Você está na página 1de 48

Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA


UTILIDADES – SISTEMA TÉRMICO E AR COMPRIMIDO

1
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

2
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

UTILIDADES – SISTEMA TÉRMICO E


AR COMPRIMIDO
TEXTOS DE:
CARLOS AUGUSTO ARENTZ PEREIRA
EDISON LUIS SANTÉRIO
VIRGÍLIO LAGEMANN

ORGANIZAÇÃO: UZIAS ALVES

Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
3

CURITIBA
2002
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

536.44 Pereira, Carlos Augusto Arentz.


P436 Curso de formação de operadores de refinaria: utilidades, sistema témico
e ar comprimido / Carlos Augusto Arentz Pereira, Edison Luis Santério,
Virgílio Lagemann; organização [de] Uzias Alves. – Curitiba : PETROBRAS :
UnicenP, 2002.
48 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,


RECAP, SIX, REVAP.

1. Sistema térmico. 2. Caldeira. 3. Distribuição de vapor. 4. Condensado.


4 5. Sistema de ar comprimido. I. Santério, Edison Luis. II. Lagemann, Virgílio.
III. Alves, Uzias. IV. Título.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.


Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.

Nome:

Cidade:

Estado:

Unidade:

Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.

5
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Sumário
1 SISTEMA TÉRMICO ........................................................................................................................ 7
1.1 O Vapor d’água ........................................................................................................................... 7
1.1.1 Finalidades do Vapor ....................................................................................................... 7
1.2 O Processo de Vaporização da Água ........................................................................................... 7
1.3 Pressão e Temperatura de Saturação ........................................................................................... 8
1.4 Qualidade do Vapor ..................................................................................................................... 8
1.5 Entalpia ....................................................................................................................................... 9

2 CALDEIRAS .................................................................................................................................... 20
2.1 Classificação quanto a montagem ............................................................................................. 20
2.2 Componentes ............................................................................................................................. 21
2.3 Funcionamento .......................................................................................................................... 22
2.4 Circulação de Água ................................................................................................................... 22
2.5 Combustíveis ............................................................................................................................. 23
2.5.1 Introdução ...................................................................................................................... 23
2.5.2 Classificação .................................................................................................................... 24
2.5.3 Principais Propriedades de um Combustível ................................................................. 24
2.5.4 Características Principais dos Combustíveis Gasosos ................................................... 25
2.6 Teoria da Combustão................................................................................................................. 25
2.7 Queimadores ............................................................................................................................. 26
2.8 Pré-Aquecedores de Ar ............................................................................................................. 29
2.9 Deterioração em fornos e caldeiras ........................................................................................... 31
2.9.1 Oxidação ........................................................................................................................ 31
2.10Tratamento de Água de Caldeiras ............................................................................................. 32
2.10.1 Introdução ...................................................................................................................... 32
2.10.2 Tratamento de água para caldeiras de alta pressão ........................................................ 32
2.10.3 Remoção de Gases Dissolvidos ..................................................................................... 32
2.10.4 Desaeração Mecânica da Água ...................................................................................... 32
2.10.5 Desaeração Química da Água ........................................................................................ 33
2.10.6 Purga das Caldeiras ........................................................................................................ 33
2.10.7 Presença de Algumas Substâncias na Água de Caldeiras e Seus Inconvinientes .......... 33
2.11Instrumentos e dispositivos de controle de caldeiras ................................................................ 35
2.11.1 Controle de nível ............................................................................................................ 35
2.11.2 Controle de combustão .................................................................................................. 36
2.11.3 Controle de temperatura do vapor ................................................................................. 37

3 DISTRIBUIÇÃO DE VAPOR: UTILIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ....................................... 38


3.1 Redução de pressão ................................................................................................................... 38
3.2 Níveis de pressão....................................................................................................................... 38
3.3 Controle de pressão ................................................................................................................... 39

4 CONDENSADO ............................................................................................................................... 41
4.1 Problemas devidos ao condensado ............................................................................................ 41
4.2 Formação do condensado .......................................................................................................... 41
4.3 Purgadores ................................................................................................................................. 41
4.4 Coletores de condensado ........................................................................................................... 42
4.5 Reutilização de condensado ...................................................................................................... 42
4.6 Tratamento de condensado ........................................................................................................ 43
6 4.7 Isolamento térmico .................................................................................................................... 44

5 SISTEMA DE AR COMPRIMIDO ................................................................................................. 45


5.1 Ar comprimido para instrumentos ............................................................................................ 45
5.2 Ar comprimido de serviço ......................................................................................................... 45
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Sistema
Térmico 1
Considerando-se as diversas qualidades ci-
1.1 O Vapor d’água
tadas, o vapor d´água é largamente utilizado
1.1.1 Finalidades do Vapor como:
Os principais usos do vapor em refinarias – agente de aquecimento na injeção de
de petróleo, são: poços de petróleo;
– Fluido motriz, para acionamento de bom-
bas, compressores, tubo-geradores, etc. – agente de aquecimento de petróleo e
seus derivados (óleo combustível, re-
– Agente de aquecimento.
síduo asfáltico) em tanques de arma-
– Transporte de fluidos através de ejeto- zenamento e linhas;
res de vapor.
– Agente de remoção de gases tóxicos ou – agente produtor de trabalho para acio-
combustíveis de equipamentos ou tu- namento mecânico de bombas, turbo-
bulações. geradores, compressores, etc.;
– Agente de arraste das frações do petró- – agente de arraste em ejetores para pro-
leo nas torres de resfriamento, etc. dução de vácuo em torre de destilação a
vácuo, condensadores das turbinas, etc.;
O vapor d’água apresenta várias qualida-
des que tornam seu uso atraente para ativida-
– agente de arraste na remoção de oxigê-
des industriais, como elementos de transferên-
cia de energia, dentre as quais se destacam: nio em desaeradores de caldeiras.

– alto poder de armazenamento de ener- 1.2 O Processo de Vaporização da Água


gia sob a forma de calor; O objetivo de um gerador de vapor con-
– transferência de energia à temperatura siste na transformação de água líquida em va-
constante; por, pela absorção de calor obtido a partir da
queima de um combustível.
– capacidade de possibilitar transforma- Quando o calor é fornecido a uma certa
ções de energia de calor para outras massa de água à pressão constante, observa-
formas; se aumento da temperatura da água líquida até
– uso cíclico e em vários níveis de pres- que se inicie o processo de vaporização. A
são e temperaturas; partir deste ponto, não é observada mudança
de temperatura até que a vaporização se com-
– passível de ser gerado em equipamen-
plete, quando, então, qualquer transferência de
tos com alta eficiência;
calor adicional implicará no superaquecimen-
– limpo, inodoro, insípido e não tóxico; to do vapor.
– de fácil distribuição e controle; A Figura a seguir ilustra o processo de va-
porização da água na pressão atmosférica,
– matéria-prima (água) de baixo custo e mostrando a elevação da temperatura à medi- 7
suprimento farto. da que se fornece calor de uma fonte externa.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Durante a fusão do gelo, ocorre uma con-
tração de volume (trecho), em torno de 8%.
1 2
Quando a água começa a vaporizar (pon-
to D), o volume aumenta muito devido à for-
mação do vapor d´água, permanecendo a tem-
peratura constante durante a vaporização.
0oC H1 H2

1.3 Pressão e Temperatura de Saturação


Figura 1 – Vaporização da água à pressão de 1 atm. Repetindo-se o processo de vaporização em
pressões mais elevadas, observa-se que a vapo-
No trecho 0-1, entre 0oC e 100oC, tem-se a
rização ocorre em temperaturas mais altas:
água no estado de líquido sub resfriado. O ca-
lor fornecido é denominado calor sensível, pois Pressão Temperatura de
2
é utilizado somente no aquecimento da água. (kgf/cm abs.) vaporização (oC)
No ponto 1, a água está na temperatura 1,033 100,0
de saturação (100oC a 1 atm), ou seja, é um 12 187,1
líquido saturado. Nestas condições, qualquer 42 252,1
calor fornecido adicionalmente é utilizado 88 300,3
somente na vaporização da água, sem qualquer 100 309,5
variação na temperatura. A qualidade de ca-
lor necessária à vaporização total da água Este é o princípio do funcionamento das
denomina-se calor latente de vaporização. Na “panelas de pressão” para uso doméstico. Da
pressão de 1 atm, 1 kg de água requer 539 mesma forma, trabalhando-se em pressões
kcal para se transformar em vapor. abaixo da atmosférica, a água vaporiza-se em
No trecho entre os pontos 1 e 2, a água temperaturas inferiores a 100oC.
está parcialmente vaporizada, ou seja, trata-se A pressão na qual a água se vaporiza é
de uma mistura de líquido + vapor saturados. denominada pressão de saturação, enquanto
No ponto 2, toda a água transformou-se em que a temperatura de vaporização também é
vapor, constituindo o vapor saturado seco, ou chamada de temperatura de saturação.
seja, sem a presença de gotículas de líquido. Para cada pressão de saturação correspon-
Acima do ponto 2, o calor adicional for- de uma temperatura de saturação, e vice-ver-
necido é usado no aumento da temperatura sa. Durante o processo de vaporização, a tem-
(calor sensível), consituindo o vapor supera- peratura do líquido e do vapor permanece cons-
quecido. A diferença entre a temperatura do tante, como exposto na Figura 1.
vapor e a temperatura de saturação (ou vapo-
Valores da pressão e da temperatura de
rização), na mesma pressão, é denominada de
saturação podem ser encontrados nas “Tabe-
grau de superaquecimento (GSA) do vapor.
las de Vapor Saturado”.
A Figura abaixo mostra a evolução do vo-
lume da água à medida que a temperatura é au-
mentada, partindo do estado sólido (ponto A). 1.4 Qualidade do Vapor
Será focalizada, a seguir, a região de duas
fases entre os pontos 1 e 2 da Figura 1, onde
coexiste uma mistura de líquido e vapor em
equilíbrio.
O título ou qualidade do vapor (x) pode ser
definido como a relação entre a massa da fração
de vapor e a massa total de líquido e vapor:
Obviamente, o título só é definido para a
mistura em equilíbrio, varia entre x = 0 e x = 1,
conforme seja:
8 – líquido saturado: x = 0;
– vapor saturado seco: x = 1 (ou 100%);
– vapor úmido: x intermediário (vapori-
zação incompleta, presença de líquido)
Variação do volume com a temperatura. ( L) + vapor (V).
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Os geradores de vapor para injeção em líquido sub-resfriado, duas fases (L + V) e
poços, geralmente, operam na região de duas vapor superaquecido, além do ponto crítico,
fases, produzindo vapor úmido de qualidade para diversas pressões.
80%, enquanto que as caldeiras e usinas ter-
moelétricas geram vapor superaquecido.
Um gerador de vapor não vaporiza toda a
água que recebe. Parte é deixada como líquido
para manter os sais em solução, caso contrário,
haveria precipitação e formação de “scale”. O
“scale” é duplamente deletério ao sistema, tanto
pela perda de rendimento do gerador quanto pelo
perigo de um desprendimento súbito. Esta fra-
ção líquida é necessária, pois o tratamento exis-
tente não remove totalmente os sais dissolvidos.
O título é obtido, facilmente, por compa- Diagrama H x T para diversas pressões.

ração entre a salinidade da água que entra e a


da água que sai. A massa vaporizada deixa O calor latente de vaporização correspon-
todos seus sais na fase líquida. de, no gráfico H x T, à diferença de entalpia
Exemplo: entre os pontos correspondentes ao líquido e
A salinidade aumentou 5 vezes ∴ vapor saturados, para um dado patamar de
pressão, ou seja:
Título do vapor x = Salinidade entra = 1000 ppm
1– 1– = 0,8
Salinidade saída 5000 ppm Lv = Hvs – Hls

1.5 Entalpia Lv – é o calor latente de vaporização.


Entalpia é a quantidade de calor armaze-
nada por uma substância, desde um estado ini- Hls – é a entalpia do líquido saturado,
cial de referência (0oC, 1 atm) até a pressão e ou seja, a quantidade de calor ne-
temperatura consideradas. cessária para elevar a temperatura
A entalpia é, portanto, a energia térmica da água desde 0oC até a tempera-
total contida numa unidade de massa, medida tura de saturação;
em kcal/kg ou Btu/Ib.
A Figura a seguir mostra um diagrama Hvs – é a entalpia do vapor saturado, que
entalpia x temperatura para diversas pressões, corresponde à soma de Hls com o
em que podem ser observadas as regiões de calor latente de vaporização Lv.

Anotações

9
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Diagrama de “Mollier”

Entropia (S) kcal/kg ºK


Entalpia (h) kcal/kg

Entalpia (h) kcal/kg

Entropia (S) kcal/kg ºK


10
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água saturado


(1/3)

11
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água saturado


(2/3)

12
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água saturado


(3/3)

13
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(1/6)

14
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(2/6)

15
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(3/6)

16
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(4/6)

17
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(5/6)

18
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Tabela de vapor d’água superaquecido


(6/6)

19
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Caldeiras
A NR-13, redação aprovada pela portaria
2
talar e têm menor prazo de entrega. A grande
23 de 26/04/95, define caldeira a vapor como restrição prende-se a problemas de transporte,
todo equipamento destinado a produzir e acu- quando se necessitam de caldeiras de maior
mular vapor sob pressão superior à atmosféri- porte ou de pressões mais elevadas. Assim,
ca, utilizando qualquer fonte de energia. caldeiras de capacidades acima de 250 t/h são
Quanto à pressão de operação, podem ser totalmente montadas no local, caldeiras na fai-
classificadas como: xa de 100 a 250 t/h são, geralmente, montadas
no local, embora tenham parte de seus com-
– caldeiras de baixa pressão 6 a 16 kgf/cm2 ponentes montados na fábrica, já as caldeiras
– caldeiras de média pressão 22 a 39 kgf/cm2 até 100 t/h são, em geral, compactas.
– caldeiras de alta pressão 60 kgf/cm2 acima
Classificação quanto a concepção
Como pode ser visto, a interface entre ti- As caldeiras podem ser agrupadas em:
pos é um dado referencial não rígido, que ser- – Flamotubulares
ve para estudos comparativos.
Quando a energia utilizada na produção – Aquotubulares
de vapor é retirada de uma fonte como escape
de motores ou gases residuais de processo, a Caldeiras Flamotubulares – Estas cal-
caldeira é dita caldeira de recuperação. deiras caracterizam-se pela passagem dos ga-
Para efeito da NR-13, as caldeiras são clas- ses quentes por dentro de tubos, geralmente
sificadas em categorias: em três passes antes de saírem para a chami-
né. Todo este conjunto de tubos, por onde pas-
A pressão de operação igual ou superior sam os gases está imerso na água a ser vapori-
a 1960 kPa (19,98 kgf/cm2) zada. São empregadas para baixas pressões
C pressão de operação igual ou inferior a (até 10 kg/cm2), baixas capacidades (até 15 t/
588 kgf/cm2 (5,99 kgf/cm2) e volume h) e onde possa ser utilizado vapor saturado
igual ou inferior a 100 litros. (título normal 80/90%).
B todas as outras não enquadradas nas ca- São os equipamentos mais baratos, com-
tegorias anteriores. pactos e que requerem menos cuidados de ope-
ração e manutenção.
2.1 Classificação quanto a montagem
As caldeiras também podem ser classifica-
das quanto ao seu grau de pré-fabricação. Por
este critério, as caldeiras são agrupadas em:
– caldeiras compactas;
– caldeiras montadas parcialmente no local;
– caldeiras montadas totalmente no local.
20 Considera-se uma caldeira como compacta
quando a mesma é embarcada pelo fornece-
dor completamente montada com: queimado-
res, ventiladores, controles e acessórios. Estas
Caldeira flamotubular de três passes
caldeiras são mais baratas, mais fáceis de ins-
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Caldeiras Aquotubulares – Estas caldei- Tubulão inferior – acumular água líqui-
ras caracterizam-se pela combustão em uma da e coletar depósitos, de onde podem ser dre-
câmara denominada fornalha, enquanto a água nados;
a ser vaporizada circula no interior de tubos Fornalha – gerar e fornecer a energia ne-
que cobrem as paredes da fornalha. cessária ao processo de vaporização de água e
Nos modernos projetos industriais, são superaquecimento do vapor;
usados, quase completamente, caldeiras tipo Superaquecedor – elevar a temperatura
tubo de água, dando ensejo, a que se produ- do vapor, secando-o;
Pré-aquecedor de ar – aquecer o ar da com-
zam grandes quantidades de vapor e elevadas
bustão, normalmente, aproveitando o calor dos
pressões e temperaturas.A produção de vapor, gases da combustão, por economicidade;
nestes tipos de caldeiras atinge até 750 tonela- Economizador – aquecer a água de ali-
das vapor/hora com pressões que já ultrapas- mentação da caldeira, também utilizando os
sam 200 kg/cm2. gases de combustão;
Bomba de circulação forçada – manter
2.2 Componentes a circulação de água e vapor no interior dos
As caldeiras aquotubulares têm como ca- tubos da caldeira, conforme a pressão da cal-
racterística principal a formação do vapor no deira e projeto da configuração das tubulações.
interior dos tubos, por onde também circula a
água. Os principais elementos que compõem Opera com nível 50%
o corpo de uma caldeira aquotubular à com-
bustão típica são:
– tubulão superior;
– tubos de circulação ascendente
(“risers”);
– tubos de circulação descendente
(downcomers”);
– tubulão inferior;
– fornalha (onde ocorre a queima dos
combustíveis). Modelo esquemático de caldeira aquotubular.
Podem existir também: Na Figura a seguir, são apresentados os
– superaquecedor; principais componentes encontrados nos ge-
– pré-aquecedor de ar; radores de vapor (caldeiras), que passaremos
– economizador; a descrever sucintamente:
– bomba de circulação forçada. 1. Tambor de vapor (“Steam Drum”): é
Os cinco primeiros elementos são funda- um vaso fechado, localizado no ponto
mentais para o funcionamento de qualquer mais alto da caldeira, onde se encon-
caldeira aquotubular, gerando somente vapor tram em equilíbrio água líquida e va-
saturado, no entanto são raros os casos de equi- por de água.
2. Tambor de lama (“Mud Drum”): fica
pamentos contando apenas com eles. Normal-
localizado no ponto mais baixo do sis-
mente, devido ao porte, utilização do vapor e tema de tubos e tem por finalidade
economicidade do sistema, vários dos outros acumular lama, ferrugem e outros ma-
itens citados estão presentes. teriais. Fazendo-se periodicamente a
As funções destes componentes são as descarga desses materiais. Este tambor
seguintes: trabalha cheio de água, conforme mos-
Tubulão superior – separar, coletar, acu- tra a Figura a seguir.
mular o vapor d´água gerado e receber a água 3. Feixe tubular: como o próprio nome
de alimentação; indica, é constituído de tubos de vários
Tubos ascendentes – gerar e conduzir o perfis que interligam os tambores. Es- 21
vapor ao tubulão superior; ses tubos, colocados sobre as paredes
Tubos descendentes – conduzir a água da fornalha e no percurso dos gases
quentes, integram a superfície de troca
líquida ao tubulão inferior;
de calor da caldeira.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
4. Fornalha: é o local destinado à queima deira, e ainda evitar possíveis choques
de combustível, que pode ser sólido, lí- térmicos no tambor de vapor.
quido ou gasoso. 7. Pré-aquecedor de ar: tem por finali-
5. Superaquecedor: tem por finalidade dade elevar a temperatura do ar de com-
transformar o vapor saturado provenien- bustão. Com isto, consegue-se melhor
te do tambor de vapor (1) em vapor queima, aumentando o rendimento da
superaquecido, ou seja, com uma tem- caldeira.
peratura maior. 8. Chaminé: é o componente que permite
6. Economizador: tem por finalidade au- o escoamento dos gases de combustão.
mentar a temperatura da água de ali- A circulação dos gases pode ser obtida
mentação, às expensas do calor residual por efeito de tiragem natural ou tira-
dos gases de combustão. Com isto, con- gem forçada.
segue-se melhorar o rendimento da cal-

Caldeira Aquotubular
Gás 1. Água de alimentação 2
2. Vapor superaquecido
3. Superaquecedor primário
4. Superaquecedor secundário
5. Queimador
6. Queimador
7. Visor de chama 1
8. Boca de visita 12
Chaminé 9. Soprador de fuligem
10. Soprador de fuligem
11. Soprador de fuligem
12. Tubulão de vapor 10 3
13. Tubulão de água
16 4
14. Visor de chama Gás
15. Boca de visita
16. Boca de visita Ar
17. Boca de visita 11
14 5

Ar
Ar Gás 7
17 Gás 6
Ar 15 9 8

13
Ar

Ar Ar
Ar

Gás Gás

Componentes principais de um gerador de vapor.

2.3 Funcionamento pelo superaquecedor (5), onde tem sua tempe-


O ar, à temperatura ambiente, antes de ratura elevada, constituindo-se em vapor su-
entrar na fornalha, é pré-aquecido no pré-aque- peraquecido.
cedor de ar (7) pelos gases de combustão. A
queima do combustível libera gases à alta tem- 2.4 Circulação de Água
peratura, que se deslocarão por efeito de tira- A circulação de água é fundamental para
gem da chaminé (8) trocando calor com a água, a operação e funcionamento contínuo da cal-
através dos respectivos componentes. A água deira aquotubular. É ela que permite a vazão
de alimentação passa no economizador (6), do vapor para o tubulão superior e sua conse-
onde é pré-aquecida e entra no tambor de va- qüente separação e acúmulo, bem como, a re-
22 por (1). Deste tambor desce pelos tubos eco- novação da massa de água aquecida que será
nomizadores até o tambor de lama (2), sobe vaporizada.
pelos tubos vaporizantes e volta como vapor A vazão adequada de água, necessária ao
ao tambor (1). Tem-se, aí, o vapor saturado. bom desempenho dos diversos circuitos de um
Saindo do tambor (1), o vapor saturado passa gerador de vapor, pode ser obtida, naturalmen-
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
te, pela ação da gravidade, mecanicamente pela circulação poderá ser natural, forçada ou even-
ação de uma bomba ou pela combinação dos dois. tualmente, mista.
A circulação natural é decorrente da di- Em geradores de vapor projetados para
ferença de densidade entre o fluido no interior circulação forçada, há dois tipos de arranjo:
dos circuitos descendentes (“downcomers”) e – “once-through” ou de uma só passagem;
dos circuitos ascendentes (“risers”). Basica- – com recirculação.
mente, tem-se água líquida nos “downcomers” Nos geradores de vapor do tipo “once
e mistura líquido-vapor nos “risers”. A absor- through” a água é bombeada contra os circui-
ção preferencial de calor nos risers em detri- tos de troca de calor, onde gradualmente irá se
mento dos “downcomers” é, em essência, o vaporizar ao longo desses circuitos. Quando a
efeito responsável pelo estabelecimento da cir-
vaporização se processa, o fluxo através de
culação.
circuitos adicionais resultará no superaqueci-
Já que a diferença de densidade entre a
água líquida e a mistura líquido-vapor é o prin- mento do vapor. Este tipo de arranjo é aplica-
cipal fator do estabelecimento da circulação do para altas pressões de geração de vapor e
natural, o aumento na pressão de geração de não necessita tubulação superior para a sepa-
vapor, com a conseqüente diminuição desta ração líquido-vapor.
diferença, poderá tornar impraticável a circu- Nos geradores de vapor do tipo “recircu-
lação natural. lação”, assim como nos de circulação natural,
Observa-se no gráfico a seguir que a dife- é exigido o uso de um tubulão onde a separa-
rença entre a água líquida e o vapor saturado ção líquido-vapor se verificará. A água líqui-
diminui com o aumento da pressão, tornando- da será dirigida através dos “downcomers”
se nula na pressão crítica. para a sucção das bombas de circulação e será
bombeada contra os circuitos ascendentes
(risers), onde a vaporização irá se proceder.
Com o objetivo de manter “molhada” a
superfície interna dos risers, é usual limitar-se
de projeto, a percentagem de vapor em peso
nas partes superiores dos mesmos. Dessa for-
ma, obtêm-se uma vaporização nucleada pos-
sibilitando o estabelecimento de um alto coe-
ficiente de película de lado da água, condu-
zindo a temperatura das paredes metálicas re-
lativamente baixas, compatíveis com o uso de
aço-carbono nestas regiões. O valor desta li-
mitação é da ordem de 5 a 20% em massa,
dependendo, dentre outros fatores, da pressão
de geração.

2.5 Combustíveis
2.5.1 Introdução
O termo “combustível” está, atualmente,
ligado diretamente à idéia de fonte de energia
calorífica. Desta forma, o termo dificilmente
se dissocia de outras formas de energia, que
também podem fornecer calor. Fala-se, por
exemplo, em combustível nuclear, quando se
faz referência a substâncias que por meio da
fissão nuclear, produzem calor.
Assim, é que caldeiras gerando vapor aci- Mas, no sentido exato do termo, combus- 23
ma de 180 kg/cm2 utilizam circulação força- tível é a substância susceptível que, ao se com-
da, enquanto que caldeiras gerando vapor abai- binar quimicamente com outra, gera uma rea-
xo de 140 kg/cm2 utilizam circulação natural. ção exotérmica, isto é, uma reação que des-
No intervalo, dependendo de outros fatores, a prende calor.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Praticamente inúmeros elementos e com- 2.5.3 Principais Propriedades de um
postos químicos possuem esta propriedade, Combustível
principalmente quando a reação é feita entre Em função do uso cada vez menor dos
eles e o oxigênio. combustíveis sólidos, para geração de vapor,
Ainda que se utilizem, em certas circuns- serão abordadas as principais propriedades dos
tâncias, elementos como o “berílio” como combustíveis líquidos e gasosos.
combustível, apenas algumas substâncias são
consideradas “combustíveis industriais”. Características Principais dos Combustíveis
Define-se como combustível industrial, Líquidos
toda substância (no estado sólido, líquido ou Além da composição elementar, que indi-
gasoso) que, ao reagir com o oxigênio (O2), ca as percentagens em peso de carbono (C),
libera calor. hidrogênio (H) e enxofre (S) e principais ele-
Combustível + O2 gases + calor mentos químicos existentes na maioria dos
combustíveis industriais, outras três caracte-
Exemplo: rísticas são muito importantes, tais como o
C + O2 CO2 + 97.200 Kcal. “poder calorífico”, a “viscosidade” e o “ponto
de fulgor”, quando se trata de combustíveis
2.5.2 Classificação líquidos.
Os “combustíveis industriais” podem ser
classificados em: Poder Calorífico
– Naturais (sólidos, líquidos e gasosos); É a quantidade de calor que um combustí-
vel pode liberar por unidade de peso ou volu-
– Artificiais (sólidos, líquidos e gasosos).
me. É dado em calorias e normalmente expres-
Dentre os mais importantes na classifica-
so em kcal/kg, Btu/lb, kcal/mol e kcal/m3.
ção anterior, pode-se citar:
O poder calorífico é determinado em la-
Naturais boratório por um aparelho denominado
a) Sólidos calorímetro, ou é determinado por uma tabela
– carvão mineral (turfa, hulha) da National Bureau of Standards que
– madeira (nó de pinho, lenha) correlaciona o poder calorífico de óleos com-
– xisto (betuminoso) bustíveis com a densidade.
– resíduos industriais (bagaço de cana, A presença de hidrogênio (H) no combus-
casca de cereais). tível faz com que apareça água nos produtos
b) Líquidos de combustão, o que determina dois valores
– petróleo diferentes para o Poder Calorífico:
c) Gasosos a) Poder Calorífico Superior (PCS);
– gás natural.
b) Poder Calorífico Inferior (PCI).
Artificiais
a) Sólidos Poder Calorífico Superior (PCS) é defi-
– carvão vegetal nido como a quantidade de calor que o com-
bustível libera na queima, por unidade de mas-
– coque de petróleo
b) Líquidos sa (peso) do combustível, supondo que o mes-
mo seja submetido à combustão completa.
– álcool
– derivados de petróleo (exemplos:
Poder Calorífico Inferior (PCI) é defi-
gasolina, querosene, óleos)
nido como a quantidade de calor que o com-
– óleo de xisto
bustível libera na queima, por unidade de mas-
c) Gasosos
sa (peso) do combustível, menos o calor ne-
24 – GLP
cessário para evaporar a água existente no com-
– gás CO bustível.
– gás de gasogênio Nos cálculos de combustão, é aplicado
– gás de alto forno o Poder Calorífico Inferior (PCI) do com-
– gás natural. bustível.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Viscosidade que entrem em combustão com a simples apro-
É a resistência ao escoamento apresenta- ximação de uma chama.
da pelo óleo combustível. Dá informações so- A combustão desses gases proporciona
bre a facilidade de movimentação e transfe- uma queima completa, com pequeno excesso
rência do óleo combustível, na temperatura de ar e sem presença de fumaça.
vigente e também o grau de pré-aquecimento O gás combustível é constituído de uma
a que o óleo deve ser submetido, a fim de ob- mistura de hidrocarbonetos que são compos-
ter-se uma temperatura correta de atomização, tos de hidrogênio e carbono, além de peque-
para uma combustão eficiente. Este grau de nas quantidades de CO, O2 e H.
aquecimento, a que o óleo deve ser submeti- Duas características são muito importan-
do, é obtido através de um gráfico de viscosidade tes no gás combustível, o “poder calorífico” e
da ASTM Standard Viscosity Temperature Charts. a “densidade”.
A determinação da Viscosidade do óleo
combustível é feita em laboratório em apare- Poder Calorífico
lhos denominados viscosímetros Saybolt. Da mesma forma que os combustíveis lí-
O viscosímetro Saybolt é operado fazen- quidos, os combustíveis gasosos também apre-
do escoar a amostra através de orifícios deno- sentam Poder Calorífico Superior (PCS) e
minados “Furol” – SSF (Segundos Saybolt Poder Calorífico Inferior (PCI), expressos em
Furol) e “Universal” – SSU (Segundos Saybolt kcal/kg e kcal/m3.
Universal). O Poder Calorífico de um gás é maior se
A viscosidade SSU possui um valor apro- esse gás conter mais átomos de carbono (C) e
ximado 10 (dez) vezes maior que a SSF, isto é, hidrogênio (H).
o orifício Furol é maior para dar maior vazão. Assim, o gás natural, basicamente metano
(CH4) tem menor poder calorífico do que GLP,
SSU = SSF x 10 constituído de propano (C 3H 8) e butano
São, portanto, empregados para óleos mais (C4H10).
viscosos o SSF e para óleos menos viscosos o
SSU. Densidade
Outra unidade empregada na determina- A Densidade relativa de um gás é dada
ção de viscosidade de óleos combustíveis é o sob a forma de um número adimensional, as-
“Centistokes” (cts). Nesta unidade, são obti- sim no gás natural que é mais leve que o ar,
das as viscosidades dos óleos mais pesados, tem densidade relativa de 0,6 e, o GLP que é
mais viscosos. mais pesado que o ar, tem densidade relativa
Quando a viscosidade SSU é maior que de 1,7.
80 (oitenta), utiliza-se a seguinte relação: Portanto, através de exemplos anteriores,
SSU = cts x 4,63 pode-se dizer que a densidade relativa de um
gás é a relação entre a massa desse gás e uma
massa igual de ar atmosférico, estando ambos
Ponto de Fulgor (gás e ar) nas mesmas condições de tempera-
Ponto de Fulgor de um combustível é a tura e pressão.
menor temperatura na qual um produto (óleo, A propriedade de Densidade de um gás é
por exemplo) é vaporizado, em quantidade importante na sua própria combustão.
suficiente para formar com o ar uma mistura
capaz de se inflamar momentâneamente, quan-
do se incide uma chama sobre a mesma.
2.6 Teoria da Combustão
A combustão é definida como a combina-
O Ponto de Fulgor determina condições se-
ção rápida do oxigênio com os elementos com-
guras de armazenamento do óleo, além de de-
tectar se o mesmo contém produtos mais leves. bustíveis, produzindo luz é calor.
A eficiência da combustão está diretamen-
2.5.4 Características Principais dos Combustíveis te relacionada à combinação de três fatores:
Gasosos – temperatura suficiente para a ignição; 25
O gás combustível e o gás natural são con- – tempo necessário para uma combustão
siderados combustíveis de fácil queima, bas- completa;
tando uma mistura adequada de gás e ar para – turbulência.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Estes três fatores governam a velocidade d) 12 kg de C reagem com 16 kg de O2,
e o processo de reação do combustível após a formando 28 kg de CO e liberando
sua iniciação. 28.880 kcal. Se 12 kg de C, para for-
A temperatura é mantida pelo balanço de mar CO2 liberam 28.880 kcal, 1 kg li-
calor na fornalha, onde se conseguem manter bera 2.407 kcal.
as temperaturas razoavelmente estáveis, des- e) 28 kg de CO reagem com 16 kg de O2
de que não se interrompa o fluxo de combus- formando 44 kg de CO2 e liberando
tível ou ar. 68.320 kcal. A quantidade de calor li-
O tempo necessário para a reação de com- berado por kg em termos de C é igual a
bustível é assegurado por projeto. Depende do 5.693 kcal.
tipo da fornalha, principalmente quanto ao seu
dimensionamento no que se refere ao tipo e 2.7 Queimadores
volume do combustível usado na queima. São dispositivos destinados a preparar o
A turbulência é o fator mais difícil de se combustível para a queima, fornecendo-o à for-
conseguir e se torna necessário para assegurar nalha dividido e em íntima mistura com o ar.
uma boa mistura combustível/ar, forma de O maçarico é o elemento que se destina a
chama e queima completa do combustível. receber o óleo, e atomizá-lo para o interior da
fornalha.
Reação de combustão Há diversos tipos, dos quais, normalmen-
As reações químicas que ocorrem na com- te, são usados, em caldeiras de refinarias:
bustão de um hidrocarboneto são muito com- – maçaricos para óleo combustível (le-
plexas, havendo na maioria dos casos, reações ves e pesados) e óleo diesel;
intermediárias antes de se chegar aos produ-
tos finais da combustão – CO2, H2O, O2 e N2. – maçaricos para gás combustível (gás
A reação geral completa ocorre: natural e gás de refinaria).
a) em volume: Como a queima de óleo combustível ou
CxHy + m O2 + 3,76 m N2 → b CO2 + n H2O + c O2 + d N2
diesel processa-se na fase gasosa, há necessi-
dade que o mesmo seja atomizado, que é a di-
b) em peso: visão do combustível em gotículas finas (10-
50 mícrons), facilitando, assim, a sua vapori-
CxHy + m O2 + 3,35 m N2 → b CO2 + n H2O + c O2 + d N2 zação com o calor da chama e o contato com o
ar de combustão. Quanto mais pesado for o
As reações de combustão podem ser re- combustível, tanto menores deverão ser as
presentadas conforme se segue: gotículas para manter a eficiência do maçarico.
a) C + O2 → CO2 + 97.200 kcal O maçarico a gás é, em geral, um maçarico
b) 2 H2 + O2 → 2 H2O + 136.400 kcal simples, porque o combustível é introduzido
c) S + O2 → SO2 + 70.400 kcal diretamente na fornalha, passando através de
d) C + 1/2O2 → CO + 28.880 kcal uma simples lança, sem qualquer “preparo”,
e) CO + 1/2O2 → CO2 + 68.320 kcal isto é, sem necessidade de ser atomizado
como o óleo combustível ou diesel, por en-
Pode-se dizer que nas reações acima: contrar-se no estado gasoso. Estabelece-se,
a) 12 kg de C reagem com 32 kg de O2, apenas, a proporção entre a mistura do com-
formando 44 kg de CO2 e liberando bustível com o ar.
97.200 kcal. Se 12 kg de C, para for- Há dois tipos de maçaricos para com-
mar CO2, liberam 97.200 kcal, 1 kg li- bustíveis gasosos, os aspirantes (Premix) e
bera 8.100 kcal. os de queima direta. Nas caldeiras das refi-
b) 4 kg de H2 reagem com 32 kg de O2, narias, usam-se os de queima direta com ar
formando 36 kg de H2O, liberando forçado, baseados na injeção direta de gás
136.400 kcal. Se 4 kg de H2 liberam na fornalha através de maçaricos com bicos
26 136.400 kcal, 1 kg libera 34.100 kcal. que possuem furos de pequeno diâmetro. São
c) 32 kg de S reagem com 32 kg de O2, queimadores com baixo nível de ruído. Nor-
formando 64 kg de SO 2 e liberam malmente, as chamas são longas, requeren-
70.400 kcal. Se 32 kcal de S liberam do uma atenção maior quanto à sua opera-
70.400 kcal, 1 kg libera 2.200 kcal. ção, principalmente no que se refere à inci-
dência de chama.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Os queimadores podem ser do tipo que O ar que atravessa o queimador é ,geral-
utilizam somente um único combustível, óleo mente, dividido em duas partes, o chamado
combustível ou gás combustível, ou do tipo “ar primário”, misturado ao combustível no
combinado, que pode queimar óleo combustí- próprio queimador, e o “ar secundário”, que o
vel ou gás combustível ou ambos em conjun- faz dentro da fornalha. A forma da chama é
to. As caldeiras das refinarias utilizam, nor- grandemente afetada, fazendo-se variar a dis-
malmente, o tipo combinado. tribuição do ar primário e secundário, aumen-
A Figura a seguir mostra um tipo de tando-se o comprimento da chama à medida
queimador de queima combinada. que aumenta a vazão de ar secundário.

Registro
de ar

Piloto

Cone
(bocal)

Ar secundário
Ar primário
Bloco
refratário

Queimador para queima combinada (gás e óleo).

A pulverização é conseguida com o auxí-


lio de um agente pulverizante, que pode ser
ar comprimido, vapor d’água ou mecanismos
de pulverização mecânica.
A atomização mecânica é aquela em que
a divisão do combustível requer alta pressão
(1,5 kg/cm2) e baixa viscosidade (em torno de
70 SSU) no bico do maçarico. Há diversas
maneiras de atomizar o óleo mecanicamente, Bico atomizador para atomização mecânica.
dentre as quais, a mais usada é a de atomização
com vazão variável de combustível, em que Nas refinarias, a atomização mecânica vem
parte do combustível sai pelo orifício do bico sendo reduzida gradativamente, em virtude da
atomizador e o excesso pelo tubo de retorno queima de óleos cada vez mais pesados (resí-
para o sistema de bombeio; há uma válvula de duo de vácuo, resíduo asfáltico), o que torna 27
controle na linha de alimentação que controla difícil sua utilização neste tipo de processo.
a vazão de óleo para o maçarico. A Figura ao
lado mostra um tipo de bico atomizador com A atomização a vapor é aquela em que a
retorno de óleo. divisão do combustível é feita com vapor que
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
atua como agente atomizador. A pressão ne- Conforme mostra a Figura a seguir, o va-
cessária à atomização do combustível é me- por circula entre os tubos concêntricos, e é con-
nor (2 kg/cm2) que a utilizada na atomização duzido ao bico de pulverização por finas ca-
mecânica e aceita viscosidades maiores do óleo naletas. Os vários modelos deste tipo de
combustível (até 200 SSU). É necessário que maçarico derivam da maneira como se encon-
o vapor de atomização seja superaquecido e tram no bico pulverizador o óleo e o vapor.
esteja a uma pressão defasada do óleo, nor- Constituem um tipo já bastante antigo e
malmente a uma pressão maior. Nas refinarias, são muito usados em caldeiras.
os maçaricos empregados geralmente operam
com a pressão do vapor em 1,5 kg/cm2 acima
da pressão do óleo.
Este processo consiste na passagem do
vapor através de um orifício de redução para
uma câmara de mistura, arrastando consigo o
óleo combustível em pequenas gotículas, sain-
do atomizado pelo bico atomizador. Confor-
me mostra a figura abaixo.
Óleo
Bico atomizador
Vapor

Óleo

Vapor
Orifício do Ângulo de
Câmara de
Orifício vapor atomização
mistura
do óleo

Maçarico a óleo com atomização a vapor. Maçarico a vapor.

A atomização a ar é um processo semelhante ao descrito acima, operando como agente ato-


mizador do ar comprimido ao invés de vapor. É usado para combustíveis de baixa viscosidade.

Maçarico de baixa pressão, com comando independente de ar (primário e secundário).

28
Outro item a ser abordado sobre queima- trada da fornalha onde a chama do maçarico
dores é o bloco refratário, que é um conjunto projeta-se.
de tijolos de forma circular localizado na par- Os blocos refratários possuem as seguin-
te posterior do queimador, exatamente na en- tes finalidades:
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
– auxiliam a manter mais homogênea a rar parte deste calor, existem equipamentos que
mistura da combustão, uma vez que a transferem o calor dos gases para o ar utiliza-
sua superfície recebe calor da chama e do na combustão: são os chamados pré-aque-
irradia à mistura ar/combustível, vapo- cedores de ar. A eficiência da caldeira, como
rizando-a, para aumentar a velocidade um todo, aumenta em cerca de 2,5% para cada
de queima. 50ºC de queda de temperatura dos gases na
– formam o corpo da chama, impedindo saída.
que se espalhe de sua base. O pré-aquecedor de ar, que aquece o ar
para temperaturas acima de 150ºC, proporcio-
A queima de óleo, gás ou carvão pulveri- na uma economia de combustível de 5 a 10%.
zado exige alta turbulência para garantir uma
perfeita mistura combustível-ar.
Ressalte-se que a boa operação com pe-
quenos valores de excesso de ar, grande meta
no projeto de queimadores, só é conseguida
aumentando-se a turbulência, o que traz como
conseqüência a elevação da perda de carga no
queimador.
A fim de permitir grandes oscilações na
carga da caldeira, os queimadores deverão
possuir bom desempenho dentro de uma faixa
de operação definida pelo “turn-dowm ratio”
– relação entre a maior e a menor taxa de libe- O ideal seria recuperar o máximo calor
ração de calor possível. existente nos gases, levando-os à temperatura
O ponto de vazão máxima é aquele no qual próxima da ambiente. Porém, isto não é pos-
o maçarico, operando em sua total capacida- sível, pois geralmente o combustível utiliza-
de, oferecerá condições para que a velocidade do contém, compostos de enxofre que na rea-
da mistura ar/combustível provoque um pos- ção de combustão formam o SO3. Este com-
sível afastamento da chama do bico do posto, quando misturado ao vapor d’água e
maçarico. Essa condição persistindo, poderá abaixo de um temperatura em torno de 160ºC,
ocorrer a extinção da chama. condensa formando o H2SO4 ou ácido sulfúri-
No ponto de vazão mínima, poderá ocor- co, que provoca um violento processo de cor-
rer um retrocesso de chama, pois, como a quan- rosão no equipamento.
tidade de ar de combustão é relativamente pe- Tal fato leva a que seja incluído no siste-
quena, poderá provocar uma insuficiência de ma de pré-aquecimento um pré-aquecedor de
ar e o conseqüente retrocesso da chama. ar a vapor conforme o esquema.
Os maçaricos a óleo possuem, geralmen-
te, uma faixa operacional da ordem de 4:1
(“turn-down ratio”), enquanto que os maçari-
cos a gás conseguem uma elevada faixa ope-
racional, da ordem de 10:1 sem grandes pro-
blemas.
Em suma, as finalidades do queimador
são:
– pulverizar o combustível;
– misturar intimamente o óleo, já em né- O pré-aquecedor a vapor permite que a
voa, com o ar; temperatura do ar seja elevada da temperatura
– manter as proporções entre o ar e o óleo. to (ambiente) a temperatura t1. Com isto, a di-
ferença média de temperatura entre o fluido
2.8 Pré-Aquecedores de Ar quente (gás de combustão) e o fluido frio (ar)
Em geral, os fornos e caldeiras são proje- no pré-aquecedor a gás é diminuída. 29
tados para terem seus gases de combustão dei- Desta forma, a temperatura de saída dos
xando a zona de convecção com temperaturas gases (T2) pode indiretamente ser controlada
em torno de 300ºC. Isto leva a uma perda de pela maior ou menor vazão de vapor no pré-
calor de 20% aproximadamente. Para recupe- aquecedor a vapor.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Para se recuperar todo o calor possível operando com a máxima eficiência, porém sem corro-
são nos equipamentos, deve-se reduzir a temperatura dos gases (T2), reduzindo vapor no pré-
aquecedor a vapor, até um limite que será a temperatura em que começará a haver formação de
H2SO4. Esta temperatura é chamada de Ponto de Orvalho (Dew-point) do H2SO4.
Os pré aquecedores de ar podem ser classificados em “tubulares” e “regenerativos”.

• Pré aquecedores de Ar Tubular – são basicamente constituídos de um feixe tubular, fixado


a espelhos, inserido em um envólucro de chapa metálica. Os diversos arranjos encontrados
para o fluxo de ar e gases são mostradas na figura que se segue. O arranjo com fluxos em
contra-corrente é o mais usual face a maior capacidade que a presença, contudo, o arranjo
com fluxos em paralelo é o menos suceptível aos problemas de corrosão pelas maiores tem-
peraturas de superfícies metálicas que neles se verificam.

Pré-Aquecedor de Ar.

Pré aquecedores de Ar Regenerativos – são constituídos de um motor, que gira a baixa


velocidade (2 a 3 rpm), contendo um material de enchimento que atua como “transporta-
dor” de calor. Os gases de combustão, ao fluírem pelo equipamento, cedem calor ao materi-
al do enchimento que, pelo movimento do rotor, ao ocupar o compartimento no qual se tem
o fluxo de ar, são resfriados pela absorção de calor pelo ar. A grande vantagem dos pré
aquecedores renegerativos sobre os tubulares, consiste na elevada superfície de troca de
30 calor num equipamento altamente compacto, o que é obtido pelo uso de chapas metálicas
corrugadas, como material do enchimento.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Setor de selagem

Área quente Área fria

Setor de
Setor de ar Seção
gases
através
Invólucro do rotor

Cesta da
superfície
quente
Saída de Entrada Fluxo
gases de ar Gases

rota-
Selo radial ção
Eixo
estacionário

Selo axial
(estacionário)
Ar

Fluxo

Entrada de gases Saída de ar

Pré-aquecedor de ar tipo regenerativo.

O uso do pré-aquecedor de ar não é essen- – aumento na perda de carga nos fluxos


cial à operação de um gerador de vapor. Sua de ar e gases implicam em aumento na
instalação dependerá de uma análise de inves- potência para tiragem;
timento adicional versus economia operacio- – existência de vazamento devido à cor-
nal. Contudo, só será possível a obtenção de rosão, que só será detectado, quando a
altas eficiências através do seu uso, visto que, corrosão já estiver em estágio avançado.
pelo fator do ar ser o fluido de mais baixa tem-
peratura (temperatura ambiente), será possí- 2.9 Deterioração em fornos e caldeiras
vel obter considerável redução na temperatu- Os principais agentes responsáveis pela
ra dos gases para a chaminé. corrosão em equipamentos, operando em tem-
Os principais fatores a serem considera- peratura elevadas, como é o caso dos fornos e
dos para a instalação desse equipamento são: caldeiras, são:
– o custo inicial do equipamento;
– oxidação;
– as despesas de manutenção;
– condensação de ácidos;
– os custos de instalação; – cinzas fundidas.
– o consumo de combustível; Outras causas de deterioração incluem:
– o espaço disponível. – deposição de coque nos tubos;
– desprendimento de refratários;
As principais desvantagens no uso de pré-
– empenamento de tubos por fluência;
aquecedores consistem em: – corrosão de suportes de tubos;
– problemas de corrosão ácida nas par- – oxidação de maçaricos.
tes frias;
– exigências de grandes superfícies de
troca de calor; 2.9.1 Oxidação 31
– necessidade de grandes espaços para Consiste no desgaste de materiais metáli-
instalação e de grandes pesos a supor- cos pela reação com o oxigênio do ambiente.
tar podem trazer inconvenientes de O filme de óxido forma-se no mesmo lo-
“lay-out”; cal onde o metal foi atacado, constituindo uma
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
barreira que diminui a velocidade de ataque: cetíveis a problemas de corrosão e formação de
para que mais oxigênio entre em contato com depósitos como as caldeiras que operam em
a superfície metálica, é preciso haver difusão pressões mais baixas. No entanto, a pressões e
através da camada de óxido formado. temperaturas de operação mais elevadas, estes
A adição de determinados elementos de problemas são gradualmente agravados.
liga, como Cr, Ni, Mo, Si e Al melhora a re- O tratamento mais difundido, em função
sistência à oxidação dos aços. de custos e facilidades operacionais, é o da
desmineralização da água.
2.10 Tratamento de Água de Caldeiras A desmineralização consiste na remoção
dos sais presentes na água. Esta remoção pode
2.10.1 Introdução ser feita por resinas de troca iônica e/ou mem-
Do ponto de vista de tratamento d’água, branas de osmose reversa.
um sistema gerador de vapor pode ser consi-
derado como contendo uma secção pré-caldei- 2.10.3 Remoção de Gases Dissolvidos
ra, uma secção pós-caldeira e a caldeira pro- A presença de gases dissolvidos na água,
priamente dita. como O2, CO2, H2S, etc., é a principal causa
A secção pré-caldeira é constituída de to- de corrosão em caldeiras, independente da
dos os equipamentos e tubulações instaladas pressão de operação (baixa, média ou alta).
antes da caldeira, isto é, equipamentos – pri- Principalmente O2 e CO2 são altamente
mários para tratamento d’água: desaeradores, corrosivos ao ferro e ligas de cobre que cons-
deionizadores, etc. tituem as tubulações, aquecedores, rotores de
A secção pós-caldeira, inclui todos os bombas, etc.
equipamentos e tubulações instalados após a A prevenção contra corrosão efetua-se por
caldeira, inclusive o superaquecedor. processos mecânicos e químicos de “desaera-
Para uma melhor compreensão de trata- ção” da água.
mento de água a ser utilizada na geração de
vapor, é importante salientar que existem duas 2.10.4 Desaeração Mecânica da Água
correntes distintas de água:
O processo mecânico de desaeração con-
– água de Alimentação de Caldeira: é a
siste no uso de um equipamento denominado
água que vai ser enviada à caldeira
de “desaerador”, para fazer a remoção do oxi-
(secção pré-caldeira);
gênio livre.
– água de Caldeira: é a água que já está Alívio de vaporAlívio de gás
circulando no interior da caldeira.
A água de alimentação de caldeira, inde-
pendentemente do tipo e extensão do tratamen- Entrada de Dreno Bico borrifador de
água
água
to, pode conter contaminantes que eventual- Quebra- Vaso desaerador
mente sejam causa de depósitos, corrosão e Válvula de vácuo
alívio
arraste. Entrada de vapor
Os depósitos reduzem diretamente a trans-
ferência de calor, causando um maior consumo
de combustível, altas temperaturas no metal (tu-
bos da caldeira) e possíveis danos. Apesar de
mais sérios na caldeira, também podem causar Lavador de vapor
problemas nos sistemas pré e pós-caldeira.
A corrosão não apenas provoca danos no Vapor de
aquecimento
ponto de ataque, como produz contaminações
sérias de óxidos metálicos que, por sua vez, Saída para Vaso de
Transbordo bomba de acúmulo
podem causar depósitos em outros locais. alimentação
Desaerador Mecânico.
2.10.2 Tratamento de água para caldeiras de O princípio da desaeração mecânica nos
32 alta pressão desaeradores consiste no seguinte: a água a ser
Caldeiras que operam em altas pressões desaerada entra no desaerador pela parte su-
devem ser alimentadas com água destilada por perior e, em forma de gotículas, recebe o va-
evaporadores ou água desmineralizada. As cal- por em contra corrente, que entra pela parte
deiras que operam a altas pressões são tão sus- inferior.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Este vapor em contra corrente com a água Assim, apenas para citar um exemplo, o
e em contato direto, aquece a água e os gases valor máximo de sílica (sal altamente incrus-
nela contidos. Devido ao aquecimento e ao tante) permissível na água de caldeira é inver-
arraste provocado pela passagem do vapor, os samente proporcional à pressão de trabalho
gases que são mais voláteis, tendem a subir dessa caldeira.
para a parte superior do desaerador, escapan- Em caldeiras que operam numa pressão
do para atmosfera através da válvula de “vent” de 60 kgf/cm2, o valor máximo de sílica per-
(suspiro). missível é de 1,5 ppm, enquanto que, em cal-
deiras que operam numa pressão de 90 kgf/cm2,
2.10.5 Desaeração Química da Água esse valor cai para 0,15 ppm.
O processo químico de desaeração da
água, consiste na injeção de um produto quí- 2.10.6 Purga das Caldeiras
mico “seqüestrante” de oxigênio. Durante a geração de vapor, a caldeira vai
Nas caldeiras que operam em baixas e mé- acumulando e concentrando os sólidos dissol-
dias pressões, para eliminação química do CO2, vidos que ingressam com a água de alimenta-
usa-se principalmente a morfolina (C4H9NO). ção, somados com os produtos químicos que
são injetados diretamente no tubulão inferior
C4H9NO + CO2 → H2O + C4H10NOHCO3 da caldeira.
Para isso, as caldeiras, principalmente as
Para eliminação química do O2, para cal- de média e alta pressão, são dotadas de siste-
deiras de baixa e média pressão, usa-se o sulfito mas de “purga” (descargas de água).
de sódio” (Na2SO3), desde que a pressão de É através dessas purgas que se mantêm a
operação da caldeira não ultrapasse 40 kgf/cm2, concentração de sólidos dentro dos limites
pois, acima é nocivo, uma vez que se decom- permitidos.
põe e forma produtos corrosivos como o SO2 A purga pode ser de superfície (extração
e H2S. contínua) e de fundo (extração intermitente).
A de superfície é feita através do tubulão
Na2SO3 + 1/2 O2 → Na2SO4 superior e a de fundo pelo tubulão inferior.
Purga Contínua – a purga contínua con-
Portanto, para pressões superiores a 40 siste de uma “sangria constante” de água do
kgf/cm2, é recomendado o uso de “hidrazina” tubulão superior, com o intuito de controlar o
(N2H4), que será abordada a seguir em caldei- teor de sólidos dissolvidos, principalmente,
ras de alta pressão. sais de sílica que são altamente incrustantes.
A vazão da purga contínua é controlada
N2H4 + O2 → 2H2O + N2 através de uma válvula existente junto ao
tubulão superior.
Da mesma maneira que para caldeiras de Purga de Fundo – a purga de fundo con-
baixa e média pressões, para caldeiras de alta siste de uma “sangria intermitente” de água
pressão, também é dosado fosfato para elimi- do tubulão inferior, com o intuito de remover
nação da dureza na água de caldeira. parte dos sólidos, que, ao longo do tempo, de-
O fosfato dosado (Na3PO4) serve também positam-se (precipitam) no fundo do tubulão,
para elevar o pH da água de caldeira. em forma de lama.
O tipo de tratamento mais utilizado, atual- A vazão da purga de fundo é controlada
através de uma válvula existente junto ao
mente, em caldeiras de alta pressão é o do con-
tubulão inferior.
trole de pH sem cáusticos livres.
Observação: Os tratamentos de água para
caldeiras de baixa, média e alta pressão têm o 2.10.7 Presença de Algumas Substâncias na
mesmo objetivo, ou seja, prevenir esses equi- Água de Caldeiras e Seus Inconvinientes
pamentos e seus auxiliares, contra corrosão, Sílica (SiO2)
depósitos e arraste. A Sílica é um dos sais de maior poder de 33
O que muda, fundamentalmente, o tipo de incrustação, além de sair arrastada pelo vapor
tratamento são os valores limitantes defini- (“arraste”), vai incrustar em equipamentos que
dos para cada tipo de caldeira (principalmente utilizam esse vapor, causando sérios proble-
função da pressão/temperatura de operação). mas operacionais.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
O valor máximo de sílica permissível em Potencial de Hidrogênio (pH)
águas de alimentação e águas de caldeira é in- O valor do pH de uma água é uma grande-
versamente proporcional à pressão de opera- za (número puro), que indica seu caráter áci-
ção da caldeira. Assim, numa caldeira que do, alcalino ou neutro.
opera a uma pressão de 60 kgf/cm2, o valor Sua escala de medida está compreendida
máximo de sílica permissível na água dessa entre os valores de 0 (zero) a 14 (quatorze)
caldeira é de 1,5 ppm, enquanto que, em cal- Valores abaixo de 7 (sete) indicam acidez cres-
deiras a uma pressão de 90 kgf/cm2 ,esse va- cente, valores superiores a 7 (sete) indicam
lor cai para 0,15 ppm. caráter alcalino, enquanto valor igual a 7 (sete)
O controle de sílica na água de caldeira é
indica caráter neutro.
feito através da vazão de purga contínua.
Quando o valor do pH está acima do va-
lor limite, diminui-se a injeção de morfolina
Cloretos (Cll–) e/ou dá-se uma purga de fundo.
Os cloretos, geralmente, estão presentes Quando o valor de pH está abaixo do va-
nas águas brutas, sob a forma de cloretos de lor limite, aumenta-se a injeção de morfina.
sódio, cálcio e magnésio. O pH é um fator muito importante e influi
Em concentrações elevadas, podem cau- na formação de incrustações ou tendências
sar corrosão nos tubos da caldeira. corrosivas.
A concentração permissível de cloretos Um baixo pH aumentará a corrosão do equi-
na água de caldeiras de baixa e média pres- pamento com o qual a água entra em contato.
sões (até 57 kgf/cm2), é na ordem de 200 ppm Altos valores de pH poderão causar pre-
e, para caldeiras de alta pressão (acima de cipitação do carbonato de cálcio (CaCO3) pro-
57 kgf/cm2) a concentração de cloretos deve ser vocando incrustações na superfície das tubu-
mantida o mais próximo possível de zero. lações, etc.
O controle de cloretos é feito através de Caldeiras de baixa e média pressão ope-
purgas de fundo. ram com um valor de pH na água de caldeira
na faixa de 10 a 12, e caldeiras que operam
Dióxido de Carbono (CO2) em altas pressões (por exemplo 90 kgf/cm2)
O principal efeito nocivo do dióxido de têm seu pH na faixa de 9,5 a 10,0.
carbono (CO2), quando presente na água de
caldeira, é conferir acidez a esta água, confor- Dureza
me a reação: Por ser o principal agente formador de
depósitos, a dureza deverá ser mantida o mais
CO2 + H2O → H2CO3 baixo possível (praticamente zero).
A eliminação da dureza na água de cal-
A água contendo CO2 tem caráter corrosi- deira é conseguida através da injeção de
vo tanto para metais ferrosos, como para o fosfato. A dureza de cálcio por exemplo, rea-
cobre e suas ligas. ge com o fosfato formando um precipitado,
O CO2 deve ser retirado da água de ali- que, ao longo do tempo, deposita-se no fundo
mentação, por desaeração mecânica, através do tubulão inferior, em forma de lama, sendo
de desaeradores e por desaeração química, atra- eliminado por “purga de fundo”.
vés da injeção de morfolina. Independentemente do nível de pressão de
operação, a água de caldeira deverá ser mantida
Oxigênio Dissolvido (O2) com teor zero de dureza.
O oxigênio dissolvido na água está sob a
forma de O2. É altamente corrosivo ao ferro e Alcalinidade
ligas de cobre em presença de água. Usualmente, considera-se a alcalinidade
Pode ser removido da água de alimenta- como causada pela presença de carbonatos,
ção por desaeração mecânica ou injeção de bicarbonatos e hidróxidos (CO3– , HCO3– , OH)
34 produtos químicos seqüestrantes de oxigênio. de cálcio, magnésio e soda (Ca, Mg, Na).
Normalmente, em caldeiras que operam Como a determinação da alcalinidade
em médias e altas pressões, usam-se os dois baseia-se no conteúdo de álcalis de uma
métodos simultaneamente, desaeração e inje- amostra, por titulação com uma solução áci-
ção de produtos químicos. da, tem-se:
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
– acalinidade P; providas de dispositivos de controle cada vez
– quando utiliza-se a “fenolftaleina” para mais confiáveis. Os processos em que o vapor
titulação da amostra; é utilizado são cada vez mais exigentes em
– valor “VP” (alcalinidade P), determi- termos de pressão, temperatura e teor de pure-
na a alcalinidade ativa. za desse vapor.
Além dos instrumentos indicadores (PI’S,
Alcalinidade M TI’S, LG’s e etc.), para acompanhamento vi-
Quando utiliza-se o “metil-orange” para sual, normalmente, caldeiras de média e alta
titulação da amostra. O valor “VM” (alcalini- pressão são dotadas de instrumentos de con-
dade M) determina a alcalinidade total. trole automático.
O controle da alcalinidade consiste em Assim, os principais controles de um cal-
manter o valor de VM igual a 2 VP. deira são:
– controle do nível d’água do tubulão;
– controle de combustão;
Sólidos totais dissolvidos – controle de temperatura do vapor.
Altas concentrações de sólidos totais dis- Evidente que estes controles acima são
solvidos podem causar “arraste” e, quando a mais sofisticados à medida que aumenta o re-
razão entre alcalinidade e sólidos totais dissol- gime de trabalho da caldeira, em termos de
vidos excede a 20%, há formação de espuma e pressão, temperatura e vazão de vapor.
conseqüentemente maior perigo de arraste. Assim, caldeiras que operam em baixas
O valor de sólidos totais dissolvidos é es- pressões, terão controles mais simples que as
timado pela medida da condutividade elétrica que operam em médias pressões e estas terão
da água. controles menos sofisticados das que operam
A relação de medidas é: em altas pressões.

1 ppm S.T.D. = 2 micrombos/cm 2.11.1Controle de nível


O controle de nível d’água de uma caldei-
O valor de sólidos totais dissolvidos deve ra tem por finalidade manter esse nível cons-
ser mantido dentro dos valores limitantes, atra- tante, num valor pré-determinado (“set-point”),
vés do controle de vazão da purga de superfí- independente da variação de vazão na produ-
cie. Quando ocorrem valores de sólidos totais ção de vapor.
dissolvidos acima dos valores limitantes, deve- Esse controle de nível é feito variando-se
se proceder à purga de fundo. (para mais ou para menos) a vazão de água de
Em caldeiras de baixa e média pressão, alimentação para a caldeira.
admitem-se sólidos dissolvidos, na água da O controle de nível, dependendo do tipo
caldeira, até 300 ppm e, em caldeiras de alta de caldeira (baixa, média ou alta pressão e pro-
pressão (90 kgf/cm2 ,por exemplo), o valor dução de vapor), pode ser:
limitante é de 100 ppm.
Controle de nível a um elemento
Condutividade Esse tipo de controle visa a ajustar a va-
Condutividade ou condutância específica zão de água de alimentação baseando-se so-
de uma solução a uma dada temperatura é de- mente na medição do nível d’água do tubulão
finida como sendo o inverso da resistência ofe- superior da caldeira.
recida à passagem da corrente elétrica. É empregado somente para caldeiras peque-
A unidade de condutividade é o mmho nas que operam em baixas pressões e vazões.
(micromhos/cm). Sua medida é feita, normal-
mente, a uma temperatura de 25oC. Controle de nível a dois elementos
A correção dos valores de condutividade, Nesse tipo de controle, além da medi-
em águas de caldeira, é feita pela purga de fundo. ção do nível d’água da caldeira, é levada
também em consideração a medição da va-
2.11 Instrumentos e dispositivos de zão de vapor. 35
controle de caldeiras Empregado para caldeiras de médio por-
Com a crescente necessidade industrial no te, em que as oscilações de pressão e vazão
uso de vapor d’água, as caldeiras atuais, indepen- não são prejudiciais aos processos que utili-
dentemente do nível de pressão de operação, são zam esse vapor.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Há uma tendência, cada vez mais presen- Os tipos de malhas de combustão variam
te em termos econômicos e operacionais, de em função de diversos fatores: regime de tra-
abandonar esse tipo de controle em favor do balho da caldeira (vazão de vapor constante
tipo de três elementos, a seguir abordado. ou não), combustível consumido (óleo, gás ou
queima mista, óleo mais gás, e etc).
Controle de nível a três elementos Para caldeiras mais simples, admitem-se
Neste tipo de controle são levadas em con- malhas de combustão também simples, como
sideração três variáveis: nível de água do por exemplo, controle a um elemento. Neste
tubulão da caldeira, vazão de água de alimen- tipo de controle, um instrumento controlador
tação e vazão de vapor produzido. de pressão compara a pressão do vapor na saí-
Esse tipo de controle atua na vazão de água da da caldeira com o valor desejado (“set
de alimentação de modo a manter, simultanea- point”) e envia sinal para o instrumento que
mente, essa vazão igual à de vapor e o nível aumenta ou diminui o combustível, no senti-
d’água do tubulão da caldeira na altura pré- do de manter a produção de vapor exigida pelo
estabelecida (“set-point”). processo, dentro da pressão desejada.
Este sistema tem a vantagem adicional de A Figura abaixo mostra, esquematicamen-
corrigir a vazão de água de alimentação antes te, um tipo de controle simples de combustão.
de se verificar alteração no nível do tubulão
da caldeira. Controle simples de combustão
O sistema de controle de nível a três ele-
mentos, é amplamente usado em caldeiras de
grande porte (elevadas pressões, temperaturas
e vazões de vapor) e onde há bruscas oscila-
ções na demanda de vapor pelo processo.
Observação: Mesmo com controles de ní-
vel sofisticados, é importante o LG (visor de
nível) do tubulão superior da caldeira, que
deverá ser constantemente observado no sen-
tido de maior segurança para que o nível man-
tenha-se dentro do valor desejado.

Em caldeiras sujeitas a grandes variações


na geração de vapor, é usual o controle de com-
bustão a dois elementos ou seja, além da pres-
são é usada também a vazão de vapor. Essas
duas variáveis (pressão e vazão de vapor) ge-
ram sinais que vão a um controlador e, este
emite um único sinal que, da mesma maneira
do controle a um elemento, mantém a com-
bustão desejada.
A malha de combustão de caldeiras mais
sofisticadas, adota o princípio de controle de
“ar rico”, ou seja, é dotada de dispositivos
(relés) que, em situações de decréscimo de
2.11.2Controle de combustão carga da caldeira, primeiro diminuem a vazão
O controle de combustão de caldeiras tem de combustível e depois o ar e, durante acrés-
como finalidade variar as vazões de combus- cimo de carga, somente após aumentada a va-
tível e ar para combustão, em função da pres- zão de ar é aumentado o combustível.
36 são do vapor gerado pela caldeira, mantendo Esse procedimento visa a evitar uma
esta pressão constante, dentro do valor dese- combustão incompleta e todos os seus incon-
jado, em qualquer variação de vazão de vapor, venientes (formação de fumaça na câmara de
além de proporcionar controle e estabilização combustão, formação de fuligem sobre os tu-
na combustão da caldeira. bos da caldeira, etc).
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
2.11.3 Controle de temperatura do vapor
O controle de temperatura do vapor pro-
duzido por uma caldeira tem por objetivo ob-
ter-se, na saída da mesma, um valor constante
de temperatura desejada para esse vapor.
O controle é feito injetando-se água pres-
surizada (atomizada) em determinado ponto
(normalmente no dessuperaquecedor) do
coletor de saída de vapor produzido pela cal-
deira.
Da mesma maneira que os controles de
nível e combustão, o controle de temperatura
do vapor é mais ou menos complexo depen-
dendo do tipo de caldeira (baixa, média ou alta
pressão e produção de vapor).
A Figura abaixo mostra um sistema de
controle de temperatura a três elementos:
– temperatura final do vapor;
– carga da caldeira (vazão vapor produ-
zido);
– temperatura do vapor na saída do des-
superaquecedor.

Controle de Temperatura de Vapor a Três Elementos.

Anotações

37
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Distribuição de vapor:
Utilização e
Características
O sistema de distribuição de vapor é o
3
subdimensionada trabalhará com velocidades
conjunto de vias de transporte de energia que muito altas, ocasionando perdas de carga muito
interliga os pontos de produção e de utiliza- grandes e, nos casos mais críticos, até mesmo
ção. É importante lembrar, aqui, que, nesse falta de vapor no ponto de consumo. É sabido
sistema, a tendência é de haver sempre uma que tubulações trabalhando com velocidades
dissipação de parte da energia transportada, de muito altas sofrerão erosão e, conseqüente-
forma irreversível. Para que haja uma movi- mente, terão um desgaste prematuro. Uma tu-
mentação do vapor dentro de uma tubulação, bulação superdimensionada solucionará os
é sempre necessário que exista uma diferença problemas de perda de carga e sempre entre-
de pressões. Toda vez que houver um fluxo de gará para consumo a quantidade necessária de
vapor no interior de um tubo, haverá atrito vapor. O inconveniente, nesse caso, é ter-se
entre o vapor e as paredes do tubo; então a custos mais altos de tubulação e isolamento tér-
necessidade de existir uma diferença de pres- mico. As velocidades internas serão baixas, pro-
sões. Como conseqüência desse fato, quando piciando perdas por condensação e, em alguns ca-
se necessita uma determinada pressão e/ou sos, pode até ocorrer martelo hidráulico.
temperatura no ponto de utilização, deve-se
prever o que acontecerá durante o transporte 3.1 Redução de pressão
desse vapor desde o ponto de produção. Por Dispondo de uma caldeira gerando vapor
exemplo, considere-se uma caldeira produzin- a uma determinada pressão, conforme o grau
do vapor saturado a uma pressão de 8 kgf/cm2, de superaquecimento, estará sendo atendida
o qual será utilizado a 200 m de distância. Di- uma necessidade de energia do processo na-
ficilmente, pode-se dispor de uma pressão quela temperatura. Considera-se, no entanto,
maior que 7,5 kgf/cm2 no ponto de consumo, uma possível mudança ou expansão da produ-
devido às perdas por atrito. ção, que passe a demandar outro nível de tem-
A energia tende sempre a deslocar-se dos peratura para seu funcionamento. Na hipótese
pontos de temperatura mais alta para os de tem- desta temperatura ser mais alta que a forneci-
peratura mais baixa e, reciprocamente, pode- da pelo gerador de vapor, investimentos em
se dizer que, quando existe uma diferença de outros gerador ou forma de aquecimento tor-
temperatura entre dois pontos, haverá fluxo de nam-se inevitáveis. Mas, na hipótese do nível
energia entre eles no sentido da maior para a de temperatura ser menor, o uso de vapor à
menor temperatura. Dessa forma, fica patente pressão menor que a gerada é, conseqüente-
que uma tubulação instalada no meio ambien- mente, mais econômico.
te e transportando vapor implica numa trans-
ferência de energia do vapor para o meio am- 3.2 Níveis de pressão
biente (mesmo que o tubo esteja isolado), pois Ao optar pela existência de outros níveis
a temperatura no interior do tubo será sempre de pressão, a complexidade do sistema de va-
maior que a externa. por estará sendo aumentada. Assim, a escolha
Pode-se concluir que, para um sistema de dos níveis de pressão existentes deve ser feita
distribuição de vapor funcionar satisfatoria- de acordo com alguns critérios.
mente, deve-se procurar minimizar tanto as Normalmente, numa indústria de porte
38 médio para grande existem, no mínimo, três
perdas de pressão (perda de carga) quanto as
perdas de calor por transferência. Esse ponto níveis de pressão de vapor, chamados de va-
ótimo, com boa performance e perdas mínimas, por de alta, média e baixa ou exausto. O vapor
só é conseguido através de um bom dimensio- de alta será gerado pelas caldeiras da indústria,
namento das tubulações. Uma tubulação e, portanto, o que deverá ter a maior vazão e
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
atenderá às necessidades mais críticas de pres- 3.3 Controle de pressão
são e temperatura do processo. O de nível Para se obter vapor em pressão menor que
médio será gerado a partir do anterior, por tur- a gerada usam-se válvulas redutoras. Estas
binas e válvulas redutoras, atendendo também válvulas controlam o coletor de menor pres-
às necessidades de aquecimento do processo. são, permitindo a passagem do vapor de alta
O vapor de baixa ou exausto é, em geral, pro- pela válvula, e, conseqüente, redução, confor-
duto do uso dos níveis acima para movimen- me houver necessidade no nível mais baixo.
tação de máquinas, devendo ser usado em pro- Ao passar pela válvula o vapor mantém seu
cessos de aquecimento, quando possível. To- conteúdo energético, e com a redução da pres-
dos os níveis devem ter pressão razoavelmen- são, a temperatura do vapor praticamente não
te constante para todos os usuários. Portanto, decresce (decréscimo insignificante) ficando
as turbinas devem descarregar vapor em con- seu valor além do desejado para o processo.
dições de pressão e temperatura idênticas por Para reduzir esta temperatura, é comum que,
toda a indústria. Quando isto não for possível, após as válvulas redutoras, haja uma injeção
mais um nível de pressão será introduzido no de água, chamada borrifo, da mesma qualida-
sistema, com coletores próprios e válvulas re-
de da água de alimentação da caldeira. Outro
dutoras ligando-o aos outros níveis. Sempre
modo de gerar vapor de menor pressão é usan-
que o processo necessitar de níveis de pressão
do uma das próprias necessidades do proces-
ou temperatura diferentes dos disponíveis, a
so industrial, a de acionadores para as máqui-
mesma providência deverá ser tomada.
nas. Lançando mão de uma turbina de contra-
Quanto aos níveis de vapor, o vapor de
pressão, aproveita-se a diferença de energia do
alta, como mencionado anteriormente, deverá
vapor entre uma pressão e outra para gerar tra-
ser escolhido considerando as necessidades
balho. Neste caso, devido à energia cedida à
mais críticas de pressão e temperatura do pro-
turbina, o vapor de saída, também chamado
cesso. Normalmente, por questões de dispo-
exausto, estará enquadrado tanto em pressão
nibilidade de mercado quanto a materiais, tec-
nologia e equipamentos, os níveis de pressão quanto em temperatura, não havendo, na maio-
de alta situam-se em torno de 40, 60, 80 ou ria das vezes necessidade de borrifo.
120 kgf/cm2. É importante lembrar que esta O uso de níveis de vapor diferentes impli-
escolha também deverá levar em conta os as- cará na existência de equipamentos e coleto-
pectos de custos operacionais (tratamento res projetados para suportar diferentes pres-
d’água, por exemplo) e de investimento inicial, sões. Desse modo, não deve ser permitido de
que são invariáveis com a pressão de geração. forma nenhuma que a pressão reinante num
Como regra geral, deve-se atender às necessi- determinado nível ultrapasse o limite máximo
dades do processo, com alguma folga, confor- de resistência do material de construção. Para
me os custos. O vapor de média também deve garantir esta situação, todos os níveis de pres-
atender ao processo, mas deverá existir um são devem dispor de válvulas de segurança,
compromisso maior entre custo e otimização que expulsam vapor para a atmosfera, quando
do uso da energia, considerando as possibili- estes limites estiverem para ser ultrapassados.
dades de uso de turbinas versus válvulas redu-
toras. É importante lembrar, que, em termos Alívio de pressão – além do simples con-
de custos operacionais, é mais proveitoso re- trole de segurança da pressão, também existe
duzir pressão de vapor através de uma turbi- a preocupação quanto ao fechamento do ba-
na, do que através de uma válvula. O nível de lanço material de vapor. O vapor oriundo das
vapor de baixa será praticamente uma conse- caldeiras, passará por turbinas e válvulas per-
qüência dos equipamentos e níveis usados nas dendo pressão, aquecendo o processo, etc. Este
pressões superiores. Porém, quando da esco- vapor que entra deverá sair do sistema sob for-
lha das turbinas que irão gerá-lo, devemos ma de condensado e retornar a caldeira, para
evitar o uso de níveis de pressão muito baixos aproveitamento energético. Caso haja o des-
e próximos à região de saturação. Caso o va- balanceamento das necessidades de vapor de
por de baixa esteja nestas condições, dificil- um nível frente a outro mais baixo (por exem-
mente poderá ter utilidade motora (turbinas), plo, muitas turbinas consumindo vapor de 39
ficando restrito a aquecimento, e estando pró- média pressão e poucos consumidores para o
ximo da saturação, formará condensando ra- vapor de baixa gerado), haverá uma sobra de
pidamente, podendo inundar a linha e sobre- vapor no nível mais baixo. Este excesso irá
carregando o sistema de vapor. provocar um aumento de pressão neste nível.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
Como o sistema estará funcionando, não Anotações
há possibilidade de controle de pressão pela
abertura “pop” de uma válvula de segurança,
que é momentânea. Assim surge a necessida-
de de outra válvula para controle de pressão
nos níveis de vapor menores, a válvula de alí-
vio de pressão para a atmosfera. Esta válvula
será ajustada para a pressão máxima de opera-
ção do nível, atuando de maneira contínua, des-
cartando a quantidade de vapor necessária à
manutenção do equilíbrio naquele nível.

Vazamentos – a partir do momento em


que se produz e distribui vapor surgem preo-
cupações quanto à eficiência térmica e otimi-
zação deste sistema, porque lida com um
insumo valioso, que é a energia. Um dos maio-
res problemas dos sistemas de vapor são as
perdas de vapor. Alguns são oriundos de ne-
cessidades do próprio sistema, como o descarte
para a atmosfera pelas válvulas de alívio e
outros, por desgaste e deficiência de materiais
e instalação, os conhecidos vazamentos de
vapor.
Além da perda de vapor, e conseqüente-
mente de óleo, e o aumento de custo operacio-
nal inerente, os vazamentos de vapor também
implicam em:
– nível de ruído excessivo na área indus-
trial, gerando problemas de condições
de trabalho e higiene industrial. A maio-
ria dos vazamentos de vapor tem nível
de ruído que os situa numa faixa sono-
ra próxima às turbinas de aviação.
– perda de água tratada, aumentando os
custos de operação da caldeira, pelo
aumento da reposição (e produtos quí-
micos).

No caso de alívio de pressão, o problema


deve ser solucionado pelo gerenciamento do
consumo de vapor nos vários níveis de pres-
são, evitando a geração excessiva em um ní-
vel, sem necessidade de consumo. Este geren-
ciamento deve ser realizado pela disponibili-
dade e operação de acionadores de máquinas
elétricas e a vapor.
No caso dos vazamentos, um programa de
manutenção constante deve ser executado,
40 varrendo regularmente a área industrial, cons-
tando não apenas de reparo, mas também de
um acompanhamento técnico, propondo solu-
ções e melhorias de modo a contornar os pon-
tos de vazamento crônico.
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Condensado 4
do arraste de água, proveniente da caldeira. Sua
4.1 Problemas devidos ao condensado
A presença do condensado nas tubulações formação ocorre em maior escala no momen-
e equipamentos de vapor pode trazer grandes to da entrada em operação, quando todo o sis-
prejuízos à operação e aos componentes do tema está frio (“warm-up”) ou quando o siste-
sistema. O condensado não tem ação motora, ma é tirado de operação e o vapor condensado
nem ação aquecedora eficiente. A entrada ou aos poucos no interior dos tubos.
a permanência do condensado nos aparelhos O condensado forma-se, também, em to-
de aquecimento diminui grandemente sua efi- dos os aparelhos onde o vapor é usado como
ciência. Pode provocar vibrações e “golpes de meio aquecimento (serpentinas, refervedores,
aríete” nas tubulações, quando empurrado pelo aquecedores a vapor, autoclaves, estufas etc.),
vapor em alta velocidade. Esses golpes ocor- como conseqüência do consumo da energia
rem, principalmente, nas mudanças de direção, contida nele pelo processo.
extremos e acidentes da tubulação. Isto por-
que as velocidades usuais de projeto de linhas 4.3 Purgadores
de vapor são muito maiores (20 a 100 vezes) Os purgadores de vapor (“steam-traps”)
do que as usadas para água e o condensado é são dispositivos automáticos e eliminam o
incompreensível. condensado formado nas tubulações de vapor
Pode causar a erosão rápida das palhetas e nos aparelhos de aquecimento, teoricamente
turbinas, que seria causada pelo impacto das sem deixar escapar o vapor. Por essa razão,
gotas de condensado, que por ventura, fosse esses aparelhos deveriam ser chamados, com
carregado pelo vapor para dentro das turbinas. mais propriedade, de “purgadores de conden-
O condensado também pode gerar corro- sado”. A maioria dos purgadores, além de re-
são ao absorver o CO2 ,ao misturar-se com o moverem o condensado, eliminam também o
ar presente nos ambientes por onde passa, for- ar e outros gases incondensáveis (CO2, por
mando o ácido carbônico, de alta ação corro- exemplo) que possam estar presentes, sendo
siva. Esta mistura com o ar e gases ambientes os dispositivos de separação mais importan-
também provoca queda de sua temperatura e tes e de empregos mais comum em tubulações
eventual resfriamento do vapor. industriais de vapor. São empregados em dois
Sua simples presença nas tubulações de casos típicos:
vapor, independente de outros efeitos, pode 1. para eliminação do condensado forma-
prejudicar o fornecimento de vapor na vazão do nas tubulações de vapor em geral
necessária aos consumidores, porque provoca (drenagem de tubulações de vapor);
a redução da seção transversal útil de escoa- 2. para reter o vapor nos aparelhos de
mento do vapor, ao acumular-se no fundo. aquecimento a vapor (aquecedores a
vapor, serpentinas de aquecimento,
4.2 Formação do condensado autoclaves, estufas etc.), deixando sair
O condensado é formado nas tubulações apenas o condensado.
Devem ser colocados, obrigatoriamente,
de vapor e equipamentos que consomem va-
purgadores para drenagem de condensado nos
por, por vários motivos. Em tubulações de
seguintes pontos de todas as tubulações de
vapor úmido, o condensado forma-se por pre- vapor: 41
cipitações da própria umidade, e em tubula- – todos os pontos baixos e de aumento
ções de vapor saturado, aparece em conseqüên- de elevação (colocados, nesses casos,
cia das perdas de calor por irradiação ao longo da na elevação mais baixa). Denomina-se
linha. Também pode aparecer, em conseqüência ponto baixo em todos os trecho de
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
tubulação, qualquer que seja o seu com- apenas “água quente”, uma vez que há gases
primento, em elevação inferior aos tre- presentes (ar, CO2, etc) e pode ocorrer a
chos adjacentes. reevaporação do condensado “flash”, com a
– nos trechos de tubulação em nível, deve queda de pressão ao longo da linha. Também
ser colocado um purgador em cada 100 não é recomendado dimensioná-la como se
m a 250 m; quanto mais baixa for a fosse uma linha de vapor de menor pressão, é
pressão do vapor mais numerosos de- anti-econômico. O diâmetro da tubulação de
verão ser os purgadores. condensado deve se situar entre o valor da tu-
– todos os pontos extremos (no sentido bulação de vapor de baixa pressão e a de água
do fluxo) fechados com tampões, flan- líquida nas mesmas condições. Estes parâme-
ges cegos, bujões etc. tros devem servir apenas como balizamento
– imediatamente antes de todas as vál- para verificação do cálculo.
vulas de bloqueio, válvulas de reten- Um cálculo rigoroso de dimensionamen-
ção, válvulas de controle e válvulas re- to de tubulações de condensado deveria levar
dutoras de pressão. Os purgadores des- em consideração a possibilidade de formação
tinam-se, nesse caso, a eliminar o con- de escoamento bifásico (líquido + vapor). No
densado que se forma quando a válvu- entanto, como um coletor de condensado pode
la estiver fechada. receber diversas contribuições, muitas vezes
– próximo à entrada de qualquer máqui- com características diversas de pressão e va-
na a vapor, para evitar a penetração de zões certamente variáveis, não é possível a
condensado na máquina. determinação rigorosa do perfil de pressões ao
Os purgadores, instalados com a finalida- longo desta linha.
de de reter o vapor em um aparelho de aqueci- De qualquer forma, é preciso dimensio-
mento, devem ser intercalados na própria tu- nar linhas de condensado. Existem vários mé-
bulação de vapor e colocados o mais próximo todo conhecidos em artigos e na literatura, por
possível da saída do aparelho. exemplo, um que conta com vários anos de
A finalidade desses purgadores é aumen- uso prático, e tem valores razoáveis. Este mé-
tar, ao máximo, o tempo de permanência do todo leva em conta a perda de carga ao longo
vapor dentro do aparelho, para que possa ce- da tubulação e o caimento (mm de diferença
der todo o seu calor latente, até sair do equipa- de altura/ m de tubulação).
mento como condensado. Se não houvesse o As tubulações de condensado devem ser
purgador, o vapor circularia continuamente à projetadas para a vazão normal do sistema em
alta velocidade, e para que a troca de calor fos- operação. O projeto, a partir de dados máxi-
se eficiente, o comprimento da trajetória do mos (parada e partida), pode levar a um super-
vapor dentro do aparelho (serpentina, feixe dimensionamento desnecessário e não justifi-
tubular etc.) teria de ser enorme. Não havendo cável em nível econômico.
o purgador, tem-se, assim, um consumo exa-
gerado com desperdício de vapor e, conseqüen- 4.5 Reutilização de condensado
temente, um baixo rendimento global do sis- A recuperação do condensado, nos siste-
tema de aquecimento. A instalação do purga- mas de vapor, é realizada por motivos de or-
dor representa sempre considerável economia dem econômica. O condensado é o próprio
de vapor e, portanto, de combustível e de di- vapor gerado na caldeira, após ter sido exauri-
nheiro, desde que sua seleção, projeto de ins- do da maior parte de seu conteúdo energético.
talação e acompanhamento de vida útil opera- Para gerar este vapor, foi necessário gastar
cional sejam adequados. Por todas essas ra- além do combustível, uma série de produtos
zões, é obrigatória a colocação de purgadores químicos para garantir qualidade ao vapor e
de vapor na saída de qualquer aparelho de proteção contra a corrosão da caldeira. Caso
aquecimento a vapor. este condensado fosse descartado, toda a água
que entrasse na caldeira com estes produtos
4.4 Coletores de condensado químicos deveria ser tratada, numa taxa tão
42 A capacidade de tubulações de condensa- grande quanto a produção de vapor. Além dis-
do, como quaisquer outras de transporte de to, mais combustível seria gasto para aquecer
fluidos, depende do diferencial de pressão a água à temperatura do vapor.
aplicado nos pontos extremos. Não é correto tra- Ao recuperar o condensado, reduzem-se
tar linhas de condensado como se estas fossem os gastos de combustível, devido à energia
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
contida no condensado, que irá pré-aquecer a tratamento da água de alimentação, e também
água de alimentação e reduzir a quantidade de pelo risco operacional. O óleo presente nos
produtos químicos necessários. tubos de uma caldeira pode carbonizar na su-
Conforme os níveis de pressão existentes perfície do metal, levando a condições de supe-
na indústria, antes de retornar o condensado raquecimento e escoamento com rompimento.
para a caldeira pode-se aproveitá-lo para ge-
rar vapor, usando o efeito de reevaporação. 4.6 Tratamento de condensado
Dispondo de condensado a uma determinada Os dispositivos usados para remoção de
pressão e levando-o a um ambiente de pressão contaminantes são as unidades polidoras de
menor, parte dele irá tornar-se vapor, porque condensado. Estas unidades são compostas de
desloca-se o ponto de equilíbrio líquido-va- filtros mecânicos e desmineralizadores.
por para uma região em que a quantidade de Os filtros mecânicos removem óxidos de
energia presente permitirá a vaporização. Caso ferro, cobre, óleos, graxas, e matérias em sus-
a pressão de reevaporação seja uma das dis- pensão no condensado.
poníveis no sistema, mais vapor será gerado Um método usual de filtração mecânica
para este nível. Um sistema de reevaporação do condensado é a utilização de velas de
consiste em um vaso, onde ocorre a reevapo- diatomita revestidas de celulose. A diatomita
ração “flash” do condensado, que é alinhado é um material poroso que retém os resíduos e
pelo topo à tubulação do nível de pressão de- a celulose, por ser lipofílica, retém pequenas
sejado, tubulações para os condensados (alta contaminações de matéria orgânica. A cama-
e baixa pressão) e bombas para recuperação da de celulose satura periodicamente, devido
de condensado de baixa pressão. Este vaso, ao acúmulo de matéria em sua superfície. Esta
normalmente, é um vaso vertical com dispo- celulose é retirada por um sistema de retro-
sitivos internos para minimizar o arraste de lavagem e formada através de uma suspensão
condensado pelo vapor formado. Existem cha- de celulose e água, no sentido normal do flu-
ves de nível que acionam as bombas, para re- xo. Após este filtro, deve ser instalado um fil-
colhimento do condensado que se acumula no tro de carvão ativo, para reter as substâncias
fundo. O funcionamento dos sensores de ní- que passarem pelo primeiro, como compostos
vel é fundamental para o bom funcionamento orgânicos dissolvidos, e propiciar uma prote-
deste sistema, caso contrário será introduzido ção extra, dando mais tempo, no caso de pas-
líquido em outra tubulação de vapor, com os sagem de óleo em quantidade, no filtro de celu-
mesmos efeitos negativos já descritos. A ree- lose. Este sistema apresenta uma boa eficiên-
vaporação deve ser restrita a correntes de cia na retenção de pequenas contaminações e
condensado limpo, isto é, que não tenham pos- resíduos. Os principais fatores que devem ser
sibilidade de contaminação durante sua forma- acompanhados na operação são o diferencial
ção, por exemplo condensação de linha de de pressão no filtro e a presença de óleo no
vapor. condensado. Este parâmetro pode ser obtido
No entanto, os sistemas de retorno de con- por análise de laboratório ou, de preferência,
densado podem apresentar contaminação de por analisadores em linhas.
varias fontes como, por exemplo: Os filtros desmineralizados constam de
– resíduos metálicos; um leito misto de resinas catiônicas e aniônicas
– contaminações gasosas como CO2 e O2; que removem as impurezas que se solubilizam
– óleo, graxas, etc. no condensado.
Além das unidades polidoras que remo-
Os metais envolvidos nesses problemas vem os contaminantes indesejáveis para as
são, principalmente, o ferro das tubulações e caldeiras, há necessidade de se proteger as pró-
carcaças de trocadores de calor, cobre e ligas prias linhas de condensado de ataques corro-
cuproníquel de tubos de condensadores. Os sivos com injeção de aminas, que irão reduzir,
gases são oriundos do ar atmosférico, presente substancialmente, a formação de óxidos de
nas tubulações e equipamentos. Os óleos, gra- ferro. As aminas voláteis, como a morfolina e
xas e outros, dos processos por onde o vapor a cicloexilamina, que corrigem o valor pH e 43
passou durante o aquecimento, por vazamentos. combatem o CO2, são efetivamente usadas
Este condensado, antes de retornar à cal- quando há pouco oxigênio dissolvido no con-
deira, deve ser tratado, visando à eliminação densado. Nos sistemas em que há substancial
destes elementos, pelos mesmos motivos do infiltração de oxigênio e grande quantidade de
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido
CO2, usam-se aminas fílmicas, isto é, aminas 800ºC, podem ser utilizado nas mesmas apli-
que formam um filme repelente à água sobre cações acima e outras ainda.
os metais. A formação se dá por absorção e a Sem contar os tijolos cerâmicos largamen-
sua espessura não tende a aumentar, em con- te empregados nas paredes de fornalha, no iso-
dições normais, com a injeção contínua da lamento de coletores de vapor e condensado
amina. As aminas fílmicas mais usadas são a em geral, os materiais mais usados são o sili-
octadecilmamina e acetato de octadecilamina. cato de cálcio e a fibra de vidro. Normalmen-
Para a remoção dos gases dissolvidos, da te, o silicato de cálcio é mais barato, apesar de
mesma forma que na água de alimentação, o ter uma condutividade térmica maior que a fi-
condensado é injetado no sistema pelo desae- bra de vidro, exigindo, portanto, maiores es-
rador. pessuras para obtenção de efeitos similares. O
silicato é fornecido sob forma de tijolos e ca-
lhas, de várias espessuras padronizadas, que
4.7 Isolamento térmico se adaptam a superfície externa de equipamen-
A partir do momento que se lida com um tos e tubulações, sendo fixados por fios ou fi-
fluido térmico, no caso o vapor d’água, deve- tas de alumínio e encamisados comumente
se ter a preocupação com a temperatura de com papel aluminizado, folhas de amianto ou
chegada deste vapor aos usuários, de modo a ainda recobertos de cimento cerâmico isolan-
garantir uma operação satisfatória e econômi- te ou asfalto. Já a fibra de vidro é fornecida
ca para a indústria como um todo. Neste con- sob a forma de placas ou mantas, que são apli-
texto, encaixa-se o isolamento térmico de tu- cadas nos equipamentos e também amarradas
bulação e equipamentos. com telas ou fitas metálicas, recebendo tam-
Não só temperatura como outros parâme- bém um encamisamento.
tros e razões estão ligados ao uso do isolamen- A fibra de vidro apresenta um inconvenien-
to, a saber: te muito grande à segurança industrial, por-
– redução da formação de condensado em que se trata de material inflamável, compara-
linhas e equipamentos, que pode ser tivamente ao silicato que é material inorgâni-
danoso para os mesmos; co e incombustível.
– conservação de energia, na geração de
vapor (caldeira) e tubulações; Anotações
– proteção pessoal;
– redução da emissão de radiação térmica;
– redução de ruído e vibração.
Os materiais mais comumente usados em
isolamento térmico nos sistemas de geração e
distribuição de vapor são:
– fibras de lã mineral (mantas);
– silicato de cálcio em tijolos (paredes)
ou calhas (tubulações) rígidos;
– fibra de vidro (mantas e calhas);
– espuma rígida de polímeros orgânicos
(forma especiais);
– fibras e tijolos cerâmicos para altas
temperaturas (paredes de fornalha).
Todos estes tipos de revestimento têm fai-
xas de temperatura para aplicação, coinciden-
tes em vários limites, o que faz com que ou-
tros fatores, além da condutividade, determi-
nem sua escolha. Para temperaturas até 450ºC,
a fibra de vidro em várias formas e a lã mine-
44 ral podem ser utilizadas. Nesta faixa encon-
tram-se, normalmente, as tubulações de dis-
tribuição de vapor superaquecido até cerca de
100 kgf/cm2. O silicato de cálcio tem capaci-
dade de isolamento recomendado até cerca de
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Sistema de Ar
Comprimido
O ar comprimido é, provavelmente, uma
5
Para isso, a instalação possui certos equi-
das mais antigas formas de transmissão de ener- pamentos especiais como: compressores com
gia que o homem conhece, empregada e apro- cilindros não lubrificados, secador de ar com
veitada para ampliar sua capacidade física. leito de alumina ou sílica gel e filtros. Toda
O reconhecimento da existência física do tubulação de distribuição é de aço galvaniza-
ar, bem como a sua utilização (mais ou me- do (coletores gerais ou secundários) enquan-
nos) consciente para o trabalho, são compro- to as linhas de controle são de cobre.
vados há milhares de anos.
Dos antigos gregos provém a expressão 5.2 Ar comprimido de Serviço
“pneuma”, que significa fôlego, vento e filo- É o ar comprimido para uso geral, utiliza-
soficamente alma. do no acionamento de ferramentas pneumáti-
Derivando da palavra pneuma, surgiu en- cas, na agitação de produtos em tanques, como
tre outros, o conceito de pneumática, que quer fluido de arraste em ejetores, ou ainda, na uti-
dizer: – ciência que estuda o movimento e fe- lização em oficinas de manutenção, etc.
nômeno dos gases. A Figura a seguir, mostra um diagrama
Embora a base da pneumática seja um dos de bloco da Central de ar comprimido.
mais antigos conhecimentos do homem, há
mais de 2000 anos, somente após o ano de
1950 ela realmente foi introduzida na produ-
ção industrial.
Hoje, o ar comprimido tornou-se indis-
pensável nos mais diferentes processos indus-
triais, pois nenhum outro auxiliar pôde ser em-
pregado tão simples e rentavelmente para so-
lucionar problemas de automação.
O ar comprimido é um dos elementos de
vital importância na operação de uma refina-
ria. Um Sistema de ar comprimido é compos-
to, basicamente, por compressores de ar, um
vaso pulmão de ar de instrumentos, um vaso Diagrama de bloco do sistema de ar comprimido.
pulmão de ar de serviço e um secador de ar.
Tendo em vista sua aplicação, pode ser classi-
ficado em Ar Comprimido para Instrumen- Anotações
to e Ar Comprimido de Serviço. Tipicamen-
te, a pressão do ar comprimido (de serviço e
de instrumentos) é controlada em 7,0 kgf/cm2 .

5.1 Ar Comprimido para Instrumentos


É o ar necessário para utilização na ope-
ração da instrumentação pneumática, coman-
do de válvulas, posicionadores de campo, etc. 45
A fim de não prejudicar a ação dos instru-
mentos, este ar precisa ser de alta pureza (isen-
to de partículas sólidas, óleo, etc) e deve ser
completamente seco (isento de umidade).
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

46
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

47
Utilidades – Sistema Térmico e Ar Comprimido

Principios Éticos da Petrobras


A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
éticos são os valores maiores que orientam a relação da
Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,
parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais
segmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes


de competitividade e lucratividade, sem descuidar da
busca do bem comum, que é traduzido pela valorização
de seus empregados enquanto seres humanos, pelo
respeito ao meio ambiente, pela observância às normas
de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento
nacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pela


Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma
relação de respeito e transparência com seus
empregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dos


empregados é um assunto pessoal, desde que as
atividades deles não prejudiquem a imagem ou os
interesses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do


julgamento, considerando a justiça, legalidade,
competência e honestidade.

48

Você também pode gostar