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RECIFE/PE
2010
MARIA HELENA CAVALCANTI DA SILVA
RECIFE/PE
2010
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Leucio Lemos
Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP/UPE
CDU 504.06
Fabiana Belo CRB-4/1463
TERMO DE APROVAÇÃO
Maria Helena Cavalcanti da Silva
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Profa. Dra Carla Borba da Mota Silveira (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Andrea Karla Pereira da Silva (Examinadora Interna)
Universidade de Pernambuco - UPE.
______________________________________________________________
Profa. Dr. Múcio Luiz Banja Fernandes (Examinador Interno)
Universidade de Pernambuco - UPE.
ORIENTADOR
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Fábio José de Araújo Pedrosa
Universidade de Pernambuco – UPE.
Para Ana Rosa Cavalcanti: irmã, mestra e amiga.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Ivanice Moraes Cavalcanti por incondicional doação à mim e minha
irmã Ana Rosa em todos os momentos de nossas vidas;
Ao Julio Cézar Borba pelos oito anos de amor, companheirismo e dedicação;
À Isabella Cavalcanti (Bellinha): minha inseparável amiga;
Ao meu orientador professor Fábio Pedrosa que me acolheu no momento em que
tanto precisei de apoio no Mestrado. Agradeço imensamente por sua paciência!
Aos meus queridos companheiros de trabalho da Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Meio Ambiente de Pernambuco em especial à Arine Lyra, gestora que me
concedeu a oportunidade de estar presente nas aulas. Sua garra é contagiante e
agradeço imensamente por tudo que fez por mim;
À Adriana Higino, Ana Claudia Gouveia, Laís Mira, Mauro de Pinho Vieira e Jannine
Moreno pela amizade sincera;
Aos colegas de trabalho da Secretaria de Educação de Pernambuco por todo
carinho e paciência;
Aos amigos inseparáveis Mônica Bezerra, Itamugi Marques e Maria Marques: luz em
minha caminhada;
À ilustríssima sra. Célia Ximenes, mais que secretária do mestrado, uma importante
pessoa nesta caminhada;
Aos professores Carla Borba, Múcio Banja e Andrea Karla Pereira pelas valiosas
contribuições dadas em minha banca de qualificação;
Ao professor Sergio Dantas por toda atenção à minha pessoa;
À Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo de Bezerros, em
especial, a sra.Valquiria Lizandra de Lima que tanto contribuiu na construção desta
dissertação;
À comunidade de Serra Negra, notadamente aos participantes das entrevistas
realizadas, deixo registrado meu muito obrigada;
Aos meus alunos da Universidade Federal de Pernambuco dos cursos de Turismo e
Hotelaria das turmas: Metodologia do Trabalho Científico 2010.1 Planejamento e
Organização do Turismo 2 - 2010.1 e 2010.2, Metodologia da Pesquisa Aplicada ao
Turismo - 2010.1, Planejamento e Organização do Turismo 1 - 2010.2, Relações
Públicas 2010.2. Minhas inspirações!
Não existe nada permanente a não ser a mudança
Heráclito (540 a.C.- 470 a.C)
RESUMO
Com a expansão da atividade turística, a busca por destinos não habituais passa a
fazer parte da rota dos viajantes e assim novos locais começam a atrair a atenção
do turista. É nesse contexto que o destino Serra Negra, distrito do município de
Bezerros (Pernambuco), começa a ser vislumbrado enquanto local de turismo
alternativo. Distante 10 quilômetros da sede de Bezerros, Serra Negra atrai
visitantes de diversas localidades que buscam em suas terras descanso e lazer. À
disposição destes está um clima ameno com temperaturas variando entre 9° e 25°
C, trilhas, cavernas, grutas e mirantes. Com tantos recursos de ordem natural, o
aumento gradativo de turistas, visitantes e consequentemente a organização e
realização de eventos de diferentes portes, começam a gerar problemas de ordem
estrutural que, se não forem bem administrados, poderão fadar o destino ao
insucesso. Assim, destacam-se as ações do Turismo de base local como forma de
trabalhar na própria comunidade, a articulação no processo de planejamento,
desenvolvimento e controle da atividade turística consonante com o poder público.
Destarte, o encaminhamento da atividade em questão adotando os princípios da
sustentabilidade local, são ações de relevância e oportunidades ao fazer turismo. A
partir de um estudo exploratório com a adoção do procedimento técnico estudo de
caso, teve a coleta de dados realizada in loco entre abril e setembro de 2010.
Baseando-se nos pilares da sustentabilidade, o documento ora apresentado propõe
expor uma diagnose do turismo realizado em Serra Negra em contraponto a um
modelo de atividade focado na localidade vista como única no que oferece e como
oferece. Assim, apontam-se meios para um melhor direcionamento das ações
turísticas com vistas a maximizar todo potencial intrínseco de Serra Negra,
sobretudo com a valorização de práticas sustentáveis pautadas na realidade local.
With the expansion of tourism, the search for unusual destinations becomes part of
the route of travelers. Thus, new sites are beginning to attract the attention of
tourists. In this context, the route of Serra Negra, a district of Bezerros, in the
countryside of (Pernambuco), begins to be considered as a place for alternative
tourism. 10 km far from Bezerros, Serra Negra attracts visitors from several different
places, looking for rest and relaxation on its lands. At the disposal of these is a mild
weather with temperatures ranging between 9 ° and 25 ° c, trails, caves, caverns and
overlooks. With so many natural features, the gradual increase of tourists, visitors
and consequently the organization and holding of events of various different sizes,
begins to generate structural problems which, if not properly managed, may lead to
undesirable results. Thus, there are the actions of locally-based tourism as a way to
work in the community, the articulation in the planning process, development and
control of tourism in partnership with the government. This way, the routing of the
activity in question by adopting the principles of local sustainability, are actions of
relevance and opportunities for making tourism happen.From an exploratory study of
the technical procedure with the adoption of a case study, there was a data collection
performed in situ between April and September of 2010. Based on the pillars of
sustainability, the present document proposes to show a diagnosis of tourism held in
Serra Negra, in contrast to a model focused on the location of the activity seen as
unique in what it offers and in the way it is offered. Thus, ways for better targeting of
tourist activities in order to maximize the full potential inherent to Serra Negra,
especially with the appreciation of sustainable practices guided by the local reality
are pointed out.
1 Introdução 15
1.1 Justificativa 19
1.2 Objetivos 24
1.2.1 Objetivo Geral 24
1.2.2 Objetivos Específicos 24
2 Referencial Teórico 25
2.1 Das práticas turísticas à necessidade de adequação: 25
sustentabilidade em pauta
2.2 Aspectos conceituais do turismo 25
2.3 Fundamentos sobre meio ambiente, sustentabilidade e turismo 28
2.4 A adequação do turismo à comunidade: um trabalho em prol do 31
desenvolvimento local sustentável
2.4.1 Contextualização do desenvolvimento local sustentável 35
2.5 Do planejar, organizar, dirigir e controlar às práticas do turismo: 44
premissas do planejamento turístico
2.5.1 Situando a natureza variável do planejamento turístico 47
2.6 Políticas de turismo e sua contribuição ao desenvolvimento 50
local sustentável
2.6.1 Políticas de turismo 50
2.6.1.1 Políticas de turismo no Brasil 52
2.6.1.2 Plano Nacional de Turismo 58
2.6.1.3 Pernambuco para o mundo: plano estratégico do turismo de 63
Pernambuco
3 Caracterização do espaço estudado 69
3.1 Indicadores sociais, econômicos e turísticos 75
3.2 Serra Negra 81
4 Metodologia 85
4.1 Classificação da pesquisa 86
4.2 Sujeitos da pesquisa 87
4.3 Perguntas da pesquisa 88
4.4 Coleta de dados 90
4.5 Análise dos dados 92
5 Análise da sustentabilidade turística aplicada em Serra Negra 94
5.1 Alternativas para a sustentabilidade e sua relação com o 98
turismo: o turismo sustentável
5.2 Sustentabilidade ambiental 107
5.3 Sustentabilidade econômica 111
5.4 Sustentabilidade sociocultural 112
1 Introdução
1
Art. 4o A Política Nacional de Turismo é regida por um conjunto de leis e normas, voltadas ao
planejamento e ordenamento do setor, e por diretrizes, metas e programas definidos no Plano
Nacional do Turismo - PNT estabelecido pelo Governo Federal.
Parágrafo único. A Política Nacional de Turismo obedecerá aos princípios constitucionais da livre
iniciativa, da descentralização, da regionalização e do desenvolvimento econômico-social justo e
sustentável.
16
Tudo indica então, que quando uma prática social, aqui o turismo, constitui
o objeto do único paradigma econômico na sua concepção e na sua
gestão, periclita, além do seu limite de tolerância, e perde, assim, sua
validade. A curto prazo, o lucro mata o lucro. Todo sistema vivo, biológico
ou social, que se uniformiza e se especializa, desmorona. Este limite
estabelece então a necessidade de uma nova aproximação, integrando a
pluralidade dos aspectos de um dado sítio (cultura, natureza, arquitetura,
17
1.1 Justificativa
1.2 Objetivos
2 Referencial Téorico
O turismo pode ser compreendido como uma atividade complexa, tendo início
marcado pelo deslocamento de pessoas para várias partes do mundo,
principalmente a partir do século XX, com a expansão dos conglomerados urbanos
(SILVA, M.,H.,2003).
Em especial, com o fim da Segunda Guerra Mundial, parcelas consideráveis
da população mundial tiveram como conquistas incrementos de tempo livre e
melhorias salariais, advindos da massificação dos mercados consumidores e do
aumento dos níveis de lucratividade das empresas. Por esta perspectiva, o turismo
está intrinsecamente relacionado ao progresso econômico, às concentrações
urbanas e às facilidades de comunicação.
No entendimento de (CRUZ, 2003), o turismo, é, antes de tudo, uma prática
social, que envolve o deslocamento de pessoas pelo território e que tem no espaço
geográfico seu principal objeto de consumo. Assim o turismo é:
Por ser uma atividade complexa, o turismo atrai diversos estudiosos que
buscam estudar o fenômeno sobre vários primas da sociedade. Tal complexidade
atrai diversos autores interessados em conceituar este fenômeno da melhor forma
possível (GONDIM, 2004).
Desse modo, existem inúmeras definições para o turismo. Para (BENI, 2007)
as definições de turismo seguem três tendências: a econômica, a técnica e a
holística. Na tendência econômica, os estudiosos consideram em suas definições
26
Seguindo tal tendência, Jafar Jafari (apud BENI, 1999, p. 38) define o turismo
como sendo o "estudo do homem longe do seu local de residência, da indústria que
satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram
sobre os ambientes físicos, econômico e sócio-cultural da área receptora".
É possível perceber que os três aspectos principais desta definição são: a
viagem, a satisfação das necessidades por meio dos equipamentos turísticos e os
impactos trazidos pela atividade (GONDIM, 2004, p.22).
Em 1963, na conferência sobre Viagens Internacionais e Turismo, realizada
em Roma e patrocinada pelas Nações Unidas, foram recomendadas as seguintes
definições para visitantes, turistas e excursionistas (IGNARRA, 2001):
I. Visitante: pessoa que visita um país que não seja o de sua residência, por
qualquer motivo, e que nele não venha a exercer ocupação remunerada;
II. Turista: visitantes temporários que permaneçam pelo menos vinte e quatro
horas no país visitado, cuja finalidade de viagem pode ser classificada sob
27
A definição acima proposta por Mário Carlos Beni apresenta de forma a não
somente contemplar a definição do turismo bem como os fatores determinantes para
a escolha do local de visitação por parte do turista.
“Existem inúmeras outras definições acerca do tema, entretanto, mesmo que
todas fossem aqui apresentadas, ainda assim certos aspectos deixariam de ser
citados” (GONDIM, 2004. p.23). Desta forma destaca-se a multidisciplinaridade e a
sua interdisciplinaridade conforme citado anteriormente.
28
A partir deste documento, que foi de grande contribuição no que diz respeito
às criticas, à concepção econômica que tratava a natureza como fonte
inesgotável de recursos à disposição da produção e consumo, pôde-se
discutir as variáveis e propostas para a implementação de um novo
desenvolvimento, baseado na compatibilização do crescimento econômico
com a conservação do meio ambiente. PINTO (2008 p. 36 apud
CAMARGO, 2003).
2
A expressão ecologia profunda foi criada durante a década de 1970 pelo filósofo norueguês Arne
Naess, em oposição ao que ele chama de "ecologia superficial" – isto é, a visão convencional
segundo a qual o meio ambiente deve ser preservado apenas por causa da sua importância para o
ser humano. Disponível em:
http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/ecoprofunda/02oqueecoprofunda.htm. Acesso em 24
set.2010.
30
É neste contexto que o turismo de base local ganha importância uma vez que
sua concepção está intrinsecamente ligada aos preceitos do desenvolvimento
sustentável (MIELKE, 2009). É válido destacar que a atividade turística local é
considerada de extrema importância para o alcance da sustentabilidade, o que
significa dizer, que ao mesmo tempo, enquanto promove o turismo deve se
beneficiar deste. De acordo com Coriolano, o turismo de base local pode ser
compreendido pelo:
3
Diversas definições são encontradas em escritos que tratam da ecologia. Destacam-se: “ estudo
das inter-relações entre as coisas vivas e seu ambiente físico, juntamente com todos os outros
organismos que vivem nesse ambiente” (Philllipson,1969); “ estudo da estrutura e função da
natureza”(Odum, 1977); “ ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e as
interações, de qualquer natureza, existentes entre estes seres vivos e seu meio” (Dajoz, 1978); “
estudo das inter-relações entre os organismos e seus ambientes” (Pianka, 1983); ou ainda, “ o estudo
das relações entre os organismos e a totalidade dos fatores físicos e biológicos que direta ou
indiretamente os afetam e/ou são afetados por eles” (Pianka, 1983). Disponível em
http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/artigostext/resumoEcologia.pdf. Acesso em 26 set.2010.
37
preceitos devem ser aplicados para todos componentes do capital natural que
são considerados indispensáveis para dar suporte a atividade econômica
sustentável. Isto implica em considerar a importância significativa dos serviços
39
pode ganhar, mas à maneira como pode ser mantida decentemente sua qualidade
de vida”. “Tem ênfase nas comunidades locais, mantendo e reforçando os seus
sistemas de suporte de vida, reconhecendo e respeitando as diferentes culturas e
evitando qualquer forma de exploração” (SOUZA, 2006, p.29).
Por meio de uma visão da atividade que tem como foco sua principal razão
de ser, bem como os benefícios culturais, ecológicos, sociais e econômicos
que é capaz de trazer para os municípios que se desenvolve, define-se que
as dimensões objetivos são: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade
econômica, sustentabilidade político-institucional e sustentabilidade social e
cultural (BENI.2006, p.98)
Empreendimentos O Estado pode exercer uma função empresarial quando para iniciativa
privada não há. Em determinado momento, retorno financeiro e
determinada atividade é considerada fundamental e suplementar a
outras que se desenvolvem em torno das atividades turísticas.
Incentivo Os incentivos que podem ser patrocinados pelo Estado para o
desenvolvimento do setor privado do turismo podem ser de vários tipos:
empréstimos ao setor privado para investimentos em determinadas
regiões, incentivos fiscais, como a diminuição da carga tributária sobre
determinados investimentos, isenções de taxa, etc.
1994 Publicação das Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo pela
Embratur e Ministério do Meio Ambiente.
4
Termo usado na administração de empresas refere-se a qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é
afetada pelas atividades de uma empresa; partes interessadas.
60
Composto por destinos que já têm algum fluxo turístico e apresentam algum
potencial turístico, mas que não possuem um desenvolvimento organizado.
São destinos que atraem um fluxo majoritariamente local e/ou regional, mas
que tem potencial para se consolidar junto a este público e, eventualmente,
até mesmo atingir público nacional/internacional. O tipo e o nível de
desenvolvimento destes municípios são bastante diversos, inclusive em
função do tipo de atratividade de cada um deles, indo desde segunda
residência até negócios. Entretanto, todos têm em comum a necessidade de
uma grande estruturação, tanto em termos de estrutura física e
desenvolvimento de atrativos, quanto em termos de organização
estratégica. As áreas que englobam este nível de desenvolvimento são:
municípios do Agreste 1 (Caruaru, Gravatá, Garanhuns, Bezerros,Bonito,
Brejo da Madre de Deus) e Petrolina. (PERNAMBUCO, 2008, p.09).
Tabela 02: Investimentos por polo e por setor, até 2020 (em R$ milhões)
Fonte: Pernambuco, (2008).
Distritos Povoados
Sede Areias
Boas Novas Jurema
Sapucarana Poção
Cajazeiras Varzinha
Sítio dos Remédios
Serra Negra
Encruzilhada de São João
Setor Finalidade
O Distrito de Serra Negra destaca-se dos demais por ter uma vocação
turística, devido ao patrimônio ambiental e paisagístico representativo do seu
entorno (figuras 13 e 14). Localizado a 10 km da Sede, numa altitude aproximada de
960 m, é uma região montanhosa do Planalto da Borborema, com deslumbrantes
paisagens típicas do Agreste e do ecossistema brejo de altitude, cercada de floresta
tropical com vestígios de Mata Atlântica, onde se encontram espécies raras de fauna
e flora. É nele que está a nascente do riacho Cacimba do Gato.
A Caverna do Deda é um dos locais mais visitados em Serra Negra. Tem seu
nome originário de uma homenagem ao já falecido herdeiro Major Manuel
Laurentino que adquiriu as terras nos meados do século XVII, para o cultivo do café
e da Banana. Na década de 80, o local já recebia pessoas que tomavam banho de
açude, além de apreciarem a beleza cênica do local. A gruta, na realidade um
grande afloramento em rocha cristalina, destaca-se por seu mirante localizado em
um dos pontos mais altos de Serra Negra, com cerca de 960m de altitude e de
aproximadamente 400m de altura em relação à cidade de Bezerros.
A vegetação e marcada por trechos de mata de altitude, árvores e arbustos
espaçados, ocorrendo ainda vegetação rasteira, cactáceas e bromélias. No entorno
da serra aparecem longos trechos de caatinga arbustiva complementando o
interessante atrativo da Gruta do Deda, que é formada por superposições de rochas
graníticas, apresentando formação estreita e alongada, com vários pequenos blocos
de rochas no interior. (www.laurentur.com.br. Acesso em 20 ago.2010.). Sua largura
é de aproximadamente 5 metros e sua extensão de 25metros. A abertura que lhe
acessa conta com aproximadamente 1metro de altura chegando a 7 metros em seu
interior. Na caverna localizada abaixo do bloco rochoso que dá origem ao mirante, é
possível, por exemplo, praticar esportes de aventura, como o rapel. Por se tratar de
um brejo de altitude em transição a Serra Negra tem um clima ameno sendo
registradas temperaturas de nove graus.
A região apresenta-se como importante trilha do turismo ecológico, possuindo
grutas, cavernas, mirantes e um rico potencial hídrico, com açudes e fontes de água
cristalina. O povoado também é objeto de estudo para a implementação do turismo
rural cooperativo, atividade já desenvolvida por algumas famílias do local. No
entanto, nesses aglomerados ressalta-se a inadequação de infraestrutura,
“requerendo estas áreas investimentos, principalmente, de saneamento ambiental e
de mobilidade e o ordenamento dos processos de transformações e ocupações de
modo a evitar inadequações infra-estruturais e ambientais”. (PLANO DE
DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE BEZERROS, 2006).
Tal cenário pode ser exemplificado com a visitação descontrolada, a
ocupação por habitações muitas vezes não licenciadas, edificações de hotéis e
pousadas, e a extração predatória de recursos naturais para fins comerciais. Some-
se a isso o fato de que Serra Negra apresenta, também, forte ação antrópica para
fins agrícolas.
84
4 Metodologia
Questões da pesquisa
O que é necessário para que a comunidade de Serra Negra possa se beneficiar com as práticas do
turismo?
Em sua opinião, o turismo ora desenvolvido em Serra Negra, enquadra-se como turismo
sustentável? Por quê?
Questões da pesquisa
O Sr (a) acha que o distrito de Serra Negra está preparado estruturalmente para receber turistas e
visitantes permanentemente? O que o Sr(a) destaca em termos de infra estrutura local concebida
para uso turístico?
Em sua opinião o que Serra Negra apresenta de atrativos ao visitante?
O que é necessário para que a comunidade de Serra Negra possa se beneficiar com as práticas do
turismo?
Cite as ações desenvolvidas pela Prefeitura de Bezerros focadas no distrito de Serra Negra que
estão diretamente ligadas ao turismo.
Quais ações foram desenvolvidas pela Prefeitura de Bezerros com vistas à sensibilização da
comunidade em relação à atividade turística?
Em sua opinião, o turismo ora desenvolvido em Serra Negra, enquadra-se como turismo
sustentável? Por quê?
Quadro 11: Perguntas direcionadas ao grupo B: esfera pública do município de Bezerros /PE.
Como o Sr (a) analisa o uso de Serra Negra com a finalidade turística? Sustentabilidade
econômica, ambiental,
sociocultural e político
institucional
O Sr (a) acha que o distrito de Serra Negra está preparado Sustentabilidade
econômica, ambiental,
estruturalmente para receber turistas e visitantes permanentemente? O
e político institucional
que o Sr(a) destaca em termos de infra estrutura local concebida para
uso turístico?
Em sua opinião o que Serra Negra apresenta de atrativos ao visitante? Sustentabilidade
sociocultural e
ambiental
O que é necessário para que a comunidade de Serra Negra possa se Sustentabilidade
político institucional,
beneficiar com as práticas do turismo?
sociocultural
Quais ações foram desenvolvidas pela Prefeitura de Bezerros com vistas Sustentabilidade
político institucional e
à sensibilização da comunidade em relação à atividade turística?
sociocultural
O turismo passa a fazer parte desta relação devido ao fato de ser uma
atividade que tem como matéria-prima os espaços com seus diferentes
ambientes, ou seja, os destinos que são visitados sejam estes naturais,
culturais ou transformados. Os ambientes naturais são aqueles com
ecossistemas ainda íntegros ou pouco alterados. Já os ambientes culturais
envolvem a cultura em seu sentido mais amplo, desde o patrimônio histórico
até as crenças e valores da sociedade. E o ambiente transformado trata-se
de espaços alterados pelo homem para que ele possa desenvolver as suas
diversas atividades, como por exemplo as plantações utilizadas pela
agricultura, as construções existentes nas cidades, dentre outras.
(GONDIM, 2004, p.25)
[...] o turismo alternativo pode ser definido como formas de turismo que
demonstram ser coerentes com os valores natural, social e comunitário e
que permitem que tanto hospedeiros quanto hóspedes desfrutem uma
interação positiva e conveniente, e que compartilhem experiências.
caso não ocorra uma boa gestão com vistas à mitigação dos efeitos negativos
atrelados à atividade.
Todavia, existe paralelamente um reconhecimento generalizado sobre o
potencial papel do turismo na mitigação da pobreza, proporcionando fontes de
rendimento às comunidades mais necessitadas.
Em contrapartida aos efeitos negativos do turismo, podem ser elencados
diversos aspectos positivos da atividade, sendo estes demonstrados na figura
abaixo:
próprias necessidades.
Indo mais além, o mesmo autor tece comentários acerca dos benefícios
advindos com a execução do turismo sustentável.
próprios moradores de Serra Negra que atuam como condutores locais, recebendo
os visitantes e inserindo-os dentro do contexto do Distrito. Os mandamentos do
Ecoturismo são divulgados inclusive no início das atividades de reconhecimento do
local (http://www.ibimm.org.br/ecoturismo_6.html, acesso em 08 out.2010.)
Da natureza nada se tira a não ser fotos; nada se deixa a não ser pegadas;
nada se leva a não ser recordações; andar em silêncio e em grupos
pequenos e respeitar a distância dos animais, evitando gerar stress).
Figura 18: Aula no Auditório Ecológico de Serra Negra para alunos de Turismo da
UFPE.
Fonte: a autora (2010)
No que diz respeito aos resíduos sólidos a coleta de lixo no Distrito acontece
de forma quinzenal através de um caminhão que vem da sede do município para
recolher os resíduos. Na ocorrência de eventos no local, a coleta passa a ter um
menor hiato de tempo dada a grande quantidade de lixo acumulada. Não existe
coleta seletiva, assim todo o material é depositado em sacos plásticos sem uma
devida separação do que poderia ser encaminhado para aproveitamento e
reciclagem.
No quesito saneamento básico, parte das residências não possui saneamento
adequado. A água utilizada para banho é proveniente de um riacho e em períodos
de seca, as casas que não possuem cisternas ficam dependentes da ação da
Prefeitura para que haja o abastecimento.
109
Art. 77: Delimita Serra Negra como Zona Especial (ZESN) do território do município
As Zonas Especiais compreendem áreas do território que exigem tratamento
especial na definição de parâmetros reguladores de usos e ocupação do solo,
sobrepondo-se ao zoneamento;
Art. 113: Deverão ser aplicados na Zona Especial de Serra Negra – ZESN,
principalmente, os seguintes instrumentos:
I. Planos de manejo;
II. Planos de gestão;
III. Estudo de impacto de ambiental;
IV. Outorga Onerosa do Direito de Construir;
V. Operação Urbana Consorciada.
5.6 Resultados
Pergunta 01: Em sua opinião o que é turismo? (pergunta realizada aos dois
grupos)
“O povo”
“O auditório ecológico e as trilhas”
“Todos os mirantes, o clima e a vegetação. Quem vem para cá volta sempre”
“A temperatura, as festas, e o povo”;
“As belezas naturais chamam a atenção de quem vem. Tem gente que chega
e não quer voltar pra cidade grande”;
“A cidade é muito calma e as pessoas sabem receber bem”;
“A natureza é o maior atrativo que temos e a preocupação em mantermos os
exemplares intocáveis é ação constante. Não queremos que Serra Negra se
transforme em Gravatá”.
Pergunta 07: Como o Sr (a) analisa o uso de Serra Negra com a finalidade
turística? (Pergunta realizada aos dois grupos).
Pergunta 09: O Sr (a) acha que o distrito de Serra Negra está preparado
estruturalmente para receber turistas e visitantes permanentemente? (Grupo
A: comunidade do distrito de Serra Negra/PE).
As respostas recebidas são transcritas abaixo:
Pergunta 09: O Sr (a) acha que o distrito de Serra Negra está preparado
estruturalmente para receber turistas e visitantes permanentemente? O que o
Sr(a) destaca em termos de infra estrutura local concebida para uso turístico?
(Grupo B: Esfera pública governantes do município de Bezerros /PE)
Pergunta 10: O que fez o senhor decidir trabalhar com turismo? (Grupo A:
comunidade do distrito de Serra Negra/PE).
126
Àqueles que não possuem o próprio negócio, porém trabalham com turismo,
destacaram em suas respostas a oportunidade de emprego surgida com a
inauguração de diferentes meios de hospedagem e do Centro Cultural de
Serra Negra.
6 Recomendações e conclusões
Quando se fala em atores sociais, é importante ter em mente que todos têm
seus próprios interesses e somente irão engajar-se em um projeto coletivo
se houver um benefício. [...] Mudar essa visão de negócio turístico é uma
obrigação e deve estar em qualquer oportunidade de trabalho de que todos
os interessados estejam participando ao mesmo tempo e num mesmo lugar
(MIELKE, 2009, p.38).
REFERÊNCIAS
BENI, M.C. Política e planejamento do turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006.
______. Análise Estrutural do Turismo. 12. ed. São Paulo: Editora SENAC,2007.
FERRAZ, J.A. Regime jurídico do turismo. In: LAGE, B.H.G.; MILONE, P.C. (Org.)
Turismo: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
GIL. A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
139
LAVILLE, C.; DIONE, J. A Construção do Saber. Porto Alegre: Artes Médicas Sul
Ltda., 1999.
______. Disponível
em:<http://www.pnud.org.br/odm/reportagens/index.php?id01=3261&lay=odm.>
Acesso em: 24 set.2010.
http://www3.uma.pt/Unidades/DGE/index_ficheiros/Mestrado_ficheiros/Teses.htm.
>. Acesso em 06 set.2010.
WWF – BRASIL. Turismo responsável: manual para políticas locais. Brasília: WWF
Brasil, 2004.