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Fora da Terra
Dept. Astronomia
Instituto de Física – UFRGS
Astrobiologia
Compostos Inorgânicos
Primeira Célula
A Terra se formou a partir de 4,6 bilhões de anos. Gases voláteis como o hidrogênio (H2) e
o hélio (He) estavam presentes na atmosfera primitiva da Terra, mas foram progressivamente
escapando da mesma.
Com o resfriamento da Terra, a água gerada pela atividade vulcânica, junto com a água
de origem cometária, formou oceanos, mares e lagos primitivos.
Não haviam grandes concentrações de oxigênio (O2) e ozônio (O3) e a superfície do planeta
estava exposta à radiação ultravioleta proveniente do Sol e à descargas elétricas de intensas
tempestades.
Hipótese de Oparin – de Coacervados aos Primeiros Seres Vivos
As moléculas orgânicas formadas na atmosfera da Terra teriam sido levadas pelas águas das chuvas
para os oceanos primitivos, concentrando-se ali e dando origem a uma “sopa primitiva ou primordial”.
Oparin dedicou anos ao estudo dos tipos de reações químicas que podem ocorrer dentro dessas estruturas,
verificando que elas tinham a capacidade de crescer e de se dividir quando atingiam um tamanho
crítico.
Considerou que estes sistemas “subvitais” poderiam ter sido os percursores das primeiras formas primitivas
de vida, os quais seriam heterotróficos, isto é, não produziriam seu próprio alimento, alimentando-se da
própria sopa orgânica onde surgiram.
Um Teste para a Hipótese de Oparin-Haldane
O experimento de Miller-Urey (1952-3) foi concebido para testar a hipótese de Oparin-Haldane
de que os compostos orgânicos percursores da vida teriam sido sintetizados a partir de compostos inorgânicos
no ambiente primitivo da Terra.
A proposta de realização do experimento partiu de Stanley Miller (1930-2007), como projeto de doutorado a ser
realizado sob orientação de Harold Urey (1893-1981), Prêmio Nobel de Química por seu trabalho sobre isótopos
dos elementos químicos.
Objetivo – o experimento
de Miller-Urey foi idealizado
para testar as hipóteses de
Oparin & Haldane através
de uma simulação do ambiente
primitivo da Terra.
Equipamento: um balão de vidro contendo água aquecido por uma fonte de calor simulava
os oceanos primitivos, aquecidos pelo interior quente da Terra. O vapor gerado se juntava
a uma mistura de gases – metano (CH4), amônia (NH3), monóxido de carbono (CO) e
hidrogênio (H2) – simulando a atmosfera primitiva. Dois eletrodos ligados a uma fonte de
alta tensão reproduziam as descargas elétricas da atmosfera, fonte (junto com a luz solar)
de radiação ultravioleta, necessária para a ocorrência das reações químicas. A mistura era
resfriada e se condensava para depois se juntar ao balão de água, simulando o ciclo de
chuvas.
Resultados: após uma semana de operação contínua, foi constatado que de 10 a 15% do
carbono dos compostos inorgânicos iniciais estava agora formando moléculas orgânicas,
sendo que 2% haviam formado aminoácidos.
A Química do Experimento
Miller concluiu que, primariamente, reações entre os compostos iniciais produziam cianeto de hidrogênio (HCN)
e aldeídos, incluindo formaldeído (CH2O), além de vários outros compostos.
O formaldeído (CH2O), a amônia (NH3) e o o cianeto de hidrogênio (HCN) reagem para formar aminoácidos
como glicina, e outras moléculas orgânicas:
A síntese espontânea de aminoácidos a partir formaldeído e cianeto de hidrogênio já era conhecida desde 1850
(síntese de Strecker). A grande novidade estava na demonstração de que os reagentes para que esta síntese
ocorra podem ter sido formados no ambiente primitivo da Terra.
Aminoácidos Sintetizados
Miller constatou a síntese de 4 aminoácidos (dos aminoácidos que se obtém por hidrólise de proteínas).
O experimento de Miller-Urey recebeu várias críticas. Uma delas era de que, sob ação da radiação solar, a amônia
(NH3) se transformaria em nitrogênio (N 2) e hidrogênio (H2). O N2 é o principal constituinte da atmosfera atual da
Terra. O H2, por ter baixo peso molecular, não fica retido por muito tempo na atmosfera da Terra, escapando da
mesma. A atmosfera simulada na primeira versão do experimento de Miller-Urey era, portanto, inverosímil.
Miller realizou uma segunda versão de sua experiência, desta vez adicionando N 2 à mistura gasosa e reduzindo
a amônia (NH3) a quantidades mínimas. Desta vez, o processo produziu 10 aminoácidos!
Miller também constatou que se fosse adicionada uma pequena quantidade de sulfureto de hidrogênio (H 2S),
uma aminoácido adicional era sintetizado, a cistina.
Síntese de DNA/RNA
Os organismos que existem atualmente na Terra são baseados no DNA e/ou RNA, que contém as informações
genéticas a as transmitem aos descendentes.
ÁCIDO FÓRMICO + um AÇÚCAR + uma base nucleica (ADENINA, GUANINA, CITOSINA, TIMINA ou URACILO).
Em 1960, Joan Oró descobriu que por aquecimento de uma solução aquosa de cianeto de hidrogênio
(CNH) e amônia (NH3) se obtém ADENINA e GUANINA.
Em 1968, Leslie Orgel mostrou que por condensação de cianoacetileno com ureia, ocorre a síntese das restantes
bases nucleicas (CITOSINA, TIMINA e URACILO). Tanto o cianoacetileno quanto a ureia são compostos
pré-bióticos que podem ser obtidos em experiências semelhantes à de Miller.
Em 1861, Aleksandr Butlerov já havia mostrado que tratando uma solução aquosa de formaldeído
com hidróxido de cálcio (ou outro catalisador equivalente), obtém-se vários açúcares, entre eles a RIBOSE e
a GLICOSE.
A ribose é o açúcar que integra os nucleotídeos do RNA (RiboNucleic Acid), enquanto a glicose é abundante
na natureza, podendo ser obtida, por exemplo, pela hidrólise total da celulose.
Mas, a formação dos ácidos nucleicos (DNA = ácido desoxirribonucleico e RNA = ácido ribonucleico)
nas condições do ambiente primitivo da Terra ainda não é bem conhecida.
Escalas de Tempo
Linha do Tempo da Vida na Terra
Idade da Terra = 4,54 +/- 0,05 bilhões de anos
LUCA : 08:00
Fotossíntese: 10:41
Resumo:
~ 1 bilhão de anos → primeiras formas simples de vida
~ 3,5 bilhões de anos → primeiras formas multicelulares
~ 4,5 bilhões de anos → uma forma de vida 'inteligente'
Bombardeio Pesado Tardio
hidrocarbonatos aromáticos
hidrocarbonatos alifáticos
●
alcoolose
ácidos
aldeídos
cetonas
No meio interestelar há nuvens rarefeitas de aminas
éter
gás e poeira. Acima, se vê a nuvem local aminoácidos
dentro da qual o Sol e as estrelas mais próximas etc...
estão.
Há evidências de que a
“bioquímica da vida” pode ter surgido
logo no início do Universo,
10 a 17 milhões de anos após o
A análise espectral da luz que passa através deste big bang !!
meio permite estudar sua composição química.
Compostos orgânicos
em meteoritos
Meteorito Willamette
● Massa: 1.9 kg
marciana.
● 1996:
traços de carbono
orgânico em outro
meteorito marciano,
o EETA79001
Meteorito marciano Nakhla
Imagem obtida por microscopia eletrônica, Imagem obtidas por microscopia eletrônica
mostrando detalhes de um fragmento do meteorito. mostrando material aparentemente biomorfo.
Na Terra, padrões deste tipo são produzidas
por bactérias.
Possibilidade de contaminação:
o caso da Surveyor 3
“Locais Habitáveis”
Condições químicas
● presença dos elementos químicos biogênicos:
O -- Oxigênio
C -- Carbono
H -- Hidrogênio
N – Nitrogênio
Podemos encontrar respostas para essas perguntas, pelo menos para o caso das
formas de vida existentes na Terra, estudando organismos que vivem em condições
extremas: os extremófilos.
EXTREMÓFILOS
● Metalotolerantes: toleram altas doses de metais pesados em soluções (Cu, Cd, As, Zn);
● Endólitos: vivem dentro de rochas (pensava-se que rochas eram estéreis, sem nutrientes);
● Hipólitos: encontrados dentro de rochas de desertos gelados;
● Oligótrofos: capazes de crescer em ambientes nutricionalmente limitados;
● Piezófilos: crescem sob altíssimas pressões (a grandes profundidades, no solo ou dos oceanos);
● Hipobarofílicos: suportam baixíssimas pressões;
(fumarolas submarinas)
(alcalófitos)
(acidófilos)
Xerófilos: extremófilos que crescem em ambientes extremamente secos
● Nome: GFAJ-1
A pesar da alta resiliência, tardígrados não são classificados como extremófilos porque não estão adaptados
para viver de forma permanente em condições extremas, diferentemente dos microrganismos extremófilos
propriamente ditos.
Locais Habitáveis
no
Sistema Solar
Locais onde foram encontrados
indícios de água líquida
no sistema solar
(Mars Pathfinder)
← História da água em
Marte (idades em
bilhões de anos)
Detalhes de um antigo
rio marciano →
● Europa
● Ganímedes
● Calisto
Europa: um possível oceano interno
GANíMEDES:
:
Encélado no “Anel E” de Saturno
Encélado: estrutura interna
A região ao redor de uma estrela onde faixa de temperatura permitiria a existência de água
líquida na superfície de um planeta é chamada de “zona habitável”.
Esta definição de “zona habitável”, baseada unicamente na distância média que do planeta
à estrela, é útil, mas é também um tanto simplista, pois não leva em conta os efeitos da
atmosfera do planeta sobre a temperatura em sua superfície e a possibilidade de existir água
líquida em ambientes em regiões mais distante, como por exemplo, sob crostas geladas
de planetas e satélites (luas).
Evolução da Zona Habitável
Kepler-186f
Cerca de 20% de todas as estrelas são estrelas “parecidas” Em quantos desses planetas a vida surgiu,
com o Sol, podendo ter sistemas planetários. evoluiu, diversificou-se enormemente
dando origem a alguma forma de vida
Com base em observações atuais, pelo menos 20% destes inteligente?
sistemas podem ter um terrestre com estrutura, massa e
dimensões similares às da Terra. Se em 1 caso em 1 bilhão, então seriam
1012 = 1 000 000 000 000 ,
um trilhão de civilizações inteligentes no
Ou seja, cerca de 1% de todas as estrelas do universo são
Universo.
estrelas similares ao Sol e possuem um planeta similar à Terra
em órbita ao redor delas, o que equivale a 1021 . Se 1 caso em 1 trilhão, então seriam
109 = 1 000 000 000 ,
O argumento dos grandes números não “prova” a existência um bilhão de civilizações inteligentes no
de civilizações inteligentes fora da Terra. Apenas sugere que Universo.
é possível que ao longo da história do Universo, outras
civilizações podem surgir.
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