– ILHA DO FOGO-
PLANO DIRECTOR MUNICIPAL
- RELATÓRIO-
Novembro de 2011
Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Índice
I. Apresentação ................................................................................................................................... 3
II. Enquadramento............................................................................................................................... 4
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
I. Apresentação
O presente relatório diz respeito ao Plano Director Municipal de São Filipe, adiante
designado por plano ou PDM. Efectivamente, trata-se de um dos elementos que
acompanham o plano, de acordo com o nº 1 do Artº 104º do Decreto-Lei nº
43/2010, de 27 de Setembro e que, por força do mesmo articulado, deve
fundamentar as soluções adoptadas, incluindo os estudos de caracterização do
território municipal.
Deste modo, pretende-se que este relatório seja um documento que explicite de
forma inequívoca e sintética as principais opções do PDM de São Filipe, que se
baseiam em conteúdos de âmbito estratégico, ou melhor, de estratégia territorial.
Neste contexto, o relatório fundamenta as opções nos diversos sistemas
territoriais (essencialmente os que se referem ao espaço urbano e rural, às redes,
infra-estruturas e equipamentos, às estruturas naturais e ambientais e aos
sistemas produtivos) numa leitura que assenta na matriz estratégica de
desenvolvimento social, económico e ambiental para o município.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
II. Enquadramento
O Plano Director Municipal está definido na BASE XIII do Decreto-Legislativo nº 1/2006 de
13 de Fevereiro que aprova as Bases do Ordenamento do Território e Planeamento
Urbanístico e que foi alterada pelo Decreto-Legislativo nº 6/2010 de 21 de Junho e que
simultaneamente revoga a Lei nº 85/IV/93 de 16 de Julho que aprova as bases do
ordenamento do território e planeamento urbanístico. A sua regulamentação é definida
pelo Decreto-Lei nº 43/2010, de 27 de Setembro.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
A Ilha do Fogo foi a segunda Ilha de Cabo Verde a ser povoada. O seu povoamento foi
motivado pelas necessidades agrícolas (de aumentar as áreas de cultivo), principalmente,
e de criação de gado da Ilha de Santiago, com vista a servir o comércio internacional. A
Ilha foi povoada essencialmente com pessoas oriundas de Santiago.
O primeiro centro urbano terá sido o de São de Filipe, por ter acesso ao mar, e os
restantes centros populacionais terão ficado situados nos terrenos favoráveis à agro-
pecuária, portanto a uma cota elevada, já que o litoral da ilha sempre foi árido.
Segundo Sena Barcelos, em 1533, a ocupação humana do Fogo com escravos negros
era bastante pronunciada, o que não custa aceitar já que o cultivo extensivo do algodão,
antes introduzido, deveria exigir a utilização de muita mão-de-obra escrava.
Porém, por volta de 1572, S. Filipe tinha cerca de 200 fogos, e S. Lourenço à volta de 90
fogos, contabilizando um total de 2600 almas, tomando em conta que em cada um dos
fogos ou agregado familiar podiam existir em média 9 pessoas.
O algodão terá sido introduzido nos primeiros anos do século XVI, portanto o primeiro e
principal produto agrícola destinado à exportação, ao qual se juntaram, nos séculos
subsequentes, a vinha, cana-de-açúcar, tabaco e café, para além de muito milho, feijão
de diversos tipos, legumes vários e frutas diversificadas.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
O café foi introduzido a partir do século XIX. Outras culturas de natureza industrial e com
peso na economia da ilha foram a “purgueira”, o rícino, o amendoim e o “carapate”. A
“purgueira” dominava toda a zona desde o nível do mar até 1500 m de altitude, e o óleo
dela extraído era exportado e usado na iluminação da cidade de Lisboa ou no fabrico do
sabão de terra muito utilizado no consumo local e exportado para a Guiné.
A pecuária também foi uma actividade de destaque, pois a ilha chegou a exportar animais
vivos, muito couro e peles de cabras.
Conclui-se então que o município de São Filipe possui uma identidade própria, que se
formou ao longo do seu percurso histórico, por um processo de povoamento e ocupação
de terrenos.
No concernente aos usos dominantes do solo, verifica-se que os rurais coincidem com as
áreas mais propícias para a agricultura (actividade com forte influencia na fixação de
populações rurais) enquanto que as áreas mais densamente povoadas e urbanas
coincidem com as áreas que apresentam melhores condições orográficas de
acessibilidade.
A utilização dos solos para fins urbanos é predominantemente misto e não respeita a um
modelo com zonamento bem definido, Verifica-se uma mistura de usos residencial,
comercial, serviços, hoteleiros, espaços verdes e de lazer. A componente residencial é
predominante em todo o espaço urbano.
Nesse andar pouco propício para a prática da agricultura de sequeiro, aparecem alguns
núcleos populacionais dispersos. Regista-se, pontualmente, a ocorrência de agricultura de
regadio no sector mais ocidental. O uso dos solos para a prática da agricultura de
sequeiro intensifica no andar semi-árido.
Com efeito, é notória a ocupação dos solos com fruticultura associada com a agricultura
de sequeiro nas zonas mais a norte.
A cidade de São Filipe goza da sua posição central relativamente a todos os outros
municípios da ilha e da própria ilha da Brava o que a torna num espaço estratégico para o
desenvolvimento dessas regiões. Todas essas ligações dão-se por trajectos que estão
relativamente em boas condições de trânsito: No entanto, são necessárias algumas
manutenções pontuais em termos de pisos, perfis e correcções de traçado e protecção de
encostas.
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A sua ligação com o resto das ilhas de Cabo Verde e outros países faz-se através do
porto de Vale dos Cavaleiros e do aeródromo localizado em São Filipe, cujos vôos
possuem uma frequência diária, no horário da manhã e no final da tarde aos domingos.
Conclui-se então que a ligação aeroportuária é satisfatória, sendo a Ilha servida por duas
companhias áreas nacionais: TACV e Halcyon Air, com vôos diários, acrescentando-se os
voos charters da Cabo Verde Express.
As estradas inter-municipais seguem o perfil topográfico da ilha, motivo pelo qual a Ilha do
Fogo, com o vulcão ao centro, é servida por estradas circulares, dominadas por dois
importantes anéis. Se, por um lado, a ligação com os demais municípios da ilha é
satisfatória, a interligação com as demais localidades de vocação agro-pastoril não sendo
de todo deficitária, carece de alguns ajustes nomeadamente quanto à dos transportes.
O escoamento dos produtos para as outras ilhas e para o exterior dá-se igualmente
através do aeroporto e sobretudo do Porto e com uma frequência bastante irregular.
Portanto, o transporte de mercadorias, um forte indicador económico, depende do
funcionamento do Porto de Vale de Cavaleiros que é bastante problemático com apenas
70 metros de cais, 5,5 metros de profundidade e débeis equipamentos de elevação.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Quadro 1 - Objectivos estratégicos do EROT e sua relação com o plano director municipal de São Filipe do
Fogo
Principais respostas adoptadas no
Intervenções estratégicas do Objectivos estratégicos do EROT
PDM
EROT
O PDM contempla uma proposta de estrutura viária que
estrutura o sistema urbano municipal e integra a Cidade, os
Facilidade de acesso dos territórios envolventes ao centro principais aglomerados e centros de actividade económica na
urbano; rede viária principal.
Desenvolver e consolidar uma rede de Valorização do espaço público como espaço organizador O PDM organiza uma rede de espaços de acolhimento
cidades da cidade e condição da qualidade de vida urbana; empresarial, integrando-os com a rede viária e promovendo
Identificação de um Centro da Cidade como espaço uma boa coexistência com os espaços urbanos.
identitário e aglutinador do urbano e da vida urbana. Através da estruturação do sistema urbano no concelho o
PDM facilita a definição de redes mais racionais de prestação
de serviços à população.
Apoio ao desenvolvimento agrícola através de programas
de desenvolvimento rural e de projectos de rega e do São propostas no regulamento algumas normas específicas
crédito bancário aos agricultores, o que permite a que favorecem a dinamização de actividades turísticas nos
estabilização da população em áreas com aptidão territórios rurais e de montanha, num quadro de valorização
agrícola; dos recursos naturais e paisagísticos.
Valorizar o espaço rural e o Preservação das actividades da pesca artesanal nos O PDM contempla ainda a proposta de espaços para
desenvolvimento de centralidades pequenos núcleos piscatórios implicando a manutenção e actividades e equipamentos em meio rural.
intermédias melhoria das infra-estruturas de acesso ao mar; O PDM aposta no reforço da capacidade energética com
Melhoria das condições de acessibilidade aos introdução de energia não convencional.
equipamentos colectivos e serviços urbanos através da O PDM garante um acesso mais rápido e confortável aos
melhoria das redes de estradas e dos transportes diversos equipamentos e serviços urbanos atraves de uma
colectivos; maior articulação da rede viaria e em melhores condições
Ampliação das redes eléctrica e dos sistemas de
distribuição de água no espaço rural.
O PDM contempla uma proposta de estrutura viária que
Mobilidade inter-ilhas condição de integração e
estrutura o sistema urbano municipal e integra a Cidade, os
funcionamento do território nacional e das relações dos
principais aglomerados e centros de actividade económica na
diversos espaços insulares;
rede viária principal.
Mobilidade intra-ilhas condição da organização territorial e
O PDM reorganiza a rede viária existente que se encontra em
do desenvolvimento e coesão de cada ilha, condicionada
Alargar a mobilidade territorial desuso e promove a ligacao intermunicipal atraves de terminal
pela morfologia especifica de cada território, em particular
rodoviario.
da orografia, bem como pela localização das infra-
O ordenamento do espaço rural e respectivo povoamento, a
estruturas de transporte que estabelecem as ligações com
multifuncionalidade deste espaço e a valorização dos recursos
o exterior (aeroportos e portos) e pela configuração do
agroflorestais e pecuários constituem algumas das linhas
povoamento, cuja matriz é, como sempre, muito marcada
principais para a proposta de modelo territorial, traduzido tanto
pela herança histórica e pela organização administrativa
na planta de ordenamento como no regulamento e programa
(municípios e respectivas sedes).
de execução do PDM.
A preservação do meio ambiente e da diversidade cultural Através de medidas de protecção e valorização do património
Integrar territorialmente o turismo
da identidade nacional enraizada no fortalecimento da arquitectónico e arqueológico, natural e cultural, o PDM
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
caboverdeanidade são premissas indispensáveis à contribui para esta afirmação sobretudo através dos diferentes
sustentabilidade do turismo em Cabo Verde planos de hierarquia inferior para espaços especificamente
delimitados.
Conservação e valorização dos recursos naturais, em
particular a água, quer para consumo humano e quer para
a rega;
Protecção do solo e particularmente das zonas agrícolas e
incentivo ao seu alargamento e melhorias de técnicas e de
Valorizar os espaços naturais O PDM define várias áreas a serem contempladas com outros
recursos;
planos urbanísticos e uma delas é a área do Parque Natural
Preservação das zonas litorais (mormente as de elevado
do Fogo e a área de PDU da Orla Marítima.
potencial de habitat à biodiversidade e do turismo;
Protecção da biodiversidade, estimulando áreas a
proteger, intervenções de melhoria do coberto vegetal e
acções de conservação da fauna e da flora, distando as
espécies em vias de extinção.
Ordenamento do crescimento urbano
Construção e gestão das infra-estruturas urbanas O plano propõe normas inovadoras de programação e
Condicionamento das construções em zonas de risco desenvolvimento da urbanização. Nos aglomerados rurais há
Qualificar os espaços urbanos Construção do espaço público especial cuidado com a contenção da ocupação de solo rural
Valorização dos edifícios públicos e dos equipamentos e, em geral, racionaliza-se a delimitação do solo urbano e
colectivos contrariam-se as tendências para a dispersão do povoamento.
Preservação e valorização do património edificado e das Na sede de concelho o PDM propõe a elaboração de um plano
memórias dos lugares especial de salvaguarda do património existente.
Conclusão das construções
Este capítulo pretende explicar as linhas gerais dos princípios e das opções concretas
que enquadram o desenvolvimento do trabalho de elaboração do plano director municipal
de São Filipe, nomeadamente as que se traduzem na proposta de planta de ordenamento
e no regulamento.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
i. Organização territorial
A organização espacial do território do concelho de São Filipe assenta-se em classes de
uso dominante do solo, conforme o artº 105º do Decreto-Lei nº 43/2010, de 27 de
Setembro e tem por base três ordens de factores:
Os condicionamentos de vária ordem que, por razões de facto e/ou “de jure”
(servidões administrativas e restrições de utilidade pública), têm de ser tidos em
conta e estritamente acatados nos planos desta natureza; e
Tal conjunto de factores gera um quadro algo rígido às opções de organização do espaço,
em particular à definição e configuração dos tipos de áreas afectas aos diferentes usos
dominantes e, muito especialmente, aos que pela sua natureza se materializam em
grandes extensões territoriais.
Neste contexto, foram delimitadas as áreas edificáveis e não edificáveis para todo o
concelho.
Conclui-se que o Ocidente, Norte e Oriente do concelho de São Filipe sãocobertos por
fortes pendentes e expostos à norte, recebendo menos horas da luz solar, com ribeiras
muito encaixadas e bastante declivosas e com vocação agrária, facto que pode ser
verificado na carta de exposição solar das encostas. Já na parte sul/sudeste verifica-se
exactamente o contrário ou seja, uma vocação predominantemente urbana.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
O quadro 2 mostra que cerca de 66.45% do município devem ser considerados non
aedificandi. Os restantes 33.55% com vocação para a edificação, distribui-se de forma
variável como se pode inferir do mesmo quadro.
O resultado das operações de análise espacial permite concluir, por um lado, que a maior
parte do Concelho dispõe de uma boa exposição solar enquanto em relação ao declive, a
maior parte situa-se nos limites indesejáveis ou pouco desejáveis para o estabelecimento
humano.
a) Áreas Edificáveis
Começando pelos usos associados ao solo urbano, assumem relevo várias questões
relativas aos espaços urbanos e urbanizáveis e aos respectivos perímetros.
Neste domínio, a proposta do plano traduz-se pela sistemática reanálise das delimitações
de todos os aglomerados, em função das reais dinâmicas instaladas, potenciais ou
desejadas, seguindo critérios, tanto quanto possível, homogéneos para a
rectificação/estabelecimento e para o dimensionamento dos respectivos perímetros.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
É ainda tido na devida atenção o facto de, para uma boa parte dos aglomerados do
concelho, a respectiva disciplina urbanística e edificatória se esgotar nas disposições do
PDM, uma vez que não se justificará em geral para esses casos a elaboração de planos
de ordenamento de hierarquia inferior. Assim sendo, são consagradas disposições que
habilitam a gestão urbanística com melhores instrumentos de controlo da configuração e
aspecto formal das edificações a autorizar.
Quanto aos espaços industriais, para além da sua localização e delimitação, são
densificadas as disposições relativas à sua ocupação, tanto no que se refere aos planos
urbanísticos que os devem disciplinar como às condições de instalação avulsa das
unidades de laboração, ou ainda à diversificação da natureza das actividades a admitir
nesses espaços.
No total, a área edificável tem uma superfície de cerca de 5023.4 ha, ou seja, cerca de
22.3 % do total da área do concelho.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
A área não edificável ocupa uma extensão total de 17011.9 ha (75.6% do concelho).
Existem vários exemplos práticos deste desígnio do Plano, grande parte considerados
projectos estratégicos.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Para além dos índices urbanísticos acima referidos, foram definidos dois parâmetros
essenciais para o controle do volume de construção, da imagem urbana e por assim dizer
para a salvaguarda de uma escala mais humana dos espaços construídos: o número
máximo de pisos e a altura máxima da fachada.
Rodoviário
mentos
Equipa
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
A classe Verde Urbano tem como uso dominante o recreio urbano e pode ser
compatibilizada com os seguintes usos: equipamentos sociais, recreio rural,
pequeno comércio, infra-estruturas técnicas, desde que se mantenham as
características dominantes de espaço.
Fazem parte da classe agrícola, os solos mais férteis, e nos quais domina a
actividade agrícola cuja produtividade tem níveis suficientes para garantir a
continuidade da prática agrícola como actividade dominante.
Verificou-se, ainda, que a mobilidade dos residentes é muito prejudicada pela inexistência
de uma rede organizada de transportes públicos.
É proposta ainda a construção de uma via marginal com o propósito de, por um lado,
viabilizar as diferentes áreas de ocupação localizadas mais a litoral e, por outro lado,
servir como uma via alternativa de escoamento do tráfego que é de todo útil sobretudo
num território em que a actividade vulcânica está sempre presente. Para além destas
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
De um modo geral, pode dizer-se que se está a propor uma estrutura viária do Concelho
complementada com uma organização dos tranportes públicos que irá garantir tanto
articulações externas (com particular relevo para a ligação à Cidade de Cova Figueira
através da Via Estruturante Marginal, que será indiscutivelmente um dos grandes
impulsionadores do desenvolvimento desses dois municípios), como o reforço das
ligações internas entre os diferentes aglomerados e, especialmente, entre estes e as
áreas mais dinâmicas do concelho.
O PDM de São Filipe contempla uma rede viária organizada em três níveis que é definida
fundamentalmente a partir de critérios de funcionalidade na estruturação do território:
No entanto deve-se ter particular atenção no que toca às áreas de servidão das Estradas,
áreas essas que em alguns casos (com maior ênfase no centro histórico de São Filipe)
devido a construções existentes já bem antigas deve-se regulamentar, através de uma
portaria do membro do governo responsável em articulação com a Câmara Municipal de
São Filipe, medidas que constituem excepção em áreas e localidades devidamente
identificadas onde ainda não existem novas construções. No caso dos planos de
loteamento ou novos compromissos urbanísticos, onde ainda não há construção nova,
deve-se evitar tal construção requerendo desde já um processo negocial com os
possíveis proprietários dos terrenos. As vendas de terrenos nessas áreas de expansão
devem ser suspensas imediatamente para impedir mais casos de negociação directa. O
presente regulamento do PDM aponta algumas dessas áreas em conflito que deverão ser
respeitadas.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
O principal objectivo desta componente do Plano é contribuir para a reserva de solos que
permita resolver carências existentes em determinadas áreas de equipamento social tais
como: desporto, educação, assistência social, justiça, saúde e administração pública para
os actuais e futuros habitantes do concelho a instalar sobretudo nas zonas de expansão
urbana.
O cenário demográfico mais provável para o concelho de São Filipe em 2022, traduz-se
num crescimento demográfico que poderá atingir os cerca de 40 078 habitantes, podendo
ser superior a este valor em função da dinâmica económica e da promoção local e preços
da habitação.
OBS: Devem localizar-se nos centros locais, perto das residencias e nas proximidades
dos espaços de elevadas funcionalidades e cujas condições de salubridade sejam boas.
OBS: Devem ser situadas nos centros sub-concelhio e local mas nas proximidades de
áreas residenciais, equipamentos desportivos e sociais. Esta localização deve também
garantir a segurança dos percursos e dos acessos à escola. Deve-se evitar zonas
insalubres e perigosas bem como as áreas industriais.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Sítios de fácil acesso aos transportes colectivos. Mas também em lugares com garantia
de segurança dos percursos e das zonas de acesso imediato à escola.
Deve-se evitar sítios ou vizinhanças insalubres e perigosos assim como áreas industriais.
OBS: Deve situar-se nos centros urbanos de nível sub-concelhio e a sua melhor
localização obedece a critérios como os seguintes:
Boa acessibilidade;
Facilidade na ligação aos transportes colectivos;
Em área com forte centralidade urbana;
Afastado de vizinhanças insalubres e perigosos e de áreas industriais.
A equipa de PDM localizou o terreno ainda disponível em frente ao actual Hospital São
Francisco por vários motivos de entre os quais a racionalização de serviços na medida em
que em Cabo Verde no geral e no Fogo em especial não existem condições económico-
financeiras para de momento se ter dois hospitais em funcionamento. Desta feita a
escolha do terreno pressupõe a complementariedade entre os serviços tornando-se num
modelo de gestão semi-publico semi-privado aproveitando as mais valias já existentes
diminuíndo desta forma os custos de manutenção e gestão sem descurar-se da qualidade
de serviços a se prestar.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
OBS: Deve situar-se em sítios com boa acessibilidade, de facil ligação aos transportes
colectivos, afastados de vizinhanças insalubres e perigosos e de áreas industriais.
OBS: A sua melhor localização será em zonas habitacionais seguras e de boa facilidade
de acesso e preferencialmente nas proximidades de jardins públicos, lugares de culto,
zonas comerciais e serviços (bancos, correios, etc.);
Em zonas próximas das estruturas de saúde e afastado de zonas poluidas e de
intensidade de trânsito rodoviário.
OBS: A sua localização deve ser próximas de áreas habitacionais que sejam dotadas de
infra-estruturas de saneamento básico, redes de energia eléctrica, água e telefone.
Que disponham de apoio de serviços de saúde e de equipamentos gimno-desportivos e
fácil acesso, servidos pela rede pública de transportes para deficientes;
Afastadas de locais ruidosos e com tráfego intenso.
OBS: Deve situar-se em lugares centrais de nível sub-concelhio com boas condições de
salubridade.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
No que toca á proteção civil a zona abaixo do aeródromo de são filipe deverá ser
reservada uma área de pelo menos 1 hectar para instalações de um centro de
emergência devido aos riscos da ilha ainda possuir um vulcão activo.
OBS: Deve ocupar uma posição central e fácil ligação com os transportes públicos.
Aqui recomenda-se a localização de um mercado central de abastecimento e maior
dinamização de mercados locais de comércio retalhista.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
336275
Saúde
93795
Cultura
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Atendimento público
Estação de 1ª classe 4 1800
Abastecimento público
Mercado 4 2000
Total 469052
OBS: Uma reflexão sobre o quadro acima, no sector da saúde, a equipa do PDM
recomenda a aposta em Posto Sanitário em detrimento das Unidades Sanitárias de Base,
bem como uma aposta eficaz na multifuncionalidades dos espaços, podendo albergar
outros serviços desconcentrados e reduzir significativamente os custos de
operacionabilidade e manutenção do edificado. Uma gestão partilhada recomenda-se
neste momento, bem como uma aposta em estruturas modulares passíveis de relocação
em caso de necessidade.
A principal infra-estrutura viária proposta é a estrada do litoral, estrada essa que inicia em
São Filipe na próximidade do Hospital São Francisco de Assis, em Montinho e vai até o
município de Santa Catarina (deve-se ter em conta o PDM de Santa Catarina). Essa
coerência de planeamento irá provocar uma grande transformação na Orla marítima de
São Filipe e com isso desencravar algumas localidades que hoje são de dificil acesso,
mas que possuem grandes potêncialidades de desenvolvimento inclusive turístico
também.
Tendo o município de São Filipe boas estradas de pentração no que se refere ao traçado
e à ligação entre as localidades, sugere-se uma aposta na reabilitação dessas estradas e
caminhos já existentes reduzindo significativamente os custos com novas estradas.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
OBS: A falta de identificação entre os limites de cada localidade dificulta a equipa técnica
afirmar com rigor o nome das estradas bem como sua origem e término em locais mais
remotos. Contudo essa situação ficará dissipada com a actualização das Ortofoto (em
curso pela UCCP-MAHOT)
ETAR:
A possibilidade de construção de uma ETAR central para o município de São Filipe foi
salvaguardada na localidade perto de Fonte Tráz, devido ao declive e topografia do
município, mas também por haver já uma estrada de acesso e ser uma área resguardada.
Resíduos Sólidos:
Neste capítulo a CMSF deu já um importante passo ao avançar com um contentor
incinerador. Contudo, a sua localização não parece ser a mais recomendável.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Em termos de resíduos sólidos, estima-se em 2022, uma produção média diária de 0,5
kg/habitante o que perfaz um total diário de 20,0 toneladas aproximadamente.
OBS: O Erot recomenda a reserva de uma área nas proximidades do aeroporto para essa
infra-estrutura, contudo estudos mais aprofundados no âmbito do PDM propõe essa
reserva extra, sem contradizer o Erot, fundamentada sobretudo nas especificidades
técnicas acima descrita e também no requesito de segurança ás actividades
aeroportuárias e as recomendações da AAC na medida em que um ETAR poderá atrair
pássaros o que é imcompatível com a segurança das operações aeronáuticas.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Energia Eléctrica
Este sector é muito importante para a instalação de pequenas e médias empresas e
pode-se mesmo afirmar que é o motor do desenvolvimento do concelho, assim como de
atracção de potenciais grupos e actores do desenvolvimento. Contudo, está aquém das
expectativas do plano. A rede não é a melhor e as perdas são enormes. De imediato, não
existe nenhum plano de intervenção. Todavia, há um projecto para uma central única de
Fogo o que a ser concretizado poderá vir a suprir as insuficiências que ora se verifica. É
de extrema importância a reserva de área suficiente para expansão e armazenagem de
fuel em segurança nas proximidades da actual central eléctrica. Esta reserva não deverá
ser nunca inferior a 2 000 m2 de área circundante e mais uma faixa de servidão de 50
metros.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
b) Consumo industrial:
Área: 219 ha
Consumo por ha: 100 KVA/ ha
Consumo: 21900 KVA
Recomenda-se também a construção de uma rede cuja drenagem será garantida por
gravidade face às condições do terreno que se inclinam para o litoral.
Tendo em conta que vão surgir algumas indústrias com a implementação do plano,
recomenda-se que sejam tomadas medidas tendentes ao pré tratamento das águas
residuais industriais antes de entrar no colector da rede pública.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
De acordo com a Carta de Washington de 1987, criada pela ICOMOS e adoptada pela
UNESCO, “todas as comunidades urbanas, quer se tenham desenvolvido gradualmente
ao longo do tempo, quer tenham sido deliberadamente criadas, são uma expressão da
diversidade das sociedades através da história”. Este documento define os princípios, os
objectivos e os métodos necessários para a conservação das cidades históricas e das
áreas urbanas históricas. Ele também pretende promover a harmonia entre a vida privada
e a vida comunitária nessas áreas, e encorajar a preservação destas propriedades
culturais que constituem a memória da humanidade, mesmo que modestas em escala.
A protecção de qualquer centro histórico implica uma definição de diferentes áreas – Zona
Protegida, Zona Tampão e Zona Non Aedificandi – conforme a localização desse
aglomerado. O caso em analise, Centro Histórico de São Filipe, sendo uma das principais
urbes seiscentistas do arquipélago, que ombreando com a antiga Cidade da Ribeira
Grande de Santiago, hoje Património da Humanidade, teve um papel crucial na
reformatação do “Novo Mundo Atlântico”. As suas particularidades arquitectónicas, bem
como a sua configuração urbanística e paisagística são provas inequívocas.
Zona Protegida – delimitada pelas ribeiras que ladeiam o centro histórico de S. Filipe, o
mar (sendo todos eles delimitações naturais, dada a configuração da cidade), até a zona
de Santa Filomena. A criação dessa zona protegida, de acordo com a Lei de Bases do
Património Cabo-verdiano (102/III/90 e 29 de Dezembro), implica a criação por parte da
Câmara Municipal de um Plano de Salvaguarda do centro histórico.
Zona Tampão – poderá ser definida num raio de 150m dos limites da Zona Protegida. A
Zona Tampão é constituída por uma grande área com zonas de vocação muito variada,
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
desde a orla marítima, de claro destino habitacional e turístico, até a zona habitacional.
Poderá, também, ser prevista a expansão urbana da Cidade de São Filipe nestas áreas.
O Regulamento do PDM estabelece disciplinas específicas para cada uma destas áreas,
devendo também ter-se em conta que algumas integram espaços protegidos ou
abrangidos por normativas de conservação específicas: domínio público marítimo, regime
jurídico dos espaços naturais, Lei de Base do Ambiente, Lei de Solos entre outras.
Para o solo rural definem-se como usos dominantes as actividades agrícolas, silvícolas,
pecuárias, florestais ou de exploração de recursos minerais. Para além das actividades de
cultivo, criação de animais e da exploração multifuncional da floresta, incluem-se, como
usos compatíveis ou complementares as respectivas instalações (para criação de
animais, directamente adstritas às explorações agrícolas, pecuárias, silvo-pastoris ou
florestais), as instalações de turismo de habitação ou de turismo no espaço rural,
empreendimentos turísticos de interesse reconhecido pelo município, instalações
industriais de transformação de produtos agrícolas, pecuários, florestais ou geológicos,
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Quanto ao solo urbano, podemos distinguir a situação do solo urbano de uso geral ou
seja, local de excelência para a concentração de actividades comerciais, turísticas e de
serviços.
Neste capítulo o PDM trata com rigor as áreas com maior potencialidade para essa
prática (Monte Genebra, por exemplo) e ao verificiar infra-estruturas existentes que
permitem dinamizar esse sector, recomenda-se inclusive a construção de uma unidade
especial de produção, à semelhança de Monte Genebra, na zona norte do município, ou
seja na região que vai de Serrado a Almada pela sua próximidade com a zona portuária
e/ou na localidade entre Ponta Verde a São Jorge.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
1. Execução do plano
O solo urbano, para efeitos da execução do plano, distribui-se pelas seguintes
componentes em função do seu estado efectivo:
a) Solo urbanizado;
b) Solo sujeito a urbanização programada;
c) Solo não urbanizável.
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OBS: A situação fundiária verificada no município irá exigir uma boa relação entre a
autarquia, o estado e os privados numa forma de “win to win” onde os investimento
públicos não sejam condicionados pelos interesses privados, mas sim que a sua
execução tragam vantagens e benfeitorias aos proprietários também.
Neste modelo destaca-se naturalmente a própria sede do concelho, mas outros núcleos,
pelo seu posicionamento no território ou pela capacidade de concentrar dinâmicas
potenciadoras de desenvolvimento que vierem a ser identificados e integrados também na
estrutura urbana principal.
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Neste momento há alguma actividade de extracção de inertes, algo que deve ser
acompanhado com estudos de impacte ambiental e uma forte vigilância e
acompanhamento caso não haja alternativa de imediato.
detalhado do local, plano esse que deverá ter em conta as condicionantes naturais e
topográficas. A expansão referida destina-se quase em exclusivo aos habitantes locais e
seus descendentes. No entanto, poder-se-á criar condições de turismo de campo e de
montanha, actividade essa que é perfeitamente compatível com usos propostos para a
localidade envolvente à UP3.
Por último mas não menos importante a hidroponia e cultivo em estufa deverão ser
estimulados.
e) UE5 – PDU zona portuária e industrial (João Pinto e Almada 106,20 ha)
Essa área revela-se como uma das mais importantes ao desenvolvimento do município
mas também da ilha. Devido à sua localização estratégica, sobretudo agora com os
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Embora o EROT recomenda a reserva de uma outra área localizada nas proximidades do
aeródromo de São Filipe, estudos mais aprofundados no âmbito do PDM a equipa técnica
recomenda a reserva dessa área (de joão pinto a almada) para o desenvolvimento de
actividades industriaus fundamentada nos seguintes pressupostos:
b. pela rede viária existente que permite um melhor acesso e escoamento dos
produtos sem a necessidade de cruzar a cidade;
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Essa proposta sai ainda mais reforçada após a recente manifestaçãao pública da Enapor
em construir um terminal de cargas para libertar a área portuária (jornal noticioso
Inforpress 04.03.2011), a fim de libertar a área portuária para os trabalhos de expansão e
modernização. Tendo a Enapor declarado que precisa de uma área que se distancie no
máximo a 500 metros do porto. Ora esta necessidade poderá constituir uma alavanca
para um projecto mais ambicioso de reestruturar toda aquela área para a indústria e
serviços portuários.
A sua proximidade com uma pedreira também contraria um pouco a proposta do EROT
em dotar esta área o uso turístico.
f) UE6 – PDU de Amargosa (224.40 ha) e UE7 – PDU de São Filipe (403.30 ha)
Embora o centro de São Filipe já possui um PDU, após análise físico-territorial e avaliação
SWOT do município no seu todo e em particular a cidade de São Filipe como centro
estratégico para o desenvolvimento da ilha do Fogo, propõ-se a sua actualização, pois
constactamos que o seu limite hoje já se encontra desactualizado devido ao
desenvolvimento que se registrou nos últimos 12 anos. Contudo, é de se referir que a
nível de regulamento esta responde à grande maioria das exigências do desenvolvimento
actual da cidade, considerando-se portanto que há um grande contributo no único PDU da
ilha. A sua actualização é pertinente para se estruturar a cidade e o município para os
novos desafios de crescimento. No processo de sua actualização é fundamental a
elaboração de um plano de Salvaguarda do centro histórico, que permitirá resgatar a
arquitectura tradicional/ colonial e garantir esse importante produto turístico que são os
casarões Igualmente necessário será a reserva das poucas áreas disponíveis ao redor do
espaço urbano de São Filipe actualmente que é a proposta em UP6 e que se justifica pela
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
análise físico-territorial da área e sua envolvente mas também pela topografia favorável à
urbanização e expansão natural de São Filipe.
Propõe-se essa expansão para o lado sul sobretudo pelo menor declive da ilha, mas
também por ser uma área que permitirá melhor gestão do solo se planeado com
antecedência contrapondo-se à pressão urbanística verificada no centro de São Filipe
(Santa Filomena, Congresso, Fonte Aleixo e arredores) mas também “Xaguate”, quase
todos terrenos privados com densas urbanizações criando condições menos favoráveis
para drenagem superficial das águas pluviais, mas também encarecendo o erário publico
para dar respostas a nível de infra-estruturas básicas.
A orografia da cidade de São Filipe por sí só já é uma forte condicionante à sua expansão
desenfreada, pelo que neste momento se reserva a UP6 como área natural de expansão,
mas com uma densidade de ocupação muito menor do que vigora actualmente na cidade
de São Filipe. Esta nova área permitirá à CMSF melhor planeamento e poder dar
respostas a curto prazo à população, criando sobretudo uma nova urbanização com
qualidade de vida e de serviços.
g) UE 8 – PDU Monte Barro (Monte Barro+Brandão + Salta Gato + Mourato (170.20 ha)
Área igualmente reservada para expansão da Cidade de São Filipe à semelhança da
reserva feita em UP6. No entanto, é necessário definir a estratégia de prioridade no que
toca à urbanização. Contudo, há uma especificidade que deve ser preservada no acto de
elaboração deste PDU, pelo facto de existir na localidade um equipamento destinado à
armazenagem do vinho. Neste sentido, dever-se-á preservar a sua envolvente com
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Área igualmente reservada para expansão da cidade de São Filipe que contemplará os
usos mistos e estritamente residencial (ver foto abaixo). Esta última seguindo a mesma
linha de raciocínio visa dotar o município de uma área com características especiais
capazes de satisfazer as pretensões de um nicho mais abastado da sociedade.
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área com potencial para habitação exclusiva e uma área de vocação para
desenvolvimento turístico. (UP 11, 12 e 13).
j) UE 11 – PDU Vicente Dias (164.10 ha), UE12 – PDU Penteada (115.40 ha), UE13 – PDU de Laje
(120.80 ha)
Essas 3 localidades possuem um potencial enorme para o desenvolvimento do sector
turístico.Trata-se de uma área cujo foco é o turismo residencial, pequenos ressorts,
serviços có-relacionados, entre outros, criando um nicho diversificado de oferta turística,
transpondo a mera oferta de hospedagem. Prevê-se um potencial para Golf, alguns
desportos radicais, mas também peregrinação religiosa na medida em que existe uma
igreja e um santuário na região.
Embora o EROT prevê alguns equipamentos (ETAR, Central eléctrica e Zona industrial)
para essa área recomenda-se uma nova abordagem e reserva da área para as
funcionalidades acima referidas fundamentada anteriormente, quer por estar numa zona
de servidão aeroportuária, quer por técnicamente o ETAR dever localizar-se mais a sul
aproveitando dessa forma o declive natural da ilha para evitar custos com estações de
bombagem de resíduos. Quanto à central não é recomendável o funcionamento de uma
central diesel na proximidade de um aeroporto de acordo com as observações da AAC.
Nota: Essa proposta não pretende contrariar o EROT mas sim apresentar outras soluções
objecto de um estudo mais detalhado e visitas de campo, sendo o EROT um estudo de
nível mais regional e desde logo menos profundo que um PDM propõe-se essas
adaptações e reservas das áreas para uma futura utilização.
Tendo em linha de conta a proposta de uma grande infra-estrutura viária que irá
desencravar todo o litoral Sul da ilha do Fogo fundamentou-se a reserva dessa área para
o desenvolvimento turístico, sector que pela sua dimensão fácilmente viabilizará tal infra-
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
l) UE15 – PDU Queimada (José Luis até queimada 435.4ha) UE16 – Cerco Pomba (952.40 ha)
Essas áreas foram propostas como reserva para uma nova centralidade. Isto baseia-se
sobretudo no estudo físico-territorial do município onde a carta de condicionantes permite
confirmar a tendência de desenvolvimento a Sul enquanto o Norte é reservado à prática
agro-silvo-pastoril.
Essa reserva é extremamente importante na medida em que o PDM ora proposto terá a
vigência de 12 anos e a dinâmica de Cabo Verde, da ilha do Fogo e, em especial, do
município de São Filipe ser imprevisível neste momento devido às circunstâncias
internacionais. Contudo, alguns factores poderão impulsionar o desenvolvimento do
município e o PDM deverá estar à altura se tal acontecer: Daí, a reserva dessas áreas
como forma de garantir a expansão natural do município. Esta será uma área alternativa a
São Filipe enquanto centro urbano estruturante.
3. Programa de execução
De acordo com o estabelecido na alínea d) do nº 1 do Artigo 104º (conteúdo documental)
do Decreto-Lei 43/2010 de 27 de Setembro, este capítulo apresenta um programa
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Plano Director Municipal de São Filipe – Relatório
Neste ponto inicial convém explicitar alguns aspectos que se afiguram relevantes para a
compreensão dos critérios e opções seguidos na preparação do referido programa.
Em primeiro lugar, referir que se procura manter a necessária coerência entre o modelo
territorial adoptado no Plano Director Municipal de São Filipe, na sua dimensão dinâmica,
e as propostas de intervenção de carácter diversificado que o programa contém. Estas
propostas, não se pretendendo exaustivas, constituem um primeiro compromisso entre o
modelo proposto e a acção da autarquia na criação de condições para a sua
concretização.
Em segundo lugar, assinalar a natureza indicativa das propostas, a qual se deve a várias
ordens de razão. O programa proposto corresponde a uma perspectiva com algumas
margens de manobra, tendo em conta um período de investimento em torno de doze
anos.
Em terceiro lugar, adopta-se uma visão mais generalizada, em que são também referidos
alguns investimentos que excedem o campo de competências municipais,
designadamente por se tratar de intervenções sectoriais da administração central. O
contexto de financiamento de políticas públicas está a evoluir no sentido da
responsabilização comum dos vários níveis da administração, quer para a concertação de
intervenções, quer para a concretização de parcerias e para a contratualização. Assim, o
programa refere algumas propostas de projectos não – municipais (acessibilidades,
equipamentos e ambiente) vistos numa perspectiva de complementaridade com os
projectos municipais, e que são indispensáveis para a estruturação territorial em São
Filipe.
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Anos
Planos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
ha
PIMOT do Parque
UE- 01
Natural do Fogo 8468,51 ha 8.000.000$00
PD Monte Grito e
UE- 09
João Pinto 53.7 ha 2.500.000$00
PDU Queimada/
UE- 15
José Luis 435.4 ha 5.000.000$00
Plano de salvaguarda
PS
do centro historico Aprox 35 ha 5.000.000$00
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Os elementos essenciais e complementares deste Plano deverão ser considerados como forma
de assegurar uma gestão urbanística mais equilibrada e exigente. No entanto, eles não são um
fim em si mesmo. A gestão do território deverá ser, progressivamente, cada vez mais, uma gestão
orientada por objectivos.
Em qualquer estratégia, o estudo do comportamento mais provável dos vários actores do sistema
onde se pretende intervir de forma planeada, é fundamental. No caso da estratégia de
desenvolvimento urbanístico do Concelho de São Filipe, os principais actores do sistema urbano e
industrial são de âmbito local, regional, nacional e internacional, aumentando por isso a
complexidade e a incerteza da intervenção planeada. Os principais agentes em presença são:
Tendo em conta que o Plano Director é um instrumento de gestão territorial que serve e apoia
mais directamente as actividades de planeamento e gestão municipais, importa equacionar qual
poderá ser o comportamento desejável da Câmara Municipal, tendo em conta os cenários de
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- Promover intervenções pontuais, de carácter exemplar e efeito multiplicador, quer pela sua
qualidade e valor simbólico, quer pelo impacte no processo de qualificação urbanística da
Região e de dinamização da economia municipal, promovendo a sua mediatização (Projectos
Estratégicos);
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