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Mercadante: Educação impõe nova

derrota ao negacionismo no MEC


Em artigo, o ex-ministro da Educação comenta a reação da comunidade acadêmica aos esbirros do
MEC, que tentou baixar norma ignorando a pandemia para exigir a volta das aulas presenciais.
“Enquanto a vacinação em massa não é uma realidade, a retomada da vida acadêmica universitária deve
ser precedida de uma análise técnica rigorosa de cada localidade, pela dimensão continental do Brasil, e
respeitar todos os protocolos e orientações das autoridades sanitárias”, aponta
02/12/2020 18h12

Divulgação

Mercadante: "Medidas obscurantistas, que podem colocar em risco a comunidade universitária, devem ser rechaçadas e submetidas
à luz da ciência e do conhecimento"

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Aloizio Mercadante

O obscurantismo e negacionismo da ciência baseada em evidências científicas, marcas registradas do governo Bolsonaro, voltaram a
bater à porta do Ministério da Educação. Em decisão temerária e unilateral, o ministro Milton Ribeiro determinou o retorno às aulas
presenciais em universidades federais a partir de 4 de janeiro de 2021. A medida também acabava com a possiblidade de aulas
online, mantendo essa modalidade apenas para complementação de horas necessárias à formação.
Felizmente, novamente após forte pressão da comunidade acadêmica, da sociedade civil organizada e de educadores, o MEC recuou
e informa que irá revogar a medida. Além disso, em entrevista à jornalista Basília Rodrigues, o ministro disse que abrirá uma
consulta pública para “ouvir o mundo acadêmico antes de tomar nova decisão”.
É verdade que estamos próximos a possibilidade real do registro de uma vacina contra a Covid-19, apesar do total falta de
planejamento, de racionalidade e de coordenação do Ministério da Saúde, que entre outras barbaridades, segue tentando vetar a
possibilidade de uso da vacina chinesa. Também é verdade que os casos de Covid-19 voltaram a crescer fortemente em alguns
estados e regiões, inclusive com relatos de faltas de leitos e de estruturas hospitalares para amparar todos os enfermos.
Por isso, enquanto a vacinação em massa não é uma realidade, a retomada da vida acadêmica universitária deve ser precedida de uma
análise técnica rigorosa de cada localidade, pela dimensão continental do Brasil, e respeitar todos os protocolos e orientações das
autoridades sanitárias, tais como: o respeito ao distanciamento social, o uso de máscaras e álcool em gel, entre outros. Neste
momento, é imprescindível que o valor da vida seja colocado acima de qualquer outro interesse e que todos trabalhemos para reduzir
ao máximo os impactos do novo coronavírus na vida de todos nós.
Medidas obscurantistas, que podem colocar em risco a comunidade universitária, devem ser rechaçadas e submetidas à luz da ciência
e do conhecimento. Com esse novo recuo, a educação impõe outra vez uma nova derrota ao negacionismo no MEC.

Ex-ministro da Educação (Governo Dilma Rousseff) e presidente da Fundação Perseu Abramo.

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