Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Segue-se uma segunda parte que constitui o apelo dirigido ao Rei: “referindo-se
com modéstia á sua obra, pede ao rei que a leia; na breve exposição que faz do
assunto, o poeta evidencia que a sua obra não versava heróis e factos lendários
ou fantasiosos, mas sim matéria história real (estrofes 9 a 14)
Termina o seu discurso incitando o Rei a dar continuidade aos feitos gloriosos
dos portugueses, combatendo os mouros e invocando depois o pedido de que
leia os seus versos (estrofes 15 a 18).
Camões escreveu este poema ao Rei D.Sebastião, pois era visto como:
A esperança da pátria portuguesa
Na continuação da propagação da fé Cristã
Na continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo
O que disse anteriormente será “provado” na estrofe 6
Estrofe 6
Linha 6,7 – É como se ele fosse o homem certo, no tempo certo dado por Deus.
Estrofe 7
Estrofe 9
Linha 2,3 – anáfora – figura de estilo que consiste na repetição da mesma palavra
no início de duas ou mais frases.
Estrofe 10
Linha 2 – antítese – figura de estilo que consiste na oposição entre dois termos
ou dias proposições.
Vil – pouco valor/desinteressante
Jovem, foi rei com apenas 14 anos pois não havia outro herdeiro legítimo do
trono, então ele assumiu o império.
É apresentado como defenssor nato da liberdade da Nação
Continuador da propagação da fé cristã
Rei temido pelo infiel
Lutador
Homem certo, no tempo certo dado ao mundo por Deus
Canto I: A Dedicatória
Os Lusíadas são constituídos por oitavas (oito versos) de versos decassílabos,
com rima cruzada nos seis primeiros versos e rima emparelhada nos dois últimos
versos.
D.Sebastião
D.Sebastião foi rei de Portugal de 1568 a 1578 e foi o penúltimo rei antes do
domínio espanhol. O seu prematuro desaparecimento numa manhã de nevoeiro
na batalha de Alcácer Quibir, deu origem ao mito sebastianista, que foi cultivado
pelo povo português ao longo dos séculos.
Camões louva D.Sebastião e apresenta este como um jovem rei promissor,
como a esperança da pátria portuguesa de difundir a fé e o império, que surgiria
para retomar a grandeza dos feitos portugueses. Nesta época a nação portuguesa
encontrava-se numa crise e portanto o sebastianismo foi uma maneira de manter
a esperança em todos os portugueses. Por isso, podemos dizer que o
sebastianismo não nada menos do que o cultivo da imagem de um rei destinado
a ser salvador de uma nação em crise
Análise da Dedicatória, pág 134, estrofes de 11 a 18
Hipérbato – alteração violenta de ordem das palavras.
Verificamos esta figura de estilo nas seguintes estrofes como por exemplo:”
Musas de engrandecer-se desejosas” estância 11 verso 4
Esta figura de estilo é muito utilizada para manter a estrutura rígida que Os
Lusíadas possuem.
Estancia 11
Verso 1
“Ouvi”- verbo no imperativo, onde Camões faz um pedido de atenção ao rei para
este ler as suas estrofes
Versos 2 a 8
“ Que não vereis com vãs façanhas
Fantásticas, fingidas, mentirosas “ – Adjectivação
- Camões afirma que o que vai cantar são feitos reais, verídicos, fabulosos de
D.Sebastião que excedem todos os outros feitos de outros heróis da antiguidade.
Resumo da estrofe: Camões pede a D.Sebastião para ouvir o seu humilde poema
e compara os feitos de D.Sebastião com outras proezas de outros heróis famosos
que os d D.Sebastião superam os grandiosos feitos dos heróis clássicos.
Valorização do Rei
Estancia 12
Verso 1: “ Por estes vos darei um Nuno Fero”
Nuno fero refere-se a Nuno Álvares Pereira que foi um dos comandantes na
batalha de Aljubarrota contra os Castelhanos, onde a batalha foi ganha com
menor número de soldados portugueses e a independência portuguesa
conquistada.
“Fero”- feroz, valente
Versos 7 e 8: Gama foi o descobridor do caminho marítimo para a índia e desta
forma os seus feitos conseguiram superar, fazer esquecer os feitos da civilização
Greco-latina nomeadamente de Eneias , herói da Eneida.
Resumo da estância: Invocação das proezas de guerreiros e reis.
Estância 15
Verso 1 a 2: Camões exorta o rei a tomar conta do reino, dando, assim. Motivos
para outros feitos, ainda mais importantes, serem cantados por poetas vindouros.
Verso 3: Pedido ao rei para tomar as rédeas de Portugal, do seu reino. “Tomai as
rédeas vós do Reino vosso”
Versos 4 a 8: Consequências do seu pedido “ Dareis matéria a nunca ouvido
canto”, isto é, daria matéria, assunto para Camões fazer um poema tão
espectacular que causaria espanto em todo o mundo (“ que pólo mundo todo
faça espanto”), especialmente se retomasse a expedição de África e do Oriente
para a difusão do império e da fé cristã.
Verso 6: (“ que pólo mundo faça espanto) - Hipérbole (exagero da realidade)
Versos 7 e 8: “ De” – Anáfora (repetição intencional nos inicio dos versos)
Resumo da estância: Pedido ao rei para tomar as rédeas do reino e continuar as
suas conquistas e expansões como a de África e do Oriente e desta forma trazer
gloria a Portugal e a dar matéria para Camões escrever cantos nunca antes visto,
fabulosos, que causariam espanto em todo o mundo.
Estância 16
Versos1 e 2: D.Sebastião vai exterminar os Mouros (exortação das capacidades
de D.Sebastião) “ Em vós os olhos tem o mouro frio”
“ Em”- Anáfora
Versos 3 e 4: os Mouros só por verem a grandiosidade de D.Sebastião já se
davam por vencidos. “ Só com vos ver, bárbaro Gentio/ Mostra o pescoço ao
jugo já inclinado”.
Versos 5 a 8: D.Sebastião era tão novo, belo e grandioso que até Téthys ( esposa
do oceano) o queria como genro.
Resumo da estância: Exortação das capacidades heróicas de D.Sebastião e
afirmação do seu poder contra os mouros.
Estância 18
Versos 1 e 2: D.Sebastião ainda era muito novo, necessitava de se tornar mais
maduro. “ Mas, enquanto este tempo passa lento/ De regerdes os povos, que o
desejam,)
Versos 3 e 4:Reforça a ideia de que se o Rei governar o país, o poeta terá
matéria para fazer uma nova epopeia e para imortalizar esses feitos , através da
epopeia épica. “ Dai vós favor ao novo atrevimento/ Pera que estes meus versos
vossos sejam;”
Versos 5 a 8 : Os navegadores continuarão a descobrir os mares e tornar-se-ão
imortais como os tripulantes da nau Argos, que foi conhecida como a primeira
nau a atravessar o mar Egeu (lenda). Acrescenta ainda que D.Sebastião é uma
figura muito importante, relevante, de inspiração portuguesa e que, portanto ,vai
ser sempre invocado ao longo dos tempos.
“ E vereis ir cortanto o salso argento, / E os vossos Argonautas, por que vejam/
Que são vistos de vós, no mar irado, / E costumai-vos já a ser invocado”
Resumo da estância: Reafirma a ideia de que se D.Sebastião tomar o poder , o
poeta escreverá uma nova epopeia que realce os feitos dos portugueses e de toda
a nação. Afirma ainda, que os navegadores continuarão a descobrir novos mares,
que os seus feitos serão imortais e irão continuar a invocar D.Sebastião pois este
é uma figura muito importante, valiosa e heróica em Portugal.
Nestas estâncias é importante reter:
A Exortação do rei, que é o pedido para este tomar as rédeas do seu reino e
voltar à expedição no Norte de África e não no Oriente comandando o exército
português, dando assim matéria para Camões cantar os seus feitos heróicos.