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Serviço Público Federal


Universidade Federal de Goiás
Campus Catalão
Departamento de Engenharia Civil
Prof. Ed Carlo Rosa Paiva
Prof.ª Eliane Aparecida Justino
Prof. Wanderlei Malaquias Pereira

Projeto Interdisciplinar III

MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

Amilton César Cardozo Junior


Hércules José Marra
João Antônio Persiano
Jorge Miguel Albernaz Baptista
Jose Alfredo Côrte Vieira
Rodrigo Freitas Silva

Catalão/GO
Outubro/2020

Memorial Descritivo e de Cálculo – Águas Pluviais


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Amilton César Cardozo Junior


Hércules José Marra
João Antônio Persiano
Jorge Miguel Albernaz Baptista
Jose Alfredo Côrte Vieira
Rodrigo Freitas Silva

MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

Memorial Descritivo e de Cálculo


apresentado como complemento para
aprovação na disciplina de Projeto
Interdisciplinar III do curso de Engenharia
Civil pela Universidade Federal de Goiás,
Regional Catalão.

Catalão/GO
Outubro/2020

Memorial Descritivo e de Cálculo – Águas Pluviais


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SUMÁRI

O
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................1
2 OBJETIVO......................................................................................................................2
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS.........................................................................................3
4 PROJETO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS...................................................4
4.1 Conceitos e definições..................................................................................................4
4.2 Material e durabilidade.................................................................................................5
4.3 Disposições gerais........................................................................................................6
4.4 Dimensionamento dos componentes do sistema predial de águas pluviais.................7
4.4.1 Telhado.........................................................................................................................7
4.4.2 Calhas...........................................................................................................................8
4.4.3 Condutores verticais...................................................................................................10
4.4.4 Condutores horizontais...............................................................................................11
4.4.5 Caixa de areia.............................................................................................................11
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................14

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade n=0,011......8


Tabela 2: Valores obtidos no dimensionamento das calhas......................................................9

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1 INTRODUÇÃO

Considera-se sistema de águas pluviais e drenagem o conjunto de calhas, condutores,


grelhas, caixas de areia e de passagem e outros dispositivos responsáveis por captar águas da
chuva e de lavagem de piso e destinar para um local adequado. O desenvolvimento desse
sistema é essencial, pois evita alagamentos, diminui o desgaste do solo e protege as
edificações da umidade excessiva.
As águas da chuva escoam por meio da superfície do solo, telhados, terraços, etc., e
precisam ser captadas e conduzidas por sistemas de captação e drenagem pluvial. Dando
destino correto a essas águas, diversas patologias são evitadas, como alagamentos devido a
insuficiência do sistema de captação e drenagem.
No presente projeto, para o dimensionamento do sistema predial de águas pluviais,
serão determinadas as dimensões da calha e os diâmetros dos condutores verticais e
horizontais com base nos dados de vazão obtidos por meio do software Hydros. Neste
memorial, para o dimensionamento do sistema referido acima, serão respeitados todos os
critérios estabelecidos pela NBR 10844 – Instalações prediais de águas pluviais (ABNT,
1989).
Algumas das principais diretrizes que rege a norma ditada anteriormente, são:
 As águas pluviais não devem se misturar com efluentes de esgoto sanitário,
assim essas devem ser coletadas e transportadas em condutores próprios;
 As lajes devem ter inclinação mínima de 0,5% para que a água atinja os pontos
de drenagem previstos;
 Condutores verticais devem possuir diâmetro mínimo de 70 mm;
 Condutores horizontais devem ter inclinação mínima de 0,5%, assim como as
lajes;

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2 OBJETIVO

Este memorial tem como objetivo apresentar as diretrizes, demonstrações de cálculos e


análises de resultados e dimensionamentos de um sistema predial de águas pluviais.
Utilizando softwares e diretrizes pautadas nas normas brasileiras.

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3 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A edificação para a qual o dimensionamento será executado trata-se de um edifício


residencial multifamiliar, com projeção de 225 m2. Cada pavimento térreo é composto por
dois apartamentos de 100 m2 de área. Os apartamentos são compostos por uma cozinha, uma
área de serviço com banheiro, uma sala com sacada, um banheiro social, três quartos, sendo
dois com sacadas e um uma suíte,
O edifício será executado no município de Catalão - GO, em um bairro de classe
média, no endereço: Av. Maria Marcelina nº 190, bairro Ipanema. O terreno apresenta 1040
m2 que serão devidamente ocupados pelo edifício e área de lazer.
Os cálculos e a distribuição dos equipamentos e peças foram feitos de acordo com as
Normas Brasileiras e regulamentos da concessionária de saneamento (SANEAGO).

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4 PROJETO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS

4.1 Conceitos e definições

Para melhor entendimento do projeto de águas pluviais, deve-se considerar alguns


conceitos importantes, a saber:
 Área de contribuição: soma das áreas das superfícies que, interceptando chuva,
conduzem as águas para determinado ponto da instalação;
 Bordo livre: prolongamento vertical da calha, cuja função é evitar transbordamento;
 Caixa de areia: caixa utilizada nos condutores horizontais destinados a recolher
detritos por deposição;
 Calha: canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a conduz a um
ponto de destino;
 Calha de platibanda: calha instalada na linha de encontro da cobertura com a
platibanda;
 Condutor horizontal: canal ou tubulação horizontal destinado a recolher e conduzir
águas pluviais até locais permitidos pelos dispositivos legais;
 Condutor vertical: tubulação vertical destinada a recolher águas de calhas, coberturas,
terraços e similares e conduzi-las até a parte inferior do edifício;
 Intensidade pluviométrica: quociente entre a altura pluviométrica precipitada num
intervalo de tempo e este intervalo;
 Perímetro molhado: linha que limita a seção molhada junto às paredes e ao fundo do
condutor ou calha;
 Período de retorno: número médio de anos em que, para a mesma duração de
precipitação, uma determinada intensidade pluviométrica é igualada ou ultrapassada
apenas uma vez;
 Ralo: caixa dotada de grelha na parte superior, destinada a receber águas pluviais;
 Seção molhada: área útil de escoamento em uma seção transversal de um condutor ou
calha;
 Vazão de projeto: vazão de referência para o dimensionamento de condutores e calhas.
De posse dos conceitos supracitados, efetuou-se a análise para definição do melhor
posicionamento do telhado, da calha, dos condutores verticais e horizontais, bem como das

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caixas de areia, e deu-se início ao dimensionamento com base na norma vigente já


mencionada.

4.2 Material e durabilidade

Para o caso do projeto de águas pluviais o material deve ser escolhido de acordo com
as especificações presentes nos projetos arquitetônico ou estrutural, como a inclinação
necessária do telhado, ou até mesmo as exigências do cliente, visando sempre fazer um elo
entre economia, funcionalidade e conforto.

4.2.1 Calhas

As calhas aplicadas nos telhados podem ser de aço galvanizado, folhas-deflandres,


cobre, aço inoxidável, alumínio, fibrocimento, PVC rígido, fibra de vidro, concreto ou
alvenaria. Para o presente projeto, adotou-se PVC com seção semicircular.

4.2.1 Tubulações e conexões

A NBR 10844:1989 ainda prevê algumas indicações quanto ao material dos


condutores aplicados no projeto de águas pluviais. São elas: nos condutores verticais, devem
ser empregados tubos e conexões de ferro fundido, fibrocimento, PVC rígido, aço
galvanizado, cobre, chapas de aço galvanizado, folhas-de-flandres, chapas de cobre, aço
inoxidável, alumínio ou fibra de vidro.
Já nos condutores horizontais, devem ser empregados tubos e conexões de ferro
fundido, fibrocimento, PVC rígido, aço galvanizado, cerâmica vidrada, concreto, cobre,
canais de concreto ou alvenaria.
Os materiais de instalação de águas pluviais em PVC são comuns no mercado e, para o
dimensionamento do presente projeto foi utilizada a linha de águas pluviais da Tigre com
diâmetros de tubulações 40, 50, 75, 100 e 150 milímetros, de comprimento 3 ou 6 metros. A
série conta ainda com curvas, joelhos, junções, tês, luvas e reduções com entradas e saídas de
diâmetros constantes e variáveis, fato que possibilita a ligação das tubulações de diferentes
diâmetros, quando for necessário.

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4.3 Disposições gerais

O sistema predial de águas pluviais deve ser devidamente esquematizado e


dimensionado, de maneira a atender às necessidades técnicas, econômicas, ambientais e
compatibilizando-se os projetos arquitetônicos e estrutural. O escoamento do fluido deve ser
realizado, quando possível, por meio da ação da gravidade, e em casos de desnivelamento do
terreno, um conjunto motobomba poderá ser inserido para bombeamento da água até um local
seguro ou até um coletor público.
As tubulações devem ser posicionadas de modo a evitar contaminação da água, não
ligando o sistema de esgoto ao sistema de águas pluviais, e o desconforto do usuário devido
ao barulho através de shafts instalados próximos a quartos.
O sistema predial de águas pluviais tem início no telhado, o qual recebe a água da
chuva, e através do tipo de telha escolhida, dos rufos e das calhas, essa água é direcionada
para os condutores verticais e posteriormente para os condutores horizontais presentes na área
externa da edificação. A água que cai sobre as sacadas também deve ser considerada, e ao
escoar através de ralos secos é conduzida também para condutores horizontais e
posteriormente verticais, desaguando nas caixas de areia presentes no pátio.
Para efeito de cálculo, deve-se considerar ainda a água provinda da área de
contribuição do pátio e dos muros ou fachadas. Em seguida, após a análise de cada área de
contribuição para cada caixa de areia, a água é então conduzida para a sarjeta ou coletor
público.
Parte do dimensionamento e as determinações de vazões foram executados através do
software Hydros Alto Qi, e os detalhamentos com o auxílio do software Hydros Alto Qi e
AutoCad®. Na sequência são apresentadas as informações referentes ao sistema projetado e
os valores e métodos adotados para o dimensionamento das instalações de águas pluviais pela
ferramenta computacional mencionada.

4.4 Dimensionamento dos componentes do sistema predial de águas


pluviais

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O projeto do sistema predial de águas pluviais foi desenvolvido respaldando-se na


norma NBR 10844 – Instalações prediais de águas pluviais (ABNT, 1989) que fixa exigências
e critérios necessários aos projetos das instalações de drenagem de águas pluviais, visando a
garantir níveis aceitáveis de funcionalidade, segurança, higiene, conforto, durabilidade e
economia. Esta norma se aplica à drenagem de águas pluviais em coberturas e demais áreas
associadas ao edifício, tais como terraços, pátios, quintais e similares. Esta norma não se
aplica a casos onde as vazões de projeto e as características da área exijam a utilização de
bocas-de-lobo e galerias.

4.4.1 Telhado

O telhado do edifício desenvolvido neste projeto possui duas águas. A telha escolhida
foi do tipo ondulada de fibrocimento, com espessura de 8 mm obtida através do catálogo de
telhas da Brasilit. Dessa forma, a inclinação mínima exigida para o telhado de acordo com o
tipo da telha é de 10%.

4.4.1.1 Determinação da vazão de projeto

A vazão de projeto é determinada pela seguinte equação:

c .i . a
Q=
60
onde:
Q: vazão de projeto em L/min;
C: coeficiente de escoamento superficial;
I: intensidade pluviométrica em mm/h;
A: área de contribuição em m².

Para a equação apresentada acima, o coeficiente de escoamento superficial será


considerado c = 1. Já a intensidade pluviométrica foi adotada de 174 mm/h, considerando
dados da cidade de Catalão e período de retorno de 5 anos.
Já a área de contribuição será considerada para cada condutor vertical, uma vez que o
telhado possui platibanda, e de acordo com a projeção de chuva na situação mais crítica,

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conclui-se que a área de contribuição será a soma das projeções horizontais, juntamente com a
área do telhado do reservatório e das paredes de incidência da mesma. Assim, valendo-se da
ferramenta computacional AutoCAD foi possível a obtenção das áreas de contribuição e, por
meio do software Excel foram obtidos os valores das vazões de projeto para cada caso.

4.4.2 Calhas

Com base nos valores obtidos e respaldados nos limites estabelecidos pela NBR 10444
(ABNT, 1989) ilustrados na Tabela 1, foram determinados os diâmetros de cada calha. Os
valores obtidos constam na Tabela 2.

Tabela 1: Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade n=0,011 (Vazão em


L/min).

Diâmetro Declividades
interno (mm) 0,5% 1% 2%
100 130 183 256
125 236 333 466
150 384 541 757
200 829 1167 1634
Fonte: Adaptado NBR 10444 (ABNT, 1989).

Deve-se calcular a vazão que a calha suporta, através da fórmula de Manning-Strikler,


como apresentado na Equação abaixo:
2 1
S
Qcalha =K .
n()
. R 3h . i 2

Em que:
Qcalha – vazão de projeto da calha (L/min);
K=60.000 (NBR 10.844/89);
S – área da seção molhada (m2);
N – coeficiente de rugosidade;
Rh – raio hidráulico (m) = S/P;
i – declividade da calha (m/m);

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Neste projeto, utilizou-se coeficiente de rugosidade n=0,011, indicado para plásticos,


fibrocimento, aço e metais não ferrosos.
Se o valor suportado pela calha (Qcalha) for superior à vazão de projeto (Qproj), o
dimensionamento pode continuar. Caso contrário, deve-se modificar a geometria das calhas.

Tabela 2: Valores obtidos no dimensionamento das calhas.


Área de
Intensidade Vazão de Qcalha Diâmetro Declividade
Calhas contribuição
pluviométrica (mm/h) projeto (L/min) (L/min) (mm) (%)
(m²)
C-1 29,75 174 86,27 183,00 100 1
C-2 15,75 174 45,67 183,00 100 1
C-3 9,38 174 27,20 183,00 100 1
C-4 12,25 174 35,52 183,00 100 1
Fonte: Próprios autores (2020).

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4.4.3 Condutores verticais

Os condutores verticais são tubulações que recebem água das calhas e as destinam até
os condutores horizontais, passando dentro dos shafts. Seu dimensionamento foi realizado
pelo software Hydros, respaldado no lançamento da cobertura e dados inseridos.
Vale destacar que os diâmetros encontrados através dos cálculos estão abaixo do
recomendado pela NBR 10844:1989, o qual afirma em seu item 5.6.3 que o diâmetro interno
mínimo dos condutores verticais de seção circular é 70 mm. Segundo a NBR 10844/89 os
condutores verticais de calha são dimensionados através dos ábacos abaixo:

Figura 1: Ábaco para determinação de condutores verticais para calhas com saída em
aresta viva.

Fonte: NBR 10849 (1989)

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Figura 2:Ábaco para determinação de condutores verticais para calhas com funil de saída.

Fonte: NBR 10849 (1989)

Com isso, para os condutores verticais do presente projeto será adotado o diâmetro de
100 mm, visto que esse valor mostra-se mais do que suficiente para escoar as vazões
calculadas.
4.4.4 Condutores horizontais

Os condutores horizontais têm como principal função receber a água proveniente dos
verticais e a destinar à sarjeta. Para o presente projeto foram definidos condutores horizontais
de PVC no pavimento térreo, que foram projetados com declividade mínima de 1,0% e
diâmetro mínimo de 50 mm, de modo que toda a água captada seja conduzida para rede
coletora de águas pluviais. O dimensionamento de cada condutor foi feito com o auxílio do
software Hydros, e considerou a área de contribuição e intensidade de precipitação.

4.4.5 Caixa de areia

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No térreo foram dispostas algumas caixas de areia com grelhas, destinadas a recolher
detritos por deposição do sistema predial de águas pluviais. Tal disposição foi realizada em
conformidade com o item 5.7.4 da NBR 10844 (ABNT, 1989) que determinada que as caixas
de areia em tubulações enterradas devem ser previstas sempre que existir conexões com
outras tubulações, mudanças de direção ou declividade e a cada 20 metros em trechos
retilíneos.
O dimensionamento dos condutores horizontais entre as caixas é semelhante, sendo
que os únicos fatores que modificam são a área de contribuição e a vazão. Para a
determinação da vazão em cada caixa de areia foram consideradas as áreas de influências
presentes no pátio, bem como as áreas de influência dos muros ou fachadas e dos condutores
que precedem a caixa.
O software em questão fornece duas opções de caixa de areia, sendo elas de base
quadrada de 80 ou 60 centímetros de lado. Para o presente projeto a utilização de caixas de 60
centímetros supriu as necessidades impostas.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844: Instalações


prediais de águas pluviais. Rio de Janeiro, 1989.

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