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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

PLANEJAMENTO DE UM SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE
CASO EM UMA MICROEMPRESA
MOVELEIRA
Lenuzia Santos do Nascimento (UFRN )
lenuzia_14@hotmail.com
Paula Flaviane Pinheiro do Nascimento (UFRN )
paulinha_f.f@hotmail.com
Karoline Isabelle de Almeida Pereira (UFRN )
karolineisabelle_@hotmail.com
Daniel Carvalho Soares (UFRN )
dcsoares@yahoo.com.br
Mariane Cristina Lima de Souza (UFRN )
marianecristina21@hotmail.com

Em decorrência da crescente competitividade do mercado gerada pelo


aumento da consciência ambiental existente nas empresas e na adoção
de medidas para a mitigação de impactos ambientais, o presente artigo
objetiva elaborar o planejamento dee um Sistema de Gestão Ambiental
estruturado na ISO 14001 (2004) em uma microempresa do setor
moveleiro. Foi utilizado como método de pesquisa o caráter
exploratório com aplicação de questionários e técnicas de observação,
para analise dos aspectos e impactos adotaram-se o modelo do Centro
Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL). A partir de tal estudo
resultou-se a elaboração de objetivos e metas, atrelado a criação de
um plano de ação para adequação da empresa Mobile Arts as
vertentes ambientais, atendendo aos requisitos legais proposto pela
ISO 14001, minimizando potencias impactos para aquisição de uma
melhoria contínua.

Palavras-chaves: Sistema de Gestão Ambiental, ISO 14001, setor


moveleiro.
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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

1. Introdução

A maneira como a sociedade trata o meio ambiente está sendo modificada ao longo do tempo,
seja pela percepção do esgotamento dos recursos naturais ou pelo comprometimento da
qualidade do meio natural e, consequentemente, da qualidade de vida. Essa mudança reflete
no mundo dos negócios, e a preocupação com o meio ambiente se tornou fator competitivo
para destacar-se no mercado. A minimização de impactos ambientais associada à
minimização de custo, recuperação de matérias-primas e energia projetam um futuro em que
os interesses da sociedade se associam no sentido de preservar a qualidade ambiental para as
atuais e futuras gerações (SCHNEIDER et al, 2003).

Cada vez mais as questões ambientais tem despertado o interesse de diversos setores da
indústria. A sensibilização ambiental tem crescido e refletindo em uma maior exigência nas
relações comerciais, seja ao consumidor final ou na cadeia fornecedor-produtor, por produtos
ecologicamente corretos, adequados as normas ambientais; além disto, o fator ambiental tem
sido incorporado nas decisões estratégicas objetivando a vantagem competitiva. Com isto, a
visão de que a preocupação com o meio ambiente é uma barreira comercial passa a ser
substituída pela ideia que isto se apresenta uma nova oportunidade de mercado.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope, 68% dos


consumidores brasileiros estavam dispostos a pagar mais por um produto que respeita o meio
ambiente (MANFREDINE, 1999).

Segundo Luigi (1999) a gestão ambiental tornou-se moeda forte. O setor moveleiro busca se
encaixar nesta nova realidade instaurada. Em vez de focar a estratégia na parceria qualidade e
inovação, este setor tem como base o fator sustentabilidade. O setor tornou-se referência
mundial no que se refere ao selo verde, sendo pioneiro na obtenção do mesmo.

Economicamente, tem-se demostrando um setor forte, segundo dados do MOVELSUL


(2009), maior feira de móveis da América Latina, ao longo de 2008 o Brasil faturou 22,25
bilhões de reais, representando assim 1,87% do PIB, refletindo assim, a potencialidade
econômica do setor. Em janeiro de 2012 o setor gerou 1.808 novos postos de trabalho,
representando um crescimento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2011 (MINISTÉRIO
DO TRABALHO, 2012).

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Neste contexto, surge a Mobile Arts, uma microempresa que atua no mercado da região
metropolitana de Natal/RN desde 2009, com a prestação de serviços mobiliários com a
fabricação de móveis projetados para escritórios e residências domiciliares. A empresa possui
em sua cartela de clientes grandes empresas que possuem Sistema de Gestão Ambiental
estruturado e implementado. Diante deste fato, a Mobile Arts tem ciência que precisa se
adequar a realidade do mercadopara que se mantenha competitiva e atenda além do seu papel
econômico, o papel socioambiental, contudo não mantém nenhuma ação de gestão ambiental
em operação.

Dado o contexto a qual a Mobile Arts está inserida e a proximidade dos pesquisadores com a
empresa, este trabalho se propõe a elaboraro planejamento de um Sistema de Gestão
Ambiental estruturado na ISO 14001 (2004) que atenda o escopo da Mobile Arts. Para
alcançar o objetivo, delinearam-se os seguintes objetivos específicos: i) propor uma política
ambiental dentro do escopo organizacional e que atenda os interesses da alta administração;
ii) identificar os aspectos e impactos ambientais, identificando os significativos; iii) identificar
os principais requisitos legais aplicáveis e por fim; iv) definir objetivos, metas e programas.

Este artigo está estruturado em sete partes, composto por introdução, revisão de literatura,
metodologia, caracterização da empresa, planejamento do sistema de gestão ambiental, bem
como conclusões e referencias bibliográficas que serviram de base teórica da pesquisa.

2. Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

A gestão ambiental empresarial compreende as diferentes atividades administrativa e


operacional relacionada pela empresa para abordar problemas ambientais decorrentes da sua
atuação ou para evitar que eles ocorram no futuro (BARBIERI, 2007). Segundo Soares et al
(2011) a gestão ambiental diferencia-se do conceito do SGA, pois ela atua com atividades
isoladas na abordagem dos problemas ambientais enquanto o SGA inter-relaciona as
diferentes atividades administrativas e operacionais das organizações.

Barbieri (2007) reforça esta ideia afirmando que a realização de ações ambientais pontuais,
episódicas ou isoladas não configura um Sistema de Gestão Ambiental, pois para que se
configure como tal, é necessário o envolvimento de diferentes segmentos da empresa, a
formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação de
resultados.

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O propósito do SGA pode ser sintetizar como uma possibilidade de desenvolver,


implementar, organizar, coordenar e monitorar as atividades organizacionais relacionadas ao
meio ambiente visando conformidade e redução de impactos ambientais (MELNYK;
SROUFE; CALANTONE, 2002).

A norma ABNT ISO 14001 (2004) especifica requisitos relativos a um Sistema de Gestão
Ambiental, permitindo a uma organização formular uma política e objetivos que levem em
conta osaspectos legais e as informações referentes aos impactos significativos. Ela se aplica
aosaspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os quais se
presumeque ela tenha influência. Contém requisitos baseados na metodologia conhecida como
ciclo PDCA – planejar, executar, verificar e agir no inglês - plan, do, check e act. Detalhados
nos itens que constam os requisitos para um Sistema de Gestão Ambiental. Seção dividida em
6 partes, quadro 1.

A ABNT ISO 14001 (2004) está estruturada em quatro seções, pelas quais serão detalhadas
para melhor compreensão. São elas:

Quadro 1- Estrutura do sistema de gestão ambiental


ITEM DESCRIÇÃO
Aponta para a finalidade da norma, afirma que o campo de
aplicação dos requisitos para um SGA se aplicam a qualquer
1 Objetivo e campo de aplicação
organização, independente do porte, localização geográfica ou
ramo de atuação.
2 Referências normativas É breve, apenas afirma que não há referências de outras normas.
3 Termos e definições Conceitua todos os termos aplicáveis ao escopo da ISO 14001.
4 Requisitos do sistema da gestão Detalha os itens (requisitos) a constar no Sistema de Gestão
ambiental Ambiental de uma organização
A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter
e continuamente melhorar um sistema dagestão ambiental em
4.1 Requisitos gerais
conformidade com os requisitos da norma e determinar como ela
irá atender a essesrequisitos.
A alta administração deve definir a política ambiental da
organização. Dentro do SGA a política deve sera) apropriada à
natureza, b) comprometimento com a melhoria contínua,c)
comprometimento em atender aos requisitos legais e requisitos
4.2 Política ambiental
subscritos, d) estrutura para análise dos objetivos e metas
ambientais, e) seja documentada, implementada e mantida,f) seja
comunicada a todos que trabalhem na organização, g) esteja
disponível para o público.
O planejamento aborda: a)aspectos ambientaisimplementando
procedimentos que identifique e determine tais aspectos. b)
4.3 Planejamento Requisitos legais e outros, identificar e determinar requisitos
aplicáveis aos aspectos ambientais. c) Objetivos metas e
programa, pois os objetivos e metas devem ser mensuráveis,

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quando exeqüível, e coerentes com a política ambiental.


AImplementação e operação baseia-se em: a) Recursos, funções,
responsabilidades e autoridades, b) Competência, treinamento e
4.4 Implementação e operação conscientização, c) Comunicação, d) Documentação, e) Controle
de documentos, f) Controle operacional, g) Preparação e resposta
às emergências.
Deve haver procedimentos que tenham: a) Monitoramento e
medição, b) Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros,
4.5 Verificação
c) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, d)
Controle de registros, e) Auditoria interna.
A alta administração deve analisar o sistema da gestão ambiental,
em intervalos planejados, para assegurar sua continuada
adequação, pertinência e eficácia. Análises devem incluir a
4.6 Análise pela administração avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de
alterações no sistema da gestão ambiental, inclusive da política
ambiental e dos objetivos e metas ambientais. Os registros das
análises pela administração devem ser mantidos.
Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2004

3. Aspectos metodológicos

De acordo com Yin (2005) a pesquisa pode ser qualificada como estudo de caso, pois tem
caráter de profundidade e detalhamento. Ainda classifica-se como descritiva e exploratória,
onde são investigações empíricas com objetivo de formulação de questões ou de um problema
para descrever uma intervenção no contexto real em que o fato ocorre (LAKATOS;
MARCONI, 2007). Foram realizadas visitas in loco para a observação e registros
fotográficos. Para coleta de dados utilizou-se um questionário semiestruturadoaplicado aos
funcionários e proprietário. Para a avaliação dos aspectos e impactos ambientais, tomou-se
como referencia a metodologia proposta pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2003),
melhor detalhada na seção 5.2.

4. A Mobile Arts

A Mobile Arts é uma microempresa do mercado moveleiro especializada em móveis


projetados. A empresa encontra-se no mercado desde 2009, localizada em Natal/RN. O
diferencial competitivo baseia-se na disponibilidade de se locomover para efetuar as medidas
no lugar preestabelecido, realizando orçamentos. A principal função de desempenho é
velocidade na entrega.

No que condiz com a relação externa no mercado a empresa apresenta-se como um


fornecedor de organizações de grande porte, inclusive a empresas que já possuem um Sistema
de Gestão Ambiental.

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Em relação aos concorrentes verificou-se uma preocupação com as vertentes ambientais que
apresentam certificações como a ISO 14001 e certificado de FSC Forest
StewardshipCouncil,observando-se a premência de atender a questões ambientais como fator
competitivo, tendo em vista sua posição como fornecedor e concorrente.

5. Planejando o Sistema de Gestão Ambiental

Esta seção é composta pelo item política ambiental, que norteará a direção em que a empresa
deve prosseguir, em seguida será exposto o levantamento dos aspectos da atividade
relacionando-as com os impactos correspondentes, assim como os requisitos legais que regem
a atividade. A partir disso, foi possível o estabelecimento de objetivos do programa, metas
para alcançá-los e programas que incentivam as ações mitigadoras para o sistema de gestão
ambiental.

5.1 Política Ambiental

Segundo Barbieri (2007), a política ambiental dará sentido às incontáveis ações que serão
realizadas na empresa. Assim, os pesquisadores procuraram estabelecer, junto à alta
administração, uma política ambiental para a Mobile Arts que atendesse concomitantemente
os anseios na empresa e da ISO 14001.

Dado o escopo organizacional, foi proposta a seguinte política ambiental:

A Mobile Arts é uma empresa do mercado moveleiro com enfoque principal na fabricação e
venda de móveis projetados. A empresa preocupa-se em fornecer móveis de qualidade,
buscando a melhoria continua de seus processos de forma que atue de maneira sustentável e
satisfaça a necessidade de seus clientes. Para isso se compromete:

- Garantir um crescimento com lucro e responsabilidade social;

- Zelar pela ética e pela prevenção da poluição;

-Cumprir os requisitos legais aplicáveis e prevenir os impactos ambientais significativos,


priorizando a redução do consumo dos recursos naturais;

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5.2 Aspectos e impactos ambientais

Na empresa, foram verificados vários materiais utilizados durante todo o processo produtivo
tais como o painel de Médium Density Fiberboard (MDF), tendo como acabamento a fita de
borda que é composta de PVC (policloreto de polivinila). Plástico que possui durabilidade e é
reciclável, mas apresentam riscos ambientais e sociais tanto em sua fabricação, utilização
como na sua disposição final. Observa-se que 20% da madeira comprada são desperdiçados o
que corresponde a 267 kg por mês, em média 10% de toda a fita de borda vão para o lixo,
como também 1,5% dos metais e alumínios comprados como pregos e acessórios. No geral
são 430 kg de insumos desperdiçados. A partir dos dados obtidos na organização, foi
verificada a necessidade dos principais aspectos e impactos atrelados à atividade produtiva.

Sànchez (2008), diz que aspecto ambiental é o mecanismo através do qual uma ação humana
causa um impacto ambiental. Este adota ainda, o conceito que impacto ambiental é a alteração
da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada
por ação humana.Assim, é de suma importância para o planejamento do SGA o levantamento
dos impactos ambientais (efeitos) gerados pelos aspectos (causas) das atividades da empresa.

A avaliação dos aspectos e impactos ambientais foram baseados na metodologia do Centro


Nacional de Tecnologias Limpas (2003), dividida em 3 etapas de avaliação. São elas: i)
identificação das operações/etapas do processo; ii) descrição do aspecto; iii) exame dos
impactos quanto a sua severidade, abrangência, probabilidade e importância.

Para a severidade do impacto foram atribuídos pesos de 1 a 3, de acordo com os níveis baixo
(quando o impacto pode ser mitigado ou eliminado por meio de ações simples); médio
(necessita de um apoio maior e a disponibilização de recursos para reduzir o impacto); alta
(neste o impacto apresenta alto potencial de causar danos ao meio ambiente).

Se o impacto apresenta danos apenas no setor da atividade, considera-se de abrangência local,


e recebe pontuação 1. Ao atingir a empresa, o nível de abrangência passa a ser regional e
atribui-se pontuação 2. Entretanto, se o impacto identificado afetar além dos limites da
empresa, atribui-se pontuação 3 e é considerada como uma abrangência global.

Outro elemento avaliado foi a probabilidade de ocorrência do aspecto. Quando este ocorre
esporadicamente, seu nível de probabilidade apresentada é baixo e recebe peso 1. Se o aspecto

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identificado ocorre com maior frequência, podendo ser semanal, mensal, atribui-se peso 2 e
sua probabilidade de ocorrência é considerada média. E, por fim, aqueles que ocorrem sem
interrupção, possuem nível alto e peso 3.

A partir dos elementos mencionados anteriormente, pode-se realizar a avaliação desses de


acordo com sua severidade, abrangência e probabilidade que estão expostos naFigura1a
seguir, além de estabelecer a priorização conforme a importância do impacto (produto da
severidade e probabilidade).

Figura 1 – Matriz da avaliação dos aspectos e impactos ambientais


Impactos ambientais Análise dos impactos ambientais
Contaminação do solo e/ou

6 - Não 3 - Sim, mas não atende 0 - Sim


Contaminação das águas
Uso de recursos naturais

Contaminação do ar

Existe medidas de controle - MC?


Incômodo a partes
água do subsolo

Existe requisitos legais - RL?


interessadas
N° da Operação / Etapas

Resultado (Somatório)
R = I + RL + MC
Probabilidade (P)

0 - Não 5 - Sim
Importância

Priorização
Descrição do aspecto I=PxS
ambiental
Entrada Saída

Severidade (S)

Geração de resíduos
Recebimento
(papel, papelão, plástico) 2 2 4 5 0 9 6º
Consumo de energia
Armazenagem
elétrica 1 3 3 0 6 9 6º
Consumo de energia 3 3 9 0 6 15 2º
Consumo de matéria-
prima/ insumos 3 3 9 0 6 15 2º
Corte/ acabamento
Geração de resíduos 2 3 6 5 6 17 1º
Geração de material
particulado 1 3 3 5 6 14 3º
Consumo de matéria-
Embalagem prima/ insumos 2 2 4 0 6 10 5º
Geração de resíduos 1 2 2 5 6 13 4º
Consumo de combustível 2 2 4 0 6 10 5º
Consumo de óleo
Distribuição lubrificante 1 1 1 0 6 7 7º
Lançamento de gases na
atmosfera 2 2 4 5 6 15 2º
Consumo de água 1 3 3 0 6 9 6º
Global
Geração de efluentes 1 3 3 5 6 14 3º

Fonte: Adaptado CNTL (2003)

5.3 Requisitos Legais

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Os requisitos legais devem levar em consideração os aspectos e impactos ambientais


significativos identificados na empresa. De acordo com a ISO 14001 (2004), a organização
deve estabelecer e manter procedimentos para identificar e ter acesso às obrigações legais e
outros requisitos, os quais a organização decide cumprir e que sejam diretamente aplicáveis
aos aspectos ambientais de suasatividades, produtos ou serviços.

Assim, após o levantamento dos aspectos e impactos ambientais significativos, identificaram-


se os requisitos legais associados conforme detalhado no Quadro 2.

Quadro 2–Levantamento dos requisitos legais associados aos aspectos ambientais significativos
DESCRIÇÃO DO ASPECTO
REQUISITOS LEGAIS ASSOCIADOS
AMBIENTAL
- Lei Nº 12305 – Institui a Politica Nacional de
Resíduos Sólidos, infere sobre o gerenciamento dos
Geração de resíduos sólidos
resíduos provendo meios de destinações corretos, de
forma a não trazer impactos significativos.
Consumo de energia Não aplicável.
Consumo de matéria-prima/
insumos Não aplicável.
- ProgramaNacional de Controle da Qualidade do Ar
(PRONAR).

Geração de material particulado - Portaria normativa n° 348 de 14/03/1990 do Instituto


Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), estabeleceu os
padrões nacionais de qualidade do ar e respectivos
métodos de referência.
- Resolução CONAMA nº 5/89 – O aumento de
veículos e a emissões para a poluição atmosféricas,
provendo os atendimentos aos padrões e a busca pela
qualidade do ar.
- Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar
Lançamento de gases na atmosfera
(PRONAR).
- Portaria normativa n° 348 de 14/03/1990 do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), estabeleceu os
padrões nacionais de qualidade do ar e respectivos
métodos de referência.
- Resolução CONAMA n° 430, de 13 de maio de
Geração de efluentes 2011, dispõe sobre as condições e padrões de
lançamento de efluentes.

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Fonte: Elaboração dos autores

5.4. Objetivos, metas e programas

Foram avaliados objetivos que poderiam servir de fundamento para a criação de metas e
programas em conjunturas com ações a serem tomadas pela empresa. Assim, foi identificado
que os objetivos ambientais de acordo com a ISO 14001 são o resultado ambiental global, que
servem de base para a política ambiental da empresa. Em detrimento disso foram elaborados
objetivos condizentes com as necessidades da empresa e relacionado aos aspectos mais
pertinente a atender as vertentes ambientais, resultando em metas passiveis de serem
quantificadas e alcançáveis, originando-se o estabelecimento de programas de ações para a
mitigação dos impactos decorrentes das atividades organizacionais.

O programa de gerenciamento de resíduos sólidos foi criado com o objetivo de minimizar os


impactos, pois foram evidenciadas medidas não adequadas na disposição final dos resíduos,
com base nesse víeis foram elaboradas ações, demonstradas no quadro 3, que visam à
destinação correta dos desperdícios oriundos do processo produtivo, fixando metas e prazos
que podem ser alcançados pela empresa.

Quadro 3 – Programa de gerenciamento de resíduos sólidos


PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS- PGRS
Objetivo Reduzir os resíduos sólidos e mitigar os impactos causados por estes.
Ação
Elementos Item (para eliminação ou Responsável Meta Prazo
controle do impacto)
Reduzir
Segregar os resíduos em 10%
1 sólidos para a coleta Produção os 3 meses
seletiva e reciclagem resíduos
Aspecto: Resíduos sólidos
sólidos;
Reutilização de
Impacto: 2 matérias como o Painel Empresário Imediato
Alteração da de MDF
qualidade do solo/
Utilizar matérias
alteração da
3 biodegradáveis como a Empresário 3 meses
qualidade da água;
fita de borda
Requisito Legal:
Lei Nº 12305 Utilizar matérias de
ciclo de vida do
4 produto maior como Empresário 6 meses
ferramentas e
maquinário
Fonte: Elaboração dos autores

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O programa de gerenciamento de recursos (PGR) visa mitigar os consumos de água e energia


optando em conscientizar os funcionários sobre a utilização de tais recursos e a mostrar as
necessidades da empresa em adquirir produtos que reduzam a degradação do meio ambiente,
estabelecendo metas e prazos para o cumprimento e adaptação do mesmo, como exposto no
quadro 4.

Quadro 4 – Programa de gerenciamento de recursos


PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS - PGR
Utilizar sustentavelmenteenergia elétrica, água e insumos produtivos,
Objetivo
reduzindo ao máximo o desperdício.
Ação
Elementos Item (para eliminação ou Responsável Meta Prazo
controle do impacto)
Conscientização dos
1 funcionários em relação ao Empresário
consumo de energia e água
Minimizar o uso de
2 Empresário
máquinas velhas
Aspecto:
Consumo de Uso de máquinas que
3 Empresário
energia, água e economizem energia Reduzir em
matéria-prima; 15% o
Estocar um número
Impacto: consumo 1 ano
considerável de painel de
Esgotamento de 4 Produção de energia
MDF para depois realizar a
recursos naturais; e água
fitagem
Requisito Legal:
Lei nº 9433 Acompanhamento
constante do índice de
5 Produção
consumo durante todo o
processo
Manutenção das
6 Empresário
instalações elétricas
Reduzir em
15% o
6
7 Programa “corte certo” Empresário desperdício
meses
de matéria-
prima
Fonte: Elaboração dos autores

Além disso, dentro do PGR foi recomendado o programa “corte certo”, que tem como
principal função minimizar os desperdícios do painel de MDF, principal matéria-prima
utilizada, através da padronização de moldes atrelados a tecnologia de corte.

6. Conclusão

De acordo com os dados levantados, foi possível a análise da empresa para a criação de uma
politica ambiental, identificação dos aspectos e impactos ambientais significativos,

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identificação dos requisitos legais e objetivos, metas e programas ambientais. Dos quais
sustentam um plano de ação para reduzir, controlar e erradicar os aspectos e impactos
ambientais que possam ser gerados pelas atividades desenvolvidas na empresa.

A implementação de ação que mitiguem os impactos ambientais ou até mesmo elimine-os são
possíveis quando assumidos com responsabilidade pela empresa e quando essa observa que
não é preciso um alto investimento para evitar a degradação do meio ambiente. Um SGA
eficiente proporciona as organizações economia financeira em detrimento do uso otimizado
dos insumos e matérias-primas, melhor adequação aos padrões ambientais, redução de multas
e penalidades por poluição, melhoria da imagem institucional, aumento da participação no
mercado e facilidade de obtenção de crédito para financiamento em novos projetos.

Por fim, conclui-se que o Sistema de Gestão Ambiental implementado em organizações de


pequeno porte contribuiu para a utilização de ferramentas gerenciais e operacionais que
desencadeiam um potencial para o alcance de resultados e auxiliam na melhoria do
desempenho ambiental e organizacional. Ainda, há a possibilidade de diagnosticar os pontos
fortes e oportunidades de melhoria na gestão, que propomos como sugestão para futuros
trabalhos.

7. Referencias

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001, Sistemas de Gestão Ambiental:
Especificação com guia para uso. Rio de Janeiro, 1996.
BARBIERI, José C. Gestão ambiental empresarial: conceito, modelos e instrumentos. São Paulo: Editora
Saraiva, 2ed, 2007.
CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS.Curso de Formação de Consultores em
ProduçãoMais Limpa para Pequena e Microempresa. Módulo 1. Porto Alegre, 2003.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6.ed. São Paulo: Atlas,
2007. p. 261-265.
LUIGI, Giovannini. Gerenciamento Ambiental: a nova senha para abrir mercados. Revista
Rumos.Economia e desenvolvimento para novos tempos. Nº 157. Fevereiro de 1999.
MANFREDINI, Camila. Brasil implanta programa de certificação. Gazeta Mercantil. São Paulo: 12/04/2000.
p. A-8.;
MELNYK, S. A.; SROUFE, R. P.; CALANTONE, R.Assessing the impact of environmental management
systems on corporate and environmental performance. JournalofOperations Management, v. 21, n. 3, p. 329-
351, 2002.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. Indicadores: Setor moveleiro acumulou 268.149 postos de trabalho em
janeiro.. IEMI. Disponível em: <http://www.iemi.com.br/2012/02/24/indicadores-setor-moveleiro-acumulou-
268-149-postos-de-trabalho-em-janeiro/>. Acesso em: 29 nov. 2012.

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MOVELSUL. Feira de móveis da América Latina. Disponível em:


<http://www.movelsul.com.br/2010/index.php?option=com_content&view=article&id=64&Itemid=58&lang=pt
>. Acesso em: 29 nov. 2012.
SÀNCHEZ, Luis E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de textos,
2008.;
SCHNEIDER, V. E.; HILLIG, E.; PAVONI, E. T.; RIZZON, M. R.; FILHO, L. A. B. Gerenciamento ambiental
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