Caros Amigos / Caríssimas Amigas,
Fiz um intervalo na leitura dum interessantíssimo livro sobre os jardins da Madeira, editado recentemente em Londres, para assistir ao programa semanal da RTP-M intitulado “Dossier de Imprensa” onde foi abordado o aterro que está a desfigurar a baía do Funchal, a provocar problemas na navegação no interior do porto e a danificar seriamente o ecossistema marinho.
Sinceramente fiquei triste pela forma superficial com que o assunto foi tratado e lamento a linguagem deselegante utilizada pelo jornalista Mário Gouveia para com os cidadãos que ousaram assumir sem medo uma posição frontal contra a existência do aterro, defendendo a recuperação da praia de areia preta rente à Avenida do Mar.
Antes de se fazer afirmações públicas é conveniente documentar-se bem. Não é verdade que antes do aterro a praia estivesse suja e com ferros. A praia estava maculada por uma coisa esquisita conhecida por Vagrant e por uma estrutura de betão onde durante algum tempo esteve amarrado um balão, que em boa hora o vento se encarregou de desaparecer. Infelizmente o Governo Regional nunca entendeu a importância da renaturalização da baía para a qualidade da paisagem duma urbe com cinco séculos e, ao invés de erradicar essas desgraças, envolveu-as com um aterro mastodôntico.
Também não é verdade que a Avenida do Mar não tinha escoamento das águas pluviais. A marginal ficou inundada em 21 de Outubro porque o descarregador de emergência, localizado junto à foz da Ribeira de Santa Luzia, estava obstruído pelo aterro. Posteriormente foi aberta uma vala na sua desembocadura e em 25 de Novembro a inundação foi muito mais pequena. Em 20 de Dezembro a Praça da Autonomia ficou inundada devido ao transbordo da Ribeira de Santa Luzia junto à Ponte do Cidrão.
O problema do aterro é muito sério e tem de ser debatido com fundamentação científica. Não é apelidando de irracional quem tem opinião contrária, que se presta um bom serviço à cidade do Funchal e à Região Autónoma da Madeira. E se é para arranjar exemplos de outras intervenções no litoral das ilhas da Macaronésia, então sugiro ao jornalista Mário Gouveia que estude cuidadosamente os casos das Portas do Mar em São Miguel e da praia de Las Canteras em Grã Canária antes de emitir opiniões apressadas.
Porque luto pela preservação da baía do Funchal há muito tempo e não me acobardei nos oito anos em que fui Vereador do Ambiente, Educação e Ciência da Câmara Municipal do Funchal, envio em anexo a posição pública que assumi em 16 de Março de 2000, quando o então Secretário Regional da Economia apresentou o projecto para uma marina a leste do cais da cidade.
Agradecia aos distintos jornalistas do “Dossier de Imprensa da RTP-Madeira” a leitura do documento que há dez anos apresentei na sessão da Câmara do Funchal e a consulta de duas reportagens sobre esta matéria publicadas no Diário de Notícias em 17.03.2000 e 02.06.2000.
Para terminar peço-vos um favor. Comparem o que então foi dito com o que está a acontecer na baia do Funchal desde Fevereiro de 2010.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
Caros Amigos / Caríssimas Amigas,
Fiz um intervalo na leitura dum interessantíssimo livro sobre os jardins da Madeira, editado recentemente em Londres, para assistir ao programa semanal da RTP-M intitulado “Dossier de Imprensa” onde foi abordado o aterro que está a desfigurar a baía do Funchal, a provocar problemas na navegação no interior do porto e a danificar seriamente o ecossistema marinho.
Sinceramente fiquei triste pela forma superficial com que o assunto foi tratado e lamento a linguagem deselegante utilizada pelo jornalista Mário Gouveia para com os cidadãos que ousaram assumir sem medo uma posição frontal contra a existência do aterro, defendendo a recuperação da praia de areia preta rente à Avenida do Mar.
Antes de se fazer afirmações públicas é conveniente documentar-se bem. Não é verdade que antes do aterro a praia estivesse suja e com ferros. A praia estava maculada por uma coisa esquisita conhecida por Vagrant e por uma estrutura de betão onde durante algum tempo esteve amarrado um balão, que em boa hora o vento se encarregou de desaparecer. Infelizmente o Governo Regional nunca entendeu a importância da renaturalização da baía para a qualidade da paisagem duma urbe com cinco séculos e, ao invés de erradicar essas desgraças, envolveu-as com um aterro mastodôntico.
Também não é verdade que a Avenida do Mar não tinha escoamento das águas pluviais. A marginal ficou inundada em 21 de Outubro porque o descarregador de emergência, localizado junto à foz da Ribeira de Santa Luzia, estava obstruído pelo aterro. Posteriormente foi aberta uma vala na sua desembocadura e em 25 de Novembro a inundação foi muito mais pequena. Em 20 de Dezembro a Praça da Autonomia ficou inundada devido ao transbordo da Ribeira de Santa Luzia junto à Ponte do Cidrão.
O problema do aterro é muito sério e tem de ser debatido com fundamentação científica. Não é apelidando de irracional quem tem opinião contrária, que se presta um bom serviço à cidade do Funchal e à Região Autónoma da Madeira. E se é para arranjar exemplos de outras intervenções no litoral das ilhas da Macaronésia, então sugiro ao jornalista Mário Gouveia que estude cuidadosamente os casos das Portas do Mar em São Miguel e da praia de Las Canteras em Grã Canária antes de emitir opiniões apressadas.
Porque luto pela preservação da baía do Funchal há muito tempo e não me acobardei nos oito anos em que fui Vereador do Ambiente, Educação e Ciência da Câmara Municipal do Funchal, envio em anexo a posição pública que assumi em 16 de Março de 2000, quando o então Secretário Regional da Economia apresentou o projecto para uma marina a leste do cais da cidade.
Agradecia aos distintos jornalistas do “Dossier de Imprensa da RTP-Madeira” a leitura do documento que há dez anos apresentei na sessão da Câmara do Funchal e a consulta de duas reportagens sobre esta matéria publicadas no Diário de Notícias em 17.03.2000 e 02.06.2000.
Para terminar peço-vos um favor. Comparem o que então foi dito com o que está a acontecer na baia do Funchal desde Fevereiro de 2010.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
Direitos autorais:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formatos disponíveis
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Caros Amigos / Caríssimas Amigas,
Fiz um intervalo na leitura dum interessantíssimo livro sobre os jardins da Madeira, editado recentemente em Londres, para assistir ao programa semanal da RTP-M intitulado “Dossier de Imprensa” onde foi abordado o aterro que está a desfigurar a baía do Funchal, a provocar problemas na navegação no interior do porto e a danificar seriamente o ecossistema marinho.
Sinceramente fiquei triste pela forma superficial com que o assunto foi tratado e lamento a linguagem deselegante utilizada pelo jornalista Mário Gouveia para com os cidadãos que ousaram assumir sem medo uma posição frontal contra a existência do aterro, defendendo a recuperação da praia de areia preta rente à Avenida do Mar.
Antes de se fazer afirmações públicas é conveniente documentar-se bem. Não é verdade que antes do aterro a praia estivesse suja e com ferros. A praia estava maculada por uma coisa esquisita conhecida por Vagrant e por uma estrutura de betão onde durante algum tempo esteve amarrado um balão, que em boa hora o vento se encarregou de desaparecer. Infelizmente o Governo Regional nunca entendeu a importância da renaturalização da baía para a qualidade da paisagem duma urbe com cinco séculos e, ao invés de erradicar essas desgraças, envolveu-as com um aterro mastodôntico.
Também não é verdade que a Avenida do Mar não tinha escoamento das águas pluviais. A marginal ficou inundada em 21 de Outubro porque o descarregador de emergência, localizado junto à foz da Ribeira de Santa Luzia, estava obstruído pelo aterro. Posteriormente foi aberta uma vala na sua desembocadura e em 25 de Novembro a inundação foi muito mais pequena. Em 20 de Dezembro a Praça da Autonomia ficou inundada devido ao transbordo da Ribeira de Santa Luzia junto à Ponte do Cidrão.
O problema do aterro é muito sério e tem de ser debatido com fundamentação científica. Não é apelidando de irracional quem tem opinião contrária, que se presta um bom serviço à cidade do Funchal e à Região Autónoma da Madeira. E se é para arranjar exemplos de outras intervenções no litoral das ilhas da Macaronésia, então sugiro ao jornalista Mário Gouveia que estude cuidadosamente os casos das Portas do Mar em São Miguel e da praia de Las Canteras em Grã Canária antes de emitir opiniões apressadas.
Porque luto pela preservação da baía do Funchal há muito tempo e não me acobardei nos oito anos em que fui Vereador do Ambiente, Educação e Ciência da Câmara Municipal do Funchal, envio em anexo a posição pública que assumi em 16 de Março de 2000, quando o então Secretário Regional da Economia apresentou o projecto para uma marina a leste do cais da cidade.
Agradecia aos distintos jornalistas do “Dossier de Imprensa da RTP-Madeira” a leitura do documento que há dez anos apresentei na sessão da Câmara do Funchal e a consulta de duas reportagens sobre esta matéria publicadas no Diário de Notícias em 17.03.2000 e 02.06.2000.
Para terminar peço-vos um favor. Comparem o que então foi dito com o que está a acontecer na baia do Funchal desde Fevereiro de 2010.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
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Posição do Vereador Raimundo Quintal, quanto à anunciada Marina a
leste do Cais da Cidade.
É com enorme preocupação que tomo conhecimento da apresentação por
parte da Secretaria Regional da Economia do projecto para a construção duma Marina a leste do Cais da Cidade. A construção das muralhas para abrigo dos barcos de recreio irá incrementar a acumulação de sedimentos nas fozes das ribeiras de Santa Luzia e João Gomes, já bastante estranguladas desde que foi construída a Avenida do Mar. A obra agora apresentada irá criar na desembocadura dessas ribeiras uma rolha de material sólido, que crescerá muito rapidamente aquando da passagem de sistemas frontais com a consequente forte precipitação. A conjugação do rápido aumento de caudal, com a forte ondulação e as marés cheias, impedirá qualquer tentativa de desassoreamento/dragagem, resultando a invasão da Avenida do Mar e Praça da Autonomia pelas águas e lamas. Refira-se que os estudos que antecederam a construção da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), localizada um pouco a leste, provaram a existência duma corrente geradora de acumulação no interior da baía, o que impediu a construção do emissário submarino em frente àquela estação. Por essa razão o emissário foi construído na zona do Lazareto, o que acarretou a abertura dum extenso túnel e um grande aumento dos custos daquela infra-estrutura. O exemplo da ETAR também é importante para entendermos como não será segura uma Marina com muralhas de protecção a uma cota inferior à da Avenida. Por várias vezes a ETAR tem sido invadida pela água do mar, com elevados prejuízos já que a protecção projectada e construída se revelou ineficaz perante a subida da ondulação. Finalmente, registe-se a incongruência nas diferentes posições da Administração dos Portos. Por várias vezes tem aquela instituição defendido a retirada de areia e calhau junto ao cais, argumentando que tal extracção diminui o risco de assoreamento do porto e de encalhe dos navios de grande calado. Com a construção da nova Marina, não só haverá uma forte acumulação de sedimentos para leste, com as consequências já apontadas para as ribeiras, como incrementará a subida dos fundos marítimos entre a cabeça da muralha da Pontinha e o abrigo das embarcações de recreio.