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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO - 2016

Direito Civil - Aulas 1 e 2


Luciano Figueiredo

Pessoa Física, Natural ou de Existência Visível


Tema II c) TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL
(ou condicionalista).
Material para o Curso Módulo Básico dos Tribunais.
Elaboração: Luciano L. Figueiredo1. Qual a teoria?

1. Personalidade Jurídica. 2.4 Direitos Conferidos ao Nascituro.

Personalidade Jurídica  Sujeito de Direitos  a) o nascituro é titular de direitos personalíssimos


Pessoa Física e Pessoa Jurídica (como o direito à vida e direitos da personalidade,
proteção pré-natal).
2. Pessoa Natural, Física ou de Existência Visí-
vel. b) pode receber doação aceita pelo seu represen-
tante (curador);
Ente dotado de estrutura, complexidade biopsicoló-
gica. Não mais é o ente biologicamente criado, pois Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo
há métodos artificiais de criação. aceita pelo seu representante legal.

2.1 Aquisição da Personalidade Jurídica pela c) pode ser beneficiado por herança
Pessoa Natural.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nas-
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do cidas ou já concebidas no momento da abertura da
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde sucessão.
a concepção, os direitos do nascituro.
d) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos
Personalidade da Pessoa Física  Requisitos  seus interesses (art. 1779 do CC);
Nascimento + Vida
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai
# Exame da Docimasia Hidrostática de Galeno – falecer estando grávida a mulher, e não tendo o
Parâmetro do ingresso de ar nos pulmões. poder familiar.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu
2.2 Nascituro. curador será o do nascituro.

É aquele já concebido e ainda não nascido, dotado e) O STJ já deferiu danos morais ao nascituro em
de vida intrauterina. mais de uma oportunidade:

2.3 Teorias sobre a Aquisição da Personalidade 1. STJ/ 4 Turma/ Resp 399028/SP/ Rel Min Sálvio
Jurídica. de Figueiredo/ Data: 26.02.02:

a) TEORIA NATALISTA (ou negativista) “DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE.


ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA.
b) TEORIA CONCEPCIONISTA AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO.
PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA
QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDEN-
1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo Advo- TES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DA-
NOS MORAIS. DOUTRINA.
cacia e Consultoria. Graduado em Direito pela Univer-
ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA.
sidade Salvador (UNIFACS). Especialista (Pós- POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE
Graduado) em Direito do Estado pela Universidade PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma,
Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Direito Privado o direito à indenização por dano moral não desapa-
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor rece com o decurso de tempo (desde que não
transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser
de Direito Civil. Palestrante. Autor de Artigos Científi- considerado na fixação do quantum. II - O nascituro
cos e Livros Jurídicos. Instagram: também tem direito aos danos morais pela morte do
@lucianolimafigueiredo. Periscope: pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em
@lucianofigueiredo. Fan Page: Luciano Lima Figueire- vida tem influência na fixação do quantum.
III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja
do. Twitter: @civilfigueiredo.
fixado desde logo, inclusive nesta instância, bus-

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cando dar solução definitiva ao caso e evitando


inconvenientes e retardamento da solução jurisdici- RECURSO ESPECIAL. DIREITO SECURITÁRIO.
onal.”(STJ, QUARTATURMA, RESP 399028 / SP ; SEGURO DPVAT. ATROPELAMENTO
RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, Ministro DE MULHER GRÁVIDA.MORTE DO FETO. DIREI-
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Julg. TO À INDENIZAÇÃO.
26/02/2002, DJ 15.04.2002 p.00232) INTERPRETAÇÃO DA LEI Nº 6194/74.
1 - Atropelamento de mulher grávida, quando trafe-
2. STJ / 3 Turma / RESP: 9315566/RS / Rel Min gava de bicicleta por via pública, acarretando a mor-
Nancy Andrighi / 17/06/2008: te do feto quatro dias depois com trinta e cinco se-
manas de gestação.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRA- 2 - Reconhecimento do direito dos pais de recebe-
BALHO. MORTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MO- rem a indenização por danos pessoais, prevista na
RAL. FILHO NASCITURO. FIXAÇÃO DO QUAN- legislação regulamentadora do seguro DPVAT, em
TUM INDENIZATÓRIO. DIES A QUO. CORREÇÃO face da morte do feto.
MONETÁRIA. DATA DA FIXAÇÃO PELO JUIZ. 3 - Proteção conferida pelo sistema jurídico à vida
JUROS DE MORA. DATA DO EVENTO DANOSO. intra-uterina, desde a concepção, com fundamento
PROCESSO CIVIL. JUNTADA DE DOCUMENTO no princípio da dignidade da pessoa humana.
NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE, DESDE 4 - Interpretação sistemático-teleológica do conceito
QUE NÃO CONFIGURDA A MÁ-FÉ DA PARTE E de danos pessoais previsto na Lei nº 6.194/74 (arts.
OPORTUNIZADO O CONTRADITÓRIO. ANULA- 3º e 4º).
ÇÃO DO PROCESSO. INEXISTÊNCIA DE DANO. 5 - Recurso especial provido, vencido o relator, jul-
DESNECESSIDADE. gando-se procedente o pedido.
- Impossível admitir-se a redução do valor fixado a
título de compensação por danos morais em rela- g) Questão da Estabilidade da Gestante.
ção ao nascituro, em comparação com outros filhos
do de cujus, já nascidos na ocasião do evento mor- Súmula 244, TST - I - O desconhecimento do es-
te, porquanto o fundamento da compensação é a tado gravídico pelo empregador não afasta o direito
existência de um sofrimento impossível de ser quan- ao pagamento da indenização decorrente da estabi-
tificado com precisão. lidade (art. 10, II, "b" do ADCT). II - A garantia de
- Embora sejam muitos os fatores a considerar para emprego à gestante só autoriza a reintegração se
a fixação da satisfação compensatória por danos esta se der durante o período de estabilidade. Do
morais, é principalmente com base na gravidade da contrário, a garantia restringe-se aos salários e
lesão que o juiz fixa o valor da reparação. demais direitos correspondentes ao período de
- É devida correção monetária sobre o valor da in- estabilidade. III - A empregada gestante tem direito
denização por dano moral fixado a partir da data do à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II,
arbitramento. Precedentes. alínea ?b?, do Ato das Disposições Constitucionais
- Os juros moratórios, em se tratando de acidente Transitórias, mesmo na hipótese de admissão me-
de trabalho, estão sujeitos ao regime da responsabi- diante contrato por tempo determinado.
lidade extracontratual, aplicando-se, portanto, a
Súmula nº 54 da Corte, contabilizando-os a partir da Obs.: E o Natimorto?
data do evento danoso. Precedentes
- É possível a apresentação de provas documentais Enunciado 01 (Jornadas de Direito Civil – CJF):
na apelação, desde que não fique configurada a “Art. 2º. A proteção que o Código defere ao nascitu-
má-fé da parte e seja observado o contraditório. ro alcança o natimorto no que concerne aos direitos
Precedentes. da personalidade, tais como nome, imagem e sepul-
- A sistemática do processo civil é regida pelo prin- tura”.
cípio da instrumentalidade das formas, devendo ser
reputados válidos os atos que cumpram a sua finali- 3. Capacidade Civil.
dade essencial, sem que acarretem prejuízos aos
litigantes. É a medida jurídica da personalidade.
Recurso especial dos autores parcialmente conhe-
cido e, nesta parte, provido. Recurso especial da ré 3.1 Capacidade de Direito ou de Gozo ou Jurídi-
não conhecido. ca.

f) A morte do nascituro gera pagamento de seguro Art. 1º do CC: Toda pessoa é capaz de direitos e
DPVAT. (REsp 1120676 / SC. Rel. Min. Ministro deveres na ordem civil.
MASSAMI UYEDA. Terceira Turma. Julgado:
07/12/2010) 3.2 Capacidade de Fato, Exercício ou Ação.

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# Capacidade Plena ou Capacidade Jurídica Geral – 4.1 Incapacidade Absoluta.


Soma das duas capacidades anteriores.
Cuidado! Novidade por conta da Lei 13.146/15 (Es-
# Legitimação: tatuto da Pessoa com Deficiência – EPD).

Ex.: Venda de Ascendente para Descendente – art. Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer
496 do CC/02: pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a des- I – (Revogado);
cendente, salvo se os outros descendentes e o côn- II – (Revogado);
juge do alienante expressamente houverem consen- III – (Revogado).
tido.
Absolutamente incapazes São REPRESENTADOS.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se
o consentimento do cônjuge se o regime de bens for 4.2 Incapacidade Relativa.
o da separação obrigatória.
Cuidado! Novidade por conta da Lei 13.146/15 (Es-
Anulável em qual prazo? tatuto da Pessoa com Deficiência – EPD).

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos ou
é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a à maneira de os exercer:
anulação, será este de dois anos, a contar da data I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito
da conclusão do ato. anos;

II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
Na hora da prova? III – aqueles que, por causa transitória ou perma-
nente, não puderem exprimir sua vontade;
(TRT. 11R. 2012. FCC) Mário é solteiro, possui três IV - os pródigos.
filhos maiores e uma neta também maior. Mário Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será
pretende vender uma de suas casas de praia para regulada por legislação especial.
sua neta. Neste caso, Mário:
# E como fica a situação do surdo-mudo incapaz de
a) Poderá celebrar o contrato com sua neta, mas manifestar vontade?
precisará do consentimento de seus filhos, a exce-
ção do pai da menina. # A senilidade (idosos) significa a incapacidade?
b) Poderá celebrar o contrato de compra e venda
com sua neta, mas precisará do consentimento de Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de
todos os seus filhos. bens no casamento:
c) Poderá celebrar o contrato com sua neta, inde- I - das pessoas que o contraírem com inobservância
pendentemente do consentimento de seus filhos. das causas supensivas da celebração do casamen-
d) Não poderá celebrar o contrato com sua neta, to;
independentemente do consentimento de seus fi- II - da pessoa maior de setenta anos;
lhos, por expressa vedação legal. III - de todos os que dependerem, para casar, de
e) Poderá celebrar o contrato de compra e venda suprimento judicial.
com sua neta, mas precisará apenas do consenti-
mento do pai da menina. Relativamente incapazes são ASSISTIDOS.

Resposta: b. Na hora da prova?

4. Teoria das Incapacidades. (FCC - 2013 - TRT - 18ª Região (GO) - Analista
Judiciário).
Mitigação à capacidade de ação, não interferindo na De acordo com o Código Civil, os menores de de-
jurídica. Pode decorrer: zesseis anos
a) possuem personalidade civil e os direitos que
a) Objetivo ou Cronológico  Idade (18 anos) dela decorrem, mas são absolutamente incapazes e
não podem exercer pessoalmente os atos da vida
b) Subjetivo  Psíquico (Patologia + Decisão Judi- civil.
cial)

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b) possuem personalidade civil, os direitos que dela lesões, consideráveis padecimentos morais, têm
decorrem e plena capacidade para exercer pesso- direito a reparação. Isso não se exclui em razão de
almente os atos da vida civil. o ofendido também pleitear indenização a esse títu-
c) não possuem personalidade civil. lo.
d) possuem personalidade civil, mas não os direitos Responsabilidade civil. Pais. Menor emancipado. A
que dela decorrem. emancipação por outorga dos pais não exclui, por si
e) possuem personalidade civil, os direitos que dela só, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos do
decorrem e capacidade relativa para exercer pesso- filho.
almente os atos da vida civil. (Resp 122.573/PR / Min. Rel Eduardo Ribeiro / 3
Resposta: a Turma / 23/06/1998)

5. Emancipação. O tema ganhou enunciado do CJF (E. 41):

É a antecipação da cessação da incapacidade. O E.41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá
ato de emancipação é irrevogável e irretratável. haver responsabilidade solidária do menor de 18
Pode ser (art 5, Parágrafo Único do CC): anos com seus pais é ter sido emancipado nos ter-
mos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Códi-
a) Voluntária go Civil.
b) Judicial
c) Legal 5.2 Judicial (art. 5º, parágrafo único, I, segunda
parte, CC).
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a inca-
pacidade: 5.3 Legal (art. 5º, parágrafo único, II e ss. do CC).
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta
do outro, mediante instrumento público, indepen- Hipóteses:
dentemente de homologação judicial, ou por sen-
tença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver de- a) PELO CASAMENTO (art. 5º, parágrafo único, II,
zesseis anos completos; CC).
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo; A separação e o divorcio posterior ao casamento
IV - pela colação de grau em curso de ensino supe- levam à “queda” da emancipação?
rior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela b) EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO
existência de relação de emprego, desde que, em (art. 5º, parágrafo único, III, CC):
função deles, o menor com dezesseis anos comple-
tos tenha economia própria. Emprego e cargo público ou apenas emprego?

5.1 Voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, primeira c) COLAÇÃO DE GRAU DE ENSINO SUPERIOR
parte, CC). (art. 5º, parágrafo único, IV, CC)

a) Se a mãe for separada do pai, e detém a guarda, d) O ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL,


ela poderá sozinha conceder a emancipação (ou OU A EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO,
vice-versa)? DESDE QUE, EM FUNÇÃO DELES, O MENOR
COM DEZESSEIS ANOS COMPLETOS TENHA
b) Se houver conflito na decisão dos pais? ECONOMIA PRÓPRIA (art. 5º, parágrafo único, V,
CC).
c) A emancipação voluntária é ato irrevogável, mas
os pais podem ser responsabilizados pelos danos 6. Extinção da Pessoa Física ou Natural.
causados pelo emancipado?
Termina a existência da pessoa natural com a mor-
Resp 122.573/PR / Min. Rel Eduardo Ribeiro / 3 te, a qual, para o direito, pode ser:
Turma / 23/06/1998:
a) Real
Suspensão do processo.Justifica-se sustar o curso b) Presumida
do processo civil, para aguardar o desfecho do pro-  Com procedimento de ausência
cesso criminal, se a defesa se funda na alegação de  Sem procedimento de ausência
legítima defesa, admissível em tese. Dano moral.
Resultando para os pais, de quem sofreu graves 6.1 Morte Real.

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Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens


6.2 Morte presumida (Morte presumida = morte do ausente, ou, se ele deixou representante ou pro-
civil (para alguns) = ficta mortis). curador, em se passando três anos, poderão os
interessados requerer que se declare a ausência e
6.2.1 Morte presumida sem declaração de au- se abra provisoriamente a sucessão.
sência.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da
Art. 7° - Pode ser declarada a morte presumida, sucessão provisória só produzirá efeito cento e oi-
sem decretação de ausência: tenta dias depois de publicada pela imprensa; mas,
I – se for extremamente provável a morte de quem logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertu-
estava em perigo de vida; ra do testamento, se houver, e ao inventário e parti-
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito lha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não
término da guerra. havendo interessados na sucessão provisória, cum-
pre ao Ministério Público requerê-la ao juízo compe-
Parágrafo único – A declaração de morte presumi- tente.
da, nesses casos, somente poderá ser requerida § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado
depois de esgotadas as buscas e averiguações, para requerer o inventário até trinta dias depois de
devendo a sentença fixar a data provável do faleci- passar em julgado a sentença que mandar abrir a
mento. sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação
dos bens do ausente pela forma estabelecida nos
6.2.2 Com Procedimento de Ausência (art. 6, CC / arts. 1.819 a 1.823.
art. 22 a 39).
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior,
A ausência passa por três fases para ser declarada somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
 1º FASE – CURADORIA DE BENS DO II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamen-
AUSENTE tários;
III - os que tiverem sobreos bens do ausente direito
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicí- dependente de sua morte;
lio sem dela haver notícia, se não houver deixado IV - os credores de obrigações vencidas e não pa-
representante ou procurador a quem caiba adminis- gas.
trar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos
ausência, e nomear-lhe-á curador. bens do ausente, darão garantias da restituição
deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se no- aos quinhões respectivos.
meará curador, quando o ausente deixar mandatário
que não queira ou não possa exercer ou continuar o § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas
mandato, ou se os seus poderes forem insuficien- não puder prestar a garantia exigida neste artigo,
tes. será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam
caber sob a administração do curador, ou de outro
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
esteja separado judicialmente, ou de fato por mais garantia.
de dois anos antes da declaração da ausência, será
o seu legítimo curador. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge,
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do uma vez provada a sua qualidade de herdeiros,
ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, poderão, independentemente de garantia, entrar na
nesta ordem, não havendo impedimento que os posse dos bens do ausente.
iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos pre- Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alie-
cedem os mais remotos. nar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar,
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
ao juiz a escolha do curador.
 3º FASE – SUCESSÃO DEFINITIVA
 2º FASE – SUCESSÃO PROVISÓRIA
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a
sentença que concede a abertura da sucessão pro-

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visória, poderão os interessados requerer a suces-


são definitiva e o levantamento das cauções presta- c) cinco anos depois do transito em julgado da deci-
das. são que declarou a ausência, independentemente
de sucessão provisória.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva,
também, provando-se que o ausente conta oitenta d) sete anos depois do transito em julgado da deci-
anos de idade, e que de cinco datam as últimas são que declarou a ausência, independentemente
notícias dele. de sucessão provisória.

> Transmissão dos bens em caráter definitivo e) dez anos após o transito em julgado da decisão
que concedeu a abertura da sucessão provisória.
E se o ausente retornar?
Resposta: e

Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a 6.3 Comoriência .


existência, depois de estabelecida a posse provisó-
ria, cessarão para logo as vantagens dos sucesso- Art. 8. – Se dois ou mais indivíduos falecerem na
res nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a to- mesma ocasião, não se podendo averiguar se al-
mar as medidas assecuratórias precisas, até a en- gum dos comorientes precedeu aos outros, presu-
trega dos bens a seu dono. mir-se-ão simultaneamente mortos.

Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos se- Casal morre na mesma hora em acidentes diferen-
guintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum tes.
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou Dois jovens namorados do noroeste da Itália morre-
estes haverão só os bens existentes no estado em ram neste fim de semana em dois acidentes de
que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o trânsito diferentes ocorridos na mesma hora, de
preço que os herdeiros e demais interessados hou- acordo com os meios de comunicação locais.
verem recebido pelos bens alienados depois daque- Mauro Monucci, 29 anos, morreu por volta da meia-
le tempo. noite de sábado quando sua moto, de altacilindrada,
chocou-se contra um poste em um cruzamento nos
arredores do Palácio dos Esportes de Forli. O jovem
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere morreu quando era levado numa ambulância ao
este artigo, o ausente não regressar, e nenhum hospital, segundo a edição digital do jornal La Re-
interessado promover a sucessão definitiva, os bens pubblica.
arrecadados passarão ao domínio do Praticamente ao mesmo tempo, o carro de sua na-
Município ou do Distrito Federal, se localizados nas morada, Simona Acciai, 27 anos, saiu da estrada
respectivas circunscrições, incorporando-se ao do- em uma área periférica da cidade e caiu em um
mínio da União, quando situados em território fede- fosso. Simona morreu na hora.
ral. Os telefonemas para os serviços de emergência
para alertar sobre os dois acidentes foram feitos
Como fica o casamento do ausente? com poucos minutos de diferença, mas as autorida-
des só perceberam que as vítimas eram um casal
Na hora da prova? ao verificar em seus documentos que os dois tinham
o mesmo endereço.
(TRT. 11R. 2012. FCC). Berílio, cinquenta anos de Frente ao caso inusitado, a magistratura local orde-
idade, desapareceu de seu domicílio, sem deixar nou a realização de autópsias nos dois corpos.
notícias do seu paradeiro e nem procurador para EFE
administrar seus bens. Foi declarada sua ausência Agência Efe - Todos os direitos reservados. É proi-
e nomeado curado regular através de processo bido todo tipo de reprodução sem autorização escri-
regular requerido por sua esposa. Neste caso os ta
interessados poderão requere a sucessão definitiva: da Agência Efe S/A.
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI9847
a) após o transito em julgado da decisão que decla- 67-EI294,00.html
rou a ausência de Berílio e nomeou seu curador.

b) Três anos depois de passado em julgado a deci-


são que concedeu a abertura da sucessão provisó-
ria.

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