da anterior a fim de confirmar o modo de colapso observado,
neste segundo ensaio foram feitas as seguintes observações e conclusões:
1- Houve falha do conjunto barra-nó no banzo superior comprimido;
2- A estrutura apresentou baixos valores de deslocamentos se comparada
com as demais estruturas ensaiadas, poucas acomodações e ou escorregamentos
entre barras foram observados;
6 AGRADECIMENTOS
7 BIBLIOGRAFIA
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