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Fraser se posiciona como uma das principais pensadoras da teoria do

reconhecimento, e destacou que a luta pelo reconhecimento se tornou um modelo de

conflito político no final do século XX. Entende que a necessidade de reconhecer as

diferenças alimenta a luta de grupos mobilizados sob bandeiras importantes, como etnia,

raça, raça, gênero e sexualidade.

Acredita que nesses conflitos, a partir da "era pós-socialista", a identidade de grupo

substituiu os interesses de classe e se tornou a principal motivação para a mobilização

política. Portanto, aponta que há disputas de reconhecimento em um mundo de severa

desigualdade material, renda e propriedade, acesso ao trabalho remunerado, educação,

saúde e lazer.

Em uma explicação crítica do ocorrido, a autora enfatizou que a necessidade de

justiça social é cada vez mais direcionada a se subdividir em dois tipos. O primeiro incluirá a

proposição de redistribuição, que defende a redistribuição de recursos e riqueza. No

segundo tipo, haverá a chamada "política de reconhecimento", cujo principal objetivo é

acolher amigavelmente um mundo de diferença, "um mundo onde a assimilação das

normas culturais majoritárias ou dominantes não seja mais o preço que se tenha de pagar

por igual respeito"

Nesse sentido, o autor acredita que o discurso anterior sobre justiça social centrado

na distribuição estará hoje dividido entre a exigência de redistribuição de um lado e a

exigência de reconhecimento de outro.

Visto que Fraser pretende integrar redistribuição e reconhecimento em uma única

estrutura, a principal tarefa da teoria social é compreender a relação entre distribuição e

reconhecimento na sociedade contemporânea. Isso significa teorizar a relação entre a

ordem de status e a estrutura de classes no capitalismo global pós-moderno.

A ordem cultural da sociedade atual não define claramente os limites. Devido a

fatores como imigração em grande escala, diásporas, cultura popular globalizada e esferas

públicas transnacionais, é impossível delinear com precisão onde uma cultura termina e

outra começa. Ambos são híbridos internos.


Além disso, a ordem cultural da sociedade contemporânea é diferente no sistema, e

o sistema diversificado ajusta o campo diversificado de ação de acordo com diferentes

modelos de valores culturais. Nossa sociedade também tem uma ordem cultural

moralmente diversa. Nesta ordem cultural, nem todos os membros têm uma visão de

avaliação comum, unificada e descentralizada. Critérios de avaliação e horizontes de

avaliação também estão sujeitos a debates acirrados, porque a combinação de hibridização

intercultural, diferenças institucionais e diversidade moral garantem a disponibilidade de

visões alternativas que podem ser usadas para criticar os valores dominantes. Nesse

sentido, a sociedade contemporânea é o verdadeiro caldeirão da decolagem cultural, e os

participantes estão trabalhando duro para institucionalizar seus próprios valores de

autoridade.

Nesta sociedade moderna, Fraser apontou a legitimidade da hierarquia de status. Os

princípios mais básicos de legitimidade neste momento serão liberdade e igualdade 4 e

ideais democráticos. Na verdade, liberdade e igualdade estão incorporadas nos ideais do

mercado, mas também em trocas justas, carreiras e competição de elite que estão abertas

a talentos. Por sua vez, os ideais democráticos são expressos em cidadania e status iguais.

É assim que a hierarquia do estado viola todos esses ideais. Portanto, embora o status

subordinado de status esteja disfarçado, ele ainda existe na sociedade contemporânea. Não

foi eliminado, mas passou por uma mudança qualitativa.

A modernização dependente do status contribuiu para dois extensos processos

históricos. O primeiro é a comercialização, que é um processo de diferenciação social. Em

uma sociedade capitalista, o mercado é a instituição central em uma área especial das

relações econômicas, que é diferente de outras áreas do direito. Por exemplo, a hierarquia

racial que antecede o capitalismo não foi abolida com a escravidão do novo mundo ou a

eliminação da discriminação sistêmica contra indivíduos negros. No entanto, foi

reconfigurado para se adaptar à sociedade de mercado.

O segundo processo histórico mencionado por Fraser é o surgimento de uma

sociedade civil pluralista, que também envolve diferenciação, mas de formas diferentes.
Neste caso, várias instituições não mercantis emergiram, tais como direito, política, cultura,

educação, associações, religião, família, estética, administração, profissões, intelectuais,

etc. À medida que essas instituições ganharam autonomia, cada uma delas desenvolveu

seu próprio modelo de valor cultural único para regular a interação. Portanto, na sociedade

civil, diferentes lugares interativos são regidos por diferentes valores culturais.

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