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FIS02009 --- Explorando o Universo: dos Quarks aos Quasares

Procura por Vida

Fora da Terra

Dept. Astronomia
Instituto de Física – UFRGS
Astrobiologia

Astrobiologia – estuda a origem, a evolução,


a distribuição e o futuro da vida
no Universo.

A astrobiologia é uma ciência multidisciplinar,


envolvendo áreas da Biologia, da Astronomia
e da Geologia, bem como outras ciências
multidisciplinares.

Outras designações como Exobiologia, Xenobiologia,


Xenologia, Bioastronomia, Cosmobiologia, etc,
foram propostas no passado para este campo da ciência,
mas o termo que mais se usa no presente é Astrobiologia.

Como em outras ciências, a Astrobiologia


utiliza o método científico nas abordagens
de seus temas de interesse.
O que é vida ?

Não há uma resposta inequívoca para esta pergunta, mas algumas


características parecem ser comuns aos seres vivos na Terra:

Estrutura Celular Adaptação ao Meio Reprodução

Metabolismo Resposta à Estímulos Evolução

Crescimento Mutação ... ? ...


Duas Hipóteses:

1 – a vida pode surgir, independentemente,


em diferentes lugares no Universo.

2 – a vida, eventualmente, pode se espalhar entre locais habitáveis


(panspermia).

(As duas possibilidades não são mutuamente excludentes.)


A Origem da Vida
C – O – H – N ....
Elementos Químicos

Compostos Inorgânicos

Moléculas Orgânicas Simples

Moléculas Orgânicas Complexas

Estruturas: coacervados, etc...

Primeira Célula

A primeira célula como um produto


de uma extensão de um processo
de evolução química.
Hipótese de Oparin (ou Oparin-Haldane)

Aleksandr I. Oparin (bioquímico soviético) e John S. Haldane


(biólogo inglês) publicaram em 1924 e 1929, respectivamente,
dois trabalhos independentes que, curiosamente, tinham o
mesmo título: “A Origem da Vida”.
Oparin Haldane

As hipóteses apresentadas por Oparin e Haldane são baseadas na “ Teoria da Evolução


Química (ou molecular)” apresentada anos antes por Thomas Huxley (biólogo inglês).

Oparin e Haldane, partiram do pressuposto de que a atmosfera primitiva da Terra era


composta predominantemente por metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2),
monóxido de carbono (CO) e vapor d'água (H2O), gerados pela atividade vulcânica.

Os compostos inorgânicos da atmosfera primitiva teriam formado, através de reações


químicas, moléculas orgânicas simples. Além do calor do ambiente primitivo da Terra,
a atividade elétrica durante tempestades (relâmpagos) juntamente com a emissão solar
teriam gerado radiação ultravioleta suficiente para fornecer a energia necessária
para que tais reações ocorressem.

(aminoácido) (proteína: um polímero formado por uma cadeia de aminoácidos)


O Ambiente Primitivo da Terra

A Terra se formou a partir de 4,6 bilhões de anos. Gases voláteis como o hidrogênio (H2) e
o hélio (He) estavam presentes na atmosfera primitiva da Terra, mas foram progressivamente
escapando da mesma.

A atividade vulcânica e o desgasamento do interior quente da Terra lançaram para a


atmosfera, grandes quantidades de vapor d'água (H2O), monóxido de carbono (CO),
metano (CH4), amônia (amoníaco, NH3), e outros gases.

Com o resfriamento da Terra, a água gerada pela atividade vulcânica, junto com a água
de origem cometária, formou oceanos, mares e lagos primitivos.

Não haviam grandes concentrações de oxigênio (O2) e ozônio (O3) e a superfície do planeta
estava exposta à radiação ultravioleta proveniente do Sol e à descargas elétricas de intensas
tempestades.
Hipótese de Oparin – de Coacervados aos Primeiros Seres Vivos
As moléculas orgânicas formadas na atmosfera da Terra teriam sido levadas pelas águas das chuvas
para os oceanos primitivos, concentrando-se ali e dando origem a uma “sopa primitiva ou primordial”.

Ao longo de milhares ou milhões de anos, estes compostos


orgânicos reagiriam entre si formando moléculas orgânicas
ainda mais complexas como aminoácidos e açúcares, entre
outros.

Ao seu tempo, estes formariam polímeros orgânicos (como é o caso


dos aminoácidos que formam proteínas), que mais tarde se
aglomerariam formando estruturas primitivas envoltas em água,
mas parcialmente separadas do meio, a que Oparin chamou
de “coacervados”.

Coacervados realizam trocas seletivas com o meio ao mesmo tempo


em que ocorrem inúmeras reações químicas entre seus compostos
internos.

Coacervados já eram conhecidos, mas foi Oparin quem chamou


a atenção para sua possível importância na origem da vida, uma
vez que poderiam constituir membranas celulares rudimentares,
essenciais para separação de um meio interno, de um externo, e possibilitando uma permeabilidade seletiva.

Oparin dedicou anos ao estudo dos tipos de reações químicas que podem ocorrer dentro dessas estruturas,
verificando que elas tinham a capacidade de crescer e de se dividir quando atingiam um tamanho
crítico.

Considerou que estes sistemas “subvitais” poderiam ter sido os percursores das primeiras formas primitivas
de vida, os quais seriam heterotróficos, isto é, não produziriam seu próprio alimento, alimentando-se da
própria sopa orgânica onde surgiram.
Um Teste para a Hipótese de Oparin-Haldane
O experimento de Miller-Urey (1952-3) foi concebido para testar a hipótese de Oparin-Haldane
de que os compostos orgânicos percursores da vida teriam sido sintetizados a partir de compostos inorgânicos
no ambiente primitivo da Terra.

A proposta de realização do experimento partiu de Stanley Miller (1930-2007), como projeto de doutorado a ser
realizado sob orientação de Harold Urey (1893-1981), Prêmio Nobel de Química por seu trabalho sobre isótopos
dos elementos químicos.

Stanley Lloyd Miller (1930 – 2007) Harold Clayton Urey (1893-1981)


Químico americano. Físico-químico americano.
Prêmio Nobel de Química – 1934
(pelo estudo dos isótopos)
Experimento de Miller-Urey (1952-53)

Objetivo – o experimento
de Miller-Urey foi idealizado
para testar as hipóteses de
Oparin & Haldane através
de uma simulação do ambiente
primitivo da Terra.

Equipamento: um balão de vidro contendo água aquecido por uma fonte de calor simulava
os oceanos primitivos, aquecidos pelo interior quente da Terra. O vapor gerado se juntava
a uma mistura de gases – metano (CH4), amônia (NH3), monóxido de carbono (CO) e
hidrogênio (H2) – simulando a atmosfera primitiva. Dois eletrodos ligados a uma fonte de
alta tensão reproduziam as descargas elétricas da atmosfera, fonte (junto com a luz solar)
de radiação ultravioleta, necessária para a ocorrência das reações químicas. A mistura era
resfriada e se condensava para depois se juntar ao balão de água, simulando o ciclo de
chuvas.

Resultados: após uma semana de operação contínua, foi constatado que de 10 a 15% do
carbono dos compostos inorgânicos iniciais estava agora formando moléculas orgânicas,
sendo que 2% haviam formado aminoácidos.
A Química do Experimento

Miller concluiu que, primariamente, reações entre os compostos iniciais produziam cianeto de hidrogênio (HCN)
e aldeídos, incluindo formaldeído (CH2O), além de vários outros compostos.

CO2 → CO + [O] (oxigênio atômico)


CH4 + 2[O] → CH2O + H2O

CO + NH3 → HCN + H2O


CH4 + NH3 →HCN + 3H2

O formaldeído (CH2O), a amônia (NH3) e o o cianeto de hidrogênio (HCN) reagem para formar aminoácidos
como glicina, e outras moléculas orgânicas:

CH2O + HCN + NH3 → NH2-CH2-CN + H2O

NH2-CH2-CN + 2H2O → NH3+ NH2-CH2-COOH (glicina)

A síntese espontânea de aminoácidos a partir formaldeído e cianeto de hidrogênio já era conhecida desde 1850
(síntese de Strecker). A grande novidade estava na demonstração de que os reagentes para que esta síntese
ocorra podem ter sido formados no ambiente primitivo da Terra.
Aminoácidos Sintetizados

Miller constatou a síntese de 4 aminoácidos (dos aminoácidos que se obtém por hidrólise de proteínas).

O experimento de Miller-Urey recebeu várias críticas. Uma delas era de que, sob ação da radiação solar, a amônia
(NH3) se transformaria em nitrogênio (N 2) e hidrogênio (H2). O N2 é o principal constituinte da atmosfera atual da
Terra. O H2, por ter baixo peso molecular, não fica retido por muito tempo na atmosfera da Terra, escapando da
mesma. A atmosfera simulada na primeira versão do experimento de Miller-Urey era, portanto, inverosímil.

Miller realizou uma segunda versão de sua experiência, desta vez adicionando N 2 à mistura gasosa e reduzindo
a amônia (NH3) a quantidades mínimas. Desta vez, o processo produziu 10 aminoácidos!

Miller também constatou que se fosse adicionada uma pequena quantidade de sulfureto de hidrogênio (H 2S),
uma aminoácido adicional era sintetizado, a cistina.
Síntese de DNA/RNA

Os organismos que existem atualmente na Terra são baseados no DNA e/ou RNA, que contém as informações
genéticas a as transmitem aos descendentes.

O DNA e o RNA são macromoléculas constituídas por sequências de nucleotídeos.

Por hidrólise de um nucleotídeo se obtém:

ÁCIDO FÓRMICO + um AÇÚCAR + uma base nucleica (ADENINA, GUANINA, CITOSINA, TIMINA ou URACILO).

Em 1960, Joan Oró descobriu que por aquecimento de uma solução aquosa de cianeto de hidrogênio
(CNH) e amônia (NH3) se obtém ADENINA e GUANINA.

Em 1968, Leslie Orgel mostrou que por condensação de cianoacetileno com ureia, ocorre a síntese das restantes
bases nucleicas (CITOSINA, TIMINA e URACILO). Tanto o cianoacetileno quanto a ureia são compostos
pré-bióticos que podem ser obtidos em experiências semelhantes à de Miller.

Em 1861, Aleksandr Butlerov já havia mostrado que tratando uma solução aquosa de formaldeído
com hidróxido de cálcio (ou outro catalisador equivalente), obtém-se vários açúcares, entre eles a RIBOSE e
a GLICOSE.

A ribose é o açúcar que integra os nucleotídeos do RNA (RiboNucleic Acid), enquanto a glicose é abundante
na natureza, podendo ser obtida, por exemplo, pela hidrólise total da celulose.

Mas, a formação dos ácidos nucleicos (DNA = ácido desoxirribonucleico e RNA = ácido ribonucleico)
nas condições do ambiente primitivo da Terra ainda não é bem conhecida.
Escalas de Tempo
Linha do Tempo da Vida na Terra
Idade da Terra = 4,54 +/- 0,05 bilhões de anos

0 --- início da formação da Terra


0,15 --- água líquida!!!! (T=230oC e alta pressão)
0,18 --- primeiros minerais conhecidos (zircão)
0,22 --- primeiras rochas
~ 0,5 -– placas tectônicas → remoção do CO2 da atmosfera → redução do efeito estufa

1,0 --- primeiras células simples (procariontes ou procariotas)


(fósseis mais antigos(?): ~ 800 milhões de anos)
1,1-1,2 --- células que realizam fotossíntese
(cianobactérias → primeiros estromatólitos)
2,6 --- células complexas (eucariontes ou eucariotas)

3,6 --- primeiras formas de vida multicelular

4,0 --- primeiros animais


animais marinhos simples
primeiros bilaterados
primeiros proto anfíbios
4,12 --- primeiras plantas terrestres
Estromatólitos
4,20 --- primeiros animais terrestres
– primeiros insetos
– primeiros anfíbios Cianobactérias
– primeiros répteis
– primeiros mamíferos
– primeiras aves Resumo:
~ 1 bilhão de anos → primeiras formas simples de vida
4,47 --- primeiras flores !!! ~ 3,5 bilhões de anos → primeiras formas multicelulares
~ 4,5 bilhões de anos → uma forma de vida 'inteligente'
4,54 --- (60 milhões de anos atrás) – primeiros primatas
(20 milhões de anos atrás) – surgiu a família Hominidae (grandes primatas)
(2,5 milhões de anos atrás) – surgiu o gênero Homo (nossos antecessores)
(200 000 anos atrás) – humanos anatomicamente modernos.
História da Terra em 24 horas

LUCA : 08:00
Fotossíntese: 10:41

Primeiros peixes: 21:20


Primeiras plantas: 21:36

Primeiros dinossauros: 22:47


Primeiros mamíferos: 22:56

Última grande extinção: 23:40:48

Gênero Homo: 23:59:12


Homem moderno: 23:59:56

Resumo:
~ 1 bilhão de anos → primeiras formas simples de vida
~ 3,5 bilhões de anos → primeiras formas multicelulares
~ 4,5 bilhões de anos → uma forma de vida 'inteligente'
Bombardeio Pesado Tardio

Há evidências de quando a Terra tinha entre


0,7 e 1,1 bilhões de anos, ocorreu um intenso
bombardeio de asteroides.

Este bombardeio atingiu a Terra e a Lua,


bem como os planetas Mercúrio, Vênus e
Marte.
A “Química da Vida”
existe fora da Terra?
Compostos orgânicos em nuvens moleculares interestelares
Já foram detectadas centenas
compostos orgânicos em nuvens
moleculares dentro de nossa
galáxia e até em outras galáxias!

hidrocarbonatos aromáticos
hidrocarbonatos alifáticos

alcoolose
ácidos
aldeídos
cetonas
No meio interestelar há nuvens rarefeitas de aminas
éter
gás e poeira. Acima, se vê a nuvem local aminoácidos
dentro da qual o Sol e as estrelas mais próximas etc...
estão.

A idade do Universo é estimada em


13,8 bilhões de anos, desde o big bang.

Há evidências de que a
“bioquímica da vida” pode ter surgido
logo no início do Universo,
10 a 17 milhões de anos após o
A análise espectral da luz que passa através deste big bang !!
meio permite estudar sua composição química.
Compostos orgânicos
em meteoritos

Berringer (1,2 km x 175 m) Cerro do Jarau / RS


Tamanho impac. : 50 m Idade: ~117 milhões de anos
Velocidade de queda: ~20 km/s Diâmetro: ~ 3,5 km
Idade: 50 000 anos

Meteorito Willamette

● Vários meteoritos apresentam aminoácidos


de origem extraterrestre dentre outros
compostos orgânicos
O meteorito ALH84001
● Meteorito No. 0001 de 1984
● Local: Allan Hills (Antártida)

● Massa: 1.9 kg

● Este é um de uns 20 meteoritos de origem

marciana.

● Formação: 4.5 bilhões de anos


● Ejeção: 16 milhões de anos

● Queda na Terra: 13 mil anos.

● Em 1996 foram encontrados possíveis


restos de nano bactérias neste meteorito.

● 1996:
traços de carbono
orgânico em outro
meteorito marciano,
o EETA79001
Meteorito marciano Nakhla

Foi descoberto um grão ovoide de argila no


meteorito marciano Nakhla com sugestão
de processos biogênicos.

Como no caso do meteorito de ALH84001,


a possibilidade biogênica é apenas uma
dentre outras (pelo menos três) hipóteses
possíveis.

Imagem obtida por microscopia eletrônica, Imagem obtidas por microscopia eletrônica
mostrando detalhes de um fragmento do meteorito. mostrando material aparentemente biomorfo.
Na Terra, padrões deste tipo são produzidas
por bactérias.
Possibilidade de contaminação:
o caso da Surveyor 3

Em 1967 a NASA enviou para a Lua a sonda não-tripulada


Surveyor 3. A sonda permaneceu em solo lunar durante
3 anos. A câmera da Surveyor 3 foi trazida de volta para a
Terra pelos astronautas da missão Apolo 12.

Foi encontrada uma colônia de bactérias Streptococcus mitis


que havia contaminado a borracha de isolamento
da câmera antes de ser enviada à Lua.

As bactérias sobreviveram à viagem de ida e volta


e aos quase 3 anos que passaram na Lua !!

A possibilidade de contaminação de sondas


espaciais e de seus instrumentos exige cuidados.

Meteoritos também podem sofrer contaminação


no ambiente terrestre. Esta possibilidade deve
ser sempre levada em conta na análise de amostras
destes materiais.
Procurando por

“Locais Habitáveis”
Condições químicas
● presença dos elementos químicos biogênicos:

O -- Oxigênio
C -- Carbono
H -- Hidrogênio
N – Nitrogênio

Fósforo, Enxofre, ...

● presença de ÁGUA LÍQUIDA

Locais habitáveis – são ambientes onde os elementos biogênicos estão presentes


em quantidades suficientes e com outros parâmetros ambientais (como temperatura,
pressão, pH do meio, intensidade de radiação, etc) dentro de certos limites, e que
potencialmente, podem abrigar vida microbiana.

IMPORTANTE: se um ambiente é classificado como “habitável” isto não significa


que este seja “habitado” ou mesmo que em algum tempo ele foi
ou será habitado.
Dentro de que condições a vida pode existir ?

● quais são os limites de temperatura?


● quais são os imites de pressão?
● quais são os limites de pH?
● quais são os limites para intensidade de radiação?
● qual deve ser a concentração mínima de água do meio?

● etc, etc, etc...

Podemos encontrar respostas para essas perguntas, pelo menos para o caso das
formas de vida existentes na Terra, estudando organismos que vivem em condições
extremas: os extremófilos.
EXTREMÓFILOS

● Hipertermófilos: crescem em elevadas


temperaturas (T > 80oC);
● Criófilos: crescem em baixas

temperaturas (T < -13oC);

● Halófilos: vivem em salinas, com altas concentrações de NaCl (2 a 5 mol/L);


● Alcalófilos: vivem em meios muito alcalinos (pH > 9);

● Acidófilos: suportam meios muito ácidos (pH < 2);

● Metalotolerantes: toleram altas doses de metais pesados em soluções (Cu, Cd, As, Zn);

● Osmófilos: crescem em ambientes com altas concentrações de açúcar;

● Endólitos: vivem dentro de rochas (pensava-se que rochas eram estéreis, sem nutrientes);
● Hipólitos: encontrados dentro de rochas de desertos gelados;
● Oligótrofos: capazes de crescer em ambientes nutricionalmente limitados;

● Xerófilos: crescem em ambientes extremamente secos (anidros);

● Piezófilos: crescem sob altíssimas pressões (a grandes profundidades, no solo ou dos oceanos);
● Hipobarofílicos: suportam baixíssimas pressões;

● Radiorresistentes (Radiófilos): sobrevivem à 5000 Grays (10 Grays matam um homem);


Parâmetro Ambiental Designação Características

Temperatura Hipertermófilos Vivem a 80-115o C


Termófilos Vivem a 60-80o C
Mesófilos Vivem entre 15-60o C
Psicrófilos Vivem abaixo de 10o C
Criófilos Vivem abaixo de -13o C
Radiação Radiófilo / Radiorresistente Tolera radiação UV e gama

Pressão Barófilos vivem sob altas pressões


Piezófilos suportam altos pesos
Gravidade “Hipergravidófilos” Vivem a mais de 1g
“Hipogravidófilos” Vivem a menos de 1g

Vácuo “Vacuófilos” Toleram o vácuo sideral

Umidade Xerófilos Vivem em meios anidros (extremamente secos)

Salinidade Halófilos Vivem em meios com altas concentrações de NaCl


(2-5 mol/litro)

Acidez (pH) Acidófilos Vivem em meios muito ácidos, com pH < 5


Alcalófilos Vivem em meios muito alcalinos, com pH > 9
Oxigênio Anaeróbios Vivem de CO2 puro
Microaeróbios Tolera algum oxigênio
Aeróbio Toleram concentrações elevadas de metais
Meio químico Autótrofo Vivem de CO2 puro
Metanogeno Idem
Metalotolerante Toleram concentrações elevadas de metais (Cu, Cd, As, Zn)
Osmófilos Vivem em meios com altas concentrações de açúcares.
Meio físico Endólitos Vivem no interior de rochas
Hipólitos Vivem no interior de rochas de desertos gelados
Oligótrofos Vivem com nutrição escassa
Extremófilos que vivem em condições extremas
de temperatura
(hipertermófilos e criófilos)

(fumarolas submarinas)

“Campeão” das altas temperaturas:


Pyrodictium occultum (120oC)
Acidófilos & Alcalófilos: extremófilos que vivem em ambientes
muito ácidos ou alcalinos

Ácido Neutro Básico / Alcalino


Archaeas
Bactérias
Eucariotas

(alcalófitos)
(acidófilos)
Xerófilos: extremófilos que crescem em ambientes extremamente secos

Encontrados nos desertos gelados do “Vale da Morte” (Arizona / EUA)

Outros extremófilos vivem em condições semelhantes na Antártida.


Halófilos: vivem em meios com alta salinidade

● Nome: GFAJ-1

● Encontrado no Lago Mono (Califórnia)

● O Lago Mono é extremamente salgado


(3 x mais salgado que os oceanos)
e conta com níveis elevados de
arsênio.
Radiorresistentes:
resistem à radiações intensas

Exemplo: Deinococcus radiodurans

Sobrevive à radiações de 5000 Grays !!


1 Gray equivale a 1 J / kg.

5 - 10 Grays são letais para um homem !


Tardígrados

Tamanho: 0,3 a 0,5 mm


Algumas espécies pode atingir 1,2 mm.

● Resistem a temperaturas entre -272oC (= 1 K) e +151oC por vários minutos.


● Suportam pressões que variam de quase-vácuo (10 dias no vácuo)

até pressões altíssimas, de ~1 500 atm (-6 km),


6 vezes maiores do que regiões profundas dos oceanos
onde são encontradas algumas archaeas (arquéias)..

● Podem viver sem alimento ou água por ~30 anos.


Resistem à desidratação intensa, de 97% ou mais.
Ao serem reidratados, são reanimados e conseguem se reproduzir.

● Suportam doses massivas de radiações ionizantes (5000-6200 Gy)

A pesar da alta resiliência, tardígrados não são classificados como extremófilos porque não estão adaptados
para viver de forma permanente em condições extremas, diferentemente dos microrganismos extremófilos
propriamente ditos.
Locais Habitáveis
no
Sistema Solar
Locais onde foram encontrados
indícios de água líquida
no sistema solar

● Mercúrio → possível presença de depósitos de gelo.

● Vênus → vapor d'água na atmosfera. Condições amenas a ~ 50 km de altitude.

● Marte → água na forma de gelo na superfície; vapor d'água na atmosfera;


fortes evidências de água líquida no passado.

● Júpiter → algumas de suas luas:

● Europa → um possível oceano líquido


● Ganímedes → um possível oceano líquido
● Calisto → um possível oceano líquido

● Saturno → algumas de suas luas:

● Encélado → atividade geotérmica; água em vapor


● Titã → lagos de metano líquido
Marte
● dia marciano: ~24 horas
● ano marciano: 687 dias (1,9 ano)

(Mars Pathfinder)

● Marte possui água (vapor e gelo)

● Água líquida em amostras de solo (2008)

● Pressão 150 vezes menor que na Terra

● Meteorito ALH84001: evidências


de microrganismos..
Evidências de água no passado geológico de Marte

← História da água em
Marte (idades em
bilhões de anos)

Detalhes de um antigo
rio marciano →

Delta de um rio, onde →


pode-se ver resíduos
transportados
pela água no passado.
Cratera Jezero e indícios de um
antigo rio, com vários afluentes
Marte : evidências de rios na superfície marciana
Presença de Metano em Marte

Foi detectado metano na atmosfera de Marte.

Por ser instável a concentração de metano


na atmosfera tende a diminuir ao longo do
tempo, especialmente no caso de planetas
mas próximos do Sol.

No entanto, em Marte, as concentrações de


metano se mantém acima do esperado
indicando a presença de algum mecanismo
de reposição.

Um possibilidade é de que a fonte é de


natureza biológica, pelo menos em parte.

Parte do metano, pode estar sendo produzido


pelo metabolismo de microrganismos em
meios aquáticos subterrâneos e levado até
a superfície para se juntar aos gases da
atmosfera.
Júpiter e suas Luas

Júpiter não apresenta condições de habitabilidade,


mas algumas de suas luas podem ser habitáveis:

● Europa
● Ganímedes
● Calisto
Europa: um possível oceano interno
GANíMEDES:

Ganímedes comparada com a Terra

A superfície de calisto está coberta por


uma crosta de gelo.
CALISTO

Calisto também pode ter um oceano


abaixo da crosta de gelo.
Saturno

← Esta é a pequena lua Encélado (comparada


com a Terra). Encélado orbita dentro de uma
região preenchida por uma espécie de “névoa”.

Antes da missão Cassini se aproximar de


Saturno não se sabia qual a origem desta
“névoa”.
Geysers em Encélado → descobertos pela sonda Cassini em 2005

:
Encélado no “Anel E” de Saturno
Encélado: estrutura interna

O calor – gerado pelo núcleo quente e pelo


trabalho mecânico gerado pelas forças
de maré decorrentes da atração gravitacional
de Saturno – está derretendo o gelo da
crosta externa. A água sobre pressão chega
à superfície e é ejetada para o espaço na
forma de vapor.
Encélados : confirmada a existência de um oceano líquido
Exploração futura do oceano de Europa
“criobot”

A exploração será feita por sondas robotizadas


controladas por inteligência artificial.
Titã: uma das luas de Saturno

● Atmosfera: nitrogênio, nuvens de metano e


etano, névoa.

● Pressão: ao redor de 1,5 atm


● Temperatura: -170oC → gases liquefeitos

● Lagos de carboidratos líquidos (etano) nas


regiões polares. Primeiros lagos de líquidos
descobertos fora da Terra!

● Análise da atmosfera de Titã sugere que


organismos estariam consumindo hidrogênio,
acetileno e etano e produzindo metano.

Comparação dos tamanhos:


Terra – Titã – Lua
Procura por “Locais Habitáveis”
fora do Sistema Solar
Zona Habitável

Se o planeta estiver perto demais da estrela → temperaturas demasiado altas na superfície.

Se o planeta estiver longe demais da estrela → temperaturas demasiado baixas na superfície.

A região ao redor de uma estrela onde faixa de temperatura permitiria a existência de água
líquida na superfície de um planeta é chamada de “zona habitável”.

Esta definição de “zona habitável”, baseada unicamente na distância média que do planeta
à estrela, é útil, mas é também um tanto simplista, pois não leva em conta os efeitos da
atmosfera do planeta sobre a temperatura em sua superfície e a possibilidade de existir água
líquida em ambientes em regiões mais distante, como por exemplo, sob crostas geladas
de planetas e satélites (luas).
Evolução da Zona Habitável

Ao longo de sua existência, uma estrela


passa por diferentes estágios evolutivos,
tornado-se mais brilhante ou menos brilhante.

Daqui a 7 a 8 bilhões de anos, o Sol se tornará


uma estrela gigante vermelha.

A zona habitável do Sistema Solar se deslocará


na para uma região mais externa, possivelmente,
onde hoje estão localizados Júpiter e Saturno.
Outros Sistemas Planetários

Cerca de 60% das estrelas da Via Láctea (*)


possuem planetas.

(*) estrelas que não estão em sistemas binários ou múltiplos.


Terras e Superterras dentro de Zonas Habitáveis

Última atualização: 13 / Julho / 2017


Além desses, há cerca de +40 planetas dentro da zona habitável otimista.
Verde escuro = zona habitável
Verde claro = zona habitável otimista
Exoplaneta dentro de Zona Habitável: Kepler-186f

Kepler-186f

Oribita a estrela Kepler-186, uma anã vermelha


com 54% da massa do Sol, localizada a ~ 560
anos luz de distância.

Raio da órbita: 0.43 ua.

Este planeta é um planeta rochoso, cujo diâmetro


é ~20% maior do que o da Terra e com com
1.4 massas terrestres.
Exoplanetas dentro de Zona Habitável: Sistema Gliese 667C

A estrela Gliese 667C faz parte de um sistema triplo de


estrelas. É uma anã vermelha, tendo ~ 1/3 da massa do
Sol e ~42% de seu diâmetro.

Distância: ~23 anos luz.

Ao seu redor já forma detectados pelo menos


6 planetas,m sendo que 3 deles estão dentro da zona
habitável desta estrela:

Gliese 667Cc – superterra (3.7 MT, 1.5 RT)


Gliese 667Cf – superterra (2.7 MT, 1.4 RT)
Gliese 667Ce --- superterra (3.1 MT, 1.5 RT)
Procura por bioassinaturas

Missão Darwin (4 x 3m)


Vida Inteligente
fora da Terra ?
Especulando sobre a possibilidade
de vida inteligente no Universo.
No céu noturno você pode ver entre 2500 e 5000 estrelas e a maior parte
delas estão a menos de 1000 anos luz de distância, o que corresponde a
~1% do diâmetro da Via Láctea.

A Via Láctea tem entre 100 e 400 bilhões de estrelas. o

O número de galáxias no Universo observável é estimado


em 2 trilhões .

Se assumirmos que todas as galáxias têm aproximadamente


o mesmo número de estrelas da Via Láctea (uma hipótese
razoável), então o número de estrelas no Universo é da ordem
de 10 23
. Especulando:

Cerca de 20% de todas as estrelas são estrelas “parecidas” Em quantos desses planetas a vida surgiu,
com o Sol, podendo ter sistemas planetários. evoluiu, diversificou-se enormemente
dando origem a alguma forma de vida
Com base em observações atuais, pelo menos 20% destes inteligente?
sistemas podem ter um terrestre com estrutura, massa e
dimensões similares às da Terra. Se em 1 caso em 1 bilhão, então seriam
1012 = 1 000 000 000 000 ,
um trilhão de civilizações inteligentes no
Ou seja, cerca de 1% de todas as estrelas do universo são
Universo.
estrelas similares ao Sol e possuem um planeta similar à Terra
em órbita ao redor delas, o que equivale a 1021 . Se 1 caso em 1 trilhão, então seriam
109 = 1 000 000 000 ,
O argumento dos grandes números não “prova” a existência um bilhão de civilizações inteligentes no
de civilizações inteligentes fora da Terra. Apenas sugere que Universo.
é possível que ao longo da história do Universo, outras
civilizações podem surgir.
Equação de Drake: ← Frank Drake

A equação de Drake propõe uma estimativa do número de civilizações existentes na Galáxia,


com tecnologia de comunicação por ondas eletromagnéticas (ondas de rádio). A equação de
Drake é apresentada de diferentes formas; uma delas é a forma acima.
Primeira estimativa (1961): Estimativa atual:
● f pla = 0,5 ● f pla = 0,5
● n hab = 2 ● n hab = 2
● f vida = 1 ● f vida = 0,33 → N c i v = 2,3
→ N c i v = 10
● f int = 0,01 ● f int = 0,01
● f com = 0,01 ● f com = 0,01
● T dur = 10 000 anos ● T dur = 10 000 anos

Estimativa extremamente otimista: Os valores de alguns termos da equação de Drake


são conhecidos; outros ainda não; e outros, não
● f pla = 0,5 temos como conhecer. Mas, podemos assumir
valores “otimistas” e “pessimistas” para encontrar
● n hab = 2 um limite superior e um limite inferior.
● f vida = 1 → N c i v = 20 000
● f int = 0,1
● f com = 0,1
● T dur = 10 000 anos
SETI = Search for Extra Terrestrial Inteligence

Projeto Phoenix – Arecibo / Porto Rico / EUA


Diâmetro: 305 m (maior radiotelescópio do mundo)

Dentro de um raio de 80 anos-luz existem cerca de 800


|__ (SETI @ home) estrelas similares ao Sol, ~60% delas com planetas.

O projeto Phoenix monitora cerca de 1000 estrelas


~50 anos...sem sinal... similares ao Sol.
FIM

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