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Posição do Vereador Raimundo Quintal, quanto à anunciada Marina a

leste do Cais da Cidade.

É com enorme preocupação que tomo conhecimento da apresentação por


parte da Secretaria Regional da Economia do projecto para a construção duma Marina a
leste do Cais da Cidade.
A construção das muralhas para abrigo dos barcos de recreio irá
incrementar a acumulação de sedimentos nas fozes das ribeiras de Santa Luzia e João
Gomes, já bastante estranguladas desde que foi construída a Avenida do Mar.
A obra agora apresentada irá criar na desembocadura dessas ribeiras uma
rolha de material sólido, que crescerá muito rapidamente aquando da passagem de
sistemas frontais com a consequente forte precipitação.
A conjugação do rápido aumento de caudal, com a forte ondulação e as
marés cheias, impedirá qualquer tentativa de desassoreamento/dragagem, resultando a
invasão da Avenida do Mar e Praça da Autonomia pelas águas e lamas.
Refira-se que os estudos que antecederam a construção da ETAR (Estação
de Tratamento de Águas Residuais), localizada um pouco a leste, provaram a existência
duma corrente geradora de acumulação no interior da baía, o que impediu a construção
do emissário submarino em frente àquela estação. Por essa razão o emissário foi
construído na zona do Lazareto, o que acarretou a abertura dum extenso túnel e um
grande aumento dos custos daquela infra-estrutura.
O exemplo da ETAR também é importante para entendermos como não
será segura uma Marina com muralhas de protecção a uma cota inferior à da Avenida.
Por várias vezes a ETAR tem sido invadida pela água do mar, com elevados prejuízos já
que a protecção projectada e construída se revelou ineficaz perante a subida da
ondulação.
Finalmente, registe-se a incongruência nas diferentes posições da
Administração dos Portos. Por várias vezes tem aquela instituição defendido a retirada
de areia e calhau junto ao cais, argumentando que tal extracção diminui o risco de
assoreamento do porto e de encalhe dos navios de grande calado.
Com a construção da nova Marina, não só haverá uma forte acumulação de
sedimentos para leste, com as consequências já apontadas para as ribeiras, como
incrementará a subida dos fundos marítimos entre a cabeça da muralha da Pontinha e o
abrigo das embarcações de recreio.

Funchal aos 16 de Março de 2000

O Vereador do Ambiente, Educação e Ciência

JOSÉ RAIMUNDO GOMES QUINTAL

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